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MÓDULO DE DOR, UC XIII | CICLO CLÍNICO MEDICINA FAP IÔGO TORRES – TURMA 01 CONCEITO DE DOR A DOR É UM MECANISMO PROTETOR. ELA OCORRE SEMPRE QUE OS TECIDOS SÃO LESIONADOS, FAZENDO COM QUE O INDIVÍDUO REAJA PARA REMOVER O ESTÍMULO DOLOROSO. (GUYTON) A Agência Americana de Pesquisa e Qualidade em Saúde Pública e a Sociedade Americana de Dor descrevem a dor como o quinto sinal vital que deve sempre ser registrado ao mesmo tempo e no mesmo ambiente clínico em que também são avaliados os outros sinais vitais, quais sejam: temperatura, pulso, respiração e pressão arterial. A dor pode ser definida como uma experiência subjetiva que pode estar associada a dano real ou potencial nos tecidos, podendo ser descrita tanto em termos desses danos quanto por ambas as características. Independente da aceitação dessa definição, a dor é considerada como uma experiência genuinamente subjetiva e pessoal. A percepção de dor é caracterizada como uma experiência multidimensional, diversificando-se na qualidade e na intensidade sensorial, sendo afetada por variáveis afetivo-motivacionais. CLASSIFICAÇÃO DA DOR Dor: ✓ Dor Rápida (dor pontual, dor em agulhada, dor aguda ou dor elétrica): sentida 0,1 segundo após a aplicação do estímulo doloroso. A dor pontual rápida não é sentida nos tecidos mais profundos do corpo. ✓ Dor Lenta (dor em queimação, dor persistente, dor pulsátil, dor nauseante e dor crônica): sentida após 1 segundo ou mais, aumentando lentamente durante vários segundos e, algumas vezes, durante minutos. Esse tipo de dor geralmente está associado à destruição tecidual, podendo ocorrer na pele e em quase todos os órgãos ou tecidos profundos. RECEPTORES PARA A DOR E SUA ESTIMULAÇÃO Os receptores para dor na pele e em outros tecidos são terminações nervosas livres. Eles existem dispersos nas camadas superficiais da pele, bem como em certos tecidos internos, como o periósteo, as paredes das artérias, as superfícies articulares e a foice e o tentório da abóbada craniana. A maioria dos outros tecidos profundos está esparsamente suprida com terminações nervosas para a dor; porém, lesões teciduais extensas podem se somar e causar dor lenta e crônica na maioria dessas áreas. ESTÍMULOS EXCITATÓRIOS DA DOR 1. Estímulos dolorosos mecânicos 2. Estímulos térmicos 3. Estímulos químicos (bradicinina, serotonina, histamina, íons potássio, ácidos, acetilcolina e enzimas proteolíticas) Dor rápida → estímulos mecânicos e térmicos Dor crônica → todos os estímulos SE LIGA! ➔ As prostaglandinas e a substância P aumentam a sensibilidade das terminações nervosas, mas não excitam diretamente essas terminações; ➔ As substâncias químicas são de modo especial importantes para a estimulação do tipo de dor lenta e persistente que ocorre após lesão tecidual. NATUREZA NÃO ADAPTATIVA DOS RECEPTORES PARA DOR Os receptores para dor se adaptam muito pouco e algumas vezes não se adaptam. Em algumas situações, a excitação das fibras dolorosas fica progressivamente maior, à medida que o estímulo persiste, especialmente para a dor lenta persistente nauseante. O aumento da sensibilidade dos receptores para dor chama-se HIPERALGESIA. INTENSIDADE DA LESÃO TECIDUAL COM ESTÍMULO PARA A DOR ➔ ESTÍMULOR DE CALOR Pele aquecida acima dos 45° C → Dor. Importante salientar que a dor secundária ao calor é intimamente relacionada à intensidade em que ocorre o dano aos tecidos e não ao dano total que já ocorreu. A intensidade da dor também está intimamente relacionada à intensidade do dano tecidual, por causas diferentes do calor, como infecção bacteriana, isquemia dos tecidos, contusão dos tecidos e outras. ➔ ESTÍMULOS DOLORORSOS QUÍMICOS A bradicinina é substância que parece induzir a dor de modo mais acentuado do que as outras substâncias. Acredita-se que a bradicinina poderia ser a principal responsável pela indução da dor após dano tecidual. Além disso, a intensidade da dor se correlaciona ao aumento local da concentração do íon potássio ou ao aumento na concentração de enzimas proteolíticas que atacam diretamente as terminações nervosas e estimulam a dor por fazer as membranas nervosas mais permeáveis aos íons. ➔ ISQUEMIA TECIDUAL COMO CAUSA DA DOR Quando o fluxo sanguíneo para um tecido é bloqueado, o tecido em geral fica muito dolorido em poucos minutos. Quanto maior for a intensidade do metabolismo desse tecido, mais rapidamente a dor aparece. Uma das causas sugeridas para a dor, durante a isquemia, é o acúmulo de grande quantidade de ácido lático nos tecidos, formada em consequência do metabolismo anaeróbico (metabolismo sem oxigênio). ➔ ESPASMO MUSCULAR COMO CAUSA DA DOR O espasmo muscular também é causa comum de dor, sendo a base de muitas síndromes clínicas dolorosas. Essa dor provavelmente resulta em parte do efeito direto do espasmo muscular na estimulação de receptores para dor mecanossensíveis. O espasmo aumenta a intensidade do metabolismo do tecido muscular, tornando a isquemia relativa ainda maior e criando condições ideais para a liberação de substâncias químicas indutoras da dor. VIAS DUPLAS PARA A TRANSMISSÃO DOS SINAIS DOLOROSOS AO SNC Apesar dos receptores para a dor serem terminações nervosas livres, elas utilizam duas vias separadas para transmissão de sinais dolorosos para o SNC. 1. Via para a dor pontual rápida: os sinais rápidos dolorosos são desencadeados por estímulos mecânicos ou térmicos. Tais sinais são transmitidos pelos nervos periféricos para a medula espinal por meio de fibras AÔ do tipo pequeno, com velocidade entre 6 e 30m/s. 2. Via para a dor lenta crônica: os estímulos para a dor lenta são, em sua maioria, químicos, porém também podem ser mecânicos ou térmicos persistentes. Essa dor lenta crônica é transmitida para a medula espinal por fibras do tipo C com velocidades entre 0,5 e 2m/s. Estímulo doloroso súbito: sensação dolorosa “dupla”: dor pontual rápida que é transmitida para o cérebro pela via de fibras AÔ, seguida, em 1 segundo ou mais, por uma dor lenta transmitida pela via das fibras C. Ao entrarem na medula espinhal, vindas pelas raízes espinhais dorsais, as fibras da dor terminam em neurônios-relé (?) nos cornos dorsais. Nesse ponto existem dois sistemas para o processamento de sinais dolorosos em seu caminho para o encéfalo: Trato Neoespinotalâmico e Trato Paleoespinotalâmico VIAS DUPLAS PARA DOR NA MEDULA E NO TRONCO CEREBRAL – TRATO NEOESPINOTALÂMICO E TRATO PALEOESPINOTALÂMICO Ao entrar na medula espinhal, os sinais dolorosos tomam duas vias para o encéfalo, pelos (1) do trato neoespinotalâmico e (2) do trato paleoespinotalâmico. 1) Trato Neoespinotalâmico: Dor Rápida 2) Trato paleoespinotalâmico: Dor Crônica Lenta AULA – FISIOPATOLOGIA DA DOR | Dra. Cínthia Passos DOR → Experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial. (Definição de dor revisada da IASP, 2020) NOTAS • A dor é sempre uma experiência pessoal e influenciada, em graus variáveis, por fatores biológicos, psicológicos e sociais; • Dor e nocicepção são fenômenos diferentes. A dor não pode ser determinada exclusivamente pela atividade dos neurônios sensitivos; • Através das suas experiências de vida, as pessoas aprendem o conceito de dor; • O relato de uma pessoa sobre uma experiência de dor deve ser respeitado; • Embora a dor geralmente cumpra um papel adaptativo, ela pode ter efeitos adversos na função e no bem-estar social e psicológico; • A descrição verbal é apenas um dos vários comportamentos para expressar a dor: a incapacidade de comunicação não invalida a possibilidade de um ser humano ou um animal sentir dor. TAXONOMIA DA DOR → NOMEAÇÃO DOS PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS DE UM PACIENTE COM DOR • Nocicepção: mecanismo de detecção de estímulosperiféricos por receptores específicos, os nociceptores. Processo 100% fisiológico! • Nociceptores: receptores aferentes (fibras nervosas periféricas) que detectam e sinalizam o estímulo nociceptivo o Podem ser de três tipos: mecânicos, químicos e térmicos • Hipoestesia: diminuição da sensibilidade a um estímulo qualquer • Anestesia: ausência de sensibilidade • Anestesia Dolorosa: sensação dolorosa em uma região anestesiada (adormecida). Isso pode ocorrer, por exemplo, em pacientes com Neuralgia do Trigêmeo. • Alodínea: dor causada por estímulo inócuo, ou seja, não-doloroso (térmico ou mecânico) • Hiperpatia: resposta explosiva e frequentemente prolongada a um estímulo. Pacientes com a Sd. do Túnel do Carpo • Parestesia: sensação anormal (formigamento), espontânea ou provocada, nem sempre desagradável • Disestesia: sensação anormal, espontânea ou provocada, porém sempre desagradável. Tal termo é utilizado, por exemplo, quando o paciente não consegue explicar a dor que está sentindo, pois é uma dor que sempre trás um desconforto para o paciente. A Declaração de Montreal, documento desenvolvido durante o Primeiro Encontro Internacional de Dor, em 3 de setembro de 2010, declara que o “acesso ao tratamento de dor é um direito humano fundamental.” MODELO DA CEBOLA DO JOHN LOESER (1982) O modelo da Cebola, formulado pelo Dr. John Loeser, afirma que a complexidade do fenômeno doloroso torna necessária uma avaliação multidisciplinar de cada caso. Assim sendo, Loeser formulou o modelo conceitual da experiência da dor que enfatiza quatro componentes: nocicepção, dor, sofrimento e comportamento doloroso. CLASSIFICAÇÃO DA DOR (IASP, 2011) • Classifica-se a dor de acordo com: o Temporalidade → divisão meramente didática ▪ Aguda ▪ Crônica → quando o paciente está com determinada dor há 3 meses (porém, sabe-se que quando o fator causal já foi resolvido em menos de 3 meses e a dor permaneceu, então essa dor é considerada como crônica) o Fisiopatologia ▪ Nociceptiva ou inflamatória → acomete o sistema nervoso somatossensorial, normalmente associado à injúrias ▪ Neuropática → dor em que ocorre uma lesão no SNC ou SNP ▪ Nociplástica → enxaqueca, fibromialgia, sd do intestino irritável. É uma dor na qual não se consegue identificar organicamente uma causa para essa dor. Sabe-se que o limiar de dor desse paciente é menor ▪ Mista → quando há a interseção de mais de um tipo de dor o Padrão/Caráter ▪ Episódica → dor disruptiva, dor abrupta, dor que se inicia antes da próxima dose do medicamento. Apresenta-se em pacientes oncológicos ▪ Contínua → o Intensidade ▪ Leve ▪ Moderada ▪ Forte CONCEITO DE DOR TOTAL → DESENVOLVIDO PELA CICELY SAUNDERS O conceito de DOR TOTAL enfatiza a importância de se interpretar o fenômeno doloroso não somente na sua dimensão física, mas também nas suas dimensões emocionais, sociais e espirituais que influenciam na gênese e na expressão da queixa dolorosa. FISIOPATOLOGIA DA DOR EVENTOS CELULARES • Transdução → é a estimulação dos nociceptores. É quando o estímulo nociceptivo é transformado em potencial de ação no nociceptor periférico. O nociceptor, durante o evento traumático, será lesado e isso dará início a uma cascata inflamatória de sinalização que irá ativar os nociceptores... • Transmissão → propagação do estímulo elétrico pelas vias nociceptivas. • Modulação → mecanismos que atenuam, ou amplificam (em situações patológicas), os impulsos nociceptivos (SNP e SNC) • Percepção → mecanismos cerebrais de discriminação e decodificação do fenômeno doloroso. NOCICEPTORES Os nociceptores são especializados em transmitir a informação dolorosa, e estes, por sua vez, podem ser de dois tipos: • Metabotrópicos → acoplados à proteína G (por exemplo, os receptores de opioide são receptores metabotrópicos acoplados à pt G) • Ionotrópicos → canal iônico transmembrana que será sensibilizado e irá transmitir a informação SUBSTÂNCIAS ALGOGÊNICAS • Uma vez que os nociceptores, metabotrópicos ou ionotrópicos, são ativados na periferia, eles originarão o Reflexo Axônico Local ou Inflamação Neurogênica. Tal mecanismo nada mais é do que a capacidade do SNC em criar uma cascata inflamatória. • A partir do reflexo axônico ou inflamação neurogênica, teremos uma ação antidrômica, ou seja, teremos a ativação de um potencial de ação que, ao invés de ir da periferia para o SNC, irá do SNC para a periferia. Ação Antidrômica: contra a ação do potencial de ação na parte periférica do organismo (cascata inflamatória do SNC para a periferia) o OBS.: Ação Ortodrômica: ação a favor da condução do potencial de ação, ou seja, da periferia para o SNC. • Sopa inflamatória (serotonina, histamina, glutamato, substância P, prostaglandinas, tromboxano, bradicininas, TNF-alfa, IL-1 e 6) • Cascata das cininas: origem à bradicinina • Cascata do ácido araquidônico: sistema das cicloxigenases, lipoxigenases e epoxigenases) • Agem em sinergismo, reduzindo o limiar de excitabilidade dos nociceptores (principalmente a PGE2) NEUROQUÍMICA DA NOCICEPÇÃO • Neurotransmissores excitatórios → facilitam a transmissão da informação dolorosa. Glutamato, substância P, aspartato, neurocininas A/B, peptídeo relacionado com a calcitonina (CGRP → um dos principais neurotransmissores envolvidos com a cefaleia crônica), CCK, NO • Neurotransmissores inibitórios → atenuam a informação de dor que é carregada até o SNC. Sistema opioide endógeno, GABA, encefalinas, endorfinas #Bradicininas e Prostaglandinas → Produzidas na cascata das cininas e do ácido araquidônico. Vão estimular os receptores waniloides diminuindo a concentração do AMP cíclico intracelular dos nociceptores, o que irá reduzir o limiar de disparo da fibra nervosa e facilitar a transmissão do potencial de ação; #Neurotrofinas → Aumentam a substância P e o CGRP nas fibras C, reduzindo a atividade do GABA (inibitório do SNC) e modificando os receptores vanilores (VR1) das fibras A delta. SENSIBILIZAÇÃO PERIFÉRICA • Redução do limiar de excitabilidade dos nociceptores periféricos, tornando-os responsivos a estímulos que anteriormente eram inócuos (como por exemplo estímulos de tato, de pressão), e aumento da resposta que normalmente não seria reconhecida como dolorosa. Nesse caso, então, posso ter uma dor: o Espontânea ou Alodínea • Hiperalgesia primária: sensibilização (exacerbada) restrita ao local da lesão/injúria AFERENTES PRIMÁRIOS • Aferentes primários: A delta e C → conduzem o estímulo doloroso até o corno dorsal da medula espinal o Fibras A delta → são mielinizadas. São responsáveis pela transmissão da dor rápida/aguda. Estímulos térmicos e mecânicos o Fibras C → são fibras amielínicas. Responsáveis pela dor lenta. Estímulos químicos, térmicos e mecânicos. MECANISMO CENTRAL DA DOR Os aferentes primários, fibras A delta e C, conduzem os estímulos dolorosos até o corno dorsal da medula espinal. O corno dorsal, por sua vez, é responsável pela sensibilidade, e nas lâminas de rexed ele corresponde às lâminas de I a VI. O estímulo periférico, que inicialmente foi desencadeado na origem, irá chegar ao corno dorsal da medula através das fibras A delta e C. Quando tal estímulo chegar ao corno dorsal da medulo, ele irá convergir para as lâminas I (marginal) , II (substância gelatinosa de Rolando → responsável pela atenuação do estímulo doloroso) e V. Após a chegada da informação para a lâmina I, o neurônio fará sinapses para conduzir a informação para a lâmica II. A lâmica II possui um mecanismo de inibição (substância gelatinosa de Rolando, onde temos o acúmulo de neurotransmissores inibitórios → neurônicos encefalinérgicos, gabaérgicose glutamatérgicos) que irá atenuar a informação dolorosa. Em seguida, a informação vai da lâmica II para a lâmina V. Na lâmina V, por fim, haverá a decussação da informação, ou seja, a informação irá cruzar para o lado contra-lateral, organizando-se em tratos e formando o trato ascendente. PROCESSO PATOLÓGICO → QND A DOR SE TORNA CRÔNICA Quando a dor se torna crônica devido a algum processo patológico, haverá o recrutamento de neurônios que não seriam originalmente responsáveis pela transmissão da informação dolorosa (neurônios WDR, responsáveis pelas inforamções de tato e pressão, por exemplo). Assim, de uma forma patológica, esses neurômios WDR farão sinapses na medula espinal, de modo a reforçar a informação de dor já conduzida pelos outros neurônios. Fibras A-beta → neurônios WDR (em situação patológica) → captam a informação tátil, porém conduzem a informação como se fosse dolorosa → ALODÍNIA DOR REFERIDA Quando temos uma dor aguda bem localizada, por exemplo, isso quer dizer que os nociceptores estão transmitindo a dor da forma esperada... Por outro lado, quando temos uma dor referida (não bem localizada), como é o caso da dor no IAM, sabe-se que toda a informação dolorosa confluiu para chegar ao mesmo nível da medula. Porém, tais informações vieram de receptores não somente específicos para dor, como é o caso dor neurônios WDR, por exemplo. VIAS NOCICEPTIVAS ASCENDENTES TRATO ESPINOTALÂMICO: INFORMAÇÃO VAI DA PERIFERIA → CENTRO • Trato Neoespinotalâmico (espinotalâmico lateral) • Trato Paleoespinotalâmico (Espinorreticular) • Substância Cinzenta Periaquedutal (PAG) → principal mecanismo inibitório da dor no SNC, a nível encefálico. o NÃO ESQUEÇA!!!! A NÍVEL MEDULAR → Mecanismo INIBITÓRIO = Lâmina II (substância gelatinosa de Rolando) IMPORTANTE!!! Por que o paciente com dor não dorme bem? R: Porque uma das vias que transmite a dor até o cérebro é a Via Espinorreticular. Tal via, vai em direção ao sistema reticular ativador ascendente e deixa o paciente bastante alerta. Assim, se a transmissão da dor for feita por meio da via Espinorreticular ele não dormirá bem! AGORA QUE CHEGAMOS AO CÓRTEX CEREBRAL... • Neurônios de 1° ordem (nível periférico) → São os primeiros a receberem a informação de nocicepção. São as fibras aferentes primárias = fibras A delta e fibra C Após os neurônios de 1° ordem chegarem à medula e organizarem-se em tratos ascentes, aí teremos os neurônios de 2° ordem • Neurônios de 2° ordem (já a nível central)→ trato espinotalâmico e trato paleoespinotalâmico MECANISMO CENTRAL ENCEFÁLICO → Integração e regulação entre o sna, snc (sara = sistema reticular ativador ascendente) e sistema límbico o Por que a dor tem um componente psíquico/emocional? Porque uma das vias que conduz a dor para o córtex cerebral é a via do sistema límbico (via das emoções)! → Modulação da transmissão nociceptiva → Áreas envolvidas no sistema inibitório descente: substância cinzenta pereaquedutal (PAG) NEUROPLASTICIDADE → capacidade do neurônio, no corpo dorsal da medula e também a nível cortical, de modificar o tipo de sinapse que esse neurônio realiza, geralmente em resposta a estímulos nociceptivas. Geralmente é um processo a longo prazo! DORES QUANDO NÃO SÃO BEM TRATADAS → NEUROPLASTICIDADE • Capacidade dos neurônios do corno dorsal da medula em modificar o tipo de sinapses que realizam em resposta ao estímulo nociceptivo • Alterações a longo prazo • Dependendo da intensidade, frequência e duração, podem ocorrer: o Dessensibilização/ Sensibilização OU o Potenciação (melhora duradoura da transmissão) / Facilitação SENSIBILIZAÇÃO CENTRAL → Ocorre no momento da eficácia das sinapses dos neurônios no corno dorsal da medula, seguido de um intenso estímulo doloroso OU um estímulo doloroso prolongado. → receptores NMDA: Quando falamos de evitar o processo da cronificação da dor, podemos fazer uso, por exemplo, de Quetamina ou do Sulfato de Magnésio, com o objetivo de bloquear o receptor de NMDA para evitar que ele seja hiperexcitado pelo glutamato e assim não ocorra o mecanismo da sensibilização central. SENSIBILIZAÇÃO SECUNDÁRIA → Mecanismo periférico → hiperalgesia primária (FISIOLÓGICO) = aumento da sensibilidade de determinada região de forma protetiva → Mecanismo central → hiperalgesia secundária (PATOLÓGICO) = aumento da área dolorosa • Hiperalgesia secundária é uma consequência do mecanismo de sensibilização central • Resulta da resposta aumentada dos neurônios do corno dorsal medular aos estímulos periféricos • Quando está desenvolvida, torna-se independente dos estímulos periféricos o Para bloquear esse caminho independente → uso de medicações moduladoras WIND UP (AQUI, ESTÃO ENVOLVIDOS OS NEURÔNIOS WDR E RECEPTORES NMDA) → ESTÍMULOS DOLOROSOS LENTOS (BAIXA VOLTAGEM), PORÉM REPETIDOS • potencialização das respostas dos neurônios WDR à repetida estimulação das fibras aferentes do tipo C (estímulos de baixa voltagem) • após a cessação do estímulo de dor, as células continuam a disparar o potencial de ação por algum tempo, que é o mecanismo de wind up. Ou seja, terei uma produção de despolarização acumulativa. O que isso quer dizer? Significa quetal mecanismo funciona de modo a “guardar” energia de maneira acumulativa para usa-la quando o estímulo for cessado, onde essa energia acumulada possibilitará que o estímulo doloroso continue a ser transmitido. Isso ocorre no sentido ortodrômico, ou seja, a transmissão favor do potencial de ação. • desbloqueio do canal de Mg do receptor de NMDA, que acarretará um aumento da sensibilidade ao glutamato (um dos principais neurotransmissores excitatórios do SNC) 1) O neurônio pré-sinaptico irá liberar o glutamato, que é um dos principais neurotransmissores excitatórios do SNC, na fenda sináptica através de vesículas; 2) No neurônio pós-sináptico, o Mg está bloqueando a entrada de glutamato na célula. Até aí, ok... o problema é que quando o Mg é retirado da jogada, o receptor NMDA fica mais sensível a estimulação do glutamato, o que faz com que haja aumento da sensibilização de dor. Por isso é interessante usar medicações bloqueadoras do receptor de NMDA, a fim de não deixar que eles fiquem tão sensíveis ao glutamato. o Uso de medicações bloqueadoras do receptor do NMDA, como a Quetamina, a Metadona ou o Sulfato de Magnésio ajudam a fazer com que os neurônios pós-sinápticos não fiquem tão susceptíveis à ação do glutamato. LONG TERM POTENTIATION (LTP) → ESTÍMULOS DOLOROSOS CURTOS (RÁPIDOS), PORÉM DE MUITA INTENSIDADE. MUITO RELACIONADO AO MECANISMO DA MEMÓRIA!!! • Potencialização de longo prazo da transmissão sináptica • Facilitação dos potenciais excitatórios em resposta a uma breve e repetida estimulação de alta frequência dos nociceptores • Fenômeno que ocorre também no hipocampo (memória) • Contrabalançado pelo LTD: mecanismo de depressão a longo prazo • Aumento da densidade dos receptores no neurônio pós-sinaptico VIAS INIBITÓRIAS DESCENDENTES O cérebro entendeu que há um estímulo doloroso, decodificou esse estímulo e agora ele tentará ATENUAR tal estímulo... • SISTEMA OPIOIDE o Atividade analgésica o Presente em TODO o percurso descendente o Diminuição da liberação de substância P o Hiperpolarização celular → diminuição da propagação do potencial de ação, ou seja, diminuição da dor • SISTEMA NORADRENÉRGICO o Ação da noradrenalina (NE) em receptores alfa-2-adrenérgicos o Moderação da atividade excitatória do neurônio aferente primário o Redução da liberação de neurotransmissores pró-nociceptivos, como a substância P e o glutamato através do feedback negativo • SISTEMA COLINÉRGICO o Ação da acetilcolina em receptores muscarínicos e nicotínicos o A liberação de AChem nível espinal produz antinocicepção o A ACh, em receptores nicotínicos, aumenta a liberação de NE, que por sua vez, ativa os receptores alfa-2-adrenérgicos • SISTEMA SEROTONINÉRGICO o Ação da serotonina na medula, tronco cerebral, cerebelo, sistema límbico e córtex o 15 subtipos de receptores (5ht), sendo que alguns destes receptores estão envolvidos com atividades pró-nociceptivas e outros estão envolvidos com atividades antinociceptivas (modulação bidirecional) o Modulação bidirecional da dor: inibitória, porém também excitatória → isso explica o fato de não usar-se ISRS no manejo da dor crônica. Link da aula no YT: https://www.youtube.com/watch?v=Fx5prA-PuWw&t=2439s https://www.youtube.com/watch?v=Fx5prA-PuWw&t=2439s
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