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Contação de História Tema 2

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15/05/2021 Contação de história: dramaticidade e música
estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4842223E234CBAF19DC5C27A057D5F6057FE99CD56DDA7A72624F561DE4B73C5CAB5CF340D36BEA423FC27AD938FFA8FFD7A0088653FA562… 1/45
DESCRIÇÃO
A contação de história como recurso pedagógico. A música, a narrativa e a dramaticidade no processo de
formação.
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PROPÓSITO
Fundamentar como a contação de história associada à música e à dramaticidade tem papel importante no
desenvolvimento infantil.
OBJETIVOS
Módulo 1
Descrever aspectos gerais
relacionados à música na
contação de histórias
Módulo 2
Listar desdobramentos práticos
para o uso da música no
contexto da contação de
histórias
Módulo 3
Selecionar propostas lúdicas
com integração de música e
corpo para a promoção da
interatividade na contação de
histórias
INTRODUÇÃO
Contação de história parece brincadeira. E é! Atualmente, o campo da educação já não compreende mais
como diferentes os espaços do aprender e do brincar. A formação passa pela construção ampla, em que
se entende a construção do indivíduo de forma total, não compartimentada. Não existe o aluno, a criança
no recreio e o �lho; o ser é integral e, integralmente, devemos estar atentos a esta formação.
Contar histórias são técnicas que podem ser levadas para grupos diversos, de múltiplas formas. Mudam-
se as narrativas, mudam-se as escolhas, mas os objetivos são: construir um texto escrito ou oral que
tenha um enredo, lógica, e que passe mensagens de forma objetiva.
Muito se discute sobre o papel da contação de história no mundo contemporâneo, tão audiovisual, e este é
o ponto. A criança está construindo imagens, possibilidades, formas e, por mais incríveis que sejam as
produções audiovisuais, elas nos dão imagens prontas, onde quem lhes assiste é um mero espectador, um
receptor passivo daquela mensagem. Já em uma contação de histórias com livros, a criança tem a
possibilidade de ser mais imaginativa, participando ativamente do processo. Contudo, é nas contações de
histórias via da oralidade que diversas competências fundamentais para as crianças são melhor
estimuladas, como o pensamento abstrato e o estímulo à criatividade e à imaginação. Os meios
audiovisuais prontos, ainda que sejam interessantes em certo sentido, não acionam, disponibilizam,
desenvolvem esses tipos de competências fundamentais para as crianças.
Mas será que este olhar está restrito?
Não, a formação do leitor, do consumidor de cultura passa necessariamente pelos estímulos que
conduzimos. Esses estímulos passam pela narrativa, sonoridade, dramaticidade e é isso que exploraremos
neste tema.
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MÓDULO 1
 Descrever aspectos gerais relacionados à música
na contação de histórias
INTRODUÇÃO
Antes de falarmos sobre a questão da música na contação de história, precisamos re�etir um pouco sobre o que é
uma narrativa. Narrativa poderia ser de�nida como a arte de conectar ações em um determinado espaço e tempo,
criando um enredo. É expor fatos que, interligados, contam uma história.
São formas de se contar uma história:
Os jornais As histórias em
quadrinhos
As novelas, os
contos e os
romances
Narrativas podem ser expressas através de múltiplas linguagens:
Pela palavra
(linguagem
verbal: oral e
escrita)
Pela imagem
(linguagem
visual)
Pela
dramaticidade
(linguagem
teatral) etc.
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A experiência de participar de uma narrativa ajuda as crianças a construírem suas próprias histórias, a criarem seus
discursos e suas maneiras de se expressar. A criança está em processo de desenvolvimento, entendendo e
decodi�cando as lógicas narrativas, e estas concatenações lineares são fundamentais para a formação do leitor, do
sujeito que vivencia a experiência de imaginar, de criar, desenvolvendo a capacidade de concentração e o pensamento
abstrato, entre outras funções.
Em uma contação de histórias, essas diferentes linguagens podem e devem se transversalizar.
MÚSICA E MUSICALIDADE EM NARRATIVAS DIVERSAS
A musicalidade na milenar arte de contar histórias remete a tempos imemoriais. O ritmo constante da palavra pura
e simples ou uma história contada em versos rimados já é música acontecendo. Há quantos milhares de anos
isso já acontece na humanidade, não é verdade?
Cantos épicos de povos dos quatro cantos do mundo, de diversas épocas, contam suas histórias através de
canções. Tambores, �autas, violões e uma in�nitude de instrumentos com os sons mais variados estão presentes
em diversas narrativas, em múltiplos contextos. Existem tantas possibilidades de que elementos musicais estejam
inseridos nas histórias de todos os tipos, para qualquer tipo de público, que seria impossível listar todas elas.
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As canções são músicas com palavras. São, em sua maioria, histórias cantadas.
Também poderíamos a�rmar que toda canção tem sua história. Como ela surgiu? De que ideia? Pense em alguma
canção que você goste muito. Que história ela conta? Sobre quem? O que acontece? Quem é o personagem
principal?
Comece a prestar um pouco de atenção às letras de música ao seu redor e você veri�cará que elas estão quase
sempre contando alguma história, mesmo que essa narrativa não seja linear ou cronológica.
Os nórdicos antigos, por exemplo, entoavam as histórias de
suas culturas com canções rimadas e o acompanhamento
rítmico de grandes tambores, além dos instrumentos de corda
e �autas daquela região.
Na África ocidental, em um passado não tão distante, os griots,
mestres da palavra, detinham o poder de narrar as memórias
ancestrais para a população daqueles territórios através de
suas palavras, as quais, muitas vezes, eram cantadas.
Os teatros, em várias partes do mundo, se enchem há séculos para ouvir as óperas e suas histórias contadas
através da música. Atualmente, a popularização do teatro musical, em que a música é um elemento fundamental,
também lota teatros e casas de espetáculos. Foi assim também no Teatro de Revista, que veio da Europa e
encontrou campo fértil no Rio de Janeiro.
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 Fonte: O Teatro de Revista de Walter Pinto (1957) - Anúncio da peça "É de Xurupito!" / Youtube.
Os �lmes quase sempre nos contam alguma história. Você conseguiria imaginar o sucesso da indústria do cinema
sem música? Provavelmente, não.
A música é um elemento vital em diversos tipos de linguagens que contêm alguma história. Em múltiplas culturas,
nos tempos recentes ou antigos, a música está presente. No teatro, no cinema, seja com canções ou apenas
instrumentais. A música é uma linguagem que potencializa diversos tipos de formas narrativas.
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Como pensar em Rei Leão sem a canção na entradado �lme, que ilustra com rara beleza o ciclo da vida nas
savanas africanas. Ou como pensar na clássica franquia de Star Wars sem a música tema? E nos clássicos E o
vento levou, ou O mágico de Oz?
Para quem conhece bem esses �lmes, parece que a música na nossa cabeça vem antes do que o próprio �lme.
Em Toy Story, Amigo estou aqui é cantada inteira por inúmeras crianças. A música e o cinema têm uma relação
tão intrínseca que poderíamos passar horas brincando de “Qual é a música?”, apenas com melodias de temas de
�lmes.
MUSICALIDADE E EXPRESSÃO
Vamos pensar um pouco na relação entre a atividade narrativa e a musicalidade. Qual seria essa relação?
A música pode incitar emoções, reforçar ideias e ações, imagens e, associada ao enredo, construir um signi�cado
mais abrangente para a história contada. Você já assistiu um �lme sem o som… e depois com a trilha... Imagine
Hitchcock em Psicose sem aquela música.
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Clique no ícone para ouvir o áudio.
Relembre a trilha dessa produção:

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A música expressa, dá sentido, oferece imersão. Na música, podemos expressar tristeza, alegria, tensão,
relaxamento. Para além da música, os sons da vida, do cotidiano na cidade, da natureza recheiam de sentidos as
percepções do mundo a nossa volta. As crianças estão no início de sua jornada; descobrindo os sons, elas
também descobrem o mundo.
Vamos pensar em você como adulto(a). Uma história bem
contada consegue sensibilizá-lo, uma boa narrativa, bem feita,
não precisa de imagem pronta, apenas a �uidez da palavra leva
sua mente a imaginar cenários, lugares, pessoas e até cheiros.
O Stand up comedy é um ótimo exemplo disso. Teatros se
enchem para ouvir, na grande maioria dos casos, uma única
pessoa no palco com apenas um microfone na mão, e a
narrativa desse comediante envolve todo o espaço.
No caso das crianças, as contações de histórias enriquecem a
imaginação, expandem o vocabulário, estimulam percepções
sobre si e sobre o mundo ao redor. Associe a isso inserções
musicais e uma simples contação de história que pode se
transformar em um pequeno espetáculo. Uma história bem
contada para uma criança capta sua atenção para inúmeros
gatilhos e relações que aguçam a curiosidade e o desejo
natural de se atentar para a narrativa, em outras palavras, ajuda
a “prender a atenção”. Capacidade de concentração não é uma
habilidade inata, e sim uma habilidade que deve ser aprendida,
estimulada.
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A música, nesse sentido, é poderosa, pois ajuda a �xar a atenção, cria possibilidades, oferecendo uma gama de
sentidos e percepções das crianças em relação às narrativas.
MUSICALIDADE NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS PARA
CRIANÇAS
Depois de observarmos a importância da música em diversas formas de linguagem, concluímos que não poderia
ser diferente com o universo da contação de histórias para crianças. Podemos a�rmar que a música é um
elemento agregador, muito potente em qualquer contexto, seja nos espaços escolares ou não escolares.
Se você canta ou toca algum instrumento, mesmo que seja em um nível básico, você já tem muitas possibilidades
de enriquecer musicalmente suas contações de histórias.
Mas se eu não canto nem toco nenhum instrumento, como posso fazer música quando vou contar uma história?
Está aí o segredo! Não precisamos rebuscar muito para fazer com que a musicalidade na história aconteça.
Provavelmente, você produz musicalidade o tempo todo, mas não sabe, ou não percebe.
Exemplo
Assobios podem criar uma bela imagem musical dentro de uma
narrativa. Palmas, batuques no corpo, canções, fundos musicais,
onomatopeias sonoras, batidas de pés no chão, chocalhos de caixas   
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de fósforos, batidas de garfo no prato, batucar no chão, ou apenas
tamborilar os dedos na mesa. As possibilidades são in�nitas e sua
criatividade é o limite.
Viu como as variações e possibilidades sonoras são realmente in�nitas? E o melhor, você não precisa ser músico,
nem ter uma prática musical pro�ssional para garantir que a música ou a musicalidade aconteça dentro de suas
narrativas.
Um tambor remete ao bater dos corações, como bem lembrado pelo compositor alagoano Djavan, em sua música
Cair em si: “Às vezes parece um tambor/mas não é tambor nem nada é o coração”. Há quem diga que o surdo
(instrumento de percussão de som grave) é o coração do samba.
Experimente você mesmo: pegue um tambor e bata duas vezes, dê uma pausa e bata outra vez da mesma forma,
com duas batidas, uma pausa, duas batidas. Faça isso sucessivas vezes simulando o ritmo do coração. TUM
TUM...TUM TUM...TUM TUM…
Não tem um tambor? Não tem problema. Utilize as palmas das mãos na parte alta do peito. Perceba que, mesmo
crianças, desde a creche, conseguiriam fazer. Algo simples e muito funcional.
Que tal simularmos o som de uma porta? A voz com a onomatopeia TOC TOC pode se transformar em alguém a
batendo, ou um simples NHÉÉÉ pode ser o som de um portão enferrujado se abrindo em diversos tipos de história,
como a de um esconderijo secreto. O som POF pode ser a batida de uma porta violenta pelo vento ou porque a
personagem está correndo e tentando se esconder.
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En�m, as possibilidades de criação são in�nitas e quanto mais você exercita, mais a criatividade é a�orada. O
importante é não se criticar, ou querer buscar a perfeição sonora. Apenas faça o som e acredite no que está
representando. Pronto, a mágica está feita!
Faça suas experiências. Não existe erro e acerto, mas, sim, experimentação e criatividade. Teste, re�ne, crie,
proponha às crianças. Certamente, surgirão ideias maravilhosas da cabeça dos pequenos.
Até aqui, vimos que as experiências sonoras podem ser consideradas experiências de vida. Recheie suas
contações de histórias de sonoridades, encontre as suas maneiras de criar possibilidades de participação das
crianças, e estas experiências serão de mútuo aprendizado.
Saiba mais
No ponto em que estamos, é importante ressaltar que, na vida real,
os diversos tipos de linguagens são transversais entre si. No campo
teórico, podemos até dissecar, analisar, compartimentar
conhecimentos e criar categorias como linguagem musical,
linguagem escrita, linguagem visual, linguagem falada, linguagem
não verbal, linguagem teatral etc. No entanto, na realidade, em um
contexto de contação de histórias, essas linguagens se misturam, se
complementam e se fortalecem, dando potência e força às nossas
narrativas, impulsionando-as.
Você acha que uma criança, ao ouvir uma história, está preocupada nessa discussão sobre linguagem? Óbvio que
não! Mas, ao ser transversalizada por estas diferentes formas, ela entra na brincadeira e, quanto mais linguagens
estiverem inseridas neste contexto, mais profunda e marcante pode ser sua experiência naquele momento.
IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
PARA CRIANÇAS
Já vimos que a música é um elemento fundamental em diversos tipos de narrativas e que não é necessárioque
você seja músico, saiba cantar ou tocar muito bem nenhum instrumento para fazer com que suas contações de
histórias estejam repletas de musicalidade.
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Agora, vamos re�etir um pouco sobre a importância da música na contação de histórias. Já podemos concluir que
a música é um elemento que fortalece a narrativa e que tem a capacidade de potencializar contações de histórias
em contextos diversos, escolares e não escolares.
Ao contar uma história, uma simples canção, cantada à capela ou acompanhada de um instrumento produzindo
sons bem simples, já pode se tornar uma ferramenta poderosa, reforçando a memorização e o entendimento
sobre aquela narrativa.
Para ilustrar o que estamos falando, ao longo deste tema, vamos apresentar alguns relatos pessoais do
personagem que vamos chamar de Professor Ralphen. Trata-se de um professor de música e contador de
histórias com experiência na Educação Infantil e Ensino Fundamental I e que, com seus causos, tende a contribuir
para o nosso ensino-aprendizagem de contação de histórias.
Certa vez, o Professor Ralphen foi convidado a contar histórias para a Educação Infantil, em uma semana cultural
de um famoso colégio da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. A narrativa aconteceu em uma salinha simples,
local que usou apenas o violão e sua palavra. Não havia fantoches, ilustrações, nenhum elemento a mais. Apenas
o professor e o violão. Havia em torno de 20 crianças e a tarde foi tão divertida que, no ano seguinte, foi convidado
novamente.
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Assim que as crianças o viram, duas ou três disseram:
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A gente lembra de você, tio! Você contou aquela história da coruja que ensinou o canto
mágico para o passarinho.
As crianças só o tinham visto uma vez, por meia hora e um ano antes. Nesse dia, o Professor Ralphen tinha
contado às crianças uma história que criou e que, geralmente, utiliza em suas aulas e apresentações. A história
chama-se O canto mágico.
Nesta história, alguns pássaros da �oresta são aprisionados em gaiolas invisíveis e o Curió, um pássaro de belo
canto, precisa aprender um canto mágico, que só a velha coruja sabe. Esse canto funciona como uma espécie de
palavras mágicas, que têm o poder de libertar os passarinhos. Essas palavras são inventadas e fora de contexto
não fazem sentido algum: “Alaubatá, Alaubatê, Alaubatá, Alaubatê”. Isso, e apenas isso.
No entanto, foi só o professor começar a cantar a música que eles cantaram junto. Eles lembravam de tudo,
mesmo um ano depois. Os alunos deviam ter 4 ou 5 anos no primeiro encontro; e 5 ou 6 no encontro seguinte.
Esta é uma prova de que uma música, por mais simples que seja, potencializa a narrativa, fortalecendo as
memórias e, consequentemente, a apropriação daquela narrativa por parte das crianças.
Acredite, a música é um elemento que pode exponencializar a profundidade de suas narrativas.
Assista ao vídeo “Musicalidade e contação de histórias”
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 VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. Um dos elementos fundamentais para a contação de história é a narrativa. A presença
de uma lógica narrativa bem estruturada no interior de uma história, é fundamental para a
formação do leitor. 
Acerca da narrativa e sua importância para a contação de história, podemos a�rmar: 
I. Um dos objetivos de uma boa narrativa é criar enredo para a história, sua capacidade de
articular e conectar ações.
II. Embora presente não somente na contação de história, a narrativa não exerce a mesma
função em outros recursos, como o jornal, já que não pode ser considerado uma forma
de contar história.
III. Embora a narrativa possa ser expressar através de múltiplas linguagens, na contação de
história, é fundamental que apenas uma dessas linguagens seja privilegiada a cada vez.
Responder
Somente II é verdadeira.A)
Somente I é verdadeira.B)
I e II são verdadeiras.C)
II e III são verdadeiras.D)
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2. Sabemos que a relação entre a Contação de História e a música não é novidade. Isso
porque a musicalidade parece fazer parte do cotidiano de todos nós, ao longo de toda
nossa vida, articulando-se através de várias linguagens narrativas. Não seria diferente na
arte de contar história. 
Sobre a importância da musicalidade nesse contexto, podemos a�rmar: 
I. Para que possamos a�rmar essa importância, é necessário que a narrativa presente na
música seja linear e cronológica, facilitando a compreensão.
II. Podemos relacionar história e música sem grandes di�culdades, porque a maioria das
músicas contam uma história, ao mesmo tempo que elas possuem sua própria história
acerca do processo como foram criadas.
III. A experiência de utilização da música em narrativas de histórias é não somente milenar,
como também multicontinental. É possível encontrar tais experiências desde os povos
nórdicos à África.
Responder
MÓDULO 2
 Listar desdobramentos práticos para o uso da
música no contexto da contação de histórias
Somente II é verdadeira.A)
Somente I é verdadeira.B)
I e II são verdadeiras.C)
II e III são verdadeiras.D)
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INTRODUÇÃO
Já vimos no módulo anterior a importância das inserções musicais dentro das narrativas de diversas culturas, em
produções teatrais, cinematográ�cas, ou nas contações de histórias para crianças em contextos escolares e não
escolares.
Portanto, neste módulo, iremos listar desdobramentos práticos de possíveis presenças da música na contação de
histórias. O objetivo é exempli�car, de forma didática, inserções musicais que você poderá usar em seu contexto.
Foram escolhidos alguns eixos considerados importantes, pensando em como você pode criar suas próprias
ideias a partir das provocações trazidas. A ideia é que você consiga, a partir destas categorias que estão sendo
sistematizadas, elaborar suas próprias inserções musicais em uma história que você contará posteriormente.
Em outras palavras, as atividades descritas neste módulo não servem para que você as copie exatamente, e sim
são provocações cujo objetivo é servir de base para que você se torne um (re)criador de possibilidades. É
importante que, ao longo das suas experiências, você encontre sua maneira de musicalizar as narrativas, de modo
a potencializar seus enredos, mesmo que não seja musicista.
Vamos a alguns desdobramentos práticos nestes eixos:
Fundo musical
Efeitos sonoros
Canção de entrada
Canção na contação de história
 
FUNDO MUSICAL
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Será que conseguiríamos imaginar uma contaçãode história sem música em um contexto escolar ou não
escolar?
Talvez, sim. Muitas vezes, ao ler um livro para crianças, ou ao contar uma história oralmente, muito pouco de
musicalidade seja explorado. Porém, um singelo fundo musical, que crie um simples ambiente sonoro para a
narrativa, pode construir um terreno mais fértil para que a viagem aconteça, a imaginação �oresça e a história seja
�xada na mente de quem ouve, de forma a proporcionar uma experiência mais profunda e signi�cativa.
Esse fundo musical pode ser:
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Uma longa música que toque durante toda a história.
Apenas em trechos especí�cos.
Exemplo
Escolha um bom livro infantil ou uma história que você possa contar
sem precisar ler e pensar em uma música que poderia servir de
fundo musical. Essa música pode ser uma canção, ou mesmo uma
música instrumental. Coloque essa música no seu celular ou em
outro dispositivo, de preferência acoplada à uma caixinha de som,
mas bem baixinho para não atrapalhar o entendimento da narrativa, e
experimente contar essa história para um grupo de crianças.
Obviamente, você precisa ouvir esta música com calma antes de
experimentar, a �m de testi�car se ela realmente agregará valor à sua
narrativa.
Você pode também escolher uma trilha sonora para alguma
parte especí�ca de uma história. Vamos pensar na história A
bela adormecida. Enquanto a personagem estiver dormindo,
escolha algum trecho de uma música instrumental e coloque
esse trecho sempre que, dentro da narrativa, ela estiver
adormecida. Essa simples ação irá conectar a música com a
imagem, seja essa história contada oralmente ou na leitura de
um livro, aprofundando a experiência.
Com recursos tecnológicos que hoje são de fácil acesso, não é difícil pensar em formas de inserções musicais e
ter esse colorido nas suas contações de histórias. Se você estiver com poucas crianças, uma simples caixa de
som, já pode ajudá-lo muito. Você ainda pode pedir ajuda às crianças para dar início ou �m à música.
Percebemos então que um fundo musical já é su�ciente para promover a interatividade, colorindo o ambiente da
imaginação e aguçando o interesse dos pequenos naquele momento.
Dica
É interessante que você faça uma pesquisa para criar o seu banco de
sonoridades. Existem diversos sites gratuitos que possuem bancos
de músicas e sons dos mais variados tipos para download,
respeitando os direitos autorais. Com uma simples pesquisa, você
encontrará algo adequado.
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Com a prática, você se tornará um/a narrador/a cada vez melhor. Encontre sua maneira, crie suas possibilidades!
Ao longo de suas próprias experiências, você vai começar a criar um repertório que será usado em muitas
histórias.
EFEITOS SONOROS
O que são efeitos sonoros ou efeitos musicais?
Poderíamos de�ni-los como inserções sonoras que criam ilustrações, que representam, através de algum tipo de
som, alguma ação. Esses efeitos podem ser reproduzidos pelos mesmos recursos tecnológicos que citamos
anteriormente.
No entanto, digamos que você não queira lidar com tecnologia eletrônica nenhuma para realizar inserções
musicais em sua narrativa. Se você canta e/ou toca qualquer instrumento, isso é um grande ponto a seu favor. Use
isso! Lembrando que, mesmo sem saber cantar ou tocar, existem muitas outras formas de enriquecer
musicalmente suas histórias com efeitos sonoros, utilizando apenas a voz.
Como? Com onomatopeias! Onomatopeia é uma �gura de linguagem que representa com fonemas os sons
naturais, aumentando a expressividade do discurso. Você já deve ter visto muitas delas nas revistas em
quadrinhos.
Onomatopeias representam sons fáceis de serem reproduzidas pela voz humana. Vamos então listar algumas
possibilidades de sonoplastias em contações de histórias:   
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Clique nas barras para ver as informações.
SOM DE BATIDA NA PORTA 
SOM DE CAMPAINHA 
SOM DE VENTO 
SOM DE CHUVA 
SOM DE PASSOS 
SONS DE ANIMAIS 
CANÇÃO DE ENTRADA
Ter uma canção de entrada funciona como uma preparação, um prenúncio de que algo irá acontecer. Essa música,
de preferência interativa, funciona como uma carta coringa que poderá ser usada em diversas ocasiões. Observe
os seguintes versos:
Tombei, tombei, tombei, tombá
A história já vai começar
Ô raia o sol suspende a lua
Tem uma história no meio da rua
Em um contexto escolar ou não escolar, quando a música entrar, a mensagem já estará dada: uma história vai
começar!
Outra brincadeira legal é convidar as crianças a chamarem a história. Conte 1, 2, 3 e ... HISTÓRIA!!! Agora, bem
baixinho. 1, 2, 3 e … história! Então, comece sua narrativa. Se precisar, repita, até que sinta que o ambiente se
harmonizou o su�ciente para que você possa começar.
Dica
Ter esses tipos de entrada podem ser um grande incentivo à
recepção das crianças para ouvir e participar da narrativa.
CANÇÃO NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA   
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Já vimos que canções são, em boa parte, histórias cantadas. Assim, o uso das canções nas contações de história
tem in�nitas possibilidades. Elas podem contar parte da história, sendo cantadas pelo próprio narrador ou por
algum personagem; ou ainda, apenas ilustrar alguma parte da história, dando apoio ao enredo.
Antes de exempli�carmos algumas canções dentro de histórias infantis, você
conhece a antológica Coleção Disquinho?
Sim Não
 Radamés Gnatalli em
1924
Na Coleção Disquinho, a parte instrumental �cou a cargo, em
maior parte, de um grande arranjador, chamado Radamés
Gnatalli, personagem importante da música brasileira do
século 20. Nessas histórias, existem timbres sonoros ricos em
sonoridades não muito exploradas atualmente. Só a parte
instrumental já é uma excelente experiência para um bom
ouvinte.   
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 João de Barro
(Braguinha, 1945)
As canções trazem ritmo e �uência a esta obra. A maioria delas
é de autoria de Braguinha, também conhecido como João de
Barro, um dos maiores compositores brasileiros. A importância
deste compositor para a música popular brasileira é ímpar, sua
obra é vasta e muito conhecida. Provavelmente, você conhece
algumas de suas composições, mesmo sem saber.
“Pela estrada afora eu vou bem sozinha/Levar esses doces para a vovozinha”. Sim, a música da Chapeuzinho
Vermelho foi feita por ele. Várias outras marchinhas de carnaval também são de sua autoria, como: Pirata da
Perna de Pau, As Pastorinhas, Turma do Funil, e diversas outras. A letra de Carinhoso, música de Pixinguinha, que
já teve mais de cem versões gravadas, também é dele.
Sobre a questão de se cantar nas histórias, veja que interessante este trecho da coleção, da história Tiradentes,
que fala sobre a Incon�dência Mineira. A narradora diz:
Como todos vocês sabem, descoberto por Cabral, o Brasil foi muito
tempo domínio de Portugal. Mas sempre esteve presente no
coração brasileiro a ideia de liberdade. E pelo Brasil inteiro houve
muitas tentativas pelanossa independência. A maior veio de Minas
e chamou-se Incon�dência, mas é melhor cantar a história da
Incon�dência Mineira, porque quem aprende cantando não
esquece a vida inteira.
Todas essas informações asseguram a importância dos produtores desta coleção e reforçam a ideia de que você
deve fazer uma pesquisa nestas histórias, buscando aquelas que interessam, apropriando-se das narrativas, se
possível, de algumas canções também e, ao longo do tempo, replicando essas pérolas no seu contexto de
contação de histórias.
Canção narrativa
Na �gura do narrador, temos a voz que conta a história, que narra os fatos. Voltemos à Coleção Disquinho. Na
história chamada O macaco e a velha, o narrador já inicia a história cantando:
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Clique no ícone para ouvir o áudio.
Uma velha muito velha
Chamada Firin�nfelha
Tinha um lindo bananal
No fundo do seu quintal
Mas a coitada da velha
Poucas bananas comia
Pois o macaco Simão
Roubava t
Entra a velha cantando (pegando um pouco o papel do narrador):
Macaco Simão Macaco Ladrão
Macaco Simão Macaco Ladrão
Ouça a canção com voz e violão:
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O narrador segue o enredo cantando a mesma melodia, que ganha várias letras diferentes. Praticamente toda a
história é feita através dessas canções, que, com o mesmo desenho melódico, costura toda a narrativa.
Contudo, essa função narrativa não precisa ser feita apenas pelo narrador. Outras vezes, é algum personagem
quem canta alguma canção e se torna narrador por alguns instantes, como no caso da velha.
Vamos a outro exemplo da Coleção Disquinho. Na história A festa no céu, o sapo quer ir à festa, mas, como ela
acontece no céu, só vai bicho que voa. O sapo, encasquetado por querer ir à tal festa, já desanimado por não ter
asas para voar, vislumbra o urubu cantando com seu violão:
Vai haver festa no céu
Vou levar meu violão
Mas só vai bicho que voa
Don doron don don don   
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Clique no ícone para ouvir o áudio.
A festança vai ser boa
Vai ter canjica e quentão
Mas só vai bicho que vo
Então, o sapo tem a ideia de ir à festa no céu escondido dentro do violão do urubu, e assim, toda a trama se
desenvolve.
Ouça um trecho da canção com voz e violão:

Canção ilustrativa
Além dessas canções que interagem com o papel do narrador, também podemos ter uma outra função: mais
ilustrativa, que sirva para reforçar algo ou oferecer um complemento à narrativa. Normalmente, essa função
ilustrativa não fala sobre ações ou fatos que não aconteceram anteriormente; não traz novidades ao enredo, mas,
sim, reforça ou ilustra algum evento da narrativa.
Exemplo 1:
Na história O canto mágico, citada no módulo 1, a canção que dizia “Alaubatá Alaubatê” não narra nada, não se
encerra em si mesma. Essa canção ilustra um dos momentos mais importantes da história, em que este canto
mágico liberta os passarinhos de uma gaiola, mas que, fora do contexto, não faz sentido algum.
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Exemplo 2:
Vamos a outro exemplo de uma canção ilustrativa, em que suponhamos que se inicie a narrativa da seguinte
forma:
Numa �oresta, havia uma fruta diferente de todas as outras.
Para comer essa fruta, era necessário saber o nome dela.
Se alguém dissesse o nome errado a 
E então, são cantados os versos:
Era uma fruta boa de comer
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Porque dava vontade de viver!
Qual será o sabor daquela fruta
Diferente disso tudo que todo mundo comeu?
Era uma fruta boa d
Essa canção não traz nenhuma nova informação à narrativa, apenas reforça o que se considerou importante a ser
grifado musicalmente. A informação de que a fruta dava vontade de viver foi reforçada e, assim, será possível
retornar nessa informação quando a trama estiver se desenvolvendo.
Criação de enredo a partir de canções da MPB
Uma outra ideia muito interessante é escolher alguma música do vasto repertório brasileiro, atentando-se àquelas
que poderiam ter diálogo com o universo infantil e criar histórias a partir dessas canções. Por exemplo, a partir da
música Maracangalha, do nosso mestre cancioneiro baiano Dorival Caymmi, o Professor Ralphen criou uma
narrativa. Vamos percorrer o seu caminho, a partir de cada verso da canção.
A primeira parte da letra é a seguinte:
Eu vou pra Maracangalha eu vou (1º verso)
Eu vou de liforme branco eu vou (2º verso)
Eu vou de chapéu de palha eu vou (3º verso)
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Eu vou convidar a Anália eu vou (4º verso)
Como, geralmente, crianças adoram festas, o Professor Ralphen pensou, a partir do primeiro verso, no seguinte
roteiro:
Alguns bichos de uma imaginária �oresta convidaram um macaco chamado Nabuco (poderia ser qualquer nome)
para ir a uma festa chamada Festa da Maracangalha, mas eles só cantavam o primeiro verso da música,
repetidamente: “Eu vou pra Maracangalha eu vou, eu vou pra Maracangalha eu vou!”. O macaco aceitou o convite,
colocou seu liforme branco e acrescentou mais um verso à música (o segundo). E foi cantando:
Eu vou pra Maracangalha eu vou (1º verso)
Eu vou de liforme branco eu vou (2º verso)
Seguiu seu caminho com o liforme branco, o chapéu de palha, e foi encontrar com sua amiga Anália, para lhe
convidar a ir à festa também. Acrescentou o último verso (o quarto) e assim, fechamos o enredo da primeira parte
da música. Dessa maneira, ele seguiu cantando a primeira estrofe, agora completa:
Eu vou pra Maracangalha eu vou (1º verso)
Eu vou de liforme branco eu vou (2º verso)
Eu vou de chapéu de palha eu vou (3º verso)
Eu vou convidar a 
Na segunda estrofe, a letra é:
Se a Anália não quiser ir eu vou só
Eu vou só, eu vou só
Para fechar o enredo, Professor Ralphen deu uma personalidade rabugenta à Anália que, ao ser convidada por
Nabuco para ir a tal Festa da Maracangalha, rejeita o convite.
Então, o macaco disse: “Ah é? Se você não quiser ir comigo, eu vou sozinho”. E saiu cantando:
Se a Anália não quiser ir eu vou só
Eu vou só, eu vou só
Assim, �nalizamos a estrutura da história. Descrevemos o resumo, o esqueleto da história, o que chamamos (na
linguagem dos contadores de histórias) de cavalo primário, isto é, a narrativa mais crua, o enredo mais simples
possível.
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No entanto, várias janelas poderiam se abrir, as quais chamamos de cavalo secundário. São abas que se abrem
para expandir a experiência e, dependendo do contexto, são dispensáveis.
Caso você esteja em uma situação que precise acabar logo a história, por exemplo, caiu um copo d’água no chão e
todas as crianças se dispersaram, então, você deve �nalizar a história, tocar o cavalo primário para frente e
esquecer o cavalo secundário (as janelas). Vamos observar alguns exemplos de janelas para esta história:
Exemplo
No diálogodo Nabuco com os bichos que podem tocar
instrumentos diversos, você poderia mostrar o som desses
instrumentos mesmo sem saber tocá-los. Use o Youtube,
pesquise antes, deixe preparado. Na hora, você pode dizer: “O
elefante tocava acordeon, vamos ouvir o som desse
instrumento?” E dê o play.
No diálogo do macaco consigo mesmo, o seu liforme branco
poderia estar perdido, por exemplo, e ele precisaria procurá-lo.
No encontro do Nabuco com o seu amigo que lhe dá o chapéu,
na narrativa do Professor, escolheu-se um elefante chamado
“Tom”. Ele empresta seu chapéu para o Nabuco porque está
com dor de barriga, soltando um “pum” atrás do outro e não
pode ir à festa. As crianças quase sempre morrem de rir.
No diálogo com a Anália, ela pode dizer que não vai nessa festa
porque estará muito calor e os bichos �carão muito suados.
Em uma resolução desse con�ito, poderia ocorrer o
arrependimento, o que faria ir correndo pedir desculpas.
Proponha às crianças que interpretem algum personagem, que ajudem a construir essas janelas, use e abuse da
viagem natural que elas fazem quando envoltas de uma boa narrativa, mas não perca o cavalo primário, que, em
outras palavras, é o “�o da meada”, a narrativa principal, por assim dizer.
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Com um roteiro simples, você consegue brincar e ainda levar parte da música popular brasileira para o coração
das crianças e de suas famílias, pois elas levam essas histórias para casa e recontam à sua maneira. Lembram
que, no módulo passado, falamos sobre a experiência? É aqui que ela se potencializa, quando a criança se apropria
dessa narrativa e a replica do seu jeito. Assim, ela aprende a (re)construir outras narrativas sobre suas próprias
histórias.
Uma outra canção que já tem uma história pronta é O Rouxinol, de Gilberto Gil. Nessa música, o compositor
baiano nos conta:
Joguei no céu o meu anzol
Pra pescar o sol
Mas tudo que eu pesquei foi um rouxinol
Levei-o para casa
Tratei da sua asa
E ele �cou bom
Fe
Se você recitar essa letra acrescentando algumas janelas e, depois colocar a música para as crianças ouvirem, a
magia já estará feita. O Professor Ralphen nos conta que ele a utiliza muito em seu cotidiano, enquanto professor
de música e contador de histórias. Poderíamos, inclusive, dar outros exemplos de histórias a partir de canções,
mas é preferível propor uma fórmula para que você mesmo possa criar suas narrativas.
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Criar uma história funciona como uma espécie de redação em que temos:
Introdução
Desenvolvimento
Conclusão
Essa é a estrutura básica de qualquer texto.
Eis a fórmula:
1. Escolha uma canção e pegue um papel, um lápis e uma borracha. Tente criar um enredo simples a partir da
letra.
2. Crie o seu cavalo primário, a história bruta e, a partir disso, veja quais janelas poderiam se abrir nessa história.
3. Acrescente o que pode ser secundário, o que não é crucial no esqueleto da história, algo dispensável ao
enredo, mas que agregue valor à sua narrativa e sincronize os eventos e ações dos personagens com o
decorrer da música.
4. Seja um pesquisador, desa�e-se.
5. Anote as ideias por tópicos e conte da sua maneira. Das primeiras vezes, parece difícil, mas, depois de um
pouco de prática, você terá esse repertório decorado e não precisará mais de papel.
Cabe dizer também que sempre vale a pena investir em conhecimentos musicais. Aprender cantar e tocar algum
instrumento musical ajudará muito no seu contexto de contação de histórias.
Canção para educação étnico-racial na contação de histórias
Hoje em dia, no campo da Educação, muito se discute sobre educação étnico-racial.
O que você entende por educação étnico-racial?
RESPOSTA
Normalmente, estudamos muito sobre cultura europeia, mas muito pouco sobre cultura afro-brasileira e indígena,
ainda que, segundo o IBGE, mais de 50% da população do Brasil seja negra, e que as raízes culturais indígenas e
africanas sejam parte da espinha dorsal da nossa cultura. Nossos currículos de formação vêm, em grande parte,
de pensadores europeus, brancos e quase sempre homens.
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Consequentemente, as histórias contadas às crianças, entendidas como “clássicas”, são de origem europeia,
sempre de personagens brancos, prioritariamente, loiros. Pense nas histórias de princesas, elas são todas
brancas. Você acha que não havia princesas na África? Por que não conhecemos suas histórias?
Nesse aspecto, temos uma questão muito séria e cruel. As meninas negras e os meninos negros, em suma, todos
os não brancos, não se sentem representados/as por essas princesas e príncipes. As referências nas histórias
infantis representam um padrão de beleza europeizado.
Portanto, contar histórias de raízes africanas e indígenas, em que os heróis não são europeus, é uma maneira de
lutar contra o apagamento proposital das culturas indígenas e africanas, e reforçar as identidades culturais
diversas no nosso país.
Esse processo faz-se tão necessário que virou lei. As leis 10.639/03 e 11.645/06 trazem a obrigatoriedade do
ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena nos estabelecimentos de educação.
Agora que já abordamos o que é educação étnico-racial, vamos ao nosso foco aqui: a música. Já vimos o quanto a
música pode ser poderosa quando associada às narrativas. Se uma história vem da Europa, traz consigo sua
sonoridade, suas músicas e canções. Se contamos histórias de outras origens, podemos trazer sonoridades muito
diferentes das que estamos acostumados a ouvir.
Dica
Busque histórias, contos, lendas africanas e indígenas, bem como
outras sonoridades, canções. Você fomentará a riqueza cultural, a
quebra de padrões estéticos e culturais, e ajudará a fortalecer a
nossa identidade como povo brasileiro. Obviamente, isso vale
também para histórias da China, do Japão, da Índia, ou de qualquer
outro lugar do mundo.
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Assista ao vídeo “Exemplos de músicas nas narrativas infantis”
 VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. Quando falamos em estudos de contação de história na perspectiva de
desdobramentos, pouco se percebe os efeitos importantes nestes processos. Veja as
a�rmativas abaixo: 
I. A formação de leitores, uma vez que tem um processo de associar a leitura a algo
prazeroso.
II A construção de identidades e fortalecimento de uma sociedade que rompa com as
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II. A construção de identidades e fortalecimento de uma sociedade que rompa com as
perspectivas de violência étnico-racial.
III. Ampliação do vocabulário e conhecimento de conjuntos culturais brasileiros.
IV. Valorização do sentimento nacionalista e do compromisso com a pátria pelas crianças.
Estão corretas as a�rmativas.
Responder
2. Quando tratamos a musicalidade para a contação de história, observamos os seguintes
aspectos. 
I. Fundo musical
II. Efeitos sonoros
III. Canção vocal
IV. Letra da história
Estão corretas as a�rmativas.
Responder
I, II e IIIA)
I, III eIVB)
II, III e IVC)
I, II e IVD)
Somente I e IIA)
Somente I e IIIB)
Somente II e IIIC)
Somente II e IVD)
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MÓDULO 3
 Selecionar propostas lúdicas com integração de
música e corpo para a promoção da interatividade na
contação de histórias
EDUCANDO OS NOSSOS OUVIDOS
Como vimos, logo no início do primeiro módulo, a brincadeira e o aprendizado caminham juntos. A ideia de termos
crianças comportadas, sentadas, en�leiradas, silenciosas, que �cam ouvindo o mestre também é uma ideia do
passado.
A criança tem sede de viver, de se mexer, de se relacionar com o próprio corpo. Hoje, em uma sala de aula e,
principalmente, em espaços alternativos de educação, precisamos dar às crianças a oportunidade de se mexer, de
brincar, de pular etc. Você pode estar se perguntando se isso não viraria uma bagunça.
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Obviamente, a bagunça generalizada não é foco em nenhum espaço educacional. A anarquia total é, inclusive,
perigosa para a integridade das crianças, porque elas podem se machucar.
O foco aqui é chamar a atenção para o fato de que a corporeidade pode e deve ser usada na relação ensino-
aprendizagem. E você deve orquestrar e coordenar essas experiências.
Criança tem voz e o exercício fundamental é aprendermos a ouvi-la, valorizar, aprender com ela. Quando uma
criança se mexe, quando uma criança canta, chora, grita, temos mensagens que mediamos, ouvimos e não
coagimos.
Já observamos o uso do corpo como instrumento de percussão e o quanto a voz pode ser poderosa nas
sonorizações dos enredos. Além disso, é muito interessante dar vazão ao movimento, de forma a respeitar a faixa
etária e as possibilidades de cada fase do desenvolvimento infantil. Estar atento a essas fases, sabendo o que
esperar de cada idade, auxiliará muito na maneira de conduzir cada narrativa.
Cada leitura, cada proposição, cada canção deve estar alinhada com essa observação. Assim, você saberá
também quais os movimentos mais adequados para propor em cada contexto. Uma mesma história pode ganhar
diversas roupagens, modi�cando-se em cada contexto.
Como podemos utilizar esse corpo na contação de histórias?   
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Na videoaula, essa pergunta será melhor respondida, através de som e imagem. Por enquanto, veremos alguns
exemplos com alguns pequenos toques conceituais.
Organização do espaço e movimento
Quando começarmos a trazer a corporeidade para as contações de história, devemos estar atentos à linha
dinâmica que se pretende aplicar. Nosso personagem, Professor Ralphen, nos conta que, em sua atividade
docente, ao contar uma história, normalmente depois de ter feito a dinâmica com a “canção de entrada”, inicia a
narrativa buscando pouca interação do corpo para apresentar o enredo. Quando percebe que as crianças estão
atentas à narrativa, começa a buscar interações diretas ao longo da história e deixa os movimentos corpóreos
mais expansivos para o �nal. Isso porque, se as crianças se dispersarem, a história já estará �nalizada ou, ao
menos, �nalizando.
Essa é uma das estratégias que desenvolveu em suas contações de histórias, em que garante que as crianças
aprendam informações e participem do que está propondo.
No entanto, esta é a forma do Professor de criar e contar história; já você pode e deve criar as suas próprias linhas
dinâmicas.
Nosso personagem nos conta ainda que há situações em que prefere começar bem expansivo, brincar de pular,
dançar e só depois inicia a dinâmica para contar histórias (no caso de perceber que as crianças estejam
precisando de movimento antes de conseguirem se concentrar para uma história). Em certos momentos, as
crianças precisam extravasar primeiro.
Dica
Cada situação é especí�ca, por isso é interessante que você tenha
dinâmicas variadas para saber lidar com cada momento e assim,
aplicar aquela que melhor se enquadrar em cada contexto.
Para começar a trazer algumas ideias, primeiro, é importante pensar em como as crianças estarão organizadas.
Vamos pensar, inicialmente, em uma roda, em uma história contada apenas oralmente, sem o apoio do
livro (com livros, essa disposição espacial não é tão interessante, pois nem todos vão conseguir enxergar
bem e isso vai gerar dispersão e, consequente, frustração em algumas crianças).
Sentar em roda é uma maneira interessante de organizar o espaço para uma contação de histórias,
porque, no círculo, todos têm a mesma visão e conseguem se olhar.
Vamos então pensar no centro da roda como o espaço cênico, o “palco”, onde as representações e
movimentações acontecem. Movimentos curtos podem ser feitos com cada criança em seu lugar na
roda, movimentos mais expansivos podem ser feitos no centro da roda por uma criança ou por um
grupo pequeno. Isso dependerá de suas propostas interativas.   
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Outra organização do espaço que funciona muito bem, caso seja utilizado algum livro, é sentar-se de
frente para as crianças, como se você estivesse em um palco, e elas na plateia. Se as crianças estiverem
sentadas no chão, sente você em uma cadeira, para que o livro esteja no alto e todas consigam ver.
Brinque com bilhetes e convites imaginários e vá distribuindo o lugar, pensando que todas as crianças
possam ver o livro e que você tenha espaço ao seu redor para usar como espaço “palco”, onde as
participações e os movimentos mais expansivo possam ser executados.
Seguem exemplos de linhas dinâmicas integrando som e movimento em duas histórias e mais algumas ideias.
Exemplo 1: O canto mágico
(Essa história será gravada em vídeo e, separadamente, serão disponibilizados os áudios com as canções e
cifras utilizadas)
Voltemos à história O canto mágico, que vimos anteriormente.
Clique na barra para ver as informações.
RELEMBRANDO O ENREDO 
Vamos a um passo a passo do Professor Ralphen para acrescentar sons e corporeidade a essa narrativa:
Escolha uma das Etapas a seguir.
Passo 01 Passo 02 Passo 03
Faremos uma pausa nesse passo a passo para falar sobre uma técnica muito interessante: o jogral. O que seria
isso?
Clique na barra para ver as informações.
JOGRAL 
Após a pausa para explicar o jogral como ferramenta importante para a contação, já podemos continuar no nosso
passo a passo:
Escolha uma das Etapas a seguir.
Passo 04 Passo 05 Passo 06
Passo 07 Passo 08 Passo 09
Essa linha dinâmica foi ascendente. As participações, aos poucos, foram crescendo até que a história termina em
uma grande festa, com os passarinhos voando (as crianças).
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Em uma narrativa, misturamos: trilha sonora, onomatopeias, canções, jograis, dramaticidade, interação etc.
Unimos momentos de concentração e interação, momentos de diversão, momentos de corporeidade mais contida
e outros de corporeidade mais expansiva.
Exemplo 2: A festa no céu
Propondo uma outra linha dinâmica, vamos pensar na história A festa no céu, que em nosso folclore, apresenta
dezenas de versões. O Professor Ralphen conta que conheceu essahistória por tradição oral, através de um
amigo, antes de conhecer a versão da Coleção Disquinho. Depois disso, lembrou-se de que tinha muitas
semelhanças e que tinha acrescido outros detalhes. Atualmente, tem sua própria versão, que foi sendo criada ao
longo dos anos. Mas, basicamente, o cavalo primário, o texto básico ao nosso passo a passo, seria o mesmo:
Clique na barra para ver as informações.
ENREDO FESTA NO CÉU 
Vamos supor desta vez que você está em uma sala de aula e irá usar um livro como apoio. É importante frisar que
não é tão interessante você simplesmente ler o livro com as palavras escritas nele, repare que a linguagem escrita
é muito diferente da linguagem que usaria se fosse contar os mesmos fatos com suas próprias palavras.
Então, propõe-se que você crie uma mescla entre ler algumas partes do livro integralmente e, em outras partes,
conte com suas próprias palavras. Isso trará mais dinâmica a sua narrativa. Ou ainda, decore o enredo e só use o
livro para mostrar as ilustrações. De preferência, organize o espaço como “palco” e “plateia”, com você de frente
para as crianças, lembrando de tentar organizar de modo que tenha um espaço mínimo ao seu redor para usar nas
interações.
Dito isso, vamos a um passo a passo mais generalista:
Escolha uma das Etapas a seguir.
Passo 01 Passo 02 Passo 03
Passo 04 Passo 05 Passo 06
Passo 07 Passo 08
Se você chegar até essa parte da história tendo feito algumas das dinâmicas descritas acima, já estará de bom
tamanho. Você poderá correr com seu cavalo primário e fechar a narrativa, com todas as crianças sentadas.
Depois de encerrado o enredo, proponha uma dança livre. As crianças vão adorar!
Mais algumas ideias
Pensemos em uma história de rei (existem várias), na qual o monarca precisa fazer um discurso. Algo que
pode conectar o som e o movimento é o som das cornetas que anunciarão o pronunciamento. Então, você
pode narrar: “O rei reuniu todo o povo para dizer qual seria o desa�o necessário para ganhar a prova”. Você
pode fazer um movimento, simulando o tocar de uma corneta imaginária, usando ambas as mãos (veremos
melhor em videoaula) e daí contar 1, 2, 3 e ... PAM PAM RAM PAM PAM. Faça isso duas ou três vezes. Algo
que pode ser feito por todas as crianças de uma só vez.
Outra brincadeira interessante é, por exemplo, criar uma história que tivesse algum jabuti (muitas histórias
têm esse animal como herói). Na hora que apresentar o personagem, pergunte quem sabe imitar o andar de
um jabuti. 
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Assim, com movimentos calmos, cante uma música lenta ou coloque alguma música nesse ritmo em seu
dispositivo eletrônico. As crianças, provavelmente, engatinharão e farão movimentos como o de um jabuti, o
que é ótimo para que não vire uma grande bagunça e você consiga retornar para a história. Crianças de 2
anos já fazem esse movimento, portanto, é uma brincadeira que até o segundo ano ainda funciona bem.
Pense bem em cada movimento que irá propor. Perceba que se você propuser um movimento, para todo o
grupo, de um animal como um leão e colocar um rock bem pesado, pode ser que a narrativa não volte mais
para o trilho e você perca seu cavalo primário. Nesse ponto, é bom lembrar que é importante que sua
narrativa tenha uma linha, uma dinâmica e que, a partir do enredo que você queira contar, você tenha que
organizar os movimentos de participação e interatividade, e os momentos de pura audição, onde as crianças
vão apenas ouvir (o que também é muito importante).
Se você quiser propor um movimento mais agitado no início ou no meio da narrativa, talvez seja mais
interessante fazer individualmente do que com todo o grupo. Escolha alguma criança ou pergunte quem
gostaria de fazer/interpretar tal personagem. Não é nenhuma regra, é apenas para facilitar a dinâmica. Você,
melhor do que ninguém, conhecerá bem o grupo com o qual trabalha. Assim, integrando música e
movimentos do corpo, espontâneos ou coordenados, vai dando vazão à necessidade de movimento que as
crianças têm por natureza, sem perder o foco na educação, e sem perder o “�o da meada” da narrativa.
Pense em alguns movimentos que simulem bichos e use em diferentes histórias. Por exemplo, na história da
Maracangalha, descrita no módulo anterior, na parte em que o macaco encontra o elefante, quase sempre se
simula com o braço uma tromba e o som que eles emitem. Pergunta-se: “Quem sabe fazer uma tromba de
elefante com o braço?” Naturalmente, a maioria também fará. Da mesma forma, poderia ser feito com o pular
e coaxar dos sapos, fazer borboletas com as mãos, en�m, são muitas possibilidades.
Assista ao vídeo Música, Narrativas e Corporeidade”
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 VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. Quando selecionamos características e formulações que relacionam o movimento e a
voz temos alguns desa�os.
Responder
2. A construção do texto na primeira pessoa visa demonstrar ao aluno a singularidade da
experiência e da experimentação prática. Nesta seleção, existe o destaque de alguns
aspectos importantes aos alunos para a e�ciência da dramaticidade e musicalidade da
contação de história. Abaixo, marque a resposta que oferta a correta relação.
Responder
Estabelecer uma fórmula viável para garantir o sucesso na relação corpo e voz.A)
Relacionar o discurso ao público, variando a estratégia conforme a demanda das crianças.B)
Expor características formativas, pedagógicas, a�nal o objetivo não é brincar.C)
Apresentar de forma clara, fácil, pois o objetivo é a compreensão da narrativa.D)
Respeito à voz dos alunos.A)
Aprender a tocar um instrumento.B)
Separar momento da prática dramática, narrativa e musical.C)
Conhecer o maior número de músicas para repetir o conteúdo.D)
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CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com ideias simples, você pode enriquecer suas contações de histórias de sons e sonoridades, interações,
participações, com ou sem o uso de livros de apoio às suas narrativas. Mesmo sem saber cantar ou tocar um
instrumento, o objetivo deste tema foi mostrar que, com ideias simples, você pode rechear suas contações de
histórias com musicalidade e movimento.
Espero que você tenha gostado dessa imersão nessa gama de possibilidades que o tema se propõe: a música na
contação de histórias. Não se esqueça de que as videoaulas também trarão importantes partes do conteúdo aqui
explorado.
Lembre-se de que você pode e deve encontrar os seus caminhos. Planeje bem cada enredo, mesmo que você
precise no momento de sua aula mudar todo o planejamento. Aos poucos, você criará um repertório de interações,
trilhas, onomatopeias, dinâmicas, e isso poderá ser usado como “carta na manga” em qualquer tipo de contexto de
contação de histórias, de palcos a salas de aula, além de perpassar também por outros espaços.
PODCAST
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http://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/contacao_de_historia_dramaticidade_e_musica/index.html
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REFERÊNCIAS
BREIDE, N. N. A. Valsas de Radamés Gnattali: um estudo histórico-estilístico. Porto Alegre: Tese de doutorado,
PPG em. Música da UFRGS, 2006.
NOROGRANDO, R.; BENETTI, A. Moda, música & sentimento. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2019.DE LIMA, A. P.; DA SILVA, S. N.; FALCÃO, S. Diversidade étnico-racial através da contação de histórias. Revista
Eletrônica Mutações. v. 8, n. 14, p. 127-130, 2017.
FRANCO, L. M. G. et al. Literatura: Contação de História com Ênfase na Cultura Afro-Brasileira. Revista Unila
Extensão e Cidadania, v. 1, n. 1, p. 62-71, 2017.
BERNAT, I. Encontros com o Griot Sotigui Kouyaté. 1. ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2013.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos explorados neste tema:
Pesquise:
O canal do Youtube “Fafá Conta”. A Fafá é uma ótima contadora de histórias e apresenta em seu trabalho
muitas inserções sonoras, embora não cante nem toque nenhum instrumento. A edição é ótima, com um baú
de histórias e diversas ideias para utilização.
O canal do Youtube da contadora de histórias Bia Bedran, que, além de ser autora de algumas histórias,
mescla maravilhosamente a arte de cantar, tocar e contar história.
A incrível tradição dos “griots”, tanto a partir de vídeos no Youtube quanto no Google. Faça uma pesquisa
rápida com os termos “artigos acadêmicos sobre griot” e aparecerão diversas opções. Leia sobre para
enriquecer culturalmente. 
Artigos são ótimos para pesquisas, o texto, normalmente, é denso e rico em informações. Portanto, veja a
bibliogra�a dos artigos que você se interessar e, em pouco tempo, já terá muito material para fazer uma
pesquisa com embasamento acadêmico relevante.
O documentário Sotigui Kouyaté, um griot no Brasil, feito na passagem desse grande artista e pensador pela
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). O tema também está registrado no livro
Encontros com o griot Sotigui Kouyaté, de Bernat, 2013.
Leia:
O máximo possível. Se você deseja contar histórias, é bom investir em livros. Compre aos poucos livros de
histórias infantis e vá montando seu acervo. Com o tempo, você acaba memorizando-as, o que ajudará ao
contar histórias.
Estude:
Música, pois lhe dará a possibilidade de variar cada vez mais suas ideias de inserções sonoras. Qualquer
instrumento que você aprenda a toca, mesmo em nível básico, já proporcionará muita autonomia. Não diga
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que “não tem o dom”, ou que “música é difícil”, isso não é verdade. Todos podem aprender; uns demoram
mais, outros menos, mas, com uma boa orientação, todos podem aprender a tocar, a se desenvolver
musicalmente, de forma a utilizar o aprendizado em seu contexto de contação de histórias.
CONTEUDISTA
Ralphen Rocca
 Currículo Lattes
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