Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CÂNCER COLORRETAL Objetivos: · Estudar a epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnóstico dos pólipos no cólon e câncer de cólon · Compreender a histopatologia das lesões do cólon —————————————————————————— PÓLIPOS ADENOMATOSOS · Os tipos mais comuns de neoplasias intestinais são os pólipos adenomatosos · É descrito como uma massa que avança para o lúmen intestinal · Pólipos podem ser subclassificados de acordo com sua inserção à parede do intestino (sésseis ou pedunculados), aspecto histopatológico (hiperplásico ou adenomatoso) e seu potencial neoplásico (benigno ou maligno) · Pólipos adenomatosos (adenomas) são neoplasias benignas que se originam do epitélio da mucosa intestinal - são formados de células neoplásicas que proliferam mais que a necessidade para repor células que normalmente se desprendem da superfície da mucosa · A patogênese se dá pela alteração neoplásica da replicação celular e falhas de maturação e diferenciação · As alterações da diferenciação celular podem causar displasia e progressão a um carcinoma invasivo DIAGNÓSTICO DE PÓLIPOS · Mais de 50% estão localizados no cólon retossigmóide e podem ser detectados por toque retal ou sigmoidoscopia · Os restantes estão distribuídos uniformemente ao longo de todos os segmentos do intestino grosso · As dimensões de um adenoma podem variar de um nódulo praticamente imperceptível até uma grande massa séssil e podem ser classificados como adenomas tubulares, vilosos ou túbulo vilosos ADENOMAS TUBULARES · Representam cerca de 65% dos adenomas benignos do intestino grosso, geralmente são lesões esféricas com superfícies lisas e diâmetro menor que 2 cm, que se encontram ligadas na superfície por um pedículo ADENOMAS VILOSOS · Constituem 10% dos adenomas do intestino grosso e são encontrados principalmente no cólon retossigmóide · Nos casos típicos são adenomas com lesões elevadas com bases amplas e superfície rugosa (semelhante a couve flor) · tem mais propensão à conter células malignas · Quando desenvolve um carcinoma invasivo não há pedúnculo que isole o tumor, observando-se invasão direta da parede do intestino grosso ADENOMAS TÚBULO VILOSOS · Tem arquitetura semelhante aos tubulares e vilosos · Ocupam posição intermediária entre os adenomas tubulares e vilosos, no que se refere ao risco de desenvolvimento de carcinoma invasivo PONTOS IMPORTANTES · A maioria dos cânceres colorretais começa como pólipos adenomatosos benignos do intestino grosso · A frequência aumenta com a idade e a prevalência dos pólipos adenomatosos aumenta significativos depois dos 60 anos · Homens e mulheres são igualmente afetados · Os programas que oferecem monitoramento cuidadoso aos pacientes com pólipos adenomatosos e ressecção de todas as lesões suspeitas reduziram expressivamente a incidência do câncer colorretal HISTOLOGIA DOS PÓLIPOS · Pólipo hiperplásico · Pólipo tubular · Pólipo viloso · Pólipo túbulo viloso MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ! ! Na maioria dos casos não há sintomas · Dor abdominal · Sensação de esvaziamento incompleto · Mudança de cor das fezes · Eliminação de muco e/ou sangue · Mudança de hábitos intestinais DIAGNÓSTICO · Colonoscopia, sangue oculto nas fezes, exame de DNA fecal, colonografia, retossigmoidoscopia TRATAMENTO · Depende do tamanho, localização e quantidade de sintomas que estão causando · Nem sempre é preciso de tratamento, muitas vezes somente acompanhamento médico mais detalhado · Colonoscopia pode ser feita para retirada de pólipos (polipectomia) . CÂNCER DE CÓLON . EPIDEMIOLOGIA · Segundo informações da IARC o câncer colorretal é o terceiro mais frequente em homens e o segundo em mulheres · É a terceira maior causa de mortes por câncer no mundo · Nas taxas atuais, aproximadamente 5% das pessoas desenvolverão câncer colorretal ao longo de suas vidas · O risco aumenta com o envelhecimento, sendo a idade mediana de diagnóstico de câncer de cólon é 68 anos em homens e 72 anos em mulheres · É pouco frequente abaixo de 40 anos, entretanto, aumenta a incidência após os 50 anos FATORES DE RISCO RISCO FAMILIAR · Tem dois ou mais parentes de primeiro e segundo grau (ou ambos) com câncer colorretal (cerca de 20% de todos os casos) · Nestes casos, os consensos recomendam o início do rastreamento de CCR em idade mais precoce, aos 40 anos de idade POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAR · A polipose adenomatosa familiar é um distúrbio autossômico dominante raro associado a mutação no braço longo do cromossomo 5. · Pacientes com essa doença desenvolvem vários pólipos adenomatosos no intestino grosso em uma idade precoce. · O carcinoma do cólon é inevitável, geralmente em torno da 4º década de vida, a menos que seja realizado colectomia total. · Os sintomas aparecem aos 16 anos e o CCR ocorre em 90% dos pacientes não tratados aos 45 anos ! ! ! Variantes: síndrome de Gardner, síndrome de Turcot e polipose adenomatosa atenuada RAÇA, ETNIA E GÊNERO · Afro-americanos têm 20% mais mortalidade e o rastreamento deve ser iniciado aos 45 anos · A mortalidade é maior no sexo masculino em 25% SÍNDROME DE LYNCH · Também denominado como câncer colorretal hereditário não polipose · É a síndrome hereditária mais comum e corresponde a 5% dos casos · Doença autossômica dominante mais comum que a PAF - caracteriza-se por câncer de surgimento precoce, a partir dos 20 anos e idade média de diagnóstico de 48 anos DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL · RETOCOLITE ULCERATIVA IDIOPÁTICA: pacientes com pancolite apresentam risco aumentado de 5 a 15 vezes · Pacientes com colite esquerda apresentam risco aumentado em 3 vezes · DOENÇA DE CROHN: a maioria dos consensos recomenda acompanhamento quando um terço ou mais da mucosa colônica estiver acometido RADIAÇÃO · Adultos que recebem radiação abdominal na infância possuem risco aumentado de neoplasias gastrointestinais ACROMEGALIA · A literatura sugere que a acromegalia está associada a risco de pólipos e cancro colorectal (CCR), não existindo dados consensuais quanto aos fatores associados ao seu desenvolvimento HÁBITOS DE VIDA · Dietas ricas em carne vermelha e pobre em vegetais, consumo de álcool e tabaco, diabete melito, obesidade, resistência à insulina e terapia antiandrogênica · efeito protetor: dieta rica em frutas, vegetais, fibras, ácido fólico, vitamina B6, cálcio, vitamina D e ômega 3 (resultados são estudos conflitantes e ainda sem comprovação científica) · Usuários de AAS por mais de 5 anos observaram redução de 20 a 40% no risco de CCR proximal - supõe-se que a inibição da ciclooxigenase 2 leva ao aumento da apoptose FISIOPATOLOGIA · Cerca de 80% dos CCR originam-se de pólipos adenomatosos, que evoluem a partir de displasia de baixo, para médio, alto e para carcinoma invasivo (em média ao longo de 10 anos) · Outros 15% originam-se de pólipos serrilhados (que inclui os hiperplásicos, adenomas serrilhados sésseis e serrilhados tradicionais) · Os outros 5% são denominados "carcinomas de novo" ou seja, o surgimento independe de lesão adenomatosa ou displásica prévia ! ! ! Os riscos de CCR nos pacientes com pólipos adenomatosos relaciona-se ao tamanho, ao número e ao tipo histológico (adenomas vilosos possuem mais risco do que os tubulares) · Por isso existem recomendações de acompanhamento com colonoscopia de acordo com o grupo de risco RASTREAMENTO · Sem fatores de risco está indicado o rastreamento a partir dos 50 anos · Pesquisa anual de sangue oculto nas fezes (não invasivo) - método com guaiaco ou por imuno-histoquímica (mais sensível e mais específico) · Retossigmoidoscopia flexível a cada 5 anos · Colonoscopia a cada 10 anos · Colonoscopia virtual a cada 5 anos · Para alto risco: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS · Hematoquezia (grande quantidade de sangue pelo reto) - principalmente em tumores no retossigmoide · Melena (fezes escuras por presença de sangue coagulado) · Dor abdominal · Alteração do hábito intestinal (queixa frequente em tumores do cólon esquerdo) · Anemiaferropriva (mais frequente em CCR de cólon direito) · Quadro de obstrução ou perfuração intestinal · Distensão abdominal · Náusea e vômitos ! ! ! Sinais e sintomas variam com a localização do tumor · Tumores no reto causam dor, tenesmo e redução do calibre das fezes DOENÇA METASTÁTICA · Muitos já são diagnosticados com doença metastática no início · A disseminação pode ocorrer por via hematogênica, linfática ou por contiguidade, e os sítios mais comuns são linfonodos regionais, fígado, pulmão e peritônio · Nos tumores do cólon, por drenagem venosa via sistema porta, o primeiro local de disseminação hematogênica é o fígado, seguido por pulmão, ossos e cérebro · Os tumores do reto distal metastizam mais frequentemente para o pulmão, em razão da drenagem pela veia cava inferior · Pacientes sintomáticos ao diagnóstico têm doença mais avançada e pior prognóstico, bem como os que apresentam obstrução e perfuração DIAGNÓSTICO DE CÂNCER DO CÓLON · COLONOSCOPIA: exame de maior acurácia, já que localiza a lesão e coleta biópsia ou realiza as polipectomias para obter um diagnóstico histológico · Geralmente as lesões apresentam um aspecto vegetante crescendo para dentro do lúmen, mas podem ter aspecto ulcerado e ulcero infiltrativo · RETOSSIGMOIDOSCOPIA FLEXÍVEL: este exame não é o ideal, mesmo sendo mais eficaz que os testes de pesquisa de sangue oculto nas fezes, visto que aumentou a prevalência de CCR em cólon direito · ENEMA OPACO: pode ser útil para avaliar pacientes sintomáticos com CCR, porém não substitui a colonoscopia · Não é recomendado para o diagnóstico ou rastreio de câncer, já que a eficácia para a detecção de pólipos é inferior à colonoscopia virtual · COLONOSCOPIA VIRTUAL: utiliza TC helicoidal, após reparo do cólon e uso de contrastes neutros, com um software que faz a reconstrução das imagens, permitindo melhor avaliação do cólon · São úteis em casos que a colonoscopia não pode ser completada, em razão da obstrução ou da dificuldade técnica · Necessita de reparo via oral para distensão das alças · Tem como desvantagem a impossibilidade de realizar biópsias · LABORATORIAIS: · Anemia ferropriva pode ser encontrada (se ausente não exclui o diagnóstico) · perfil hepático também pode ser útil na avaliação de metástase hepática · MARCADORES TUMORAIS: antígeno carcinoembrionário · CEA possui baixa acurácia diagnóstica em decorrência da sobreposição com doenças benignas (gastrite, diverticulite, DPOC, diabete, doença hepática, entre outras inflamações agudas ou crônicas) · CEA também é mais elevado em tabagista que em não tabagistas · Os níveis de CEA são úteis no prognóstico e no acompanhamento pós-tratamento DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL · Hemorróidas, diverticulite, DII e outros tumores malignos (linfoma, sarcoma de Kaposi, carcinoide) CÂNCER COLORRETAL PRECOCE · O termo precoce não indica que foi descoberto logo após o acometimento, mas sim que é precoce o suficiente para tratamento curativo · São tumores com invasão limitada à camada mucosa ou submucosa CÂNCER COLORRETAL AVANÇADO · É considerado avançado quando invade para além da camada muscular da mucosa · usa-se a classificação endoscópica de Borrmann para tumor avançado ESTADIAMENTO · Uma vez diagnosticado é necessário determinar a extensão local e distância para estabelecer o prognóstico e tratamento direcionado · O sistema de classificação TNM é o mais utilizado, e a sobrevida em 5 anos é inversamente proporcional ao estadiamento · O estadiamento inicia-se pelo exame clínico, pesquisando ascite, linfonodomegalias e hepatomegalia · Exames laboratoriais podem levantar suspeita de metástase hepática em razão do aumento de enzimas canaliculares, hiperbilirrubinemia direta e alterações da função hepática em casos mais avançados, como hipoalbuminemia e alteração do tempo de protrombina · Todos os pacientes com estadiamento II, III ou IV devem realizar TC de abdome, pelve e tórax IMAGENS —————————————————————————— Referências: · Martins, Mílton de, A. et al. Clínica Médica, Volume 4: Doenças do Aparelho Digestivo, Nutrição e Doenças Nutricionais. 2nd edição, 2016. · Norris, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. 10th edição, 2021. Acadêmica: Vitória América Almeida Guimarães Acadêmica: Vitória América Almeida Guimarães
Compartilhar