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Sumário
HYPERLINK \l "_Toc72361428" PENAL	3
HYPERLINK \l "_Toc72361429" Questão 01	3
HYPERLINK \l "_Toc72361430" Questão 02	4
HYPERLINK \l "_Toc72361431" Questão 03	5
HYPERLINK \l "_Toc72361432" Questão 04	7
HYPERLINK \l "_Toc72361433" Questão 05	8
HYPERLINK \l "_Toc72361434" Questão 06	9
HYPERLINK \l "_Toc72361435" Questão 07.	10
HYPERLINK \l "_Toc72361436" Questão 08.	11
HYPERLINK \l "_Toc72361437" Questão 09	12
HYPERLINK \l "_Toc72361438" Questão 10.	13
HYPERLINK \l "_Toc72361439" Questão 11	14
HYPERLINK \l "_Toc72361440" Questão 12.	15
HYPERLINK \l "_Toc72361441" Questão 13	16
HYPERLINK \l "_Toc72361442" Questão 14	17
HYPERLINK \l "_Toc72361443" PROCESSO PENAL	19
HYPERLINK \l "_Toc72361444" Questão 01 - DELEGADO DE POLÍCIA - PCMA - 2018 – CESPE	19
HYPERLINK \l "_Toc72361445" Questão 02	20
HYPERLINK \l "_Toc72361446" Questão 03	21
HYPERLINK \l "_Toc72361447" Questão 04	23
HYPERLINK \l "_Toc72361448" Questão 05	24
HYPERLINK \l "_Toc72361449" Questão 06 -	26
HYPERLINK \l "_Toc72361450" Questão 07	28
HYPERLINK \l "_Toc72361451" Questão 08 - DELEGADO DE POLÍCIA - PCMT - 2017 - CESPE	29
HYPERLINK \l "_Toc72361452" Questão 09 - DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2017 - CESPE	30
HYPERLINK \l "_Toc72361453" Questão 10 - DELEGADO DE POLÍCIA – PCMA – 2012 - FGV	31
HYPERLINK \l "_Toc72361454" ADMINISTRATIVO	33
HYPERLINK \l "_Toc72361455" Questão 01. (CEBRASPE 2018 DPF)	33
HYPERLINK \l "_Toc72361456" Questão 02.	34
HYPERLINK \l "_Toc72361457" CONSTITUCIONAL	35
HYPERLINK \l "_Toc72361458" Questão 01	35
HYPERLINK \l "_Toc72361459" Questão 02 – CESPE Delegado PC-MA	36
HYPERLINK \l "_Toc72361460" Questão 03	38
HYPERLINK \l "_Toc72361461" Questão 04	39
HYPERLINK \l "_Toc72361462" Questão 05 – CESPE – Delegado PJC/MT	40
HYPERLINK \l "_Toc72361463" Questão 06	42
HYPERLINK \l "_Toc72361464" Questão 07	44
HYPERLINK \l "_Toc72361465" Questão 08.	45
HYPERLINK \l "_Toc72361466" Questão 09 – Delegado PF (2018):	46
HYPERLINK \l "_Toc72361467" Questão 10	48
HYPERLINK \l "_Toc72361468" Questão 11	49
HYPERLINK \l "_Toc72361469" Questão 12	50
HYPERLINK \l "_Toc72361470" Questão 13	51
HYPERLINK \l "_Toc72361471" Questão 14	52
HYPERLINK \l "_Toc72361472" Questão 15	53
HYPERLINK \l "_Toc72361473" Questão 16	54
PENAL
Questão 01. Disserte sobre: estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito. Conceitos, fundamentos e limites. Semelhanças e diferenças entre essas causas de exclusão de ilicitude. Intervenções cirúrgicas, violência esportiva e outras questões pertinentes
Tanto o estrito cumprimento de dever legal quanto o exercício regular de direito são, dentro de nosso ordenamento jurídico, excludentes de ilicitude, que se diferenciam tendo em vista que, enquanto o estrito cumprimento do dever legal é direcionado precipuamente a agentes públicos, no cumprimento de suas funções, o exercício regular de direito consubstancia-se em excludente direcionada com mais incisividade aos particulares.
No estrito cumprimento de dever legal (que tem sua origem somente na lei), o agente não tem a opção ou faculdade de agir, ao contrário, deve cumprir o mandamento legal, enquanto no exercício regular de direito há a faculdade de exercê-lo ou não, desde que não incorra em excesso ou abuso
As duas excludentes de ilicitude fundamentam-se na ideia de que conquanto o agente tenha praticado conduta formalmente típica, não pode tal ato ser visto como antijurídico, tendo em vista que atuou nos limites do que dispõe a lei. É o caso, por exemplo, do policial que cumpre um mandado de busca com violação de domicílio (estrito cumprimento de dever legal), ou de um pai que castiga o seu filho (atuação pro magistratu, exercício regular de direito). O exercício regular de direito também justifica a ausência de ilicitude na conduta de um médico que amputa o membro de uma pessoa para salvar-lhe a vida durante cirurgia, bem como afasta a ilicitude em casos que envolvam violência desportiva.
Além do requisito objetivo de atuação em conformidade à lei, contudo, é imperiosa, para a caracterização de ambos os institutos, a existência do requisito subjetivo, isto é, a vontade consciente de atuar em estrito cumprimento de dever legal ou exercer regularmente o seu direito. Eventuais excessos, dolosos ou culposos, serão punidos pela legislação penal.
Por fim, importante salientar que, tendo em vista que tais excludentes caracterizam-se quando o agente atua nos limites da lei, um setor doutrinário capitaneado pelo ilustre Eugênio Zaffaroni defendem que se tratam tais institutos, a bem da verdade, de atipificantes. Isto porque uma conduta não pode ser, ao mesmo tempo, proibida por uma norma e permitida por outra dentro do mesmo ordenamento jurídico. Deve-se fazer uma análise global da conduta dentro do ordenamento jurídico, que é uno; a divisão entre os ramos do direito, assim, é meramente didática. Este é o fundamento da Teoria da Tipicidade Conglobante. 
Questão 02. Responda fundamentadamente os seguintes itens: a) quando o delito de latrocínio se considera consumado? b) é possível continuidade delitiva no delito de latrocínio? c) em caso de latrocínio contra o presidente da república em viagem institucional aos Estados Unidos, haverá incidência da lei brasileira?
O latrocínio (art. 157, §3º, II do CP) corresponde a uma subtração, mediante violência ou grave ameaça, que gera como resultado a morte da vítima. É, assim, uma espécie de crime complexo, no qual dois bens jurídicos são atingidos ao mesmo tempo pelo agente que pratica a conduta: a vida e o patrimônio.
Atenta a essa realidade, a doutrina debruçou-se sobre a questão, discutindo acerca de qual seria o momento, então, em que o delito em questão considerar-se-ia consumado.
Conquanto um setor minoritário da doutrina defenda que o latrocínio só estará consumado quando os dois bens jurídicos forem violados, a jurisprudência do STF se firmou no sentido de que, em havendo morte da vítima, o bem jurídico mais caro no tipo penal sob análise, o crime está consumado, sendo indiferente se há ou não subtração. Tal entendimento, inclusive, foi sumulado pelo Pretório Excelso (súmula 610), trazendo segurança jurídica a respeito da questão do summatum opus do latrocínio.
A respeito da continuidade delitiva, está é possível, desde que respeitados os seus requisitos (crimes de mesma espécie, condições semelhantes de atuação e unidade de desígnios). Tendo em vista que é um crime cometido com violência e grave ameaça, trata-se de continuidade delitiva específica que, praticada contra vítimas diferentes, poderá ensejar a aplicação da pena do delito mais grave multiplicada por até o triplo. Importante salientar, contudo, que se o latrocínio for realizado dentro de um mesmo contexto fático, contra vítimas distintas, não se estará diante de continuidade delitiva, mas de crime único, consoante entendimento do STF, ou concurso formal impróprio, consoante entendimento do STJ.
há a súmula 605 do STF, a qual expressa que não se admite continuidade delitiva nos crimes contra a vida. Ocorre que essa súmula foi editada anteriormente ao artigo acima mencionado, sendo assim, encontra-se superada, conforme entendimento hodierno do próprio tribunal.
Por fim, em ocorrendo crime contra a vida ou a liberdade do Presidente da República, estabelece o Código Penal Brasileiro que se trata de caso de aplicação incondicionada da lei penal brasileira. Assim, em ocorrendo latrocínio contra o Presidente da República em viagem institucional aos EUA, será aplicada a lei penal, independente de ser o agente absolvido ou condenado no exterior, devendo-se observar, contudo, o art. 8º do CP de modo que eventual pena cumprida no exterior será considerada no cálculo da pena imposta no BrasilO latrocínio é crime contra o patrimônio, no caso do latrocínio do Presidente da República deve ser analisado se o patrimônio era pessoal, caso em que não haverá a aplicação da lei brasileira
Questão 03. Maria, sócia-proprietária da empresa ABC Ltda, foi acusada de suprimir, dolosamente, ICMS, no montante de R$ 600 mil, fraudando a fiscalização tributária por meiode inserção de elementos inexatos e omissão de operação em documentos exigidos pela lei fiscal. Logo, foi investigada e denunciada pela suposta prática do crime previsto no art. 1º, II, da Lei nº 8.137/90. A imputação foi baseada unicamente na teoria do domínio do fato. Dessa forma, Maria foi investigada e denunciada pelo simples fato de ser administradora da empresa, tirando proveito econômico das infrações que beneficiaram a pessoa jurídica. Considerando o caso hipotético, responda: a) Em que consiste a Teoria do Domínio do Fato? É possível aplicá-la no caso em concreto, de acordo com entendimento do Superior Tribunal de Justiça? b) De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, é necessário a contumácia do não recolhimento para configuração do delito?
A Teoria do Domínio do Fato, criada por Welzel mas desenvolvida por Claus Roxin, visa definir contornos mais claros em relação aos conceitos de autoria e participação no crime, em especial, os limites da autoria mediata e da coautoria, sendo uma teoria mista, objetiva-subjetiva que tenta ampliar o conceito de autor, atingindo não só aquele que realiza a conduta típica, mas também o suposto autor mediato, que não necessariamente pratica o verbo nuclear do tipo penal.
(ESSA EU SABIA MAS ACHEI QUE NÃO SERIA RELEVANTE PQ A QUESTÃO NÃO ´PEDE E JÁ TAVA EXTENSA) a) domínio da ação: nas hipóteses em que o agente realiza, por sua própria pessoa, todos os elementos estruturais do crime (autoria imediata); b) domínio da vontade: na qual um terceiro funciona como instrumento do crime (autoria mediata); e c) domínio funcional do fato: que trata da ação coordenada, com divisão de tarefas, por pelo menos mais uma pessoa. Assim, cada pessoa tem uma “função” no plano criminoso.
Assim, para esta teoria, autor é aquele que possui o domínio final do fato, isto é, possui domínio do se, do quando, do como e do onde este crime irá ocorrer. Apesar das críticas a respeito da teoria, em especial, por não servir para explicar o concurso de pessoas nos crimes culposos, a teoria vem crescendo em número de adeptos, sendo também adotada pelos Tribunais Superiores.
Contudo, a Teoria do Domínio do Fato não pode servir como forma de responsabilizar objetiva e automaticamente uma pessoa apenas em virtude do cargo que ocupa em determinada estrutura hierárquica. Neste sentido, a jurisprudência do STJ vem se posicionando sistematicamente no sentido de que é imperiosa a descrição da suposta conduta desviante do agente denunciado e seu nexo de causalidade com o resultado, não servindo, para sua denúncia, apenas o fato de ocupar determinada posição na estrutura hierárquica. Desta maneira, no caso narrado, percebe-se que a denúncia em face de MARIA é inepta, havendo ausência de justa causa para deflagrar a ação penal, sendo possível, inclusive, a impetração de Habeas Corpus para trancamento da ação.
Por fim, imperioso destacar que, em relação ao crime sob análise, (art. 1º, II, da Lei nº 8.137/90), o STJ já se posicionou no sentido de que, em relação ao ICMS, é imperiosa a contumácia no não recolhimento para a configuração do delito, pois é esta contumácia que demonstra justamente a existência de dolo no não recolhimento, pois apenas uma conduta seria insuficiente para concretização do crime.
Questão 04. Quais as teorias que diferenciam atos preparatórios de atos executórios do crime?
No âmbito do Direito Penal, afigura-se importante saber diferenciar os atos preparatórios dos atos executórios de determinado delito.
Isto porque, a princípio, a não ser que configurem delito autônomo, os atos preparatórios são impuníveis se o delito não chega, ao menos, a ser tentado.
É apenas com o ingresso nos atos executórios, assim, que é possível se falar em incidência da norma de adequação típica mediata do art. 13 do CP, que admite a punição da tentativa, quando o crime não é realizado por circunstâncias alheias à vontade de agente, com redução da pena de 1/3 a 2/3.
4 são as principais teorias que buscam estabelecer a distinção entre os atos preparatórios e os executórios, a saber:
Teoria Subjetiva – segundo esta teoria, a partir do momento em que o agente inicia a exteriorização de sua vontade de cometer o delito, já há tentativa. Percebe-se que, para os adeptos desta teoria, não há diferença entre atos preparatórios e executórios.
Teoria Objetivo-formal (CPBR) – É a adotada pelo Código Penal Brasileiro na sua Exposição de Motivos. Consoante esta teoria, o agente inicia os atos executórios quando começa a executar a conduta descrita no verbo nuclear presente no tipo penal
Teoria Objetivo-material – para os adeptos desta teoria, um pouco mais rígida que a anterior, o agente ingressa nos atos executórios quando há efetiva ameaça ao bem jurídico tutelado pelo Direito Penal. 
Teoria subjetivo-objetiva – Para esta teoria, deve haver uma conjugação dos elementos objetivos e subjetivos; isto é: deve-se analisar o plano de ação do criminoso e o quanto deste iter criminis foi percorrido, incluindo os atos imediatamente anteriores à prática do tipo, para conseguir diferenciar os atos preparatórios dos executórios.
Questão 05. Conceitue o crime impossível, sinônimos, sua natureza jurídica, espécies e as teorias relativas ao tema, destacando a adotada pelo Código Penal.
O Código Penal brasileiro conceitua o crime impossível, também chamado de tentativa inidônea, como sendo aquele que, por ineficácia absoluta dos meios ou por ineficácia absoluta do objeto, é impossível de se consumar.
Crime Oco; ✓ Quase-Crime; ✓ Tentativa Inadequada; ✓ Tentativa Impossível; ✓ Tentativa Inidônea; ✓ Tentativa Irreal; ✓ Tentativa Supersticiosa.
Assim, bastando a ineficácia total do meio ou do objeto, pela teoria adotada no Brasil, há crime impossível. O crime impossível é, na verdade, uma causa de EXCLUSÃO DA TIPICIDADE
1. Teoria Subjetiva: O crime impossível deve receber a mesma pena do crime consumado, já que o dolo do agente é o mesmo. 
2. Teoria Sintomática: O agente deve ser punido ainda que o crime se mostre impossível de ser consumado, já que o agente demonstra ser perigoso com a sua conduta. 
3. Teoria Objetiva: Defende que a responsabilização do agente pela prática criminosa depende de elementos objetivos e subjetivos (dolo e culpa). Inexistindo algum deles, não haveria crime. No crime impossível NÃO estão presentes os elementos objetivos da tentativa
➢ Teoria Objetiva Pura: não há tentativa, mesmo que a inidoneidade seja RELATIVA.
 ➢ Teoria Intermediária ou Temperada: a ineficácia do meio e a impropriedade do objeto devem ser ABSOLUTAS, pois se relativas, há tentativa. 
Certos doutrinadores estabelecem critérios mais rígidos, prevendo a necessidade de ineficácia absoluta tanto dos meios como do objeto, enquanto outros, mais brandos, prevendo a possibilidade de crime impossível inclusive em casos de ineficácias relativas.
Importante salientar, por fim, que o STF já pronunciou-se no sentido de que a simples existência de sistema de vigilância em estabelecimento não torna impossível o crime de furto, tendo em vista que há ineficácia apenas relativa do meio neste caso.
Questão 06. Conceitue os institutos da desistência voluntária, do arrependimento eficaz e do arrependimento posterior, apresentando a(s) diferença(s) existente(s) entre eles.
A desistência voluntária ocorre quando, voluntariamente, o agente deixa de prosseguir com a empreitada criminosa. O arrependimento eficaz, por sua vez, ocorre quando, apesar de praticar o delito, o agente evita que o resultado se consume. Já o arrependimento posterior, por sua vez, ocorre quando, Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, o agente repara o dano ou restitui a coisa antes do oferecimento recebimento da denúncia.
Desta maneira, percebe-se que os dois primeiros institutos atuam afastando a norma de adequação típica mediata da tentativa, na medida em que esta exige, para sua configuração, um elemento normativo consubstanciado na ausência de consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. Podem tais institutos serem entendidos, por tanto,como verdadeiras excludentes de tipicidade.
O arrependimento posterior, por sua vez, configura hipótese de diminuição de pena prevista no art. 16 do CP, tendo em vista que, aqui, o delito está consumado. Trata-se de ação típica, ilícita e culpável a qual, porém, por questões de política criminal, o legislador entendeu por bem reduzir a pena, estimulando a reparação do dano ou restituição do bem à vítima.
Questão 07. Conceitue imputabilidade, aponte as causas excludentes e as teorias que as fundamentam.
A imputabilidade é um dos elementos da culpabilidade, e pode ser entendida como a capacidade de se atribuir ao agente o fato praticado.
Três são as teorias que fundamentam a imputabilidade.
Pelo critério biológico, Para o agente ser inimputável, basta uma causa mental deficiente.
Pelo critério psicológico É suficiente que o agente apresente uma alteração de comportamento no momento da conduta para ser inimputável. 
O critério biopsicológico, por sua vez, conjuga os dois anteriores, sendo o adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro.
Nesta senda, considera-se imputável o maior de 18 anos que seja inteiramente capaz de entender e de se autodeterminar no momento da infração penal e a embriaguez completa fortuita ou acidental
Pode-se citar, como excludentes de imputabilidade, assim, a menoridade penal e a incapacidade do agente de entender ou de se autodeterminar de acordo com o fato.
Para além da imputabilidade e da não-imputabilidade, há também o meio-termo, chamado de semi-imputabilidade, ou imputabilidade reduzida, na qual o agente não possui incapacidade total para entender e de se autodeterminar.
Questão 08. José da Silva, brasileiro, solteiro, sem ocupação definida, com 25 anos de idade, sem antecedentes, foi flagrado por Agentes de Polícia Federal, enquanto operava uma rádio comunitária clandestina. Preso em flagrante, os agentes conduziram José da Silva à Delegacia da Polícia Federal mais próxima, apresentando-o ao Delegado Federal de sobreaviso para lavratura do Auto de Prisão em Flagrante. A referida rádio era situada na zona rural, operava em baixa frequência e não havia, a princípio, qualquer demonstração de lesividade. Diante do caso concreto, pergunta-se: a) pode o Delegado de Polícia reconhecer o Princípio da Insignificância no presente caso e deixar de efetuar a prisão em flagrante de José da Silva? Na resposta, o candidato deverá enunciar os requisitos necessários para reconhecimento ou não da criminalidade bagatelar, levando em consideração o caso em concreto e a jurisprudência dos tribunais superiores
Conquanto certos setores doutrinários mais conservadores entendam que o Delegado de Polícia pode, no curso da investigação policial, proceder apenas à averiguação da tipicidade formal de um delito, outro setor doutrinário mais à vanguarda defende que o Delegado de Polícia, enquanto autoridade policial e detentor de formação jurídica especializada, pode realizar a análise completa da adequação típica de determinada conduta.
No caso em tela, muito embora se esteja diante de um crime contra as telecomunicações, a jurisprudência dos tribunais superiores já se manifestou no sentido de que é possível o reconhecimento do princípio da insignificância à agente que opera rádio comunitária clandestina de baixa frequência em zona rural.
Assim, presente os 4 vetores para aplicação da insignificância, quais sejam: mínima ofensividade da conduta, inexpressividade da lesão, ausência de periculosidade e reduzida reprovabilidade, é possível que o Delegado, reconhecendo a existência de crime bagatelar, deixe de efetuar a prisão em flagrante de José da Silva.
De acordo com o STF, é possível, mas de acordo com o entendimento firmado pelo STJ, não pode ser reconhecido o princípio da insignificância nas hipóteses de exploração irregular ou clandestina de rádio comunitária
ENUNCIADO Nº 10 do 1º Congresso Jurídico dos Delegados da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro: O Delegado de Polícia pode, mediante decisão fundamentada, deixar de lavrar o auto de prisão em flagrante, justificando o afastamento da tipicidade material com base no princípio da insignificância, sem prejuízo de eventual controle externo.
Questão 09. Disserte sobre (i) erro sobre elementos do tipo; (ii) erro sobre a ilicitude do fato e (iii) descriminantes putativas
No âmbito da teoria do erro na dogmática penal, uma das mais relevantes classificações é feita na diferenciação do Erro sobre os elementos do tipo (erro de tipo) e o erro sobre a ilicitude do fato (erro de proibição).
O erro de tipo se traduz em uma representação viciada da realidade, por meio do qual o agente pressupõe estarem presentes os elementos de determinada conduta típica. É o caso, por exemplo, do agente que guarda cocaína acreditando ser farinha. Esse vício de representação, por sua vez, afeta o dolo, permitindo, contudo, caso o erro fosse evitável, a punição a título de culpa (imprópria, ou por assimilação).
Faltou abordar a distinção de erro essencial e acidental
No que se refere ao erro de proibição, ele diz respeito ao fato de que o agente desconhece a ilicitude da conduta perpetrada. Sabe-se que a ninguém é dado desconhecer a lei penal; contudo, o erro sobre a ilicitude do fato, se escusável, isenta o agente de pena, excluindo a culpabilidade; se inescusável, o agente será punido, com minorante de um sexto a um terço de pena.
Apesar do exposto supra, o erro, tanto de tipo quanto de proibição, pode recair não apenas sobre um tipo penal proibitivo, mas também sobre um tipo mandamental ou, até mesmo, permissivo.
É neste contexto que surgem as descriminantes putativas: quando o agente age acreditando que está acobertado por determinada causa excludente de ilicitude.
Segundo a teoria limitada da culpabilidade, a qual é adotada pelo direito brasileiro, se o erro recair sobre os pressupostos fáticos da descriminante, estar-se-á diante de um erro de tipo indireto, que sempre excluirá o dolo, permitindo, contudo, caso o erro fosse evitável, a punição a título de culpa (imprópria, ou por assimilação).
Se, porém, o erro recair sobre os limites ou a existência de determinada descriminante, estar-se-á diante de um erro de proibição indireto, que, se escusável, isenta o agente de pena; se inescusável, reduz a pena de um sexto a um terço.
Questão 10. Explique em que consiste a culpabilidade dentro do conceito analítico de crime na perspectiva do sistema causalista e da teoria finalista, distinguindo os elementos e as teorias que a caracterizam em cada uma dessas perspectivas
Dentro do conceito analítico de crime, a culpabilidade pode ser definida como o juízo de reprovação da conduta do agente
No sistema causalista ou clássico, do qual são grandes expoentes os doutrinadores Liszt e Belling, a culpabilidade era psicológica. Era um vínculo psicológico que o agente possuía com o fato típico e ilícito, sendo os seus elementos a imputabilidade, a consciência da ilicitude e dolo e a culpa. Sendo que a diferença de intensidade do vínculo pode se consubstanciar em dolo ou culpa
No sistema finalista, por sua vez, adotado no ordenamento jurídico brasileiro, a culpabilidade é normativa. O dolo e a culpa são retirados do âmbito da culpabilidade e passam a ser valorados dentro do tipo, de modo que são elementos da culpabilidade, para o finalismo, a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa. 
Questão 11. Distinga prevaricação de condescendência criminosa.
Conquanto tanto a prevaricação quanto a condescendência criminosa sejam crimes contra a administração pública por meio dos quais o servidor público deixa de atuar em conformidade com o seu dever legal, os dois delitos se distinguem em relação aos elementos do tipo.
Enquanto na condescendência criminosa o agente deixa de responsabilizar ou comunicar o superior hierárquico por indulgência, este elemento normativo não é exigido na prevaricação. Na prevaricação, a bem da verdade, o agente pública deixa de atuar para satisfazer interesse ou sentimento pessoal próprio (elemento subjetivoespecial do tipo).
Questão 12. Diferencie os crimes de tráfico de influência, advocacia administrativa e exploração de prestígio.
A advocacia administrativa é modalidade de delito contra a administração pública por quem está a seu serviço. Neste delito, o agente se vale de sua condição de funcionário público para patrocinar interesse legítimo de outrem. Ou seja, o agente atua ativamente para a obtenção do resultado.
Já na exploração de prestígio e no tráfico de influência, por sua vez, nós temos a figura do “vendedor de fumaça”, isto é, o agente promete que irá influir no ato de um servidor público para beneficiar outrem. Estes crimes, assim, são comuns, e diferenciam-se na medida em que, enquanto no tráfico de influência o delito é contra a administração pública em geral, na exploração de prestígio o bem jurídico tutelado é a administração da justiça, posto que o agente promete que irá influir na vontade de atores de determinado processo, sejam juízes, membros do parquet, testemunhas ou peritos.
Questão 13. Caio, político envolvido em diversos esquemas de corrupção, possui dinheiro ilícito no exterior. Ele possui a intenção de trazer essa quantia para o Brasil, com a finalidade de gastar e investir no país. Para tanto, com o intuito de burlar os canais oficiais, contrata Mévio, um famoso doleiro. Em reunião com o doleiro, Caio diz que possui 10 milhões de dólares e quer enviar tal quantia para o Brasil. O doleiro, então, recebe a quantia lá e aciona seu parceiro de negócios no Brasil, dizendo ter recebido a quantia de 10 milhões de dólares de Caio no exterior. Na ocasião, solicita ao seu parceiro que entregue a Caio no Brasil o equivalente a esse dinheiro em reais. Diante do caso hipotético acima narrado e considerando o posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto, pergunta-se: 
a) Qual o nome dado à conduta de Caio? O fato é típico? 
b) Caso a intenção de Caio fosse o recebimento no exterior dos valores ganhos indevidamente no Brasil, utilizando para tanto de um doleiro ou entidade não autorizada pelo BACEN a funcionar como instituição financeira, haveria crime? Se sim, qual?
Ao reintroduzir o dinheiro oriundo de corrupção no sistema econômico brasileiro, Caio praticou o delito de lavagem de dinheiro previsto no art. 1º da Lei nº 9.613/98 especificamente em sua terceira fase, conhecida como integração.
De acordo com decisão emanada pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, a operação de dólar-cabo invertido, que consiste em efetuar operação de câmbio não autorizada, visando promover a internalização de capital estrangeiro, não se enquadra no crime de evasão de divisas, na forma do caput do art. 22. (STF. 2ª Turma. HC 157.604/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/9/2018)
Caso a intenção de Caio, por sua vez, fosse a de enviar tais valores pro exterior, sua conduta tipificaria o crime de evasão de divisas.
A respeito desta conduta, consoante já decidiu o STF, ainda que realizada por meio de operações de dólar-cabo, sem a saída física do dinheiro para o exterior, restará configurada a conduta. Segundo o STF, ainda, não importa, neste caso, que o valor das operações seja inferior ao exigido pela legislação, tendo em vista que é de praxe, nesse delito, a pulverização do dinheiro mediante a realização de diversas operações em diversas contas distintas.
Questão 14. Considere a seguinte situação hipotética e responda os questionamentos. Caio, em 12 de novembro de 2015, foi preso em flagrante pela Polícia Rodoviária Federal com seis mil frascos de “lança-perfume”, substância tecnicamente conhecida como cloreto de etila e prevista, à época, na Portaria SVS/MS 334/98, que disciplina sobre as substâncias psicotrópicas de uso proibido no Brasil. Após o regular andamento do inquérito e do processo, Caio foi condenado a três anos e nove meses de prisão pelo crime de tráfico de entorpecentes. Em 04 de fevereiro de 2016, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) editou a Resolução 104/2000, que excluiu o cloreto de etila (o lança�perfume) da relação constante na lista de substâncias psicotrópicas de uso proibido no Brasil. Em 05 de julho de 2016, a substância foi reincluída na lista por uma nova portaria. A Resolução 104 da Anvisa, a pretexto de autorizar o emprego do cloreto de etila pelas indústrias químicas, retirou-o da Lista F2 (que relaciona as substâncias entorpecentes ou psicotrópicas) e o colocou na Lista D2 (que enumera os insumos químicos precursores, que não são proibidos, senão apenas controlados pelo Ministério da Justiça). Diante do caso concreto, pergunta-se: a) Qual a espécie de lei penal em branco acima citada? b) Pode o complemento da lei penal em branco retroagir? Justifique.
No âmbito do direito penal, pode-se conceituar a norma penal em branco como aquela que necessita ser complementada por outra norma legal ou infralegal para que exerça todos os seus efeitos jurídicos.
A norma penal em branco é considerada homogênea quando complementada por outra lei, podendo ainda ser homovitelina (dentro da mesma estrutura normativa) ou heterovitelina (estrutura normativa diversa).
Por sua vez, a norma penal em branco pode também ser complementada por outra norma infralegal. É o que chamamos de norma penal em branco heterogênea.
A norma penal em branco heterogênea pode ser considerada como a norma penal em branco por excelência. Apesar de criticada por certos setores doutrinários, ela se mostra um instrumento eficaz para coibir infrações penais que, por sua dinamicidade, exigem atualização constante das normativas dos órgãos públicos, como é o caso do tráfico de drogas.
A respeito da retroação da norma penal em branco, apesar de existir divergência doutrinária a respeito, duas situações precisam ser diferenciadas.
Se a norma penal em branco for homogênea, em se tratando o complemento, portanto, de outra lei materialmente penal, sempre irá retroagir para beneficiar o réu.
Se a norma penal em branco for heterogênea, contudo, é necessário analisar, sob a ótica do Princípio da Segurança Jurídica, se o complemento possui um caráter transitório, como seria o caso, por exemplo, de circulares sobre a emissão de moeda, ou um caráter permanente. 
Caso o complemento possua caráter transitório, não há que se falar em retroação. Isto porque a revogação do complemento acarretará, apenas, em suspensão da eficácia da norma penal em branco tendo em vista a ausência temporária de elementos que complementam o seu tipo penal.
Em se tratando de uma norma com caráter permanente, contudo, em observância ao princípio da segurança jurídica, imperiosa se faz a retroação da norma para beneficiar o réu. Isto porque a revogação importa real modificação da figura abstrata do delito. No caso em tela, a Portaria da ANVISA que complementa a norma penal em branco possui um caráter de permanência, de modo que a substância cloreto de etila não pode ser considerada droga para os efeitos penais desde 04 de fevereiro de 2016, retroagindo para alcançar casos pretéritos, gerando verdadeira abolitio criminis. 
Por fim, ainda que criminalizada novamente em 05 de julho de 2016, esta lei penal incriminadora configura novatio legis in pejus, que não pode retroagir.
Norma penal em branco heterogênea
Pode ter complemento transitório ou permanente (neste caso é permanente)
Complemento permanente retroage
PROCESSO PENAL
Questão 01 - DELEGADO DE POLÍCIA - PCMA - 2018 – CESPE: Com relação aos meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas, discorra sobre o instituto da ação controlada, previsto na Lei n.º 12.850/2013 — que estabelece, entre outros, preceitos legais sobre os crimes organizados —, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos. 1 - Conceito e alcance do instituto. [valor: 7,25 pontos] 2 - Exigência ou não de prévia ordem judicial para a adoção do procedimento pela autoridade policial, à luz da previsão legal e dos posicionamentos doutrinários sobre o assunto. [valor: 7,00 pontos]
A respeito da ação controlada, estabelece a Lei nº. 12.850/2013,que trata acerca das organizações criminosas, é um de meio de investigação pelo qual a ação de intervenção policial é retardada para que eventual flagrante J João São hipóteses de não prender em flagrante, não cumprir mandado de prisão preventiva, não cumprir mandado de prisão temporária, não cumprir ordem de sequestro e apreensão de bens. A ação controlada é algo mais amplo do que o simples flagrante prorrogado. Observação: será apenado o candidato que nominar a ação controlada como flagrante diferido ou retardado ocorra em momento ulterior, visando melhor obtenção de provas. excepcionando a prisão em flagrante, obrigatória para a autoridade policial e seus agentes
Da Ação Controlada (transnacional): Art. 9º Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou administrativa somente poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos países que figurem como provável itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou proveito do crime.
Tal instituto, contudo, não se aplica a todos os crimes previstos na legislação penal brasileira. Consoante a Lei nº. 12.850/2013, aplica-se o instituto da ação controlada aos crimes que envolvam organizações criminosas. Outras Leis esparsas, contudo, como é o caso da Lei de Lavagem de CapitaisEstatuto do Desarmamento, também estabelecem a aplicabilidade de tal instituto. É de se dizer: a medida é cabível quando expressamente prevista para o tipo penal sob investigação.
Por fim, importante destacar que, muito embora haja entendimento doutrinário de setor minoritário da doutrina defendendo a necessidade de autorização judicial, a lei não prevê esta necessidade para adoção do procedimento de ação controlada, bastando, para tanto, que o Delegado de Polícia comunique ao juiz a deflagração da operação para fins de controle judicial de eventuais excessos.
Questão 02: Com o advento da Lei 13.964/2019, diversas mudanças substanciais foram levadas a efeito no processo penal. Não diferente ocorreu com a execução penal. Discorra sobre o regime e estabelecimento de cumprimento de pena conferido às organizações criminosas com base no princípio da individualização da pena
A lei nº. 13.954/2019, popularmente conhecida como “pacote anticrime”, foi em muito influenciada por diversas convenções internacionais sobre direito penal e processual penal e, em especial, pela Convenção de Palermo, acerca do combate às organizações criminosas.
Nesse diapasão, evidente a necessidade de combater as organizações criminosas inclusive no momento de cumprimento da pena, mormente tendo em vista que, como é sabido, os estabelecimentos penais brasileiros são, não raras vezes, seios de atuação e recrutamento das organizações criminosas, que funcionam como verdadeiros Estados Paralelos.
Ciente desta realidade, o legislador inseriu diversos dispositivos com o intuito de enfraquecer o crime organizado no âmbito dos estabelecimentos prisionais.
A título de exemplo, pode-se citar a necessidade de o líder da organização criminosa armada iniciar o cumprimento de pena em estabelecimentos penais de segurança máxima. estabelecimento penal federal; o patamar mais elevado de progressão de pena para o líder da organização criminosa; a possibilidade de inserção, em situações específicas, do integrante da organização criminosa em RDD, com possibilidade de renovação enquanto mantidos os fundados indícios de que mantém vínculos com a organização criminosa.
Inconstitucionalidade do Art. 2º § 9º: O condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime praticado por meio de organização criminosa não poderá progredir de regime de cumprimento de pena ou obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) tendo em vista que o STF já manifestou diversas vezes seu posicionamento de que tal impossibilidade viola o princípio
A respeito dos demais institutos, certos setores doutrinários apontam a sua inconstitucionalidade tendo em vista suposta violação ao princípio da individualização da pena.
Contudo, filio-me a corrente doutrinária que entende que, a bem da verdade, tais institutos privilegiam o princípio da individualização da pena, tratando de maneira mais gravosa os apenados que possuem ligações com o crime organizado, consoante inclusive estabelecido pela já citada Convenção de Palermo e pacificamente adotado por diversos países na comunidade internacional.
Questão 03: No início do ano de 2020, a Polícia Federal cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão relacionados a uma investigação de um grupo organizado de pedófilos que se utilizada da internet para a troca de milhares de imagens de pornografia infantil. Segundo levantamentos o grupo era formado por dezenas de pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas. Dentre os componentes da organização criminosa, foram identificados e presos 15 indivíduos. RAUL era um dos indivíduos que integravam a organização criminosa, liderada por MÁRIO, ambos presos na operação. Ainda no curso das investigações, RAUL, por meio do seu advogado, foi o primeiro dentre os integrantes da organização a procurar a Polícia Federal para realização de um acordo, permitindo, com as suas informações, a identificação dos demais integrantes da organização criminosa e a recuperação de parte do proveito das infrações penais praticadas pela organização. O pedido de homologação do acordo de colaboração premiada foi sigilosamente distribuído ao juiz competente. Diante do caso prático acima exposto, discorra sobre a possibilidade da realização da colaboração premiada pela Polícia Federal, bem como os requisitos para a celebração do acordo
Com o advento da Lei nº. 12/850/2013, houve enfim uma definição legal para as organizações criminosas.
Em seu art. 1º, estabelece a referida lei que se considera organização criminosa a associação de quatro ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e com divisão de tarefas, ainda que informalmente, para obter, direta ou indiretamente, vantagens de qualquer natureza mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 anos ou tenham caráter transnacional.
A Lei de Organizações Criminosas trouxe, também, o desenvolvimento de meios de obtenção de prova para serem utilizados em investigações que envolvam a prática de crimes por organizações criminosas. Entre estes meios, a colaboração premiada, que recebeu novos contornos.
A colaboração premiada pode ser definida como um negócio jurídico processual e meio de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos no qual o investigado coopera com o celebrante com o intuito de obter sanções premiais.
Consoante exegese da lei, podem ser celebrantes do acordo tanto o Delegado de Polícia, no curso da investigação policial, JPVdS João Pedro Vieira dos Santos o Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou improcedente pedido formulado em ação direta para assentar a constitucionalidade dos §§ 2º e 6º do art. 4º, da Lei 12.850/2013 - *ADI 5508 com manifestação MP, sem caráter vinculante, quanto o próprio membro do MP, seja no curso da investigação ou do processo penal. Para a celebração do acordo, ainda, é indispensável a presença de advogado e procuração com poderes especiais. 
Estabelece a referida lei os objetivos que a colaboração deve alcançar, tais como a identidade de outros criminosos, revelação da estrutura recuperação de ativos e bens, coibição de novas infrações e localização de vítimas com integridade preservada aplicando, ainda, certas restrições ao investigado quanto ao seu direito de permanecer em silêncio.
A lei prossegue, definindo também quais são as sanções premiais possíveis, como redução de até 2/3 de pena, perdão judicial, aplicação de penas restritivas de direitos ao invés de privativas de liberdade, progressão de regime mesmo que ausentes requisitos objetivos e, inclusive,o não oferecimento da denúncia, caso o investigado não exerça a liderança da organização criminosa e revele fatos dos quais as autoridades não tinham prévio conhecimento.
O juiz, por sua vez, não participa das negociações, e pode, mediante decisão, homologar ou não homologar o acordo firmado, realizando um controle de legalidade quanto ao preenchimento dos requisitos, à voluntariedade do agente e à adequação das sanções premiais oferecidas.
Importante salientar, por fim, que nenhuma sentença condenatória será proferida, e nenhuma prisão provisória ou medida cautelar será decretada exclusivamente com base nas informações prestadas pelo investigado.
Questão 04: A criminalidade organizada cada vez mais se utiliza da tecnologia para a realização da empreitada criminosa, em especial no tocante ao uso da Rede Mundial Computadores para o modus operandi. Discorra sobre o instituto da infiltração de agentes, em especial no tocante às novidades da Lei 13.964/2019.
A infiltração de agentes consiste em um meio de obtenção de prova previsto na Lei nº. 12.850/2013 pelo qual o agente policial infiltra-se no seio da organização criminosa com a finalidade específica de obter informações sobre tal organização.
A infiltração sujeita-se à reserva de jurisdição, de modo que depende de autorização judicial, podendo ser requerida pelo Delegado de Polícia, com oitiva do MP, ou pelo MP, desde que com manifestação técnica do Delegado acerca da infiltração.
Contudo, não alheio às transformações sociais, o legislador regulamentou, com a reforma conhecida como “Pacote Anticrime”, a infiltração virtual de agentes policiais, hipótese na qual o agente, utilizando-se de recursos telemáticos, recebe uma identidade virtual fictícia e atua por intermédio da rede mundial de computadores com a finalidade de prevenir, em especial, delitos cibernéticos. Saliente-se, contudo, que este instituto não é novidade no ordenamento jurídico brasileiro, posto que já estava previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente para prevenção e repressão, em especial, de delitos contra a dignidade sexual de menores de idade.
A modalidade de infiltração virtual orienta-se pelos mesmos dispositivos que regulamentam a infiltração de agentes; contudo, enquanto a infiltração pode ser prorrogada indefinidamente, de 6 em 6 meses, a infiltração virtual de agentes possui, como limite de tais prorrogações, o prazo de 720 dias.
Questão 05: A intimidade, privacidade, honra e imagem são direitos individuais corolários do princípio da dignidade da pessoa humana. Com base no entendimento doutrinário e dos tribunais superiores discorra sobre a clausula de reserva de jurisdição e a legitimidade do Delegado de Polícia ter acesso a dados sigilosos de ofício.
Cotejando-se os arts. 5º X e XII da CRFB, extrai-se que é direito fundamental do indivíduo a inviolabilidade de sua intimidade, de sua privacidade, bem como das comunicações telegráficas, de dados, e das comunicações telefônicas, salvo, neste último caso, por determinação judicial.
Estabelece o Poder Constituinte Originário, assim, a importância de tais valores para a república e para a democracia do país, posto que são os direitos fundamentais limitações à ação estatal que servem de verdadeiro alicerce ao Estado Democrático de Direito.
Assim, via de regra, para que o Delegado obtenha dados sigilosos de eventual investigado, faz-se mister a representação perante o juiz, para que este, mediante autorização judicial, permita o acesso.
Neste panorama, a Lei nº. 9.696/96 estabelece os limites para a intercepção telefônica, enquanto a Lei Complementar nº. 105/01 estabelece os requisitos para a quebra de sigilo bancário e fiscal do investigado.
Contudo, nem sempre os atos investigatórios devem possuir chancela prévia do Judiciário. Não se extrai da Constituição ou da legislação infraconstitucional a necessidade de autorização judicial para qualquer requisição ou análise de bens e dados pelo Estado-Investigação, na salutar atividade de construção da verdade. O sigilo não se confunde com cláusula de reserva de jurisdição. O fato de o dado ser sigiloso, por dizer respeito à intimidade e vida privada, não significa que necessariamente demande prévia ordem judicial para ser acessado.
poder requisitório
O conhecimento da informação pelo Estado-Investigação não acarreta sua publicização
Contudo, em recente alteração no Código de Processo Penal, foram introduzidos os arts. 13-A e 13-B, com foco, em especial, no combate ao tráfico internacional de pessoas.
O art. 13-A estabelece que ao Delegado é possível requerer diretamente a órgãos públicos e empresas privadas dados cadastrais e informações acerca de pessoas quando necessário à apuração e elucidação de infrações penais como tráfico de pessoas, crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes e trabalho escravo.
O art. 13-B, por sua vez, estabelece que, mediante autorização judicial, o Delegado pode requerer às empresas de telefonia inclusive a localização em tempo real de pessoas, registro de ligações entre outras. Contudo, tendo em vista a urgência com a qual tais informações são necessárias, prevê o próprio artigo uma mitigação à necessidade de autorização judicial: caso o juiz não decida em 12 horas, pode o Delegado de Polícia requisitar tais dados diretamente, comunicando ao juiz o fato.
Trata-se, a bem da verdade, de uma mitigação importante no combate à criminalidade moderna. Consoante dados estatísticos, o tráfico de pessoas é o 3ºdelito mais rentável do mundo, ficando atrás apenas do tráfico de drogas e de armas.
Tendo em vista que o direito à intimidade do indivíduo não é absoluto, é evidente que este não pode ser utilizado como uma proteção para que o agente pratique as mais variadas infrações penais, em especial, contra a pessoa. Faz-se necessária, na hipótese, uma verdadeira ponderação de princípios, na qual o direito à intimidade, no caso concreto, cede ante o direito à vida e a dignidade da pessoa humana. 
Questão 06 - DELEGADO DE POLÍCIA – PCRS – 2018 - FUNDATEC Analise a seguinte situação hipotética: Em junho de 2018, a Polícia Civil, através da Delegada de Polícia Louise, instaurou inquérito policial para apurar os crimes inerentes à lei de lavagem de capitais e organização criminosa, tendo em vista relatos indicativos de que Robert Girou, empresário do ramo frigorífico, estaria ocultando e dissimulando aproximadamente quinze milhões de reais em contas bancárias e em outros bens móveis, todos situados no Brasil e por intermédio de quatro pessoas físicas, "laranjas", Todo o contexto do caso penal teve origem e desenvolvimento exclusivamente no tráfico de drogas e jogos de azar (...)No transcurso das atividades investigativas, agentes policiais da Delegacia de Polícia de São Rouen se deslocaram até o restaurante Bon Bouffe no município de Saint-Syr, e lograram êxito na abordagem e identificação do casal Jean Paul (pedreiro, renda mensal de quatro salários mínimos) e Valery Hugon (empregada doméstica, renda mensal de três salários mínimos-), ambos brasileiros natos, moradores do município de Saint-Syr (município vizinho ao município de São Rouen e sem órgão policial) e considerados como agenciadores dos "laranjas" para Richard Beau, tendo este a função na distribuição das máquinas de jogos, pontos de venda de drogas em locais com máquinas de jogos e dos valores arrecadados para as contas das pessoas físicas "laranjas (...) Neste momento, o casal estaria na posse de dois colares de ouro de 18 quilates, avaliados em cento e cinquenta mil reais cada. Assim, diante dos fatos, os agentes policiais apresentaram a situação na Delegacia de Polícia de São Rouen à Delegada de Polícia Louise. Com base na legislação brasileira vigente e na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, levando em consideração as temáticas dos meios de obtenção de provas, das medidas cautelares, dos meios de prova e dos atos de polícia judiciária, aponte, fundamentadamente, qual(is).
Na questão apontada, percebe-se que há quatro ou mais agentes em uma organização estruturalmenteordenada, com divisão de tarefas, ainda que informal, reunidos com o fim de obterem vantagens indevidas mediante a prática de infrações penais cuja pena máxima é superior a quatro anos, estando caracterizada, assim, uma organização criminosa (art. 1º, Lei nº. 12/850/2013.
Assim, incide o disposto na referida lei, de modo que os meios de obtenção de provas lá previstos, tais como infiltração policial, ação controlada e acordo de colaboração premiada podem ser utilizados pela Delegada de Polícia no curso de sua investigação.
No caso em tela, mostra-se interessante a utilização da infiltração de agentes, mediante autorização judicial, para que o agente infiltrado ingresse no seio da organização criminosa como um “laranja”, por intermédio dos agenciadores Jean e Valery, com o intuito de coletar mais informações acerca da estrutura da organização criminosa.
Não fosse apenas isso, considerando a necessidade e utilidade públicas, também é possível a proposta de um acordo de colaboração premiada para os agenciadores, sendo certo que, consoante jurisprudência pacificada do STF, a Delegada de Polícia, no curso do inquérito policial, pode ser celebrante do acordo, mediante manifestação do MP, não vinculativo. O acordo é útil para descobrir mais detalhes sobre a distribuição das máquinas de jogos e pontos de vendas de drogas, podendo-se, assim, localizar outros integrantes da organização criminosa, evitar a prática de novos delitos, coletar informações sobre a estrutura da organização e, também, recuperar ativos e bens.
Tendo em vista as vultosas quantias movimentadas pela organização criminosa, a Delegada de Polícia poderá, também, representar pela quebra de sigilo fiscal dos criminosos, consoante prevê a Lei Complementar 105/2001.
Outra possibilidade, também, com o intuito de dificultar as atividades da organização criminosa, é a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão previstas no art. 319, tais como proibição de manter contato com certas pessoas e frequentar lugares, bem como a utilização de tornozeleira eletrônica, para que Jean e Valery não consigam exercer a função de aliciar “laranjas” e distribuir máquinas e pontos de drogas. Saliente-se que, neste momento da investigação, com as informações coletadas até então, não há como se afirmar, de plano, que estão presentes os requisitos cautelares previstos no art. 312 do CPP para decretar eventual prisão preventiva, ou os requisitos do art. 1º, I ou II e III, da Lei nº. 7.960/89, para decretação de prisão temporária.
Por fim, em havendo indícios veementes de que os colares de ouro de 18 quilates utilizados pelo casal são proventos de infrações penais, pode a Delegada de Polícia representar pelo sequestro dos bens móveis (arts. 133 c/c art. 126, CPP) observada, porém, a necessidade de que a ação penal seja intentada nos 60 dias após a efetivação do sequestro.
Questão 07 - DELEGADO DE POLÍCIA – PCRS – 2018 - FUNDATEC Analise o seguinte excerto: A conduta criminosa denominada "lavagem de dinheiro é tema frequente das manchetes atuais. Sua origem adveio da necessidade de narcotraficantes de “esquentar” dinheiro proveniente do tráfico de drogas. A Lei 9.613/1998, posteriormente editada pela Lei 12.683/2012, honrou um compromisso brasileiro, assumido no âmbito internacional, no sentido de incriminar penalmente os envolvidos na lavagem de dinheiro, entre outros objetivos 
Assim, a denominada Lei de Lavagem de Capitais tipifica diversas condutas como crime de lavagem de dinheiro e, para a configuração de algumas dessas condutas, tem sido suscitada a aplicação de uma teoria de origem estrangeira. Identifique essa teoria e sua origem, apontando a aplicabilidade, substrato, seus requisitos, usando, para tanto, argumentos doutrinários e jurisprudenciais.
Com o advento da Lei 12.683/2012 o Brasil deu inicio à chamada 3ª geração de leis de lavagem de dinheiro, pelas quais qualquer infração penal antecedente pode servir para tipificar o delito em comento.
Contudo, apesar do avanço no combate a tais delitos, sua repressão ainda é deficitária, mormente tendo em vista o alto grau de sofisticação pelo qual este crime muitas vezes é praticado.
Neste contexto, surge a Teoria da Cegueira Deliberada, também conhecida como “Full Blindness” ou “Ostrich Instructions”. 
Esta teoria serve para definir a conduta daquele agente que propositalmente não averigua a origem dos bens e valores a ele transferidos, por saber que provavelmente possuem proveniência ilícita. O agente busca, assim, furtar-se da aplicação penal, mantendo-se intencionalmente ignorante em relação à origem dos valores recebidos com o intuito de evitar a caracterização do dolo enquanto elemento subjetivo do tipo penal.
Aplicando-se a teoria da cegueira deliberada, o agente que propositalmente se furta de averiguar a proveniência ilícita dos valores recebidos, buscando se manter em um estado de ignorância, assume o risco da prática da infração penal de lavagem de dinheiro, sob a modalidade de dolo eventual.
Esta teoria inovadora vem ganhando força na doutrina pátria, já tendo sido utilizada no âmbito da jurisprudência dos tribunais superiores.
três pressupostos, seriam estes: a) o agente suspeita que sua conduta contribuirá para um fim ilícito, mas cria barreiras para não obter pleno conhecimento da procedência dos bens; b) as informações estão ao alcance do agente, mas ele voluntariamente age para se manter na ignorância; e c) atitude deliberada de se manter na ignorância para viabilizar a invocação do desconhecimento sobre a natureza do capital.
Questão 08 - DELEGADO DE POLÍCIA - PCMT - 2017 - CESPE - À noite, no retorno para a delegacia, depois de cumpridas outras diligências, policiais civis suspeitaram, com razões justificáveis, da ocorrência de tráfico de drogas em determinada residência. Imediatamente, entraram à força no local e realizaram busca e apreensão no domicílio. Considerando o entendimento do STF, responda, de forma fundamentada, aos seguintes questionamentos a respeito da legalidade da entrada na residência e da busca e apreensão realizada na situação hipotética acima descrita. 1 - Ao entrarem na residência, naquele momento, os policiais agiram de maneira legal? [valor: 1,60 ponto] 2 - Ao realizarem busca e apreensão no domicílio, os policiais agiram legalmente? Em que momento ocorre o controle judicial desse tipo de ação? [valor: 4,00 pontos] 3 - Caso a ação dos policiais seja considerada ilícita, quais serão as consequências dessa ação? valor: 2,00
O art. 5º, XI, da CRFB ao mesmo tempo que traz a inviolabilidade domiciliar como um direito fundamental do indivíduo, mitiga o seu âmbito de aplicação, na medida em que autoriza o ingresso domiciliar sem autorização dos moradores em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro ou, durante o dia, por determinação judicial.
Assim, apesar de ser um direito fundamental caro ao Estado Democrático de Direito, a inviolabilidade domiciliar não pode servir de manto para acobertar a prática das mais diversas infrações penais possíveis.
Nesta senda, em havendo flagrante delito, como é o caso do tráfico de drogas na modalidade descrita na situação hipotética, é possível o ingresso domiciliar a qualquer hora do dia, ainda que sem autorização judicial.
A respeito desta hipótese, contudo, a fim de coibir eventuais abusos, estabeleceu o STF, em entendimentos jurisprudenciais consolidados, que o ingresso do agente policial por suspeitar da ocorrência de crime permanente na casa só pode ocorrer se houver razões justificáveis para tal suspeita, fundamentadas a posteriori, para que seja possível um controle judicial da diligência. Assim, os agentes policiais referidos no enunciado agiram de maneira legal, restando ao judiciário a aferição posterior acerca da legalidade ou não da operação.
Saliente-se que, em entendendo o magistrado pela ilegalidade da ação dos policiais, todos os atos praticados serão considerados nulos e os agentes podem vir a ser punidos nas esferas civil, penal e administrativa, sendo certo que as provas obtidas e as derivadasdestas serão consideradas ilícitas e deverão ser desentranhadas, não poderão ser utilizadas para a persecução penal, restando possível, ainda, a responsabilidade objetiva do Estado pela ação ilícita dos seus agentes. 
NULIDADE
PUNIÇÃO
ILICITUDE DA PROVA
RESPONSABILIZAÇÃO
Questão 09 - DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2017 - CESPE Defina política criminal (4,5 pontos) e discorra sobre os mecanismos de política criminal adotados na Lei de Drogas (Lei 11.343 de 2006) (5 pontos)
A Política Criminal pode ser definida como o ramo das ciências penais que, diferentemente da dogmática e da criminologia, possui como seu objeto de estudo principal a etiologia do crime, visando encontrar maneiras eficazes de prevenção do delito.
A política criminal é uma ciência crítica que busca propor modificações no sistema penal em curso através de uma análise da realidade social e da aplicação do Direito.
Nesta senda, a Lei nº. 11.343/06, apesar de ser um estatuto eminentemente repressivo, também apresenta dispositivos visando à prevenção dos delitos.
percepção de que a pena privativa de liberdade não contribui para a solução social do uso indevido
É neste contexto que o legislador, cria o SISNAD, um sistema nacional integrado marcado por instrumentos de prevenção primária e secundária aos delitos da Lei de Drogas.
Sabendo que o tráfico gira justamente em torno do vício, estabeleceu medidas educativas acerca dos efeitos nocivos de tais substâncias, tais como campanhas de conscientização, capacitação de profissionais e estudos estatísticos. Não obstante, trouxe o legislador, também, medidas especialmente voltadas para o toxicômano, tais como a possibilidade de internação voluntária ou compulsória e o acolhimento em comunidades terapêuticas para desintoxicação.
Repressivo: a) A despenalização da conduta do usuário de drogas, na medida que o artigo 28 da Lei de Drogas, que cuida do delito de posse de droga para uso próprio, ainda que sem deixar de considerá-lo como crime, não comina a pena de prisão, mas advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviço à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo; b) a elevação das sanções impostas ao traficante, com pena de prisão que pode variar de cinco a quinze anos, na forma do artigo 33; c) A criação da figura do “tráfico privilegiado”, no parágrafo quarto do art. 33, estipulando redução de pena (de 1/6 a 2/3) para os casos do traficante eventual ou ocasional (primário, com bons antecedentes, que não se dedique a atividades criminosas e não integre organização criminosa; d) o instituto da colaboração ou delação premiada, no artigo 41, assegurando redução de pena (1/3 a 2/3) ao indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente na identificação dos demais envolvidos e na recuperação total ou parcial do produto do crime; e) a decretação da perda do produto, dos bens ou valores apreendidos em favor da União, com destinação ao Fundo Nacional Antidrogas (art. 62); f) a desapropriação de terras usadas para o cultivo de culturas ilegais, já prevista na própria CRFB, em seu artigo 243, e regulamentada pela Lei nº 8.275/91; e g) criminalização especial da conduta de quem financia o tráfico de drogas, com pena mais severa (artigo 36)
Questão 10 - DELEGADO DE POLÍCIA – PCMA – 2012 - FGV Paula, jovem primária e de bons antecedentes, excursionava pela cidade de Buenos Aires e lá vem a conhecer João, também brasileiro, que residia na Argentina há vários anos. Paula e João iniciaram um romance, tendo este oferecido à quantia de R$ 1.000,00 para que aquela levasse farta quantidade de lança perfume para o Brasil, ambos tendo conhecimento de que aquele material é considerado entorpecente no país destinatário, apesar de ser lícita a sua comercialização no país de origem. Paula aceita colaborar eventualmente com João e vem de ônibus para o Maranhão, destino final da droga. Por seu turno, João vem de avião, com parada no Rio de Janeiro, onde recebe de pessoa desconhecida certa quantidade de cocaína para ser posteriormente comercializada. Os policiais prosseguiram na diligência e detiveram João no quarto do hotel em que estava hospedado, sendo lá apreendida farta quantidade de cocaína que também se destinava a ilícita comercialização, bem como uma arma com numeração raspada, certo que está se encontrava no interior da sacola juntamente com o entorpecente. A partir da hipótese sugerida, responda aos itens a seguir:
1- Apresente a devida tipificação com a fundamentação necessária. 
2- Indique a justiça competente e eventual presença de causas de aumento ou de diminuição de pena porventura incidente. 
3- Apresente qualquer circunstância relevante na dosimetria penal. 
4- Analise a legalidade da diligência realizada no quarto do hotel de João, eis que os policiais lá ingressaram sem mandado judicial e sem o consentimento do legítimo ocupante.
No caso em tela, incidiram os agentes nos delitos de tráfico de drogas e associação criminosa em concurso material (art. 33, c/c 35 da Lei 11.343/06, respectivamente), sendo que joão também tava com posse/porte de numeração raspada
Na situação hipotética retratada, a competência será da Justiça Federal, sendo que a Polícia Federal terá atribuições para investigar o delito (art. 144, §1º, I e II, da CRFB), tendo em vista que se está diante de tráfico transnacional, que é causa de aumento de pena expressamente prevista no art. 40, I, da referida lei. No caso em tela, a justiça competente para o julgamento da causa será a estadual, afastada a transnacionalidade do delito, haja vista que o “lança perfume” não é considerado droga em território argentino, havendo somente violação à ordem jurídica interna brasileira.
Ademais, em relação à Paula, tendo em vista ser primária e de bons antecedentes, que não integra organização criminosa e nem pratica atividade criminosa, pode lhe ser aplicada a minorante relativa ao tráfico privilegiado (art. 33, §4º, Lei 11.343/06), tendo em vista que os tribunais superiores já se posicionaram no sentido de que a “mula” não necessariamente terá afastado o privilégio, tendo em vista que não integra a organização criminosa.
Em relação à dosimetria da pena, importante salientar que a natureza e quantidade da droga poderão servir para incrementar a pena-base dos delitos, sendo certo que, porém, em relação à Paula, a quantidade e a natureza da droga não poderão, consoante jurisprudência dos tribunais superiores, servirem tanto para incrementar a pena-base quanto para reduzir a fração da minorante do tráfico privilegiado, sob pena de bis in idem.
Em relação à diligência realizada pelos policiais, é legal, tendo em vista que se está diante de um crime permanente, não incidindo a inviolabilidade domiciliar face ao flagrante delito. Em relação a essa hipótese, para coibir eventuais abusos, firmou-se a jurisprudência do STF no sentido de que o ingresso em domicílio por parte de agentes policiais, sem autorização judicial, depende de fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, de que está ocorrendo um flagrante delito na casa.
ADMINISTRATIVO
Questão 01. (CEBRASPE 2018 DPF) No âmbito do direito administrativo, a atuação do Estado está submetida ao chamado regime jurídico- administrativo, que se expressa por meio do binômio prerrogativas-sujeições. As prerrogativas são concedidas à administração pública no intuito de fornecer os instrumentos e os meios necessários ao regular exercício de suas atividades, com vistas à concretização do interesse público. As prerrogativas concedidas à administração pública incluem os poderes administrativos, em especial o poder de polícia. Considerando que o texto precedente tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo atendendo ao que se pede a seguir. 
1. Discorra sobre o conceito de poder de polícia e cite dois exemplos de atos administrativos que expressam esse poder. 
2. Discorra sobre os ciclos ou fases do poder de polícia. 
3. Apresente as distinções entre polícia administrativa e polícia judiciária explicitando, para cada uma dessas polícias:o objeto de incidência, as infrações tratadas e os órgãos competentes para seu exercício
Dentre os Poderes-deveres da Administração Pública, destaca-se o Poder de Polícia. O seu conceito pode ser extraído do disposto no art. 78 do CTN, como sendo o poder que, restringindo ou limitando determinados direitos e liberdades em prol do interesse público, regula a prática de ato ou abstenção de fato por parte do agente. 
É um poder caracterizado pela discricionariedade, pela autoexecutoriedade e pela coercibilidade (imperatividade) e, como expressões do exercício do poder de polícia, pode-se citar a título de exemplo a fiscalização de trânsito e o licenciamento ambiental.
Consoante a moderna doutrina acerca do poder de polícia, ele pode ser dividido em quatro momentos, também chamados de ciclos ou fases, a saber: ordem de polícia, quando ocorre a atividade legiferante; o consentimento de polícia, quando determinada atividade é regulamentada; a fiscalização de polícia, quando o cumprimento do regulamentado é fiscalizado pela Administração Pública; e, por fim, a sanção de polícia, que é a aplicação de penalidades para os que infringirem as determinações.
Consoante jurisprudência do STJ, o consentimento e a fiscalização podem ser delegados para pessoas jurídicas de direito privado da administração pública indireta.
A respeito das diferenças entre a polícia administrativa e a polícia judiciária, podemos citar que, enquanto a polícia administrativa diz respeito a vários órgãos com atribuições administrativas, incidindo sobre bens, serviços e atividades, apurando infrações administrativas, a polícia judiciária é exercida por órgãos de segurança pública previstos constitucionalmente, incidindo sobre pessoas e apurando infrações penais.
Questão 02. (CEBRASPE 2013 DPF) A fim de proporcionar maior conforto a seus clientes, o dono de determinado restaurante realizou uma ampliação em seu estabelecimento, tendo a construção avançado sobre área pública, razão por que o órgão responsável pela fiscalização urbana da prefeitura autuou o comerciante, fixando prazo para que a situação fosse regularizada. Sob a alegação de que a área pública invadida estava abandonada e suja e de que ele havia realizado melhorias no espaço, o comerciante recusou-se a cumprir a determinação da prefeitura para que desfizesse a obra. Dada a recalcitrância do comerciante, os fiscais, com base no disposto no código municipal de edificações, demoliram a área irregular e multaram-no. O dono do restaurante, então, ajuizou ação judicial contra a prefeitura, sob a alegação de que o ato praticado pela prefeitura foi ilegal, dada a ausência de ação demolitória anterior, e causou-lhe danos materiais e morais. Com base na situação hipotética acima apresentada, discorra sobre a legalidade dos atos praticados pela prefeitura, abordando os poderes administrativos e o atributo do ato administrativo.
Na situação hipotética apresentada, tem-se o exercício do poder de polícia por parte do município.
Com base no art. 78 do CTN, pode-se conceituar o poder de polícia como sendo aquele poder da Administração Pública que, limitando ou restringindo direitos, em prol do interesse público, impõe ao particular a prática de ato ou abstenção de fato. Tal poder, ainda, é caracterizado pela discricionariedade, pela Autoexecutoriedade e pela imperatividade (coercibilidade).
No caso em tela, ao avançar sobre a área pública, violou o dono do restaurante o que dispõe o código municipal de edificações e, apesar do prazo para que a situação fosse regularizada, recusou-se a cumprir a determinação do Município.
Assim, vê-se que, a princípio, o município atuou dentro da legalidade posto que, em expressão da autoexecutoriedade do poder de polícia, demoliu a área irregular sem necessidade de recorrer ao Poder Judiciário.
Contudo, ressalte-se que tal fato não impede que o Poder Judiciário analise a situação concreta sob a ótica do princípio da proporcionalidade. Muito embora não seja dado ao Judiciário, via de regra, adentrar no mérito do ato administrativo, leciona a moderna doutrina administrativista que, dado o conteúdo jurídico do princípio da proporcionalidade, norma de envergadura constitucional, é possível que o juiz seja provocado a verificar a regularidade do ato administrativo praticado com o princípio da proporcionalidade, em expressão, em realidade, de um controle de legalidade.
CONSTITUCIONAL
Questão 01 – Considerando o entendimento doutrinário e jurisprudencial a respeito do Direito Constitucional, responda aos seguintes quesitos: a) O que é mutação constitucional? (50 %) b) O surgimento de uma nova Constituição torna as leis anteriores que lhe sejam contrárias inconstitucionais? (50 %)
A) A mutação constitucional é uma forma de modificação da norma constitucional não formal, sendo manifestação do Poder Constituinte DIFUSODerivado. A mutação constitucional diferencia-se de outras formas de alteração constitucional poque, embora o sentido e o alcance da norma constitucional se alterem, o texto da norma permanece inalterado. Tal forma de modificação pode se dar por várias razões, notadamente de ordem sociopolítica, cultural e econômica. Isto porque, consoante a sociedade progride, a Constituição que lhe acompanha, sendo dever da Suprema Corte, em realidade, apenas declarar a mutação ocorrida devido aos fatores socioculturais que interagem com o texto constitucional.
Recentemente, a título de exemplo de mutação constitucional, podemos citar o reconhecimento da união homoafetiva pelo STF, reconhecendo a instituição do casamento entre pessoas do mesmo sexo, bem como o caráter meramente declaratório da resolução do senado que retira do ordenamento jurídico a norma infraconstitucional declarada inconstitucional pelo STF em sede de controle difuso.
Faltou falar dos limites semânticos da mutação e compatibilidade com a realidade social e com os demais valores constitucionais
B) Não. Na realidade, consoante doutrina majoritária e entendimento da jurisprudência do STF, em havendo incompatibilidade material entre norma anterior à nova Constituição e o texto desta, ocorre um juízo de não-recepção da norma tida como incompatível, posto que esta não integra o novo ordenamento jurídico inaugurado pela Carta Magna. Não há que se falar, assim, em inconstitucionalidade superveniente da norma, que demandaria um juízo de validade – ou não – do dispositivo. Não por outro motivo, inclusive, o Pretório Excelso não admite que sejam manejadas ações diretas de inconstitucionalidade face à norma não recepcionada, sendo admitido, contudo, o juízo de não recepção via manejo da ADPF, que é subsidiária em relação à ADI
Questão 02 – CESPE Delegado PC-MA: Em uma ação de combate ao tráfico de drogas em determinada cidade, a polícia civil, por meio de departamento especializado em repressão ao narcotráfico, prendeu um homem que portava vinte quilos de entorpecentes, balança de precisão e certa quantia em dinheiro, em cédulas trocadas. Esse indivíduo foi encontrado em um bar de sua propriedade, oportunidade na qual foi algemado e conduzido à delegacia. A operação deflagrada foi possível após a prisão de outro traficante, que forneceu as informações em confissão extrajudicial realizada em sede inquisitorial após a utilização de meios de tortura. Considerando essa situação hipotética, disserte sobre o princípio da proibição à tortura, à luz da Constituição Federal de 1988, da doutrina e do entendimento do STF. Em seu texto, aborde, fundamentadamente, os seguintes aspectos: 1. proibição à tortura como direito fundamental e efeitos jurídicos de eventual violação a esse direito; [valor: 5,00 pontos] 2. extensão dos efeitos da violação ao princípio fundamental da proibição à tortura, no que se refere aos sujeitos; [valor: 5,00 pontos] 3. limites para o uso de algemas em operações policiais. [valor: 4,25 pontos]
A Constituição Federal de 1988, logo em seu art. 1º, III, erigiu, dentre seus princípios, o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Este princípio irradia-se por toda a Constituição e por todoo ordenamento jurídico, sendo, a bem da verdade, imanente à própria ideia do Direito enquanto instrumento a serviço do homem em busca da plena realização do indivíduo inserido em sociedade.
Com base no princípio supracitado, a Constituição Federal estabeleceu, ainda, entre os direitos e garantias fundamentais do art. 5º (art. 5.º, III), a proibição à tortura e ao tratamento desumano e degradante, sendo esta uma cláusula pétrea, inalterável inclusive pelo poder constituinte derivado.
A bem da verdade, o princípio da proibição à tortura é tão caro à Comunidade Internacional que diversos tratados foram pactuados, sendo dois, ao menos, ratificados pela República Federativa do Brasil, no âmbito da ONU e da CIDH.
Tal importância leva muitos doutrinadores a sustentarem que a vedação à tortura é um princípio fundamental absoluto e imponderável; alguns doutrinadores, ainda, afirmam que, tendo em vista as imposições alienígenas e os tratados internacionais assinados, a abolição de tal princípio seria impossível inclusive por via de eventual Poder Constituinte Originário, posto que se trata de verdadeiro limite extrajurídico à atuação de tal poder de fato.
Em relação aos efeitos jurídicos de eventual violação a este direito, inobstante a ilicitude da prova colhida por tais meios, a Constituição Federal estabelece ainda que a tortura é um delito equiparado aos hediondos, sendo inafiançável e insuscetível de graça ou anistia (art. 5.º, inciso XLIII,)respondendo, por ela, os mandantes, os executores e todos aqueles que, podendo evitar, se omitirem.
Por fim, a respeito do uso de algemas em operações policiais, consoante dispõe a Súmula Vinculante 11, esta só será lícita se houver fundadas razões, justificadas a priori, de que sua ausência poderá gerar grave risco ao prisioneiro ou a terceiros. resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refira, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado
Art. 292 do CPP dispõe sobre a impossibilidade de algemas no uso de mulheres grávidas
Questão 03 – Com base nos conhecimentos a respeito dos direitos fundamentais, responda aos seguintes quesitos: a. O que é cláusula de não tipicidade dos direitos fundamentais? (50 %) b. O que é efeito cliquet dos direitos fundamentais? (50 %)
A cláusula de não tipicidade dos direitos fundamentais refere-se ao fato de que o rol dos direitos fundamentais não é taxativo, e estão em constante evolução e aprimoramento sendo que, a evolução da sociedade, novos direitos fundamentais podem vir a serem incorporados pelo povo.
inesgotabilidade ou de abertura material
admite-se como direitos fundamentais com status constitucional outros direitos que estejam previstos implicitamente na CF/88 ou em tratados internacionais que possuem conteúdo (são materialmente) constitucional. 
Por sua vez, o efeito cliquet diz respeito à proibição do retrocesso dos direitos fundamentais. Isto é, atingido um novo patamar mais elevado acerca da proteção aos direitos fundamentais em virtude da evolução da sociedade e modificação do contexto sociocultural até então existente, não pode o legislador ou o administrador público retirar tais direitos 
Questão 04 – Diferencie, explique e indique semelhanças do Estado de Sítio, Estado de Defesa e a Intervenção Federal
A Constituição Federal de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, apresenta extenso rol de direitos e garantias fundamentais, consubstanciando-se em uma carta que visa à consolidação do Estado Democrático de Direito.
Assim, normas de estabilização institucional são igualmente relevantes neste panorama, para os fins de assegurar a democracia e a ordem internas da república brasileira.
É neste contexto que surgem, dentro do Sistema Constitucional de Crises, os institutos do Estado de Sítio, do Estado de Defesa e de Intervenção Federal.
Marcados pelos princípios da temporariedade, necessidade e proporcionalidade, tais institutos permitem a flexibilização de certos princípios constitucionais visando justamente a resolução de uma situação de crise.
Enquanto a Intervenção Federal funciona como uma mitigação da autonomia dos entes políticos, permitindo a intervenção da União nos estados-membros e nos Municípios localizados em Territórios, seja de maneira espontânea ou provocada, o Estado de Defesa e o Estado de Sítio caracterizam-se como institutos que mitigam direitos e garantias individuais em prol de estabilizar uma situação de grave calamidade pública ou até mesmo guerra.
Em relação ao Estado de Defesa e o Estado de Sítio, importante salientar que estes se diferenciam tendo em vista que o Estado de Defesa é mais brando, possuindo prazo de 30 dias, prorrogável mais 30, e o Estado de Sítio, por sua vez, além de exigir aprovação prévia do Congresso Nacional (no Estado de Defesa há só ratificação), permite cerceamento mais amplo aos direitos fundamentais.
Questão 05 – CESPE – Delegado PJC/MT: À noite, no retorno para a delegacia, depois de cumpridas outras diligências, policiais civis suspeitaram, com razões justificáveis, da ocorrência de tráfico de drogas em determinada residência. Imediatamente, entraram à força no local e realizaram busca e apreensão no domicílio. Considerando o entendimento do STF, responda, de forma fundamentada, aos seguintes questionamentos a respeito da legalidade da entrada na residência e da busca e apreensão realizada na situação hipotética acima descrita. 1. Ao entrarem na residência, naquele momento, os policiais agiram de maneira legal? [valor: 1,60 ponto] 2. Ao realizarem busca e apreensão no domicílio, os policiais agiram legalmente? Em que momento ocorre o controle judicial desse tipo de ação? [valor: 4,00 pontos] 3. Caso a ação dos policiais seja considerada ilícita, quais serão as consequências dessa ação? [valor: 2,00 pontos
Em seu art. 5º, XI, a Constituição Federal de 1988 previu a inviolabilidade domiciliar como um direito fundamental do indivíduo, visando coibir, em especial, os abusos por parte do poder público. Contudo, no próprio texto do dispositivo, são previstas exceções nas quais seria possível alguém adentrar no domicílio alheio ainda que sem autorização, sendo estas: em caso de flagrante delito, desastre, para prestar socorro ou, durante o dia por, determinação judicial.
Assim, via de regra, para a execução de buscas e apreensões domiciliares, faz-se imperiosa a expedição de mandado assinado pelo juiz competente, tendo em vista a reserva de jurisdição estabelecida no art. 5º, XI, CRFB/88.
Contudo, consoante explicitado supra, a própria Constituição Federal admite o ingresso em domicílio de outrem em caso de flagrante delito.
Atento a esta norma constitucional, o STF consolidou o entendimento jurisprudencial de que, em havendo fundadas razões, justificadas a posteriori, de que em um imóvel esteja ocorrendo flagrante delito (como é o caso do tráfico de drogas, por ser um crime permanente), os policiais podem adentrar na casa sem que isto configure ilegalidade.
De igual modo, no cumprimento desta prisão em flagrante, é possível para os agentes policiais apreenderem eventuais elementos de convicção relacionados à prática do delito, a teor do que dispõe o art. 240, do CPP, sem que haja necessidade de expedição de mandado para isso que, consoante já exposto, só é necessário como garantia da inviolabilidade do domicílio, que não é protegida pela constituição em casos de flagrante delito.
O controle judicial da ação dos agentes de polícia, por sua vez, ocorrerá a posteriori, quando o juiz analisar as fundadas razões que levaram os agentes a adentrar no domicílio em que supostamente estaria ocorrendo o crime.
Assim, em entendendo o magistrado que a conduta dos policiais é ilícita, estes poderão responder civil, penal e administrativamente por seus atos, configurando delito de abuso de autoridade e, também, um ato de improbidade administrativa.E também nulidade de todos os atos praticados pelo agente e eventual responsabilização cível do Estado
Questão 06 – Considere a seguinte situação hipotética: Uma lei de determinado Estado-membro prevê que o Departamento de Trânsito e o Instituto-Geral de Perícias são órgãos encarregados de exercer a segurança pública. A mesma lei, de iniciativa da Assembleia Legislativa Estadual, versa sobre da segurança pública gestão (como parte integrante da administração pública: organização e funcionamento da administração estadual) no Estado-membro. Diante do caso descrito no enunciado, responda aos seguintes quesitos: a. O Departamento de Trânsito, em razão da previsão na Constituição Estadual, pode ser considerado um órgão de segurança pública? (15 %) b. O Instituto-Geral de Perícias, em razão da previsão na Constituição Estadual, pode ser considera um órgão de segurança pública? (15 %) c. Os Estados-membros e o Distrito Federal podem estender o rol de órgãos encarregados de exercer a segurança pública além dos já previstos na Constituição Federal? (40 %) d. A lei estadual, no que tange a sua iniciativa para tratar de gestão de segurança pública, possui algum vício formal ou material? (30 %)
O DETRAN e o IGP não podem ser considerado órgãos de segurança pública. Ainda que tal previstão esteja expressa na Constituição Estadual do estado-membro, ela conflita com a Constituição, em seu art. 144, que prevê o rol taxativo dos órgãos integrantes do sistema de segurança pública.
Ademais, os estados-membros e o Distrito Federal não podem estender o rol dos órgãos encarregados, posto que tal norma possui alta densidade normativa, consubstanciando-se em um rol taxativo que estabelece quais são os órgãos de segurança pública federais, estaduais, distritais e municipais, sendo, assim, uma norma de observância obrigatória, dado o princípio da simetria.
Por fim, importante destacar que a lei padece de vício de inconstitucionalidade formal, posto que dependeria de iniciativa do Governador do Estado, e também material, tendo em vista que a lei não pode tratar deste conteúdo. 
Impossibilidade da criação, pelos Estados-membros, de órgão de segurança pública diverso daqueles previstos no art. 144 da Constituição. (...) Ao Instituto-Geral de Perícias, instituído pela norma impugnada, são incumbidas funções atinentes à segurança pública. Violação do art. 144, c/c o art. 25 da Constituição da República. [ADI 2.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-9-2010, P, DJE de 6-4-2011.]
 Incompatibilidade, com o disposto no art. 144 da CF, da norma do art. 180 da Carta Estadual do Rio de Janeiro, na parte em que inclui no conceito de segurança pública a vigilância dos estabelecimentos penais e, entre os órgãos encarregados dessa atividade, a ali denominada "polícia penitenciária”. [ADI 236, rel. min. Octavio Gallotti, j. 7-5-1992, P, DJ de 1º-6-2001.] = ADI 3.916, rel. min. Eros Grau, j. 3-2-2010, P, DJE de 14-5-2010 Vide ADI 2.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-9-2010, P, DJE de 6-4-2011
O Pleno desta Corte pacificou jurisprudência no sentido de que os Estados-membros devem obediência às regras de iniciativa legislativa reservada, fixadas constitucionalmente. A gestão da segurança pública, como parte integrante da administração pública, é atribuição privativa do governador de Estado. [ADI 2.819, rel. min. Eros Grau, j. 6-4-2005, P, DJ de 2-12-2005.]
Questão 07 – Considere a seguinte situação hipotética: João, ao tomar conhecimento de ato lesivo à moralidade administrativa, ingressou diretamente com ação popular. Na inicial, fundamentou que qualquer cidadão pode ingressar com a ação, razão pela qual deixou de constituir advogado nos autos. Além disso, juntou comprovante de residência e documento de identidade para comprovar sua condição de cidadão. Por fim, deixou de recolher custas processuais alegando que a ação era gratuita. Com base no enunciado, responda aos seguintes quesitos: a. É desnecessária a presença de advogado na ação popular? (40%) b. A qualidade de “cidadão” foi demonstrada nos autos? (30%) c. João deveria recolher previamente as custas processuais? (30%)
Conquanto a ação popular seja instrumento disponível a qualquer cidadão para controle de atos lesivos à moralidade administrativa, ao meio ambiente, ou ao patrimônio público, cultural ou histórico, é indispensável a representação por um advogado, tendo em vista que o cidadão, por si só, não possui capacidade postulatória, apenas legitimidade ativa.
Em relação à qualidade de cidadão, vê-se que esta não foi demonstrada pelo indivíduo, tendo em vista que a comprovação é feita mediante a juntada do Título de Eleitor ou outro documento correspondente., comprovando, no caso, o pleno gozo dos direitos políticos, podendo participar ativamente da democracia (status ativo dos direitos fundamentais, consoante classificação de Jellinek).
Em relação às custas, por fim, importante salientar que, a princípio, não são devidas, tendo em vista que a ação é gratuita, tendo em vista o fato de ser um ato de exercício de cidadania; contudo, em sendo comprovada a má-fé do autor, o juiz o condenará em custas.
Questão 08. Considere a seguinte situação hipotética: João, cabo da Polícia Militar, respondeu a processo administrativo disciplinar por ter praticado infração disciplinar militar quando estava em serviço no ano de 2018. Após a conclusão do processo, foi aplicada a pena disciplinar militar de prisão. Inconformado, ingressou com habeas corpus na Justiça para discutir aspectos de legalidade do processo de punição. Com base na situação descrita no enunciado, responda aos seguintes quesitos: a. É cabível a impetração de habeas corpus para discutir punição disciplinar militar? b. No caso descrito no enunciado, o habeas corpus deve ser recebido?
Consoante estabelece a Constituição Federal, não é cabível a impetração de Habeas Corpus para discutir eventual punição disciplinar militar; contudo, a jurisprudência do STF pacificou-se no sentido de que, embora o mérito da punição não esteja sujeito à sindicabilidade, é possível controlar aspectos procedimentais e formais de eventual punição.
No caso em tela, assim, seria cabível, em tese, a impetração de HC por parte de João, tendo em vista que a Lei nº. 13.967/2019 Constituição Federal estabelece também que, em relação à carreira de policial militar e bombeiro militar, não serão aplicáveis punições disciplinares de prisão, havendo ilegalidade na escolha da pena disciplinar aplicada, que é inconstitucional. Importante salientar, porém, que não será possível a impetração de Habeas Corpus caso a pena já tenha sido cumprida, posto que não há liberdade de ir e vir a ser tutelada.
Por fim, o Habeas Corpus de João deve ser conhecido, ainda que ele não esteja representado por advogado. Isto porque a própria Constituição Federal excepciona a regra, e afirma que qualquer indivíduo poderá impetrar HC, independente de quaisquer formalidades, sendo, ainda, uma ação gratuita e com prioridade sobre todas as outras. 
Questão 09 – Delegado PF (2018): Nos autos de procedimento executivo fiscal de cobrança do imposto de renda de pessoa jurídica, o juiz federal responsável pela vara de execuções fiscais de determinado estado da Federação expediu ordem de interceptação de comunicação telefônica do representante legal da empresa devedora executada, sob o fundamento de que havia indícios da prática de sonegação e fraude fiscal. Com a negativa da companhia telefônica em fornecer os dados e as gravações correspondentes, o cumprimento da ordem foi dirigido à delegacia da Polícia Federal para que, sob pena de incursão no crime de desobediência, prendesse o funcionário da companhia telefônica responsável pelo fornecimento das comunicações telefônicas e colhesse elementos de prova relacionados ao seu conteúdo. Autorizou-se, desde logo, o ingresso da autoridade policial na residência e no escritório do representante legal da empresa executada e de seus advogados, sem, contudo, especificar-se o conteúdo da busca e apreensão. Ato contínuo, a ordem judicial foi cumpridaem sua integralidade, de modo que o juízo da execução fiscal teve acesso às gravações telefônicas que corroboravam a prática do crime de fraude fiscal e sonegação, a partir das quais a Polícia Federal também colheu provas do crime de remessa ilegal de divisas.
Redija um texto dissertativo, abordando as normas constitucionais e os direitos fundamentais violados na situação hipotética apresentada. Fundamente seu texto na Constituição Federal de 1988, na jurisprudência do STF e na doutrina
A Constituição, no seu art. 5º, XII, da CRFB estabeleceu a inviolabilidade das comunicações telegráficas, de dados, e das comunicações telefônicas, salvo, em último caso, por autorização judicial, para fins de investigação penal ou instrução processual penal, na forma que a lei estabelecer.
Assim, vê-se que o direito à inviolabilidade da comunicação de dados telefônicos é um direito fundamental do indivíduo, exigindo-se, para sua mitigação, não apenas reserva jurisdicional, mas também que a interceptação ocorra no bojo de uma investigação ou instrução penal e obedeça aos requisitos legais.
verifica-se também que a violação ao sigilo telefônico no caso foi acompanhada da ofensa ao princípio do juiz natural (STF. RHC 80197/GO)
Nesta senda, reveste-se de ilegalidade a decisão do juiz federal que, de ofício, determinou a interceptação telefônica de representante legal da empresa em um procedimento executivo fiscal, sem observar, ainda, a necessidade de provas de autoria, indícios de materialidade e a subsidiariedade da interceptação telefônica em relação a outros meios de obtenção de prova, consoante exegese da Lei nº. 9.296/96, que regulamenta a interceptação.
Do mesmo modo, em sendo a ordem manifestamente ilegal, correta a postura da companhia telefônica de não fornecer os dados e gravações correspondentes sendo também, não havendo que se falar em crime de desobediência. Por conseguinte, em não havendo ilegalidade na conduta do funcionário que negou acesso aos dados, não há, também, legalidade na ordem judicial que determinou a prisão e o ingresso da autoridade policial na residência e no escritório do representante legal.
Especificamente a respeito da inviolabilidade de domicílio, estabelece o art. 5º, XI, da CRFB que a casa é asilo inviolável do cidadão, ninguém nela podendo entrar sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro ou, durante o dia, por determinação judicial.
A ordem judicial, contudo, precisa ser específica e fundamentada, não sendo lícita a expedição de mandado de busca e apreensão genérico. Tal conduta, rechaçada pela jurisprudência dos tribunais superiores brasileiros, caracteriza o que a doutrina alienígena chama de “fishing expedition”, ou seja, a utilização dos meios de obtenção de provas como ferramentas de uma investigação especulativa, mediante o cumprimento de diligências prospectivas com o intuito de localizar algo indeterminado. Ao assim agir, o magistrado viola, ainda, o direito à intimidade e à vida privada do agente, nos termos do art. 5º, X, da CRFB.
e inviolabilidade do domicílio profissional dos advogados, cujos endereços profissionais estão igualmente protegidos pela cláusula da inviolabilidade de domicílio, conforme reiteradamente tem decidido o STF, que autoriza a exceção da busca e apreensão apenas e tão-somente quando há fundada suspeita que os próprios advogados praticam o crime sob o pretexto do exercício da profissão (STF. Inq 2.424/RJ, rel. min. Cezar Peluso, DJe 25/3/2010).
Assim, ante as diversas ilegalidades perpetradas pelo magistrado, percebe-se a ilicitude das provas obtidas mediante interceptação telefônica e busca e apreensão, que não podem ser admitidas para embasar eventual ação penal contra o empresário, irradiação dos efeitos da ilicitude e invalidade dos atos posteriores sujeitando-se o magistrado e a autoridade policial, ainda, à responsabilização penal, civil e administrativa, podendo responder, em especial, nos termos da Lei de Abuso de Autoridade e da Lei de Improbidade Administrativa.
Questão 10 – Considere a seguinte situação hipotética: João, servidor público federal, respondeu a processo administrativo disciplinar e foi punido com pena de demissão. Inconformado, a defesa de João ingressou em juízo alegando que não houve defesa técnica por advogado no processo administrativo e que a pena de demissão não foi aplicada pela autoridade competente (Presidente da República) e sim pelo Ministro de Estado que recebeu tal atribuição por delegação. Com base na situação descrita no enunciado, responda aos seguintes quesitos: a. A alegação da defesa de que o processo de demissão é nulo pela ausência de defesa técnica merece prosperar? (50 %) b. A alegação da defesa de que a demissão de João só poderia ser aplicada pelo Presidente da República merece prosperar? (50 %)
O processo administrativo disciplinar, embora esteja sujeito ao regime jurídico-administrativo, deve respeitar o contraditório e a ampla defesa, por sua própria natureza aflitiva de direitos, consoante reiteradamente decidido pelo STF.
Contudo, por não se tratar de um processo judicial, o STF entende, inclusive mediante enunciado em verbete sumular, que não é nulo o PAD por ausência de defesa técnica, tratando-se de direito do investigado, que pode ou não ser exercido, a constituição de um procurador para lhe defender nos autos do processo.
Em relação à alegação de que a demissão de João só poderia ser aplicada pelo Presidente da República, imperiosa uma incursão no instituto da delegação de competências no âmbito do Direito Administrativo.
Consoante estabelece a Lei de Processo Administrativo Federal, é facultado à autoridade a delegação de poderes para agentes de mesmo nível hierárquico ou subordinados, contanto que esta delegação, salvo exceções.
O ato de demissão pode ser delegado pelo Presidente da República a um Ministro de Estado. Algumas atribuições do Presidente da República são delegáveis, dentre essas possibilidades, está a de demitir servidores públicos federais.
No caso em tela, a demissão de servidor se trata de competência exclusiva do Presidente da República, sendo indelegável.
Questão 11 – Com base nos seus conhecimentos de Direito Constitucional, responda aos seguintes questionamentos: a. Para o sentido (concepção) sociológico o que é Constituição? (40 %) b. Partindo do sentido sociológico de Constituição, diferencie e explique Constituição Jurídica de Constituição Real. (60 %)
Segundo Ferdinand La Salle, a Constituição, em seu sentido sociológico, seria a soma dos fatores reais de poder dentro de determinado estado. Esta pode ser considerada a Constituição Real
Nesta senda, a Constituição Jurídica, ou seja, o documento escrito no qual documentadas as normas do Estado, em não correspondendo a esta realidade social, seria mera folha de papel, sem força normativa para alterar a realidade fática.
Questão 12 – Com base na doutrina de Direito Constitucional e na jurisprudência dos tribunais superiores, responda aos seguintes questionamentos: a. Discorra sobre crimes comuns e crimes de responsabilidade apresentando ao menos duas diferenças entre eles (100 %)
Embora a nomenclatura seja semelhante, os crimes comuns e os crimes de responsabilidade são categorias completamente distintas dentro do ordenamento jurídico brasileiro.
O crime comum pode ser entendido como uma ação típica, ilícita e culpável, a qual é atribuída uma pena de privação de liberdade, sendo objeto de estudo dentro do ramo do Direito Penal, que pode ser conceituado, em apertada síntese, como o ramo do direito que possui o delito como pressuposto e a pena como consequência. O rol dos crimes é taxativo e a conduta é exaustivamente descrita no tipo penal.
Por sua vez, quando a Constituição Federal refere-se aos crimes de responsabilidade, está, a bem da verdade, falando de infrações político-administrativas, que não ostentam natureza penal. São condutas que, se praticadas por certos agentes políticos, podem ensejar um julgamento perante o Poder Legislativo que podeculminar em uma perda de mandato e suspensão de direitos políticos. O rol dos crimes de responsabilidade é exemplificativo, sendo que a lei não determina a forma pela qual a conduta pode vir a ser praticada.
Pode-se apontar como diferenças, assim, a natureza distinta, posto que o crime comum ostenta natureza penal, e o crime de responsabilidade natureza político-administrativa, e as penalidades impostas, tendo em vista que, ao crime comum, são impostas penas privativas de liberdade (podendo ser substituídas por restritivas de direitos), e, aos crimes de responsabilidade, as penalidades são políticas, tais como perda do mandato e suspensão dos direitos políticos.
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(25 %) A denúncia (peça inicial acusatória) nos crimes comuns praticados pelo Presidente da República será oferecida pelo Procurador Geral da República (PGR). Já nos crimes de responsabilidade, qualquer cidadão poderá apresentar a acusação perante o Presidente da Câmara dos Deputados. (25 %) Outra diferença relevante quanto a ambas as práticas é a forma de processo e julgamento. Nos crimes comuns o Presidente da República é processado conforme a Lei 8.038/90, enquanto que nos crimes de responsabilidade o processo é conduzido conforme a Lei 1.079/50
Questão 13 – Considere a seguinte situação hipotética: Durante investigação que apurava o crime de tráfico de drogas cometido por organização criminosa, constatou-se grande experiência dos criminosos envolvidos. A investigação não avançava, pois, os criminosos tomavam todas as precauções possíveis para não vazar informações, não falavam por telefone, não realizavam transferências bancárias, além disso, utilizavam um escritório de advocacia para, em conjunto com o advogado, ajustar pagamentos e retirada dos entorpecentes. Diante dos fatos, o delegado de polícia presidente da investigação vislumbrou que a única possibilidade de se dar andamento a investigação seria por meio de uma implantação de aparelhos de interceptação ambiental dentro do escritório de advocacia. Tal técnica de investigação visava acessar o conteúdo das conversas relacionadas ao tráfico de drogas que estava ocorrendo dentro do escritório. Assim, a autoridade policial representou pela instalação de aparelhos de interceptação telefônica no escritório de advocacia. Também pediu ao juiz que fosse autorizado o ingresso no local durante o período noturno pois seria o único horário que não existiam pessoas e a diligência poderia ser cumprida com discrição e êxito. O mandado judicial foi deferido nos termos do pedido da autoridade policial. A diligência foi cumprida com êxito e os criminosos foram presos. Com base no enunciado acima, responda às seguintes questões:
 a. No caso em análise, é cabível a interceptação ambiental de sinais? 
b. As provas colhidas durante a interceptação ambiental no escritório de advocacia são lícitas? Fundamente sua resposta com base na jurisprudência dos tribunais superiores. c. Discorra sobre o conceito normativo de casa
A captação ambiental é medida prevista no panorama da Lei nº. 9.296/96. Trata-se de uma espécie de técnica especial de investigação na qual um terceiro possui acesso a conversa de terceiros e, por mitigar a inviolabilidade das comunicações telefônicas, submete-se à reserva jurisdicional, a teor do que dispõe o art. 5º, XII, CRFB.
Consoante a referida lei, a captação ambiental é cabível para investigar infrações penais puníveis com pena máxima superior a 4 (quatro) anos, quando não houverem outros meios de prova eficazes, sendo, por tanto, medida cautelar probatória subsidiária.
Tendo em vista que a situação hipotética retratada diz respeito aos crimes de tráfico de drogas e participação em organização criminosa, afigura-se plenamente possível a captação ambiental.
Em relação à interceptação ambiental no escritório de advocacia é importante salientar que, via de regra, é ilícita, violando o sigilo da relação entre cliente e advogado que o exercício da profissão requer. Contudo, os tribunais superiores vem se posicionando, em especial, após o julgamento da questão de ordem no Inq. Nº. 2.424 que, caso o escritório de advocacia esteja sendo utilizado para a prática de crimes, não se enquadrará adequadamente no conceito de “casa”, sendo possível, assim, mediante ponderação de princípios, mitigar a inviolabilidade domiciliar do advogado. 
Questão 14 – A respeito do Poder Constituinte Originário e Derivado, responda aos seguintes quesitos: a. Quais as características do Poder Constituinte Originário? (50 %) b. Diferencie a classificação entre poder de fato e de direito traçada pelas correntes juspositivistas e jusnaturalistas quanto ao Poder Constituinte Originário. (50%)
O Poder Constituinte Originário caracteriza-se, entre outras, por ser ilimitado, incondicionado, latente, instantâneo, inicial.
Enquanto os juspositivistas veem o Poder Constituinte Originário como sendo um poder de direito,, consubstanciado em uma categoria lógico-jurídica, os jusnaturalistas, por sua vez, o veem como um poder de fato.
Poder de direito (corrente jusnaturalista): é um poder de direito porque é assentado no direito natural, que é anterior. A corrente jusnaturalista considera o Poder Constituinte Originário um poder de direito pois deriva de uma norma pré-existente: o direito natural. (25%) Poder de fato (corrente juspositivistas): o Poder Constituinte é um poder de fato porque funda uma nova ordem jurídica e não está respaldado em nenhum outro poder positivado anteriormente. A corrente juspositivista, diferentemente da corrente jusnaturalista, não adota a ideia de direito natural, portanto, o Poder Constituinte Originário não se ampara em direito pré-existente
Questão 15 – Com base na classificação das normas constitucionais na doutrina de José Afonso da Silva, responda ao seguinte questionamento: a. É correto afirmar que as normas constitucionais programáticas não são dotadas de efeitos jurídicos até que norma posterior venha a regulamentá-las? Justifique.
Na tripartição das normas constitucionais idealizadas por José Afonso da Silva, as normas programáticas são espécies de norma de eficácia limitada, isto é, possuindo aplicabilidade mediata e eficácia reduzida, necessitando de lei que as complemente.
Contudo, apesar disso, não se pode dizer que uma norma constitucional não é dotada de efeitos jurídicos. Toda norma constitucional, mesmo que de eficácia limitada, exercerá, no mínimo, três efeitos, a saber:
Efeito revogador: as normas com ela incompatíveis serão revogadas, em juízo de não-recepção;
Efeito inibidor: impede a edição de normas cujo conteúdo material contrarie o disposto na norma constitucional;
Efeito interpretativo: a norma constitucional serve de parâmetro para a extração do conteúdo de outras normas.
Questão 16 – Considerando a cláusula de reserva de plenário e a jurisprudência dos tribunais superiores, responda aos seguintes quesitos: a. É necessário submeter a questão ao plenário quando a decisão judicial estiver fundada em jurisprudência do plenário do STF ou em súmula deste Tribunal? (40 %) b. A cláusula de reserva de plenário é aplicável aos textos normativos criados em data anterior a Constituição Federal de 1988? (60 %)
A cláusula de reserva de plenário, ou full bench, é uma norma de envergadura constitucional que impõe aos tribunais que apenas poderão declarar a inconstitucionalidade de lei pela maioria absoluta de seus membros ou dos membros de seu órgão especial.
Em relação à referida cláusula, ela não é aplicável caso já haja manifestação pela constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei pelo plenário do STF ou em súmula deste Tribunal (ARE 914.045 RG).
Não fosse apenas isso, ela também não é aplicável aos textos pré-constitucionais, tendo em vista que não há juízo de nulidade da norma, mas, sim, de não-recepção.

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