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1- Compreenda os tipos de Dor (Nociceptivas e não nociceptivas) 
 
A dor é uma “experiência sensitiva (ex: quando toca na pele, quando tem um corte ou uma 
queimadura...) ou emocional desagradável, associada com um dano tecidual real (ex. quando vamos 
tomar uma injeção e sentimos a agulhada) ou potencial (mesmo antes da agulhada já sentimos ela, 
ou seja, mesmo antes do estímulo doloroso o indivíduo já sente a dor)”. 
 
A dor inclui a participação de mecanismos relacionados aos aspectos discriminativos, às emoções e 
ao simbolismo das sensações em geral. 
 
Esquema Geral de funcionamento de toda sensação 
 
O esquema geral de funcionamento de toda sensação é o seguinte: um receptor mais ou menos 
específico , atuando com o transdutor , transforma a energia que chega a ele (estímulo ) em energia 
elétrica (impulso nervoso) , o qual , por vias específicas, chega ao tálamo, onde fazem relé e de onde 
se projetam a zonas mais ou menos específicas do córtex cerebral. Todas as vias da sensibilidade 
dão aferências à formação reticular, que controla o processo neurofisiológico da sensação desde seu 
ponto de partida, ao nível dos receptores, até seu ponto de chegada no córtex. À chegada dos 
impulsos às estruturas centrais seguem-se a percepção consciente e, depois, as reações motoras, 
somáticas e vegetativas, do organismo. 
 
 
1 
 
 
Para chegar até o córtex, a dor apresenta 5 fases: 
 
♡ Transdução: o estimulo nocivo é convertido em impulso elétrico. Por exemplo: quando pisamos 
em um alfinete, ele é um estímulo nocivo que gerará um impulso elétrico. 
 
A dor nociceptiva começa com o estímulo dos nociceptores. Esses nociceptores estão localizados na 
pele, articulações e órgãos. 
 
Condução: o impulso elétrico é conduzido pelos axônios aferentes até a raiz dorsal da medula. Até 
então, SEM DOR, somente nocicepção. 
 
Nocicepção: conjunto de eventos neurais através do qual os estímulos nocivos são detectados, 
convertidos em impulsos nervosos e transmitidos da periferia para o sistema nervoso central. 
 
Dependendo do tipo de fibra nervosa, a velocidade da condução do estímulo vai variar. 
 
 
Classificação das fibras nervosas 
 
Os axônios podem ser classificados em três grupos principais com base em: quantidade de 
mielinização, diâmetros e velocidades de propagação: 
 
Fibra do tipo C: apresenta diâmetro menor e é amielinizada. Dor crônica indistinta e mal localizada. 
Fibra do tipo Delta: apresenta diâmetro maior e é mielinizada. Como ela possui mielina, o impulso 
será saltatório, fazendo com que o impulso chegue mais rápido à medula. Dor aguda cortante e bem 
localizada. 
Fibra B: apresenta diâmetro maior e é mielinizada. 
 
2 
 
OBS: Quanto maior o diâmetro da fibra, maior a velocidade de condução do impulso. 
 
Transmissão: O impulso é conduzido até a coluna posterior da medula espinal. 
 
1. O impulso elétrico vai liberar neurotransmissores. 
2. Os neurotransmissores se ligam a neurônios da raiz dorsal. 
3. Vai gerar fortes estímulos, fazendo com que tenha a liberação de neuropeptídeos (substância P). 
4. Essa substância P vai gerar fortes respostas pós-sinápticas. 
5. Fazendo com que o sinal suba ao centro superior, seja o tálamo ou córtex. 
3 
 
 
 
Percepção: a dor só vai ser percebida a nível talâmico, ou seja, antes de atingir o tálamo, a dor é 
apenas uma nocicepção. 
 
Modulação: uma vez que o estímulo doloroso atinge a medula, este pode ser transmitido aos 
neurônios de projeção ou suprimido na região do corno dorsal da medula. Esse fenômeno pode ser 
facilitado ou inibido. Para que o cérebro facilite ou iniba a dor, vai depender do quão perigoso está 
sendo aquela dor para o nosso corpo. 
 
Quando a dor é muito perigosa o cérebro facilita a dor isso acontece para que a dor seja resolvida 
rapidamente; quando a dor é menos perigosa, o cérebro inibe a dor. 
 
Por que algumas pessoas sentem muita dor e outras não? 
 
Isso acontece porque a dor é modulada de acordo com a experiência da pessoa, psicológico e as 
atuais circunstâncias. “A dor é um produto derivado de um múltiplo sistema ativado pelo cérebro 
por ameaça potencialmente observada”. 
 
4 
Mecanismos de Modulação da Dor 
 
O corno dorsal da medula possui alta concentração de neurônios secretores de opioides endógenos, e a 
administração de morfina, por exemplo, mimetiza esse efeito. receptores opioides podem ser 
encontrados nos terminais axonais dos neurônios de primeira ordem, onde, via proteína P, inativam 
canais de cálcio, diminuindo a liberação dos neurotransmissores glutamato substância inibição 
pré-sináptica. Nos dendritos dos neurônios de segunda ordem, receptores opioides, via proteína, abrem 
canais de potássio, com consequente hiperpolarização (dificultou) inibição pós-sináptica. Dessa forma, 
fica inibida a transmissão da informação nociceptiva entre os neurônios de primeira e segunda ordens. 
 
 
»Tipos de dor 
 
Os tipos de dor, de acordo com a classificação temporal, são: 
 
Crônica: associada a dano tecidual prolongado, processos patológicos crônicos ou injúria do SNC e 
SNP. Resulta de mudanças complexas na via nociceptiva incluindo mudança na expressão de 
receptores, transmissores e canais iônicos. Dura mais que 3 meses, podendo estar presente em 
qualquer tecido ou órgão, e não possui sinal de alerta (ex. artrite) 
 
Aguda: função de alerta, segue a lesão tecidual e geralmente desaparece com a resolução do 
processo patológico. Quando o processo patológico persiste, pode tornar-se crônica. É uma resposta 
fisiológica aos estímulos e dura menos que 3 semanas. 
 
»Dor nociceptiva e dor neuropática 
 
Podem ser definidos dois tipos de dor: a nociceptiva e a neuropática, que representam os dois 
extremos de sensações integradas no sistema nervoso central (SNC). 
5 
Dor nociceptiva: dor conhecida como aguda; passa pelas fases da nocicepção e possui nociceptores 
térmicos, mecânicos e químicos. Ela é decorrente de estímulos nocivos, ativa os nociceptores em 
tecidos superficiais e profundos. 
 
→ Somática. 
→ Profunda. 
→ Visceral. 
→ Referida. 
→ Irradiada. 
 
Dor neuropática: dor conhecida como crônica; é uma persistência de resposta inflamatória; 
destruição de fibras nociceptoras. Essa dor é causada por lesão ou doença do sistema 
somatossensitivo. Isso acontece porque o sistema nociceptivo se comporta de forma anormal, não 
havendo relação causal entre a lesão tissular e a dor. Tem como característica a presença de 
alodínea. 
 
São causas de dor neuropática: 
(1) neuropatia diabética, na qual há acometimento predominante de fibras mielínicas finas e amielínicas, 
neuropatia alcoólica, que compromete qualquer tipo de fibra, e a neuropatia causada por carência de 
vitamina B12. 
(2) na neuralgia pós-herpética, em que são acometidas preferencialmente fibras mielínicas grossas do 
ramo oftálmico do nervo trigêmeo ou dos nervos intercostais, manifestando-se como uma 
mononeuropatia dolorosa. 
(3) dor da síndrome do membro fantasma. 
(4) dor por avulsão do plexo braquial. 
(5) dor após trauma raquimedular. 
(6) dor após AVE (“dor talâmica”). 
 
Existe também a dor mista, que decorre dos dois mecanismos: dor nociceptiva e neuropática; e a 
dor psicogênica, toda dor tem um componente emocional associado, o que varia é sua magnitude. 
 
Oncológica 
Segundo a OMS, a dor oncológica é bem controlada em mais de 90% dos casos, sendo o restante 
considerado dor de difícil controle. As cirurgias que em geral podem deixar sequelas dolorosas são: 
mastectomias, toracotomias e amputações (dor fantasma). 
6 
Primeiro degrau: medicamentos não opioides para dores fracas; 
Segundo degrau: opioides fracos, que podem ser associados a analgésicos simples do primeiro 
degrau, para dores moderadas; 
Terceiro degrau: opioides fortes, associados ou não aos não opioides, para dores fortes. 
Terceiro degrau: procedimento não farmacológico 
 
DOR REFERIDA 
 
Frequentemente, a pessoa sente dor em uma parte do corpo que fica distante do tecido causador dador. Essa é a chamada dor referida. Por exemplo, a dor em órgãos viscerais geralmente é referida à 
área na superfície do corpo. O conhecimento dos diferentes tipos de dor referida é importante para 
o diagnóstico clínico, pois em várias doenças viscerais o único sinal clínico é a dor referida. 
 
Mecanismo da dor referida: Ramos das fibras para a dor visceral fazem sinapse na medula espinal, 
nos mesmos neurônios de segunda ordem (1 e 2) que recebem os sinais dolorosos da pele. Quando 
as fibras viscerais para a dor são estimuladas, os sinais dolorosos das vísceras são conduzidos pelo 
menos por alguns dos mesmos neurônios que conduzem os sinais dolorosos da pele, e a pessoa tem 
a impressão de que as sensações se originam na pele. 
 
 
 
 
 
7 
Outra fonte: 
Dor Nociceptiva 
 
Surge devido a estímulos específicos a receptores da dor. Esses receptores são sensíveis à 
temperatura, à vibração, à distensão e a substâncias químicas liberadas por células danificadas. A 
dor nociceptiva pode ser classificada em: dor visceral ou dor somática. 
 
DOR VISCERAL 
 
A dor visceral tem origem nos órgãos internos e pode revelar infecção, inflamação, modificação da 
motilidade dos órgãos, neoplasia, alterações nos nervos transmissores das sensações visceral, ou 
isquemia. É descrita como uma dor subjetiva, profunda, apresentada sob a forma de espasmos ou 
cãibras. A dor visceral é frequentemente associada a efeitos no sistema nervoso autônomo, 
incluindo: palidez, suores, náuseas, distúrbios gastrointestinais, alterações na temperatura corporal, 
pressão arterial e frequência cardíaca. 
 
É dividida em : 
 
● Dor irradiada: dor superficial e profunda que ocorre em consequência da irritação direta de um 
nervo sensitivo ou misto. É sentida exatamente no território correspondente à raiz nervosa 
estimulada, como ocorre nas ciatalgias (dor no nervo isquiático). 
 
● Dor referida: localiza-se distalmente do local de lesão e origina-se de estruturas somáticas 
profundas. Tem localização dependente de inervação, ou seja, o local da lesão e o local referido da 
dor convergem para a mesma região da medula espinal; Cada víscera tem uma ou mais áreas 
somáticas de referência de maneira que pela localização da dor somática é possível localizar a lesão. 
 
DOR SOMÁTICA 
 
A dor somática é uma dor proveniente da pele, músculos, articulações, ossos e ligamentos, 
dividindo- se ainda em dor superficial ou profunda. 
 
A dor superficial apresenta uma instalação aguda e imediata, enquanto a dor profunda tem 
tendência a ser uma dor inicialmente silenciosa. A dor superficial ( dor cutânea), como pequenas 
feridas ou queimaduras de primeiro grau, ocorre ao nível da pele ou membranas mucosas; a dor 
profunda é uma dor causada, por exemplo, por rupturas, fraturas óssea e ocorre ao nível dos 
músculos, ossos, articulações, ligamentos, tendões ou vasos sanguíneos. 
 
 
8 
Dor Não-Nociceptiva 
 
A dor não nociceptiva é uma dor que não está associada a receptores específicos, sendo produzida 
por disfunções nas células nervosas. 
 
DOR NEUROPÁTICA 
 
A dor neuropática é definida como: “dor que ocorre como consequência direta de uma lesão ou 
doença do sistema nervoso somatosensorial”. Esta lesão poderá ser parcial ou total e pode localizar- 
se a qualquer nível do sistema nervoso, tanto a nível central como periférico. Trata-se de um 
processo patológico difícil de caracterizar, pelo fato de possuir uma etiologia múltipla e variada. 
 
A dor neuropática está normalmente associada a diferentes sintomas neurológicos que podem 
reduzir a sensação ou até mesmo levar à anestesia completa ou pelo contrário, à 
hiperexcitabilidade. Quem sofre de dor neuropática descreve sensações de queimadura, 
formigueiro, dormência, picadas, choque elétrico, etc. 
 
O impacto da dor neuropática no cotidiano do doente pode ser extremamente expressivo. 
Alterações nos movimentos, perturbações do sono e concentração, entre outras patologias 
derivadas do próprio processo doloroso. É portanto, um tipo de dor problemática pelo fato de 
ser crônica, de possuir uma etiologia diversa e não responder às terapêuticas analgésicas 
convencionais. 
 
DOR PSICOGÊNICA 
 
A dor psicogênica é caracterizada desde o início por ser claramente associada a um transtorno do 
humor, que parece ser primário em termos de tempo e causa, geralmente, é mais difusa e menos 
bem localizada, o paciente queixa-se de dor constante e pode não encontrar palavras adequadas 
para descrevê-la. 
 
Dor mista – ocorre em pacientes que apresentam clinicamente uma sobreposição substancial de 
sintomas nociceptivos e neuropáticos na mesma área do corpo. É uma dor persistente, que 
apresenta outros sintomas em conjunto, como formigamento ou dormência. O termo dor mista 
começa a ser reconhecido e aceito pelos médicos de dor, e o termo é usado na literatura científica 
para descrever tais cenários específicos de pacientes. 
 
 
 
 
9 
 
 
»Mecanismo de sensibilidade 
Na lesão tecidual, a bradicinina (liberada pelo plasma do fígado, vasodilata, contração musc. Liso, 
dor) e as prostaglandinas (veio por mastócitos e leucócitos, vasodilatador, febre) atuam e 
sensibilizam os nociceptores, que liberam substância P e peptídeo relacionado com o gene da 
calcitonina (CGRP). Substância P provoca degranulação dos mastócitos e liberação de histamina 
(vasodilatador, aumenta permeabilidade vascular e ativação vasoendotelial), que atua nos 
nociceptores. Ela provoca ainda o extravasamento de plasma, enquanto o CGRP causa dilatação dos 
vasos, o edema resultante ocasiona a liberação de bradicinina, e a serotonina, liberadas pelas 
plaquetas, ativa os nociceptores. 
Referências: 
SPLITTGERBER, Ryan. Snell Neuroanatomia Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. 
E-book. p.113. ISBN 9788527737913. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788527737913/. Acesso em: 11 fev. 
2025. 
 
 
 
MINSON, Fabiola P.; MORETE, Marcia C.; MARANGONI, Marco A. Dor. Barueri: Manole, 2015. E-book. 
p.03. ISBN 9788578682057. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788578682057/. Acesso em: 11 fev. 
2025. 
 
 
2- Entenda a Nocicepção e vias, desde o estímulo à percepção de dor (Paleo e 
Neoespinotalâmico) 
 
A anatomia da via da dor é constituída basicamente por fibras aferentes do tipo A e C, pouco δ
mielinizadas. Contudo, em uma escala decrescente das fibras tipo A consideradas espessas por 
abundância de axoplasma, esta é considerada a de calibre menor e, portanto, com velocidade mais 
rápida na condução do estímulo nervoso da dor, classificada como aguda. 
Outra fibra aferente classificada como condutora do estímulo da dor, agora, crônica, é a do tipo C, 
amielínica, com axoplasma quase inexistente, apresentando-se com estímulo nervoso doloroso de 
velocidade mais lenta. 
 
Ambas apresentam, em suas extremidades periféricas, receptores do tipo terminações nervosas 
livres, que captam da pele e das vísceras os estímulos nocivos térmicos, químicos e mecânicos, em 
10 
uma tentativa de informar ao córtex sensitivo (área 3, 2, 1 de Brodmann) a agressão acometida, 
para que se obtenha uma resposta compatível ao fato. 
 
Ao serem estimuladas, percorrem um trajeto com início nas terminações nervosas livres. Passam 
pelos gânglios espinais, adentram a medula espinal, ascendem ao tronco encefálico, à formação 
reticular, ao tálamo, as áreas límbicas e, finalmente, ao córtex sensitivo do cérebro. 
 
Na realidade, os estímulos dolorosos transitam por duas vias distintas específicas para cada tipo de 
dor. A dor aguda utiliza a via espinotalâmica lateral e a crônica, a via espinorreticulotalâmica. Cada 
uma obedece a um trajeto, a localização no sistema nervoso central SNC e o número de fibras 
envolvidas, o que determina o tipo de dor. 
 
DOR AGUDA = TRATO ESPINOTALÂMICO LATERAL = NEOESPINOTALÂMICA 
 
Embriologicamente, é a mais recente via neoespinotalâmica. Iniciada por estímulos mecânicos ou 
térmicos,utiliza-se de axônios com velocidade de condução mais rápida, as fibras A (12 a 30 m/s). δ
É a via que produz a sensação da dor aguda, em pontada, lacerante e bem localizada. Seu impulso é 
transmitido da periferia do SNC ao córtex cerebral, através de três neurônios. 
11 
 
Neurônio I 
 
Do tipo pseudounipolar, cordonal longo, seu prolongamento periférico segue das terminações 
nervosas livres aos nervos espinais, em suas raízes dorsais, chegando aos gânglios espinhais. Seu 
prolongamento central ganha a medula pela divisão lateral da raiz dorsal no sulco lateral posterior. 
Ganha a coluna posterior da medula, onde faz sinapse com o neurônio II . 
 
Neurônio II 
 
Na coluna posterior da medula, ocupa a lâmina I de Rexed. Seu axônio cruza o plano mediano na 
comissura branca da medula, ganhando o funículo lateral oposto. Uma vez no funículo lateral, 
ascende como trato espinotalâmico lateral. Ao nível da ponte, esse trato une-se ao trato 
espinotalâmico anterior (pressão) e passa a ser denominado lemnisco espinal. Ascende ao tálamo 
no núcleo ventral póstero-lateral (VPL), onde fará sinapse com o neurônio III . 
 
 
 
 
 
 
12 
Neurônio III 
 
No tálamo, no núcleo póstero lateral, essa dor torna-se consciente; forma as radiações talâmicas, 
ganha a cápsula interna perna anterior e a coroa radiada. Chega ao córtex sensitivo do cérebro, no 
giro pós-central, área 3 , 2 e 1 de Brodmann. A partir desse giro, aparecem as representações 
somatotópicas, representações em diferentes partes do corpo, capazes de identificar a área cortical 
comprometida. 
 
DOR CRÔNICA = TRATO ESPINORRETICULOTALÂMICO = PALEOESPINOTALÂMICA 
 
Embriologicamente, é a mais antiga via paleoespinotalâmica. Inicia-se por fatores químicos 
produzidos pela própria lesão e utiliza axônios de diâmetro reduzido e velocidade de condução 
lenta (0,5 a 2 m/s) às fibras C. Esta via produz dor crônica, mal localizada, difusa, contínua em 
queimação. Conduz o estímulo da periferia do SNC até o córtex cerebral, através de vários neurônios 
(no mínimo 4 , podendo chegar a 16). 
 
Neurônio I 
 
Inicia-se da mesma forma que o neurônio da via espinotalâmica lateral e é um neurônio 
pseudounipolar, cordonal longo. Seu prolongamento periférico segue das terminações nervosas 
livres até o corpo celular nos gânglios espinais, onde ganha o prolongamento central, que adentra a 
medula espinal em sua coluna posterior. Ganha a coluna posterior da medula, onde faz sinapse com 
o neurônio II. 
 
Neurônio II 
 
Ocupa a lâmina V de Rexed e cruza o lado oposto pela comissura branca ou não cruza. Seus axônios 
dirigem-se ao funículo lateral do mesmo lado ou do lado oposto e ascendem para constituir o trato 
espinorreticular. Na medula, junta-se ao trato espinotalâmico lateral. Vai à formação reticular de 
todo o tronco encefálico, onde faz sinapse com os neurônios III, IV e V em vários níveis da formação 
reticular. 
 
Neurônios III, IV, V, VI... 
 
Na formação reticular, dão origem às fibras retículotalâmicas, as quais terminam nos núcleos 
intralaminares do tálamo (lâmina medular interna do tálamo), neurônio VI, com grande campo 
receptivo. Os neurônios fazem sinapse a partir dessa área do tálamo, com neurônios que se dirigem 
para áreas límbicas e núcleos da base, neurônios VII, VIII, etc. Neste nível, o estímulo doloroso 
ganha respostas automáticas e emocionais a estímulos nocivos, por entrar em contato com 
estruturas que fazem parte do sistema límbico (circuito de Papez). Projetam-se a amplas áreas do 
córtex cerebral sensorial, neurônio IX , podendo chegar até XII. 
 
 
13 
Neurotransmissores 
 
Glutamato: neurotransmissor das fibras de dor rápida tipo Aδ. Acredita-se que o glutamato seja a 
substância neurotransmissora secretada na medula espinhal pelas terminações de fibras nervosas 
de dor tipo Aδ. Ele é um dos transmissores excitatórios mais utilizados no sistema nervoso central, 
geralmente com duração de ação de apenas alguns milissegundos. 
 
Substância P: neurotransmissor das fibras de dor lenta/crônica do tipo C. Terminais de fibras de dor 
tipo C que adentram a medula espinhal liberam tanto o transmissor glutamato quanto a substância 
P. Já a substância P é liberada de maneira muito mais lenta, ocorrendo acúmulo de sua concentração 
ao longo de segundos ou mesmo minutos. Com efeito, sugeriu-se que a sensação de dor dupla que se 
sente após uma perfuração pode resultar em parte do fato de que o glutamato fornece a sensação de 
dor rápida, ao passo que a substância P transmite uma sensação mais retardada. 
 
Receptores 
 
Os receptores sensoriais funcionam como tradutores de energia, capazes de converter os estímulos 
físicos e químicos do ambiente em impulsos elétricos. De acordo com a natureza do estímulo que 
são capazes de captar, os receptores sensoriais são classificados em: 
 
Mecanorreceptores: que respondem à deformação mecânica (Corpúsculo de Paccini, Meissner e 
Golgi). 
Termorreceptores: que respondem a mudanças na temperatura; alguns receptores respondem ao 
frio, e outros, ao calor (Corpúsculo de Krause e Ruffini). 
Nociceptores: que respondem a qualquer estímulo que provoque dano ao tecido. Existem duas 
classes principais de nociceptores: térmicos ou mecânicos e polimodais. Nociceptores térmicos ou 
mecânicos são supridos por fibras nervosas aferentes Adelta pouco mielinizadas e respondem a 
estímulos mecânicos, como a dor causada por objetos pontiagudos. Nociceptores polimodais são 
supridos por fibras C não mielinizadas e respondem a estímulos mecânicos, térmicos ou químicos, 
com alta intensidade, e a estímulos quentes ou frios. 
Receptores eletromagnéticos: os bastonetes e cones dos olhos, que são sensíveis a mudanças na 
intensidade e no comprimento de onda da luz. 
Quimiorreceptores: que respondem a alterações químicas associadas ao paladar e olfato, e às 
concentrações de oxigênio e de dióxido de carbono no sangue. 
14 
 
 
Figura 3.19 Fotomicrografia de pele digital mostrando as terminações nervosas finas terminando 
nos discos de Merkel, coradas pelo método da prata. (Cortesia de Dr. N. Cauna.) 
 
15 
 
 
Referências: 
SPLITTGERBER, Ryan. Snell Neuroanatomia Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. 
E-book. p.113. ISBN 9788527737913. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788527737913/. Acesso em: 11 fev. 
2025. 
 
MINSON, Fabiola P.; MORETE, Marcia C.; MARANGONI, Marco A. Dor. Barueri: Manole, 2015. E-book. 
p.03. ISBN 9788578682057. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788578682057/. Acesso em: 11 fev. 
2025. 
 
3- Defina Limiar de Dor 
 
Limiar da dor: A menor intensidade de um estímulo doloroso a partir do qual uma pessoa percebe 
a dor. Todos os indivíduos têm o mesmo limiar de dor. 
 
LIMIAR DA DOR 
 
O limiar da dor é o ponto ao longo de uma curva de crescente percepção de um estímulo no qual a 
dor começa a ser sentida. Quando isto ocorre dizemos que o limiar de dor foi atingido. Ele varia de 
indivíduo para indivíduo, sendo que a pressão digital exercida sobre um ponto no corpo por 
exemplo vai ser percebido como dolorosa em tempo e maneira diferente para cada pessoa. 
 
Quando a dor atinge uma intensidade que não é mais suportada por esta pessoa dizemos que ela 
atingiu o limiar de tolerância, que é a pior dor possível, aquela que já não pode mais ser aguentada. 
A diferença entre o limiar de dor (quando a dor começa) e o limiar de tolerância (quando a dor não 
é mais suportada) é denominada de resistência à dor. 
 
 
16 
ANALGESIA 
 
É sugerido a organização e padronização do tratamento analgésico da dor baseado em uma escada 
de três degraus de acordo com a intensidade de dor que o paciente apresenta. 
 
❖ 1° Degrau 
 
Recomenda-se o uso de medicamentos analgésicos simples e anti -inflamatórios para dores 
fracas. 
 
→ Mais empregados: dipirona > paracetamol > anti-inflamatórios não hormonais (AINHs). 
 
→ A dor leve (EVN:1-3) é comumente tratada com analgésicos não opióides.A dipirona é o seu 
representante mais empregado em nosso meio. Depois, segue-se o uso do paracetamol e dos 
antiinflamatórios não hormonais (AINH’s). 
 
❖ 2° Degrau 
 
Recomenda-se opioides fracos, que podem ser associados aos analgésicos simples ou 
anti-inflamatórios do primeiro degrau, para dores moderadas. 
 
→ Tradicionalmente, tem recebido associação entre dipirona ou paracetamol, AINEs, opioide 
fraco (codeína e tramadol). 
 
→ Tradicionalmente, doentes portadores de dor moderada (EVN: 4-6) têm recebido a associação 
entre dipirona ou paracetamol, AINH’s, opioide fraco, como a codeína e o tramadol,. 
 
❖ 3° Degrau 
 
Recomenda-se opióides fortes, associados ou não aos analgésicos simples ou antiinflamatórios, 
para dores fortes. Mais comumente usado é a morfina 
 
→ A morfina é o medicamento mais comumente empregado no controle da dor intensa . Cada 
opióide têm suas diferenças farmacocinéticas e farmacodinâmicas que contribuem para a melhor 
alívio da Dor. 
17 
 
 
4-Descreva a Classificação das queimaduras e respectivos tratamentos 
 
São classificadas como superficiais, de espessura parcial e de espessura total. 
 
• Queimaduras superficiais (primeiro grau) atingem a epiderme. Apresentação com vermelhidão 
sem bolhas e discreto inchaço local. A dor está presente; 
 
• Queimaduras de espessura parcial (segundo grau) envolvem lesões na derme. Há presença de 
bolhas e a dor é acentuada; 
 
• Queimaduras de espessura total (terceiro grau) estendem-se até o tecido subcutâneo. As 
queimaduras de espessura total também podem comprometer o tecido muscular subjacente 
(queimaduras de quarto grau). Ocorre necrose da pele (morte do tecido), que se apresenta com cor 
esbranquiçada ou escura. A dor é ausente, devido à profundidade da queimadura, que lesa todas as 
terminações nervosas responsáveis pela condução da sensação de dor. 
 
Quanto à extensão: 
 
A extensão de uma queimadura é representada em percentagem da área corporal queimada. 
 
→ Leves (ou "pequeno queimado"): atingem menos de 10% da superfície corporal; 
→ Médias (ou "médio queimado"): atingem de 10% a 20% da superfície corporal; 
→ Graves (ou "grande queimado"): atingem mais de 20% da área corporal; 
 
 
 
18 
Duas regras podem ser utilizadas para "medir" a extensão da queimadura: 
 
Regra dos nove: é atribuído, a cada segmento corporal, o valor nove (ou múltiplo dele): 
 
→ Cabeça - 9% 
→ Tronco frente - 18% 
→ Tronco costas - 18% 
→ Membros superiores - 9% cada 
→ Membros inferiores - 18% cada 
→ Genitais - 1% 
 
Regra da palma da mão: geralmente a palma da mão de um indivíduo representa 1% de sua 
superfície corporal. Assim pode ser estimada a extensão de uma queimadura, calculando-se o 
“número de palmas”. 
 
As queimaduras de mãos, pés, face, períneo, pescoço e olhos, quaisquer que sejam a profundidade e 
a extensão, necessitam de tratamento hospitalar. A gravidade da queimadura será determinada pela 
profundidade, extensão e a área afetada. 
 
∙ Tratamento: As queimaduras de mãos, pés, face, períneo, pescoço e olhos, quaisquer que sejam a 
profundidade e a extensão, necessitam de tratamento hospitalar. A gravidade da queimadura será 
determinada pela profundidade, extensão e a área afetada ¬ Manejo Inicial Queimadura é considerada 
um Trauma devendo-se, portanto, tratá-lo como tal. Realizar o ABCDE do Trauma A: Visualizar via 
aérea, se houver indícios de inalação ou de queimadura de via aérea SEMPRE intubar, mesmo estando 
o paciente ventilando bem. Lembrar de transferir para Centro de Queimados. B: Observar padrão 
respiratório e sempre que alterado proceder a intubação. C: Qualquer vítima com mais de 20% de SCQ 
necessita de reposição volêmica. Como todo trauma deve-se estabelecer 2 acessos calibrosos (abocath 
16) e infundir Ringer Lactato usando a fórmula de Parkland de 2-4 ml/kg /%SCQ desse total metade deve 
ser infundido nas primeiras 8 horas da queimadura e o restante nas outras 16 horas. Lembrar que 
deve-se monitorar diurese para que permaneça entre 0,5-1 ml/kg/h. Em pacientes com queimadura 
elétrica sempre monitorizar atividade cardíaca. Se o paciente tem várias áreas queimadas, variando em 
profundidade, as de primeiro grau não entram na contagem para reposição. D: estado neurológico. 
Avaliar pela escala de Glasgow. E: exposição de toda superfície corporal. 4ml = queimadura elétrica 2 ml 
= adulto queimadura fogo, óleo quente 3ml = pediatrico (menor que 14 anos) 
Quando encaminhar para Centro de queimados: queimaduras circulares e tórax 
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5- Correlacione os sinais cardinais com os mediadores químicos no processo da dor. 
 
O QUE É INFLAMAÇÃO? 
 
Inflamação é uma resposta a uma agressão. Existem diferentes tipos de respostas para diferentes 
tipos de agressão, dando os diferentes tipos de respostas inflamatórias. Sendo assim, qualquer 
agressão vai gerar uma inflamação. 
 
Sabendo disso, durante o processo inflamatório há algumas características que são comuns a todos 
os tipos de respostas inflamatórias, que são os sinais cardinais da inflamação (Calor, Rubor, Dor, 
Tumor e Perda de função). 
 
Esses sinais ocorrem em todos o s processos inflamatórios, obviamente em maior ou menor grau. 
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O processo inflamatório e suas moléculas basais são semelhantes qualquer que seja a natureza da 
resposta (seja hipersensibilidade imediata ou tardia), porque independente disso teremos todos os 
fenômenos inflamatórios acontecendo (vasodilatação, broncoconstrição, aumento de 
permeabilidade vascular, aumento de recrutamento celular, extravasamento plasmático para tecido 
etc.). 
 
Mediante uma agressão causada por um agente inflamatório (ou flogógeno), que pode ser de 
origem endógena ou exógena, no local lesado, ocorre a liberação de mediadores químicos que 
podem levar a um processo agudo (inflamação aguda) ou crônico (inflamação crônica). 
 
A inflamação aguda pode evoluir para resolução do processo (sem lesão cicatricial), formação de 
abscesso, cura (com cicatriz residual) ou inflamação crônica. A inflamação crônica, por sua vez, 
sempre implica destruição tecidual e cicatrização. 
 
 
 
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A inflamação aguda é uma resposta imediata e precoce a uma agressão, que é designada a levar 
leucócitos, principalmente neutrófilos, e proteínas plasmáticas para o local da lesão. a inflamação 
crônica tem duração prolongada semanas a meses ou anos, com as seguintes características: 
inflamação ativa à custa de leucócitos mononucleares, destruição tecidual e reparação envolvendo 
fibrose. 
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