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1 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 OBJETIVOS 1. Descrever a epidemiologia do câncer colorretal (CCR) e os fatores de risco importantes para sua carcinogênese (principalmente dieta e história familiar: as 2 sindromes hereditárias relacionadas ao câncer intestinal-PAF e CCRNP). 2. Descrever as lesões pré-existentes correlacionando com as alterações moleculares e a história natural da doença (, pólipos adenomatosos). 3. Explicar as manifestações clínicas do CCR. 4. Descrever os tipos histológicos prevalentes e suas localizações. 5. Descrever os métodos propedêuticos diagnóstico do CCR e discutir sobre os tipos de tratamentos existentes. REFERÊNCIAS • Site INCA: Câncer de intestino - versão para Profissionais de Saúde • INCA. Detecção Precoce do Câncer, 2021. • Clínica Médica da USP, vol. 4, 2016. ANATOMIA O intestino grosso (cólon) é onde ocorre a absorção de água dos resíduos indigeríveis no quimo liquido e é formado pelo ceco, apêndice vermiforme, colos ascendente, transverso, descendente, sigmoide, reto e canal anal. O colón possui cerca de 1,5m em adultos e inicia na fossa ilíaca direita como ceco e termina no canal anal no assoalho pélvico. A mucosa do intestino grosso é revestida por um epitélio cilíndrico simples formado por enterócitos e muitas células caliciformes, produtoras de muco. Os enterócitos tem microvilos apicais curtos que ajudam no transporte de água e íons. Abaixo do epitélio de revestimento observa-se a camada submucosa constituída de tecido conjuntivo frouxo, nessa região estão presentes glândulas tubulares simples denominadas de glândulas intestinais ou criptas de Lieberkunh. Além disso, é uma região rica em células linfoides devido à população bacteriana abundante no intestino grosso. A camada muscular está constituída pelas camadas circular e longitudinal que se unem e forma as tênias do colón. A camada serosa é caracterizada por protuberâncias pequenas pedunculadas formadas por tecido adiposo os apêndices epiplóicos. EPIDEMIOLOGIA O câncer colorretal, abrange os tumores que acometem o intestino grosso (o cólon) e o reto, sendo que cerca de 50% localizam-se no reto e sigmoide e 30% no ceco. Câncer Colorretal Problema 08 2 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 No Brasil, de acordo com informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), o CCR é a 3° causa câncer mais frequente em homens e o 2° em mulheres. Em relação a mortalidade, no Brasil o CCR é a 4ª causa de morte por câncer em homens, e à 3ª em mulheres. A incidência de CCR aumenta com a idade, sobretudo em maiores de 50 anos, sendo 90% dos casos ocorrendo acima dessa faixa etária. É possível dividir esse câncer em três tipos: • Esporádico: (75% dos casos) nesses pacientes, não existe uma história familiar importante de Ca colorretal e o câncer se origina de um pólipo adenomatoso esporádico (sequência adenoma- carcinoma) Obs: A progressão de adenoma para o câncer pode levar mais de 20 anos. • Origem familiar: 20% dos casos • Síndromes hereditárias e doença inflamatória intestinal: 5% dos casos FATORES DE RISCO Dietas ricas em calorias e gorduras de origem animal e/ou carboidratos refinados: um consumo elevado destes nutrientes aumenta a densidade da microbiota anaeróbia do cólon = metabolizariam sais biliares presentes no bolo fecal = transforma-os em carcinogênios. Consumo de carnes processadas (presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela, peito de peru e blanquet de peru): são submetidas a altas temperaturas no processamento = produção de aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos com potencial carcinogênico em pessoas com predisposição genética. Obs: Estimativas indicam que para cada porção de 50 gramas de carne processada consumida diariamente o risco de câncer colorretal aumenta em 18%. Consumo excessivo de carnes vermelhas: apesar de serem fontes importantes de ferro-heme, em excesso, pode levar à formação de compostos N- nitrosos e de formas alcenais citotóxicas oriundas da peroxidação lipídica. Obs: Recomenda-se limitar o consumo de carne vermelha a menos de 500 gramas de carne cozida por semana Obesidade: está relacionada a elevados níveis de insulina, com decorrente crescimento celular e inibição do processo de apoptose. Consumo de bebidas alcoólicas: qnt < 30g de etanol por dia (cerca de 2 doses de bebida alcoólica). O etanol é convertido em acetoaldeído e ambos são agentes carcinógenos. Além disso, o etanol funciona como solvente, facilitando a entrada de outras substâncias carcinógenas nas células. Diabetes mellitus tipo 2 e acromegalia são desordens endócrinas que predispõem o indivíduo a um maior risco de Ca colorretal. No primeiro caso, a resistência insulínica exerce papel fundamental. Na acromegalia, a reduzida expressão de um determinado gene (PPAR) parece ser o mecanismo envolvido. Tabagismo História Pessoal ou Familiar de Adenoma Esporádico ou de Ca Colorretal Esporádico Pacientes que já apresentaram adenomas colorretais esporádicos ou Ca colorretal esporádico têm maior probabilidade de apresentar novamente estas neoplasias. História familiar de Ca colorretal esporádico em um familiar de primeiro grau aumenta o risco de Ca colorretal em 1,7 vezes em relação à população geral. O risco é aumentado ainda mais se o indivíduo possuir 2 parentes de primeiro grau ou se o caso índice apresentar a neoplasia antes dos 55 anos. Doença Inflamatória Intestinal (DII) Em pacientes com DII, a lesão precursora do Ca colorretal não é um pólipo e sim uma displasia epitelial que surge na parede colônica. Tanto a Retocolite Ulcerativa Idiopática (RCUI) quanto a Doença de Crohn (DC) colorretal são consideradas fatores de risco. https://www.inca.gov.br/alimentacao/carnes-processadas https://www.inca.gov.br/causas-e-prevencao/prevencao-e-fatores-de-risco/bebidas-alcoolicas 3 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 SÍNDROMES HEREDITÁRIAS Polipose adenomatosa familiar (PAF): A PAF é uma doença autossômica dominante que resulta da mutação no gene APC e, em 5 a 10% dos casos, no gene MYH. Essa doença é caracterizada pelo surgimento de inúmeros adenomas colorretais na adolescência. Nesses casos, milhares de pólipos podem está presentes. Para o diagnóstico dessa doença são necessários a presença de pelo menos 100 pólipos. O adenocarcinoma colorretal se desenvolve em 100% dos pacientes com PAF não tratada, muitas vezes antes dos 30 anos de idade. Além disso, os portadores dessa síndrome podem apresentar outras manifestações clínicas, como neoplasias em outros locais. O tratamento para a PAF se baseia na colectomia profilática. Câncer colorretal hereditário não polipose (CCNPH): conhecido como síndrome de Lynch, é uma síndrome autossômica dominante, causada por defeitos de reparo do DNA e instabilidade microssatélite. É a síndrome de câncer colorretal hereditário mais comum, sendo responsável por 3% de todos os casos de Ca colorretal e por até 15% dos casos em pacientes que apresentam história familiar da neoplasia. Existem dois subgrupos: • Síndrome de Lynch I: a predisposição é apenas de Ca colorretal. • Síndrome de Lynch II: a predisposição é para o Ca colorretal e também para tumores ginecológicos, especialmente o carcinoma de endométrio e de ovário. Outros carcinomas podem ocorrer: gástrico, delgado, hepatobiliar, próstata, pelve renal e ureter Os cânceres de cólon ocorrem em pacientes mais jovens e sobretudo no cólon direito. Uma característica marcante é o não desenvolvimento de pólipos típicos antes do adenocarcinoma, que se origina apartir de lesões planas (“pólipos planos adenomatosos”). O risco se torna mais alto a partir dos 21 anos. Inicialmente o CCNPH era diagnosticado pelo critério de Amsterdã que foi modificado em 1998 para incluir outros achados da síndrome. No entanto, outros pesquisadores incluíram novos parâmetros para o diagnóstico, criando os critérios de Bethesda em 2003. CRITÉRIOS DE BETHESDA Um dos seguintes critérios deve ser encontrado: Câncer colorretal diagnosticado antes dos 50 anos de idade Tumores colorretais sincrônicos ou metacrônicos e outros relacionados com o CCNPH (inclui estômago, bexiga, ureter, pelve renal, trato biliar, cerébro [glioblastomal], adenomas de glândulas sebáceas, ceratoacantomas e carcinomas de intestino delgado), sem considerar a idade. Câncer colorretal com elevada instabilidade de microssatélites diagnosticado antes dos 60 anos História familiar de um ou mais parentes de primeiro grau com câncer colorretal ou outros tumores relacionados com CCNPH. Um dos diagnósticos sendo feito antes dos 50 anos (inclui adenomas que podem ter sido diagnosticados antes dos 40 anos de idade). Câncer colorretal com dois ou mais parentes com câncer colorretal ou outros tumores relacionados com CCNPH, sem considerar a idade O tratamento dessa síndrome é controverso, mas se baseia no rastreamento continuo com colonoscopia a cada dois anos a partir dos 20 anos de idade, além do rastreamento para os tumores extracolônicos. Além disso, é recomendada a remoção dos pólipos quando presente, mesmo que a presença de pólipos faça parte da patogênese dessa doença. Todo indivíduo que preenche os critérios para esta condição deve ser rastreada com colonoscopia a cada 2 anos a partir dos 21-25 anos de idade. Após os 40 anos, o rastreamento deve ser anual. A partir de 30-35 anos de idade também existe indicação de EDA a cada 2-3 anos, para rastreio de câncer gástrico Em mulheres, está recomendado exame pélvico a cada 1-3 anos a partir dos 18 anos, e, a partir dos 25 anos, exame pélvico, US transvaginal e biópsia de endométrio anuais HISTOLÓGIA DOS PÓLIPOS ADENOMATOSOS 4 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Os cânceres colorretais se iniciam como lesões epiteliais intramucosas, geralmente surgindo a partir de pólipos adenomatosos. Os pólipos adenomatosos podem ser classificados em: Adenoma tubular (quando possuem glândulas tu- bulares ramificadas) Adenoma vilosos (tem projeções digitiformes) Adenoma tubulo-viloso (possui ambas as características). Obs: Geralmente há menos atipia celular nos adenomas tubulares e muita atipia ou displasia nos adenomas vilosos Os adenomas são caracterizados pela presença de atipia celular. A incidência dessas lesões é igual em homens e mulheres, estando presentes em cerca de 50% dos adultos com 50 anos ou mais de idade. A maioria dos adenomas, não evoluem para adenocarcinoma, mas um percentual dá origem ao CCR. PATOGENIA Os adenocarcinomas colorretais podem ser de dois tipos: lesões polipoides e lesões anulares constritivas. A lesão polipoide é mais comum no lado direito (ceco e cólon ascendente); A lesão constritiva, que pode causar sintomas de obstrução, é mais comum no lado esquerdo (cólon descendente, sigmoide e reto). Em termos de localização, observamos uma recente “migração” do Ca colorretal do cólon esquerdo para o cólon direito. Aproximadamente 38% das neoplasias colorretais estão localizadas no ceco e cólon ascendente, contra 35% no retossigmoide, 18% no cólon descendente e 18% no cólon transverso. O carcinoma de cólon pode disseminar-se: (1) Através da parede do intestino até a gordura pericolônica e mesentério, invadindo órgãos adjacentes; (2) Através dos linfáticos para os linfonodos regionais; (3) Através da veia porta para o fígado; (4) Para toda a cavidade peritoneal, para os pulmões e ossos. Os cânceres retais podem invadir diretamente a vagina, a próstata, a bexiga, os ureteres e os ossos da pelve, como também podem produzir metástases para os pulmões e fígado. As metástases pulmonares podem ocorrer antes das hepáticas, pois a drenagem venosa retal dá vazão no sistema cava! O tempo médio que os cânceres de cólon levam para dobrar de tamanho gira em torno de 620 dias (mais de 20meses!) Muito tem se compreendido a respeito da patogênese do Ca colorretal, especialmente na chamada sequência adenoma-carcinoma. Existem duas vias principais implicadas na carcinogênese colorretal. A primeira inicia-se com mutações no gene APC e, depois, na sequência,nos genes K-ras, p-53, Smad, DCC,TGF-β e caderina-E. A segunda via, relacionada à síndrome de câncer colorretal hereditário não polipose, tem como base a mutação de genes de reparo de DNA (como o hMSH2 e o hMLH1), que acaba por gerar uma instabilidade de microssatélites do DNA, instabilidade que torna o DNA vulnerável a uma série de outras mutações. QUADRO CLÍNICO A maior parte dos indivíduos com CCR são assintomáticos no início da doença, retardando o diagnóstico. Existe uma correlação entre a localização do tumor e as manifestações clínicas apresentadas. Ceco e cólon direito (ascendente) Tem maior diâmetro maior que o esquerdo, por isso, em tumores à direita (cólon ascendente), há a tendência do câncer evoluir com lesão para dentro da luz intestinal • Anemia ferropriva associada a fadiga e fraqueza 5 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 • Palidez de mucosa. • Sangue oculto nas fezes Além disso, desse lado às vezes o tumor pode ser palpável e o sangramento pode se exteriorizar como melena. Cólon esquerdo (descendente) e sigmoide A lesão geralmente invade a parede do órgão e como o diâmetro do cólon desse lado é menor, ocorre maior incidência de estenose e obstrução. • Mudanças nos hábitos intestinais (alternância entre constipação e diarreia) • Distensão abdominal • Sangramento vivo • Desconforto em fossa ilíaca esquerda. Em casos de obstrução intestinal, sintomas como náuseas, vômitos e dor abdominal podem estar presentes. Outro achado, é a presença de perda de peso importante e não intencional em um curto espaço de tempo, caracterizando a síndrome disabsortiva. Além disso, apesar de infrequente, pode ocorrer febre, abcessos e complicações, como perfuração, obstrução e hemorragias. Câncer retal • Hematoquezia • Tenesmo (vontade intensa de evacuar, mas a sensação é de não ocorrer esvaziamento completo ou nem ocorrer evacuação). • Presença ou não de fezes com muco. Além disso, o CCR pode se manifestar com sintomas referentes aos órgãos para onde sofreu metástase. RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO A OMS preconiza o rastreamento com pesquisa de sangue oculto nas fezes para pessoas com 50 anos e mais nos países com condições de garantir a confirmação diagnóstica, a referência e o tratamento. No Brasil, o rastreamento dos cânceres de cólon e reto é recomendado para pessoas de 50 a 75 anos, usando sangue oculto de fezes, colonoscopia ou sigmoidoscopia. CLASSIFICAÇÃO DE RISCO PARA CÂNCER COLORRETAL Médio risco Homens e mulheres de 50 a 75 anos sem história pessoal ou familiar de câncer de intestino Alto risco Homens e mulheres com história familiar de câncer colorretal (incluindo síndromes hereditárias como polipose adenomatosa familiar, síndrome de Lynch, entre outras), história pessoal de doença inflamatória do intestino ou história pessoal de câncer (intestino, ovário, útero ou mama) Parente de 1º grau que tenha desenvolvido a doença antes dos 60 anos de idade, ou se houver 2 parentes de 1° grau acometidos: inicia-se (de preferência com uma colonoscopia) aos 40 anos ou em uma idade 10 anos inferior à idadeem que o parente mais jovem teve o câncer diagnosticado. Nestes casos, a colonoscopia deve ser repetida a cada 5 anos. Idade de surgimento do câncer no parente de 1° grau for superior a 60 anos: rastreamento igual ao da população geral (início aos 50 anos). Paciente com PAF: recomenda-se a realização de retossigmoidoscopia flexível entre 10-12 anos que deve ser repetida entre 1-12 anos até a idade de 35 anos, quando o rastreio deverá ser realizado a cada 3 anos. Pacientes com CCHNP: recomenda-se a realização de colonoscopia a partir de 20-25 anos repetindo a cada 2 anos. Após os 40 anos, o ras- treamento deve ser anual. EXAMES UTILIZADOS NO RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO Exame de sangue oculto nas fezes guaiaco (g- FOBT): estratégia utilizada como um primeiro teste de suspeição, na qual possui baixo custo e ausência de complicações, que em casos positivos, necessita de exame complementar ou confirmatório. Identifica a presença de hemoglobina humana e animal, e baseia-se em que a maioria dos 6 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 adenocarcinomas e de alguns adenomas eliminam pequenas quantidades de sangue para o lúmen intestinal. Obs: Por tal eliminação ser intermitente, pode haver resultados falso-negativos. Necessita restrição alimentar (carne vermelha e suplementos de vitamina C) nos 3 dias anteriores à coleta para evitar falsos-positivos. É recomendado 3 amostras de Sangue oculto nas fezes anualmente (com guáiaco ou método imunoquímico); Testes imunoquímicos fecais (FIT): Utiliza anticorpos para a detecção da hemoglobina humana intacta ou os produtos da sua degradação nas fezes. Pode ser qualitativo (para detecção da presença de hemoglobina) ou quantitativo (oferecendo resultado numérico da concentração de hemoglobina). Teste de DNA de uma amostra de fezes Colonoscopia: Permite a visualização do cólon e do reto. Possui validade de 10 anos se a primeira for negativa; É o padrão ouro para auxiliar no diagnóstico desses tumores pois fornece a localização e extensão do tumor. Além disso, fornece a possibilidade de ser terapêutico, pois é capaz de detectar e remover lesões pré-malignas. Ademais, possibilita a realização de biópsias para a análise histopatológica da lesão. É necessário preparo intestinal adequado e sedação Retossigmoidoscopia: alcança até 60cm do ânus, permitindo visualizar a parte final do intestino grosso, o sigmoide e o reto. É flexível a cada 10 anos isolada ou em as- sociação com o sangue oculto nas fezes anualmente; Pode ser rígida (mais adequada para o exame retal) ou flexível (atingindo a parte inferior do cólon). Exige preparo, e, se necessário, sedação. Obs: ambos exames endoscópicos além de testes de rastreamento alternativos, são confirmatórios dos casos com rastreamento com exame de sangue oculto alterado ou com sinais e sintomas suspeitos, permitindo biopsiar achados suspeitos e retirar lesões pré-malignas. O diagnóstico de câncer de cólon é estabelecido pelo exame histopatológico de espécime tumoral obtido por meio da colonoscopia ou do exame de peça cirúrgica. O toque retal permite o diagnóstico do câncer de reto distal e pode ser o primeiro indicio da doença. EXAMES COMPLEMENTARES exames de imagem são necessários para o estadiamento adequado do tumor Clister opaco: é um exame radiológico que utiliza duplo contraste (bário e ar) para avaliar o cólon. Porém atualmente se encontra em desuso devido ao aparecimento de métodos mais eficazes. Tomografia computadorizada: avalia o comprometimento extramural no câncer do reto e para a detecta metástases. Ultrassonografia abdominal: permite a avaliação hepática, principal sítio de metástases colônicas, entretanto não é possível a avaliação de linfonodos peritoneais, como na tomografia. Ressonância magnética e Tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT): utilizadas em casos de dúvidas diagnósticas Radiografia de abdome convencional: reservado para pacientes com quadro de abdome agudo obstrutivo pelo tumor. Vídeolaparoscopia diagnóstica: não é um exame utilizado de rotina a ser realizado no CCR. No entanto, pode ser útil na confirmação da suspeita de metástases hepáticas ou peritoneais. Ultrassonografia endorretal (USER): permite a definição detalhada das camadas da parede retal e dos tecidos circunjacentes, permitindo detectar o grau de infiltração do tumor na parede do reto e o acometimento linfonodal. Entretanto, a USER é pouco disponível no Brasil. ESTADIAMENTO 7 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Tem como objetivo estabelecer a extensão locorregional da lesão, além da presença de metástases, prognóstico e o tipo de terapia a ser empregada. Atualmente, existem dois sistemas de estadiamento, o Sistema de Dukes, baseado na observação da profundidade de invasão do carcinoma e o Sistema TNM que é o mais utilizado. CLASSIFICAÇÃO TNM TUMOR Tis Displasia in situ ou carcinoma intramucoso T1 Tumor invade submucosa T2 Tumor invade, mas não através da muscular própria T3 Tumor invade através da muscular própria T4 Tumor invade órgãos adjacentes ou peritônio visceral LINFONODOS REGIONAIS NX Linfonodos não podem ser avaliados N0 Sem metástase de linfonodo regional N1 Metástase em um a três linfonodos regionais N2 Metástase em quatro ou mais linfonodos regionais METÁSTASES A DISTÂNCIA MX Metástase a distância não pode ser avaliada M0 Sem metástases a distância M1 Metástases a distância ou semeadura dos órgãos abdominais TRATAMENTO Na grande maioria dos pacientes a cirurgia curativa é possível. Mesmo nos casos de metástases à distância, o tumor colônico deve ser ressecado, para evitar complicações abdominais futuras, como obstrução ou perfuração A abordagem operatória atual para o tratamento do carcinoma do cólon deve incluir a excisão do segmento acometido, com amplas margens de segurança, somada à ressecção dos linfáticos regionais (pelo menos 12 linfonodos devem ser ressecados) As margens proximal e distal mínimas são de 5 cm para o tumor de cólon e de 2 cm para o câncer de reto. Tumores de cólon: Os carcinomas in situ e intramucosos podem ser ressecados via colonoscopica, desde que as margens estejam livres. Ceco ou cólon ascendente: a ressecção deve incluir a porção distal do íleo e ir até a metade do cólon transverso. Cólon transverso: ressecção dependerá da porção de implantação. Cólon descendente: deve-se realizar a colectomia esquerda Cólon sigmoide ou reto alto: pode-se realizar uma retossigmoidectomia. Câncer de reto: Nos tumores de reto médio e distal por serem extraperitoneais, pode-se realizar a ressecção des- se local com margem de segurança de 2 cm, associada a uma anastomose colorretal. Já nos tumores de reto baixo, deve ser realizado resseccções anteriores baixas ou amputação abdominoperitoneal do reto. Nos canceres em estágio 0 e 1 é possível realizar a excisão local do tumor que pode ser seguida ou não de radioterapia ou radioquimioterapia. Para isso, condições ideais envolvendo o tamanho do tumor e localização devem ser respeitadas. Nos estágios II e III é recomendado a realização de quimiorradioterapia prévia. Nesse casos, a terapia neoadjuvante é indicada para reduzir o tamanho do tumor. Mesmo após a cirurgia também é necessário a realização de quimioterapia adjuvante devido a taxa de recorrência local nesta doença. A cirurgia laparoscópica está associada a melhores resul- tados. Na quimioterapia utiliza-se esquemas terapêuticos baseados em fluoropirimidina, associada ou não a oxaliplatina. O início do tra- tamento adjuvante deve ocorrer entre 4 e 6 semanas após a cirurgia. A quimioterapiapaliativa está indicada para doentes com câncer colorretal recidivado inoperável ou com doença no estágio IV ao diagnóstico; 8 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021
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