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DESCRIÇÃO A contação de história como recurso pedagógico. A música, a narrativa e a dramaticidade no processo de formação. PROPÓSITO Fundamentar como a contação de história associada à música e à dramaticidade tem papel importante no desenvolvimento infantil. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever aspectos gerais relacionados à música na contação de histórias MÓDULO 2 Listar desdobramentos práticos para o uso da música no contexto da contação de histórias MÓDULO 3 Selecionar propostas lúdicas com integração de música e corpo para a promoção da interatividade na contação de histórias INTRODUÇÃO Contação de história parece brincadeira. E é! Atualmente, o campo da educação já não compreende mais como diferentes os espaços do aprender e do brincar. A formação passa pela construção ampla, em que se entende a construção do indivíduo de forma total, não compartimentada. Não existe o aluno, a criança no recreio e o filho; o ser é integral e, integralmente, devemos estar atentos a esta formação. Contar histórias são técnicas que podem ser levadas para grupos diversos, de múltiplas formas. Mudam- se as narrativas, mudam-se as escolhas, mas os objetivos são: construir um texto escrito ou oral que tenha um enredo, lógica, e que passe mensagens de forma objetiva. Muito se discute sobre o papel da contação de história no mundo contemporâneo, tão audiovisual, e este é o ponto. A criança está construindo imagens, possibilidades, formas e, por mais incríveis que sejam as produções audiovisuais, elas nos dão imagens prontas, onde quem lhes assiste é um mero espectador, um receptor passivo daquela mensagem. Já em uma contação de histórias com livros, a criança tem a possibilidade de ser mais imaginativa, participando ativamente do processo. Contudo, é nas contações de histórias via da oralidade que diversas competências fundamentais para as crianças são melhor estimuladas, como o pensamento abstrato e o estímulo à criatividade e à imaginação. Os meios audiovisuais prontos, ainda que sejam interessantes em certo sentido, não acionam, disponibilizam, desenvolvem esses tipos de competências fundamentais para as crianças. Mas será que este olhar está restrito? Não, a formação do leitor, do consumidor de cultura passa necessariamente pelos estímulos que conduzimos. Esses estímulos passam pela narrativa, sonoridade, dramaticidade e é isso que exploraremos neste tema. MÓDULO 1 Descrever aspectos gerais relacionados à música na contação de histórias INTRODUÇÃO Antes de falarmos sobre a questão da música na contação de história, precisamos refletir um pouco sobre o que é uma narrativa. Narrativa poderia ser definida como a arte de conectar ações em um determinado espaço e tempo, criando um enredo. É expor fatos que, interligados, contam uma história. São formas de se contar uma história: Fonte: fran_kie/Shutterstock. OS JORNAIS Fonte: nikkimeel/Shutterstock. AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS Fonte: Dean Drobot/Shutterstock. AS NOVELAS, OS CONTOS E OS ROMANCES Narrativas podem ser expressas através de múltiplas linguagens: Fonte: Merkushev Vasiliy/Shutterstock. PELA PALAVRA (LINGUAGEM VERBAL: ORAL E ESCRITA) Fonte: Song_about_summer/Shutterstock. PELA IMAGEM (LINGUAGEM VISUAL) Fonte: Fer Gregory/Shutterstock. PELA DRAMATICIDADE (LINGUAGEM TEATRAL) ETC. Em uma contação de histórias, essas diferentes linguagens podem e devem se transversalizar. A experiência de participar de uma narrativa ajuda as crianças a construírem suas próprias histórias, a criarem seus discursos e suas maneiras de se expressar. A criança está em processo de desenvolvimento, entendendo e decodificando as lógicas narrativas, e estas concatenações lineares são fundamentais para a formação do leitor, do sujeito que vivencia a experiência de imaginar, de criar, desenvolvendo a capacidade de concentração e o pensamento abstrato, entre outras funções. MÚSICA E MUSICALIDADE EM NARRATIVAS DIVERSAS A musicalidade na milenar arte de contar histórias remete a tempos imemoriais. O ritmo constante da palavra pura e simples ou uma história contada em versos rimados já é música acontecendo. Há quantos milhares de anos isso já acontece na humanidade, não é verdade? Highlight Fonte: Ollyy/Shutterstock. Cantos épicos de povos dos quatro cantos do mundo, de diversas épocas, contam suas histórias através de canções. Tambores, flautas, violões e uma infinitude de instrumentos com os sons mais variados estão presentes em diversas narrativas, em múltiplos contextos. Existem tantas possibilidades de que elementos musicais estejam inseridos nas histórias de todos os tipos, para qualquer tipo de público, que seria impossível listar todas elas. As canções são músicas com palavras. São, em sua maioria, histórias cantadas. Também poderíamos afirmar que toda canção tem sua história. Como ela surgiu? De que ideia? Pense em alguma canção que você goste muito. Que história ela conta? Sobre quem? O que acontece? Quem é o personagem principal? Comece a prestar um pouco de atenção às letras de música ao seu redor e você verificará que elas estão quase sempre contando alguma história, mesmo que essa narrativa não seja linear ou cronológica. Fonte: Wikipedia. Os nórdicos antigos, por exemplo, entoavam as histórias de suas culturas com canções rimadas e o acompanhamento rítmico de grandes tambores, além dos instrumentos de corda e flautas daquela região. Fonte: Gilles Paire/Shutterstock. Na África ocidental, em um passado não tão distante, os griots , mestres da palavra, detinham o poder de narrar as memórias ancestrais para a população daqueles territórios através de suas palavras, as quais, muitas vezes, eram cantadas. Os teatros, em várias partes do mundo, se enchem há séculos para ouvir as óperas e suas histórias contadas através da música. Atualmente, a popularização do teatro musical, em que a música é um elemento fundamental, também lota teatros e casas de espetáculos. Foi assim também no Teatro de Revista, que veio da Europa e encontrou campo fértil no Rio de Janeiro. TEATRO DE REVISTA Teatro de revista é um gênero teatral de gosto marcadamente popular que teve importância na história das artes cénicas, tanto no Brasil, como em Portugal, até meados do século XX, quando alcançou o seu auge. Fonte: Wikipedia. Fonte: Youtube. javascript:void(0) Highlight Highlight Fonte: O Teatro de Revista de Walter Pinto (1957) - Anúncio da peça "É de Xurupito!" / Youtube. Os filmes quase sempre nos contam alguma história. Você conseguiria imaginar o sucesso da indústria do cinema sem música? Provavelmente, não. A música é um elemento vital em diversos tipos de linguagens que contêm alguma história. Em múltiplas culturas, nos tempos recentes ou antigos, a música está presente. No teatro, no cinema, seja com canções ou apenas instrumentais. A música é uma linguagem que potencializa diversos tipos de formas narrativas. Fonte: HQuality/Shutterstock. Como pensar em Rei Leão sem a canção na entrada do filme, que ilustra com rara beleza o ciclo da vida nas savanas africanas. Ou como pensar na clássica franquia de Star Wars sem a música tema? E nos clássicos E o vento levou , ou O mágico de Oz ? Para quem conhece bem esses filmes, parece que a música na nossa cabeça vem antes do que o próprio filme. Em Toy Story, Amigo estou aqui é cantada inteira por inúmeras crianças. A música e o cinema têm uma relação tão intrínseca que poderíamos passar horas brincando de “Qual é a música?”, apenas com melodias de temas de filmes. MUSICALIDADE E EXPRESSÃO Vamos pensar um pouco na relação entre a atividade narrativa e a musicalidade. Qual seria essa relação? javascript:void(0); A música pode incitar emoções, reforçar ideias e ações, imagens e, associada ao enredo, construir um significado mais abrangente para a história contada. Você já assistiu um filme sem o som… e depois com a trilha... Imagine Hitchcock em Psicose sem aquela música. Fonte: Wikipedia.Relembre a trilha dessa produção: A música expressa, dá sentido, oferece imersão. Na música, podemos expressar tristeza, alegria, tensão, relaxamento. Para além da música, os sons da vida, do cotidiano na cidade, da natureza recheiam de sentidos as percepções do mundo a nossa volta. As crianças estão no início de sua jornada; descobrindo os sons, elas também descobrem o mundo. Fonte: Tithi Luadthong/Shutterstock. Fonte: Randy Miramontez/Shutterstock Vamos pensar em você como adulto(a). Uma história bem contada consegue sensibilizá-lo, uma boa narrativa, bem feita, não precisa de imagem pronta, apenas a fluidez da palavra leva sua mente a imaginar cenários, lugares, pessoas e até cheiros. O Stand up comedy é um ótimo exemplo disso. Teatros se enchem para ouvir, na grande maioria dos casos, uma única pessoa no palco com apenas um microfone na mão, e a narrativa desse comediante envolve todo o espaço. Fonte: Iakov Filimonov/Shutterstock No caso das crianças, as contações de histórias enriquecem a imaginação, expandem o vocabulário, estimulam percepções sobre si e sobre o mundo ao redor. Associe a isso inserções musicais e uma simples contação de história que pode se transformar em um pequeno espetáculo. Uma história bem contada para uma criança capta sua atenção para inúmeros gatilhos e relações que aguçam a curiosidade e o desejo natural de se atentar para a narrativa, em outras palavras, ajuda a “prender a atenção”. Capacidade de concentração não é uma habilidade inata, e sim uma habilidade que deve ser aprendida, estimulada. A música, nesse sentido, é poderosa, pois ajuda a fixar a atenção, cria possibilidades, oferecendo uma gama de sentidos e percepções das crianças em relação às narrativas. MUSICALIDADE NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS PARA CRIANÇAS Depois de observarmos a importância da música em diversas formas de linguagem, concluímos que não poderia ser diferente com o universo da contação de histórias para crianças. Podemos afirmar que a música é um elemento agregador, muito potente em qualquer contexto, seja nos espaços escolares ou não escolares. Fonte: Jorm S/Shutterstock. Se você canta ou toca algum instrumento, mesmo que seja em um nível básico, você já tem muitas possibilidades de enriquecer musicalmente suas contações de histórias. Mas se eu não canto nem toco nenhum instrumento, como posso fazer música quando vou contar uma história? Está aí o segredo! Não precisamos rebuscar muito para fazer com que a musicalidade na história aconteça. Provavelmente, você produz musicalidade o tempo todo, mas não sabe, ou não percebe. EXEMPLO Assobios podem criar uma bela imagem musical dentro de uma narrativa. Palmas, batuques no corpo, canções, fundos musicais, onomatopeias sonoras, batidas de pés no chão, chocalhos de caixas de fósforos, batidas de garfo no prato, batucar no chão, ou apenas tamborilar os dedos na mesa. As possibilidades são infinitas e sua criatividade é o limite. Viu como as variações e possibilidades sonoras são realmente infinitas? E o melhor, você não precisa ser músico, nem ter uma prática musical profissional para garantir que a música ou a musicalidade aconteça dentro de suas narrativas. Um tambor remete ao bater dos corações, como bem lembrado pelo compositor alagoano Djavan, em sua música Cair em si : “Às vezes parece um tambor/mas não é tambor nem nada é o coração”. Há quem diga que o surdo (instrumento de percussão de som grave) é o coração do samba. Experimente você mesmo: pegue um tambor e bata duas vezes, dê uma pausa e bata outra vez da mesma forma, com duas batidas, uma pausa, duas batidas. Faça isso sucessivas vezes simulando o ritmo do coração. TUM TUM...TUM TUM...TUM TUM… Fonte: Dizfoto/Shutterstock. Não tem um tambor? Não tem problema. Utilize as palmas das mãos na parte alta do peito. Perceba que, mesmo crianças, desde a creche, conseguiriam fazer. Algo simples e muito funcional. Que tal simularmos o som de uma porta? A voz com a onomatopeia TOC TOC pode se transformar em alguém a batendo, ou um simples NHÉÉÉ pode ser o som de um portão enferrujado se abrindo em diversos tipos de história, como a de um esconderijo secreto. O som POF pode ser a batida de uma porta violenta pelo vento ou porque a personagem está correndo e tentando se esconder. Enfim, as possibilidades de criação são infinitas e quanto mais você exercita, mais a criatividade é aflorada. O importante é não se criticar, ou querer buscar a perfeição sonora. Apenas faça o som e acredite no que está representando. Pronto, a mágica está feita! Faça suas experiências. Não existe erro e acerto, mas, sim, experimentação e criatividade. Teste, refine, crie, proponha às crianças. Certamente, surgirão ideias maravilhosas da cabeça dos pequenos. Até aqui, vimos que as experiências sonoras podem ser consideradas experiências de vida. Recheie suas contações de histórias de sonoridades, encontre as suas maneiras de criar possibilidades de participação das crianças, e estas experiências serão de mútuo aprendizado. SAIBA MAIS No ponto em que estamos, é importante ressaltar que, na vida real, os diversos tipos de linguagens são transversais entre si. No campo teórico, podemos até dissecar, analisar, compartimentar conhecimentos e criar categorias como linguagem musical, linguagem escrita, linguagem visual, linguagem falada, linguagem não verbal, linguagem teatral etc. No entanto, na realidade, em um contexto de contação de histórias, essas linguagens se misturam, se complementam e se fortalecem, dando potência e força às nossas narrativas, impulsionando-as. Você acha que uma criança, ao ouvir uma história, está preocupada nessa discussão sobre linguagem? Óbvio que não! Mas, ao ser transversalizada por estas diferentes formas, ela entra na brincadeira e, quanto mais linguagens estiverem inseridas neste contexto, mais profunda e marcante pode ser sua experiência naquele momento. IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS PARA CRIANÇAS Já vimos que a música é um elemento fundamental em diversos tipos de narrativas e que não é necessário que você seja músico, saiba cantar ou tocar muito bem nenhum instrumento para fazer com que suas contações de histórias estejam repletas de musicalidade. Fonte: Art Furnace/Shutterstock. Agora, vamos refletir um pouco sobre a importância da música na contação de histórias. Já podemos concluir que a música é um elemento que fortalece a narrativa e que tem a capacidade de potencializar contações de histórias em contextos diversos, escolares e não escolares. Ao contar uma história, uma simples canção, cantada à capela (Apenas com a voz) ou acompanhada de um instrumento produzindo sons bem simples, já pode se tornar uma ferramenta poderosa, reforçando a memorização e o entendimento sobre aquela narrativa. Para ilustrar o que estamos falando, ao longo deste tema, vamos apresentar alguns relatos pessoais do personagem que vamos chamar de Professor Ralphen. Trata-se de um professor de música e contador de histórias com experiência na Educação Infantil e Ensino Fundamental I e que, com seus causos, tende a contribuir para o nosso ensino-aprendizagem de contação de histórias. Certa vez, o Professor Ralphen foi convidado a contar histórias para a Educação Infantil, em uma semana cultural de um famoso colégio da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. A narrativa aconteceu em uma salinha simples, local que usou apenas o violão e sua palavra. Não havia fantoches, ilustrações, nenhum elemento a mais. Apenas o professor e o violão. Havia em torno de 20 crianças e a tarde foi tão divertida que, no ano seguinte, foi convidado novamente. Fonte: GogaTao/Shutterstock. Assim que as crianças o viram, duas ou três disseram: Fonte: Tetyana Kaganska/Shutterstock. As crianças só o tinham visto uma vez, por meia hora e um ano antes. Nesse dia, o Professor Ralphen tinha contado às crianças uma história que criou e que, geralmente, utiliza em suas aulas e apresentações. A históriachama-se O canto mágico . Nesta história, alguns pássaros da floresta são aprisionados em gaiolas invisíveis e o Curió, um pássaro de belo canto, precisa aprender um canto mágico, que só a velha coruja sabe. Esse canto funciona como uma espécie de palavras mágicas, que têm o poder de libertar os passarinhos. Essas palavras são inventadas e fora de contexto não fazem sentido algum: “Alaubatá, Alaubatê, Alaubatá, Alaubatê”. Isso, e apenas isso. No entanto, foi só o professor começar a cantar a música que eles cantaram junto. Eles lembravam de tudo, mesmo um ano depois. Os alunos deviam ter 4 ou 5 anos no primeiro encontro; e 5 ou 6 no encontro seguinte. Esta é uma prova de que uma música, por mais simples que seja, potencializa a narrativa, fortalecendo as memórias e, consequentemente, a apropriação daquela narrativa por parte das crianças. Acredite, a música é um elemento que pode exponencializar a profundidade de suas narrativas. Assista ao vídeo “Musicalidade e contação de histórias” VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. UM DOS ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA É A NARRATIVA. A PRESENÇA DE UMA LÓGICA NARRATIVA BEM ESTRUTURADA NO INTERIOR DE UMA HISTÓRIA, É FUNDAMENTAL PARA A FORMAÇÃO DO LEITOR. ACERCA DA NARRATIVA E SUA IMPORTÂNCIA PARA A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA, PODEMOS AFIRMAR: UM DOS OBJETIVOS DE UMA BOA NARRATIVA É CRIAR ENREDO PARA A HISTÓRIA, SUA CAPACIDADE DE ARTICULAR E CONECTAR AÇÕES. EMBORA PRESENTE NÃO SOMENTE NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA, A NARRATIVA NÃO EXERCE A MESMA FUNÇÃO EM OUTROS RECURSOS, COMO O JORNAL, JÁ QUE NÃO PODE SER CONSIDERADO UMA FORMA DE CONTAR HISTÓRIA. EMBORA A NARRATIVA POSSA SER EXPRESSAR ATRAVÉS DE MÚLTIPLAS LINGUAGENS, NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA, É FUNDAMENTAL QUE APENAS UMA DESSAS LINGUAGENS SEJA PRIVILEGIADA A CADA VEZ. A) Somente II é verdadeira. B) Somente I é verdadeira. C) I e II são verdadeiras. D) II e III são verdadeiras. 2. SABEMOS QUE A RELAÇÃO ENTRE A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA E A MÚSICA NÃO É NOVIDADE. ISSO PORQUE A MUSICALIDADE PARECE FAZER PARTE DO COTIDIANO DE TODOS NÓS, AO LONGO DE TODA NOSSA VIDA, ARTICULANDO-SE ATRAVÉS DE VÁRIAS LINGUAGENS NARRATIVAS. NÃO SERIA DIFERENTE NA ARTE DE CONTAR HISTÓRIA. SOBRE A IMPORTÂNCIA DA MUSICALIDADE NESSE CONTEXTO, PODEMOS AFIRMAR: PARA QUE POSSAMOS AFIRMAR ESSA IMPORTÂNCIA, É NECESSÁRIO QUE A NARRATIVA PRESENTE NA MÚSICA SEJA LINEAR E CRONOLÓGICA, FACILITANDO A COMPREENSÃO. PODEMOS RELACIONAR HISTÓRIA E MÚSICA SEM GRANDES DIFICULDADES, PORQUE A MAIORIA DAS MÚSICAS CONTAM UMA HISTÓRIA, AO MESMO TEMPO QUE ELAS POSSUEM SUA PRÓPRIA HISTÓRIA ACERCA DO PROCESSO COMO FORAM CRIADAS. A EXPERIÊNCIA DE UTILIZAÇÃO DA MÚSICA EM NARRATIVAS DE HISTÓRIAS É NÃO SOMENTE MILENAR, COMO TAMBÉM MULTICONTINENTAL. É POSSÍVEL ENCONTRAR TAIS EXPERIÊNCIAS DESDE OS POVOS NÓRDICOS À ÁFRICA. A) Somente II é verdadeira. B) Somente I é verdadeira. C) I e II são verdadeiras. D) II e III são verdadeiras. GABARITO 1. Um dos elementos fundamentais para a contação de história é a narrativa. A presença de uma lógica narrativa bem estruturada no interior de uma história, é fundamental para a formação do leitor. Acerca da narrativa e sua importância para a contação de história, podemos afirmar: Um dos objetivos de uma boa narrativa é criar enredo para a história, sua capacidade de articular e conectar ações. Embora presente não somente na contação de história, a narrativa não exerce a mesma função em outros recursos, como o jornal, já que não pode ser considerado uma forma de contar história. Embora a narrativa possa ser expressar através de múltiplas linguagens, na contação de história, é fundamental que apenas uma dessas linguagens seja privilegiada a cada vez. A alternativa "B " está correta. De fato, a criação de um enredo, a capacidade de entrelaçar fatos dentro de uma história, é o papel essencial da narrativa, daí sua importância não somente na contação de história, mas também em romance, contos e até jornal. É também sua característica ser expressa através de múltiplas linguagens, as quais devem ser exploradas, através da transversalidade, também na contação de histórias. 2. Sabemos que a relação entre a Contação de História e a música não é novidade. Isso porque a musicalidade parece fazer parte do cotidiano de todos nós, ao longo de toda nossa vida, articulando-se através de várias linguagens narrativas. Não seria diferente na arte de contar história. Sobre a importância da musicalidade nesse contexto, podemos afirmar: Para que possamos afirmar essa importância, é necessário que a narrativa presente na música seja linear e cronológica, facilitando a compreensão. Podemos relacionar história e música sem grandes dificuldades, porque a maioria das músicas contam uma história, ao mesmo tempo que elas possuem sua própria história acerca do processo como foram criadas. A experiência de utilização da música em narrativas de histórias é não somente milenar, como também multicontinental. É possível encontrar tais experiências desde os povos nórdicos à África. A alternativa "D " está correta. Uma forma de relacionar a musicalidade com as narrativas histórias é perceber que essa relação acontece há milhares de anos e em todos os continentes onde encontramos presença humana. Outra forma é exatamente observar a particularidade de uma música, na fundamentação histórica de sua criação; no relato da história que, geralmente, ela apresenta. Nesse sentido, destaca-se que, mesmo quando a narrativa não se apresenta de forma linear ou cronológica – o que é muito comum na música –, essa relação não é quebrada ou diminuída. MÓDULO 2 Listar desdobramentos práticos para o uso da música no contexto da contação de histórias INTRODUÇÃO Já vimos no módulo anterior a importância das inserções musicais dentro das narrativas de diversas culturas, em produções teatrais, cinematográficas, ou nas contações de histórias para crianças em contextos escolares e não escolares. Portanto, neste módulo, iremos listar desdobramentos práticos de possíveis presenças da música na contação de histórias. O objetivo é exemplificar, de forma didática, inserções musicais que você poderá usar em seu contexto. Foram escolhidos alguns eixos considerados importantes, pensando em como você pode criar suas próprias ideias a partir das provocações trazidas. A ideia é que você consiga, a partir destas categorias que estão sendo sistematizadas, elaborar suas próprias inserções musicais em uma história que você contará posteriormente. Em outras palavras, as atividades descritas neste módulo não servem para que você as copie exatamente, e sim são provocações cujo objetivo é servir de base para que você se torne um (re)criador de possibilidades. É importante que, ao longo das suas experiências, você encontre sua maneira de musicalizar as narrativas, de modo a potencializar seus enredos, mesmo que não seja musicista. Vamos a alguns desdobramentos práticos nestes eixos: Fundo musical Efeitos sonoros Canção de entrada Canção na contação de história Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal FUNDO MUSICAL Fonte: Ramona Kaulitzki/Shutterstock. Será que conseguiríamos imaginar uma contação de história sem música em um contexto escolar ou não escolar? Talvez, sim. Muitas vezes, ao ler um livro para crianças, ou ao contar uma história oralmente, muito pouco de musicalidade seja explorado. Porém, um singelo fundo musical, que crie um simples ambiente sonoro para a narrativa, pode construir um terreno mais fértil para que a viagem aconteça, a imaginação floresça e a história seja fixada na mente de quem ouve, de forma a proporcionar uma experiência mais profunda e significativa. Fonte: Mimma Key/Shutterstock. Esse fundo musical pode ser: Uma longa música que toque durante toda a história. Apenas em trechos específicos. EXEMPLO Escolha um bom livro infantil ou uma história que você possa contar sem precisar lere pensar em uma música que poderia servir de fundo musical. Essa música pode ser uma canção, ou mesmo uma música instrumental. Coloque essa música no seu celular ou em outro dispositivo, de preferência acoplada à uma caixinha de som, mas bem baixinho para não atrapalhar o entendimento da narrativa, e experimente contar essa história para um grupo de crianças. Obviamente, você precisa ouvir esta música com calma antes de experimentar, a fim de testificar se ela realmente agregará valor à sua narrativa. Fonte: Maciej Es/Shutterstock. Você pode também escolher uma trilha sonora para alguma parte específica de uma história. Vamos pensar na história A bela adormecida . Enquanto a personagem estiver dormindo, escolha algum trecho de uma música instrumental e coloque esse trecho sempre que, dentro da narrativa, ela estiver adormecida. Essa simples ação irá conectar a música com a imagem, seja essa história contada oralmente ou na leitura de um livro, aprofundando a experiência. Com recursos tecnológicos que hoje são de fácil acesso, não é difícil pensar em formas de inserções musicais e ter esse colorido nas suas contações de histórias. Se você estiver com poucas crianças, uma simples caixa de som, já pode ajudá-lo muito. Você ainda pode pedir ajuda às crianças para dar início ou fim à música. Percebemos então que um fundo musical já é suficiente para promover a interatividade, colorindo o ambiente da imaginação e aguçando o interesse dos pequenos naquele momento. DICA É interessante que você faça uma pesquisa para criar o seu banco de sonoridades. Existem diversos sites gratuitos que possuem bancos de músicas e sons dos mais variados tipos para download , respeitando os direitos autorais. Com uma simples pesquisa, você encontrará algo adequado. Com a prática, você se tornará um/a narrador/a cada vez melhor. Encontre sua maneira, crie suas possibilidades! Ao longo de suas próprias experiências, você vai começar a criar um repertório que será usado em muitas histórias. EFEITOS SONOROS O que são efeitos sonoros ou efeitos musicais? Poderíamos defini-los como inserções sonoras que criam ilustrações, que representam, através de algum tipo de som, alguma ação. Esses efeitos podem ser reproduzidos pelos mesmos recursos tecnológicos que citamos anteriormente. No entanto, digamos que você não queira lidar com tecnologia eletrônica nenhuma para realizar inserções musicais em sua narrativa. Se você canta e/ou toca qualquer instrumento, isso é um grande ponto a seu favor. Use isso! Lembrando que, mesmo sem saber cantar ou tocar, existem muitas outras formas de enriquecer musicalmente suas histórias com efeitos sonoros, utilizando apenas a voz. Como? Com onomatopeias! Onomatopeia é uma figura de linguagem que representa com fonemas os sons naturais, aumentando a expressividade do discurso. Você já deve ter visto muitas delas nas revistas em quadrinhos. Fonte: durantelallera/Shutterstock. Onomatopeias representam sons fáceis de serem reproduzidas pela voz humana. Vamos então listar algumas possibilidades de sonoplastias em contações de histórias: SOM DE BATIDA NA PORTA Pode ser feito com a voz, com a onomatopeia TOC TOC, ou similar. Pode ser feita batendo com a mão na madeira de alguma cadeira, no chão, em um violão. Pode ser feita por quem está narrando a história e/ou por quem estiver assistindo a contação. Você pode propor que as crianças batam na porta individualmente, uma a uma, ou combinar de todos baterem na porta juntos, basta sincronizar os movimentos. Por exemplo, ao narrar uma parte da história Cachinhos Dourados: “A casa estava fechada e a Cachinhos Dourados precisava saber se havia alguém naquela casa, então, ela bateu à porta. Vamos bater à porta também para ver se tem alguém lá dentro? Vamos lá! 1, 2, 3 e … (bata com a mão no ar e diga TOC TOC TOC)”. Com certeza, a maioria das crianças irão bater também, copiando o seu movimento. Repita a operação. Ou desdobre: “Vamos lá! 1, 2, 3 e … (bata com a mão no chão). Provavelmente, as crianças também farão. Lembre-se de que, quanto mais participativa for a sua contação de histórias, mais potente ela será. SOM DE CAMPAINHA Muito fácil. Cante as sílabas DIM DÔÔM, ou BLIM BLÔÔM. Por exemplo: “O lobo mau, quando chegou na casa da vovozinha, tocou a campainha e BLIM BLÔÔM. E aí, galera, vamos fazer também? Vamos lá! 1, 2, 3 e …”. Proponha às crianças que elas também façam o som da campainha. Você pode tentar fazer com todos ou escolher algumas crianças que queiram participar. Também pode propor que elas inventem suas próprias campainhas. É sempre importante não forçar essas participações. Dependendo do contexto, pode ser que ninguém queira participar e você deva seguir a narrativa para não perder a fluidez. SOM DE VENTO Proponha que todos façam ao mesmo tempo: FÚÚIIIÚÚÚ. Por exemplo: “O vento estava tão forte que todas as folhas do campo voavam. Vamos ver quem sabe fazer o som de vento!”. Assim, proponha a participação. SOM DE CHUVA Proponha que todos batam palmas bem leves, com a mão toda ou com apenas dois dedinhos e falem “SHIIII” (bem baixinho). SOM DE PASSOS Basta bater palmas no chão ou pedir para que alguém ande batendo os pés um pouco mais forte que o normal. SONS DE ANIMAIS Nesse ponto, existem muitas possibilidades. Som de pato, som de porco, som de sapo, som de passarinho. Cada história irá trazer suas próprias sonoridades. Tente observar que sons você pode extrair de cada narrativa. É mais simples do que parece! Basta fluir a imaginação e, principalmente, ouvir outros contadores de histórias em ação. Ouvir contadores de histórias profissionais lhe dará muitas ideias. CANÇÃO DE ENTRADA Ter uma canção de entrada funciona como uma preparação, um prenúncio de que algo irá acontecer. Essa música, de preferência interativa, funciona como uma carta coringa que poderá ser usada em diversas ocasiões. Observe os seguintes versos: Tombei, tombei, tombei, tombá A história já vai começar Ô raia o sol suspende a lua Tem uma história no meio da rua Em um contexto escolar ou não escolar, quando a música entrar, a mensagem já estará dada: uma história vai começar! Outra brincadeira legal é convidar as crianças a chamarem a história. Conte 1, 2, 3 e ... HISTÓRIA!!! Agora, bem baixinho. 1, 2, 3 e … história! Então, comece sua narrativa. Se precisar, repita, até que sinta que o ambiente se harmonizou o suficiente para que você possa começar. DICA Ter esses tipos de entrada podem ser um grande incentivo à recepção das crianças para ouvir e participar da narrativa. CANÇÃO NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA Já vimos que canções são, em boa parte, histórias cantadas. Assim, o uso das canções nas contações de história tem infinitas possibilidades. Elas podem contar parte da história, sendo cantadas pelo próprio narrador ou por algum personagem; ou ainda, apenas ilustrar alguma parte da história, dando apoio ao enredo. Fonte: youngturxx/Shutterstock. ANTES DE EXEMPLIFICARMOS ALGUMAS CANÇÕES DENTRO DE HISTÓRIAS INFANTIS, VOCÊ CONHECE A ANTOLÓGICA COLEÇÃO DISQUINHO? SIM NÃO SIM Que bom! Você encontra facilmente esse conteúdo no Youtube, ou em outras plataformas digitais e aplicativos de música. Essa coleção é um verdadeiro baú de ouro recheado de histórias, podendo e devendo ser explorado por quem quer se aventurar neste mundo das narrativas. Lançada pela gravadora Continental na década de 1960, conta com orquestrações e canções de sonoridades riquíssimas. NÃO Se não conhece, corra e faça um bom dever de casa. Você encontra facilmente esse conteúdo no Youtube, ou em outras plataformas digitais e aplicativos de música. Essa coleção é um verdadeiro baú de ouro recheado de histórias, podendo e devendo ser explorado por quem quer se aventurar neste mundo das narrativas. Lançada pela gravadora Continental na década de 1960, conta com orquestrações e canções de sonoridades riquíssimas. javascript:void(0) javascript:void(0) Highlight Fonte: Wikipedia. Radamés Gnatalli em 1924 Na Coleção Disquinho, a parte instrumental ficou a cargo, em maior parte, de um grande arranjador, chamado Radamés Gnatalli, personagem importante da música brasileira do século 20. Nessas histórias, existem timbres sonoros ricos em sonoridades não muito exploradas atualmente. Só a parte instrumental já é uma excelente experiência para um bom ouvinte. Fonte: Wikipedia. João de Barro (Braguinha, 1945) As canções trazem ritmo e fluência a esta obra. A maioria delas é de autoria de Braguinha, também conhecido como João de Barro, um dos maiores compositores brasileiros. A importância deste compositor para a música popular brasileira é ímpar, sua obra é vasta e muito conhecida. Provavelmente, você conhece algumas de suas composições, mesmo sem saber. “Pela estrada afora eu vou bem sozinha/Levar esses doces para a vovozinha”. Sim, a música da Chapeuzinho Vermelho foi feita por ele. Várias outras marchinhas de carnaval também são de sua autoria, como: Pirata da Perna de Pau, As Pastorinhas, Turma do Funil , e diversas outras. A letra de Carinhoso , música de Pixinguinha, que já teve mais de cem versões gravadas, também é dele. Sobre a questão de se cantar nas histórias, veja que interessante este trecho da coleção, da história Tiradentes, que fala sobre a Inconfidência Mineira. A narradora diz: COMO TODOS VOCÊS SABEM, DESCOBERTO POR CABRAL, O BRASIL FOI MUITO TEMPO DOMÍNIO DE PORTUGAL. MAS SEMPRE ESTEVE PRESENTE NO CORAÇÃO BRASILEIRO A IDEIA DE LIBERDADE. E PELO BRASIL INTEIRO HOUVE MUITAS TENTATIVAS PELA NOSSA INDEPENDÊNCIA. A MAIOR VEIO DE MINAS E CHAMOU-SE INCONFIDÊNCIA, MAS É MELHOR CANTAR A HISTÓRIA DA INCONFIDÊNCIA MINEIRA, PORQUE QUEM APRENDE CANTANDO NÃO ESQUECE A VIDA INTEIRA. Todas essas informações asseguram a importância dos produtores desta coleção e reforçam a ideia de que você deve fazer uma pesquisa nestas histórias, buscando aquelas que interessam, apropriando-se das narrativas, se possível, de algumas canções também e, ao longo do tempo, replicando essas pérolas no seu contexto de contação de histórias. CANÇÃO NARRATIVA Na figura do narrador, temos a voz que conta a história, que narra os fatos. Voltemos à Coleção Disquinho. Na história chamada O macaco e a velha, o narrador já inicia a história cantando: Highlight Uma velha muito velha Chamada Firinfinfelha Tinha um lindo bananal No fundo do seu quintal Mas a coitada da velha Poucas bananas comia Pois o macaco Simão Roubava todas que havia Entra a velha cantando (pegando um pouco o papel do narrador): Macaco Simão Macaco Ladrão Macaco Simão Macaco Ladrão Ouça a canção com voz e violão: O narrador segue o enredo cantando a mesma melodia, que ganha várias letras diferentes. Praticamente toda a história é feita através dessas canções, que, com o mesmo desenho melódico, costura toda a narrativa. Contudo, essa função narrativa não precisa ser feita apenas pelo narrador. Outras vezes, é algum personagem quem canta alguma canção e se torna narrador por alguns instantes, como no caso da velha. Vamos a outro exemplo da Coleção Disquinho. Na história A festa no céu , o sapo quer ir à festa, mas, como ela acontece no céu, só vai bicho que voa. O sapo, encasquetado por querer ir à tal festa, já desanimado por não ter asas para voar, vislumbra o urubu cantando com seu violão: Vai haver festa no céu Vou levar meu violão Mas só vai bicho que voa Don doron don don don A festança vai ser boa Vai ter canjica e quentão Mas só vai bicho que voa Don doron don don don Então, o sapo tem a ideia de ir à festa no céu escondido dentro do violão do urubu, e assim, toda a trama se desenvolve. Ouça um trecho da canção com voz e violão: CANÇÃO ILUSTRATIVA Além dessas canções que interagem com o papel do narrador, também podemos ter uma outra função: mais ilustrativa, que sirva para reforçar algo ou oferecer um complemento à narrativa. Normalmente, essa função ilustrativa não fala sobre ações ou fatos que não aconteceram anteriormente; não traz novidades ao enredo, mas, sim, reforça ou ilustra algum evento da narrativa. Exemplo 1: Fonte: Lightspring/Shutterstock. Na história O canto mágico , citada no módulo 1, a canção que dizia “Alaubatá Alaubatê” não narra nada, não se encerra em si mesma. Essa canção ilustra um dos momentos mais importantes da história, em que este canto mágico liberta os passarinhos de uma gaiola, mas que, fora do contexto, não faz sentido algum. Exemplo 2: O CANTO MÁGICO Nesta história, alguns pássaros da floresta são aprisionados em gaiolas invisíveis e o Curió, um pássaro de belo canto, precisa aprender um canto mágico, que só a velha coruja sabe. Na história, esse canto funciona como uma espécie de palavras mágicas, que têm o poder de libertar os passarinhos. Essas palavras são inventadas e fora de contexto não fazem sentido algum: “Alaubatá, Alaubatê, Alaubatá, Alaubatê”. Isso, e apenas isso. Fonte: magic pictures/Shutterstock. Vamos a outro exemplo de uma canção ilustrativa, em que suponhamos que se inicie a narrativa da seguinte forma: Numa floresta, havia uma fruta diferente de todas as outras. Para comer essa fruta, era necessário saber o nome dela. Se alguém dissesse o nome errado a fruta até cairia, mas viraria pedra. Os animais da floresta já estavam desanimados de tanto tentar. javascript:void(0) Nenhuma espécie se lembrava mais do nome daquela antiga fruta. Dizia-se que a fruta era boa de comer porque dava vontade de viver... E então, são cantados os versos: Era uma fruta boa de comer Porque dava vontade de viver! Qual será o sabor daquela fruta Diferente disso tudo que todo mundo comeu? Era uma fruta boa de comer Porque dava vontade de viver! Essa canção não traz nenhuma nova informação à narrativa, apenas reforça o que se considerou importante a ser grifado musicalmente. A informação de que a fruta dava vontade de viver foi reforçada e, assim, será possível retornar nessa informação quando a trama estiver se desenvolvendo. CRIAÇÃO DE ENREDO A PARTIR DE CANÇÕES DA MPB Uma outra ideia muito interessante é escolher alguma música do vasto repertório brasileiro, atentando- se àquelas que poderiam ter diálogo com o universo infantil e criar histórias a partir dessas canções. Por exemplo, a partir da música Maracangalha , do nosso mestre cancioneiro baiano Dorival Caymmi, o Professor Ralphen criou uma narrativa. Vamos percorrer o seu caminho, a partir de cada verso da canção. Fonte: Vladimir Sukhachev/Shutterstock. A primeira parte da letra é a seguinte: Eu vou pra Maracangalha eu vou (1º verso) Eu vou de liforme branco eu vou (2º verso) Eu vou de chapéu de palha eu vou (3º verso) Eu vou convidar a Anália eu vou (4º verso) Como, geralmente, crianças adoram festas, o Professor Ralphen pensou, a partir do primeiro verso, no seguinte roteiro: Alguns bichos de uma imaginária floresta convidaram um macaco chamado Nabuco (poderia ser qualquer nome) para ir a uma festa chamada Festa da Maracangalha, mas eles só cantavam o primeiro verso da música, repetidamente: “Eu vou pra Maracangalha eu vou, eu vou pra Maracangalha eu vou!”. O macaco aceitou o convite, colocou seu liforme branco e acrescentou mais um verso à música (o segundo). E foi cantando: Eu vou pra Maracangalha eu vou (1º verso) Eu vou de liforme branco eu vou (2º verso) Seguiu seu caminho com o liforme branco, o chapéu de palha, e foi encontrar com sua amiga Anália, para lhe convidar a ir à festa também. Acrescentou o último verso (o quarto) e assim, fechamos o enredo da primeira parte da música. Dessa maneira, ele seguiu cantando a primeira estrofe, agora completa: Eu vou pra Maracangalha eu vou (1º verso) Eu vou de liforme branco eu vou (2º verso) Eu vou de chapéu de palha eu vou (3º verso) Eu vou convidar a Anália eu vou (4º verso) Na segunda estrofe, a letra é: Se a Anália não quiser ir eu vou só Eu vou só, eu vou só Para fechar o enredo, ProfessorRalphen deu uma personalidade rabugenta à Anália que, ao ser convidada por Nabuco para ir a tal Festa da Maracangalha, rejeita o convite. Então, o macaco disse: “Ah é? Se você não quiser ir comigo, eu vou sozinho”. E saiu cantando: Se a Anália não quiser ir eu vou só Eu vou só, eu vou só Assim, finalizamos a estrutura da história. Descrevemos o resumo, o esqueleto da história, o que chamamos (na linguagem dos contadores de histórias) de cavalo primário, isto é, a narrativa mais crua, o enredo mais simples possível. No entanto, várias janelas poderiam se abrir, as quais chamamos de cavalo secundário. São abas que se abrem para expandir a experiência e, dependendo do contexto, são dispensáveis. Caso você esteja em uma situação que precise acabar logo a história, por exemplo, caiu um copo d’água no chão e todas as crianças se dispersaram, então, você deve finalizar a história, tocar o cavalo primário para frente e esquecer o cavalo secundário (as janelas). Vamos observar alguns exemplos de janelas para esta história: EXEMPLO No diálogo do Nabuco com os bichos que podem tocar instrumentos diversos, você poderia mostrar o som desses instrumentos mesmo sem saber tocá-los. Use o Youtube, pesquise antes, deixe preparado. Na hora, você pode dizer: “O elefante tocava acordeon, vamos ouvir o som desse instrumento?” E dê o play . No diálogo do macaco consigo mesmo, o seu liforme branco poderia estar perdido, por exemplo, e ele precisaria procurá-lo. No encontro do Nabuco com o seu amigo que lhe dá o chapéu, na narrativa do Professor, escolheu-se um elefante chamado “Tom”. Ele empresta seu chapéu para o Nabuco porque está com dor de barriga, soltando um “pum” atrás do outro e não pode ir à festa. As crianças quase sempre morrem de rir. No diálogo com a Anália, ela pode dizer que não vai nessa festa porque estará muito calor e os bichos ficarão muito suados. Em uma resolução desse conflito, poderia ocorrer o arrependimento, o que faria ir correndo pedir desculpas. Proponha às crianças que interpretem algum personagem, que ajudem a construir essas janelas, use e abuse da viagem natural que elas fazem quando envoltas de uma boa narrativa, mas não perca o cavalo primário, que, em outras palavras, é o “fio da meada”, a narrativa principal, por assim dizer. Fonte: Sergey Nivens/Shutterstock. Com um roteiro simples, você consegue brincar e ainda levar parte da música popular brasileira para o coração das crianças e de suas famílias, pois elas levam essas histórias para casa e recontam à sua maneira. Lembram que, no módulo passado, falamos sobre a experiência? É aqui que ela se potencializa, quando a criança se apropria dessa narrativa e a replica do seu jeito. Assim, ela aprende a (re)construir outras narrativas sobre suas próprias histórias. Uma outra canção que já tem uma história pronta é O Rouxinol , de Gilberto Gil. Nessa música, o compositor baiano nos conta: Joguei no céu o meu anzol Pra pescar o sol Mas tudo que eu pesquei foi um rouxinol Levei-o para casa Tratei da sua asa E ele ficou bom Fez até um som Ling ling ling ling leng leng leng Depois foi embora na boca da aurora Pássaro de seda com cheiro de jasmim Se você recitar essa letra acrescentando algumas janelas e, depois colocar a música para as crianças ouvirem, a magia já estará feita. O Professor Ralphen nos conta que ele a utiliza muito em seu cotidiano, enquanto professor de música e contador de histórias. Poderíamos, inclusive, dar outros exemplos de histórias a partir de canções, mas é preferível propor uma fórmula para que você mesmo possa criar suas narrativas. Criar uma história funciona como uma espécie de redação em que temos: Introdução Desenvolvimento Conclusão Essa é a estrutura básica de qualquer texto. Eis a fórmula: Escolha uma canção e pegue um papel, um lápis e uma borracha. Tente criar um enredo simples a partir da letra. Crie o seu cavalo primário, a história bruta e, a partir disso, veja quais janelas poderiam se abrir nessa história. Acrescente o que pode ser secundário, o que não é crucial no esqueleto da história, algo dispensável ao enredo, mas que agregue valor à sua narrativa e sincronize os eventos e ações dos personagens com o decorrer da música. Seja um pesquisador, desafie-se. Anote as ideias por tópicos e conte da sua maneira. Das primeiras vezes, parece difícil, mas, depois de um pouco de prática, você terá esse repertório decorado e não precisará mais de papel. Cabe dizer também que sempre vale a pena investir em conhecimentos musicais. Aprender cantar e tocar algum instrumento musical ajudará muito no seu contexto de contação de histórias. CANÇÃO PARA EDUCAÇÃO ÉTNICO-RACIAL NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS Hoje em dia, no campo da Educação, muito se discute sobre educação étnico-racial. O QUE VOCÊ ENTENDE POR EDUCAÇÃO ÉTNICO- RACIAL? RESPOSTA Educação étnico-racial é educar para a diversidade étnica. Visibilizar, respeitar e valorizar as diversas culturas do nosso planeta. No Brasil, principalmente, destacar e valorizar as raízes africanas e indígenas de nossa cultura. Normalmente, estudamos muito sobre cultura europeia, mas muito pouco sobre cultura afro-brasileira e indígena, ainda que, segundo o IBGE, mais de 50% da população do Brasil seja negra, e que as raízes culturais indígenas e africanas sejam parte da espinha dorsal da nossa cultura. Nossos currículos de formação vêm, em grande parte, de pensadores europeus, brancos e quase sempre homens. javascript:void(0) Fonte: celio messias silva/Shutterstock. Fonte: RUBEN M RAMOS/Shutterstock. Consequentemente, as histórias contadas às crianças, entendidas como “clássicas”, são de origem europeia, sempre de personagens brancos, prioritariamente, loiros. Pense nas histórias de princesas, elas são todas brancas. Você acha que não havia princesas na África? Por que não conhecemos suas histórias? Nesse aspecto, temos uma questão muito séria e cruel. As meninas negras e os meninos negros, em suma, todos os não brancos, não se sentem representados/as por essas princesas e príncipes. As referências nas histórias infantis representam um padrão de beleza europeizado. Fonte: HQuality/Shutterstock. Portanto, contar histórias de raízes africanas e indígenas, em que os heróis não são europeus, é uma maneira de lutar contra o apagamento proposital das culturas indígenas e africanas, e reforçar as identidades culturais diversas no nosso país. Esse processo faz-se tão necessário que virou lei. As leis 10.639/03 e 11.645/06 trazem a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena nos estabelecimentos de educação. Agora que já abordamos o que é educação étnico-racial, vamos ao nosso foco aqui: a música. Já vimos o quanto a música pode ser poderosa quando associada às narrativas. Se uma história vem da Europa, traz consigo sua sonoridade, suas músicas e canções. Se contamos histórias de outras origens, podemos trazer sonoridades muito diferentes das que estamos acostumados a ouvir. DICA Busque histórias, contos, lendas africanas e indígenas, bem como outras sonoridades, canções. Você fomentará a riqueza cultural, a quebra de padrões estéticos e culturais, e ajudará a fortalecer a nossa identidade como povo brasileiro. Obviamente, isso vale também para histórias da China, do Japão, da Índia, ou de qualquer outro lugar do mundo. Assista ao vídeo “Exemplos de músicas nas narrativas infantis” VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. QUANDO FALAMOS EM ESTUDOS DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NA PERSPECTIVA DE DESDOBRAMENTOS, POUCO SE PERCEBE OS EFEITOS IMPORTANTES NESTES PROCESSOS. VEJA AS AFIRMATIVAS ABAIXO: A FORMAÇÃO DE LEITORES, UMA VEZ QUE TEM UM PROCESSO DE ASSOCIAR A LEITURA A ALGO PRAZEROSO. A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES E FORTALECIMENTO DE UMA SOCIEDADE QUE ROMPA COM AS PERSPECTIVAS DE VIOLÊNCIA ÉTNICO- RACIAL. AMPLIAÇÃO DO VOCABULÁRIO E CONHECIMENTO DE CONJUNTOS CULTURAIS BRASILEIROS. VALORIZAÇÃO DO SENTIMENTO NACIONALISTAE DO COMPROMISSO COM A PÁTRIA PELAS CRIANÇAS. ESTÃO CORRETAS AS AFIRMATIVAS. A) I, II e III B) I, III e IV C) II, III e IV D) I, II e IV 2. QUANDO TRATAMOS A MUSICALIDADE PARA A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA, OBSERVAMOS OS SEGUINTES ASPECTOS. FUNDO MUSICAL EFEITOS SONOROS CANÇÃO VOCAL LETRA DA HISTÓRIA ESTÃO CORRETAS AS AFIRMATIVAS. A) Somente I e II B) Somente I e III C) Somente II e III D) Somente II e IV GABARITO 1. Quando falamos em estudos de contação de história na perspectiva de desdobramentos, pouco se percebe os efeitos importantes nestes processos. Veja as afirmativas abaixo: A formação de leitores, uma vez que tem um processo de associar a leitura a algo prazeroso. A construção de identidades e fortalecimento de uma sociedade que rompa com as perspectivas de violência étnico-racial. Ampliação do vocabulário e conhecimento de conjuntos culturais brasileiros. Valorização do sentimento nacionalista e do compromisso com a pátria pelas crianças. Estão corretas as afirmativas. A alternativa "A " está correta. A quarta alternativa está equivocada, pois o fomento é cultural, e não político. O objetivo é fortalecer a identidade, e não um compromisso que ainda não tem sentido nesta fase da vida. 2. Quando tratamos a musicalidade para a contação de história, observamos os seguintes aspectos. Fundo musical Efeitos sonoros Canção vocal Letra da história Estão corretas as afirmativas. A alternativa "A " está correta. O módulo fala sobre o assunto como um todo, mas, esquematicamente, os principais aspectos são a canção, a contação, o fundo e os efeitos. Cada um tem um peso e um processo, porém canção vocal é uma técnica, e não é o momento para tratar de letra da história. MÓDULO 3 Selecionar propostas lúdicas com integração de música e corpo para a promoção da interatividade na contação de histórias EDUCANDO OS NOSSOS OUVIDOS Fonte: Atlantis Images/Shutterstock. Como vimos, logo no início do primeiro módulo, a brincadeira e o aprendizado caminham juntos. A ideia de termos crianças comportadas, sentadas, enfileiradas, silenciosas, que ficam ouvindo o mestre também é uma ideia do passado. A criança tem sede de viver, de se mexer, de se relacionar com o próprio corpo. Hoje, em uma sala de aula e, principalmente, em espaços alternativos de educação, precisamos dar às crianças a oportunidade de se mexer, de brincar, de pular etc. Você pode estar se perguntando se isso não viraria uma bagunça. Obviamente, a bagunça generalizada não é foco em nenhum espaço educacional. A anarquia total é, inclusive, perigosa para a integridade das crianças, porque elas podem se machucar. O foco aqui é chamar a atenção para o fato de que a corporeidade pode e deve ser usada na relação ensino-aprendizagem. E você deve orquestrar e coordenar essas experiências. Criança tem voz e o exercício fundamental é aprendermos a ouvi-la, valorizar, aprender com ela. Quando uma criança se mexe, quando uma criança canta, chora, grita, temos mensagens que mediamos, ouvimos e não coagimos. Fonte: Asier Romero/Shutterstock. Já observamos o uso do corpo como instrumento de percussão e o quanto a voz pode ser poderosa nas sonorizações dos enredos. Além disso, é muito interessante dar vazão ao movimento, de forma a respeitar a faixa etária e as possibilidades de cada fase do desenvolvimento infantil. Estar atento a essas fases, sabendo o que esperar de cada idade, auxiliará muito na maneira de conduzir cada narrativa. Cada leitura, cada proposição, cada canção deve estar alinhada com essa observação. Assim, você saberá também quais os movimentos mais adequados para propor em cada contexto. Uma mesma história pode ganhar diversas roupagens, modificando-se em cada contexto. COMO PODEMOS UTILIZAR ESSE CORPO NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS? Na videoaula, essa pergunta será melhor respondida, através de som e imagem. Por enquanto, veremos alguns exemplos com alguns pequenos toques conceituais. ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E MOVIMENTO Quando começarmos a trazer a corporeidade para as contações de história, devemos estar atentos à linha dinâmica que se pretende aplicar. Nosso personagem, Professor Ralphen, nos conta que, em sua atividade docente, ao contar uma história, normalmente depois de ter feito a dinâmica com a “canção de entrada”, inicia a narrativa buscando pouca interação do corpo para apresentar o enredo. Quando percebe que as crianças estão atentas à narrativa, começa a buscar interações diretas ao longo da história e deixa os movimentos corpóreos mais expansivos para o final. Isso porque, se as crianças se dispersarem, a história já estará finalizada ou, ao menos, finalizando. Essa é uma das estratégias que desenvolveu em suas contações de histórias, em que garante que as crianças aprendam informações e participem do que está propondo. No entanto, esta é a forma do Professor de criar e contar história; já você pode e deve criar as suas próprias linhas dinâmicas. Nosso personagem nos conta ainda que há situações em que prefere começar bem expansivo, brincar de pular, dançar e só depois inicia a dinâmica para contar histórias (no caso de perceber que as crianças estejam precisando de movimento antes de conseguirem se concentrar para uma história). Em certos momentos, as crianças precisam extravasar primeiro. DICA Cada situação é específica, por isso é interessante que você tenha dinâmicas variadas para saber lidar com cada momento e assim, aplicar aquela que melhor se enquadrar em cada contexto. Para começar a trazer algumas ideias, primeiro, é importante pensar em como as crianças estarão organizadas. Vamos pensar, inicialmente, em uma roda, em uma história contada apenas oralmente, sem o apoio do livro (com livros, essa disposição espacial não é tão interessante, pois nem todos vão conseguir enxergar bem e isso vai gerar dispersão e, consequente, frustração em algumas crianças). Sentar em roda é uma maneira interessante de organizar o espaço para uma contação de histórias, porque, no círculo, todos têm a mesma visão e conseguem se olhar. Vamos então pensar no centro da roda como o espaço cênico, o “palco”, onde as representações e movimentações acontecem. Movimentos curtos podem ser feitos com cada criança em seu lugar na roda, movimentos mais expansivos podem ser feitos no centro da roda por uma criança ou por um grupo pequeno. Isso dependerá de suas propostas interativas. Outra organização do espaço que funciona muito bem, caso seja utilizado algum livro, é sentar-se de frente para as crianças, como se você estivesse em um palco, e elas na plateia. Se as crianças estiverem sentadas no chão, sente você em uma cadeira, para que o livro esteja no alto e todas consigam ver. Brinque com bilhetes e convites imaginários e vá distribuindo o lugar, pensando que todas as crianças possam ver o livro e que você tenha espaço ao seu redor para usar como espaço “palco”, onde as participações e os movimentos mais expansivo possam ser executados. Seguem exemplos de linhas dinâmicas integrando som e movimento em duas histórias e mais algumas ideias. Exemplo 1: O canto mágico (Essa história será gravada em vídeo e, separadamente, serão disponibilizados os áudios com as canções e cifras utilizadas) Voltemos à história O canto mágico , que vimos anteriormente. RELEMBRANDO O ENREDO As árvores da floresta estão sendo derrubadas e os passarinhos estão ficando sem casa e presos em uma misteriosa gaiola invisível. O gavião lembrou que a velha coruja sabe um canto mágico capaz de libertar os passarinhos. O Curió voa até a casa da coruja e aprende esse canto mágico, mas a coruja lhe diz que, para libertar os passarinhos, ele precisa da ajuda de uma espécie que anda em duas pernas, mas que ela não lembra o nome. Ele tenta a ajuda de alguns bichos bípedes, porém eles cantam muito mal e não poderiam ajudar. Até que, em dado momento, ele vê um grupo de crianças brincando e descobre que precisa da ajuda da espécie humana.As crianças cantam o canto mágico “Alaubatá, Alaubatê” e os passarinhos ficam livres dos grilhões invisíveis e saem voando. Vamos a um passo a passo do Professor Ralphen para acrescentar sons e corporeidade a essa narrativa: PASSO 01 PASSO 02 PASSO 03 PASSO 01 Inicia-se a dinâmica com a “canção de entrada”, com as crianças sentadas em roda. PASSO 02 Apresenta-se o roteiro inicial com uma trilha sonora bem ao fundo: “Os passarinhos estão ficando sem casas e presos numa gaiola invisível. As árvores estão sendo derrubadas”. Propõe-se uma onomatopeia simulando o som de uma motosserra. Da primeira vez, o Professor faz sozinho e diz que foi à casa do João de Barro. Da segunda e da terceira vez, busca a interação com as crianças, mas ainda sentadas na roda (diz o nome de outros passarinhos a cada que vez que uma árvore é derrubada). Desliga a música de fundo. PASSO 03 Continua-se a narrativa: “Os passarinhos que continuam na floresta entram em conferência, até que aparece o gavião”. Neste ponto da história, já é possível propor que uma criança faça o voo do gavião e que as crianças que permanecem na roda sejam passarinho com medo. Esse gavião pode ficar voando no meio da roda, enquanto o narrador diz as falas do gavião explicando que a velha coruja sabe um canto mágico que poderia libertar os passarinhos. Faremos uma pausa nesse passo a passo para falar sobre uma técnica muito interessante: o jogral. O que seria isso? JOGRAL Jogral é uma brincadeira musical de repetição. Por exemplo, se você já viu um coletivo de soldados correndo, já viu um jogral. O comandante da situação puxa um canto: “O soldado no quartel!” E então, todos repetem juntos: “O soldado no quartel!” E assim, segue. Você poderia fazer o gavião falando: “Olá, passarinhos!” E a criança que estiver fazendo o gavião precisa repetir: “Olá, passarinhos!” E você fala: “Hoje, vocês não precisam ter medo de mim”. E a criança repete, e assim, até o fim da participação do gavião na história. Quando a criança voltar para o seu lugar, proponha palmas. Isso incentivará outras crianças a participarem. Lembre-se de nunca perder o cavalo primário, de não perder o “fio da meada”. Se alguma proposta não funcionar, por qualquer motivo que seja, passe uma borracha rápida na situação e retome o trilho da narrativa principal. Você é o condutor, não perca isso de vista. Highlight Após a pausa para explicar o jogral como ferramenta importante para a contação, já podemos continuar no nosso passo a passo: PASSO 04 PASSO 05 PASSO 06 PASSO 07 PASSO 08 PASSO 09 PASSO 04 O Curió se apresenta, diz que canta muito bem e se propõe a ir à casa da velha coruja. Neste ponto da história, é interessante cantar ou dou play em alguma canção sobre passarinho. Escolha a que quiser, você pode parar um pouco a narrativa e ensinar a música com calma. Faça um jogral com os versos da letra da canção, se for curta. Normalmente, funciona. PASSO 05 O Curió chega à casa da velha coruja. Aqui, você pode fazer as interações com onomatopeias de bater na porta ou campainha. Você também pode fazer os personagens ou pedir ajuda para as crianças. Alguma criança pode ser o Curió ou a coruja. Explore o diálogo. PASSO 06 Depois disso, a coruja ensina o canto mágico: “Alaubatá, Alaubatê”. O canto é fácil. Depois de ter cantado duas ou três vezes, as crianças já terão decorado e você pode pedir para que cantem contigo ou com o áudio. PASSO 07 Para finalizar essa parte: a coruja diz ao Curió que uma espécie animal que anda em duas pernas precisa ajudá-lo a cantar, senão a magia não acontece e os passarinhos continuarão presos na tal gaiola invisível. Mas, ela não lembra o nome dessa espécie e o Curió precisará descobrir. PASSO 08 Agora, você pode promover o encontro do Curió com várias espécies diferentes. O Professor Ralphen relata que, geralmente, usa um macaco e uma canguru fêmea. Brinca de adivinhar com as crianças, com charadas ou mímicas (encontre sua maneira). Neste ponto, você pode explorar quantas janelas quiser, depende de cada situação. O essencial é que estes animais não consigam ajudar o Curió porque cantam mal. No vídeo, você verá como o Professor faz e entenderá melhor. Esses animais podem ser feitos por você ou por crianças, devendo sempre utilizar o centro da roda como espaço “palco”. PASSO 09 Depois o Curió, voando à procura de ajuda, vê uma criança brincando e se dá conta de que aquela espécie (humana) pode ajudá-lo. Nessa parte, o contador pergunta às crianças se elas sabem andar em duas pernas (aos poucos, incentiva-as a se levantarem). Quando as crianças estão de pé, propõe que elas cantem o canto mágico para libertar os passarinhos e olha para o alto, para uma gaiola invisível imaginária (se você acreditar, elas acreditarão também e verão a tal gaiola). Elas cantam e libertam os passarinhos. Ralphen pergunta quem sabe voar como passarinhos e todo mundo sai correndo. Essa linha dinâmica foi ascendente. As participações, aos poucos, foram crescendo até que a história termina em uma grande festa, com os passarinhos voando (as crianças). Em uma narrativa, misturamos: trilha sonora, onomatopeias, canções, jograis, dramaticidade, interação etc. Unimos momentos de concentração e interação, momentos de diversão, momentos de corporeidade mais contida e outros de corporeidade mais expansiva. Exemplo 2: A festa no céu Propondo uma outra linha dinâmica, vamos pensar na história A festa no céu , que em nosso folclore, apresenta dezenas de versões. O Professor Ralphen conta que conheceu essa história por tradição oral, através de um amigo, antes de conhecer a versão da Coleção Disquinho. Depois disso, lembrou-se de que tinha muitas semelhanças e que tinha acrescido outros detalhes. Atualmente, tem sua própria versão, que foi sendo criada ao longo dos anos. Mas, basicamente, o cavalo primário, o texto básico ao nosso passo a passo, seria o mesmo: ENREDO FESTA NO CÉU “Um pássaro chama todos os pássaros para a maravilhosa Festa no céu, uma festa junina, mas essa festa era só para bichos que voam. O sapo, chateado por não ter asas para voar, quer ir à festa. Quando ele avista o violão do urubu, esconde-se no instrumento, pensando em pegar carona escondido. O sapo chega na festa e se diverte, ouve música e come. Todos os pássaros reparam nesse fato estranho de ter um sapo na Festa no céu. Quando a festa está acabando, ele se esconde novamente no violão do urubu. Como o sapo tinha comido demais, Glutão, que era o urubu, estranhou o peso do violão e descobriu o segredo. O urubu, injuriado, jogou o sapo lá de cima e ele se espatifou no chão. São João, o dono da festa, ficou com pena do sapo e o costurou todinho, e as festas juninas passaram a ser feitas no chão, para que todos pudessem participar”. Vamos supor desta vez que você está em uma sala de aula e irá usar um livro como apoio. É importante frisar que não é tão interessante você simplesmente ler o livro com as palavras escritas nele, repare que a linguagem escrita é muito diferente da linguagem que usaria se fosse contar os mesmos fatos com suas próprias palavras. Então, propõe-se que você crie uma mescla entre ler algumas partes do livro integralmente e, em outras partes, conte com suas próprias palavras. Isso trará mais dinâmica a sua narrativa. Ou ainda, decore o enredo e só use o livro para mostrar as ilustrações. De preferência, organize o espaço como “palco” e “plateia”, com você de frente para as crianças, lembrando de tentar organizar de modo que tenha um espaço mínimo ao seu redor para usar nas interações. Dito isso, vamos a um passo a passo mais generalista: PASSO 01 PASSO 02 PASSO 03 PASSO 04 PASSO 05 PASSO 06 PASSO 07 PASSO 08 PASSO 01 Suponha que você reparou que as crianças estão muito agitadas e precisam extravasar. Logo, escolha uma música bem animada para cantar ou dar o play. Você pode propor uma brincadeira de estátua. Quando a música parar todos param junto com a música; ou outra brincadeira que use o corpo, aque você preferir. Faça um combinado: quando a brincadeira acabar, todos precisam se sentar. A partir daí, organize o espaço na disposição “palco x plateia”. PASSO 02 Inicie sua canção ou dinâmica de entrada. PASSO 03 Inicie a narrativa buscando momentos para pequenas interações, por exemplo: o som do coaxar do sapo com seus filhinhos sapinhos. Alguma criança pode se levantar e fazer um sapo ao seu lado, de frente para as outras crianças. PASSO 04 Se você tiver um violão, use. Deixe que as crianças experimentem o som do instrumento do urubu. PASSO 05 Você pode colocar uma música para o urubu e propor que uma criança faça o personagem, voando pelo espaço livre. PASSO 06 Quando o sapo conseguir chegar na festa, você pode ter um chocalho feito de garrafa pet com sementes, e o chocalho ir passando de mão em mão, para que as crianças experimentem a sonoridade. “A festa estava animada e o chocalho não parava de tocar!” Repare que você não precisa, necessariamente, saber tocar os instrumentos e, ainda assim, os sons acontecerão. Deixe com a espontaneidade das crianças, mas, se puder, estude música, isso o ajudará bastante. PASSO 07 Na parte da festa, você pode propor danças em duplas ou trios, até que todas as crianças que queiram participar tenham dançado. Se você não quiser mais usar música eletrônica e não souber tocar nenhum instrumento, bata palmas, só isso é suficiente para as crianças dançarem. Pode ser que nem precise de som. PASSO 08 É possível propor também um grande baile, em que todos dancem ao mesmo tempo, lembrando de combinar que, quando a música acabar, todo mundo precisa voltar para o seu lugar. Se você chegar até essa parte da história tendo feito algumas das dinâmicas descritas acima, já estará de bom tamanho. Você poderá correr com seu cavalo primário e fechar a narrativa, com todas as crianças sentadas. Depois de encerrado o enredo, proponha uma dança livre. As crianças vão adorar! Mais algumas ideias Pensemos em uma história de rei (existem várias), na qual o monarca precisa fazer um discurso. Algo que pode conectar o som e o movimento é o som das cornetas que anunciarão o pronunciamento. Então, você pode narrar: “O rei reuniu todo o povo para dizer qual seria o desafio necessário para ganhar a prova”. Você pode fazer um movimento, simulando o tocar de uma corneta imaginária, usando ambas as mãos (veremos melhor em videoaula) e daí contar 1, 2, 3 e ... PAM PAM RAM PAM PAM. Faça isso duas ou três vezes. Algo que pode ser feito por todas as crianças de uma só vez. Outra brincadeira interessante é, por exemplo, criar uma história que tivesse algum jabuti (muitas histórias têm esse animal como herói). Na hora que apresentar o personagem, pergunte quem sabe imitar o andar de um jabuti. Assim, com movimentos calmos, cante uma música lenta ou coloque alguma música nesse ritmo em seu dispositivo eletrônico. As crianças, provavelmente, engatinharão e farão movimentos como o de um jabuti, o que é ótimo para que não vire uma grande bagunça e você consiga retornar para a história. Crianças de 2 anos já fazem esse movimento, portanto, é uma brincadeira que até o segundo ano ainda funciona bem. Pense bem em cada movimento que irá propor. Perceba que se você propuser um movimento, para todo o grupo, de um animal como um leão e colocar um rock bem pesado, pode ser que a narrativa não volte mais para o trilho e você perca seu cavalo primário. Nesse ponto, é bom lembrar que é importante que sua narrativa tenha uma linha, uma dinâmica e que, a partir do enredo que você queira contar, você tenha que organizar os movimentos de participação e interatividade, e os momentos de pura audição, onde as crianças vão apenas ouvir (o que também é muito importante). Se você quiser propor um movimento mais agitado no início ou no meio da narrativa, talvez seja mais interessante fazer individualmente do que com todo o grupo. Escolha alguma criança ou pergunte quem gostaria de fazer/interpretar tal personagem. Não é nenhuma regra, é apenas para facilitar a dinâmica. Você, melhor do que ninguém, conhecerá bem o grupo com o qual trabalha. Assim, integrando música e movimentos do corpo, espontâneos ou coordenados, vai dando vazão à necessidade de movimento que as crianças têm por natureza, sem perder o foco na educação, e sem perder o “fio da meada” da narrativa. Pense em alguns movimentos que simulem bichos e use em diferentes histórias. Por exemplo, na história da Maracangalha , descrita no módulo anterior, na parte em que o macaco encontra o elefante, quase sempre se simula com o braço uma tromba e o som que eles emitem. Pergunta-se: “Quem sabe fazer uma tromba de elefante com o braço?” Naturalmente, a maioria também fará. Da mesma forma, poderia ser feito com o pular e coaxar dos sapos, fazer borboletas com as mãos, enfim, são muitas possibilidades. Assista ao vídeo Música, Narrativas e Corporeidade” VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. QUANDO SELECIONAMOS CARACTERÍSTICAS E FORMULAÇÕES QUE RELACIONAM O MOVIMENTO E A VOZ TEMOS ALGUNS DESAFIOS. A) Estabelecer uma fórmula viável para garantir o sucesso na relação corpo e voz. B) Relacionar o discurso ao público, variando a estratégia conforme a demanda das crianças. C) Expor características formativas, pedagógicas, afinal o objetivo não é brincar. D) Apresentar de forma clara, fácil, pois o objetivo é a compreensão da narrativa. 2. A CONSTRUÇÃO DO TEXTO NA PRIMEIRA PESSOA VISA DEMONSTRAR AO ALUNO A SINGULARIDADE DA EXPERIÊNCIA E DA EXPERIMENTAÇÃO PRÁTICA. NESTA SELEÇÃO, EXISTE O DESTAQUE DE ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES AOS ALUNOS PARA A EFICIÊNCIA DA DRAMATICIDADE E MUSICALIDADE DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA. ABAIXO, MARQUE A RESPOSTA QUE OFERTA A CORRETA RELAÇÃO. A) Respeito à voz dos alunos. B) Aprender a tocar um instrumento. C) Separar momento da prática dramática, narrativa e musical. D) Conhecer o maior número de músicas para repetir o conteúdo. GABARITO 1. Quando selecionamos características e formulações que relacionam o movimento e a voz temos alguns desafios. A alternativa "B " está correta. A proposição prática do professor, que se torna narrador e personagem da construção do texto, deixa claro que a experiência é individual e as técnicas e possibilidades são fruto da relação entre a teoria e a prática, adequando-as à situação e ao público. 2. A construção do texto na primeira pessoa visa demonstrar ao aluno a singularidade da experiência e da experimentação prática. Nesta seleção, existe o destaque de alguns aspectos importantes aos alunos para a eficiência da dramaticidade e musicalidade da contação de história. Abaixo, marque a resposta que oferta a correta relação. A alternativa "A " está correta. Tendemos a imaginar que o domínio técnico, reconhecer formas narrativas, domínio de músicas e repertórios, ou tocar um instrumento, é o elemento mais importante para o sucesso da contação história como formação. Acontece que mais importante que este domínio é notar a recorrência da escuta ativa, o reconhecimento do outro. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Com ideias simples, você pode enriquecer suas contações de histórias de sons e sonoridades, interações, participações, com ou sem o uso de livros de apoio às suas narrativas. Mesmo sem saber cantar ou tocar um instrumento, o objetivo deste tema foi mostrar que, com ideias simples, você pode rechear suas contações de histórias com musicalidade e movimento. Espero que você tenha gostado dessa imersão nessa gama de possibilidades que o tema se propõe: a música na contação de histórias. Não se esqueça de que as videoaulas também trarão importantes partes do conteúdo aqui explorado. Lembre-se de que você pode e deve encontrar os seus caminhos. Planeje bem cada enredo, mesmo que você precise no momento de sua aula mudar todo o planejamento. Aos poucos, você criará um repertório de interações, trilhas, onomatopeias, dinâmicas, e isso poderá ser usado como “carta na manga” em qualquer tipo de contexto de contaçãode histórias, de palcos a salas de aula, além de perpassar também por outros espaços. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BREIDE, N. N. A. Valsas de Radamés Gnattali: um estudo histórico-estilístico. Porto Alegre: Tese de doutorado, PPG em. Música da UFRGS, 2006. NOROGRANDO, R.; BENETTI, A. Moda, música & sentimento. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2019. DE LIMA, A. P.; DA SILVA, S. N.; FALCÃO, S. Diversidade étnico-racial através da contação de histórias. Revista Eletrônica Mutações. v. 8, n. 14, p. 127-130, 2017. FRANCO, L. M. G. et al. Literatura: Contação de História com Ênfase na Cultura Afro-Brasileira. Revista Unila Extensão e Cidadania, v. 1, n. 1, p. 62-71, 2017. BERNAT, I. Encontros com o Griot Sotigui Kouyaté. 1. ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2013. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos explorados neste tema: Pesquise: O canal do Youtube “Fafá Conta”. A Fafá é uma ótima contadora de histórias e apresenta em seu trabalho muitas inserções sonoras, embora não cante nem toque nenhum instrumento. A edição é ótima, com um baú de histórias e diversas ideias para utilização. O canal do Youtube da contadora de histórias Bia Bedran, que, além de ser autora de algumas histórias, mescla maravilhosamente a arte de cantar, tocar e contar história. A incrível tradição dos “griots”, tanto a partir de vídeos no Youtube quanto no Google. Faça uma pesquisa rápida com os termos “artigos acadêmicos sobre griot” e aparecerão diversas opções. Leia sobre para enriquecer culturalmente. Artigos são ótimos para pesquisas, o texto, normalmente, é denso e rico em informações. Portanto, veja a bibliografia dos artigos que você se interessar e, em pouco tempo, já terá muito material para fazer uma pesquisa com embasamento acadêmico relevante. O documentário Sotigui Kouyaté, um griot no Brasil , feito na passagem desse grande artista e pensador pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). O tema também está registrado no livro Encontros com o griot Sotigui Kouyaté , de Bernat, 2013. Leia: O máximo possível. Se você deseja contar histórias, é bom investir em livros. Compre aos poucos livros de histórias infantis e vá montando seu acervo. Com o tempo, você acaba memorizando-as, o que ajudará ao contar histórias. Estude: Música, pois lhe dará a possibilidade de variar cada vez mais suas ideias de inserções sonoras. Qualquer instrumento que você aprenda a toca, mesmo em nível básico, já proporcionará muita autonomia. Não diga que “não tem o dom”, ou que “música é difícil”, isso não é verdade. Todos podem aprender; uns demoram mais, outros menos, mas, com uma boa orientação, todos podem aprender a tocar, a se desenvolver musicalmente, de forma a utilizar o aprendizado em seu contexto de contação de histórias. CONTEUDISTA Ralphen Rocca CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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