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9.
o
an
o
 –
4.
o
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im
es
tr
e
Orientacao_C4_9o_Ano_Historia_Carlos_2022.qxp 26/04/2022 15:45 Página I
Autores: 
Ana Maria de Fátima Santos Marino
Caio Guilherme Soares Fernandes
Ricardo Felipe Di Carlo
Thiago Azevedo Oliveira
Orientacao_C4_9o_Ano_Historia_TONY_2020.qxp 24/08/2020 12:31 Página II
III
Unidade 4 – A Nova Ordem Mundial no final da Guerra Fria e o
Brasil rumo à Nova República
A unidade 4 tem como objetivo acompanhar a dissolução do mundo da Guerra Fria, a instauração da Nova
Ordem Mundial globalizada e os efeitos desses dois processos na vida política, econômica e social do Brasil.
Dessa forma, mapas, imagens, análises e sínteses historiográficas servem de subsídios para a discussão,
incluindo o debate entre os protagonistas das aulas: os alunos e seus professores. Esta unidade foi composta
com exercícios variados, cuja finalidade é facilitar a consolidação de conceitos, a discussão de ideias e a
perspectiva crítica tanto sobre os processos históricos quanto sobre o fazer História.
No módulo 12, a transição entre Guerra Fria e o mundo globalizado é analisada a partir do surgimento de
novas nações, da decadência da União Soviética e dos avanços e retrocessos do sistema político dos Estados
Unidos. Nesta discussão, destaca-se a luta das nações recém-independentes pela autodeterminação e o
choque entre pacifismo e militarismo.
Já no módulo 13, o fim da ditadura civil militar no Brasil é estudado a partir do choque entre pressão
popular e transição “lenta, gradual e segura”, iniciada com a falência do modelo econômico da ditadura,
decretada pelas crises do petróleo.
A luta pela recuperação democrática é discutida a partir da elaboração da Constituição Cidadã e a questão
indígena, a conquista do protagonismo feminino e a questão do “campo negro”.
Por fim, no módulo 14, apresenta-se a discussão acerca da relação entre a economia global neoliberal na
América Latina. Insere-se a análise entre as propostas sociais e as pressões neoliberais pela diminuição da
ação do Estado.
Módulo 12 – Fim da Guerra Fria e a Nova Ordem Mundial 
O módulo 12 explora temas centrais para a compreensão do fim da Guerra Fria e da ascensão de uma
Nova Ordem Mundial, marcada pelo fenômeno da globalização.
Entre os fatores que levaram ao fim da disputa entre capitalistas e socialistas, os alunos entrarão em
contato com casos específicos de independências africanas e asiáticas no período, bem como com os
discursos produzidos pelas nações recém-independentes contra o alinhamento automático com capitalistas
e socialistas. Neste caso, destaca-se o contato com o texto da Conferência de Bandung, documento histórico
em que as nações que comporiam o “Terceiro Mundo” colocam-se contra o intervencionismo das
superpotências e contra a expansão do militarismo promovido por elas.
Em seguida, os alunos acompanharão o processo de decadência do poderio soviético na década de 1980,
quando a defasagem econômica e tecnológica em relação ao mundo capitalista inviabilizou a manutenção
política do socialismo na Europa. Em contraponto, uma síntese histórica estabelece um panorama sobre as
transformações vividas pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria, com especial destaque para momentos
como a luta por direitos civis, a queda do governo Nixon no escândalo de Watergate e a virada neoliberal no
governo de Ronald Reagan.
Caderno do Professor
Orientacao_C4_9o_Ano_Historia_TONY_2020.qxp 24/08/2020 12:31 Página III
Por fim, textos acadêmicos inserem o aluno nas discussões sobre o mundo globalizado e as diferentes
reações para esse tema, dentre as quais destaca-se o terrorismo.
Módulo 13 – Rupturas e continuidades: do fim da ditadura à Nova República
O módulo 13, com ênfase no Brasil, discute a transição entre a ditadura civil-militar e a democracia. A
partir de análises historiográficas, discursos e imagens da época, os alunos entrarão em contato com as crises
do petróleo, eventos econômicos essenciais para decretar a falência política da ditadura. Com o fim do
“Milagre Econômico”, a pressão de diferentes setores da sociedade leva ao recuo gradual da ditadura. A luta
por melhores condições de vida pela população operária e a crescente manifestação contra a violência do
Estado são elementos de destaque no processo histórico, que restabeleceu a democracia no Brasil.
Neste ponto, a Constituição Cidadã é recuperada como documento histórico vital para a compreensão da
instalação do Estado de Direito no País. Temas como a questão indígena e a luta dos povos remanescentes
dos quilombos também se destacam neste processo.
Módulo 14 – Brasil e a América Latina na economia do século XXI
No módulo 14, os alunos acompanham a relação da América Latina com as propostas neoliberais, como
os blocos econômicos e seu desenvolvimento, e também o conjunto de medidas econômicas que geraram
novos dilemas para as democracias recém-instaladas na região. Ao analisar os dilemas que se apresentam
no século XXI, discutem-se as tensões sociais e as relações entre as críticas ao sistema neoliberal frente ao
crescimento das desigualdades sociais. 
IV
Orientacao_C4_9o_Ano_Historia_TONY_2020.qxp 24/08/2020 12:31 Página IV
Unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades de acordo com a BNCC
Unidade Módulo Objetivo
Competência espe -
cífica de História 
Objetos de
conheci mento
Habilidade 
4 
A Nova or -
dem mundial
no final da
Guerra Fria e
o Brasil rumo
à nova Repú -
blica 
12
Fim da Guerra
Fria e a Nova
Or dem Mun -
dial 
Compreender
o processo de
transformação
do mundo da
Guerra Fria
dian te do ali -
nha mento do
terceiro mundo
e da Globaliza -
ção Capitalista.
Competência 1 
Compreender aconte ci -
mentos históricos, rela -
ções de poder e
pro ces sos e mecanis -
mos de transformação e
manutenção das estru -
turas sociais, políticas,
eco nô micas e culturais
ao longo do tempo e em
diferentes espaços, para
analisar, posicionar-se e
intervir no mundo con -
tem po râneo.
Descolonização e
nacionalismos afri -
ca nos e asiáticos. 
Terceiro Mundo.
Movimento pelos
direitos civis (USA).
Perestroika
Glasnost.
Globalização e ter -
ro rismo.
(EF09HI31) Descre ver e avaliar os
pro ces sos de des co loni zação na
África e na Ásia.
(EF09HI28) Relacio nar as pec tos
das mu danças eco nô mi cas, cultu -
rais e sociais ocorridas no Brasil a
partir da década de 1990 ao papel
do País no cenário interna cional na
era da globalização.
(EF09HI35) Analisar os as pectos
relacionados ao fe nô meno do
terrorismo na contemporaneidade,
incluin do os movimentos migrató -
rios e os choques entre dife ren tes
grupos e culturas.
13 
Rupturas e
con ti nuidades:
do fim da dita -
dura à Nova
República 
Compreender
a relação entre
a crise econô -
mica e a pres -
são pela rede-
mocratização. 
Competência 2 
Compreender a histori -
cidade no tempo e no
espaço, relacionando
acon tecimentos e pro -
cessos de transformação
e manutenção das estru -
turas sociais, políticas,
eco nômicas e culturais,
bem como problematizar
os significados das lógi -
cas de organização
cronoló gica.
Milagre econômi -
co. 
Resistência e re -
pres são: a redemo -
cratização.
A Nova Consti tui -
ção e a Nova
República.
(EF09HI30) Comparar as caracte -
rísticas dos regimes ditatoriais
latino-americanos, com especial
atenção para a censura política, a
opressão e o uso da força, bem
como para as reformas econômicas
e sociais e seus impactos.
(EF09HI29) Descrever e analisar as
experiências ditatoriais na América
Latina, seus procedimentos e
vínculos com o poder, em nível
nacional e internacional, e a atuação
de movimentos de contestação às
ditaduras.
(EF09HI23) Identificar direitos civis,
políticos e sociais expressos na
Cons tituição de 1988 e relacioná-los
à noção de cidadania e ao pacto da
sociedade brasileira de combate a
diversas formas de preconceito,
como o racismo.
(EF09HI36) Identificar e discutir as
diversidades identitárias e seus
significados históricos no início do
século XXI, combatendo qualquer
forma de preconceito e violência.
14 
Brasile a
América Latina
na economia
do século XXI
Identificar as
rela ções entre
o neolibe ralis -
mo e políticas
econômicas na
América Lati na. 
Compreender
seus efeitos e
relacioná- los
com a crítica ao
modelo neoli -
beral. 
Competência 5 
Analisar e compreender
o movimento de
populações e
mercadorias no tempo e
no espaço e seus
significados históricos,
levando em conta o
respeito e a
solidariedade com as
diferentes populações.
Blocos econômi -
cos – América Lati -
na.
Neoliberalismo na
América Latina.
(EF09HI34) Discutir as motivações
da adoção de diferentes políticas
econômicas na América Latina,
assim como seus impactos sociais
nos países da região.
(EF09HI32) Analisar mudanças e
permanências associadas ao
processo de globalização, consi -
derando os argumentos dos movi -
mentos críticos às políticas globais.
V
Orientacao_C4_9o_Ano_Historia_TONY_2020.qxp 24/08/2020 12:31 Página V
VI
Orientações didáticas
Página 3
� 1 – Com a mediação do professor, a turma deverá recapitular os conceitos ou elementos da Guerra Fria
que consideram mais importantes. A partir da atividade, pretende-se recuperar subsídios importantes para a
compreensão do cenário em que ocorreram as independências da África e da Ásia, e sua posição no mundo
da Guerra Fria. Essa produção é coletiva, e as demais têm o objetivo de exercitar a autocrítica e a cooperação
na elaboração de uma tarefa comum, por isso mobiliza diferentes habilidades socioemocionais. Tempo
estimado: 5 minutos.
Página 4
� 2 – Os mapas trazem um panorama das nações que tornaram-se independentes no contexto estudado. É
interessante que eles sejam observados para que os alunos tenham a dimensão das transformações vividas
pela comunidade internacional. O exercício baseado no mapa “Independências Asiáticas durante a Guerra
Fria” busca dialogar com conteúdos já estudados no caderno 3. Tempo estimado: 5 minutos.
Página 6
� 3 – Nesta parte do módulo, o aluno entrará em contato com dois exemplos de independência
especialmente importantes no cenário internacional: o indiano e o do antigo Império Português.
O caso indiano enfatiza o papel da proposta de não violência e desobediência civil como arma política, e
ressalta o desafio de construção de novas nações, problematizando o conflito Índia-Paquistão, ponto de tensão
ainda no mundo globalizado.
O caso português enfatiza o papel da Guerra Fria na perpetuação de guerras civis, e ressalta as consequências
do longo conflito até mesmo para a metrópole (Portugal).
Página 6
� 4 – O quadro sobre a Independência da Índia ressalta momentos importantes da relação entre a região e
sua antiga metrópole, a Grã-Bretanha. O professor poderá optar por fazer uma leitura coletiva do quadro ou
expor seus conteúdos como ponto de apoio e frisando sua importância, como material para estudo posterior.
Recomendamos, também, uma leitura atenta das imagens e das legendas que as acompanham, já que estas
trazem dados essenciais sobre o processo, como comentários sobre a figura histórica de Gandhi e mais
informações sobre suas doutrinas.
Página 14
� 5 – A aula estabelece um paralelo entre o fim da URSS e o desenvolvimento do capitalismo e suas
contradições nos Estados Unidos. Nesse sentido, é importante que o professor estabeleça uma divisão da
aula que contemple:
– quadro panorâmico que aborde os problemas soviéticos nos anos 80, a Glasnost e a Perestroika, queda
do muro de Berlim e o fim da URSS;
– Estados Unidos dos anos de 1960 – movimentos pacifistas contra a guerra do Vietnã e a luta pela
igualdade de direitos civis (explorar Rosa Parks, Martin Luther King e Malcom X).
Página 19
� 6 – A aula tem como objetivo discutir as condições de produção dos discursos relacionados à ideia de
globalização no final da década de 1990. É a partir da compreensão dos fatores que tornaram possível a ideia
de um multiculturalismo global (coexistência de culturas diferentes), que podemos compreender sua
“contrarreação” à difusão de uma ideia de terrorismo internacional e globalizado.
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Página 20
� 7 – Em um texto crítico ao processo de globalização, Milton Santos apresenta o conceito ante a
complexidade da vida moderna, oriundo das novas técnicas produtivas. Destaca-se que a globalização é
colocada como uma transformação de múltiplos significados, todos ligados a um estágio específico do
desenvolvimento capitalista. Recomenda-se que o professor faça uma leitura do texto do autor com seus
alunos. Tempo estimado: 5 minutos.
Página 21
� 8 – O exercício de produção coletiva pretende relacionar os elementos dos discursos sobre a globalização
com a reflexão produzida por Milton Santos. Com mediação do professor, os alunos devem redigir um
parágrafo conclusivo sobre o tema. Tempo estimado: 10 minutos.
Página 25
� 9 – Professor, divida a aula em duas partes:
– Na primeira, utilize o mapa mental dos anos de chumbo para reintroduzir os conceitos centrais da ditadura
militar no Brasil que já foram estudados no caderno anterior. A seguir, exponha os conceitos da crise
econômica das décadas de 1970-1980, destacando os fatores que geraram a década perdida e a retomada
do movimento operário para a redemocratização.
– Na segunda, utilize o mapa para apresentar a Guerrilha do Araguaia. Analise o impacto da morte de Vladimir
Herzog com a foto publicada. Por fim, responda sobre o efeito da reabertura pendular, com a resistência
militar sintetizada no Rio Centro, as medidas da redemocratização e o insucesso das Diretas Já.
A morte de Vladimir Herzog: a ditadura e a reação
O caso da morte de Vladimir Herzog foi de ampla
importância para a reabertura política, pois evidenciou a
enorme repressão do período e, imediatamente, provocou
enorme reação em diversos setores da sociedade.
PCB como alvo da ditadura
O Partido Comunista Brasileiro (PCB) se destacou em
relação às outras correntes de esquerda, algumas derivadas
do próprio Partido, que pregavam a luta armada ou tinham
de fato entrado nessa prática. O Partidão, como era
conhecido, no entanto, havia optado por confrontar o
regime atuando nas fren tes possíveis, como organização
capaz de expor as mazelas sociais que o governo militar
pretendia ocultar, bem como de denunciar a violação dos
direitos humanos nos porões da repressão. 
Vlado passou a militar no PCB. Sobre essa ligação, uma
conversa com sua esposa é significativa:
“Fiquei espantada quando ele me contou sobre essa decisão, meses antes de morrer”, diz Clarice, recordando que
estavam no carro da família, na Avenida Sumaré, em São Paulo, no momento em que Vlado contou-lhe sobre a filiação.
“Mas você sempre foi crítico de regimes que não praticam a democracia”, ela ponderou. Ao que o marido respondeu:
“É uma questão de momento. A situação política no Brasil é grave. Só há dois movimentos organizados que podem se
articular para combater a ditadura – a Igreja e o Partido Comunista. Eu sou judeu. Só tenho uma opção”. Até onde
Vlado concordava ou não com a ideologia comunista em todos os seus aspectos é uma condição sobre a qual não
cabe fazer afirmações categóricas, já que não se conhecem documentos em que ele tenha deixado registrada sua
opinião. Mas é certo que Vladimir Herzog concordava com a linha de atuação do partido específica para aquele
Vladimir Herzog.
V
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VII
Orientacao_C4_9o_Ano_Historia_TONY_2020.qxp 24/08/2020 12:31 Página VII
VIII
Página 31
� 10 – A aula procura estabelecer a relação do aluno com a Constituição de 1988. Nesse sentido, é muito
importante dedicar tempo à análise do conteúdo da Constituição destacado e o exercício de produção coletiva,
enfatizando o desenvolvimento democrático e os direitos estabelecidos. Se o professor preferir, pode ampliar
a questão com o artigo 6º da carta magna. Essa atividade procura explorar uma importante habilidade
socioemocional, qual seja, a primeira das práticas de cidadania que é ter ciência de direitos garantidos
constitucionalmente, para que o respeitoà Lei Maior de um país possa existir. 
Página 34
� 11 – Professor, a aula procura resgatar a historicidade da luta pelo protagonismo feminino, os direitos
estabelecidos na Constituição de 1988 e suas relações com os dias atuais. Nesse sentido, procure explorar
com os alunos os textos estabelecidos e tecer relações com o mundo contemporâneo.
Professor, análises e estudos contemporâneos apontam na direção de feminismos, tecidos na trama social
que irão compor o cenário brasileiro atual. Questão muito recente são as discussões sobre o denominado
feminismo indígena. Leia o excerto que se segue e as indicações bibliográficas sobre o assunto.
momento da História brasileira. Vlado era, portanto, um adversário ideológico, avesso à violência, militante de uma
sigla clandestina que buscava o fim do regime ditatorial.”
(Disponível em: http://vladimirherzog.org/biografia/. Acesso em: 24 jun. 2018.)
Três eram os problemas que resultaram em sua prisão: o ataque ao PCB, o choque dos militares linha-dura com
Geisel e o conflito entre o general Ednardo D’Ávilla Mello e o governador Paulo Egydio Martins.
Em pouco tempo, agentes do DOI-CODI tentaram prender Vlado na redação da TV Cultura, mas sem sucesso.
Apresentou-se ao DOI-CODI no dia seguinte onde, hoje se sabe, foi preso, espancado e sofreu choques elétricos, vindo
a morrer naquele mesmo dia, 25 de outubro. Os militares procuraram criar uma cena de suicídio com pressa. Com
isso, o colocaram com uma “cinta do macacão que usava”, mas os macacões do DOI-CODI não tinham cinto (e o
jornalista não estava com seus cadarços). Teria se enforcado fazendo um nó na primeira barra da grade, mas esta era
mais baixa que ele.
FEMINISMO INDÍGENA. Mulheres Indígenas: da invisibilidade à luta por direitos
Por Marize Vieira de Oliveira
Se o movimento de mulheres em contexto urbano está bem mais desenvolvido, articulado e com protagonismo nos
diferentes espaços de poder, a realidade da mulher indígena nas aldeias ainda está em fase de organização. Contudo,
elas já estão mostrando resistências que rompem com o papel que culturalmente as mulheres indígenas desempenhavam
nas aldeias. A partir desses avanços, elas têm produzido uma mudança de valores na geração mais jovem, que vem
construindo, em busca de outras possibilidades, valores e novas concepções para a sociedade.
A cobiça desmedida faz com que madeireiros, garimpeiros, pecuaristas e o próprio Estado, com seus projetos de
hidrelétricas e mineração, invadam os territórios indígenas. Esses fatores causam a destruição do meio ambiente e
provocam uma violência sem precedentes contra os povos indígenas e ribeirinhos e, em especial, contra as mulheres,
que travam uma luta cotidiana pela defesa de seus territórios, pelo direito de preservar sua cultura, pelo direito a ser
quem quiserem, pelo direito ao seu corpo.
São muitas as mulheres indígenas que hoje vêm lutando pelo protagonismo de se expressar e batalhar pelo que
acreditam. Elas atuam ensinando às suas comunidades que não pretendem tirar os direitos dos homens, mas lutar ao
lado deles. Lutar em pé de igualdade, para assim fortalecer as lutas de suas comunidades e suas lutas específicas por
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IX
Página 39
� 12 – O professor pode apresentar os blocos econômicos da América a partir do mapa, e quais suas relações
com um mundo globalizado (retome a análise do módulo 12.3 Globalização e Terrorismo).
Página 41
� 13 – Analise os conceitos do neoliberalismo e suas críticas, com a leitura em sala dos dois textos
apresentados nos quadros. Por fim, promova a discussão sobre as contradições entre o neoliberalismo e a
democracia na América Latina.
direitos de mulher guerreira, por respeito e status dentro da sua comunidade. Somos dos movimentos de mulheres ou
do movimento feminista, das aldeias ou do contexto urbano, todas oriundas dos povos tradicionais desta terra.
“Existe um feminismo indígena, mas do nosso jeito. (...) Talvez esse termo não seja o mais adequado para nossa
realidade. O feminismo soa radical, longe da gente. Mas temos sim buscado protagonismo dentro das aldeias e para
fora, nas nossas lutas, procurando visibilidade.
Hoje, mulheres têm assumido os principais cargos dos movimentos indígenas estaduais e regionais. (...) Uma vitória nossa,
mas que contou também com o entendimento e os votos de muitos homens para acontecer. Para a gente, esse é o nosso
feminismo: se empoderar e assumir o protagonismo.”
(Sônia Guajajara, coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e da Coordenação das Organizações
Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
In: Hollanda, Heloisa Buarque de. Explosão Feminista: Arte, Cultura, Política e Universidade. São Paulo: Companhia das Letras,
2018, pp.301-302.)
Outras referências:
Hollanda, Heloisa Buarque de. Pensamento Feminista Brasileiro. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.
Telles, Maria Amélia de Almeida. Breve História do Feminismo no Brasil e Outros Ensaios. São Paulo: Alameda Casa Editorial, 2017.
Adichie, Chimamanda Ngozi. Sejamos Todas Feministas. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
Hooks, Bell. O Feminismo é para todo mundo. São Paulo: Editora Elefante, 2000.
Davis, Angela. Mulheres, Raça e Classe. São Paulo: Editora Boitempo, 1981.
Orientacao_C4_9o_Ano_Historia_TONY_2020.qxp 24/08/2020 12:31 Página IX
X
Referências Bibliográficas
 BARBROOK, R. Futuros Imaginários: das máquinas pensantes à aldeia global. São Paulo: Peirópolis, s/d.
 BEDESCHI, Luciana; ZANCHETTA, Maria Inês. Cidadania Quilombola. São Paulo: Instituto Socioambiental
(ISA), 2008.
 BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. O novo desenvolvimentismo e a ortodoxia convencional. In São Paulo
em Perspectiva, vc. 20 n. 3, jul/set, 2006. São Paulo: Fundação SEAD. 
 CAMPOS, Flávio e DOLHNIKOFF, Miriam. Atlas da História do Brasil. São Paulo, Scipione, 1993.
 Comunicado final da Conferência Ásio-Africana de Bandung (24 de abril de 1955): The Ministry of Foreing
Affairs. Republic of Indonesia (Ed.) Djakarta: 1955.
 IBARRA, David. O neoliberalismo na América Latina. In Revista de Economia Política, vol 31, n.o 2 (122),
abril-junho/2011, p. 238-239, 242-244. São Paulo. 
 LINHARES, Maria Yedda Leite. Descolonização e lutas de libertação nacional. Citado em: O século XX.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
 NAPOLITANO, Marcos. As Greves do ABC: a questão social encontra a questão democrática. In: Cultura
e poder no Brasil Republicano. Curitiba: Juruá, 2002.
 SANT’ANNA, Affonso Romano de. A implosão da mentira ou o episódio do Riocentro. In: Política e Paixão.
Rio de Janeiro: Rocco, 1984.
 SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. São Paulo:
Record, 2000.
 SCHWARCZ, Lilia M.; STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras,
2015.
 
 Sites utilizados
 https://www.sescsp.org.br/online/artigo/1267_ENTREVISTANICOLAU+SEVCENKO. Acesso em 06 ago.
2020. 
 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 06 ago. 2020.
 https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/56/223/ril_v56_n223_p191. Acesso em: 06 ago. 2020.
 http://www.dhnet.org.br/desejos/sonhos/dream.htm. Acesso em: 06 ago. 2020.
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XI
Número de aulas sugeridas
História – 9.o ano – 4.o Bimestre
Caderno Módulo Semana Aulas Programa
4
12
24
47 A descolonização do mundo da Guerra Fria: nacionalismos africanos e asiáticos
48 A descolonização do mundo da Guerra Fria: nacionalismos africanos e asiáticos
25
49 Fim da Guerra Fria: transformações na URSS e nos EUA
50 Globalização e terrorismo
13
26
51 Brasil: a encruzilhada da ditadura
52 Nova República e a Constituição de 1988
27
53 A conquista do protagonismo feminino
54 A questão indígena e a questão do “campo negro”
14 28
55 Globalização: políticas econômicas do Brasil e a AméricaLatina 
56 Raízes do neoliberalismo e as críticas ao modelo
15 29
57 Ajuste
58 Ajuste
Orientacao_C4_9o_Ano_Historia_TONY_2020.qxp 24/08/2020 12:31 Página XI
Anotações
XII
Orientacao_C4_9o_Ano_Historia_TONY_2020.qxp 24/08/2020 12:31 Página XII
9.
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4.
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C4_9o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF.qxp 26/04/2022 17:25 Página 1
Unidade 4 – A Nova Ordem Mundial no final da
Guerra Fria e o Brasil rumo à Nova República
Módulo 12 – Fim da Guerra Fria e a Nova Ordem Mundial .......................... 3
12.1. A descolonização no mundo da Guerra Fria: nacionalismos 
africanos e asiáticos ....................................................................... 3
12.2. Fim da Guerra Fria: transformações na URSS e nos EUA................. 14
12.3. Globalização e terrorismo .............................................................. 19
Módulo 13 – Rupturas e continuidades: do fim da ditadura à 
Nova República ............................................................................................ 25
13.1. Brasil: a encruzilhada da ditadura................................................... 25
13.2. Nova República e a Constituição de 1988 ...................................... 31
13.3. A conquista do protagonismo feminino ......................................... 34
13.4. A questão indígena e a questão do “campo negro” ...................... 36
Módulo 14 – Brasil e a América Latina na economia do século XXI.............. 39
14.1. Globalização: políticas econômicas do Brasil e a América Latina –
a lógica dos blocos econômicos ..................................................... 39
14.2. Raízes do neoliberalismo e as críticas ao modelo ............................ 41
Tarefas .................................................................................................... 45
Sumário
Autores: 
Ana Maria de Fátima Santos Marino
Caio Guilherme Soares Fernandes
Ricardo Felipe Di Carlo
Thiago Azevedo Oliveira
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 Conforme você estudou no bimestre anterior, o mundo viveu, após a Segunda Guerra Mundial, um
conflito político ideológico, chamado de Guerra Fria, entre os Estados Unidos, defensores da expansão
do capitalismo e a União Soviética, defensora da expansão do socialismo. Marcante, a Guerra Fria conviveu
com transformações que resultaram em seu fim, simbolizado pela dissolução da União Soviética em 1991.
Neste módulo, você investigará episódios desse processo, como a ascensão de um novo movimento de
nações em busca de independência, a decadência do comunismo internacional e as mudanças que
acompanharam a transformação dos Estados Unidos em uma potência hegemônica.
Com o fim da estrutura bipolar da Guerra Fria, o mundo entrou em uma nova ordem, marcada pela lógica
da globalização e oposição ao modelo ocidental de sociedade, através da ação de grupos terroristas,
embate que tem se mostrado essencial ao desenvolvimento do século XXI.
12.1. A descolonização no mundo da Guerra Fria: nacionalismos africanos e
asiáticos
Fim da Guerra Fria e a Nova Ordem Mundial5
Módulo
12
3
A 47 e 48
DATA: _____/_____/_____
 Entre as décadas de 1940 e 1980, os membros da comunidade internacional precisaram posicionar-se
em relação às tensões da Guerra Fria. Isso significa que a vida de várias nações do mundo foi influenciada
por essa importante disputa entre superpotências. 
 Um dos fenômenos marcantes nesse cenário foi o processo de conquista de independência das
nações da África e da Ásia em relação ao imperialismo europeu, a partir do encerramento da Segunda
Guerra Mundial. 
 Uma das questões que se colocava nesse momento era de qual seria a posição das novas nações no
mundo bipolarizado. Antes de iniciar essa discussão, observe a atividade a seguir para explorar seus
conhecimentos a respeito da Guerra Fria. 
� 1 – Vide orientações didáticas (página VI).
a) Relembrando conteúdos estudados anteriormente, a turma deverá redigir um parágrafo
histori camente correto que caracterize a Guerra Fria e explicar os interesses das
superpotências em disputa. 
Entre os elementos que os alunos podem destacar sobre a Guerra Fria, temos: conflito entre capitalismo e socialismo, disputa entre EUA e 
URSS, Corrida Armamentista, a existência da Cortina de Ferro, corrida espacial. Podemos notar que tanto os Estados Unidos quanto a União 
Soviética organizaram a sua política no pós-Segunda Guerra, de forma a conter o sistema rival (EUA x socialismo e URSS x capitalismo) 
através da formação de esferas de influência. No caso dos EUA, a chamada Europa “ocidental” foi laboratório para um ambicioso plano de 
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reconstrução econômica (Plano Marshall) que ajudou a consolidar a democracia liberal na região. No caso da URSS, o leste europeu, a 
Cortina de Ferro, adotou o modelo socialista soviético com economia centralizada e planificada.
Essa situação de tensão, a Guerra Fria, também teve consequências nos planos tecnológico e militar, já que, além da disputa política, as duas 
superpotências rivais buscaram ampliar seu poderio militar (especialmente através do desenvolvimento de arsenais nucleares) para 
intimidar a rival e capacidade tecnológica em geral, tanto para demonstrar a superioridade de seu próprio sistema quanto para obter 
vantagens estratégicas em áreas vitais, como comunicação, transportes, espionagem etc.
b) Com a retomada dos conceitos de Guerra Fria, a classe deverá criar hipóteses sobre a importância
das nações recém-independentes para as duas superpotências neste contexto.
As hipóteses dos alunos precisam dialogar com o conceito da Guerra Fria. É interessante valorizar hipóteses que explorem a tentativa dos 
Estados Unidos e da URSS em “converter” as nações recém-independentes em seguidoras de seus sistemas. 
4
 Ao longo da Guerra Fria
numerosas nações tornaram-se
independentes na África e na
Ásia. Algumas conquistaram esse
status por meio da luta política e
militar, outras através de
negociações e concessões por
parte das potências europeias. 
 Em comum, elas interessa -
vam aos Estados Unidos e à
União Soviética como novas fron -
teiras para os modelos capitalista
e o socialista. 
 Observe os mapas a seguir,
que listam as principais nações
independentes da África e da
Ásia e a data em que isso
ocorreu.
A África independente.
Independência dos países africanos durante a Guerra Fria
� 2 – Vide orientações didáticas (página VI).
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Cronologia da descolonização na África
Ano Países
1951 Líbia
1956 Marrocos, Sudão e Tunísia
1957 Gana (ex-Costa do Ouro)
1958 Guiné 
1960 Burkina Fasso (ex-Alto Volta), Benim
(ex-Daomé), Camarões, Chade,
Congo (ex-Congo Francês), Costa do
Marfim, Gabão, Mali, Mauritânia,
Níger, Nigéria, República Centroafri -
cana, Repú blica Malgaxe (ex-Mada -
gascar), Senegal, Somália, Togo e
Rep. Dem. do Congo (ex-Zaire e 
ex-Congo Belga)
1961 Tanzânia e Serra Leoa
1962 Argélia, Burundi, Ruanda e Uganda
Ano Países
1963 Quênia
1964 Zâmbia (ex-Rodésia do Norte) e
Malauí (ex-Niassalândia)
1965 Gâmbia
1966 Botsuana (ex-Bechuanalândia) e
Lesoto (ex-Basutolândia)
1968 Guiné Equatorial (ex-Guiné
Espanhola), Ilhas Maurício e
Suazilândia
1973 Guiné-Bissau
1975 Angola e Moçambique
1977 Djibuti (ex-Somália Francesa)
1980 Zimbábue (ex-Rodésia do Sul)
Descolonização da Ásia.
Independência dos países asiáticos durante a Guerra Fria
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Após a observação do mapa “Independência dos países asiáticos durante a Guerra Fria”,
pesquise utilizando também o caderno 3 e faça o exercício de anotação:1. A partir de suas observações e conhecimentos prévios, preencha a tabela a seguir com
exemplos de nações capitalistas e socialistas durante a Guerra Fria.
� 3 – Vide orientações didáticas (página VI).
 Entre as independências do período da Guerra Fria, destacam-se dois casos: o do território britânico
na Ásia conhecido como Índia (que compreende a atual Índia, o Paquistão e Bangladesh) e o do Império
Português na África (Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné-Bissau).
 A independência no território indiano destaca-se por ser conquistada através da luta política e
demonstrar os desafios impostos pelas divisões religiosas na construção de uma nova nação.
 Observe na tabela a seguir o seu desenvolvimento: 
� 4 – Vide orientações didáticas (página VI).
Capitalistas Socialistas 
Entre os exemplos de capitalistas, os alunos podem listar Japão,
Formosa, Coreia do Sul e Vietnã do Sul.
Entre os exemplos de socialistas, os alunos podem listar China,
Coreia do Norte e Vietnã do Norte. 
A Independência da Índia
Antecedentes com a
metrópole
• 1858: após a Revolta dos Cipaios, a rainha Vitória é declarada imperatriz da Índia.
• 1.a Guerra Mundial: Índia fornece recursos e soldados vitais para o esforço de guerra
britânico.
• 1930: Mahatma Gandhi organiza a “Marcha do Sal” para denunciar a opressão
britânica na Índia.
Quando Agosto de 1947.
Lideranças 1. Partido do Congresso: Mahatma Gandhi e Jawaharlal Nehru.
2. Liga Muçulmana: Muhammad Ali Jinnah.
Destaques • Mahatma Gandhi tornou-se célebre ao defender a doutrina da não violência e da
resistência civil como caminho para a Independência.
• Reino Unido não possui força política e econômica no pós-Segunda Guerra para
manter seu império.
Principais problemas • População do subcontinente indiano era dividida entre hindus e muçulmanos. Com a
dissolução do Império, os conflitos entre os dois grupos tornaram-se mais intensos. 
Principais resultados • Independência.
• Divisão em dois Estados: União Indiana e Paquistão Ocidental/Oriental.
• Migração em massa entre os novos Estados intensifica os conflitos entre hindus e
muçulmanos.
• 1948: assassinato de Gandhi.
• 1971: Paquistão Oriental tornou-se Bangladesh.
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Com a independência, o território britânico deu origem
aos Estados da União Indiana (de maioria hindu) e do
Paquistão Ocidental e Oriental (maioria muçulmana) em
1947. A ausência de garantias à liberdade religiosa e
cidadania fez com que muçulmanos e hindus migrassem
dos Estados em que fossem minoria (muitos hindus
fugiram do Paquistão e muitos muçulmanos da Índia),
levando à morte de inúmeras pessoas. 
 Gandhi liderou uma marcha
de mais de 400 quilômetros até o
litoral para que as pessoas obti -
vessem sal, driblando a imposição
de que o produto fosse adquirido
de comerciantes ingleses. Quando
os militares ingleses chegaram,
Gandhi e os membros da marcha
se entregaram pacificamente. “O
punho que encerrou esse sal
poderá ser cortado, mas não
largará o sal”, teria dito Gandhi
pouco antes de ser preso. 
 Gandhi propunha a resistência civil e a não violência; tais estratégias políticas o transformaram em
um ícone do século XX. Dentro desta doutrina, as populações oprimidas deveriam evitar o enfrentamento
violento com opressores de maior poder militar, devendo focar suas ações em impedir as regras impostas.
Dessa forma, a dominação imperialista seria vencida com “armas”, como o boicote aos produtos
metropolitanos, a desobediência às leis discriminatórias e manifestações pacíficas. 
Mahatma Gandhi (1869-1948) destacou-se como líder
político e espiritual da independência indiana. 
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O Império Britânico em divisão:
Índia, Paquistão e Bangladesh
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Gandhi durante a Marcha do Sal, 1930.
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Mahatma Gandhi encontra Jawaharlal Nehru, Rajendra
Prasad, Pyarelal Nayar e Menon. Deli, Índia, 1946. 
Conferência para divisão da Índia entre os participantes Nehru,
Jinnah e outros líderes, 1947.
 Gandhi foi assassinado em 1948 por Nathuram Godse, um radical hindu contrário a sua política de
tolerância e não violência. Com a morte de Ganghi, Jawaharlal Nehru trans formou-se na principal
liderança política indiana. Ele ocupou o cargo de primeiro-ministro da União Indiana. 
 Enfraquecido após a Segunda Guerra Mundial, o Império Britânico entrou em um processo de
desfalecimento. Ante a pressão dos nacionalistas indianos, o governo britânico iniciou um projeto de
retirada da região, mas manteria o novo país em sua esfera de influência. 
 No entanto, a falta de consenso entre o Partido do Congresso e a Liga Muçulmana – principais
partidos nacionalistas – na construção de um Estado que garantisse liberdades religiosas e autonomia
regional levou a uma quase Guerra Civil. 
 Em agosto de 1947, o domínio britânico é encerrado com a divisão da Índia em três territórios:
Paquistão Ocidental e Oriental (muçulmanos) e a União Indiana (hindus). Entre os efeitos colaterais da
divisão, destacam-se a migração forçada de muçulmanos e hindus para seus respectivos Estados, bem
como o assassinato de Gandhi em 1948.
Sua criação com a História: escrevendo a biografia de um líder político da primeira metade do século
XX e sua influência nos dias atuais
Agora que você já estudou sobre a independência da Índia, pesquise e escreva a biografia de
um destes líderes pacifistas do século XX: Nelson Mandela e Mahatma Gandhi, que se tornaram
célebres por defender a desobediência civil e a não violência como estratégias políticas, para
garantir a superação de uma condição de grande injustiça e exploração em seu país.
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 Para ampliar e enriquecer sua formação, realize uma pesquisa sobre a figura de escolhida, buscando
as informações a seguir:
• Qual é o país e a época de origem deste personagem histórico?
• Qual foi a importância dos estudos para sua atuação política?
• Como experiências vividas anteriormente à sua militância impactaram a sua visão de mundo?
• Qual era a sua proposta política para seu país?
• O que são as ideias de desobediência civil e de não violência? Como elas colaboraram para que ele
atingisse seus objetivos políticos?
• Qual foi a influência dele para a política mundial e para outros líderes do século XXI, como o exemplo
de Malala Yousafzai?
 Essa atividade tem como objetivo valorizar o protagonismo de personagens históricas, seus valores
éticos e sua resiliência – importantes habilidades socioemocionais.
 A dissolução do Império Português na África é um objeto de estudo importante por demonstrar as
graves consequências da mistura entre conflito militar e disputa política-ideológica, além do impacto
que a luta pela independência teve no destino político da antiga metrópole. 
 Acompanhe suas principais características no texto a seguir:
9
O fim do Império Colonial Português
Na década de 1960, os últimos da Guerra Fria, verificaram-se alterações e mudanças importantes no estatuto político
de Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e o Arquipélago do Cabo Verde, que veem sua independência
reconhecida, após vinte anos de guerras coloniais (sob a liderança de suas respectivas organizações nacionalistas) e a
ocorrência da revolução democrática portuguesa em 1974. Até então, Portugal era o símbolo da tradição do colonialismo
(desde o século XVI) tal como fora concebido e praticado – ultracolonialista, assim intitulado, na época, por autores
radicais, expoente do colonialismo dependente e subdesenvolvido, na medida em que jamais aceitara fazer qualquer
concessão ou mesmo sentar à mesa de reunião com os líderes nacionalistas autênticos. Entre os mais notáveis,
distinguiram-se Agostinho Neto, Mario de Andrade e Viriato Cruz, do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola),Amilcar Cabral, PAIGC (Partido Africano pela Independência da Guiné e de Cabo Verde).
Nesse período, a condenação a Portugal vinha de todas as partes. Na ONU, restavam-lhe raros aliados, a Espanha
(então franquista) e, obviamente, a África do Sul, tristemente notabilizada pelo cruel regime de dominação, baseado no
racismo e na separação absoluta entre brancos (minoria) e negros (grande maioria), o apartheid; este somente foi abolido
em 1992, em plebiscito, graças à política de Frederik de Klerk, seguido da eleição de Nelson Mandela como presidente
da República da África do Sul (1994).
Apesar da reprovação geral, Portugal continuava a receber suprimentos em armas pela OTAN, que eram enviadas
aos seus exércitos sediados na África.
(…) Finalmente, em 25 de abril de 1974, jovens oficiais das Forças Armadas de Portugal derrubam a ditadura, apoiados
no povo cujas armas eram os cravos que levavam e a alegria estampada nos rostos. Era a democracia em marcha e a
decretação do fim do colonialismo. O exército colonial fora derrotado e voltava-se contra a metrópole, em nome da
liberdade.
Economicamente, as colônias eram importantes para Portugal, sobretudo o potencial de Angola — petróleo de
Cabinda, minérios e recursos agrícolas. Daí serem muitos os interesses em jogo, durante a dominação portuguesa e as
duas décadas seguintes à declaração de independência. A nova era, no entanto, não foi de paz. A intransigência do
colonialismo português teve como sucessores os participantes da guerra civil que, mais uma vez, trará o caos ao país,
agora transformado em mais um cenário da competição internacional, manipulando rivalidades intertribais. A própria
divisão do movimento anticolonialista — os três grupos que lideravam a libertação — torna-se crucial após 1974, que
marca o fim da dominação portuguesa: o MPLA, multirracial e marxista (URSS), com o predomínio da nação quimbundo;
a Frente de Libertação Nacional de Angola, anticomunista, apoiada pelos Estados Unidos e pelo ex-Zaire (Congo), no
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norte do país; a União Nacional pela Independência
Total de Angola, inicialmente maoísta e que, mais tarde,
recebe o apoio da África do Sul, tornando-se
anticomunista e mantendo como base de atuação a
região centro-sul. 
Alastra-se a guerra civil, a partir de 1975, com as
diferentes facções em luta recebendo apoio de
potências estrangeiras. Daí por diante, predomina o
caos. A maioria maciça de brancos angolanos (350 mil)
emigra, uma parte chega ao Brasil. Tropas sul-africanas
invadem Angola, dando suporte ao UNITA no ataque a
Luanda. Cuba passa a apoiar militarmente o MPLA.
Com a retirada de Portugal, Agostinho Neto, líder do
MPLA, é proclamado presidente da República Popular
de Angola, cujo regime foi reconhecido como sendo
socialista. Com sua morte, em 1979, a presidência
passou a seu sucessor, José Eduardo dos Santos, sem
vislumbre de paz para a região nem a satisfação dos
interesses em jogo.
(Maria Yedda Leite Linhares. Descolonização e lutas de
libertação nacional, citado em: O século XX. 
Rio Janeiro, Civilização Brasileira, 2000. Adaptado.)
A partir da leitura do texto “O fim do Império Colonial Português” resolva os exercícios:
1. Grife palavras ou frases que podem ser relacionadas com o contexto de Guerra Fria.
“o MPLA, multirracial e marxista (URSS), com o predomínio da nação quibundo; a Frente de Libertação Nacional de Angola, anticomunista, 
apoiada pelos Estados Unidos e pelo ex-Zaire (Congo), no norte do país; a União Nacional pela Independência Total de Angola, inicialmente 
maoísta e que, mais tarde, recebe o apoio da África do Sul, tornando-se anticomunista e mantendo como base de atuação a região 
centro-sul.” 
“Apesar da reprovação geral, Portugal continuava a receber suprimentos em armas pela OTAN”
2. Quais foram as dificuldades enfrentadas pelas novas nações que surgiram a partir do Império
Português? 
O texto aponta a ocorrência de guerras civis, que misturavam disputas étnicas com o conflito político-ideológico da Guerra Fria. Especial 
destaque é dado ao caso angolano em que MPLA (marxista), UNITA (inicialmente maoísta, depois anticomunista também) e FNLA 
(anticomunista, apoiada pelos EUA) entram em conflito. 
O Império Português na África em busca da inde pen -
dência: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde
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3. Qual foi o efeito da luta colonial na política portuguesa?
O texto descreve que, em Portugal, o desgaste da guerra colonial enfraqueceu a ditadura salazarista. No caso, membros do exército derrotado 
na África voltaram-se contra a ditadura na metrópole em movimento, que contou com forte adesão popular e acabou por abrir espaço para 
a reconstrução da democracia no país.
11
Guerrilheiros de Guiné-Bissau, 1965. 
A Acção
Revolucionária
Armada (ARA) foi
criada pelo Partido
Comunista
Português para
opor-se ao exército
na Guerra Colonial.
Uma das suas
principais ações foi
a explosão de uma
bomba no navio
"Cunene", que
transportava
material e homens
para a Guerra
Colonial, 1968. 
 Com grande apoio popular, um grupo rebelde das forças armadas foi responsável pelo fim da
ditadura no país. Na imagem, população e militares do Movimento das Forças Armadas (MFA) no Largo
do Carmo (Lisboa), 25 de abril de 1974.
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Arquivo da Fundação Mário Soares
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 No caso do Império Português na África, a luta pela independência misturou-se ao embate ideológico
da Guerra Fria. Dessa forma, os países recém-independentes foram tomados por guerras civis
relacionadas às disputas entre capitalistas e socialistas. 
 Em Portugal, por sua vez, o desgaste crescente da Guerra Colonial enfraqueceu a ditadura
Salazarista, que você conheceu ao estudar o fascismo. Militares que retornaram da interminável Guerra
Colonial colocaram-se contra a ditadura de Marcelo Caetano (1933-1974), herdeiro político de António
de Oliveira Salazar (1889-1970), fundador da ditadura. 
 O golpe de Estado contra a ditadura, desferido em 25 de abril de 1974, ficou conhecido como
“Revo lução dos Cravos”, pois a população, como forma de gratidão pela vitória alcançada, distribuía
cravos aos soldados, que os depositavam nas armas. Tal evento abriu espaço tanto para a instalação da
democracia no país quanto para negociações com as colônias em busca de independência. 
 
A busca por um “Terceiro Mundo”
 Pressionadas pelo clima de Guerra Fria, as nações recém-independentes buscaram propostas
coletivas de inserção no cenário internacional.
 Uma das reuniões em busca desse novo posicionamento foi realizada em Bandung (Indonésia), em
1955. Célebre, a Conferência de Bandung defendia a autodeterminação dos povos, a igualdade, o fim
do racismo e do colonialismo e a não interferência das grandes potências nos assuntos internos das
demais nações. 
 Seu espírito igualitário fez da Conferência de Bandung a base para o posterior movimento dos países
“não alinhados”. Com sua primeira reunião realizada em 1961, esse movimento defendia que as nações
do mundo não deveriam ser peões na Guerra Fria e que os Estados, não importando sua matriz
ideológica, deveriam conviver pacificamente. 
 Por evitar a ideia de adesão automática aos EUA e à URSS, podemos considerar tanto a Conferência
de Bandung quanto o movimento dos “não alinhados” expressões da ideia de um “Terceiro Mundo”
dentro da Guerra Fria – distanciando-se da esfera de poder dos EUA e da URSS. 
 Observe, no texto a seguir, trechos do comunicado final da Conferência de Bandung, momento
mais simbólico na expressão desses ideais:
12
A Conferência de Bandung
A Conferência de Bandung propôs a discussão de temas relevantes aos povos ásio-africanos durante a década de
1950.Acompanhe a seguir parte de suas conclusões sobre esses temas: 
[...]
D) Problemas dos povos “dependentes”
1. A Conferência ásio-africana discutiu os problemas dos povos “dependentes”, o colonialismo e os males que
surgem da sujeição dos povos ao domínio e espoliação estrangeiros. 
Esta Conferência concorda em:
a) declarar que o colonialismo, em todas as suas manifestações, é um mal que deve ser levado ao fim.
b) afirmar que a sujeição dos povos à dominação e espoliação estrangeiros constitui uma negação dos direitos
humanos fundamentais, é contrário à Carta das Nações Unidas e impede a promoção da paz mundial e
cooperação.
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13
c) declarar seu apoio à causa da liberdade e da independência para todos esses povos.
d) clamar às potências envolvidas que garantam a liberdade e independência desses povos.
[...]
F) Promoção da paz mundial e cooperação
1. A Conferência ásio-africana, ante ao fato de que vários Estados ainda não foram admitidos na ONU, considera
que, para a efetivação da cooperação para a paz mundial, a associação às Nações Unidas deveria ser universal.
Ela também chama o Conselho de Segurança a apoiar a admissão de todos os Estados que estão aptos à
associação nos termos da Carta [das Nações Unidas] [...]
2. A Conferência ásio-africana tendo considerado a perigosa situação de tensão mundial e os riscos que a
conflagração de uma guerra mundial em que o poder destrutivo de todo tipo de armamento – inclusive as armas
nucleares e termonucleares – gera para toda a raça humana, chama a atenção de todas as nações para as terríveis
consequências da mesma. 
A Conferência considera que o desarmamento e a proibição da produção, experimentação e utilização de armas
nucleares e termonucleares são um imperativo para salvar a humanidade e a civilização do medo e da perspectiva de
destruição generalizada. A Conferência considera que as nações da Ásia e da África têm o dever perante a humanidade
e a civilização de proclamar seu apoio ao desarmamento e à proibição dessas armas e apelar às nações envolvidas e
opinião pública para realizar tal desarmamento e proibição. 
A Conferência considera que um efetivo controle internacional deve ser estabilizado e mantido para implementar
tal desarmamento e proibição e que esforços velozes e determinados devem ser feitos para esse fim.
Para alcançar a proibição total da manufatura de armas nucleares e termonucleares, essa Conferência apela às
potências concernentes a atingir um acordo para suspender experimentos com tais armas.
[...]
A Conferência ásio-africana reflete ansiosamente sobre a questão da paz e da cooperação mundiais. Ela enxerga
com grande preocupação o presente estado de tensão internacional e seu risco de guerra atômica. O problema da
paz é correlato ao problema da segurança internacional. Ante a essa conexão, todos os Estados deveriam cooperar,
especialmente através das Nações Unidas, em reduzir os armamentos e eliminar as armas nucleares através do efetivo
controle internacional. Deste modo, a paz mundial pode ser promovida e a energia nuclear pode ser usada
exclusivamente para objetivos pacíficos. Isso poderia ajudar a satisfazer às necessidades da Ásia e da África, pois o
que elas mais requerem são o progresso social, a melhoria no padrão de vida e maior liberdade. Liberdade e paz são
interdependentes. O direito à autodeterminação deve ser desfrutado por todos os povos, a liberdade e a independência
devem ser garantidas, com o mínimo possível de atraso, àqueles povos que ainda são dependentes. De fato, todas as
nações devem ter o direito de livremente escolher seu próprio sistema político e econômico e seu próprio modo de
vida, de acordo com os princípios da Carta das Nações Unidas. 
(Comunicado final da Conferência Ásio-Africana de Bandung, 24 de abril de 1955: Tradução e adaptação dos autores.
Disponível em: http://franke.uchicago.edu/Final_Communique_Bandung_1955.pdf.)
 Com a proposta de formar um Terceiro Mundo, na busca por um desenvolvimento autônomo, as
nações que aderiram ao espírito da Conferência de Bandung (1955) tornaram-se um importante
elemento de desconstrução da Guerra Fria, colaborando para o fim desse cenário político.
Agora você já pode realizar, 
em casa, a Tarefanet 31
“A descolonização na Guerra Fria”. 
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 Além das transformações no cenário internacional, mudanças nas duas superpotências também
colaboraram para o fim da Guerra Fria. O passar das décadas levou a um acúmulo de transformações
nos Estados Unidos e na União Soviética que, lentamente, gerou uma nova configuração do cenário
mundial.
 No caso soviético, a fracassada tentativa do governo de Nikita Kruschev (1953-1964) de acabar com
o culto à personalidade Stalin foi seguida por uma crescente burocratização do país que, entre outras
coisas, passou a enfrentar a rivalidade chinesa no bloco socialista e, de forma muito clara, perdendo a
competição política, econômica, social e ideológica para os Estados Unidos.
 Já nos Estados Unidos, a participação na Guerra do Vietnã, estudada no caderno anterior, tornou-se
ponto central de um processo de avanços e retrocessos. Por um lado, a década de 1950 e 1960 ficou
marcada pela luta por direitos civis de afro-americanos, mulheres e descendentes de mexicanos. Por
outro, na década de 1970, o escândalo Watergate levou à queda do presidente Nixon e, na década de
1980, com o governo de Ronald Reagan, a própria forma de praticar o capitalismo no país foi alterada.
 Neste cenário, destacam-se a decadência da União Soviética, com a entrada do capitalismo no Leste
Europeu e a ascensão dos Estados Unidos como potência global, exportadora de um modelo econômico
conhecido como neoliberal, ao longo da década de 1990.
� 5 – Vide orientações didáticas (página VI).
14
12.2. Fim da Guerra Fria: transformações na URSS e nos EUA A 49
DATA: _____/_____/_____
O fim da URSS
Ao entrar na década de 1980, a União
Soviética mostrava-se cada vez mais
inviável. Pressionada, ela não conseguiu
renovar seu sistema produtivo, manter a
integridade de sua área de influência e
competir com os Estados Unidos. A Corrida
Armamentista, essencial para atingir o
objetivo primordial, destruir o capi talismo,
mostrou-se um fardo pesado demais aos
soviéticos, cujo modelo de economia
centralizada e planificada estava defasado.
Seu sistema agrícola, duramente
prejudi cado pela coletivização das terras,
não conse guia produzir o suficiente para
alimentar a popu lação. Dessa forma, uma
região que ante riormente era um dos
celeiros do mundo, ficou extremamente
dependente de importação de alimentos –
inclusive de nações capitalistas.
A indústria, por sua vez, carecia de
dinamismo. Apesar da força da indústria
militar e do intenso desenvolvimento da
Caricatura de Leonid
Brejnev, líder soviético
entre 1964 e 1982.
Durante seu governo, a
URSS investiu
pesadamente em
tecnologia militar e de
defesa como forma de
fortalecer o comunismo.
Elaborou a “Doutrina
Brejnev” em que a URSS
poderia intervir em
outros Estados socialistas
em nome da defesa do
sistema. 
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Ao assumir como líder máximo da União Soviética, Gorbachev buscou melhorar a situação de seu país. Sua meta
era dinamizar a economia, cortando gastos militares e afrouxando o modelo estatizante, centralizador e planificado
do sistema produtivo, e diminuir a influência política das velhas elites conservadoras do Partido Comunista.
Observe suas duas principais políticas para realizar tais objetivos:
Política Glasnost (transparência/abertura) Perestroika (reestruturação/reforma)
Áreas – Direitos Humanos
– Cultura
– Mídia
– Política
– Economia
Medidas 1. Libertação de dissidentes políticos.
2. Proibição de prisão de dissidentes
políticos em manicômios.
3. Diminuição da censura na Imprensa.
4. Liberação para a publicaçãode filmes e
livros antistalinistas.
5. Recuperação histórica de lideranças
expurgadas por Stalin.
6. Instituição da liberdade de imprensa e
de opinião.
1. Abertura à livre iniciativa privada.
2. Combate ao desemprego e a ineficiência dos
serviços estatais a partir de empresas familiares.
3. Autorização para que cidadãos abrissem
pequenos negócios.
4. Diminuição da centralização e planificação
econômica.
5. Abertura à economia de mercado.
6. Realização de eleições para o Parlamento.
7. Realização de eleições para os sovietes locais.
8. Diminuição da pressão política aos países da
Cortina de Ferro.
A década de 1980 e a crise do socialismo
na União Soviética sinalizavam a possibilidade
de mudanças no Leste Europeu. Em rota de
colisão com Moscou, países da Europa
Oriental caminhavam de volta ao capitalismo,
ou seja, para uma economia de mercado, de
incentivo à competição. E o maior símbolo
dessa crise foi a queda do muro de Berlim,
em 1989.
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Mikhail Gorbachev governou a União
Soviética entre 1985 e 1991, sendo
responsável por lançar um ambicioso
conjunto de medidas reformistas para
diminuir a burocracia e a defasagem
econômica da federação. 
indústria pesada, graves problemas se acumulavam. Poluição, corrupção, ineficiência e desperdício impediam a
produção na quantidade e na qualidade necessárias. O acesso aos bens de consumo, que marcava o sucesso do
mundo capitalista, era difícil e incomodava cada vez mais a população.
Na desmontagem do
socialismo, as
estátuas de Lenin
foram ao chão.
Patrick PIEL/Gamma-Rapho via Getty Images
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A queda do Muro de Berlim (1989) e a reunificação da
Alemanha (1990) foram momentos simbólicos da perda
de controle soviético sobre a Cortina de Ferro. A
defasagem na qualidade de vida da Alemanha Oriental
(comunista) despertou pesadas manifestações de sua
população contra o governo, resultando na queda do
muro. Após negociações, a Alemanha Oriental foi
absorvida pela Ocidental, economicamente mais
desenvolvida e politicamente demo crática. 
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Em 20 de agosto de 1991, Gorbachev organizou uma conferência com os líderes das 15 repúblicas soviéticas e
os persuadiu a formar uma nova união voluntária em que teriam grande independência em relação a Moscou. Neste
ponto, um grupo de comunistas que não desejava mudanças decidiu que aquilo já era demais e lançou um golpe
de estado. No entanto, não obteve apoio popular, e o partido comunista ficou desacreditado. Era evidente o fim da
URSS. As repúblicas recém-independentes iniciaram um processo traumático de conversão à economia capitalista.
Essa transformação, simbólica da dissolução soviética, marcou o fim definitivo da Guerra Fria.
Observe a charge ao lado, descreva seus
elementos e explique de que forma ela pode ser
relacionada com a Glasnost e a Perestroika. 
É possível que os alunos destaquem 4 personagens principais contidos na
imagem e é interessante que o professor valorize seu esforço em identificá-los 
No caso, Gorbachev caminha em frente ao cortejo do caixão; Stalin e Lenin 
ocupam uma posição intermediária nas nuvens do “paraíso comunista”, e 
Marx se destaca como se fosse um deus ou profeta. Os demais personagens 
aparentam ser burocratas sem face ou diálogo com figuras históricas 
específicas.
A charge aponta que grandes figuras do comunismo internacional olham de 
um “céu” (o que demonstra uma visão crítica por parte do artista Edmund S. 
Valtman) e com grande incredulidade o fim do comunismo na União Soviética 
em um processo liderado por Gorbachev. 
A Glasnost e a Perestroika seriam justamente as medidas que levariam ao fim 
do comunismo, ao tentarem reformar o comunismo construído 
sobretudo durante os anos de Stalin. 
“Eu não consigo acreditar no que estou vendo”. 
Edmund, S. Valtman. União Soviética, 1991.
(Bibliotec do Congresso).
Nas nuvens notamos a inscrição “Paraíso Comunista”, 
um caixão em que está escrito “Comunismo” e 
uma legenda dizendo “Eu não consigo acreditar 
no que estou vendo”. 
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 Com a queda da URSS, os Estados Unidos passaram a liderar uma Nova Ordem Mundial em que,
aparentemente, não haveria mais obstáculos ao avanço do capitalismo.
 Acompanhe no texto a seguir algumas transformações dos Estados Unidos ao longo da Guerra Fria:
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Transformações nos Estados Unidos
As transformações nos Estados Unidos nas décadas da Guerra Fria foram importantes para a formação de uma
Nova Ordem Mundial, momento em que a superpotência conquistou o status de hegemônica, ou seja, dominante
do ponto de vista ideológico e econômico.
O governo federal tornou-se cada vez mais importante. Se na década de 1960 essa esfera contava com 8,8
milhões de funcionários, passou a contar com 15 milhões já na década de 1970. Por sua vez, o número de militares
manteve-se alto com, pelo menos, 2 milhões de homens e mulheres mobilizados nas várias funções das Forças
Armadas. No campo da inteligência, vital para a Guerra Fria, o FBI (agência que atuava dentro do país) e a CIA (voltada
às questões internacionais) cresceram em organização e
capacidade de ação.
Paralelamente, o país viveu uma verdadeira revolução na sua
sociedade. Grupos historicamente excluídos e perseguidos
passaram a manifestar-se por direitos civis já na década de 1950,
ganhando ainda mais força com a insatisfação causada pela
Guerra do Vietnã, na década de 1960.
A população negra, distribuída igualmente entre norte e sul e
cada vez mais urbanizada, foi pioneira nesse processo. No ano de
1955, em Montgomery, no Alabama, a prisão de Rosa Parks, uma
mulher negra, por recusar-se a ceder o lugar no ônibus para um
homem branco, transformou-se em uma bandeira contra o
racismo e as políticas segregacionistas. O boicote aos ônibus da
cidade impediu a sua condenação e intensificou os protestos contra
o racismo, a política do “separados, mas iguais” e as leis Jim Crow.
A violência da repressão das autoridades racistas do sul à
manifestações por direitos civis, como a de 1963 em Birmingham
(também no Alabama), logo mobilizou parcelas mais liberais da
sociedade, o governo federal e o poder judiciário em favor da
ampliação de direitos civis, de melhorias no mercado de trabalho
e na participação política dos negros.
Participante desse movimento, o ativista Martin Luther King
Jr. (assassinado em 1968) notabilizou-se por pregar desobediência
civil e a não violência como instrumentos na luta por direitos. Seu
famoso discurso de Washington, em 1963, clamava pela inserção
dessa população no “Sonho Americano”, até então reservado
aos brancos.
Outros grupos ganharam força no período com propostas
mais radicais: a Nação do Islã, cujo participante mais célebre foi
o ativista Malcom X (assassinado em 1965), pregava a independência política dos negros do país, dialogando
fortemente com a ascensão do Terceiro Mundo. Por sua vez, os Panteras Negras (fundados em 1966), famosos tanto
pela organização de milícias quanto pela ação filantrópica, foram alvos constantes de ações por parte do FBI. 
Paradoxalmente, a administração Lyndon Johnson – que ampliou a participação na desastrosa Guerra do Vietnã
e envolveu-se com a instalação de regimes ditatoriais em países como Brasil – foi extremamente importante na
democratização dos próprios Estados Unidos. Empurrada pelas manifestações, envolveu-se no combate ao racismo
e à segregação ao patrocinar a Lei dos Direitos Civis (1964) e a Lei do Direito de Voto (1965), fundamentais para a
inserção política dos negros no país.
Rosa Parks sentada em um ônibus em Montgomery,
Alabama, 1956.
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Com pauta similar, cidadãos descendentes de mexicanos e porto-riquenhos passaram a protestar, enriquecendo
a vida política dadécada de 1960. Nesse mesmo período, destaca-se também o crescimento do movimento feminista
com a atuação da Organização Nacional para as Mulheres (NOW, sigla em inglês para National Organization for
Women), questionando o papel secundário e estritamente doméstico dado às mulheres do país, e a luta de
homossexuais por liberdade, como na Rebelião de Stonewall de 1969 – quando a população gay de Nova York entrou
em conflito com a polícia contra a criminalização de sua orientação sexual, abrindo espaço para novas formas de
ativismo político e social.
Na década de 1970, o país intercalou bons e maus momentos. Após complicar ainda mais a situação na Ásia com
a invasão ao Laos e ao Camboja, a administração Nixon estranhamente deu passos importantes para a paz: retirou as
tropas do Vietnã e realizou marcantes visitas à China comunista e a URSS em 1972.
Ainda assim, os Estados Unidos sofreram fortes abalos pela Crise do Petróleo de 1973 e a sua maior crise de
política interna em todo o século XX: o caso Watergate. A prisão de agentes especializados em espionar e sabotar
rivais políticos, ilegalmente financiados pelo governo Nixon, levaram a sua renúncia em 1974.
Manifestantes por direitos
civis foram atacados por jatos
de água de alta pressão
suficiente para arrancar a
copa de árvores. 
Birmingham, Alabama, 1963. 
Polícia ataca manifestantes
durante os tumultos de agosto.
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 Ainda dentro do clima de Guerra Fria, a administração de Ronald Reagan (1981-1989) mostrou-se
determinante para seu fim. A rivalidade com a URSS foi retomada e o governo aumentou seus
investimentos na área militar, levando a Corrida Armamentista para um patamar que os soviéticos não
puderam alcançar. 
 Ao mesmo tempo em que levou ao esgotamento soviético com o aumento dos gastos nucleares, a
administração Reagan empenhou-se na expansão (em conjunto com a administração de Margaret
Thatcher no Reino Unido) de um novo modelo de capitalismo: o neoliberalismo.
 No neoliberalismo, o Estado reduziria seus gastos na rede de amparo e serviços sociais para criar
margem para a diminuição dos impostos às grandes empresas. Nesse modelo, menos Estado, menos
burocracia e menos impostos abririam espaços para a atuação da iniciativa privada, com expansão da
produção e do comércio, com a justificativa de que essa estratégia geraria mais riqueza e empregos. 
 Polêmica, a visão neoliberal foi essencial para a criação da Nova Ordem Mundial, caracterizada pela
hegemonia americana e pela globalização. 
12.3. Globalização e terrorismo
� 6 – Vide orientações didáticas (página VI).
 As últimas décadas do século XX ficaram marcadas por uma série de transformações: a ascensão
das políticas neoliberais (representadas pelos governos Thatcher e Reagan), a queda do Muro de Berlim
e a unificação da Alemanha, a dissolução da URSS com o consequente término da Guerra Fria, o fim
das ditaduras na América Latina, as guerras no Afeganistão e Iraque. A essas transformações somou-se
o processo socioeconômico, o qual ficou conhecido como globalização, tendo como principal motor a
revolução microeletrônica.
 Embora se mostrasse como uma tendência desde o final da década de 1960, foi só a partir da
década de 1990 que o conjunto de técnicas baseadas na informática foi sentido quase que
instantaneamente em todas as partes do globo, acarretando, assim, uma completa reconfiguração na
economia, na cultura e na sociedade.
 Globalização foi o termo que se tornou mais popular para definir esse conjunto das transformações
no final do século XX. No entanto, ela é uma conceituação abstrata, generalizante e repleta de
contradições, sendo caracterizada pela difusão dos computadores pessoais, a popularização do acesso
à internet e a abertura dos mercados.
 No processo chamado de globalização, o mundo passou a ser visto como um conjunto único de
atividades interconectadas e que não se limitam pelas fronteiras locais, provocando um profundo impacto
político e cultural. 
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Agora você já pode
realizar, 
em casa, a Tarefa 32
“Eu tenho um sonho”. 
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(EF09HI35)
Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO
(www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite HIST9F401
No Portal Objetivo
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 Acompanhe, a seguir, a reflexão do geógrafo Milton Santos sobre o processo de globalização:
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Por uma outra globalização
Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. Haverá nisto um paradoxo pedindo uma explicação?
De um lado, é abusivamente mencionado o extraordinário progresso das ciências e das técnicas, das quais um dos
frutos são os novos materiais artificiais que autorizam precisão e a intencionalidade. De outro lado, há também,
referência obrigatória à aceleração contemporânea e todas as vertigens que cria, a começar pela própria velocidade.
Todos esses, porém, são dados de um mundo físico fabricado pelo homem, cuja utilização, aliás, permite que o
mundo se torne esse mundo confuso e confusamente percebido. Explicações mecanicistas são, todavia, insuficientes.
É a maneira como, sobre essa base material, se produz a história humana que é a verdadeira responsável pela
criação da torre de babel em que vive a nossa era globalizada. Quando tudo permite imaginar que se tornou possível
a criação de um mundo veraz, o que é imposto aos espíritos é um mundo de fabulações, que se aproveita do
alargamento de todos os contextos para consagrar um discurso único. Seus fundamentos são a informação e o seu
império, que encontram alicerce na produção de imagens e do imaginário, e se opõem ao serviço do império do
dinheiro, fundado este na economização e na monetarização da vida social e da vida pessoal. (...) Devemos
considerar a existência de pelo menos três mundos num só:
Globalização como fábula: ideia sustentada pela máquina ideológica. Fala-se, por exemplo, em uma aldeia
global para fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as pessoas. A partir desse mito e do
encurtamento das distâncias – para aqueles que podem efetivamente viajar – se difunde a noção de que o mundo
se houvesse tornado, para todos, ao alcance da mão.
Globalização como perversidade: de fato, para a maior parte da humanidade a globalização está se impondo
como uma fábula de perversidades. O desemprego crescente se torna crônico; a pobreza aumenta e as classes
médias perdem em qualidade de vida; mortalidade infantil permanece; a educação de qualidade é cada vez mais
inacessível.
Globalização como possibilidade: todavia, podemos pensar na construção de um outro mundo, mediante
uma globalização mais humana. Baseada na mistura de povos, raças, culturas, gostos. A isso se acrescente, graças
ao progresso da informação, a "mistura" de filosofias, em detrimento do racionalismo europeu.
(...)
Globalização é, de certa forma, o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista. No fim do
século XX e graças aos avanços da ciência, produziu-se um sistema de técnicas presidido pelas técnicas da
informação, que passaram a exercer um papel de elo entre as demais, unindo-as e assegurando ao novo sistema
técnico uma presença planetária. Só que a globalização não é apenas a existência desse novo sistema de técnicas.
Ela é também o resultado das ações que asseguram a emergência de um mercado dito global, responsável pelo
essencial dos processos políticos atualmente eficazes.
(Milton Santos. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 
São Paulo: Record, 2000. p. 18-23.)
� 7 – Vide orientações didáticas (página VII).
 Entre os elementos destacados nos discursos relacionados à globalização, podemos destacar:
 • A tecnologia informacional, na qual os computadores tiveram um papel central, foi apresentadacomo único meio de aumentar a produtividade, a qualidade dos serviços e promover a difusão de
informações, o que provocou uma rápida popularização dessas tecnologias.
 • A dissolução do mundo bipolarizado possibilitou a divulgação do discurso de um mundo sem
fronteiras que, somado à difusão das redes de computadores, bem como transmissões via satélite
e em tempo real, provocaram um confluência de momentos, que podiam ser assistidos ao vivo,
simulta neamente em várias partes do mundo.
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 • O processo de internacionalização da produção que ocorre em escala planetária, uma
mundialização do dinheiro, do crédito, do consumo e da informação.
 • O desenvolvimento científico que permitiu conhecimento extensivo e profundo do planeta, a
criação de materiais em laboratórios. Além disso, os satélites na órbita da Terra permitiram
completo mapeamento de áreas do planeta, possibilitando as empresas a elaborar estratégias de
atuação global.
 • A rapidez das transformações demandou contínua redefinição dos arranjos econômicos,
provocando um estado de crise permanente e estrutural. Como consequência, o processo de
globalização acabou sendo justificado e considerado o único caminho possível para a solução
dessas crises, que se tornaram cada vez mais frequentes. 
� 8 – Vide orientações didáticas (página VII).
A partir da discussão do texto “Por uma outra globalização” e da análise dos elementos
contidos no discurso sobre o tema, a sala, com mediação do professor, deverá escrever um
parágrafo explicando de que maneira os fatores que tornaram possível a globalização estão
relacionadas com as três possibilidades apontadas por Milton Santos.
Em seu parágrafo, a sala precisa articular os conceitos apresentados no excerto de Milton Santos, com os fatores destacados como elementos 
dos discursos da globalização. Entre as possibilidades de discussões encontram-se o contraste entre o admirável progresso técnico e o 
discurso de um mundo multicultural e sem fronteiras, que fazem parte da ideia de globalização como fábula, ou seja, o mundo tal como 
nos fazem crer; e o aumento das desigualdades, desemprego referente à internacionalização da produção e as crises econômicas estão 
relacionados à ideia de globalização como perversidade, ou seja, o mundo como ele é.
Um novo olhar para esses problemas, de forma mais humanitária, pautado na miscigenação de povos e culturas, está relacionado à ideia
de globalização como possibilidade, ou seja, a construção de um outro mundo.
 A globalização trouxe como consequências maior agilidade na transferência de recursos financeiros,
materiais e dados eletrônicos, possibilitando que empresas transferissem suas várias atividades ao redor
do Globo. A tecnologia responsável por possibilitar essa maior agilidade e facilidade na transferência de
dados foi a internet, concebida durante a Guerra Fria como recurso de comunicação descentralizado,
garantindo continuidade da comunicação militar em caso de ataque nuclear. 
 Posteriormente, a rede foi usada por universidades para que professores e pesquisadores trocassem
informações e resultados das pesquisas científicas. Na década de 1990 a internet foi “aberta”
oficialmente para uso comercial e se tornou um dos símbolos do processo.
 Enquanto a ação das empresas se ampliava, os Estados se restringiram a operar em territórios de
alcance cada vez menor, tornando-se suscetíveis a intervenções dos interesses econômicos sobre as
questões políticas e sociais.
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Estados e empresas no mundo globalizado
Com o processo de revolução da microeletrônica, da informática e das comunicações, as empresas ganharam enorme
flexibilidade, de maneira que elas podem decompor e recompor o conjunto de seu sistema produtivo no sentido de
conseguir os melhores resultados dessa mobilidade. Assim, as empresas podem estabelecer seu setor produtivo na parte
do mundo onde os juros e os salários sejam os mais baixos, e os sindicatos mais controlados, para ter lucros maiores.
Além disso, as empresas colocam as filiais destinadas à captação de matérias-primas onde a legislação de proteção ao
meio ambiente é menos elaborada. Depois, elas instalam seu sistema financeiro onde os juros são mais altos. Por fim,
colocam sua direção e gerência administrativa na região onde a qualidade de vida é a mais alta possível. Então, desdobra-
se a empresa de forma a ter o maior benefício possível das fragilidades e vantagens encontradas em todas as partes de
um sistema econômica e politicamente desigual. Isso aumenta a lucratividade. A contrapartida desse processo é que se
algum país não aceitar essas condições, a empresa simplesmente retira o seu investimento e o que resta ao país é
minguar na miséria absoluta. Portanto, configura-se uma chantagem econômica. Mas, como os países atrelados a um
sistema aberto de investimento externo dependem desse circuito, os Estados locais encontram-se desprovidos de poder
de negociação diante do poderio das grandes empresas. Ato contínuo, as grandes empresas ditam as negociações, bem
como a agenda política desses países. Portanto, a situação do mundo foi reconfigurada, de modo que o capitalismo se
tornou transnacional e os Estados perderam sua soberania de maneira drástica. Por outro lado, os Estados-sede das
empresas ganharam um poder de intervenção e de defesa de seus interesses que os transformou em megapotências de
abrangência mundial.
(Nicolau Sevcenko. Revista E do Sesc São Paulo, n.o 53, out. 2001.
Disponível em: https://www.sescsp.org.br/online/artigo/1267_ENTREVISTANICOLAU+SEVCENKO. Acesso em: 30 ago. 2018.)
Agora você já pode realizar, 
em casa, a Tarefa 34
“Mundo globalizado”. 
 Devido às contradições internas do processo de globalização, como aumento da desigualdade e
acirramento das diferenças locais, ainda no decorrer da década de 1990 em várias partes do planeta,
começam a ser organizados movimentos críticos, que se constituiam em demandas que extrapolavam
as fronteiras nacionais e apresentavam outros aspectos da globalização. 
 Dentro dessa perspectiva, destacam-se iniciativas como os “Dias de Ação Global”, criados como
forma de contestar as perversidades da globalização. Nesses dias, grupos de ativistas de várias partes do
planeta se articulavam pela internet, para organizar protestos nas cidades que recebiam encontros de
alguma organização (símbolo da globalização e do capitalismo), denunciando situações de exploração
exacerbada.
 Nota-se que as contradições do processo de globalização, como o aumento da desigualdade,
somadas a uma influência ocidental crescente, colocaram parcelas da população mundial em situações
de exclusão socioeconômica e acentuação de diferenças culturais. 
 Nesse contexto, o terrorismo se tornou o meio encontrado por certos grupos para impor suas ideias.
Historicamente caracterizado pela utilização de violência física e psíquica, o terrorismo ganhou uma nova
faceta com a globalização.
 Acompanhe no texto a seguir um exemplo desse processo:
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A ascensão do terrorismo do século XXI
A vitória da democracia estadunidense sobre o totalitarismo russo enganara os defensores da globalização.
Durante os anos 1990, ao invés de unirem-se em torno de valores comuns, os povos do mundo tornaram-se
ainda mais divididos por suas diferentes – e competitivas – identidades culturais. (...) Os Estados Unidos
novamente estrelaram como o defensor da civilização Ocidental contra a bárbara ameaça do Oriente. Como
substitutos dos russos e dos chineses, os muçulmanos eram identificados como o novo inimigo.
(...)
Após os ataques da Al-Qaeda em Nova Iorque e Washington em 2001, republicanos neoconservadores
agarraram-se à oportunidade de mobilizar apoio público para uma política externa descaradamente mais
agressiva.
(...)Os propagandistas do Partido Republicano argumentaram que a maioria dos muçulmanos poderia ser
facilmente cooptada para o lado estadunidense na “guerra contra o terror”. Para os habitantes do Oriente
Médio e da Ásia Central, a escolha era entre a pobreza do passado islâmico e a prosperidade do futuro
estadunidense.
(Richard Barbrook. Futuros Imaginários: das máquinas pensantes à aldeia global. 
São Paulo: Peirópolis, 2009, p.342.)
 A globalização transformou ideológica e materialmente as estruturas político-econômicas e
socioculturais, antes fundamentalmente nacionais ou regionais. Essa nova noção de interação entre os
povos e nações aprofundou as diferenças entre os países ricos e desenvolvidos, situados no Ocidente, e
os países pobres, subdesenvolvidos e com inúmeros problemas sociais. Esses fatores foram algumas das
causas que fortalecem a difusão de ideias radicais e violentas em diversos segmentos da comunidade
internacional, pois a globalização não produziu uma “homogeneização” da própria sociedade, tal como
era esperado pelo sistema ocidental ao final da Guerra Fria.
 Contemporaneamente, dá-se o nome de “terrorismo” às ações de violência política de alguns
grupos em escala transnacional. Em geral, essas ações buscam propagar pânico em toda a comunidade
internacional como forma de pressão a favor de determinadas causas político-ideológicas.
 As ações, realizadas tanto no território original do grupo “terrorista” quanto em outras regiões
distantes, são transmitidas pela mídia de maneira espetacularizada, o que aumenta ainda mais seus
danos físicos e psicológicos nas sociedades contra as quais são praticadas. 
 Acompanhe a seguir um breve resumo dos desdobramentos do combate ao terrorismo a partir do
contexto da globalização:
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As imagens dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos correram o
mundo e marcaram uma nova faceta do terrorismo internacional. Em conjunto com seu
professor, a sala deverá debater de que forma esses ataques podem ser relacionados com
o processo de globalização e registrar suas conclusões no espaço a seguir. 
Os alunos deverão articular os conteúdos da primeira parte com os atentados de 11 de setembro. Uma das possibilidades é associar as 
contradições e características da globalização com as causas para os atentados. Outra abordagem seria discutir a transmissão das imagens 
em tempo real por emissoras de todo o mundo. A globalização também fez com que a mídia e o desenvolvimento tecnológico evoluíssem 
de tal forma que até mesmo esses fatores passaram a influenciar no desenvolvimento do terrorismo internacionalizado, uma vez que os 
ataques transmitidos pelas redes de TV e divulgados pela internet se tornam frequentes, atraindo mais ainda a atenção do telespectador. 
Como consequência, tais registros servem para propagar um sentimento de medo mundial.
 No módulo 12, você acompanhou alguns dos elementos que se destacaram na transição entre
Guerra Fria e mundo globalizado, marcado pela ação terrorista ante a expansão do modo de vida americano. 
No próximo módulo, você acompanhará as transformações vividas pelo Brasil nesse mesmo contexto,
muito marcado pelo choque entre ditadura e democracia. 
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13.1. Brasil: a encruzilhada da ditadura
 Conforme estudamos no caderno 3, a ditadura militar se estruturou em 1964, sob o argumento de
defesa da democracia contra as medidas consideradas comunistas de Jango. A ditadura passou por
transformações significativas nos governos militares que culminaram na eleição indireta de Tancredo
Neves em 1985. Depois de 21 anos, os militares deixavam o governo, através de uma “lenta, gradual e
segura” transição, no dizer do próprio grupo que controlava o poder.
 Os desafios econômicos, a repressão/manipulação da população e tentativas de resistência política
marcam esse período, como veremos a seguir. 
Do Milagre Econômico à “década perdida”: 1970 e 1980 
Agora é hora de compartilhar os conhecimentos prévios sobre o conceito dos anos de
chumbo e seus desdobramentos na ditadura militar.
Sob a mediação do professor, que fará um registro na lousa, a classe deverá gerar um mapa mental
sobre o conceito dos anos de chumbo.
Rupturas e continuidades: do fim da ditadura à Nova República5
Módulo
13
A 51 DATA: _____/_____/_____
� 9 – Vide orientações didáticas (página VII).
Mapa mental dos anos de chumbo – espera-se que os alunos possam relembrar a importância da repressão, do crescimento econômico e
da propaganda dos feitos econômicos e esportivos.
(EF09HI30)
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 A falência do modelo da ditadura dos militares no Brasil começou com problemas econômicos
causados por uma crise internacional de grande magnitude (as crises do petróleo entre 1973-74). Isso
esgotou os recursos do crescimento anterior nos governos de Geisel (1974-79) e Figueiredo (1979-85).
Faliu também o modelo de industrialização por substituição de importados, comandada pelo Estado –
através de investimentos e créditos públicos, e associada diretamente ao endividamento externo.
Acompanhe essa situação nos gráficos a seguir:
26
(Flávio de Campos; Miriam Dolhnikoff. Atlas da História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1993, p. 70-71.)
 Os grandes centros sentiram a crise econômica: muitas empresas fecharam e o desemprego se tornou
um enorme problema. Para piorar, a inflação não diminuiu significativamente, registrando 110,2% em 1980,
95,2% em 1981, 99,7% em 1982, chegando a 223% em 1984. Era o que se chamou de “estagflação”,
ou seja, a junção do fim do crescimento econômico (estagnação) com o aumento dos preços e custo de
vida (inflação). Os desdobramentos da crise seriam vistos em vários sentidos. Um deles foi o crescimento do
movimento operário em luta contra a política econômica que atingiu as classes trabalhadoras.
Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO
(www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite HIST9F402
No Portal Objetivo
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27
Questão operária e a redemocratização
Desde 1977 a “questão operária” havia retornado ao cenário do País. Tudo começou com a perspectiva de
reposição salarial devido à manipulação da inflação em 1973. Ali já se destacava:
“Para nós interessa muito aquela democracia que também dê liberdade aos sindicatos. Esse negócio de democracia
só para políticos não dá pé, porque a gente vai continuar espremido aqui no pedaço.”
(Marcos Napolitano. As greves do ABC: a questão social encontra a questão democrática. 
In: Cultura e poder no Brasil Republicano. Curitiba: Juruá, 2002.
Em 1978 e 1979 houve grandes greves que reuniram milhões de trabalhadores. E, em 1980, o movimento se
ampliou entre metalúrgicos, contando com 95% dos trabalhadores de São Bernardo do Campo. Realizaram uma
assembleia com mais de 60 mil pessoas. Articularam a greve com manifestações na cidade e na Catedral da Sé. Esse
movimento, além de lutar pelos direi tos dos trabalhadores, inspirou a resistência contra a ditadura, demonstrada nas
manifes tações contrárias à prisão do presidente do sindicato dos metalúrgicos na época, Luiz Inácio da Silva – o “Lula”.
E, ultrapassando a conjuntura política, deu origem ao projeto de um partido dos trabalhadores. Mais adiante, o
movimento sindical garantiu força com a formação da Central Única dos Trabalha dores (CUT), em 1983 – ligada
diretamente ao Partido dos Trabalhores (PT) e a Central Geral dos Trabalhadores (CGT), em 1986. Era um contexto
de grandes discussões das políticas salariais.
Assembleia de operários em greve na região do ABC.
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Resistência e repressão: a redemocratização no Brasil 
 Apesar de toda a repressão estabelecida no governoMédici, nos chamados anos de chumbo, como
vimos, a Guerrilha do Araguaia conseguiu se estabelecer em 1967. Foi a grande tentativa de resistir à
ditadura militar e, com isso, implantar o socialismo no País. Acompanhe no quadro a seguir:
(EF09HI29)
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28
Guerrilha do Araguaia entre outros movimentos de contestação
Organizada pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B), a Guerrilha do Araguaia tinha como
princípio o modelo revolucionário de Mao Tse Tung, ou seja, baseado no engajamento dos
camponeses, promoveriam as ações do campo para a cidade, em torno de uma “guerra popular
prolongada”. Escolheram a região do Araguaia, sul do Pará, por ser uma área extensa (6.500 Km),
pouco povoada (menos de 20.000 habitantes, segundo as estimativas) e de difícil acesso – era o
Bico do Papagaio.
Guerrilha do Araguaia
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A ideia era ganhar o máximo de apoio da população local para angariar homens e, assim,
conseguir sua expansão. De início, o movimento contava com 59 homens, e, em um curto espaço
de tempo, conseguiu mais 10 da região. A repressão chegou com toda a violência. Foram, ao todo
três operações para garantir a execução de, pelo menos, 59 guerrilheiros que tiveram seus corpos
desaparecidos.
O clima tenso da forte repressão começou a ser quebrado com a reação a um episódio: o
assassinato do jornalista Vladimir Herzog, o Vlado, em São Paulo, no ano de 1975. Imediatamente
houve a união de diferentes setores dos grupos dominantes (governador e industriais) em busca
da resistência democrática contra a tortura e a repressão. Esses grupos conseguiram interferir e
denunciar o abuso das torturas. Conseguiram também apoio de parte dos militares, dando início o
processo de abertura política ao qual o grupo da linha-dura no exército resistiu. Nesse contexto, e
com o fim das guerrilhas, a repressão ainda tentava justificar seu funcionamento por meio de
ataques espetaculares e desproporcionais, como o assassinato no Rio de Janeiro de membros do
Partido Comunista Brasileiro (PC do B), agremiação clandestina, mas que já havia renunciado à
luta armada, desde 1958. 
Nessa conjuntura, Geisel estabeleceu o processo da abertura política “lenta, gradual e segura”,
exatamente como desejavam os militares. Foram fatores fundamentais para essa mudança: a Guerra
Fria perdera força no mundo – era o período da “Détente”; a crise econômica já era visível – a
partir da crise do petróleo; a resistência democrática crescia. De qualquer forma, foram os militares
que conduziram a reabertura política, de maneira pendular, ora promovendo abertura, ora
garantindo a manutenção do poder em suas mãos por mais tempo. Um dos exemplos mais
significativos da resistência da linha-dura militar foi o atentado ao Riocentro em que militares
levaram bombas para estourar na comemoração do Dia do Trabalho, em 30 de abril de 1981.
Entretanto, uma delas explodiu no interior de um carro dos militares, onde estavam um sargento
(que morreu) e um capitão (que ficou gravemente ferido). Como a imprensa chegou antes que
desse tempo de o Exército modificar a cena, tiveram que reconhecer que ali estavam dois militares.
O governo tentou esconder tudo. Uma grande crítica é feita no poema “A implosão da mentira”
de Affonso Romano Sant’Anna.
Vocabulário
Détente – termo francês empregado para significar distenção política – ou diminuição da tensão política entre nações e
governos.
Agora você já pode realizar, 
em casa, a Tarefanet 35
“Riocentro ou a implosão da mentira”. 
C4_9o_Ano_Historia_Carlos_2022_PROF.qxp 24/05/2022 10:18 Página 29
 Por outro lado, houve o desenvolvimento de medidas democráticas progressivas. Acompanhe os
principais acontecimentos dos governos Geisel e Figueiredo.
30
Governos Geisel e Figueiredo e a redemocratização
Governo Geisel
Em outubro de 1978, o Congresso aprovou a emenda constitucional n.o 11, a entrar em vigor em 1.o de janeiro
de 1979, pelo fim do AI-5. Ou seja, finalmente haveria a restauração da autonomia dos direitos individuais, como
habeas corpus e a proibição da força do presidente em fechar o Congresso, cassar mandatos, acabar com a carreira de
trabalho do funcionalismo público ou dos direitos políticos.
Governo João Baptista Figueiredo
– Anistia – Na política, em agosto de 1979, o Congresso aprovou o projeto da anistia. Existia uma forte campanha
civil para ser “ampla, geral e irrestrita”. No fim, acabou sendo um projeto de mão dupla, mas que, até hoje,
perpetua como inimputáveis os praticantes da tortura, desaparecimentos e mortes.
– Pluripartidarismo – Reforma política estabelecida em 1979, abriu caminho para a manifestação de vários setores
e propostas no país.
– Eleições para governador em 1982 (e também para vereadores) – vitória da oposição com Brizola no Rio de
Janeiro, Montoro saiu-se vitorioso em São Paulo e Tancredo Neves em Minas Gerais.
– “Diretas Já” – Nada, no entanto, se comparava a força da projeção que a campanha “Diretas Já” gerou. Era
quase uma unanimidade nacional. Era a esperança não só de eleições diretas, mas também da luta contra o
salário baixo e a inflação. No entanto, o resultado não veio. A Emenda Dante de Oliveira (nome do deputado
que propôs as “Diretas Já”) foi votada na noite de 26 de abril de 1984 e Brasília repleta de tropas temerosas da
reação popular. Foram 298 votos a favor, 63 contrários e 3 abstenções. Faltaram 22 votos para conseguir dois
terços da casa e, consequentemente, sua aprovação. Nesse dia, 113 deputados se ausentaram.
O movimento “Diretas Já” na Praça da Sé contando com 1,5 milhão de pessoas.
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Para a sucessão de Figueiredo, as eleições continuariam a ser indiretas. Os militares conseguiram conduzir o processo
de reabertura e adiar a entrega de poder aos civis, ainda que este fosse um processo inevitável. Em 1985, Tancredo
Neves se tornou uma figura central da redemocratização por reunir forças variadas (inclusive antes aliadas do governo)
em torno de um civil de 51 anos de vida pública e que permitiu a vitória da oposição.
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 Agora, você pode também discutir sobre os motivos de reavaliação da Anistia na atualidade. 
 Recentemente, em nosso país, foram feitos trabalhos da Comissão da Verdade, assim como em
outros países da América Latina. Sua missão foi concluída em 10 de dezembro de 2014. Acesse o site:
http://www.cnv.gov.br/
 Lá, há todo o histórico do processo da Lei da Comissão da Verdade e, além dos relatórios, é possível
encontrar a lista dos 377 nomes de agentes de Estado apontados como responsáveis pelos crimes
políticos ocorridos durante a ditadura militar.
 Agora, responda: Qual a relação entre a Lei da Anistia e o trabalho da Comissão da Verdade?
(2011-2014)
Espera-se que o aluno seja capaz de compreender que, apesar da Comissão da Verdade ter produzido um amplo repertório acerca dos 
agentes de Estado que participaram da repressão e jamais foram sequer julgados pelos crimes cometidos, a Lei da Anistia os protege e 
impede qualquer processo legal contra eles.
13.2. Nova República e a Constituição de 1988
� 10 – Vide orientações didáticas (página VIII).
 A redemocratização estava em curso, ainda que com suas
dificuldades, como a não aprovação das “Diretas Já”. Havia forte
esperança na eleição de Tancredo Neves – um presidente civil,
depois de 21 anos. No entanto, às vésperas da posse, o
presidente eleito foi internado e não resistiu às cirurgias que se
seguiram. Sua morte trouxe o temor de como seriam os passos
conduzidos pela Nova República a partir de José Sarney. Era
necessário estabelecer os conceitos políticos da nova democracia
e a construção da cidadania.
 Com a oficialização do civil José Sarney na Presidência do
Brasil, a sociedade civil mobilizou-se então para a convocação
de uma AssembleiaNacional Constituinte, que através do
Congresso Constituinte discutiria projetos e elaboraria leis que
substituíram a Constituição de 1967, uma herança do regime
militar.
 A instalação da Assembleia Constituinte, que consagrava a
Nova República, deu-se no dia primeiro de fevereiro de 1987, e
a nova Constituição do Brasil foi promulgada no ano seguinte,
em cinco de outubro de 1988. Foi denominada “Constituição
31
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Ulysses Guimarães segurando uma cópia
da Constituição de 1988.
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Cidadã” pelo deputado Ulysses Guimarães, numa clara referência à ampliação de direitos sociais e
políticos a significativas parcelas da sociedade. Por exemplo: extensão do direito de voto ao analfabeto
e pessoas maiores de 16 anos, classificação do racismo e da tortura como crimes inafiançáveis, medidas
de proteção aos territórios e povos indígenas, direito das comunidades remanescentes de quilombos
(quilombolas) às terras ocupadas por seus antepassados.
 Vamos agora ler e discutir um trecho do Texto Constitucional de 1988.
32
A Constituição de 1988
PREÂMBULO
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos,
fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias,
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Art. 1.º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos
termos desta Constituição.
Art. 2.º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Art. 3.º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
Art. 4.º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos
da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
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TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida,
na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação
coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou
licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso
de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas,
salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal
ou instrução processual penal; […]
(Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 19 jul. 2018.)
“Ela é moderna nos direitos, sensível às minorias políticas”
Como o Brasil e como a própria democracia, a Constituição de 1988 também é imperfeita. Envolveu movimentos
contraditórios e embates formidáveis entre forças políticas desiguais, e inúmeras vezes errou de alvo. Conservou intocada
a estrutura agrária, permitiu a autonomia das Forças Armadas para definir assuntos de seu interesse, derrubou a proposta
da jornada de trabalho de quarenta horas, manteve inelegíveis os analfabetos – embora tenha aprovado seu direito de
voto. E, fruto de seu inevitável enquadramento histórico, nasceu velha em seus capítulos sobre o sistema eleitoral e em
sua ânsia de regular as minúcias da vida social. Mas, a Constituição de 1988 é a melhor expressão de que o Brasil tinha
um olho no passado e outro no futuro e estava firmando um sólido compromisso democrático. Foi assinada por todos
os partidos – inclusive o PT. Ela é moderna nos direitos, sensível às minorias políticas, avançada nas questões ambientais,
empenhada em prever meios e instrumentos constitucionais legais para a participação popular e direta, e determinada a
limitar o poder do Estado sobre o cidadão e a exigir políticas públicas voltadas para enfrentar os problemas mais graves
da população. E, quando Ulysses Guimarães apresentou o texto final, que deveria ser promulgado pelo Congresso com
“ódio à ditadura. Ódio e nojo”, como ele próprio declarou no Jornal do Brasil, a Constituição de 1988 deu início a um
período consistente e duradouro de vigência das liberdades públicas e de solidez das instituições democráticas.
(Lilia M. Schwarcz; Heloisa M. Starling. Brasil: uma Biografia. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 488-489.)
Para saber mais 
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Protagonismo feminino
 Você estudou anteriormente a Primeira
Guerra Mundial e fez uma análise de cartazes e
pôsteres ingleses veiculados à época do grande
conflito. A partir da leitura da imagem, a classe
deverá responder coletivamente às questões:
1. Como pode ser entendida a
expressão antissufragista?
As discussões dos alunos certamente convergirão para o 
significado de ser contra o sufrágio, e nocontexto histórico 
estudado refere-se a ser contrário ao direito de voto às mulheres.
 
A sala deve, após a leitura atenta dos trechos destacados da Constituição e da crítica
estabelecida por Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling, discutir um balanço sobre o tema:
– Quais são algumas das características políticas do Brasil expressas na Constituição?
– Quais são alguns dos direitos civis, políticos e sociais estabelecidos na Constituição?
A partir da leitura, a sala deve chegar à conclusão de valores políticos importantes como a democracia, a pluralidade política, o valor dos 
direitos humanos, do pacifismo e da luta contra o racismo e terrorismo. Além disso, direitos amplos como a proibição da tortura, a liberdade 
de pensamento e expressão, e, sobretudo, a igualdade entre homens e mulheres.
34
Agora você já pode realizar, 
em casa, a Tarefanet 35
“A Constituição de 1988”. 
13.3. A conquista do protagonismo feminino
� 11 – Vide orientações didáticas (página VIII).
 Para entendermos a conquista do protagonismo feminino, é importante destacar as transformações
estabelecidas no início do século XX para, a partir de um processo histórico, compreendermos os avanços
estabelecidos pela Constituição de 1988. 
Tradução: “O SEXO FRÁGIL? – ‘O lugar da mulher é em casa’ – 
antissufragistas”.
(Kenneth Russell Chamberlain (1891-1984).)
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2. De que maneira o cartaz inglês pode relacionar-se à questão da mulher no início do século XX?
Os alunos poderão considerar em suas discussões que as mulheres também poderiam ser úteis no conflito, atendendo os feridos; por 
isso, questiona a visão do sexo frágil e termina com a menção aos antissufragistas, em um contexto de luta pelos direitos das mulheres 
até o início da guerra.
 Você estudou na unidade 3, módulo 9, que o movimento sufragista se ampliou no Brasil sobre a
liderança da bióloga Berta Lutz, que fundou a Federação Brasileira para o Progresso da Mulher, em
1922. No entanto, o direito de voto somente foi conquistado em 1933, além de outros direitos como o
de ocupar cargos no governo e ganhar salários iguais aos dos homens. 
 Apesar da luta por protagonismo, o século XX perpetuou evidentes desigualdades e a luta de gênero
por igualdade sempre se fez necessária. Veja como analisam o advogado Cristiano Lange dos Santos e
a professora Claudia Paim Furnaletto:
35
Participação feminina na política
A manutenção de um processo de contínua exclusão social das mulheres nos mais distintos espaços, tanto públicos
quanto privados, constituiu um processo de violação extrema dos direitos de gênero. No Brasil, somente a partir de 1988,
com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) (BRASIL, [2019a]), asseguraram-se os direitos
de igualdade entre os gêneros, proibindo-se discriminações por motivo de sexo. Entretanto, desde a virada do milênio,
com as constantes crises econômicas e o avanço do neoliberalismo, o mundo tem sido testemunha de um ciclo de
protestos e reivindicações com intensa participação das mulheres, ao levantarem pautas como igualdade de direitos,
democracia real, direito sobre seu corpo e sua sexualidade, entre outras questões inovadoras. Assim, a nova onda feminista
verbalizou o ativismo – a denominada “primavera feminista” –, ao redimensionar suas ações, para tornar-se mais radical
e criativa, e denunciar a situação de violência à qual as mulheres estão submetidas [...]
É hegemônico o pensamento de que não pertence às mulheres o espaço da política, um lugar eminentemente
masculino, representado pela força da disputa, em que o crédito e o reconhecimento são elementos fundamentais. Trata-
se de uma violência simbólica, na medida em que as mulheres não são reconhecidas como capazes de produzir ação
política legítima e efetiva, vistas como inabilitadas para operar no espaço público. [...]
Saliente-se que, em termos legislativos, as décadas de 1980 e 1990 foram inspiradoras, uma vez que as mulheres
participaram de intensas articulações e mobilizações para assegurar direitos na Constituição de 88, notadamente o de
igualdade. [...]
A Lei n.° 12.034, de 29/9/2009, que modificou a Lei n.° 9.504/1997 para tornar obrigatório o preenchimento de
30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo nas listas eleitorais dos partidos políticos, com penalidades
definidas e passíveis de sanções econômicas aos partidos que não a cumprirem. Assim, as cotas são políticas que visam
à paridade de gênero, a fim de corrigir uma desigualdade estrutural entre homens e mulheres no espaço político
representativo. Estabeleceu também outras inovações para fortalecer a participação feminina na política: a previsão de
10% do tempo de propaganda partidária, no art. 45, IV; e a destinação de 5% dos recursos do fundo partidário para a
formação política e o incentivo à participação feminina, disposta no art. 44, V (BRASIL, 2009). [...]
Essa lei para instituir o mínimo de 30% de mulheres, com o fim de ampliar a participação feminina no espaço da
política e de reduzir a desigualdade de gênero nos Poderes Legislativos, apresenta limites. Observa-se que, após a sua
promulgação, houve crescimento do número de mulheres eleitas para o cargo de vereador. Da mesma forma, o
crescimento do número de candidaturas femininas nos pleitos em exame. Entretanto, é possível avançar ainda mais em
termos de acesso às candidaturas femininas, garantindo aos candidatos a paridade de gênero, até como forma de intervir
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radicalmente nas estruturas partidárias e nos espaços de poder. Por isso, a adoção de lista alternada, que garanta 50%
das candidaturas para homens e 50% das candidaturas para as mulheres, seria a intervenção mais adequada para corrigir
a enorme desigualdade entre gêneros na política. O fato de os partidos e possíveis doadores terem, em regra, preferência
por candidatos masculinos ou femininos com histórico e trajetória consolidada e reconhecida faz com que outras mulheres
não se disponham a concorrer.
(Cristiano Lange dos Santos; Claudia Paim Furlanetto. Participação feminina na política: exame da Lei n.o 12.034/2009 e a previsão de cotas de
gênero. Revista de Informação Legislativa: RIL, Brasília, DF, v. 56, n. 223, p. 191-211, jul./set. 2019. 
https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/56/223/ril_v56_n223_p191 (consultado em: 21/07/2020))
Agora que você já conhece o desenvolvimento do protagonismo feminino no século XX, e
analisou a discussão sobre a participação política das mulheres no Brasil, faça um pequeno
parágrafo sobre a luta pelo protagonismo feminino, a Constituição de 1988 e a participação feminina
na política do Brasil. 
O texto dos alunos deve contemplar o processo de conquista do protagonismo feminino, a luta por direitos e, ao mesmo tempo, a 
perpetuação de uma menor participação política feminina no Brasil contemporâneo. Por fim, destaque a política da Lei 12.034/2009 com a 
defesa de cotas para assegurar avanços na efetiva participação e igualdade feminina.
13.4. A questão indígena e a questão do “campo negro”
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 A Constituição de 1988, em seu capítulo VIII intitulado “Dos Índios”, deliberou sobre o direito à
posse das terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas. Para além da garantia constitucional,
ainda permanecem tensões relativas à demarcação das terras indígenas. Podemos considerar alguns
fatores que dificultam a consecução dessa política indigenista: a ampliação da fronteira agrícola brasileira
em direção às regiões norte e centro-oeste, locais que concentram o maior número de grupos indígenas
de nosso país. Em muitas dessas terras indígenas existem significativas reservas minerais e florestais;
dessa forma, essas áreas ocupadas tradicionalmente por povos indígenas tornam-se alvo da exploração,
entre outros, de fazendeiros e gruposeconômicos. 
 Amplie seus conhecimentos sobre essa questão com a leitura da evolução histórica da legislação
brasileira sobre os povos indígenas.
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• 1910: criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI).
• 1940: criação do Instituto Indigenista Interamericano, com o objetivo de zelar pelos direitos dos
indígenas no continente americano.
• 1943: através da intervenção do marechal Rondon, o presidente Getúlio Vargas determinou a
adesão do Brasil ao Instituto Indigenista Brasileiro, e também instituiu o dia 19 de abril como Dia
do Índio.
• 1967: sucedendo ao SPI, foi criada a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), órgão indigenista oficial
do governo brasileiro, vinculado ao Ministério da Justiça.
• 1973: estabelecimento do Estatuto do Índio, lei federal que considera os povos indígenas como
“relativamente incapazes”, sendo tutelados por um órgão estatal, ou seja, a FUNAI, até sua
integração na sociedade nacional. O Estatuto do Índio propõe a integração dos povos indígenas à
sociedade brasileira por meio de sua assimilação “harmoniosa e progressiva”.
• 1988: o primeiro parágrafo do artigo 215 da Constituição de 1988 determina que o Estado deve
se responsabilizar pela proteção das manifestações culturais, entre elas as dos povos indígenas,
garantindo o pleno exercício da sua cultura, crenças e tradições.
• 2012: o governo federal instituiu a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras
Indígenas (PNGATI), detalhando um conjunto de políticas e ações de longo prazo, visando a
garantir e promover a proteção, a recuperação, a conservação e o uso sustentável dos recursos
naturais das terras e territórios indígenas.
• 2013: inclusão de representantes de povos de diversas etnias indígenas na Conferência de
Desenvolvimento Sustentável.
Áreas remanescentes de quilombos
 Você estudou no 8.º ano questões relativas aos quilombos e aos quilombolas. Considerando as
discussões feitas anteriormente, a classe deverá responder as questões:
1. O que foram os quilombos?
Os alunos deverão considerar em sua discussão que os quilombos representam um fenômeno típico das Américas. No período escravocrata, 
eram locais onde os escravizados africanos e afrodescendentes passaram a organizar depois que fugiam das fazendas. Os quilombos não 
eram locais isolados no interior das matas, mas, sim, vilarejos que estabeleceram uma rede de relações com as áreas localizadas em seu 
entorno.
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2. Qual o significado da palavra quilombola?
Denominação dada aos escravizados que fugiam das fazendas e passavam a viver em um quilombo.
A partir da década de 1980, passou-se a utilizar a expressão “áreas remanescentes de quilombos” para designar os descendentes dos escra-
vizados, que vivem em comunidades rurais caracterizadas pela agricultura de subsistência, bem como e por manifestações culturais que 
apresentam uma significativa vinculação com a matriz africana. Esses grupos passam a formar o que hoje é denominado de “campesinato negro”.
A Constituição Federal de 1988 consagrou o direito à propriedade de terra para mais de duas mil comunidades quilombolas espalhadas 
pelo Brasil. No ano de 2003, o Decreto Federal n.o 4.887 regulamentou o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, 
demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades de quilombos, sendo o Instituto Nacional de Colonização 
e Reforma Agrária (INCRA), seu órgão de competência na esfera federal.
 Leia agora um trecho da Cartilha Cidadania Quilombola, resultado de uma parceria entre a Secretaria
Especial dos Direitos Humanos (SEDH), vinculada à Presidência da República, e o Instituto Socioambiental
(ISA).
Povos remanescentes de quilombos
A Constituição Federal de 1988 representa um marco na luta pela terra e cidadania dos povos tradicionais
remanescentes de quilombos, com a inclusão do artigo 68 no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que
garante a titulação das terras que estas comunidades utilizam para moradia e trabalho. A Constituição proíbe qualquer
forma de discriminação contra uma comunidade remanescente de quilombo ou pessoa que a integra, como também o
faz em relação a todos os cidadãos brasileiros. Da mesma forma as terras tradicionalmente ocupadas por essas
comunidades devem ter proteção e segurança. Para melhor compreensão, os direitos quilombolas foram organizados
em duas partes: os direitos da pessoa enquanto integrante de uma comunidade remanescente de quilombo e o direito
da comunidade remanescente de quilombo face à terra coletiva, o que justifica a importância da organização em
associações.
(Luciana Bedeschi; Maria Inês Zanchetta. Cidadania Quilombola. São Paulo: Instituto Socioambiental (ISA), 2008, p.1-2. 
Disponível em PDF. Acesso em: 24 jun. 2018.)
Para saber mais 
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14.1. Globalização: políticas econômicas do Brasil e a América Latina – a lógica dos
blocos econômicos
Brasil e a América Latina na economia do século XXI5
Módulo
14
A 55
DATA: _____/_____/_____
 Desde a última década do século XX, com o fim da União Soviética e a instalação de processos de
globalização, que estudamos anteriormente, e mundialização da ordem econômica, o sistema capitalista
ganha vigor com a adoção do neoliberalismo, assunto que você vai discutir adiante. A política neoliberal
fortalece-se na formação de blocos econômicos que buscam a unificação de mercados. Pensando no
contexto latino-americano frente ao neoliberalismo, observe com muita atenção o quadro abaixo.
� 12 – Vide orientações didáticas (página IX).
Bloco econômico Características
NAFTA: Acordo de Livre Comércio da
América do Norte, criado em 1993, mas
colocado em curso em 1994. 
É formado pelos Estados Unidos, Canadá e México, tendo o Chile como um
país associado. Seu objetivo é reduzir ou eliminar as barreiras comerciais entre
seus países-membros. A formação desse bloco econômico surgiu como
tentativa de fazer frente à União Europeia (UE). O NAFTA não adotou uma
moeda única e o livre trânsito entre pessoas de seus países-membros também
não é permitido.
MERCOSUL: Mercado Comum do Sul,
criado no ano de 1995, formado
inicialmente por Brasil, Argentina, Uruguai
e Paraguai.
Esse bloco econômico eliminou as taxas de importação entre seus países
membros e instituiu tarifas comuns para a maior parte das mercadorias
importadas de outros países. Representa uma significativa evolução em relação
a tratados econômicos anteriores, como o Programa de Integração Econômica
assinado entre Brasil e Argentina em 1986, e a Associação Latino-americana
de Livre-Comércio (ALAC), criada em 1960.
CAN: Comunidade Andina, criada em
1969 através do Acordo de Cartagena.
Formada por países localizados na América
Andina: Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.
A primeira denominação desse bloco econômico foi Pacto Andino. No ano de
1997 passou a designar-se Comunidade Andina. O Chile e a Argentina já
foram membros efetivos desse bloco econômico. Argentina, Brasil, Chile,
Paraguai e Uruguai são nações associadas. México e Panamá são países
observadores.
ALCA: Área de Livre Comércio das
Américas, proposta feita pelos Estados
Unidos no ano de 1994. 
Trata-se de um projeto de bloco econômico que reúne países da América do
Norte, América Central e América do Sul. É considerado um projeto, pois ao
longo de um processo de discussão entre seus países-membros, divergências
regionais não foram solucionadas e as negociações ficaram temporariamente
fechadas desde 2005.
UNASUL: Tratado Constitutivo da União de
Nações Sul-Americanas, criado em Brasília
no ano de 2008. 
Formado pelos doze países da América do Sul, foi idealizado na perspectiva
dos ideais de integração sul-americana. A organização contempla as duas
uniões aduaneiras regionais: MERCOSUL e a Comunidade Andina (CAN).
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Relacione adequadamente a Coluna I e a Coluna II:
COLUNA I
1 – Acordo de Cartagena
2 – UNASUL
3 – MERCOSUL
4 – NAFTA
5 – Chile
6 – ALCA
COLUNA II
( 4 ) Acordo de Livre-Comércio da América do Norte, formado pelos
Estados Unidos, Canadá e México.
( 6 ) Área de Livre-Comércio das Américas, projeto de bloco
econômico ainda não formalizado, em razão de divergências
entre seus países-membros: a América do Norte, Central e do
Sul.
( 2 ) Formado pelos doze países da América do Sul, criado dentro
dos ideais de integração sul-americana.
( 1 ) Comunidade Andina.
( 3 ) Mercado Comum do Sul, criado no ano de 1995.
( 5 ) País associado ao NAFTA.
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A
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14.2. Raízes do neoliberalismo e as críticas ao modelo
� 13 – Vide orientações didáticas (página IX).
 Estudamos anteriormente o processo de desenvolvimento do capitalismo na década de 1980 em
diante, capaz de configurar a força de empresas transnacionais e, ao mesmo tempo, limitar o papel de
atuação dos Estados, ao mesmo tempo, abalado pelas grandes crises internacionais do petróleo. Essa
foi uma tônica constante nos problemas econômicos na América Latina, que culminaram no fim das
ditaduras militares, dentro do contexto da derrocada da Guerra Fria. Nesse contexto, verifica-se uma
significativa diminuição do investimento do Estado na economia, a drástica redução de investimentos
públicos em políticas sociais (como educação, saúde, habitação, transporte e cultura), o fortalecimento
da economia de mercado, privatização de empresas públicas, a crescente mundialização dos mercados
financeiros com participação de capitais externos.
 Essa passou a ser a solução para um governo que, em nome do desenvolvimento, promoveu
investimento público à custa do crescimento da dívida externa, devido aos altos juros. Essa estratégia,
no entanto, também promoveu uma franca recessão econômica. Veja as explicações no quadro a seguir,
do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira.
A 56 DATA: _____/_____/_____
Raízes do neoliberalismo na América Latina
O desenvolvimentismo foi o nome da estratégia nacional que os países da América Latina – particularmente o Brasil –
adotaram no período compreendido entre os anos de 1930 e 1980. Nesse período, principalmente entre as décadas de 1930
e 1960, muitos países latino-americanos estavam firmemente construindo suas nações e, afinal, provendo seus Estados
formalmente independentes de sociedades nacionais dotadas de solidariedade básica, quando se trata de competir
internacionalmente.
Entretanto, o enfraquecimento provocado pela grande crise dos anos 1980 combinado com a força hegemônica da onda
ideológica que tem início nos Estados Unidos ao longo da década de 1970, faz com que a constituição das nações 
latino-americanas seja interrompida, regredindo. As elites locais deixam de pensar com a própria cabeça, aceitam os conselhos
e as pressões vindas do Norte, e os países, sem estratégia nacional de desenvolvimento, veem seu desenvolvimento estancar.
A ortodoxia convencional, que então substitui o nacional-desenvolvimentismo, não havia sido elaborada no país e não
refletia as preocupações nem os interesses nacionais, mas as visões e os objetivos dos países ricos. Além disso, como é próprio
da ideologia neoliberal, era uma proposta negativa que supunha a possibilidade dos mercados coordenarem tudo
automaticamente, além de proporem que o Estado deixasse de realizar o papel econômico que sempre exerceu nos países
desenvolvidos: o de complementar a coordenação do mercado para promover o desenvolvimento econômico e a equidade.
(Luiz Carlos Bresser-Pereira. O novo desenvolvimentismo e a ortodoxia convencional.
In: São Paulo em Perspectiva, v. 20, n. 3, jul./set. 2006. São Paulo: Fundação SEAD. p. 9.)
Agora que você já leu também o texto do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, professor
emérito da Faculdade Getúlio Vargas, responda as questões a seguir:
1. O que provocou a “grande crise na década de 1980”?
A crise internacional ligada à década de 1970, com a falência do Estado, em termos econômicos, devido aos altos gastos públicos, as crescentes 
dívidas externas e a contínua retração econômica.
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2. Enumere quais são as críticas do economista às economias da América Latina a partir da década de
1980?
– Aceitar o modelo econômico proveniente dos Estados Unidos;
– Ideia de que os mercados são capazes de coordenar tudo, sem a atuação do Estado;
– Retirar o papel econômico do Estado, em termos de coordenação do mercado e desenvolvimento social.
 O alvorecer do século XXI revelou as contradições do neoliberalismo. Os países da América Latina
conseguiram conter os fantasmas da inflação, controlar os valores das dívidas externas, promover
números de crescimento econômico, mas foram incapazes de garantir desenvolvimento social profundo,
mesmo com a redemocratização. O professor de economia David Ibarra, da Universidade do México,
traduz essa insatisfação no quadro a seguir.
42
Neoliberalismo e democracia na América Latina
Origens
Em termos propagandísticos, o neoliberalismo difundiu, no Terceiro Mundo, a tese esperançosa de que o jogo livre dos
mercados fecharia a brecha do atraso, ao passar não somente pela abertura de fronteiras, como também pela estabilização
de preços e contas públicas. Com algum simplismo, postulou-se que o desenvolvimento exportador e de investimento
estrangeiro erradicariam a pobreza crônica do subdesenvolvimento, enquanto a difusão automática das melhoras tecnológicas
elevaria os padrões de vida e se inverteriam em favor da orientação mercantil das políticas públicas.[...]
Ações
Seja como for, a acomodação neoliberal alterou tanto a ordem social interna dos países, como a autonomia estatal ante
o exterior. Quanto ao primeiro, a supressão do protecionismo, da política industrial e de outras formas de intervencionismo
estatal, unida às privatizações e à abertura de fronteiras, alterou radicalmente a distribuição de ingressos, as oportunidades
de progresso e a própria estratificação social. Da estratégia do crescimento interno, passou-se a postular as exportações como
via de progresso, a estabilidade dos preços e orçamentos e preencheu o lugar ocupado anteriormente pelas metas de geração
de emprego; o Estado cedeu o comando ao mercado para fixar a direção e os resultados do manejo socioeconômico. [...]
Efeitos
Entre 1975 e 2003, período típico do predomínio neoliberal, a taxa de crescimento per capita mundial, além de polarizar-
se entre as zonas prósperas e regiões atrasadas, caiu, em média, mais da metade em relação ao período de 1950-1975. O
desenvolvimento não só tem sido estreitado, mas tem-se tornado mais volátil, mais propenso a contágios, mais inclinado a
alargar os anos depressivos e a encurtar os de bonança. Ao mesmo tempo, se amplia a brecha do atraso da África e da
América Latina. Desde a década de 1970, os países da OCDE [criada em 1961, é a Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico, com sede em Paris, em busca de desenvolvimento econômico e social, é também chamada de
“grupo dos ricos”, pois os 35 países que participam controlam mais da metade da riqueza mundial] cresceram a um ritmo
médio de 2% anual, enquanto a América Latina apenas o fez a 0,6% e os países africanos subsaarianos, a –0,7%. [...]
Neoliberalismo e a construção democrática
Produziu-se uma sorte de estratificação social que lesa a muitos e beneficia a poucos. A democracia, ao desterrar o
autoritarismo latino-americano, não chegou com a bandeira da igualdade, mas sim marcou o triunfo de elites nacionais
excludentes, aliadas a empresas e grupos forasteiros. A associação entre o neoliberalismo e os valores da democracia, se
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mostra, portanto,como uma relação frágil, frequentemente encontrada. Os desequilíbrios entre a reforma econômica e a polí -
tica dão origem a uma transição inacabável, em que sempre ficam pontos soltos, fonte de renovado descontentamento social.
Ainda não há crise da democracia, apesar de já haver, sim, erosão dos sistemas políticos instaurados no último quarto
do século passado. De um lado, o reconhecimento dos custos adaptativos às profundas mudanças empreendidas, faz com
que se mantenha algum otimismo nos resultados finais do processo. Por outro, não se extinguiram, totalmente, as longas
tradições autoritárias da região. [...]
O conflito já não é propriamente entre direitas e esquerdas, mas sim entre a defesa incondicional de um estado de direito
— construído desprovido de democracia — pelo conservadorismo neoliberal e pelo rechaço popular a muitas elites nos gover -
nos, imunes ao cidadão sobre seu modo de estabelecer as prelações públicas [ou preferências estabelecidas pelo governo]. 
(David Ibarra. O neoliberalismo na América Latina. In: Revista de Economia Política, vol. 31, n.º 2 (122), 
abril-junho/2011, p. 238-239;242;244. São Paulo. Adaptado.)
A sala, sob a intermediação do professor, deve apontar, a partir do texto de David Ibarra,
quais são os dilemas que o neoliberalismo e a democracia enfrentam na América Latina do
século XXI.
As problemáticas apontadas pelos alunos devem girar em torno:
– A perpetuação de uma profunda desigualdade social;
– A fragilidade da relação neoliberalismo/democracia devido aos desequilíbrios entre economia/política;
– Crises políticas e tradição autoritária na América Latina;
– Democracia na América Latina x Demandas sociais;
– Estado de Direito x Conservadorismo Neoliberal.
Marcha de estudantes descontentes com o neoliberalismo, ocorrida em 7 de abril
de 2011, na Colômbia.
 A Nova República no Brasil assistiu às contradições do neoliberalismo estabelecidas na virada deste
século e suas primeiras décadas. Ao mesmo tempo que o fantasma da inflação se foi, as desigualdades
econômicas e sociais permanecem. A construção democrática e o valor da cidadania ampla ainda não
foram capazes de acabar com a pobreza extrema. E isso pode ser aplicado, em larga escala, em toda a
América Latina. O horizonte é nebuloso. As próximas páginas estão por ser escritas. 
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Sua criação com a História
 
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1. Marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as afirmativas falsas a respeito da Independência
da Índia:
( F ) O domínio inglês foi rompido por um gran de conflito militar, que levou ao extermínio dos
muçulmanos, liderados pelos naciona listas de origem hindu.
( F ) O processo de independência da Índia resul tou na construção de só um Estado total mente pacífico
graças aos princípios de Gandhi.
( V ) Além do enfrentamento político com o Império Britânico, a rivalidade entre hindus e muçulmanos
foi um complicador no processo de independência da região.
( F ) A divisão da região em União Indiana, Paquistão e Bangladesh comprova que os princípios da 
não violência e da desobe diência civil não foram eficazes na mobiliza ção pela independência. 
2. Complete as lacunas do texto com o auxílio do quadro de palavras:
 __________________ , Moçambique, Cabo Verde e ________________________ romperam com sua
metrópole, Portugal, no contexto da Guerra Fria. Dessa forma, os países em busca de independência
viram-se em um conflito interno em que grupos __________________, apoiados pela URSS, enfrentavam
grupos ___________________. Portugal, que vivia em uma ditadura de origem ___________________,
recebeu apoio em forma de armas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). No entanto,
este não era suficiente para que manter suas colônias sob controle.
 A partir de um movimento de militares retornados da Guerra Colonial, Portugal passou por um
movimento popular denominado Revo lução dos Cravos, o qual encerrou a longa ditadura e abriu espaço
para a negociação política com as nações africanas em busca de independência.
Banco de palavras:
África do Sul, Índia, Angola, Guiné-Bissau, Etiópia, Anarquistas, Comunistas, 
Fascista, Capitalistas, Radical.
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Descolonização na Guerra Fria
Nome: 
TAREFA 32
Data: ____/____/____ Sala:
Angola Guiné-Bissau
comunistas
capitalistas fascista
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3. Um ponto em comum que unia as nações da Conferência ásio-africana era
a) a crítica ao imperialismo.
b) a defesa do capitalismo como única ideologia legítima.
c) o apoio incondicional às políticas da União Soviética.
d) a luta contra os processo de independência, já que a ascensão de novas nações elevaria a uma
competição dentro do Terceiro Mundo. 
Resposta: A
4. De que forma a Conferência ásio-africana opõe-se à Guerra Fria?
a) Ao defender a difusão de armamentos nucleares como forma de diminuir a influência da União
Soviética e dos Estados Unidos.
b) Ao defender a ideia de um “Terceiro Mundo” em que os Estados controlariam a economia, mas não
interfeririam nas questões sociais. 
c) Ao defender a livre escolha ideológica dos povos e colocar a ONU como um espaço de representação
das nações.
d) Ao defender que a ONU fosse a única superpotência com poder nuclear.
Resposta: C
46
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47
Eu tenho um sonho
Nome: 
TAREFA 33
Data: ____/____/____ Sala:
Eu tenho um sonho
Cem anos atrás, um grande americano, na qual
estamos sob sua simbólica sombra, assinou a
Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto
veio como um grande farol de esperança para milhões
de escravos negros que tinham murchados nas chamas
da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar
a longa noite de seus cativeiros.
Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.
Cem anos depois, a vida do Negro ainda é
tristemente inválida pelas algemas da segregação e as
cadeias de discriminação.
Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de
pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade
material. Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos
cantos da sociedade americana e se encontram exilados em sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar
sua vergonhosa condição.
De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república
escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota
promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os
homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca
da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação
sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com "fundos
insuficientes".
Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais
insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de
reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.
Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo
refrescante ou tomar o remédio tranquilizante do gradualismo.
Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia.
Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial.
Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. 
Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.
[...]
A
la
m
y/
Foto
ar
en
a
Tarefa a ser destacada.
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Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No
processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos
satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa
luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em
violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com
a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma
desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela
presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber
que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.
E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não
podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, "Quando vocês estarão
satisfeitos?"
Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós
nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem
nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar
no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos
satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa
correnteza.
Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de você vieram
recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhe
deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Você são o veteranos
do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi,
voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para
as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será
mudada. Não se deixe caiar no vale de desespero.
Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda
tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.
Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença – nós
celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.
[...]
Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os
lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras
poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!
[...]
(Martin Luther King Jr. Eu tenho um sonho. Disponível em: 
http://www.dhnet.org.br/desejos/sonhos/dream.htm. Adaptado.)
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 Após a leitura do documento histórico, responda:
1. Quais são os momentos históricos destacados pelo ativista Martin Luther King Jr. em seu discurso? 
Martin Luther King Jr. buscou referências em dois importantes momentos históricos dos Estados Unidos. Ele retoma os valores iluministas 
da Declaração de Independência e da Constituição Americana, principais documentos do período de Independência.
Também faz referência a Abraham Lincoln, presidente norte-americano durante a Guerra Civil do século XIX, que marcou o fim da escravidão 
no país. 
2. Como Martin Luther King Jr. relaciona a realização do “Sonho Americano” com a situação dos
negros no país?
O discurso ressalta que o país foi fundado a partir de um sonho de liberdade, igualdade e busca da felicidade, mas que a população negra 
ainda não fora contemplada por ele. Para Martin Luther King Jr., o “sonho americano” só poderia ser verdadeiramente realizado se ele 
alcançasse todos os cidadãos dos Estados Unidos, inclusive os negros. Dessa forma, o país só seria uma democracia de fato se todos os 
seus cidadãos pudessem desfrutar dos mesmos direitos e deveres. 
3. Como as ideias de não violência e resistência civil podem ser relacionados com o documento
histórico?
No ponto de vista de Martin Luther King Jr. a conquista dos direitos civis só seria possível a partir da união entre os negros e a parcela liberal 
da população branca. O uso de táticas violentas só serviria para justificar a ação repressora dos grupos segregacionistas, impedindo a 
conquista por direitos. 
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 Agora que você leu o texto do historiador Nicolau Sevcenko, responda as questões a seguir:
1. Quais são os elementos tecnológicos que permitem um mundo globalizado?
Microeletrônica-Informática-Comunicações, gerando flexibilidade.
2. Em um mundo globalizado, onde se situa o setor produtivo das grandes empresas?
Onde os juros e salários sejam mais baixos e os sindicatos, mais controlados.
3. Em um mundo globalizado, onde se situam as filiais das grandes empresas?
Em locais de captação de matérias-primas onde a legislação de proteção ao meio ambiente é menos elaborada.
4. Em um mundo globalizado, onde se situa o sistema financeiro das grandes empresas?
Onde os juros são mais altos.
5. Em um mundo globalizado, onde as empresas mantêm a direção e gerência administrativa?
Nos países desenvolvidos, onde a qualidade de vida é a mais alta possível. 
6. Por que o autor trata esse sistema como uma “chantagem econômica”?
Porque os países perdem força de negociação, na medida em que podem ver um enorme desemprego caso a empresa transnacional decida 
sair de seu território, gerando significativa pressão social.
7. Em um mundo globalizado, quem ganha força?
Os países de origem das transnacionais, na medida em que conseguem ter muita força de negociação, gerando as “megapotências”.
Mundo globalizado
Nome: 
TAREFA 34
Data: ____/____/____ Sala:
Tarefa a ser destacada.
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Riocentro ou a implosão da mentira
Nome: 
TAREFA 35
Data: ____/____/____ Sala:
A implosão da mentira ou o episódio do Riocentro
1
Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente. Mentem
de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegre/mente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.
Mentem. Mentem e calam. Mas suas frases
falam. E desfilam de tal modo nuas
que mesmo um cego pode ver
a verdade em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é difícil
e para alguns é cara e escura.
Mas não se chega à verdade
pela mentira, nem à democracia
pela ditadura.
2
Evidentemente a crer
nos que me mentem
uma flor nasceu em Hiroshima
e em Auschwitz havia um circo
permanente. (…)
Mentem deslavadamente,
como nenhuma lavadeira mente
ao ver a nódoa sobre o linho. Mentem
com a cara limpa e nas mãos
o sangue quente. (…)
E de tanto mentir tão brava/mente
constroem um país
de mentira
diária/mente.
3
Mentem no passado. E no presente
passam a mentira a limpo. E no futuro
mentem novamente. (…)
Mentem desde Cabral, em calmaria,
viajando pelo avesso, iludindo a corrente
emcurso, transformando a história do país
num acidente de percurso. (…)
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5
Página branca onde escrevo. Único espaço
de verdade que me resta. Onde transcrevo
o arroubo, a esperança, e onde tarde
ou cedo deposito meu espanto e medo.
Para tanta mentira só mesmo um poema
explosivo-conotativo
onde o advérbio e o adjetivo não mentem
ao substantivo
e a rima rebenta a frase
numa explosão da verdade.
E a mentira repulsiva
se não explode pra fora
pra dentro explode
implosiva.” 
(Affonso Romano de Sant’anna. A implosão da mentira ou o episódio do Riocentro. In: Política e Paixão. 
Rio de Janeiro: Rocco, 1984.)
1. Por que há o uso recorrente da palavra “mentira” no poema?
Para enfatizar o absurdo do episódio do Riocentro, em que os militares procuraram estabelecer um terrorismo de direita, a fim de justificar 
a continuidade do aparato da repressão.
2. Grife no texto um trecho que denote que a mentira também estava no processo da
redemocratização.
“Mas não se chega à verdade pela mentira, nem à democracia pela ditadura.”
3. Como explicar o trecho final: “E a mentira repulsiva se não explode pra fora pra dentro explode
implosiva”.
O autor associa que a mentira estabelecida pela ditadura deve gerar contestação e luta, pois senão, em mais uma alusão ao episódio 
do Riocentro, “dentro explode”, ou seja, os militares continuam a guiar, a sua maneira, os rumos do País.
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 A leitura do trecho da “Constituição Cidadã” e as discussões feitas em sala de aula servem de apoio
para você responder as seguintes questões:
1. A religião está presente na Constituição Brasileira de 1988? Justifique sua resposta.
Sim, no final do preâmbulo, que é a parte preliminar em que se anuncia a promulgação de uma lei ou decreto, com a afirmação: “(...) 
Promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil”.
2. Localize e transcreva a menção que o texto Constitucional faz em relação à América Latina.
Com a afirmação no parágrafo único que “A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos 
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana das nações”.
3. Você deverá fazer uma leitura atenta do artigo 5 do capítulo I da Constituição Brasileira: “Dos
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos” e, em seguida, escrever um texto de, no mínimo oito linhas,
considerando avanços para diferentes setores da sociedade brasileira presentes nesse artigo.
Texto autoral em que o aluno deverá escrever suas reflexões e considerações sobre o assunto proposto.
Constituição de 1988
Nome: 
TAREFA 36
Data: ____/____/____ Sala:
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56
Crédito da Figura
Figura 1
Disponível em: <https://www.loc.gov/resource/cph.3b49092/>. Acesso em: 30 out. 2017.
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