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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA AULA 5 Prof. Silvio Persona Filho 2 CONVERSA INICIAL Dando continuidade ao tema orçamento, a presente aula fornecerá informações acerca dos orçamentos operacional, de atividades financeiras e de capital. Após a apresentação desses temas, trataremos das projeções do fluxo de caixa, da demonstração de resultado do exercício e do balanço patrimonial, que, talvez, se constitua na fase mais importante, já que é nela que devemos verificar e avaliar todo o processo orçamentário. Os orçamentos parciais (vendas, produção, despesas operacionais, investimentos) são realizados em suas áreas de domínio com o apoio da controladoria e de forma isolada, sem total integração com todas as peças orçamentárias. Após a consolidação dessas peças, a controladoria deve gerar os relatórios contábeis mencionados para verificar se tudo o que foi planejado realmente gerou os resultados esperados. CONTEXTUALIZANDO O processo orçamentário se inicia no estabelecimento das premissas que expressam os desejos dos sócios ou acionistas para o futuro da empresa. Assim, a elaboração do orçamento empresarial é um processo de “criação do futuro”, direcionando a empresa a atingir metas e objetivos que a levará a uma situação favorável dos pontos de vista econômico e financeiro. Todo processo orçamentário envolve muitas pessoas em sua elaboração e execução. As partes do orçamento são realizadas separadamente e unidas posteriormente por meio de um processo chamado consolidação. Depois, é chegada a hora de verificar se tudo o que foi planejado em termos de metas está sendo contemplado no orçamento geral. Para tal, a ferramenta utilizada é a projeção dos relatórios contábeis, que aprova ou não o orçamento. TEMA 1 – ORÇAMENTO OPERACIONAL A etapa do orçamento operacional é aquela que envolve todos os planos de operações da empresa, ou seja, aqueles que estruturam as suas atividades. Segundo Frezatti (2008), a etapa operacional [...] é iniciada com o plano de marketing, a partir do que a entidade direciona os esforços para o seu mundo externo, pelo plano de produção, suprimentos e estocagem (no caso de uma entidade que 3 tenha a geração de um produto tangível), plano de investimento no ativo permanente e plano de recursos humanos. 1.1 Plano de marketing A partir do estudo de demanda, a empresa tem condições de aliar as suas intenções de resultados às possibilidades do mercado, indicando, dessa forma, qual deve ser a sua atividade comercial. Cabe salientar que o estudo da demanda pode abranger as seguintes segmentações: Demanda potencial: se refere à quantidade de pessoas que não consome o produto ou serviço da empresa, mas que poderá vir a consumir. Nesse caso, será necessária uma ação de convencimento. Demanda reprimida ou não atendida: se refere às pessoas que querem comprar os produtos, mas não o encontram por indisponibilidade ou dificuldade de acesso. Demanda atendida: se refere às pessoas que já consomem o produto e que poderão consumir ainda mais, ou que consomem o produto de seu concorrente e que poderão passar a consumir o seu. De posse das informações necessárias quanto à demanda e ao objetivo a ser atingido e definido no plano estratégico, a atividade comercial é planejada para atingir volume de vendas, áreas geográficas, preços, metas por períodos, ações de marketing, entre outras. 1.2 Plano de produção, suprimentos e estocagem A partir do plano de marketing, se faz o plano de produção, em que são planejadas todas as atividades para produzir o volume desejado. Além disso, a empresa deve planejar a administração dos estoques (produtos acabados, matéria-prima necessária e demais suprimentos, estoque mínimo, lote econômico, mão de obra e demais controles). 1.3 Plano de investimentos no ativo permanente Esse plano aponta as necessidades de investimento na capacidade produtiva, gerando movimentações no ativo imobilizado da empresa. Esse assunto será mais bem explorado no Tema 3 dessa aula. 4 1.4 Plano de recursos humanos Aponta as necessidades de pessoal e consequente remuneração. Nesse plano são definidas as quantidades de pessoas por atividade (contratações ou desligamentos, terceirização), assim como as necessidades de treinamento/capacitação. TEMA 2 – ORÇAMENTO DE ATIVIDADES FINANCEIRAS Essa etapa do orçamento estabelece os recursos financeiros necessários para a realização do orçamento geral. Assim, a etapa operacional é convertida em linguagem financeira, consolidando todos os planos estabelecidos para o período orçado. Nesse momento, a responsabilidade pela execução cabe, normalmente, às áreas de controladoria e finanças, com análise e aprovação da alta administração da empresa. Para entender melhor essa etapa, devemos lembrar que o orçamento é realizado a partir das premissas estabelecidas pela alta administração, ou seja, a partir do desejo que ela tem para o futuro da empresa. Assim, metas são estabelecidas e, para alcançá-las, inúmeras atividades são planejadas. Para a realização dessas atividades é preciso dinheiro, e é exatamente nessa etapa que se deve levantar todos os gastos necessários para a realização de todas as atividades planejadas. É importante que o aluno entenda que gasto é todo sacrifício financeiro com o qual uma empresa arca para adquirir um bem ou serviço, seja para gerar outros bens e serviços, seja para consumo. A sua classificação genérica é representada pela figura a seguir: Figura 1 ‒ Classificação genérica de gasto Assim, gasto é um termo genérico que engloba: 5 Investimento: se o gasto for destinado a um ativo que será utilizado para a produção de outros bens ou serviços; Custo: se o gasto for relativo à utilização de bens e serviços na produção de outros bens e serviços; Despesa: se o gasto for destinado a fazer frente às atividades de suporte da empresa. 2.1 Orçamento de investimentos Segundo Padoveze (2012), o orçamento de investimentos “tem como objetivo básico estabelecer o orçamento dos gastos previstos com investimentos que serão ativados como ativos imobilizados ou intangíveis, também denominados ativos fixos, bem como dos financiamentos para obter os fundos necessários para a sua aquisição”. O orçamento de investimento também tem relação com o longo prazo, ou seja, ele não impactará somente no período que se está orçando (geralmente de um ano), pois as aquisições afetarão resultados futuros que extrapolem o período do orçamento. Para a efetivação desse orçamento é preciso primeiramente realizar as análises de todos os projetos previstos. Assim, se faz necessária a utilização das ferramentas de análise de investimentos que vimos na Aula 2, em que cada investimento somente será realizado se a análise apontar viabilidade para tal. Ainda faz parte desse orçamento o gasto necessário para a manutenção da estrutura existente na empresa, bem como o desinvestimento que a empresa realizará (venda de ativos imobilizados e intangíveis). 2.2 Orçamento de financiamentos Nesse momento são levantadas todas as possibilidades de obtenção de recursos financeiros para fazer frente aos gastos previstos no orçamento. Após a definição das fontes de financiamento, são projetados os gastos para a sua manutenção e pagamentos necessários. 2.3 Orçamento de custos e despesas Todos os custos e despesas necessários para as áreas pertencentes à atividade fim e à atividade meio da empresa são levantados nesse momento. Os 6 valores são previstos para os chamados “centrosde custos”, de forma a obter melhores gerenciamento e controle. O somatório dos valores compõe o total do orçamento de custos e despesas. Veja o exemplo da tabela a seguir: Tabela 1 ‒ Orçamento de despesas para o ano “X” TEMA 3 – ORÇAMENTO DE CAPITAL O orçamento de capital corresponde aos investimentos no ativo imobilizado, necessários para atender ao planejamento estratégico da empresa, e, portanto, possibilitar o atingimento das metas contidas no orçamento geral. Por meio de um processo de seleção de projetos de investimento, e utilizando-se as ferramentas de análise de investimentos, são relacionados os projetos viáveis e quantificados os recursos financeiros necessários. Os projetos de investimentos normalmente envolvem elevada monta e geram resultados em vários períodos orçamentários; portanto, esse orçamento é considerado uma das etapas mais importantes e preocupantes para a empresa. Ele deve ter total aderência ao planejamento estratégico da empresa, pois gerará impactos relevantes no longo prazo. Segundo Sanvicente e Santos (2008), “a vinculação do orçamento de capital com os planos de longo prazo é fundamental para qualquer empresa, pois a natureza dos investimentos em ativos imobilizados não permite flexibilidade suficiente para afetar mudanças radicais posteriores sem grandes prejuízos”. Para a elaboração do orçamento de capital são necessárias algumas etapas. De acordo com Sanvicente e Santos (2008, citados por Horne, 1974, p. 36) as etapas são: “a geração de propostas de investimento; a estimação dos fluxos de caixa das diversas propostas; a avaliação dos fluxos de caixa; a escolha de projetos com base em um critério de aceitação; a avaliação permanente dos projetos de investimento já aceitos e em execução”. Veja as etapas em maiores detalhes, para um melhor entendimento: 7 Geração de propostas de investimento: as diversas áreas da empresa apresentam as suas necessidades para avaliação da administração superior. Estimação dos fluxos de caixa das diversas propostas: nesse momento, os fluxos de caixa que devem ser gerados pelos projetos são estimados, ou seja, os projetos geram receitas e gastos em sua operação, permitindo o levantamento dos fluxos líquidos de caixa. Essa etapa é extremamente importante, pois esses dados são utilizados na verificação da viabilidade dos projetos. Avaliação dos fluxos de caixa: nessa etapa, as ferramentas de análise de investimentos (TIR, VPL, VAUE, Payback, entre outras) são utilizadas para determinar a viabilidade de cada projeto. Cabe salientar que um determinado projeto pode ter várias alternativas de investimento e, assim sendo, a escolha recai sobre aquele que apresenta o melhor retorno para o investimento. Escolha de projetos com base em um critério de aceitação: os critérios de aceitação são aqueles definidos em cada ferramenta ou método de análise. Os projetos aceitos são aqueles que possuem as suas taxas internas de retorno maiores do que as taxas mínimas de atratividade exigida para os projetos; projetos com valor presente líquido maiores do que R$ 0,00; valor anual equivalente uniforme maior do que R$ 0,00, ou seja, positivo; o prazo de retorno dentro do esperado pelos administradores e menor que o tempo da análise. Enfim, os critérios dependem dos métodos utilizados na análise de investimentos. Avaliação permanente dos projetos de investimento já aceitos e em execução: o acompanhamento é de suma importância, pois, se os valores projetados não forem atingidos, todo o resultado da análise fica comprometido. Após as definições dos projetos que serão aceitos, é feito o orçamento de capital. Na tabela a seguir, temos um exemplo de orçamento: 8 Tabela 2 ‒ Orçamento de capital para o ano “X” TEMA 4 – PROJEÇÃO DAS DEMONSTARÇÕES CONTÁBEIS: PARTE I Como vimos anteriormente, a elaboração do orçamento empresarial é um consolidado de outros orçamentos parciais: primeiramente é elaborado o orçamento de vendas, e, a partir dele, são elaborados os de produção, despesas operacionais e investimentos. Após a consolidação do orçamento, são geradas algumas demonstrações contábeis que devem apresentar os resultados econômicos e financeiros projetados para o futuro. Dessa forma, todo o processo se constitui, basicamente, em três etapas que, finalizadas, levam à execução e ao controle orçamentário. Figura 2 ‒ Etapas do processo orçamentário Perceba que três relatórios são gerados, sendo que dois deles têm maior peso na aprovação ‒ ou reprovação ‒ de todo o orçamento. São eles: a demonstração de resultado do exercício (DRE) e o fluxo de caixa. Dependendo dos resultados que são apresentados nesses relatórios, o orçamento pode ser aprovado sem alterações ou mesmo reprovado, e, nesse caso, deve ser revisto e ajustado. 9 Demonstração de resultado: ao realizar a projeção da DRE, o que se espera obter é exatamente o resultado almejado e contido no planejamento da empresa. Por exemplo, se a empresa deseja obter R$ 10 milhões de lucro no próximo exercício e a DRE projetada aponta um valor inferior a esse, certamente o orçamento deve ser revisto e ajustado; Fluxo de caixa: apresenta as projeções de entradas e saídas de caixa, permitindo à empresa verificar se a geração de caixa aliada a sua capacidade de obtenção de fundos é capaz de financiar todas as operações previstas no período. Caso não seja, o orçamento deve ser revisto e ajustado. Neste Tema 4, focaremos o entendimento do fluxo de caixa projetado, apresentando exemplos de relatórios utilizados pelas áreas de finanças, assim como aquele utilizado pela contabilidade. Podemos resumir o fluxo de caixa como sendo um demonstrativo de todas as entradas e saídas financeiras de uma empresa em um determinado período. É um relatório extremamente simples no que se refere à forma, mas que merece extrema atenção em sua elaboração, dada a sua sensibilidade. Conforme Sardinha et al. (2008), o [...] orçamento de caixa elaborado para períodos longos, como um ano, possui considerável grau de imprecisão, pois se baseia em valores orçados nas demais peças orçamentárias. Portanto a qualidade de suas previsões depende, sobremaneira, do grau de confiabilidade dos valores estimados nos diversos orçamentos. O fluxo de caixa projetado, baseando-se nas operações previstas para o período orçamentário, tem como objetivo precípuo determinar os saldos de caixa em cada período que comporá o intervalo de tempo considerado. A seguir, temos um exemplo de fluxo de caixa que é utilizado pela área de tesouraria. 10 Tabela 3 ‒ Fluxo de caixa projetado: primeiro trimestre do ano “X” Existem alguns modelos diferentes de fluxo de caixa, e cada empresa utiliza o mais adequado para as suas operações, podendo ainda criar o seu modelo próprio. Na prática, se utiliza muito um modelo de fluxo de caixa projetado que apresente o dinamismo exigido pela área de tesouraria (finanças), que contemple as entradas e saídas nos momentos exatos em que ocorrerão e que permita simular as movimentações de entradas e saídas necessárias para a equalização (busca pelo equilíbrio) do caixa por meio de empréstimos, financiamentos ou outras formas de captação de recursos, bem como contemple as movimentações de aplicação e resgate. Esse dinamismo permite ao gestor financeiro simular e projetar a melhor configuração para a administração do capital de giro da empresa. Caso o fluxo de caixa apresente uma posição em que a equalização não seja possível, o orçamento deve ser revisto e ajustado. 11 Sobre o fluxo de caixada Tabela 3: O fluxo de caixa normalmente é elaborado para todo o período orçamentário, mas, para facilitar o seu entendimento, a Tabela 3 apresenta um período de apenas três meses. Os valores dos juros, tanto na aplicação financeira como no empréstimo efetuado, são apenas simbólicos; não é o objetivo desta aula entrar no mérito do cálculo, e, sim, mostrar como se procede à prática pela busca do equilíbrio do caixa. A equação do fluxo de caixa é: saldo final de caixa = saldo inicial + entradas - saídas O saldo inicial para o período considera todas as disponibilidades de caixa e aplicações financeiras. No exemplo, é considerado o saldo mínimo de caixa de R$ 10.000,00. Entendemos como saldo mínimo de caixa o valor que a empresa mantém parado em seu caixa para atender imprevisibilidades. No mês de janeiro há uma sobra de caixa no valor de R$ 96.000,00, sendo que o gestor financeiro efetua uma aplicação financeira. Em fevereiro, a empresa tem um recebimento menor que em janeiro e, consequentemente, apresenta uma posição deficitária no caixa, tendo que resgatar todo o valor aplicado no mês anterior (R$ 96.480,00 com os juros auferidos). Mesmo com o valor resgatado, precisa emprestar R$ 57.520,00 (pois, além de cobrir o déficit ela tem que manter um saldo de R$ 10.000,00 de caixa mínimo). Em março ela recupera as vendas e totaliza um superávit de R$ 36.000,00. Considerando que o empréstimo realizado no mês anterior tenha sido obtido por meio de sua conta garantida (crédito rotativo), ela tem condições de pagar os juros do período (R$ 863,00) e ainda amortizar R$ 35.137,00, ficando ainda com um saldo de R$ 22.383,00 para quitação. A última coluna apresenta uma síntese de toda a movimentação de caixa realizada no período. Observe que a empresa inicia o trimestre com R$ 230.000,00 (saldo inicial em janeiro) e termina com R$ 10.000,00 (saldo final em março). Podemos também observar que nesse período ela 12 recebe R$ 1.230.000,00 e efetua R$ 1.472.000,00 em pagamentos diversos. Outro modelo de fluxo de caixa ‒ este pertencente à categoria dos relatórios contábeis ‒ é o da demonstração do fluxo de caixa (DFC), que é elaborada tão logo o orçamento obtenha a sua aprovação final. Ela se diferencia do fluxo de caixa da tesouraria por sua estrutura, que é determinada pelas normas contábeis para permitir a comparação entre os desempenhos de diferentes empresas. TEMA 5 – PROJEÇÃO DAS DEMONSTAÇÕES CONTÁBEIS: PARTE II Neste tema, trataremos da elaboração da demonstração de resultado do exercício e do balanço patrimonial, ambos projetados e oriundos do orçamento empresarial. 5.1 Demonstração de resultado do exercício (DRE) A elaboração desse relatório tem por objetivo apresentar o resultado econômico projetado para o período do orçamento. Como vimos anteriormente, os orçamentos parciais são elaborados separadamente e depois consolidados em um único orçamento. No entanto, ainda não se sabe se a conjunção desses valores realmente gera os resultados que foram definidos inicialmente no planejamento. De acordo com Sanvicente e Santos (2008), se [...] a projeção de valores revelar, de acordo com o planejamento efetuado, que leva em conta as operações viáveis, dadas as condições presumidas, que a situação da empresa se deteriorará (por exemplo, em sua capacidade de pagamento de dívidas, em sua rentabilidade, ou em seus investimentos), a administração poderá solicitar aos responsáveis correspondentes que refaçam seus planos, de forma a permitir que os resultados esperados sejam atingidos, dentro das condições de operação esperadas. Para a elaboração da DRE projetada, a controladoria utiliza os dados do orçamento consolidado, seguindo basicamente as seguintes etapas de preenchimento da planilha da demonstração: a. Preenchimento das receitas de vendas previstas para cada período. 13 b. Cálculo dos tributos sobre as vendas e, se conveniente, realização de uma estimativa para devoluções, abatimentos e descontos com base no histórico. c. Cálculo da receita líquida com base nos dados preenchidos na planilha; d. Cálculo do custo total dos produtos vendidos em cada período (ou mercadorias vendidas ou serviços prestados). e. Cálculo do resultado líquido. f. Levantamento de todas as despesas e receitas operacionais previstas no orçamento e preenchimento de planilha. g. Cálculo do resultado antes do resultado financeiro. h. Levantamento de receitas e despesas financeiras com base na análise do fluxo de caixa projetado e preenchimento de planilha. i. Cálculo do resultado antes do IR/CS. j. Cálculo do imposto de renda e da contribuição social, conforme resultado apresentado na DRE. k. Cálculo do resultado líquido do período. Dessa forma, a controladoria obtém uma projeção do resultado que o orçamento previsto deve gerar. A seguir, apresentamos um exemplo de projeção da DRE para um período de três meses: Tabela 4 ‒ DRE projetada para o primeiro trimestre do ano “X” 14 5.2 Balanço patrimonial O balanço patrimonial projetado demonstra a que posição patrimonial e financeira a empresa chegará quando forem agregadas todas as movimentações previstas no orçamento. Diferentemente da DRE, o balanço patrimonial contém muitos valores já concretizados na existência da empresa, ou seja, oriundos de operações passadas. O balanço apresenta os saldos das operações no final do período orçamentário, considerando todas as movimentações que o orçamento prevê acrescidas às estruturas patrimonial e financeira já existentes. Assim, os ativos imobilizados existentes continuam se depreciando normalmente, e aqueles que forem ativados no período em questão, frutos de imobilizações previstas, também passam a se depreciar. Tanto os saldos dos direitos (disponíveis, estoques, clientes a receber, impostos a compensar etc.) quanto aqueles das obrigações (fornecedores, empréstimos e financiamentos etc.) já assumidas no passado devem compor o balanço projetado, e a eles serão acrescidos os saldos relativos às operações do período orçado. De acordo com Sardinha et al. (2008), as empresas projetam o balanço patrimonial porque ele “auxilia a verificar a consistência na elaboração do orçamento; possibilita uma análise econômico-financeira da empresa; fornece dados para análise da administração do capital de giro da empresa”. TROCANDO IDEIAS Conforme mencionamos no Tema 3 desta aula, o orçamento de capital corresponde aos investimentos no ativo imobilizado ‒ necessários para atender ao planejamento estratégico da empresa e, portanto, possibilitar o atingimento das metas contidas no orçamento geral. Assim, pesquise e justifique como esse orçamento pode gerar impactos positivos ou negativos em exercícios futuros da empresa (longo prazo). NA PRÁTICA Considerando as informações contidas no orçamento empresarial de uma determinada empresa para o exercício seguinte, elabore a demonstração de resultado do exercício projetada e informe se o objetivo de obtenção de um lucro no valor de R$ 250.000,00 foi atingido. 15 Utilize as seguintes informações para o ano orçado: Receita bruta = R$ 1.500.000,00 Deduções da receita bruta = 40% da receita bruta Custo dos produtos vendidos = 25% da receita bruta Despesas administrativas = R$ 100.000,00 Despesas comerciais = R$ 60.000,00 Outras receitas operacionais = R$ 30.000,00 Outras despesas operacionais = R$ 15.000,00 Receita financeira = R$ 32.000,00 Despesa financeira = R$ 23.000,00 IRPJ = conforme legislação para lucro real CSLL = alíquota de 9% Resultado de operações descontinuadas = R$ 0,00 Tabela 5 ‒ Planilha para a projeção RECEITA BRUTA (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA (=) RECEITA LÍQUIDA (-) CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS (=) RESULTADO BRUTO (+/-) RECEITAS/DESPESAS OPERACIONAIS (-) Despesas administrativas (-) Despesas comerciais (+) Outras receitas operacionais (-) Outras despesas operacionais (=) RESULTADO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO (+) Receita financeira (-) Despesa financeira (=) RESULTADO ANTES DO IR E CS (-) IRPJ (-) CSLL (=) RESULTADO LÍQUIDO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS (+/-) RESULTADO DE OPERAÇÕES DESCONTINUADAS (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 16 FINALIZANDO No decorrer desta aula, vimos que: O orçamento operacional é a etapa que envolve todos os planos de operações da empresa, ou seja, os planos de marketing, produção, suprimentos e estocagem, além de investimentos no ativo imobilizado e de recursos humanos. O orçamento das atividades financeiras levanta os recursos financeiros necessários para a realização do orçamento de forma global, em que a etapa operacional é convertida na linguagem financeira. O orçamento de capital corresponde aos investimentos no ativo imobilizado, necessários para atender ao planejamento estratégico da empresa, possibilitando, portanto, o atingimento das metas contidas no orçamento geral. Nesse orçamento entram todos os projetos que foram selecionados e aprovados pelo processo de análise de investimentos. A última etapa do processo orçamentário envolve a projeção de relatórios que devem demonstrar se os objetivos contidos no planejamento estão gerando os resultados esperados para a empresa. O fluxo de caixa projetado tem como objetivo principal determinar se os saldos de caixa de cada período orçado são suficientes para financiar todas as operações previstas no orçamento. A demonstração de resultado do exercício projetada tem por objetivo apresentar o resultado econômico projetado para o período do orçamento. Se o resultado não é condizente com o que foi planejado, o orçamento deve ser revisto. O balanço patrimonial projetado deve demonstrar a que posição patrimonial e financeira a empresa chegará quando forem agregadas todas as movimentações previstas no orçamento. O balanço deve apresentar os saldos das operações no final do período orçamentário, considerando todas as movimentações que o orçamento prevê acrescidas às estruturas patrimonial e financeira já existentes. 17 REFERÊNCIAS FREZATTI, F. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008. HOJI, M. Administração financeira e orçamentária. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009. HORNE, J. C. Política e administração financeira. São Paulo: USP, 1974. LUNKES, J. R. Manual do orçamento. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. PADOVEZE, C. L. Controladoria estratégica e operacional. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. _____. Manual de Contabilidade Básica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. PADOVEZE, C. L.; TARANTO, F. C. Orçamento empresarial: novos conceitos e técnicas. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. SANVICENTE, A. Z.; SANTOS, C. C. Orçamento na administração de empresas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008. SARDINHA, J. C. et al. Orçamento e controle. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008.
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