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1- Compreenda os tipos de Dor (Nociceptivas e não nociceptivas) A dor é uma “experiência sensitiva (ex: quando toca na pele, quando tem um corte ou uma queimadura...) ou emocional desagradável, associada com um dano tecidual real (ex. quando vamos tomar uma injeção e sentimos a agulhada) ou potencial (mesmo antes da agulhada já sentimos ela, ou seja, mesmo antes do estímulo doloroso o indivíduo já sente a dor)”. A dor inclui a participação de mecanismos relacionados aos aspectos discriminativos, às emoções e ao simbolismo das sensações em geral. Esquema Geral de funcionamento de toda sensação O esquema geral de funcionamento de toda sensação é o seguinte: um receptor mais ou menos específico , atuando com o transdutor , transforma a energia que chega a ele (estímulo ) em energia elétrica (impulso nervoso) , o qual , por vias específicas, chega ao tálamo, onde fazem relé e de onde se projetam a zonas mais ou menos específicas do córtex cerebral. Todas as vias da sensibilidade dão aferências à formação reticular, que controla o processo neurofisiológico da sensação desde seu ponto de partida, ao nível dos receptores, até seu ponto de chegada no córtex. À chegada dos impulsos às estruturas centrais seguem-se a percepção consciente e, depois, as reações motoras, somáticas e vegetativas, do organismo. 1 Para chegar até o córtex, a dor apresenta 5 fases: ♡ Transdução: o estimulo nocivo é convertido em impulso elétrico. Por exemplo: quando pisamos em um alfinete, ele é um estímulo nocivo que gerará um impulso elétrico. A dor nociceptiva começa com o estímulo dos nociceptores. Esses nociceptores estão localizados na pele, articulações e órgãos. Condução: o impulso elétrico é conduzido pelos axônios aferentes até a raiz dorsal da medula. Até então, SEM DOR, somente nocicepção. Nocicepção: conjunto de eventos neurais através do qual os estímulos nocivos são detectados, convertidos em impulsos nervosos e transmitidos da periferia para o sistema nervoso central. Dependendo do tipo de fibra nervosa, a velocidade da condução do estímulo vai variar. Classificação das fibras nervosas Os axônios podem ser classificados em três grupos principais com base em: quantidade de mielinização, diâmetros e velocidades de propagação: Fibra do tipo C: apresenta diâmetro menor e é amielinizada. Dor crônica indistinta e mal localizada. Fibra do tipo Delta: apresenta diâmetro maior e é mielinizada. Como ela possui mielina, o impulso será saltatório, fazendo com que o impulso chegue mais rápido à medula. Dor aguda cortante e bem localizada. Fibra B: apresenta diâmetro maior e é mielinizada. 2 OBS: Quanto maior o diâmetro da fibra, maior a velocidade de condução do impulso. Transmissão: O impulso é conduzido até a coluna posterior da medula espinal. 1. O impulso elétrico vai liberar neurotransmissores. 2. Os neurotransmissores se ligam a neurônios da raiz dorsal. 3. Vai gerar fortes estímulos, fazendo com que tenha a liberação de neuropeptídeos (substância P). 4. Essa substância P vai gerar fortes respostas pós-sinápticas. 5. Fazendo com que o sinal suba ao centro superior, seja o tálamo ou córtex. 3 Percepção: a dor só vai ser percebida a nível talâmico, ou seja, antes de atingir o tálamo, a dor é apenas uma nocicepção. Modulação: uma vez que o estímulo doloroso atinge a medula, este pode ser transmitido aos neurônios de projeção ou suprimido na região do corno dorsal da medula. Esse fenômeno pode ser facilitado ou inibido. Para que o cérebro facilite ou iniba a dor, vai depender do quão perigoso está sendo aquela dor para o nosso corpo. Quando a dor é muito perigosa o cérebro facilita a dor isso acontece para que a dor seja resolvida rapidamente; quando a dor é menos perigosa, o cérebro inibe a dor. Por que algumas pessoas sentem muita dor e outras não? Isso acontece porque a dor é modulada de acordo com a experiência da pessoa, psicológico e as atuais circunstâncias. “A dor é um produto derivado de um múltiplo sistema ativado pelo cérebro por ameaça potencialmente observada”. 4 Mecanismos de Modulação da Dor O corno dorsal da medula possui alta concentração de neurônios secretores de opioides endógenos, e a administração de morfina, por exemplo, mimetiza esse efeito. receptores opioides podem ser encontrados nos terminais axonais dos neurônios de primeira ordem, onde, via proteína P, inativam canais de cálcio, diminuindo a liberação dos neurotransmissores glutamato substância inibição pré-sináptica. Nos dendritos dos neurônios de segunda ordem, receptores opioides, via proteína, abrem canais de potássio, com consequente hiperpolarização (dificultou) inibição pós-sináptica. Dessa forma, fica inibida a transmissão da informação nociceptiva entre os neurônios de primeira e segunda ordens. »Tipos de dor Os tipos de dor, de acordo com a classificação temporal, são: Crônica: associada a dano tecidual prolongado, processos patológicos crônicos ou injúria do SNC e SNP. Resulta de mudanças complexas na via nociceptiva incluindo mudança na expressão de receptores, transmissores e canais iônicos. Dura mais que 3 meses, podendo estar presente em qualquer tecido ou órgão, e não possui sinal de alerta (ex. artrite) Aguda: função de alerta, segue a lesão tecidual e geralmente desaparece com a resolução do processo patológico. Quando o processo patológico persiste, pode tornar-se crônica. É uma resposta fisiológica aos estímulos e dura menos que 3 semanas. »Dor nociceptiva e dor neuropática Podem ser definidos dois tipos de dor: a nociceptiva e a neuropática, que representam os dois extremos de sensações integradas no sistema nervoso central (SNC). 5 Dor nociceptiva: dor conhecida como aguda; passa pelas fases da nocicepção e possui nociceptores térmicos, mecânicos e químicos. Ela é decorrente de estímulos nocivos, ativa os nociceptores em tecidos superficiais e profundos. → Somática. → Profunda. → Visceral. → Referida. → Irradiada. Dor neuropática: dor conhecida como crônica; é uma persistência de resposta inflamatória; destruição de fibras nociceptoras. Essa dor é causada por lesão ou doença do sistema somatossensitivo. Isso acontece porque o sistema nociceptivo se comporta de forma anormal, não havendo relação causal entre a lesão tissular e a dor. Tem como característica a presença de alodínea. São causas de dor neuropática: (1) neuropatia diabética, na qual há acometimento predominante de fibras mielínicas finas e amielínicas, neuropatia alcoólica, que compromete qualquer tipo de fibra, e a neuropatia causada por carência de vitamina B12. (2) na neuralgia pós-herpética, em que são acometidas preferencialmente fibras mielínicas grossas do ramo oftálmico do nervo trigêmeo ou dos nervos intercostais, manifestando-se como uma mononeuropatia dolorosa. (3) dor da síndrome do membro fantasma. (4) dor por avulsão do plexo braquial. (5) dor após trauma raquimedular. (6) dor após AVE (“dor talâmica”). Existe também a dor mista, que decorre dos dois mecanismos: dor nociceptiva e neuropática; e a dor psicogênica, toda dor tem um componente emocional associado, o que varia é sua magnitude. Oncológica Segundo a OMS, a dor oncológica é bem controlada em mais de 90% dos casos, sendo o restante considerado dor de difícil controle. As cirurgias que em geral podem deixar sequelas dolorosas são: mastectomias, toracotomias e amputações (dor fantasma). 6 Primeiro degrau: medicamentos não opioides para dores fracas; Segundo degrau: opioides fracos, que podem ser associados a analgésicos simples do primeiro degrau, para dores moderadas; Terceiro degrau: opioides fortes, associados ou não aos não opioides, para dores fortes. Terceiro degrau: procedimento não farmacológico DOR REFERIDA Frequentemente, a pessoa sente dor em uma parte do corpo que fica distante do tecido causador dador. Essa é a chamada dor referida. Por exemplo, a dor em órgãos viscerais geralmente é referida à área na superfície do corpo. O conhecimento dos diferentes tipos de dor referida é importante para o diagnóstico clínico, pois em várias doenças viscerais o único sinal clínico é a dor referida. Mecanismo da dor referida: Ramos das fibras para a dor visceral fazem sinapse na medula espinal, nos mesmos neurônios de segunda ordem (1 e 2) que recebem os sinais dolorosos da pele. Quando as fibras viscerais para a dor são estimuladas, os sinais dolorosos das vísceras são conduzidos pelo menos por alguns dos mesmos neurônios que conduzem os sinais dolorosos da pele, e a pessoa tem a impressão de que as sensações se originam na pele. 7 Outra fonte: Dor Nociceptiva Surge devido a estímulos específicos a receptores da dor. Esses receptores são sensíveis à temperatura, à vibração, à distensão e a substâncias químicas liberadas por células danificadas. A dor nociceptiva pode ser classificada em: dor visceral ou dor somática. DOR VISCERAL A dor visceral tem origem nos órgãos internos e pode revelar infecção, inflamação, modificação da motilidade dos órgãos, neoplasia, alterações nos nervos transmissores das sensações visceral, ou isquemia. É descrita como uma dor subjetiva, profunda, apresentada sob a forma de espasmos ou cãibras. A dor visceral é frequentemente associada a efeitos no sistema nervoso autônomo, incluindo: palidez, suores, náuseas, distúrbios gastrointestinais, alterações na temperatura corporal, pressão arterial e frequência cardíaca. É dividida em : ● Dor irradiada: dor superficial e profunda que ocorre em consequência da irritação direta de um nervo sensitivo ou misto. É sentida exatamente no território correspondente à raiz nervosa estimulada, como ocorre nas ciatalgias (dor no nervo isquiático). ● Dor referida: localiza-se distalmente do local de lesão e origina-se de estruturas somáticas profundas. Tem localização dependente de inervação, ou seja, o local da lesão e o local referido da dor convergem para a mesma região da medula espinal; Cada víscera tem uma ou mais áreas somáticas de referência de maneira que pela localização da dor somática é possível localizar a lesão. DOR SOMÁTICA A dor somática é uma dor proveniente da pele, músculos, articulações, ossos e ligamentos, dividindo- se ainda em dor superficial ou profunda. A dor superficial apresenta uma instalação aguda e imediata, enquanto a dor profunda tem tendência a ser uma dor inicialmente silenciosa. A dor superficial ( dor cutânea), como pequenas feridas ou queimaduras de primeiro grau, ocorre ao nível da pele ou membranas mucosas; a dor profunda é uma dor causada, por exemplo, por rupturas, fraturas óssea e ocorre ao nível dos músculos, ossos, articulações, ligamentos, tendões ou vasos sanguíneos. 8 Dor Não-Nociceptiva A dor não nociceptiva é uma dor que não está associada a receptores específicos, sendo produzida por disfunções nas células nervosas. DOR NEUROPÁTICA A dor neuropática é definida como: “dor que ocorre como consequência direta de uma lesão ou doença do sistema nervoso somatosensorial”. Esta lesão poderá ser parcial ou total e pode localizar- se a qualquer nível do sistema nervoso, tanto a nível central como periférico. Trata-se de um processo patológico difícil de caracterizar, pelo fato de possuir uma etiologia múltipla e variada. A dor neuropática está normalmente associada a diferentes sintomas neurológicos que podem reduzir a sensação ou até mesmo levar à anestesia completa ou pelo contrário, à hiperexcitabilidade. Quem sofre de dor neuropática descreve sensações de queimadura, formigueiro, dormência, picadas, choque elétrico, etc. O impacto da dor neuropática no cotidiano do doente pode ser extremamente expressivo. Alterações nos movimentos, perturbações do sono e concentração, entre outras patologias derivadas do próprio processo doloroso. É portanto, um tipo de dor problemática pelo fato de ser crônica, de possuir uma etiologia diversa e não responder às terapêuticas analgésicas convencionais. DOR PSICOGÊNICA A dor psicogênica é caracterizada desde o início por ser claramente associada a um transtorno do humor, que parece ser primário em termos de tempo e causa, geralmente, é mais difusa e menos bem localizada, o paciente queixa-se de dor constante e pode não encontrar palavras adequadas para descrevê-la. Dor mista – ocorre em pacientes que apresentam clinicamente uma sobreposição substancial de sintomas nociceptivos e neuropáticos na mesma área do corpo. É uma dor persistente, que apresenta outros sintomas em conjunto, como formigamento ou dormência. O termo dor mista começa a ser reconhecido e aceito pelos médicos de dor, e o termo é usado na literatura científica para descrever tais cenários específicos de pacientes. 9 »Mecanismo de sensibilidade Na lesão tecidual, a bradicinina (liberada pelo plasma do fígado, vasodilata, contração musc. Liso, dor) e as prostaglandinas (veio por mastócitos e leucócitos, vasodilatador, febre) atuam e sensibilizam os nociceptores, que liberam substância P e peptídeo relacionado com o gene da calcitonina (CGRP). Substância P provoca degranulação dos mastócitos e liberação de histamina (vasodilatador, aumenta permeabilidade vascular e ativação vasoendotelial), que atua nos nociceptores. Ela provoca ainda o extravasamento de plasma, enquanto o CGRP causa dilatação dos vasos, o edema resultante ocasiona a liberação de bradicinina, e a serotonina, liberadas pelas plaquetas, ativa os nociceptores. Referências: SPLITTGERBER, Ryan. Snell Neuroanatomia Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. E-book. p.113. ISBN 9788527737913. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788527737913/. Acesso em: 11 fev. 2025. MINSON, Fabiola P.; MORETE, Marcia C.; MARANGONI, Marco A. Dor. Barueri: Manole, 2015. E-book. p.03. ISBN 9788578682057. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788578682057/. Acesso em: 11 fev. 2025. 2- Entenda a Nocicepção e vias, desde o estímulo à percepção de dor (Paleo e Neoespinotalâmico) A anatomia da via da dor é constituída basicamente por fibras aferentes do tipo A e C, pouco δ mielinizadas. Contudo, em uma escala decrescente das fibras tipo A consideradas espessas por abundância de axoplasma, esta é considerada a de calibre menor e, portanto, com velocidade mais rápida na condução do estímulo nervoso da dor, classificada como aguda. Outra fibra aferente classificada como condutora do estímulo da dor, agora, crônica, é a do tipo C, amielínica, com axoplasma quase inexistente, apresentando-se com estímulo nervoso doloroso de velocidade mais lenta. Ambas apresentam, em suas extremidades periféricas, receptores do tipo terminações nervosas livres, que captam da pele e das vísceras os estímulos nocivos térmicos, químicos e mecânicos, em 10 uma tentativa de informar ao córtex sensitivo (área 3, 2, 1 de Brodmann) a agressão acometida, para que se obtenha uma resposta compatível ao fato. Ao serem estimuladas, percorrem um trajeto com início nas terminações nervosas livres. Passam pelos gânglios espinais, adentram a medula espinal, ascendem ao tronco encefálico, à formação reticular, ao tálamo, as áreas límbicas e, finalmente, ao córtex sensitivo do cérebro. Na realidade, os estímulos dolorosos transitam por duas vias distintas específicas para cada tipo de dor. A dor aguda utiliza a via espinotalâmica lateral e a crônica, a via espinorreticulotalâmica. Cada uma obedece a um trajeto, a localização no sistema nervoso central SNC e o número de fibras envolvidas, o que determina o tipo de dor. DOR AGUDA = TRATO ESPINOTALÂMICO LATERAL = NEOESPINOTALÂMICA Embriologicamente, é a mais recente via neoespinotalâmica. Iniciada por estímulos mecânicos ou térmicos,utiliza-se de axônios com velocidade de condução mais rápida, as fibras A (12 a 30 m/s). δ É a via que produz a sensação da dor aguda, em pontada, lacerante e bem localizada. Seu impulso é transmitido da periferia do SNC ao córtex cerebral, através de três neurônios. 11 Neurônio I Do tipo pseudounipolar, cordonal longo, seu prolongamento periférico segue das terminações nervosas livres aos nervos espinais, em suas raízes dorsais, chegando aos gânglios espinhais. Seu prolongamento central ganha a medula pela divisão lateral da raiz dorsal no sulco lateral posterior. Ganha a coluna posterior da medula, onde faz sinapse com o neurônio II . Neurônio II Na coluna posterior da medula, ocupa a lâmina I de Rexed. Seu axônio cruza o plano mediano na comissura branca da medula, ganhando o funículo lateral oposto. Uma vez no funículo lateral, ascende como trato espinotalâmico lateral. Ao nível da ponte, esse trato une-se ao trato espinotalâmico anterior (pressão) e passa a ser denominado lemnisco espinal. Ascende ao tálamo no núcleo ventral póstero-lateral (VPL), onde fará sinapse com o neurônio III . 12 Neurônio III No tálamo, no núcleo póstero lateral, essa dor torna-se consciente; forma as radiações talâmicas, ganha a cápsula interna perna anterior e a coroa radiada. Chega ao córtex sensitivo do cérebro, no giro pós-central, área 3 , 2 e 1 de Brodmann. A partir desse giro, aparecem as representações somatotópicas, representações em diferentes partes do corpo, capazes de identificar a área cortical comprometida. DOR CRÔNICA = TRATO ESPINORRETICULOTALÂMICO = PALEOESPINOTALÂMICA Embriologicamente, é a mais antiga via paleoespinotalâmica. Inicia-se por fatores químicos produzidos pela própria lesão e utiliza axônios de diâmetro reduzido e velocidade de condução lenta (0,5 a 2 m/s) às fibras C. Esta via produz dor crônica, mal localizada, difusa, contínua em queimação. Conduz o estímulo da periferia do SNC até o córtex cerebral, através de vários neurônios (no mínimo 4 , podendo chegar a 16). Neurônio I Inicia-se da mesma forma que o neurônio da via espinotalâmica lateral e é um neurônio pseudounipolar, cordonal longo. Seu prolongamento periférico segue das terminações nervosas livres até o corpo celular nos gânglios espinais, onde ganha o prolongamento central, que adentra a medula espinal em sua coluna posterior. Ganha a coluna posterior da medula, onde faz sinapse com o neurônio II. Neurônio II Ocupa a lâmina V de Rexed e cruza o lado oposto pela comissura branca ou não cruza. Seus axônios dirigem-se ao funículo lateral do mesmo lado ou do lado oposto e ascendem para constituir o trato espinorreticular. Na medula, junta-se ao trato espinotalâmico lateral. Vai à formação reticular de todo o tronco encefálico, onde faz sinapse com os neurônios III, IV e V em vários níveis da formação reticular. Neurônios III, IV, V, VI... Na formação reticular, dão origem às fibras retículotalâmicas, as quais terminam nos núcleos intralaminares do tálamo (lâmina medular interna do tálamo), neurônio VI, com grande campo receptivo. Os neurônios fazem sinapse a partir dessa área do tálamo, com neurônios que se dirigem para áreas límbicas e núcleos da base, neurônios VII, VIII, etc. Neste nível, o estímulo doloroso ganha respostas automáticas e emocionais a estímulos nocivos, por entrar em contato com estruturas que fazem parte do sistema límbico (circuito de Papez). Projetam-se a amplas áreas do córtex cerebral sensorial, neurônio IX , podendo chegar até XII. 13 Neurotransmissores Glutamato: neurotransmissor das fibras de dor rápida tipo Aδ. Acredita-se que o glutamato seja a substância neurotransmissora secretada na medula espinhal pelas terminações de fibras nervosas de dor tipo Aδ. Ele é um dos transmissores excitatórios mais utilizados no sistema nervoso central, geralmente com duração de ação de apenas alguns milissegundos. Substância P: neurotransmissor das fibras de dor lenta/crônica do tipo C. Terminais de fibras de dor tipo C que adentram a medula espinhal liberam tanto o transmissor glutamato quanto a substância P. Já a substância P é liberada de maneira muito mais lenta, ocorrendo acúmulo de sua concentração ao longo de segundos ou mesmo minutos. Com efeito, sugeriu-se que a sensação de dor dupla que se sente após uma perfuração pode resultar em parte do fato de que o glutamato fornece a sensação de dor rápida, ao passo que a substância P transmite uma sensação mais retardada. Receptores Os receptores sensoriais funcionam como tradutores de energia, capazes de converter os estímulos físicos e químicos do ambiente em impulsos elétricos. De acordo com a natureza do estímulo que são capazes de captar, os receptores sensoriais são classificados em: Mecanorreceptores: que respondem à deformação mecânica (Corpúsculo de Paccini, Meissner e Golgi). Termorreceptores: que respondem a mudanças na temperatura; alguns receptores respondem ao frio, e outros, ao calor (Corpúsculo de Krause e Ruffini). Nociceptores: que respondem a qualquer estímulo que provoque dano ao tecido. Existem duas classes principais de nociceptores: térmicos ou mecânicos e polimodais. Nociceptores térmicos ou mecânicos são supridos por fibras nervosas aferentes Adelta pouco mielinizadas e respondem a estímulos mecânicos, como a dor causada por objetos pontiagudos. Nociceptores polimodais são supridos por fibras C não mielinizadas e respondem a estímulos mecânicos, térmicos ou químicos, com alta intensidade, e a estímulos quentes ou frios. Receptores eletromagnéticos: os bastonetes e cones dos olhos, que são sensíveis a mudanças na intensidade e no comprimento de onda da luz. Quimiorreceptores: que respondem a alterações químicas associadas ao paladar e olfato, e às concentrações de oxigênio e de dióxido de carbono no sangue. 14 Figura 3.19 Fotomicrografia de pele digital mostrando as terminações nervosas finas terminando nos discos de Merkel, coradas pelo método da prata. (Cortesia de Dr. N. Cauna.) 15 Referências: SPLITTGERBER, Ryan. Snell Neuroanatomia Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. E-book. p.113. ISBN 9788527737913. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788527737913/. Acesso em: 11 fev. 2025. MINSON, Fabiola P.; MORETE, Marcia C.; MARANGONI, Marco A. Dor. Barueri: Manole, 2015. E-book. p.03. ISBN 9788578682057. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788578682057/. Acesso em: 11 fev. 2025. 3- Defina Limiar de Dor Limiar da dor: A menor intensidade de um estímulo doloroso a partir do qual uma pessoa percebe a dor. Todos os indivíduos têm o mesmo limiar de dor. LIMIAR DA DOR O limiar da dor é o ponto ao longo de uma curva de crescente percepção de um estímulo no qual a dor começa a ser sentida. Quando isto ocorre dizemos que o limiar de dor foi atingido. Ele varia de indivíduo para indivíduo, sendo que a pressão digital exercida sobre um ponto no corpo por exemplo vai ser percebido como dolorosa em tempo e maneira diferente para cada pessoa. Quando a dor atinge uma intensidade que não é mais suportada por esta pessoa dizemos que ela atingiu o limiar de tolerância, que é a pior dor possível, aquela que já não pode mais ser aguentada. A diferença entre o limiar de dor (quando a dor começa) e o limiar de tolerância (quando a dor não é mais suportada) é denominada de resistência à dor. 16 ANALGESIA É sugerido a organização e padronização do tratamento analgésico da dor baseado em uma escada de três degraus de acordo com a intensidade de dor que o paciente apresenta. ❖ 1° Degrau Recomenda-se o uso de medicamentos analgésicos simples e anti -inflamatórios para dores fracas. → Mais empregados: dipirona > paracetamol > anti-inflamatórios não hormonais (AINHs). → A dor leve (EVN:1-3) é comumente tratada com analgésicos não opióides.A dipirona é o seu representante mais empregado em nosso meio. Depois, segue-se o uso do paracetamol e dos antiinflamatórios não hormonais (AINH’s). ❖ 2° Degrau Recomenda-se opioides fracos, que podem ser associados aos analgésicos simples ou anti-inflamatórios do primeiro degrau, para dores moderadas. → Tradicionalmente, tem recebido associação entre dipirona ou paracetamol, AINEs, opioide fraco (codeína e tramadol). → Tradicionalmente, doentes portadores de dor moderada (EVN: 4-6) têm recebido a associação entre dipirona ou paracetamol, AINH’s, opioide fraco, como a codeína e o tramadol,. ❖ 3° Degrau Recomenda-se opióides fortes, associados ou não aos analgésicos simples ou antiinflamatórios, para dores fortes. Mais comumente usado é a morfina → A morfina é o medicamento mais comumente empregado no controle da dor intensa . Cada opióide têm suas diferenças farmacocinéticas e farmacodinâmicas que contribuem para a melhor alívio da Dor. 17 4-Descreva a Classificação das queimaduras e respectivos tratamentos São classificadas como superficiais, de espessura parcial e de espessura total. • Queimaduras superficiais (primeiro grau) atingem a epiderme. Apresentação com vermelhidão sem bolhas e discreto inchaço local. A dor está presente; • Queimaduras de espessura parcial (segundo grau) envolvem lesões na derme. Há presença de bolhas e a dor é acentuada; • Queimaduras de espessura total (terceiro grau) estendem-se até o tecido subcutâneo. As queimaduras de espessura total também podem comprometer o tecido muscular subjacente (queimaduras de quarto grau). Ocorre necrose da pele (morte do tecido), que se apresenta com cor esbranquiçada ou escura. A dor é ausente, devido à profundidade da queimadura, que lesa todas as terminações nervosas responsáveis pela condução da sensação de dor. Quanto à extensão: A extensão de uma queimadura é representada em percentagem da área corporal queimada. → Leves (ou "pequeno queimado"): atingem menos de 10% da superfície corporal; → Médias (ou "médio queimado"): atingem de 10% a 20% da superfície corporal; → Graves (ou "grande queimado"): atingem mais de 20% da área corporal; 18 Duas regras podem ser utilizadas para "medir" a extensão da queimadura: Regra dos nove: é atribuído, a cada segmento corporal, o valor nove (ou múltiplo dele): → Cabeça - 9% → Tronco frente - 18% → Tronco costas - 18% → Membros superiores - 9% cada → Membros inferiores - 18% cada → Genitais - 1% Regra da palma da mão: geralmente a palma da mão de um indivíduo representa 1% de sua superfície corporal. Assim pode ser estimada a extensão de uma queimadura, calculando-se o “número de palmas”. As queimaduras de mãos, pés, face, períneo, pescoço e olhos, quaisquer que sejam a profundidade e a extensão, necessitam de tratamento hospitalar. A gravidade da queimadura será determinada pela profundidade, extensão e a área afetada. ∙ Tratamento: As queimaduras de mãos, pés, face, períneo, pescoço e olhos, quaisquer que sejam a profundidade e a extensão, necessitam de tratamento hospitalar. A gravidade da queimadura será determinada pela profundidade, extensão e a área afetada ¬ Manejo Inicial Queimadura é considerada um Trauma devendo-se, portanto, tratá-lo como tal. Realizar o ABCDE do Trauma A: Visualizar via aérea, se houver indícios de inalação ou de queimadura de via aérea SEMPRE intubar, mesmo estando o paciente ventilando bem. Lembrar de transferir para Centro de Queimados. B: Observar padrão respiratório e sempre que alterado proceder a intubação. C: Qualquer vítima com mais de 20% de SCQ necessita de reposição volêmica. Como todo trauma deve-se estabelecer 2 acessos calibrosos (abocath 16) e infundir Ringer Lactato usando a fórmula de Parkland de 2-4 ml/kg /%SCQ desse total metade deve ser infundido nas primeiras 8 horas da queimadura e o restante nas outras 16 horas. Lembrar que deve-se monitorar diurese para que permaneça entre 0,5-1 ml/kg/h. Em pacientes com queimadura elétrica sempre monitorizar atividade cardíaca. Se o paciente tem várias áreas queimadas, variando em profundidade, as de primeiro grau não entram na contagem para reposição. D: estado neurológico. Avaliar pela escala de Glasgow. E: exposição de toda superfície corporal. 4ml = queimadura elétrica 2 ml = adulto queimadura fogo, óleo quente 3ml = pediatrico (menor que 14 anos) Quando encaminhar para Centro de queimados: queimaduras circulares e tórax 19 5- Correlacione os sinais cardinais com os mediadores químicos no processo da dor. O QUE É INFLAMAÇÃO? Inflamação é uma resposta a uma agressão. Existem diferentes tipos de respostas para diferentes tipos de agressão, dando os diferentes tipos de respostas inflamatórias. Sendo assim, qualquer agressão vai gerar uma inflamação. Sabendo disso, durante o processo inflamatório há algumas características que são comuns a todos os tipos de respostas inflamatórias, que são os sinais cardinais da inflamação (Calor, Rubor, Dor, Tumor e Perda de função). Esses sinais ocorrem em todos o s processos inflamatórios, obviamente em maior ou menor grau. 20 O processo inflamatório e suas moléculas basais são semelhantes qualquer que seja a natureza da resposta (seja hipersensibilidade imediata ou tardia), porque independente disso teremos todos os fenômenos inflamatórios acontecendo (vasodilatação, broncoconstrição, aumento de permeabilidade vascular, aumento de recrutamento celular, extravasamento plasmático para tecido etc.). Mediante uma agressão causada por um agente inflamatório (ou flogógeno), que pode ser de origem endógena ou exógena, no local lesado, ocorre a liberação de mediadores químicos que podem levar a um processo agudo (inflamação aguda) ou crônico (inflamação crônica). A inflamação aguda pode evoluir para resolução do processo (sem lesão cicatricial), formação de abscesso, cura (com cicatriz residual) ou inflamação crônica. A inflamação crônica, por sua vez, sempre implica destruição tecidual e cicatrização. 21 A inflamação aguda é uma resposta imediata e precoce a uma agressão, que é designada a levar leucócitos, principalmente neutrófilos, e proteínas plasmáticas para o local da lesão. a inflamação crônica tem duração prolongada semanas a meses ou anos, com as seguintes características: inflamação ativa à custa de leucócitos mononucleares, destruição tecidual e reparação envolvendo fibrose. 22 23