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XLVI Encontro da ANPAD - EnANPAD 2022
On-line - 21 - 23 de set de 2022
2177-2576 versão online
O Caso de Milhões: Via Varejo e os Sinais de Alerta no caminho
Autoria
Juliana Bacelar de Freitas - b.juliana@hotmail.com
PPGCONT/UnB / UnB - Universidade de Brasília
Anderson Alves de Oliveira - anderson.peritocontador@gmail.com
Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis / UnB - Universidade de Brasília
Rodrigo de Souza Gonçalves - roadgoncalves@gmail.com
PPGCont - Programa de Pós-graduação em Ciências Contábeis / UnB - Universidade de Brasília
Resumo
O presente Caso de Ensino aborda o episódio das denúncias anônimas de possíveis fraudes
na Via Varejo S.A. recebidas em outubro de 2019. A companhia criou um Comitê de
Investigação para conduzir uma investigação independente e detalhada e, como resultado,
foram encontrados indícios de fraude contábil caracterizada pela manipulação da provisão
trabalhista da Companhia e pelo diferimento indevido na baixa de ativos e contabilização de
passivos e falhas de controles internos que poderiam resultar em erros materiais em
determinadas contas contábeis da Companhia. O impacto de R$1,190 bilhão foi reconhecido
integralmente nas demonstrações contábeis de 2019. Diante desse cenário de incerteza, a
aplicação deste caso pretende fomentar o debate sobre o papel e planejamento da auditoria,
com foco nas red flags, já que busca identificar possíveis sinais de alerta no ambiente da Via
Varejo que pudessem facilitar e propiciar um ambiente mais frágil e suscetível a fraudes e
erros. Palavras-chave: Via Varejo. Auditoria. Planejamento de Auditoria. Red Flags. Fraude.
 
1 
O Caso de Milhões: Via Varejo e os Sinais de Alerta no caminho 
 
RESUMO 
O presente Caso de Ensino aborda o episódio das denúncias anônimas de possíveis fraudes na 
Via Varejo S.A. recebidas em outubro de 2019. A companhia criou um Comitê de Investigação 
para conduzir uma investigação independente e detalhada e, como resultado, foram encontrados 
indícios de fraude contábil caracterizada pela manipulação da provisão trabalhista da 
Companhia e pelo diferimento indevido na baixa de ativos e contabilização de passivos e falhas 
de controles internos que poderiam resultar em erros materiais em determinadas contas 
contábeis da Companhia. O impacto de R$1,190 bilhão foi reconhecido integralmente nas 
demonstrações contábeis de 2019. Diante desse cenário de incerteza, a aplicação deste caso 
pretende fomentar o debate sobre o papel e planejamento da auditoria, com foco nas red flags, 
já que busca identificar possíveis sinais de alerta no ambiente da Via Varejo que pudessem 
facilitar e propiciar um ambiente mais frágil e suscetível a fraudes e erros. 
Palavras-chave: Via Varejo. Auditoria. Planejamento de Auditoria. Red Flags. Fraude. 
 
INTRODUÇÃO 
 “ - Mas e agora, chefe? 
 - A gente confia em você!” 
 Naquela sexta-feira de abril de 2020, enquanto processava a notícia que acabara de 
receber por telefone, João refletia sobre suas decisões que o levaram até ali. Ele tornava-se o 
sócio responsável da auditoria de uma das maiores empresas varejistas do Brasil: a Via Varejo. 
Entretanto, apesar da explosão de felicidade e sentimento de conquista que queria dominar suas 
emoções, a preocupação foi a sensação mais presente naquele momento. 
 Apesar da excelente notícia, a situação de João era delicada já que estava assumindo o 
posto de líder de um projeto que havia ficado vago horas antes por uma causa séria e grave. A 
oportunidade surgira pela demissão do sócio responsável pelo cliente, pois a Via Varejo acabara 
de passar por um processo de investigação que descobrira a ocorrência de fraude nos números 
da companhia, gerando um impacto de mais de um bilhão nas demonstrações financeiras. 
Assim, após cobrança de vários stakeholders e da mídia, a empresa de João julgou coerente e 
necessário o desligamento do antigo sócio por entender que o mesmo não havia feito o trabalho 
da melhor forma possível, prejudicando a imagem da firma. 
 Portanto, aquela ligação do presidente da empresa de auditoria para João naquela tarde 
de sexta-feira não significava apenas uma promoção como todas as outras, significava algo a 
mais: a confiança da recuperação da reputação da firma de auditoria perante o mercado. O chefe 
do mais novo líder do projeto de auditoria da Via Varejo ainda o lembrou de mais um detalhe, 
já que a reunião com o Conselho de Administração do cliente seria dentro de um mês e os 
membros do conselho queriam discutir o planejamento da auditoria para o próximo ano. 
 João não teve tempo de comemorar a boa notícia que recebera naquele dia, ele tinha 
uma importante missão pela frente e todo estudo e análise da situação seriam necessários para 
apresentar o melhor e mais completo planejamento de auditoria que uma empresa poderia ter. 
Ele precisava recuperar a confiança dos conselheiros e assegurar que a auditoria independente 
estaria mais bem preparada para este novo ano e ciclo. 
CONTEXTO DO CASO 
“Mais possibilidade de escolha, mais simplicidade, mais 
mobilidade e experiência encantadora” 1 
 O ano de 2019 foi um período desafiador para a Via Varejo. A empresa contou com 
grandes mudanças como troca de controlador, de gestão e até de posicionamento estratégico. 
Entretanto, o principal evento que chamou a atenção do mercado de capitais foi o recebimento 
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de denúncias anônimas sobre possíveis fraudes e irregularidades contábeis. Diante desse 
cenário, a companhia estabeleceu um Comitê de Investigação que deu início aos trabalhos em 
outubro de 2019 e encerrou-se em março de 2020. 
 O processo de investigação teve três principais fases, onde empresas independentes e 
conselheiros renomados foram envolvidos para garantir a imparcialidade das análises. A 
primeira fase de investigação não identificou quaisquer vestígios que pudessem confirmar as 
denúncias recebidas, sendo divulgada essa constatação por meio de Fato Relevante no dia 13 
de novembro de 2019. Entretanto, as duas etapas posteriores da investigação identificaram 
indícios de irregularidades e fraudes contábeis configurados, especialmente por meio de 
manipulações das provisões trabalhistas da companhia e pelo diferimento indevido na baixa de 
ativos e contabilização de passivos, bem como falhas de controles internos que poderiam 
resultar em erros materiais em determinadas contas contábeis. Estes achados foram divulgados 
ao mercado por meio de dois Fatos Relevantes, datados de 13 de dezembro de 2019 e 25 de 
março de 2020, respectivamente. 
 Envoltos nesse episódio de incerteza e investigação, a Via Varejo ainda passava por 
uma constante troca de cadeiras e responsabilidades dos principais conselhos e comitês de sua 
estrutura de governança corporativa. E, no meio desse contexto, encontrava-se a auditoria 
independente, que não havia descoberto previamente nenhum sinal de irregularidade nos 
números da companhia e que precisava garantir ao mercado de capitais a veracidade das 
demonstrações financeiras da Via Varejo, assegurando especialmente a qualidade do serviço 
prestado. Desta forma, a auditoria independente encontrava-se em uma situação delicada e 
desafiadora para a manutenção da sua reputação perante o mercado de capitais e, em especial, 
seu cliente: como garantir a qualidade de seus serviços em um ambiente possivelmente 
fraudulento? Existem mecanismos que possam sinalizar ou minimizar fragilidades e que 
ajudem no planejamento e execução dos trabalhos de auditoria? Existem sinais de alerta para 
possíveis falhas ou erros existentes na companhia auditada? 
HISTÓRICO DA VIA VAREJO 
A Via, antiga Via Varejo, é uma empresa brasileira de varejo fundada em 2010 por meio 
da fusão das empresas de varejo Casas Bahia, de propriedade da família Klein, e Ponto, de 
propriedade do GrupoPão de Açúcar. Com sede localizada em São Caetano do Sul – SP, 
gerencia uma rede de mais de 1.000 lojas espalhadas pelo Brasil. Através de empresas e marcas 
conhecidas no ramo e por meio de plataformas de e-commerce, o grupo é atuante no mercado 
de eletroeletrônicos, eletrodomésticos e móveis. 
A partir de junho de 2019, a Via Varejo S.A. passou a ser controlada pela família Klein, 
colocando em prática sua visão de oferecer soluções financeiras e de fullcommerce. Assim, 
Michael Klein passou a ser o presidente da companhia, assumindo mais de 10% das ações. Em 
composição à marca principal do grupo, atuam outras marcas de renome nacional, como Casas 
Bahia, Ponto, Bartira e Extra.com.br. A rede Casas Bahia, por exemplo, é reconhecida como 
uma das marcas mais valiosas do Brasil pela pesquisa da Interbrand e é detentora de mais de 
700 lojas físicas, sendo avaliada em R$ 800 milhões. A Ponto, por sua vez, é uma empresa com 
mais de 250 pontos no território brasileiro, sendo um dos líderes do mercado varejista. A Bartira 
é a maior fábrica de móveis da América Latina com mais de 1,5 mil colaboradores e o 
Extra.com.br está há mais de 16 anos no mercado e, em 2013, tornou-se o primeiro e-commerce 
a desenvolver uma plataforma para maketplace1. 
A Via Varejo ainda é detentora da maior malha logística de varejo do país e, para 
alcançar tal feito, passou por uma grande e histórica transformação digital, que fica evidenciada 
pelos níveis crescentes de usuários ativos nos aplicativos de suas marcas desde junho de 2019, 
quando ainda possuíam apenas 1,5 milhão, até dezembro de 2020, alcançando a marca de 14 
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milhões de perfis ativos. Deste modo, a companhia se coloca no mercado com uma estratégia 
definida: foco em multicanais, nos digitais e nas multiplataformas. 
Deste modo, para dar suporte a todos os planos e visões da Via Varejo, a companhia 
conta com 27 Centros de Distribuição, contando com mais de 46 mil colaboradores, realizando 
as vendas por meio de 1.052 pontos físicos, sendo 857 atribuídos às Casas Bahias e 195 ao 
Ponto. Assim, o alcance da marca é enorme e atinge diversos públicos por possuir lojas em 
shoppings e nas ruas de todas as regiões do Brasil2. 
 Vale ressaltar, por fim, o processo de expansão liderado pela Via Varejo. Assim, em 
2019, a empresa concluiu a aquisição de 80% da Airfox, uma empresa de tecnologia sediada 
em Boston – EUA, criando a banQi, uma carteira digital para atender as necessidades dos 
clientes. E, em abril de 20213, a companhia anunciou que mudou sua marca e passou a se 
chamar somente Via, com o intuito de ir além do varejo e ampliar ainda mais seus ramos de 
atuação. 
O AMBIENTE DA EMPRESA 
A Via Varejo é listada no segmento Novo Mercado da Brasil, Bolsa e Balcão (B3), 
sendo este o mais elevado nível de Governança Corporativa (GC) e é cotada em bolsa pelo 
código “VIIA3”. A estrutura de GC proposta pela empresa está disposta em seu site 
institucional, com breves comentários acerca de cada órgão, expressa pela Figura 1 abaixo. 
Figura 01: Organograma da empresa Via Varejo S.A. em 2019 
 
Fonte: Via Varejo: Relações com Investidores (2021). 
 
Mudanças de composição dos Conselhos de Administração (CA) e Comitê de Auditoria 
foram realizadas ao longo do ano de 2019 por diversas renúncias de seus diretores, além da 
troca de presidente pela aquisição de Klein. A empresa, ainda no final de 2019 e no decorrer de 
2020, passou por atualizações de seus regimentos internos e código de ética. A linha do tempo 
a seguir demonstra a evolução da estrutura da Via Varejo nos anos em análise. 
 
Tabela 1: Linha do Tempo com os principais eventos da Via Varejo entre jan./2019 e jul./2020 
Data do 
Evento 
Tipo de 
Comunicado 
Assunto 
 
Descrição 
20/02/2019 [1] Fato Relevante Expectativas 2019 
 (i) Processo de turnaround: Divulgação de Projeções 
para 2019 muito otimistas e com forte crescimento. 
25/02/2019 [2] Fato Relevante 
Alienação de Participação 
Acionária 
 (i) Alienação de Participação Acionária detida pelo 
Acionista Controlador de 3,09% do capital. 
23/04/2019 [3] Fato Relevante Cisão Parcial Cnova 
 (i) Cisão Parcial com sua subsidiária integral. Cnova 
Comércio Eletrônico S.A. 
26/04/2019 
[4] Ata de Reunião 
CA 
Renúncia Diretor 
 
(i) Renúncia do Diretor de Relações com Investidores. 
15/05/2019 
[5] Comunicado 
ao Mercado 
Notícia divulgada na 
mídia 
 (i) Confirmação da notícia vinculada à mídia de que o 
empresário Michael Klein se aliou à XP para fazer uma 
proposta de aquisição das ações da Via Varejo detidas 
pelo Grupo Pão de Açúcar. 
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28/05/2019 
[6] Ata de Reunião 
CA 
Alteração de Código de 
Ética. 
 
(i) Alteração de Código de Ética. 
05/06/2019 
[7] Comunicado 
ao Mercado 
Via Varejo e Airfox 
evoluem a parceria e 
lançam banQi 
 (i) Via Varejo e startup norte-americana de tecnologia 
financeira, Airfox, evoluem a parceria e lançam banQi, 
solução tecnológica de Mobile Point of Sale. 
26/06/2019 [8] Fato Relevante 
Mudança de 
Administração 
 (i) Substituição do presidente do CA da Companhia, 
passando a ocupar tal cargo o Sr. Michael Klein; (ii) 
Renúncia de todos os diretores da empresa, exceto um; 
(iii) Eleição de novos membros para a diretoria. 
15/07/2019 
[9] Comunicado 
ao Mercado 
Eleição de Chief Digital 
Officer 
 (i) Contratação de um profissional para o cargo de 
Chief Digital Officer (CDO). 
31/07/2019 
[10] Comunicado 
ao Mercado 
Renúncia Diretor 
 (i) Renúncia de um diretor executivo da Companhia, 
sem cargo definido. 
02/09/2019 
[11] Comunicado 
ao Mercado 
Plano de Opção de 
Compra de Ações 
 (i) Estabelecimento de Plano de Remuneração baseado 
em Ações. 
20/09/2019 
[12] Comunicado 
ao Mercado 
Mudança na composição 
do comitê de auditoria 
estatutário 
 (i) Renúncia dos dois conselheiros dos cargos de 
membros do Comitê de Auditoria da Companhia; (ii) 
Substituição do Coordenador do Comitê de Auditoria, 
(iii) Eleição de conselheiros suplentes para os dois 
postos vagos no Comitê de Auditoria. 
13/11/2019 
[13] Fato 
Relevante 
Investigação 
Independente 
 (i) Primeiro anúncio do recebimento das denúncias 
anônimas de possíveis fraudes e irregularidades 
contábeis. 
02/12/2019 
[14] Comunicado 
ao Mercado 
Notícia veiculada na 
mídia sobre Black Friday 
2019 da Companhia 
 (i) Confirmação da notícia veiculada em mídia sobre a 
boa performance da companhia na Black Friday de 
2019, com estimativa de R$1,1 bilhão de vendas 
durante o evento. 
12/12/2019 
[15] Fato 
Relevante 
Atualização acerca da 
Investigação 
Independente 
 (i) Segundo anúncio sobre a investigação 
independente, confirmando evidências que suportam a 
presença de possíveis fraudes e irregularidades 
contábeis. 
19/12/2019 
[16] Fato 
Relevante 
Projeção de resultados 
para o exercício de 2020 
 (i) Processo de turnaround: Divulgação de Projeções 
para 2020 muito otimistas. 
19/12/2019 
[17] Comunicado 
ao Mercado 
Notícia divulgada na 
mídia. 
 (i) Confirmação da notícia veiculada em mídia os altos 
valores projetados para 2020. 
21/01/2020 
[18] Comunicado 
ao Mercado 
Notícia divulgada na 
mídia. 
 (i) Desmentir notícias veiculadas na mídia sobre 
possível oferta de ações até o meio do ano de 2020. 
07/02/2020 
[19] Comunicado 
ao Mercado 
Exercício da opção de 
compra das ações da 
Airfox/banQi e aquisição 
de participação adicional 
 
(i) Aquisição de participação adicional das ações do 
banQi que, uma vez consumada, permitirá em seguida 
a aquisição de até 100% do capital do banQi. 
12/02/2020 
[20] Ata de 
Reunião CA 
Atualização do 
Regimento Interno do 
Comitê de Auditoria 
 
(i) Atualização do Regimento Interno do Comitê de 
Auditoria. 
18/03/2020 
[21] Comunicado 
ao Mercado e 
Fato Relevante 
Resultados Não 
Auditados da Companhia 
 (i) Divulgação e exposiçãoantecipada dos números do 
fechamento do ano de 2019, com grande ênfase na boa 
performance da empresa, sem a validação necessária 
da auditoria externa. 
25/03/2020 
[22] Fato 
Relevante 
Encerramento da 
investigação 
independente 
 (i) Terceiro anúncio sobre as investigações das 
denúncias anônimas recebidas. Conclusão de 
investigação, confirmando a existência de evidências 
que corroboram com a presença de irregularidades e 
fraudes contábeis. 
27/04/2020 
[23] Comunicado 
ao Mercado 
Aquisição ASAPLog 
 (i) Aquisição ASAPLog, empresa de tecnologia e atua 
no setor de logística (“LogTec”), especializada em 
soluções para logística urbana. 
29/04/2020 
[24] Comunicado 
ao Mercado 
Assembleia Geral 
Ordinária e 
Extraordinária 
 
(i) Ajuste de Atribuições do Conselho de 
Administração e eleição de novos membros. 
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30/04/2020 
[25] Comunicado 
ao Mercado 
Notícia divulgada na 
mídia. 
 (i) Confirmação da notícia veiculada na página do 
jornal Valor Econômico na rede mundial de 
computadores em 29/04/2020, intitulada "Via Varejo 
ganha R$ 3,5 bi em valor de mercado". 
03/06/2020 
[26] Fato 
Relevante 
Oferta de Ações 
 (i) Oferta Restrita consistirá na distribuição pública 
primária de, inicialmente, 220.000.000 Ações (“Ações 
da Oferta Base”), com esforços restritos de colocação. 
09/07/2020 
[27] Comunicado 
ao Mercado 
Mudança na Composição 
do Comitê de Auditoria 
Estatutário e dos Comitês 
de Assessoramento 
 
(i) Mudança na composição dos membros do Comitê 
de Auditoria e aprovação de novo Regimento Internos 
para todos os Comitês ativos. 
Fonte: Autoria Própria, com dados extraídos do sítio oficial da Via Varejo – Relações com Investidores. 
 
A Via Varejo contava, em 2019, com 5 Comitês de Assessoramento ao Conselho de 
Administração, sendo eles: (i) Comitês de Pessoas, Inovação e Governança, (ii) Comitê de 
Finanças, (iii) Comitê de Divulgação e Negociação, (iv) Comitê de Auditoria, Riscos e 
Compliance, (v) Comitê de Ética e Disciplina. Cada Comitê deve ser composto por, no mínimo 
três membros, que serão nomeados pelo Conselho de Administração para um mandato de dois 
anos, havendo a possibilidade de reeleição e/ou renúncia. O CA ainda tem a responsabilidade 
de eleger um Presidente ou Coordenador para cada órgão de deve representar, organizar e 
coordenar as atividades dos respectivos Comitês. 
A Via Varejo ainda conta com políticas e documentos que visam regular e orientar as 
ações da companhia, como, por exemplo: (i) Política Anticorrupção, (ii) Política de Divulgação 
e Uso de Informações Relevantes e Preservação de Sigilo, (iii) Política de Gerenciamento de 
Riscos e (iv) Código de Conduta Ética. Vale ressaltar, ainda, a existência do programa de 
Compliance da companhia baseado no comprometimento da Alta Administração. A Figura 2 
evidencia os pilares do programa, que estabelecem diretrizes para orientar as decisões e 
atividades dos colaboradores e parceiros. 
Figura 02: Programa de Compliance da Via Varejo 
 
Fonte: Site Via Varejo: Ética e Compliance (2021).4 
EM BUSCA DOS “PORQUÊS”: RESULTADOS DA VIA VAREJO 
“Fazer varejo de novo” foi a proposta divulgada pela empresa no ano de 2019, que se 
propôs a investir em plataformas estáveis e funcionais, melhorando assim o prazo de entrega 
das mercadorias, o relacionamento com os fornecedores e clientes, a geração de caixa e a 
atração de talentos. A intenção da companhia era tornar tudo mais fácil, simples e intuitivo para 
os consumidores da marca. Entretanto, é interessante que se questione os porquês da ênfase 
dada pela empresa em seus resultados para o ano de 2019. 
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No início de dezembro de 2019, logo após ao evento conhecido como “Black Friday”, 
a empresa divulgou de forma inédita um Fato Relevante que confirmava os números veiculados 
à reportagem da Valor Globo5, que afirmava que a companhia havia vendido ao todo R$1,1 
bilhão de reais durante o evento. A Via Varejo ainda reafirmou sua performance nos Relatórios 
da Administração, evidenciando que as vendas foram substancialmente superiores ao ano 
anterior e que houve redução significativa do número de reclamações dos consumidores. Essa 
excelente performance foi designada, em grande parte, pelas melhorias tecnológicas 
desenvolvidas na plataforma de vendas digital e pela mitigação dos problemas sistêmicos 
anteriores, o que permitiu uma experiência de compras superior para o consumidor e mais 
alinhada com o planejamento estratégico para o ano de 2019. 
Ainda como forma de afirmação e divulgação de seus resultados e conquistas em 2019, 
a companhia confirmou presença expressiva e relevante na mídia. Assim, a Via Varejo aliou 
ações customizadas na televisão, como patrocínios de futebol e novelas, com projetos digitais 
especialmente desenhados para atender os consumidores de diferentes localidades6. Entretanto, 
apesar das afirmações da companhia sobre sua boa performance, dois Fatos Relevantes foram 
divulgados no final do ano de 2019 que trouxeram outro rumo para a história da Via Varejo. 
Ambos os documentos tratavam sobre a denúncia anônima realizadas através do canal de 
denúncia sobre supostas irregularidades contábeis e fraudes no final de setembro e início de 
outubro. 
Assim, para se ter uma ideia acerca das eventuais repercussões desse evento, elaborou-
se o comparativo de números e resultados da Via Varejo no período de 2010 a 2019 de forma 
a permitir analisar de forma conjunta todo o ambiente que a empresa estava envolvida. A Figura 
3 mostra a evolução das contas patrimoniais e a Figura 4 mostra as de resultado desde o início 
da criação da Via Varejo até o ano posterior do recebimento das denúncias. 
 
 
Fonte: Autoria Própria com dados extraídos das Demonstrações Financeiras da Via Varejo. 
 
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É válido destacar, anteriormente, que a apuração dos fatos e das denúncias recebidas foi 
concluída em março de 2020, quando houve a divulgação do terceiro e último Fato Relevante 
que abordou o tema. Neste documento, a companhia confirmou a presença de evidências que 
comprovaram irregularidades na casa dos R$1.190 milhões de reais, sendo R$1.169 milhões 
relativo a erros de estimativa e R$20,8 milhão remanescentes que se referiam aos efeitos das 
fraudes contábeis identificadas ao longo das apurações. Neste cenário, a companhia reconheceu 
o montante achado na sua demonstração de resultado, gerando um impacto negativo na 
performance da empresa para o ano, como demonstrado na Figura 4, fechando o período com 
prejuízo acima de 1 bilhão de reais. 
Entretanto, excetuando o impacto significativo nas contas da Via Varejo em 2019 
decorrente do processo de investigação, é válido notar o intenso crescimento das contas do 
passivo desde 2015, comportamento que não era verificado anteriormente. Além disso, contas 
que não foram afetadas pela correção das irregularidades, como Ativo Total, especialmente o 
Imobilizado, tiveram forte aumento entre 2018 e 2019. Importante mencionar ainda, analisando 
a Figura 4, que o crescente aumento de Receita não estava necessariamente conectado com a 
mesma performance do lucro do período, dado que em 2018, por exemplo, a Via Varejo 
amargou um prejuízo de mais de 250 mil de reais. O comportamento de queda do lucro pode 
ser observado desde 2014, com o lucro operacional saindo dos 2 milhões de reais e batendo a 
marca de apenas 353 mil reais em 2018. 
 Neste cenário de inquietação e incerteza, dias antes da publicação das demonstrações 
financeiras e do Fato Relevante que informou a conclusão das investigações, a companhia veio 
a público por meio de um Fato Relevante para reafirmar sua posição patrimonial, tendo em 
vista que notícias veiculadas na mídia relatavam sobre o possível endividamentoe posição de 
caixa desfavorável após os recentes episódios. Assim, em fato inédito, a Via Varejo reafirmou 
seus valores de disponível, bem como dívida bancária, estoques e fornecedores, mesmo antes 
do relatório de auditoria validar os números divulgados. Assim, as Figuras 5 e 6 demonstram a 
evolução dos números de Demonstração do Fluxo de Caixa e dos Indicadores Econômico-
financeiros. 
 Nota-se pela Figura 5 que os valores relativos à Demonstração de Fluxo de Caixa não 
possuem comportamento padrão e esperado para Via Varejo há certo tempo. Porém vale 
destacar a queda acentuada em 2016 (-R$1.550 milhões), com tendência de recuperação em 
2017 e 2018 (-R$471 milhões e R$152 milhões, respectivamente). Deste modo, fica evidente a 
flutuação, não constância e possível não previsibilidade dos resultados da companhia para esse 
cenário de caixa. Além disso, é possível notar queda na maioria dos indicadores econômico-
financeiros da entidade em 2018, desempenhando uma performance abaixo do que 
anteriormente estava sendo registrada. 
 Entretanto, apesar de números conflitantes e/ou dúbios com as narrativas apresentadas 
pela Administração da Via Varejo, assim seguiu o ano de 2020, com intensas confirmações de 
notícias da mídia por meio da Fatos Relevantes ou Comunicados ao Mercado. Em 29 de abril 
de 2020, por exemplo, a companhia emitiu um Comunicado para corroborar as informações 
divulgadas em uma notícia do Valor Econômico, sob o título de “Vendas da Via Varejo já se 
igualam ao patamar registrado antes da crise”. Um dia depois, em 30 de abril de 2020, emitiu 
um outro Comunicado para corroborar novamente uma segunda notícia do Valor Econômico 
intitulada “Via Varejo ganha R$ 3,5 bilhão em valor de mercado”. Divulgaram ainda Fatos 
Relevantes sobre o novo recorde de vendas alcançado na Black Friday de 2020 com o montante 
R$ 3 bilhões7 e a ótima performance das vendas de Natal8. 
Assim, com a essência de “a Via de compras de todos os brasileiros onde, quando e 
como eles quiserem”, a Via Varejo divulgou ao mercado em 3 de junho de 2020 a aprovação 
do Conselho de Administração para a realização de oferta pública de distribuição primária de 
ações ordinárias, nominativas, escriturais e sem valor nominal9, que, posteriormente, seria 
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eleito a melhor oferta de follow-on da América Latina em 2020 pelo LatinFinance Awards 
daquele ano10. Encerrou o ano de 2020, portanto, revertendo o prejuízo de R$1 bilhão do ano 
anterior para lucro no mesmo montante. 
Para acompanhamento da abertura e análise dos números da Via Varejo S.A. de 2010 a 
2020, verificar Anexo 1. 
O PLANEJAMENTO DE MILHÕES 
“Não cometa o mesmo erro, João! Planeje!” 
Em 13 de novembro de 2019, a Via Varejo S.A. divulgou o primeiro de uma trilogia de 
Fatos Relevantes que abordariam as denúncias anônimas relativas a supostas irregularidades 
contábeis. Assim, nessa primeira comunicação, a companhia informou que as denúncias foram 
recebidas ao final de setembro e no início de outubro de 2019, sendo instaurado pelo Conselho 
de Administração (CA) um Comitê de Investigação em 10 de outubro de 2019. Tal Comitê se 
reportaria diretamente ao CA da entidade, sendo assessorado por consultores independentes e 
de renome que foram contratados para assegurar que as apurações fossem conduzidas por 
profissionais habilitados, independentes e experientes11. 
 Em 12 de dezembro de 2019, a empresa se manifestou novamente para conceder 
atualizações acerca do tema por meio do segundo Fato Relevante afirmando que, com o 
desenrolar da segunda fase de investigação, foram encontrados indícios de fraude contábil 
caracterizada pela manipulação da provisão trabalhista da companhia e pelo diferimento 
indevido na baixa de ativos e contabilização de passivos, bem como falhas de controles internos 
que poderiam resultar em erros materiais em determinadas contas contábeis6. Deste modo, 
diante dos achados, o Comitê de Investigação instaurou a terceira fase de análise para 
corroborar os resultados encontrados. 
 Ainda no segundo Fato publicado, a Administração da companhia afirmou que as 
providências já estavam sendo tomadas e divulgou uma estimativa do impacto dos possíveis 
ajustes contábeis decorrentes da investigação, na ordem de R$ 1,05 bilhão a R$ 1,2 bilhão. A 
condução dos trabalhos de identificação de riscos e oportunidades dentro da empresa estava 
acontecendo e, até aquele presente momento, já haviam sido definidos ajustes de R$ 200 
milhões, que seriam referentes a créditos fiscais e outras provisões, o que totalizariam o impacto 
de até R$ 1,4 bilhão nas demonstrações financeiras da Via Varejo. E, apesar da delicada notícia 
ao mercado, a companhia reafirmou seu compromisso com a total transparência possível sobre 
o processo, garantindo que os investidores e o mercado em geral seriam informados sobre o 
andamento da investigação.6 
 Por fim, o terceiro e último Fato Relevante sobre a investigação das denúncias recebidas 
foi divulgado em 25 de março de 2020, trazendo as informações da conclusão das análises. Este 
documento confirma a existência de evidências que corroboram a existência da fraude contábil 
e falhas de controles internos descritos no segundo Fato Relevante. O montante final de impacto 
nas demonstrações financeiras foi de R$ 1,190 bilhão, sendo R$ 1,169 bilhão relativo aos erros 
de estimativa e R$ 20,8 milhões às fraudes propriamente ditas. Os valores foram reconhecidos 
a débito na demonstração do resultado do período de 2019, tendo em vista que, em avaliação 
conjunta com os conselheiros e auditores independentes, não houve necessidade de reabertura 
dos saldos do período anterior – 2018 – em razão de os aspectos qualitativos e quantitativos não 
serem materiais13. 
Diante desse cenário de incerteza e de possível fraude, a auditoria independente tinha 
um importante papel a cumprir: atestar a veracidade das informações contábeis divulgadas aos 
stakeholders, assegurando a confiança e a credibilidade do ciclo informacional do mercado. 
Entretanto, a qualidade dos serviços prestados ficou em xeque no momento pela não 
participação ativa na descoberta da possível fraude e irregularidades contábeis, uma vez que as 
denúncias foram realizadas de forma anônima. 
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Portanto, para assegurar a integridade dos trabalhos executados, os auditores 
independentes envolvidos nesse novo ciclo de trabalho deveriam ter mais cautela e ceticismo 
em suas análises devidos aos eventos ocorridos e ainda, identificar sinais de alerta que poderiam 
ter sinalizado previamente um ambiente propício a erros e falhas da Administração. Essa análise 
criteriosa deve ajudar os profissionais a identificarem padrões de comportamentos que podem 
evidenciar possíveis problemas na auditoria e, com isso, os auditores podem ficar mais atentos 
a determinados episódios para que não se repitam ou tomem providências e salvaguardas 
devidas. 
Isto posto, diante deste cenário pós descoberta de fraude, o novo sócio de auditoria da 
Via Varejo se encontrava em um ambiente de pressão e responsabilidade. Os chefes da firma 
de auditoria tinham deixado bem claro que confiavam em João para recuperar a confiança e 
credibilidade da empresa perante o mercado, demonstrando serem capazes de executar um 
ótimo trabalho e identificar previamente os problemas dentro dos clientes. Assim, João estava 
diante em um grande dilema: Quais procedimentos ele e sua equipe deveriam adotar ainda na 
fase de planejamento para mitigar os riscos de auditoria relacionados a possíveis fraudes para 
que pudessem se preparar da melhor forma possível para a execução dos trabalhos e 
apresentar um plano robusto e convincente para os conselheiros, investidores e mercado como 
um todo? 
 
NOTAS 
1 Site institucional: https://ri.via.com.br/a-companhia/nossas-marcas/ 
2 DemonstraçõesFinanceiras Padronizadas de 2020, disponíveis em https://ri.via.com.br/. 
3 Comunicado ao Mercado: Via Varejo muda marca e se transforma em Via, 25 de abril de 2021, disponível em: 
https://ri.via.com.br/. 
4 Via. (2021). Ética e Compliance. Recuperado de https://ri.via.com.br/governanca-corporativa/etica-e-
compliance/ 
5 Notícia Valor Globo, disponível em: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2019/12/02/black-friday-
sinaliza-solida-recuperacao.ghtml. 
6 Demonstrações Financeiras Padronizadas de 2019, disponíveis em https://ri.via.com.br/. 
7 Fato Relevante: Via Varejo – Evento Anual “Black Friday”, 30 de novembro de 2019, disponível em 
https://ri.via.com.br/. 
8 Fato Relevante: Via Varejo – Desempenho Vendas de Natal, 04 de janeiro de 2021, disponível em: 
https://ri.via.com.br/. 
9 Fato Relevante: Oferta Restrita consistirá na distribuição pública primária ações, 03 de junho de 2020, disponível 
em: https://ri.via.com.br/. 
10 Comunicado ao mercado: Via Varejo vence o LatinFinance Awards 2020, 29 de janeiro de 2021, disponível 
em: https://ri.via.com.br/. 
11 Fato Relevante: Via Varejo – Investigação Independente, 13 de novembro de 2019, disponível em: 
https://ri.via.com.br/. 
12 Fato Relevante: Via Varejo – Atualização da Investigação Independente, 12 de dezembro de 2019, disponível 
em: https://ri.via.com.br/. 
13 Fato Relevante: Via Varejo – Conclusão da Investigação Independente, 25 de março de 2020, disponível em: 
https://ri.via.com.br/. 
 
NOTAS DE ENSINO 
 
RESUMO 
O presente Caso de Ensino aborda o episódio das denúncias anônimas de possíveis fraudes na 
Via Varejo S.A. recebidas em outubro de 2019. A companhia criou um Comitê de Investigação 
para conduzir uma investigação independente e detalhada e, como resultado, foram encontrados 
indícios de fraude contábil caracterizada pela manipulação da provisão trabalhista da 
Companhia e pelo diferimento indevido na baixa de ativos e contabilização de passivos e falhas 
de controles internos que poderiam resultar em erros materiais em determinadas contas 
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contábeis da Companhia. O impacto de R$1,190 bilhão foi reconhecido integralmente nas 
demonstrações contábeis de 2019. Diante desse cenário de incerteza, a aplicação deste caso 
pretende fomentar o debate sobre o papel e planejamento da auditoria, com foco nas red flags, 
já que busca identificar possíveis sinais de alerta no ambiente da Via Varejo que pudessem 
facilitar e propiciar um ambiente mais frágil e suscetível a fraudes e erros. 
Palavras-chave: Via Varejo. Auditoria. Planejamento de Auditoria. Red Flags. Fraude. 
 
ABSTRACT 
This Teaching Case addresses the episode of anonymous reports of possible fraud at Via Varejo 
S.A. received in October 2019. The company created an Investigation Committee to conduct 
an independent and detailed investigation and, as a result, evidence of accounting fraud was 
found, characterized by manipulation of the Company's labor provision and undue deferral of 
asset write-off and accounting for liabilities and failures in internal controls which could result 
in material errors in certain of the Company's accounting accounts. The impact of R$1.190 
billion was fully recognized in the 2019 financial statements. Faced with this uncertain scenario, 
the application of this case intends to encourage debate on the role and planning of audits, with 
a focus on red flags, as it seeks to identify possible warning signs in the Via Varejo environment 
that could facilitate and provide a more fragile environment and susceptible to fraud and errors. 
Keywords: Via Varejo. Audit. Audit Planning. Red Flags. Fraud. 
 
OBJETIVOS EDUCACIONAIS E INDICAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO 
 Este caso de ensino foi desenvolvido com o objetivo de incentivar o debate a partir de 
uma situação real de denúncia anônimas e, consequente, investigação de fraudes e 
irregularidades contábeis em uma empresa do setor de varejo do Brasil, especialmente do ponto 
de vista da auditoria, seu planejamento e possíveis red flags que poderiam ter alertado 
previamente os auditores externos do acontecimento e dos indicadores que possibilitem um 
melhor planejamento para os futuros trabalhos. Deste modo, o caso situa-se no cenário atual 
brasileiro vivenciado pela Via S.A (antiga Via Varejo S.A) após o recebimento de denúncias 
anônimas de desvios no final do ano de 2019. 
Portanto, a fim de cumprir com o debate proposto, espera-se que seja debatido o 
fenômeno sob a ótica da Teria de Agência, com ênfase aos aspectos do papel da auditoria, seu 
planejamento e identificação de red flags. Assim, com base nesse conteúdo programático 
proposto, recomenda-se a utilização deste Caso de Ensino em cursos de graduação e pós-
graduação (stricto sensu e lato sensu) em Ciências Contábeis e Administração. Isto posto, este 
Caso pode ser trabalhado em disciplinas que buscam debater de forma crítica e teórica um 
fenômeno que envolve acontecimentos de fraudes e irregularidades, divulgações contábeis, 
papel da Administração e Auditoria e as principais estruturas de Governança Corporativa como 
indicativo de boa gestão e bom ambiente para trabalhos de auditoria. Portanto, recomenda-se a 
utilização em matérias como Fraudes e Investigação Contábil, Auditoria e Administração de 
Empresas. 
Diante do exposto, o caso pretende fomentar o aprendizado dos alunos por meio de: (i) 
Construção de Habilidades: raciocínio crítico, comunicação, criatividade, argumentação, 
formulação de estratégias e resolução de problemas; (ii) Expansão do Conhecimento: 
compreensão e análise de organização que passa por um período de denúncias de supostas 
fraudes e irregularidades, papel da auditoria, importância da utilização e identificação de red 
flags; (iii) Desenvolvimento de métodos de estudo e aprendizagem por meio de debate em grupo 
com a aplicação de conhecimentos teóricos e argumentação. 
Recomenda-se leituras prévias para a melhor compreensão dos assuntos abordados no 
Caso de Ensino, como, por exemplo, notícias de meios de comunicação impressos ou 
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eletrônicos e informações constantes no sítio eletrônico da organização sobre a Via Varejo, bem 
como artigos científicos e livros acadêmicos que embasam o tema de auditoria e red flags. 
Pode-se complementar o estudo com notícias sobre outras companhias do mesmo ramo de 
atuação da Via Varejo, fato que torna mais rico o debate e potencializa a expansão do 
conhecimento. 
 
FONTES DOS DADOS 
As informações elencadas no presente Caso de Ensino foram extraídas da situação real 
vivida pela Via Varejo em 2019, quando houve as denúncias anônimas de possível fraude e 
irregularidades contábeis e seus consequentes desdobramentos com as investigações 
implementadas pela companhia. Portanto, são apresentados dados relativos aos Fatos 
Relevantes, Demonstrativos Contábeis, Notas Explicativas e comentários da Administração 
para subsidiar os relatos e análises do Case. Foram citadas, ainda, informações estruturadas 
coletadas no sítio oficial da Comissão de Valores Mobiliários e da área de Relações com 
Investidores da própria empresa, bem como as ações tomadas pela entidade e seu 
posicionamento ao final das investigações das denúncias e informações disponíveis em jornais 
e revistas de grande circulação, com acesso online, sobre a Via Varejo S.A. 
 
PROPOSTA DE PLANO DE ENSINO 
A proposta para o desenvolvimento desse Caso de Ensino engloba aproximadamente 
0,5 hora-aula complementares (extraclasse) e 4 horas-aula normais, que podem ser dispostas de 
acordo com os seguintes procedimentos: 
a) Na aula anterior à aplicação do Caso de Ensino, o(a) docente deve disponibilizar o material 
para que os alunos realizem uma leitura prévia. Tempo de leitura: 30 minutos. 
b) No dia da aula que será aplicada o Caso: 
i) O(a) docente deve, no início da aula, realizarum resumo do caso, elencando os 
principais pontos de atenção do ocorrido na Via Varejo em 2019. Tempo de exposição: 
10 minutos. 
ii) Posteriormente, o(a) docente deve expor reflexões, em formato livre, sobre o tema das 
Papel e Planejamento da Auditoria e Red Flags, elencando os principais tópicos, 
amarrando a teoria e dando destaque aos pontos essenciais. Sugere-se o uso de slides 
sucintos e visuais para essa abordagem. Tempo de exposição: 30 minutos. 
iii) Em sequência, o(a) docente deve solicitar que os alunos se dividam em grupos de 3 ou 
4 alunos (dependendo do número de pessoas presentes na aula). Os alunos então devem 
analisar, criticar e responder as questões propostas no caso de ensino. Tempo de 
execução: 1 hora e 30 minutos. 
iv) Após todos terem respondido as questões, cada grupo deve eleger um integrante para 
ser responsável pelo debate de cada questão, devendo chegar em um consenso sobre a 
resposta final. O processo deve se repetir para todas as questões. O debate, embora 
liderado pelos dois alunos anteriormente citados, é aberto para qualquer pessoa 
participar e deixar suas contribuições. Tempo de execução:1 hora e 30 minutos. 
v) Ao final, o(a) docente deve realizar uma avaliação geral do desempenho da turma, 
elencando os principais pontos fortes e os principais pontos de melhoria, tanto no 
quesito teórico, quanto no quesito didático, argumentativo, expositivo e persuasivo de 
cada aluno. Tempo de avaliação: 20 minutos. 
Vale mencionar que, caso o(a) docente entenda ser necessário, poderá disponibilizar 
materiais complementares para o estudo dos discentes, indicando, por exemplo, referencias 
complementares. Por fim, ressalta-se que a proposta realizada anteriormente é meramente 
ilustrativa e facultativa, cabendo o julgamento do(a) docente quanto à utilização dos 
procedimentos de ensino-aprendizagem anteriormente expostos, considerando, ainda, aspectos 
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como quantidade de alunos e maturidade para compreensão e discussão. Para isso, também há 
de se considerar o envolvimento da turma para atividades que exijam as ações descritas acima. 
 
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO 
 
Questão 01: Qual é o papel e quais são as responsabilidades da Auditoria Independente 
no mercado de capitais? 
 
 O objetivo da primeira questão proposta é definir de forma mais clara o escopo do 
trabalho da Auditoria Independente, elencando suas responsabilidades, especialmente no 
quesito de erros e fraudes. Essa compreensão inicial propicia aos alunos uma base para a 
resolução das questões seguintes e os fazem refletir sobre o alcance do trabalho do auditor 
dentro do mercado de capital. 
Nesse sentido, espera-se que os alunos compreendam que um dos pressupostos da 
auditoria é a redução da assimetria informacional, visando o bom funcionamento do mercado 
de capitais. Assim sendo, essa atividade exerce um papel importante como intermediadora de 
informações, encontrando e corrigindo divergências nelas encontradas antes de sua 
disponibilização (Borges et al., 2017). Portanto, para a garantia da confiança e credibilidade 
emanada pela auditoria, os auditores devem prezar pelo nível do trabalho executado. Assim, 
DeAngelo (1981), Watts e Zimmerman (1986), Becker, DeFond, Jiambalvo e Subramanyam 
(1998) e Dantas e Medeiros (2015) afirmam que a qualidade de auditoria deve ser compreendida 
como a probabilidade de um auditor detectar distorções materiais e de informá-las aos usuários 
externos por meio de sua opinião. 
Demonstrações contábeis fidedignas e confiáveis garantem essa expectativa de redução 
da diferença de acesso aos dados. Todavia, erros e fraudes podem ocorrer na contabilização das 
entidades, resultando em distorções dos relatórios financeiros. A fraude é caracterizada pelo ato 
doloso cometido de forma planejada, com a intenção de obter proveito a partir de prejuízo de 
terceiros (Perera; Freitas &; Imoniana, 2014). O erro, em contraponto, caracteriza-se por ser 
um ato não intencional, sem a presença do dolo (Murcia & Borba, 2007). Nessa ótica, mesmo 
não cabendo ao auditor a responsabilidade primária de diferenciação ou detecção de erros ou 
fraudes (CFC, 1991), espera-se que o mesmo fique atento às possíveis falhas da entidade para 
que possa assegurar que os relatórios estão livres de distorções relevantes, visto que a premissa 
fundamental da auditoria é a garantia da qualidade informacional (Freitas, et al., 2020). 
 
Questão 02: Quais ferramentas podem auxiliar o Auditor Independente a gerenciar e 
reduzir seus riscos em um trabalho? 
 
 O objetivo da segunda questão proposta é de refletir sobre como um Auditor 
Independente pode gerenciar o risco do trabalho executado. Para isso, sugere-se que a 
discussão seja pautada especialmente pelo assunto de red flags utilizadas no Planejamento de 
Auditoria. A reflexão sobre esse tópico ajudará na compreensão de quais atitudes, decisões, 
salvaguardas e procedimentos os auditores podem realizar antes do início da execução dos 
trabalhos para que fiquem menos expostos aos riscos, visando estarem preparados e atentos a 
todas as circunstâncias do projeto e do cliente, assegurando uma melhor qualidade 
informacional. 
 Para isso, Wells (2005) frisa a importância do uso de red flags. Esta recomendação de 
utilização de sinais de alerta torna-se válida pela dificuldade encontrada em detectar fraudes 
nas demonstrações financeiras, conforme afirmam autores como Murcia et al. (2008) e Reina 
et al. (2008). Murcia e Borba (2007) ainda completam esse posicionamento quando afirmam 
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que é mais fácil comprovar a existência de um ambiente favorável às fraudes do que a 
ocorrência das mesmas. 
De acordo com Uretsky (1980) e Reinstein e McMillan (2004), red flags (bandeiras 
vermelhas) são tidas como sinais de alerta e ainda como early warning (advertência precoce) 
durante uma auditoria em relação a possíveis imprecisões das demonstrações. Já para Albrech 
e Romney (1986), Bell e Carcacello (2000) e Koornhof e Plessis (2000), são acontecimentos 
ou condições que expressem pressões, oportunidades ou características pessoais que podem 
levar a gestão a cometer desvios indevidos. Ademais, consoante ao que diz Reina et al. (2008), 
tais sinais também podem ser utilizados para determinar o grau de risco das demonstrações 
financeiras, ou seja, quanto maior a presença de red flags, maior será o grau de risco e, 
consequentemente, o risco de auditoria. Logo, os sinais de perigo atuam como sintomas e até 
mesmo um “termômetro” na prevenção e detecção de falhas e fraudes nas entidades (Vladu; 
Amat &; Cuzdriorean, 2017). 
Assim, o uso de red flags se torna essencial para mapear o ambiente fraudulento e, 
consequentemente, reduzir a probabilidade de materialização dos riscos presentes na auditoria. 
Isto possibilita, portanto, o aumento da confiança e credibilidade dos auditores no mercado de 
capitais, reafirmando e validando o ciclo informacional de mercado. Ainda neste contexto, é 
válido ressaltar que a presença de red flags não determina necessariamente a ocorrência de 
fraude, atesta apenas que aquele ambiente está mais vulnerável e propício para a concretização 
dos desvios, elevando assim o risco de auditoria. Todavia, Murcia e Borba (2007) asseguram 
que o contrário é verídico, ou seja, inegavelmente sempre haverá sinais de alerta quando se há 
uma fraude. 
Portanto, adotar red flags na auditoria possibilita ao profissional identificar previamente 
indícios de irregularidade, podendo adotar medidas de contingência, ações preventivas e 
salvaguardas para se resguardar de possíveis responsabilizações futuras como, por exemplo: (i) 
diminuição da materialidade, (ii) aumento do escopo do trabalho, (iii) aplicação de testes de 
imprevisibilidade e (iv) diminuição da confiança e assurance dos controles. Ressalta-se, ainda, 
quetais decisões são tomadas na fase do Planejamento de Auditoria, tornando-se relevantes 
para o desencadeamento do trabalho. 
Não obstante ao exposto, a materialização das ameaças, que seriam prevenidas pelo uso 
das red flags, expõe não somente os auditores, com a diminuição da qualidade do serviço 
prestado (Dantas & Medeiros, 2015), mas todo o mercado de capitais, pela quebra de confiança 
e credibilidade. Assim, a lógica inversa torna-se verdadeira: a preocupação com red flags 
aumenta a qualidade da auditoria, deixando os profissionais mais preparados e treinados para o 
reconhecimento do ambiente fraudulento, e prospera a relação com o mercado. Logo, o 
benefício do uso das bandeiras vermelhas é estendido para os usuários - internos e externos - 
do ciclo informacional financeiro, afirmando a necessidade de estudos com essa temática, dada 
sua contribuição tanto para os acadêmicos, quanto para o mercado. 
Por conseguinte, uma constante preocupação de um auditor deve ser conhecer o 
ambiente e a estrutura da empresa auditada, para que possa planejar os trabalhos de forma 
eficiente e eficaz para que todos os riscos envolvidos sejam reduzidos. Dessa forma, a 
governança corporativa dos clientes de auditoria se torna relevante para a qualidade dos 
trabalhos, visto que ela é o emaranhado de mecanismos de controle que protege e aprimora os 
interesses dos acionistas das empresas, conforme definem Shleifer e Vishny (1997) e Freitas et 
al. (2020). Assim sendo, um ambiente mais monitorado pela Administração tende a representar 
menor risco para a auditoria, conforme apontam Bedard e Johnstone (2004), Martinez e Moraes 
(2006), Bortolon, Sarlo e Santos (2013) e Dantas et al. (2016). Deste modo, as red flags 
“Ausência e/ou Deficiência de Governança Corporativa” e “Mudanças da Administração” 
devem ser analisadas com cautela pelos auditores para que o risco da auditoria em ambientes 
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sem essa estrutura ou com mudança nessa estrutura seja calculado de maneira correta para que 
se evite a concretude de tais ameaças (Farber, 2005; Magro & Cunha, 2017; Freitas et al, 2020). 
Vale destacar, entretanto, que o uso de indicativos de Governança Corporativa não 
garante por si só que a estrutura interna das empresas está adequada às boas práticas. Além 
disso, a ascensão do tema pode ser vista com preocupação, uma vez que as empresas ainda estão 
se adaptando aos requisitos necessários de uma governança consolidada. Assim, a avaliação da 
presença de elos importantes dentro da estrutura faz-se necessária para avaliar o grau de 
maturidade das práticas adotadas pelas organizações. Enfatiza-se, ainda, a red flag “Ausência 
e/ou Deficiência de Comitê de Auditoria ou Fiscal” como sinal de alerta apontado por Albrecht 
e Romney (1986), Wells (2005), CFC (1999), Bell e Carcacello (2000) e Eining, Jones e 
Loebbecke (1997). Adicionalmente, revisões analíticas também surgem como evidências e 
alertas para a auditoria (Cupertino & Martinez, 2008), uma vez que variações repentinas e 
bruscas nas demonstrações contábeis de uma empresa podem significar risco tanto para a 
própria companhia, como para a auditoria externa. É esperado que a entidade varie seus 
números proporcionalmente a anos anteriores, portanto variações muito diferentes representam 
red flags para o auditor. Portanto, conforme mencionado por CFC (1999) e Bell e Carcacello 
(2000), a red flag “Entidade passa por um momento de rápida expansão” também deve ser 
analisada. 
Ademais, uma das possíveis abordagens para a mensuração da qualidade da auditoria é 
proposta por Lennox (1999), que avalia a relação entre relatórios de auditoria que citam 
problemas de continuidade operacional e a posterior falha nos negócios dos clientes. Nesse 
cenário, para o autor, haverá uma falha de auditoria do erro tipo 1, conhecida como 
superqualificação, se o auditor emite uma opinião atestando a crise operacional da entidade, 
fato que não se concretiza nos próximos doze meses. Outra possível falha é configurada pelo 
erro tipo 2, a subqualificação, sendo a mais grave, onde o profissional da auditoria divulga uma 
opinião sem modificações de forma incorreta. Salienta-se, ainda, o disposto na Estrutura 
Conceitual (CPC 00 R2, 2019) em que as demonstrações financeiras devem ser elaboradas 
baseadas na premissa de continuidade operacional pelo futuro próximo, devendo ser divulgadas 
fatos ou suposições que contrariem esse cenário. Assim, a literatura prevê que as empresas que 
estão com sua continuidade ameaçada podem desempenhar comportamentos não corretos para 
camuflar seus números para o mercado para que não seja transmitida de forma idônea a situação 
em que se encontram. Esse possível comportamento omisso e fraudulento aumenta o risco do 
auditor, devendo ser monitorado pela red flag “Dúvidas quanto à Continuidade Operacional” 
(Murcia & Borba, 2007; Eining et al. 1997). 
Em pesquisas elaboradas por Albrecht e Romney (1986), Eining et al. (1997) e Bell e 
Carcacello (2000) destaca-se outra red flag que deve sinalizar ao auditor a necessidade de dispor 
mais atenção aos números e ambiente da companhia: “Remuneração dos executivos relacionada 
ao lucro operacional, lucro financeiro ou ações”. Esse sinal de alerta torna-se relevante dentro 
da auditoria uma vez que surge o incentivo aos dirigentes da companhia auditada para gerenciar 
o resultado para se alcançar uma meta de resultados desejada e, consequentemente, uma 
remuneração mais atrativa para si. Este ponto deve ser tratado com atenção e cautela, dado que 
existem diversas maneiras de manipular o lucro de uma firma, quer seja inflando a receita, quer 
seja deflacionando as despesas. Além disso, o preço das ações pode ser influenciado pela forma 
que a entidade se porta perante o mercado, então faz-se necessário que os auditores também 
fiquem atentos para as narrativas utilizadas pela empresa auditada afim de verificar se elas 
condizem com a realidade. 
Ainda em uma perspectiva de cuidados que um auditor deve ter no decorrer do seu 
trabalho, ressalta-se o conhecimento do ramo de atuação no qual o cliente auditado atua, dado 
que entidades que estão inseridas em segmentos de mercado que estão sujeitos a fortes 
mudanças ou estão envolvidas em atividades arriscadas podem apresentar uma maior propensão 
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a cometer desvios ou erros (Albrecht, 2003), aumentando o risco de auditoria. Deste modo, a 
red flag “Segmento de Mercado altamente competitivo e/ou arriscado” é suportada pela visão 
dos pesquisadores Murcia e Borba (2007), Albrecht e Romney (1986) e Bell e Carcacello 
(2000), que afirmam que os fatores externos às entidades também devem ser analisados para 
mensuração da ameaça à auditoria, a fim de evitar materializações deste risco. 
 
Questão 03: Existiam sinais de alerta que pudessem indicar aos Auditores Independentes 
possíveis irregularidades no ambiente da Via Varejo ou em suas demonstrações 
financeiras de 2019? 
Questão 04: Quais procedimentos João e seu time de auditoria pode e/ou deve adotar para 
realizar um bom planejamento de auditoria para o ano de 2020 a fim de reduzir o risco 
da auditoria em relação a possíveis fraudes? 
 
As questões três e quatro podem ser discutidas de forma conjunta, propondo-se os 
seguintes objetivos e discussões: 
O objetivo da terceira questão proposta é refletir sobre as circunstâncias do ambiente 
da Via Varejo antes da divulgação dos Fatos Relevantes que tornaram pública a investigação 
de uma possível fraude da empresa. Espera-se que os estudantes possam associar as red flags 
presentes na literatura com alguns eventos presente no caso da Via como forma de demonstrar 
a afirmação de Murcia e Borba (2007), que asseguram que inegavelmente sempre haverá sinais 
de alerta quando se há uma fraude. Essa reflexão é relevante para o contexto paraque se possa 
analisar possíveis gaps na atuação da auditoria independente e o mapeamento dessas 
eventuais falhas possibilitará o ajuste do Planejamento de Auditoria do período seguinte, que 
é o dilema vivido por João, o mais novo líder do projeto da Via Varejo. 
 O objetivo da quarta questão proposta é refletir sobre quais procedimentos podem 
auxiliar a equipe de auditoria a realizar um planejamento adequado para o ano seguinte da 
descoberta das irregularidades. Sugere-se então que os alunos façam a análise sob a 
perspectiva das Red Flags discutidas na questão anterior, já que elas são tidas como sinais de 
alerta para possíveis fraudes e erros. Assim, espera-se que os alunos sejam capazes de elaborar 
procedimentos de auditoria que mitiguem os riscos levantados pelas red flags elencadas na 
questão três e direcionem como a auditoria deve tratar os assuntos no próximo ano para que 
a confiança e reputação da firma não seja colocada à prova novamente. 
 Para iniciar os debates desta questão, seria importante discutir inicialmente sobre os 
principais riscos da auditoria, a fim de que os procedimentos para elaboração de um bom 
planejamento de auditoria sejam adequados para a mitigação dos episódios que podem expor a 
firma de auditoria. Deste modo, as principais ameaças que estão relacionadas a essa atividade 
é o risco de auditoria e o risco de litigância. O risco de auditoria pode ser entendido como o 
risco geral dos trabalhos, englobando os riscos inerentes, de controle e de detecção, e que se 
expressa pela probabilidade do auditor emitir uma opinião sem modificação sobre 
demonstrações financeiras com distorções materiais (IFAC, 2008). Já o risco de litigância pode 
ser compreendido como aquele que os auditores correm de sofrer litígios (OJO, 2008). Desta 
forma, faz-se necessário que os profissionais de auditoria mensurem os riscos de forma o mais 
precisa possível para que se mitigue as possibilidades de concretização das ameaças sofridas. 
Ademais, a não observação da existência de indícios ou “fios soltos” que poderiam ter 
alertado previamente os auditores ou sinais de que possivelmente uma distorção relevante e 
material poderia ocorrer nas demonstrações auditadas demonstra que o risco de auditoria 
estimado na época das atividades de asseguração poderia não estar refletindo devidamente a 
realidade do trabalho. Assim, com o risco subestimado pela desatenção aos detalhes 
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fundamentais, os trabalhos dos auditores independentes não são desempenhados da melhor 
forma possível, acarretando muitas vezes na concretização do risco corrido. 
Isto posto, alguns fatos ocorridos em 2019, ano em que foram descobertas as 
irregularidades, deveriam ter chamado a atenção dos auditores e elevado o nível de preocupação 
em relação às demonstrações financeiras. Ressalta-se que tais eventos são apenas indícios e não 
são capazes de afirmar por si só a ocorrência de possíveis fraudes. Entretanto, são episódios 
que devem ligar os sinais de alerta dos auditores para que possam: (i) se preparar ainda melhor 
para os trabalhos, (ii) revisar o planejamento de auditoria, se necessário, (iii) revisar a 
materialidade, se necessário e/ou (iv) revisar procedimentos adotados, se necessário. Assim, a 
Tabela 2 elenca acontecimentos anteriores na Via Varejo que poderiam indicar problemas e 
acontecimentos posteriores, cita as possíveis red flags associadas aos eventos e aborda alguns 
procedimentos que podem ser feitos em caso de observância desses casos em uma auditoria e 
que podem nortear o planejamento para os trabalhos liderados por João. 
 
Tabela 2: Lista de Eventos, Red Flags e respectivos Procedimentos para Mitigação de Risco de Auditoria 
Eventos Red Flags Associadas Procedimentos de para o Planejamento de Auditoria 
Mudanças dentro da estrutura 
de Governança Corporativa 
proposta pela entidade, como, 
por exemplo, troca dos 
membros do Conselho de 
Administração e do Comitê de 
Auditoria ou atualização de 
regimento e atribuições dos 
Conselhos e Comitês 
(Tabela 1: Eventos 4, 8, 9, 10, 
12, 20, 24 e 27) 
A. Ausência e/ou Deficiência 
de Governança Corporativa. 
B. Ausência e/ou Deficiência 
de Comitê de Auditoria ou 
Fiscal. 
C. Mudança de 
Administração. 
1. Acompanhamento das Reuniões de Conselho de Administração e 
Comitês. Se não possível a presença física do responsável pela auditoria, 
a equipe deverá acompanhar pelas atas. 
2. Investigação da reputação e/ou conflitos de interesse dos novos 
dirigentes da empresa auditada. 
3. Leitura tempestiva dos regimentos internos que detalham as 
atribuições dos Conselhos e Comitês e acompanhamento das iniciativas 
descritas. 
4. Acompanhamento das últimas decisões tomadas pela Alta 
Administração, como mudanças de hierarquia, novas aquisições, 
mudanças de remuneração e outras. 
As DFs e os indicadores 
econômico-financeiros da Via 
Varejo nos anos anteriores ao 
episódio de denúncia da fraude 
não possuem, em sua maioria, 
um comportamento esperado 
ou regular. 
(Tabela 1: Evento 1; Figura 6) 
A. Entidade passa por um 
momento de rápida 
expansão. 
 
1. Elaboração de Revisões Analíticas para acompanhamento de saldos 
patrimoniais e de resultado para identificar possíveis alterações e 
eventos não esperados. 
2. Entendimento junto à Administração sobre os motivos que 
justifiquem as variações observadas. 
3. Planejamento específico, detalhado e rigoroso para as contas que 
apresentarem maiores variações e/ou variações fora do esperado pela 
firma de auditoria. 
Prejuízos consecutivos. 
(Figuras 4 e 5) 
A. Dúvidas quanto à 
Continuidade Operacional. 
1. Elaboração de Revisões Analíticas para acompanhamento de saldos 
patrimoniais e de resultado para identificar possíveis alterações e 
eventos não esperados. 
2. Entendimento sobre os principais pontos dos anos anteriores que 
justifiquem os prejuízos consecutivos. 
3. Acompanhamento junto à Administração do plano de 
desenvolvimento traçado para superar as perdas e análise da adequação. 
4. Apuração no mercado perante empresas concorrentes sobre a 
perspectiva do segmento para anos seguintes. 
Aquisição de Empresas 
(Tabela 1: Eventos 2, 3, 7, 19 e 
23) 
A. Segmento de Mercado 
altamente competitivo e/ou 
arriscado. 
B. Entidade passa por um 
momento de rápida 
expansão. 
1. Acompanhamento das transações das Partes Relacionadas. 
2. Entendimento do negócio das empresas adquiridas e de como se dará 
a sinergia entre as empresas do grupo afim de descobrir possíveis 
incentivos duvidosos das aquisições. 
3. Entendimento sobre o segmento de mercado da empresa auditada e 
comparação com concorrentes. 
4. Entendimento sobre a operação das novas empresas adquiridas 
Plano de Remuneração 
baseado em Ações. 
(Tabela 1: Eventos 11, 14, 16, 
17, 21 e 25) 
A. Remuneração dos 
executivos relacionada ao 
lucro operacional, lucro 
financeiro ou ações. 
1. Acompanhar discursos usados na mídia afim de verificar a coerência 
dos dados repassados. 
2. Analisar os Relatórios de Administração e as perspectivas 
estabelecidas pela companhia diante o público para os anos seguintes 
para que se verifique se há metas arrojadas fora do alcance operacional. 
3. Analisar o orçamento da empresa para o ano auditado para que se 
verifique o comportamento dos números. Acompanhar a realização do 
orçado versus realizado para identificar se poderá ser necessário algum 
tipo de gerenciamento de resultados para atingir a meta estabelecida. 
Fonte: Autoria Própria 
 
Os eventos, red flags e procedimentos apresentados na Tabela acima são sugestões de 
análises, não sendo exaustivos. Os alunos podem contribuir com outras visões e literaturas. 
 
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ANEXO 1 
 
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