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Cap. 1 
 
1 
PANORAMA INTERNACIONAL SOBRE REGULAMENTAÇÃO DE SEGURANÇA DE 
BARRAGENS 
Podemos entender por “segurança de barragem” uma condição que busca 
manter a integridade da estrutura e sua operação contínua, minimizando os 
riscos de eventuais incidentes ou acidentes, de modo que a barragem cumpra 
sua finalidade. E isto deve ocorrer sempre junto com os cuidados de 
preservação da vida, da saúde, da propriedade e do meio ambiente. Em outras 
palavras, uma barragem segura é uma barragem bem cuidada, na qual o 
trabalho de profissionais e o direcionamento adequado de recursos são 
norteados pelas boas práticas das técnicas de engenharia. Todos estes passos 
ocorrem desde o momento da concepção do empreendimento, passando pela 
fase de elaboração de bons projetos, de uma construção que sigas as 
recomendações das boas técnicas, chegando até as fases de primeiro 
enchimento do reservatório, manutenção das estruturas, operação e (caso 
necessário) desativação das barragens (ANA, 2020, p. 25). 
Esta definição para o tema “segurança de barragens” é bastante completa e 
pode ser aplicada em diversas localidades. Além disto, podemos afirmar que o 
conhecimento sobre o tema também não é novo, sendo, antes, tratado há 
várias décadas pelo mundo afora, como veremos a seguir. 
Nos Estados Unidos 
Nos Estados Unidos, as diretrizes referentes à segurança de barragens são 
estabelecidas por de leis e instituições subordinadas à Federal Emergency 
Management Agency (FEMA) (Agência Federal de Gestão de Emergências). 
Esta agência foi criada em 1979 com o objetivo de auxiliar o governo federal na 
gestão das ações de prevenção, mitigação e recuperação, em caso de 
desastres com barragens (PEREIRA, 2019, p. 31). 
De acordo com a FEMA, os proprietários de barragens são os responsáveis 
legais pela segurança, manutenção, execução de melhorias e reparos em suas 
barragens. Nos Estados Unidos, embora a maior parte da infraestrutura seja 
pertencente às entidades públicas, as barragens, em sua maioria, pertencem à 
iniciativa privada (ZUFFO e GENOVEZ, 2009, p. 6). 
O governo federal norte-americano, representado pela FEMA, adota diretrizes 
e instrumentos descritos no Programa Nacional de Segurança de Barragens 
(NDSP – National Dam Safety Program), para conduzir e promover a 
realização das atividades em barragens outorgadas às agências federais. Tais 
práticas visam ainda a influenciar as diretrizes estaduais e privatizadas de 
segurança, propondo ainda parcerias, com disponibilização de recursos 
financeiros, treinamentos e pesquisas (PEREIRA, 2019, p. 32). 
Ainda em relação ao Programa Nacional de Segurança de Barragens, duas 
entidades federais, presididas pela FEMA, desempenham um importante papel 
para determinar as diretrizes do programa: o National Dam Safety Review 
Board (Comissão Nacional Revisora em Segurança de Barragens) e 
a Interagency Committee on Dam Safety (ICODS) (Comitê de Interagências 
sobre Segurança de Barragens) (ZUFFO e GENOVEZ, 2009, p. 7). 
No caso da organização legal norte-americana, os estados têm independência 
em sua atuação no que tange à elaboração de leis sobre segurança de 
barragens, desde que estas sejam revisadas e aprovadas pela FEMA, 
podendo, ainda, ser revogadas as suas aplicações (MENESCAL, 2009). 
Os instrumentos e orientações de aplicação do NDSP elaborados pelo ICODS, 
aprovados e adotados pela FEMA, são os seguintes (PEREIRA, 2019, p. 32): 
» FEMA 64: plano de ação de emergência para 
empreendedores; 
» FEMA 65: análises de terremotos e design de barragens; 
» FEMA 93: diretrizes federais para seguranças de barragens; 
» FEMA 148: glossário de termos; 
» FEMA 333: sistema de classificação de barragens de risco 
potencial; 
» FEMA P-94: seleção e adequação de design de propagação 
de ondas; 
» FEMA P-946: mapeamento de inundações de riscos de 
enchentes associados com acidentes e rompimento de barragens; 
» FEMA P-1025: diretrizes federais para gerenciamento de risco 
de segurança de barragens. 
Em relação aos requisitos, para fins diversos de uso e para serem 
enquadradas na legislação, segundo a FEMA 93, as barragens devem 
preencher pelo menos um dos seguintes itens (PEREIRA, 2019, p. 32): 
» altura, considerada desde o leito natural do curso hídrico a 
jusante ou desde o ponto mais baixo do maciço até o nível máximo 
do volume represado, igual ou superior a 25 pés (7,62 m); 
» capacidade do reservatório igual ou superior a 50 acre-pés 
(61.674 m³); 
» risco a jusante potencialmente significativa, 
independentemente das dimensões. 
Em linhas gerais, as regulamentações estaduais criam as figuras dos órgãos 
fiscalizadores próprios. Estes, por sua vez, metodologias de classificação de 
barragens para pontuação das atividades de acompanhamento, direcionando a 
responsabilidade sobre as barragens para o proprietário. Assim, o “dono” da 
barragem deve se responsabilizar pelo gerenciamento das atividades de 
inspeção e monitoramento durante o período operativo (MENESCAL, 2009). 
Na China 
Na China, as barragens podem ser divididas em dois tipos: para uso dos 
recursos hídricos, sob jurisdição do Ministério de Recursos Hídricos (MRH), e 
para a geração de energia elétrica, sob responsabilidade da Empresa Estatal 
de Energia (EEE). Em termos de responsabilidade legal, cabe ao proprietário 
cuidar da barragem, tendo o governo a função de supervisionar e orientar 
ações relativas ao tema (PEREIRA, 2019, p. 33). 
Em 1985, a EEE criou o Centro de Supervisão de Segurança de Grandes 
Barragens (CSSGB). Na sequência, o MRH criou o Centro de Monitoramento 
de Segurança de Barragens (CMSB), que, em 1995, viria a se chamar Centro 
de Gerenciamento de Segurança de Barragens (CGSB). Em 1987, o CSSGB 
liderou uma série de inspeções nas barragens da EEE, que teve a duração de 
12 anos, vistoriando 96 estruturas. Isto colaborou para o desenvolvimento e 
aprimoramento técnico dos profissionais envolvidos com segurança de 
barragens, reforçando a conscientização para a realização de inspeções 
regulares de segurança. Esta empreitada gerou resultados interessantes, com 
a implementação de medidas corretivas, como: execução de alteamentos, 
tratamentos de trincas e fissuras em estruturas, reparos de infiltrações e 
instalação de instrumentos de monitoramento, compondo, futuramente, o 
Programa de Modificações de Monitoramento de Segurança de Barragens das 
Estações Hidrelétricas, em 1992 (PEREIRA, 2019, p. 34). 
Atualmente a segurança de barragens na China é realizada com base nas 
análises de integridade das estruturas, monitoramento da instrumentação civil 
instalada, operação e planejamento das eventuais emergências (CUIYUN, 
XIN, et al., 2010), sendo regida pela seguinte legislação (CSRES, 2021): 
» DL/T 1134-2009 - Unidade de aquisição automática de dados 
do monitoramento de segurança de barragem; 
» DL/T 1321-2014 - Padrões para estrutura e identificação do 
banco de dados de monitoramento de segurança de barragens; 
» DL/T 1558-2016 - Código para operação e manutenção do 
sistema de monitoramento de segurança de barragens; 
» DL/T 1735-2017 - Tecnologia básica de cabos de 
instrumentação de monitoramento de segurança de barragens; 
» DL/T 1754-2017 - Especificação técnica para sistema de 
informações de gerenciamento de segurança de barragens para 
usina hidrelétrica em operação; 
» DL/T 1901-2018 - Guia para planos de preparação para 
emergências para grandes barragens de usinas hidrelétricas em 
operação; 
» DL/T 324-2010 - Protocolo de comunicação para sistema de 
automação de monitoramento de segurança de barragens; 
» DL/T 5211-2005 - Especificação técnica para automação de 
monitoramento de segurança de barragens; 
» DL/T 5313-2014 - Guia para Avaliação de Segurança de 
Grandes Barragens de Usinas Hidrelétricas em Operação (versão 
em inglês); 
» DL/T 5385-2007 - Especificação para supervisão de 
construção do sistema de monitoramento de segurança debarragens; 
» GB/T 22385-2008 - Especificação para aceitação do sistema 
de monitoramento de segurança de barragens; 
» SL 258-2017 - Diretrizes para Avaliação de Segurança de 
Barragens; 
» SL 268-2001 - Especificação fundamental de equipamentos 
de sistema de automação para monitoramento de segurança de 
barragens; 
» SL 530-2012 - Especificação para verificação e teste de 
instrumentos de monitoramento de segurança de barragens; 
» SL 531-2012 - Norma para instalação de instrumentos de 
monitoramento de segurança de barragens; 
» SL 621-2013 - Norma para desmantelamento de instrumento 
de monitoramento de segurança de barragem; 
» SL/Z 720-2015 - Diretrizes para o plano de preparação para 
emergências do gerenciamento de segurança de barragens de 
reservatórios; 
» SL 766-2018 - Especificação técnica para identificação do 
sistema de monitoramento de segurança de barragens. 
A legislação vigente, referente à avaliação de segurança de barragens na 
China (SL 258-2017), é aplicável para barragens com pelo menos uma das 
seguintes características (CHINA, 2017): 
» altura, no mínimo, de 15 (quinze) metros; 
» volume do reservatório maior ou igual a 1 (um) milhão de 
metros cúbicos. 
Ainda com base nesta mesma lei, as características técnicas das barragens 
são avaliadas de acordo com a capacidade de controle de cheias, ocorrência 
de percolações, segurança estrutural, efeitos de sismos e segurança das 
estruturas metálicas. Estes critérios são divididos em três níveis: Classe A 
(seguro e confiável), Classe B (segurança mínima, mas incompleta) e Classe C 
(inseguro). 
Em relação à avaliação da qualidade da engenharia de manutenção efetuada, 
a SL 258-2017 classifica as análises em: qualificadas, qualificadas básicas e 
não qualificadas. A avaliação da gestão operacional, por sua vez, é dividida 
em: normativo, normativo comparativo e não padrão. 
Já as ações de monitoramento dos barramentos por meio de inspeções são 
feitas de três formas (CUIYUN, XIN, et al., 2010): 
» inspeções diárias, efetuadas na própria rotina de operação do 
barramento, com acompanhamento sistemático das eventuais 
anomalias identificadas; 
» inspeções anuais, realizadas pela equipe técnica 
especializada, normalmente antes e depois das épocas chuvosas, 
bem como ao término de cada ano; 
» inspeções especiais, efetuadas quando são identificados 
sinais de danos ou potenciais danos que possam comprometer a 
integridade e segurança operacional das estruturas. 
Em Portugal 
Em Portugal, os órgãos e entidades que atuam no tema segurança de 
barragens são a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o Laboratório 
Nacional de Engenharia Civil (LNEC), a Autoridade Nacional de Proteção e 
Defesa Civil (ANPC) e a Comissão de Segurança de Barragens (CSB). 
O histórico legislativo neste país teve início na década de 1990. Em 6 de 
janeiro de 1990, foi publicado o decreto-lei n. 11, sendo posteriormente 
revisado por meio do decreto-lei n. 344, de 15 de outubro de 2007, ambos 
estabeleciam diretrizes para as atividades de segurança de barragens de 
grande porte. Para as barragens de menor porte, em 14 de dezembro de 1993, 
havia-se promulgado o decreto-lei n. 409. Atualmente, a legislação vigente 
neste país, em substituição às anteriormente citadas, é o decreto-lei n. 21, de 
28 de março de 2018, que estabelece dois outros instrumentos de atuação: o 
Regulamento de Segurança de Barragens (RSB) e o Regulamento de 
Pequenas Barragens (RPB). Um dos objetivos do decreto-lei n. 21 é buscar 
enquadrar todas as barragens construídas no país (PEREIRA, 2019, p. 38). 
Desta forma, o RSB e o RPB são aplicados para barragens da seguinte forma 
(PORTUGAL, 2018, p. 1433): 
» RSB: aplicado para barragens de grande porte, com altura 
igual ou maior a 15 m, ou com altura igual ou maior a 10 m e com 
reservatório com volume superior da 1 hm³; 
» RPB: aplicado para barragens não enquadradas no RSB, com 
altura inferior a 10 m ou com altura igual ou maior a 10 m e menor 
que 15 m com reservatório com volume inferior a 1 hm³; 
» as barragens com altura inferior a 2 m, medida da cota do 
talvegue à cota do coroamento, não são enquadradas no decreto-
lei n. 21. 
A classificação das barragens por meio do decreto-lei n. 21 é feita de acordo 
com o dano potencial associado e com o estado de conservação das 
estruturas, sendo divididas em três classes: Classe I, II e III. Esta avaliação tem 
como base as características técnicas do barramento e o dano potencial em 
relação às vidas humanas, bens e ao meio ambiente. 
Quanto às situações de emergência com barragens, o RSB estabelece que 
deve existir um plano de emergência interno e outro externo. No primeiro, cuja 
elaboração compete ao empreendedor, deverá compreender a região da zona 
de autossalvamento (ZAS), que termina quando o tempo de chegada de onda é 
igual a 30 min ou com o mínimo de 5 km de distância do barramento. No 
segundo, a responsabilidade é dada ao sistema de proteção e defesa civil. 
Para as barragens de classe I, do RSB, são exigidos ambos os planejamentos 
de emergência. Para as barragens classe II, são exigidos planejamentos 
simplificados de segurança. (PORTUGAL, 2018, p. 1436). 
Sobre as atividades de manutenção, o RSB solicita que seja elaborado um 
plano de observação, que direciona a execução das inspeções visuais e as 
análises dos comportamentos históricos das estruturas que compõem as 
barragens. As grandezas monitoradas, a metodologia aplicada e a 
periodicidade destas atividades são determinadas pelo próprio empreendedor, 
conforme as Normas de Observação e Inspeção de Barragens (Portaria 
847/93), sujeitas, ainda, à aprovação da Autoridade Nacional de Segurança de 
Barragens (PORTUGAL, 2018, p. 1442). 
Para as barragens de classe I, que estão sujeitas ao RSB, a Autoridade 
Nacional de Segurança de Barragens tem o direito de efetuar inspeções 
quando necessário. O RPB, por outro lado, determina que o empreendedor 
deve providenciar as inspeções de barragens, que devem ser realizadas 
anualmente, antes dos períodos chuvosos e após a ocorrência de eventos 
excepcionais, enviando os relatórios à autoridade competente (PEREIRA, 
2019, p. 40). 
Na Austrália 
A segurança de barragens na Austrália iniciou-se, legalmente, em 1978, com o 
lançamento do Dam Safety Act 1978 (Decreto de Segurança de Barragens de 
1978). Em dezembro de 2000, visando a complementar o conjunto de lei 
publicado em 1978, é lançado o Dam Safety Code (Código de Segurança em 
Barragens). O objetivo desse código é garantir que as barragens sejam 
gerenciadas de forma adequada, minimizando a ocorrência de operações 
inseguras ou ainda, de rompimentos que possam resultar na perda de vidas 
humanas, danos a bens materiais e ao meio ambiente (ACTPC, 2018, p. 1). 
O código determina que todos os barramentos devem ser operados e mantidos 
de acordo com as diretrizes da ANCOLD - Comissão Australiana de Grandes 
Barragens (Australian Comission on Large Dams) - e da NSW Diretrizes 
Técnicas do Comitê de Segurança de Barragens (NSW Dam Safety 
Commmitee Technical Guidelines) (ACTPC, 2018, p. 2). 
De acordo com a legislação australiana, deve-se elaborar anualmente um 
relatório de segurança para cada barragem. Em conjunto com esta atividade, 
deve-se manter um programa de fiscalização de barragens, que terá como 
base as práticas de engenharia definidas nos guias da ANCOLD e da NSW, 
elaborado com a supervisão de um engenheiro de segurança de barragens. 
Todas as barragens, em até seis meses após a obtenção da licença para 
operação e, depois disto, anualmente, devem elaborar um documento 
preliminar do plano de emergência de barragens, submetendo-o ao chefe 
executivo para a sua aprovação. Segundo a legislação, o documento deve ser 
composto de informações sobre os detalhes dos cenários de emergência (tipos 
de falhas, cheias, sismos e ocorrências de pouca frequência); dos mapas de 
inundação para os casos de falha, falha rápidaou overtoppings; deve trazer as 
definições das responsabilidades dos empregados do empreendimento e as 
ações a serem executadas; deve ainda identificar órgãos que sejam relevantes 
durante a emergência; deve trazer regras para prontidão nos casos de 
emergência e sua classificação; deve estabelecer planos de comunicação e 
atribuições de cada autoridade envolvida no processo, como gerentes ou 
responsáveis pelas barragens, engenheiros de segurança, polícia federal, 
departamento de emergências da polícia federal, etc.; e, por fim, deve trazer 
detalhes sobre todos os tipos de equipamentos de segurança que se 
encontram instalados nas estruturas (ACTPC, 2018, p. 7). 
Em caso de ocorrência de evento excepcional, o relatório elaborado, após o 
evento, deve trazer informações detalhadas, como data e hora, notificações 
efetuadas durante o processo, notificações aos órgãos envolvidos, status atual 
da barragem, detalhes de manutenção e outras ações a serem tomadas para 
que se possa garantir a segurança e o status de retorno à condição de 
normalidade. 
De forma geral, deve-se fazer registros detalhados e de fácil compreensão 
sobre todo o barramento, baseados nos itens constantes nos documentos 
elaborados pela ANCOLD e pela NSW, estando, ainda, em conformidade com 
o Dam Safety Code (ZUFFO e GENOVEZ, 2009, p. 9). 
No Reino Unido 
O primeiro ato legislativo no Reino Unido a tratar especificamente sobre 
segurança de barragens ocorreu em 1930, com o Reservoir Safety Provision 
Act (Decreto da Provisão da Segurança em Reservatórios). Sua publicação se 
deu após a ruptura de duas barragens em 1925, que causaram a morte de 16 
pessoas (ZUFFO e GENOVEZ, 2009, p. 9). 
Posteriormente, em 1975, foi elaborado o Reservoir Act 1975 (Decreto sobre 
Reservatórios de 1975), que determina que todos os barramentos com 
reservatórios superiores a 25.000 m³ devem se submeter a esta lei. Este 
decreto estabelece as atribuições das autoridades responsáveis pela sua 
aplicação, do responsável legal (ou empreendedor) e da determinação de dois 
técnicos responsáveis pela realização de inspeções e supervisão dos 
empreendimentos. Os técnicos, engenheiros de inspeção, são nomeados pelo 
governo britânico após realizarem testes de capacidade, que devem ser 
renovados a cada cinco anos. 
Os técnicos nomeados também têm de acompanhar a operação e o 
monitoramento do empreendimento, que ocorre com uma frequência maior, por 
meio de medições diária de nível d’água do reservatório e da pluviosidade 
local, entre outras variáveis. O resultado destas atividades é a elaboração de 
um relatório anual, com a identificação de eventuais alterações que possam 
afetar as condições de segurança da barragem e pôr em risco as populações e 
infraestruturas localizadas no vale de jusante (ZUFFO e GENOVEZ, 2009, p. 
10). 
Na legislação britânica, o poder local (munícipios onde as barragens estão 
implantadas) deve efetuar a fiscalização e o cumprimento dos atos legislados 
que se encontram vigentes, podendo vistoriar as estruturas ou requerer a 
execução de obras adicionais, caso julguem necessário. 
No Canadá 
A compreensão sobre a legislação canadense é importante, tanto que, no 
Brasil, o Manual de Segurança e Inspeção de Barragens, elaborado pelo 
Ministério da Integração Nacional, em 2002, teve como base as diretrizes 
estabelecidas no Dam Safety Guidelines (Guia de Segurança de Barragens). 
De acordo com a CDA – Canadian Dam Association, a regulamentação 
referente à segurança de barragens é de responsabilidade provincial. Os 
órgãos federais têm jurisdição sobre alguns pontos relacionados aos cursos 
d’água localizados na divisa com os Estados Unidos. Portanto, conforme a 
decisão local (provincial), algumas destas elaboram suas regulamentações, 
outras utilizam os decretos ou regulamentações federais vigentes. 
As diretrizes do Dam Safety Guidelines podem ser aplicadas para qualquer 
barragem, seja ela nova, existente ou desativada. De acordo com o 
documento, barragens são barreiras construídas com a capacidade de 
armazenar água ou qualquer outro fluido, em volumes iguais ou acima de 
30.000 m³ ou com altura do maciço igual ou superior a 2,5 m de altura (ZUFFO 
e GENOVEZ, 2009, p. 12). 
 
 
Cap. 2 
 
1 
PANORAMA NACIONAL SOBRE REGULAMENTAÇÃO DE SEGURANÇA DE 
BARRAGENS 
No Brasil, o governo federal verificou a necessidade de uma maior participação 
e preocupação com o tema, principalmente nas últimas décadas (NEVES, 
2018, p. 9). 
As barragens são estruturas importantes para o desenvolvimento de uma 
sociedade, podendo contribuir para (NEVES, 2018, p. 9): 
» armazenamento de água, que pode ser utilizado para 
múltiplos usos; 
» regularização das vazões de cursos d’água; 
» geração de energia elétrica; 
» retenção de resíduos minerais e/ou industriais. 
Apesar destes benefícios e assim como qualquer outra construção, as 
barragens são estruturas que podem proporcionar riscos de acidentes para 
uma determinada sociedade. Por serem estruturas de grande porte, os 
resultados de eventuais acidentes podem causar problemas sociais e 
econômicos de elevada grandeza, chegando até mesmo à possibilidade de 
perdas de vidas humanas. Assim, as medidas estabelecidas na legislação, se 
implementadas criteriosamente e complementadas com ações de defesa civil, 
minimizam a probabilidade de ocorrência de acidentes. Portanto, como 
podemos ver, a legislação é necessária e fundamental para evitar tais 
ocorrências. 
Se analisarmos o escopo das leis jurídicas e determinações institucionais que 
se referem à gestão dos recursos hídricos em território nacional, veremos que, 
antes da publicação da Lei n. 12.334/2010, não se tinha uma diretriz ou 
determinação bem definida das atribuições e responsabilidades pela 
fiscalização dos status das barragens, ou seja, da sua segurança. Em casos de 
acidentes, alguns órgãos ambientais acabavam lidando com o problema de 
forma isolada. A identificação de uma falta de articulação do poder público para 
tratar do assunto também era recorrente (NEVES, 2018, p. 9). 
Os primeiros movimentos ocorreram no Estado de São Paulo, em 1977, onde 
foi emitido o Decreto n. 10.752, que tratava do tema Segurança de Barragens 
no estado, recomendando auditorias técnicas permanentes. Mesmo tendo sido 
motivado pelo galgamento em cascata ocorrido com as barragens de Euclides 
da Cunha e Armando de Salles Oliveira, por falta de regulamentação, este 
decreto nunca foi implementado (NEVES, 2018, p. 9). 
O que se verifica é que são estabelecidos entre os empreendedores alguns 
procedimentos relacionados ao controle da segurança das barragens, mas que 
estas medidas adotadas em alguns setores são ímpares, como, por exemplo, 
os setores de geração de energia elétrica e de mineração, ou seja, 
normalmente as grandes empresas. Estes empreendedores buscam implantar 
nas filiais nacionais os mesmos padrões de qualidade operacionais e de 
segurança adotados internacionalmente (NEVES, 2018, p. 9). 
Se analisarmos cronologicamente o desenvolvimento dos trabalhos referentes 
à Segurança de Barragens, até a publicação da Lei 12.334/2010, obtemos o 
seguinte (NEVES, 2018, p. 10): 
 
Os motivos que direcionaram os esforços para a elaboração e aprovação da 
Lei n. 12.334/2010 foram diversos, como a identificação de inconsistências a 
nível organizacional que resultavam em uma condição de abandono geral de 
diversas barragens nacionais, bem como um crescente aumento na fragilidade 
de projetos, construções e operações de estruturas. 
Assim, no cenário nacional de segurança de barragens, a Lei n. 12.334, de 20 
de setembro de 2010, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 21 de 
setembro de 2010, estabelece um novo marco legal para o setor. 
Esta lei estabelece, mais especificamente, a Política Nacional de Segurança de 
Barragens (PNSB), que abrange as estruturas com a finalidade de acumulação 
de água para quaisquer usos, a disposição final ou temporária de rejeitos e a 
acumulação de resíduos industriais.No mesmo ato legal, é criado ainda o 
Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB), 
composto de registros informatizados das condições de segurança das 
barragens em todo o território nacional, garantindo o acesso à informação para 
toda a sociedade (ANA, 2020, p. 41) 
A PNSB visa a garantir que os padrões de segurança sejam cumpridos, bem 
como estabelecer uma regulamentação adequada, criando uma rotina de 
monitoramento e acompanhamento das tratativas de segurança implementadas 
pelos empreendedores de barragens. O principal objetivo, ainda, é diminuir a 
probabilidade de ocorrência de acidentes e suas consequências posteriores, 
que podem ser elevadas ou mesmo incalculáveis, principalmente no caso de 
atingimento de população ou moradores localizados a jusante das barragens. 
De forma mais prática, na distribuição de responsabilidades entre os órgãos 
fiscalizadores, a Agência Nacional de Águas (ANA) ficou responsável por, além 
da fiscalização da segurança das barragens de usos múltiplos localizadas em 
corpos d’água sob domínio da união, articular a implementação da PNSB entre 
os demais órgãos de fiscalização. A ANA é responsável, ainda, por organizar, 
implantar e gerir o SNISB e, anualmente, coordenar e emitir o Relatório de 
Segurança de Barragens (RSB). O RSB é, por sua vez, encaminhado ao 
Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), os qual, após análise e 
avaliação, encaminha este para o Congresso Nacional. Vale ressaltar que o 
papel desempenhado pela ANA, na intermediação das informações e tratativas 
entre os órgãos fiscalizadores é um dos motivos de sucesso para a PNSB 
(NEVES, 2018, p. 7). 
 
O RSB, como parte de um programa de educação e comunicação sobre 
segurança de barragens, ainda tem a função de conscientizar a sociedade da 
importância do tema. 
A PNSB define uma gestão e fiscalização descentralizada, distribuída entre 
diversos órgãos fiscalizadores, seguindo uma lógica pré-determinada. Quando 
a utilização principal da barragem for a geração de energia hidrelétrica, o órgão 
fiscalizador será aquele que concedeu ou autorizou o uso deste potencial 
hidráulico. Caso a utilização principal da barragem seja a acumulação de água, 
retirando-se os casos de fins de aproveitamento hidrelétrico, o órgão 
fiscalizador será aquele que outorgou o direito de uso dos recursos hídricos, 
considerando sempre o domínio do corpo hídrico. Outra possibilidade é quando 
a utilização principal da barragem for a disposição final ou temporária de 
rejeitos provenientes dos processos da indústria da mineração, sendo nestes 
casos o órgão fiscalizador aquele outorgante dos direitos minerários. E, por fim, 
quando a utilização principal da barragem for o depósito ou armazenamento de 
resíduos industriais, o órgão fiscalizador será aquele que forneceu a licença 
ambiental de instalação e operação (ANA, 2020, p. 40). 
Para entendermos de outra forma, os órgãos fiscalizadores, segundo o PNSB, 
são aqueles que emitem o documento que autoriza a instalação da barragem, 
podendo ser outorga de direito de uso dos recursos hídricos, autorização ou 
concessão do potencial hidráulico, outorga de direitos minerários ou licença 
ambiental de operação ou instalação (ANA, 2020, p. 41). Assim, quando as 
barragens tiverem a finalidade de geração de energia hidrelétrica, serão 
fiscalizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Se tiverem a 
finalidade de contenção de rejeitos de mineração, serão fiscalizadas pela 
Agência Nacional de Mineração (ANM). Em 2019, um novo órgão fiscalizador 
foi inserido pelo governo federal: a Comissão Nacional de Energia Nuclear 
(CNEN), que ficou responsável pela outorga de direitos minerários de 
barragens com rejeitos nucleares. 
Mesmo visando a uma abrangência do assunto, a PNSB não é aplicável a 
todas as barragens. As estruturas inseridas na PNSB devem apresentar pelo 
menos uma das seguintes características, conforme Lei 12.334/2010 (BRASIL, 
2010, p. 1): 
» altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à 
crista, maior ou igual a 15 m (quinze metros); 
» capacidade total do reservatório maior ou igual a 3.000.000 m³ 
(três milhões de metros cúbicos); 
» reservatório que contenha resíduos perigosos conforme 
normas técnicas aplicáveis; 
categoria de dano potencial associado, médio ou alto, em termos econômicos, 
sociais, ambientais ou de perda de vidas humanas, conforme definido no art. 
6º. 
 
As barragens que não atenderem a nenhum dos critérios acima citados não 
precisam se submeter à PNSB. De qualquer forma, devido aos riscos 
envolvidos com estas estruturas, os empreendedores destas barragens devem 
implementar rotinas e ações para garantir a segurança das estruturas em 
operação (ANA, 2020, p. 39). 
Para que uma lei ou regulamento seja efetivo e entendido pelos agentes, pelos 
empreendedores e pelos demais envolvidos, bem como atenda as normas 
técnicas legais, é necessário definir de forma clara os conceitos que serão 
utilizados na legislação publicada. Desta forma, a Lei 12.334/2010 traz as 
definições técnicas de estruturas como: barragem, reservatório, segurança de 
barragem, empreendedor, órgão fiscalizador, gestão de risco e dano potencial 
associado. 
 
Em relação ao Dano Potencial Associado (DPA), deve-se utilizar os critérios de 
classificação do quadro apresentado na Resolução CNRH n. 143/2012 ou nos 
quadros de classificação especificados nas regulamentações dos órgãos 
fiscalizadores, como a ANEEL e a ANM, que estudaremos mais adiante. 
Segundo a Lei 12.334/2010, no Art. 7º, a classificação do DPA da barragem em 
alto, médio ou baixo será feita de acordo com o potencial de perdas de vidas 
humanas de impactos econômicos, sociais e ambientais. 
Assim como qualquer outra política governamental a nível federal, a PNSB 
também tem seus próprios objetivos e fundamentos, os quais motivaram sua 
criação. Pode-se dizer que o objetivo principal é mostrar o porquê da criação 
da Lei 12.334/2010, indicando o norte para o qual ela está seguindo. Com a 
PNSB, padrões de segurança foram estabelecidos, visando a reduzir a 
possibilidade de acidentes, por meio, ainda, da regulamentação de ações e 
https://static-dpc.unyleya.com.br/conteudo/pos_graduacao/regulamentacao_nacional_e_internacional_relacionadas_a_seguranca_de_barragens/v1/unidade1/uni1/uni1_cap2.html
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padrões, centralizando as informações coletadas sobre segurança de 
barragens, facilitando a sua consulta e utilização. Isto contribuiu para fomentar 
a cultura de segurança no ambiente onde estas importantes estruturas estão 
construídas (NEVES, 2018, p. 13). 
Desta forma, o texto da Lei 12.334/2010, no Capítulo II, art. 3º, estabelece que 
os objetivos da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) devem 
ser a garantia do cumprimento dos requisitos de segurança de barragens, 
visando a diminuir a possibilidade de sinistros e suas consequências. Outro 
propósito é regulamentar o que deve ser feito para garantir a segurança em 
diversos momentos, como na etapa de planejamento, elaboração de projetos, 
construção propriamente dita, primeiro enchimento do reservatório e primeiro 
vertimento, período operativo, desmobilização (ou desativação) e usos futuros 
de barragens – e isto ao longo de todo o território nacional. Um terceiro objetivo 
é fomentar o monitoramento e o acompanhamento das atividades de 
segurança adotadas pelos empreendedores (responsáveis pelas barragens). 
Ainda é objetivo da PNSB a criação de oportunidades para que se aumente o 
conjunto de barragens controladas pelo poder público, tendo como norte a 
fiscalização, instrução e correção das ações de segurança. Coletar 
informações que alimentem o banco de dados para o gerenciamento da 
segurança de barragens pelo poder público nas diferentes esferas, também é 
outro objetivo a seratingido pela legislação. Outro item determinado é o de 
estabelecer conformidades de origem técnica, que possam permitir uma 
avaliação adequada dos parâmetros estabelecidos pelos entes públicos. Por 
fim, como meta mais genérica e com visão de longo prazo, criar a cultura da 
segurança de barragens e gerenciamento de riscos a todas as estruturas, 
visando sempre à redução de acidentes de graves consequências à população. 
Para que esta política seja aplicada na prática, como em qualquer outro 
projeto, alguns agentes ou responsáveis devem ser nomeados objetivamente. 
E isto é feito por meio do art. 4º, item III, da Lei 12.334/2010, que expressa que 
o empreendedor é o responsável legal pela segurança da barragem, cabendo a 
ele o desenvolvimento das ações para garanti-la. Mas, como vimos nas 
regulamentações internacionais, a responsabilidade legal incumbida ao 
empreendedor é prática comum na maioria dos países. 
ATENÇÃO 
O art. 4º, item III, da Lei 12.334/2010 deve ser considerado com extrema 
importância, pois define claramente que o empreendedor é o principal 
responsável pela gestão da segurança de sua barragem. 
Apesar de existirem os órgãos fiscalizadores, responsáveis por cada 
especialidade de barragem, que fiscalizarão o cumprimento e execução das 
ações propostas pelo empreendedor no Plano de Segurança de Barragens, a 
responsabilidade, no final, será exclusivamente dos empreendedores. O 
próprio artigo 4º da Lei 12.334/2010 reforça esta afirmativa, quando estabelece 
que o empreendedor deve conduzir as atividades necessárias para a garantia 
da segurança da barragem, pois este é o responsável perante a lei pela 
segurança das estruturas. 
E quais são os instrumentos que a Política Nacional de Segurança de 
Barragens utiliza para o cumprimento da legislação? Podemos ver no art. 6º da 
Lei 12.334/2010 que os seguintes meios são estabelecidos (BRASIL, 2010, p. 
3): 
» o sistema de classificação de barragens por categoria de risco 
e por dano potencial associado; 
» o Plano de Segurança de Barragem (PSB); 
» o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de 
Barragens (SNISB); 
» o Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente 
(Sinima); 
» o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de 
Defesa Ambiental; 
» o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente 
Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais; 
» o Relatório de Segurança de Barragens. 
O sistema de classificação, como veremos mais adiante em detalhes, 
estabelecido na Resolução CNRH n. 143/2012, cita que as barragens serão 
classificadas pelos seus respectivos agentes fiscalizadores, por categoria de 
risco (CRI), por dano potencial associado (DPA) e pelo seu volume. Estes itens 
têm como base critérios gerais descritos pelo CNRH, com a exceção da Aneel, 
que tem seus próprios critérios para o setor elétrico. 
A CRI é classificada em alta, média ou baixa, tendo como base as 
características técnicas, o estado de conservação das estruturas e o 
atendimento ao Plano de Segurança de Barragens. Já o DPA da barragem é 
classificado em alto, médio ou baixo, sendo em função do potencial de perdas 
de vidas humanas e dos impactos econômicos, sociais e ambientais, como 
resultado de uma eventual ruptura da barragem. 
 
Cap. 3 
Plano de Segurança de Barragem (PSB) 
Como vimos anteriormente, na maioria das legislações, seja a nível 
internacional ou nacional, os empreendedores são os responsáveis legais 
pelas barragens. Entre as obrigações relativas à PNSB, destaca-se a 
elaboração do documento Plano de Segurança de Barragens (PSB). Devido às 
características únicas de cada barragem, o documento também deve ser 
elaborado para cada empreendimento. 
Assim, cabe aos empreendedores o planejamento das ações necessárias para 
que um efetivo sistema de gestão de segurança de barragens seja 
implementado, obedecendo e referenciando suas ações de acordo com as 
regulamentações normativas publicadas pelos respectivos órgãos 
fiscalizadores. 
Considerando que o Plano de Segurança de Barragens é um documento de 
elaboração obrigatória pelo empreendedor, ele deve conter minimamente 
algumas informações. As primeiras delas são básicas, como as informações 
gerais sobre a barragem e o empreendedor que a administra. O PSB deve 
ainda ter um conjunto de documentos técnicos do empreendimento, bem como 
o agrupamento de planos e procedimentos (de operação, manutenção, 
inspeção, monitoramento e instrumentação) e registros e controles (igualmente 
de operação, manutenção, inspeção, monitoramento, instrumentação, testes de 
equipamentos hidráulicos, elétricos e mecânico, etc.) Os relatórios de inspeção 
regular e especial elaborados ao longo do período operativo também deverão 
fazer parte do documento. Da mesma forma, as Revisões Periódicas de 
Segurança de Barragem e os Planos de Ação de Emergência (quando exigido), 
farão parte do PSB. 
Como a Lei 12.334/2010 indica as diretrizes para a elaboração do PSB, a 
aplicação efetiva do instrumento necessita de uma regulamentação. No art. 8º, 
parágrafo 1º da Lei n. 12.334/2010 é estabelecido que: 
A periodicidade de atualização, a qualificação do responsável técnico, o 
conteúdo mínimo e o nível de detalhamento dos planos de segurança deverão 
ser estabelecidos pelo órgão fiscalizador. 
(BRASIL, 2010, p. 4) 
Ainda dentro do Plano de Segurança de Barragens, outros instrumentos são 
alvo de regulamentação específica por parte dos órgãos fiscalizadores, como 
(BRASIL, 2010, p. 4): 
» inspeções de Segurança Regular e Especial (art.9º); 
» revisões Periódicas de Segurança de Barragem (art. 10); 
» planos de Ações de Emergência (arts. 11 e 12). 
Revisão Periódica de Segurança de Barragens – 
RPSB 
No Plano de Segurança de Barragens, pode-se citar ainda a Revisão Periódica 
de Segurança de Barragens (RPSB), sob responsabilidade de elaboração e 
aplicação do empreendedor. Este documento tem como objetivo reexaminar, 
com periodicidade definida, aspectos de segurança e operação da barragem, 
avaliação das condições hidráulicas, hidrológicas, da estabilidade estrutural e 
adequação operacional das diversas instalações, de acordo com critérios de 
projeto e informações disponíveis no momento da realização de cada revisão 
(NEVES, 2018, p. 16). 
Esse documento tem como objetivo avaliar o estado geral de segurança da 
barragem, considerando os conhecimentos atuais (estado da arte) e eventuais 
alterações que possam ter ocorrido na barragem ao longo da sua operação. 
Ressalta-se que a verificação do estado geral da barragem não é o único 
objetivo da RPSB, que recomenda ações para correção e melhoria, buscando 
minimizar os riscos apresentados pela barragem e suas estruturas associadas 
(NEVES, 2018, p. 16). 
A periodicidade de realização das Revisões Periódicas de Segurança das 
Barragens é variada, de acordo com o estabelecido na regulamentação de 
cada órgão fiscalizador. Mas, em linhas gerais, os intervalos variam entre 5 
(cinco) a 10 (dez) anos. 
Inspeções Regulares de Segurança de Barragens 
– IRSB 
As inspeções de segurança regular, em conjunto com o monitoramento 
(auscultação) das estruturas, são elementos importantes dentro do Plano de 
Segurança de Barragens. Esta atividade é regulamentada pelos respectivos 
órgãos fiscalizadores, como ANM, ANA e Aneel. O resultado destas atividades 
são as informações sobre o estado de conservação das barragens. 
Segundo o art. 9º, parágrafo 1º da Lei n. 12.334/2010, a inspeção de 
segurança regular deverá ser feita pela própria equipe de profissionais que 
trabalham na segurança da barragem, devendo o relatório por eles elaborado 
estar disponível ao órgão fiscalizador e a qualquer interessado da sociedade 
civil (BRASIL, 2010, p. 4). 
Quanto à periodicidade, a ANM estabelece que devem ser feitas 
semestralmente, enquanto para a ANA e ANEEL, as inspeções de segurança 
regular podem ser semestrais, anuais ou bianuais, dependendo da classe da 
barragem. É importanteressaltar que devem ser emitidos relatórios ao término 
destas atividades, registrando as condições das barragens. 
O objetivo das inspeções de segurança regulares é identificar eventuais 
anomalias que possam surgir durante o período operativo da barragem, que 
possam ser detectados visualmente. Neste documento ainda devem constar 
sugestões de correções ou o acionamento de inspeções mais detalhadas e 
específicas, como as inspeções especiais, focando em um problema 
específico. 
As citadas inspeções regulares compõem-se de, no caso do ANM e ANA 
(NEVES, 2018, p. 16): 
» ficha de inspeção regular; 
» relatório de inspeção regular; 
» extrato de inspeção regular; 
» declaração de condição de estabilidade (apenas ANM). 
Inspeções Especiais de Segurança de Barragens 
– IRSB 
As inspeções especiais de segurança de barragens são regulamentadas pelos 
órgãos fiscalizadores, com periodicidade, qualificação da equipe responsável, 
conteúdo mínimo e nível de detalhamento definidos conforme cada 
regulamentação, tendo como base a categoria de risco e o dano potencial 
associado às barragens. Tais inspeções ocorrerão nas fases de construção, 
operação e desativação das barragens, considerando as eventuais alterações 
das condições a montante e jusante das barragens. 
De acordo com o art. 9º, parágrafo 2º da Lei n. 12.334/2010 é estabelecido 
que: 
A inspeção de segurança especial será elaborada, conforme orientação do 
órgão fiscalizador, por equipe multidisciplinar de especialistas (...). (BRASIL, 
2010, p. 4). 
Plano de Ações Emergenciais - PAE 
Sendo parte integrante do Plano de Segurança de Barragens, o PAE deve ser 
elaborado obrigatoriamente para barragens com dano potencial associado alto, 
conforme art. 11 da Lei 12.334/2010 (BRASIL, 2010, p. 5): 
Art. 11. O órgão fiscalizador poderá determinar a elaboração de PAE em 
função da categoria de risco e do dano potencial associado à barragem, 
devendo exigi-lo sempre para a barragem classificada como de dano potencial 
associado alto. (BRASIL, 2010, p. 5). 
Sendo um documento formalizado, o PAE deve trazer as condições de 
emergência em potencial para as barragens. Este plano deve citar todas as 
orientações importantes para a tomada de decisão no momento do sinistro 
(acidente), proporcionando a notificação e o alerta antecipado das pessoas 
localizadas na região de jusante das barragens, minimizando os danos 
materiais e ambientais, além das perdas de vidas humanas. Também tem 
como função a identificação dos agentes a serem notificados neste tipo de 
ocorrência (NEVES, 2018, p. 17). 
O documento PAE deve ser entregue e disponibilizado para as prefeituras que 
podem vir a ser atingidas, bem como também estar disponível no próprio 
empreendimento. O PAE deve ainda ser encaminhado às autoridades 
envolvidas no assunto, como os órgãos de defesa civil. Minimamente o PAE 
deve conter algumas informações. Deve estar identificado e analisado os 
cenários para as possíveis situações de emergência que podem ocorrer. Ações 
preestabelecidas para caracterização e notificação do mau funcionamento ou 
de situações que podem causar a ruptura da barragem também devem estar 
descritas. Os procedimentos preventivos e corretivos que devem ser 
executados nos casos de emergência, indicando sempre o responsável pela 
ação. Planos estratégicos e formas de divulgação e alerta para a população 
que pode vir a ser atingida nos casos de cenários de emergência estabelecidos 
(BRASIL, 2010, p. 5).Os órgãos fiscalizadores, por seu turno, foram 
subdivididos em função do uso das estruturas e do tipo de rejeitos ou efluentes 
armazenados. Na Unidade IV estudaremos com maiores detalhes sobre estes 
órgãos e quais barragens cada um deles fiscaliza. 
 
 
 
 
Unidade 2 
Cap.1 
1 
ASPECTOS LEGAIS E PANORAMA GERAL 
Sobre o cadastramento das barragens no SNISB, a Lei 12.334/2010 determina 
obrigações tanto para os órgãos de fiscalização como para os 
empreendedores, como vemos no artigo 16º da referida lei (BRASIL, 2010, p. 
6): 
Art. 16°. O órgão fiscalizador, no âmbito de suas atribuições legais, é obrigado 
a: 
I - manter cadastro das barragens sob sua jurisdição, com identificação dos 
empreendedores, para fins de incorporação ao SNISB; (...) 
V - exigir do empreendedor o cadastramento e a atualização das informações 
relativas à barragem no SNISB. 
Portanto, o primeiro passo para construir a base da PNSB é o próprio 
cadastramento das barragens. No sistema devem constar todas as estruturas 
construídas, independentemente se estas são submetidas à PNSB ou não. A 
compilação de informações é fundamental para efetuar qualquer avaliação 
sobre o tema “Segurança de Barragens” no país – seja para informar e 
atualizar o que já foi realizado ou para relatar o que ainda precisa ser 
adequado. 
Segundo a Resolução CNRH n. 143/2012, que trata do sistema de 
classificação, as barragens são classificadas pelos seus respectivos agentes 
fiscalizadores, de acordo com a categoria de risco, o dano potencial associado 
e o volume do seu reservatório, baseados em critérios gerais estabelecidos 
pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, excetuando-se a Aneel, que 
propôs sua própria matriz de classificação, como veremos adiante. 
A categoria de risco (CRI), classificada em alto, médio ou baixo, será realizada 
de acordo com (CNRH, 2012, p. 2): 
» as características técnicas (CT); 
» o estado de conservação da barragem (EC); 
» o Plano de Segurança da Barragem (PSB). 
Já o dano potencial associado (DPA), decorrente da ruptura da barragem, que 
classifica a estrutura em alto, médio ou baixo, será feito segundo os critérios 
abaixo (CNRH, 2012, p. 2): 
» potencial de perdas de vidas humanas; 
» potencial de impactos econômicos, sociais e ambientais. 
As determinações da Lei 12.334/2010 atribuíram obrigações tanto para os 
órgãos de fiscalização como para os empreendedores, conforme vimos no 
artigo 16º e vemos também no artigo 17º da referida lei. Entre estas 
atribuições, algumas devem ser destacadas para atuação direta e imediata dos 
envolvidos. Já o órgão fiscalizador é obrigado a manter as informações das 
barragens sob sua responsabilidade devidamente cadastradas, com a 
identificação de cada empreendedor, pois serão utilizadas, futuramente, para 
alimentar o banco de dados do SNISB. Outra atribuição do órgão fiscalizador é 
a de solicitar ou exigir do empreendedor que este preencha o cadastro 
proposto e atualize as informações no SNISB referentes às suas barragens. O 
prazo inicial para que isto ocorresse, contado a partir da data de publicação da 
lei, era de dois anos. Do outro lado, o empreendedor é obrigado, conforme 
texto publicado, a elaborar e manter atualizado o Plano de Segurança de 
Barragens, considerando sempre as recomendações técnicas provenientes das 
inspeções de segurança e especiais, bem como das revisões periódicas de 
segurança (BRASIL, 2010). 
O artigo 19º da Lei 12.334/2010 ainda trazia uma deliberação direta aos 
empreendedores de barragens enquadradas no parágrafo único do artigo 1º, 
ou seja, estruturas que apresentassem pelo menos uma das características 
estabelecidas no primeiro parágrafo deste item. Estes deveriam submeter à 
aprovação dos seus respectivos órgãos fiscalizadores, dentro de um prazo de 2 
(dois) anos, contado a partir da publicação desta Lei, um relatório 
especificando as ações e cronograma para a implantação do Plano de 
Segurança da Barragem. 
A classificação da barragem pelo órgão fiscalizador permite definir se ela se 
submete ou não à PNSB. Caso positivo, a classificação auxiliará na definição 
da periodicidade de atualização, na qualificação do responsável técnico, no 
conteúdo mínimo e no nível de detalhamento do plano de segurança da 
barragem, a ser elaborado pelo empreendedor. 
Outra função prática da classificação é permitir uma melhor definição sobre 
quais barragens as ações de acompanhamento, fiscalização e recuperação 
devem ser priorizadas, uma vezque barragens com Categoria de Risco Alta e 
Dano Potencial Associado Alto significam maior probabilidade de falha e 
impactos com graves consequências, respectivamente (ANA, 2020, p. 27). 
Sobre a Categoria de Risco de uma barragem, podemos dizer que este critério 
está diretamente relacionado com os aspectos da própria barragem, que 
podem influenciar a probabilidade de um acidente, como: 
» aspectos de projeto; 
» integridade da estrutura; 
» estado de conservação, operação e manutenção da 
barragem; 
» atendimento e elaboração do Plano de Segurança de 
Barragens. 
Em outras palavras, as informações sobre a categoria de risco responderiam a 
perguntas como: “Qual a situação da barragem atualmente?” “Ela está 
operando/funcionando com segurança?” 
Já o dano potencial associado está relacionado com os danos que podem 
ocorrer devido ao eventual rompimento, vazamento, infiltração no solo ou mau 
funcionamento da barragem, independentemente da sua probabilidade de 
ocorrência, podendo ser graduado conforme a possibilidade de perda de vidas 
humanas, a geração de impactos sociais, econômicos ou ambientais. Ou ainda, 
este critério fornece subsídios para saber “o quê ou quem a onda de 
cheia/inundação da barragem atinge em caso de rompimento?” 
 
Cap.2 
1 
CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS 
Procedimentos na classificação de barragens 
Inicialmente, no âmbito do CNRH e com o objetivo de regulamentar os artigos 
7º e 20º da Lei 12.334/2010, foi criado o Grupo de Trabalho Interministerial, 
liderado pela CTIL (Câmara Técnica de Assuntos Legais e Institucionais do 
CNRH), para definição dos parâmetros e critérios sobre classificação de 
barragens, bem como diretrizes para implementação da PNSB, seus 
instrumentos e operacionalização do SNISB (NEVES, 2018, p. 26). 
A instituição deste grupo de trabalho e a posterior regulamentação dos artigos 
via CNRH foi importante para se obter uma equalização dos conceitos e 
padronização entre os órgãos fiscalizadores. No âmbito do grupo de trabalho, a 
resolução mais trabalhada foi a CNRH n. 143/2012, em que foram discutidos os 
itens e padrões que seriam utilizados para classificar as barragens brasileiras. 
A CNRH n. 143/2012 estabeleceu, então, os critérios para classificação das 
barragens pelos agentes fiscalizadores conforme a categoria de risco, o dano 
potencial associado e o volume reservado. Os únicos critérios que não foram 
estabelecidos nesta resolução foram os procedimentos e prazos de 
implementação, que ficaram a cargo dos agentes fiscalizadores para designá-
los a seus fiscalizados, devendo situar-se dentro dos prazos estabelecidos na 
Lei 12.334/2010. 
A classificação das barragens, feita por meio dos órgãos fiscalizadores, ocorre 
pela utilização de informações enviadas pelos seus fiscalizados ou quando da 
realização de coleta de informações in loco, para aferição das classificações 
recebidas. Porém, caso o empreendedor queira classificar novamente a sua 
barragem, que pode ocorrer devido a alterações nas condições de jusante, no 
estado de conservação, no Plano de Segurança de Barragens ou por quaisquer 
outros motivos, deverá solicitar a revisão ao órgão fiscalizador. A comprovação 
dos fatos novos deve ser baseada em estudos, preferencialmente no formato 
de relatos fotográficos (NEVES, 2018, p. 26). 
O órgão fiscalizador, visando atualizar as informações contidas no seu banco 
de dados, poderá seguir o estabelecido no artigo 4º da CNRH n. 143/2012: 
§2º Caberá ao órgão fiscalizador em, no máximo, a cada 5 (cinco) anos 
reavaliar, se assim considerar necessário, a classificação a que se refere 
o caput deste artigo. (CNRH, 2012, p. 3). 
Caso haja situações em que o empreendedor não apresente ou omita as 
informações pedidas, o órgão fiscalizador poderá aplicar a máxima pontuação 
para o critério em questão naquele momento. Por isso, é boa prática a 
manutenção da transparência frente aos contatos do órgão fiscalizador (CNRH, 
2012, p. 3). 
É interessante relembrar e destacar que, visando a considerar as 
características técnicas e operacionais de cada tipo de estrutura, as barragens 
foram diferenciadas em dois tipos: barragens para disposição de rejeito mineral 
e/ou resíduo industrial e barragens para acumulação de água. Adiante veremos 
com mais detalhes os efeitos desta diferenciação. 
Categoria de Risco e Dano Potencial Associado 
Como estudamos até aqui, a resolução CNRH n. 143/2012, no artigo 4º, trata 
da classificação das barragens quanto à Categoria de Risco (CRI), que são os 
aspectos relacionados à própria estrutura, e que podem influenciar na 
possibilidade de ocorrência de acidente. Agora, apresentando de forma 
detalhada, este artigo estabelece os seguintes critérios gerais (CNRH, 2012, p. 
2): 
» características técnicas: 
› altura do barramento; 
› comprimento do coroamento da barragem; 
› tipo de barragem quanto ao material de construção; 
› tipo de fundação da barragem; 
› idade da barragem; 
› tempo de recorrência da vazão de projeto do vertedouro; 
» estado de conservação da barragem: 
› confiabilidade das estruturas extravasoras; 
› confiabilidade das estruturas de adução; 
› eclusa; 
› percolação; 
› deformações e recalques; 
› deterioração dos taludes. 
» plano de segurança da barragem: 
› existência de documentação de projeto da barragem; 
› estrutura organizacional e qualificação dos profissionais da 
equipe técnica de segurança da barragem; 
› procedimentos de inspeções de segurança e de 
monitoramento; 
› regra operacional dos dispositivos de descarga da barragem; 
› relatórios de inspeção de segurança com análise e 
interpretação. 
 
Quanto ao Dano Potencial Associado (DPA), pode-se dizer que este critério 
não pode ser completamente gerenciado pelo empreendedor, pois o DPA 
depende diretamente do que existe a jusante da barragem, enquanto a 
Categoria de Risco é resultado das ações de manutenção feita nas estruturas. 
Basicamente, para classificar o DPA, considera-se o uso e ocupação do solo 
atualizados, sendo esta atualização uma questão de difícil operacionalização, 
dadas às grandes áreas com potencial atingimento, bem como a própria 
dinâmica local de ocupação destas regiões. 
De acordo com a resolução CNRH n. 143/2012, no artigo 5º, os critérios gerais 
a serem utilizados para classificação quanto ao dano potencial associado 
(DPA) na área afetada referem-se à existência de pessoas na região de jusante 
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do barramento com potencial de perda de suas vidas, à existência de 
construções de caráter habitacional ou equipamentos urbanos ou comunitários, 
à presença de infraestruturas, serviços, equipamentos de serviços públicos 
essenciais à população, à existência de áreas protegidas determinadas em 
outros atos legais, à origem dos rejeitos ou resíduos armazenados nos 
reservatórios das barragens e ao volume reservado (CNRH, 2012). 
Especificamente sobre o volume, o critério também foi dividido em dois tipos: 
para barragens para disposição de rejeito mineral e/ou resíduo industrial e 
barragens para acumulação de água, detalhados nos artigos 6º e 7º da 
Resolução CNRH n. 143/2012: 
 
Assim como na classificação da categoria de risco, a resolução CNRH n. 
143/2012 traz nos Anexo I e II, quadros para classificação das barragens para 
disposição de resíduos e rejeito, e para acumulação de água, respectivamente. 
 
Com a pontuação obtida nos quadros de Categoria de Risco (CRI) e Dano 
Potencial Associado (DPA), preenchem-se os quadros para a classificação final 
das barragens, conforme apresentado,de forma ilustrativa, na Figura 17 e na 
Figura 18. 
Tabela 1 – Anexo I – Barragens para disposição de resíduos e rejeitos – 
Quadro para classificação. 
NOME DA 
BARRAGEM 
 
NOME DO 
EMPREENDEDOR 
 
DATA 
 
I.1 - CATEGORIA DE RISCO 
 
PONTOS 
1 Características Técnicas (CT) 
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2 Estado de Conservação (EC) 
3 Plano de Segurança de Barragens (PS) 
PONTUAÇÃO TOTAL (CRI) = CT + EC + PS 0 
 
 
 
 
 
FAIXAS 
DE CLASSIFICAÇÃO 
CATEGORIA DE RISCO CRI 
ALTO 
> = 60 ou 
EC*=10 (*) 
MÉDIO 35 a 60 
BAIXO < = 35 
 (*)Pontuação (10) em qualquer coluna de Estado de Conservação (EC) implica 
automaticamente CATEGORIA DE RISCO ALTA e necessidade de providencias imediatas 
pelo responsável da barragem. 
I.2 - DANO POTENCIAL ASSOCIADO PONTOS 
 DANO POTENCIAL 
ASSOCIADO (DPA) 
 
 
 
 
FAIXAS 
DE CLASSIFICAÇÃO 
DANO POTENCIAL 
ASSOCIADO 
DPA 
ALTO > = 13 
MÉDIO 7 < DPA < 13 
BAIXO < = 7 
 
RESULTADO FINAL DA AVALIAÇÃO: 
 
 
CATEGORIA DE RISCO 
Alto / Médio / 
Baixo 
DANO POTENCIAL 
ASSOCIADO 
Alto / Médio / 
Baixo 
 
Fonte: CNRH, 2012, p. 5. 
Tabela 2 – Anexo II – Barragens para acumulação de água – Quadro para 
classificação. 
NOME DA BARRAGEM: 
NOME DO 
EMPREENDEDOR: 
 
DATA: 
 
II.1 - CATEGORIA DE RISCO PONTOS 
1 Características Técnicas (CT) 
2 Estado de Conservação (EC) 
3 Plano de Segurança de Barragens (PS) 
PONTUAÇÃO TOTAL (CRI) = CT + EC + PS 0 
 
 
 
FAIXAS 
DE CLASSIFICAÇÃO 
CATEGORIA DE RISCO CRI 
ALTO > = 60 ou EC* > 
=8 (*) 
MÉDIO 35 a 60 
BAIXO < = 35 
 (*) Pontuação (maior ou igual a 8) em qualquer coluna de Estado de 
Conservação (EC) implica automaticamente CATEGORIA DE RISCO ALTA e necessidade de 
providencias imediatas pelo responsável da barragem. 
 
II.2 - DANO POTENCIAL ASSOCIADO PONTOS 
 
 
DANO POTENCIAL 
ASSOCIADO (DPA) 
 
 
 FAIXAS 
DE CLASSIFICAÇÃO 
DANO POTENCIAL 
ASSOCIADO 
DPA 
 
 
 
ALTO > = 16 
MÉDIO 10 < DPA < 16 
BAIXO < = 10 
 
RESULTADO FINAL DA 
AVALIAÇÃO: 
 
 
CATEGORIA DE RISCO Alto / Médio / 
Baixo 
DANO POTENCIAL 
ASSOCIADO 
Alto / Médio / 
Baixo 
 
Fonte: CNRH, 2012, p. 10. 
Apesar de ser uma área de atuação especializada, o universo das barragens é 
bastante diversificado. Com o objetivo de diferenciá-las, em relação à sua 
abrangência e frequência de ações de segurança, os órgãos fiscalizados 
criaram Matrizes de Risco e Dano Potencial Associados específicos para as 
barragens sob sua responsabilidade. Esta organização também acaba 
contribuindo para ser uma ferramenta de planejamento e gestão. 
Portanto, de forma resumida, as barragens são classificadas da seguinte 
forma, de acordo com cada órgão fiscalizador: 
» ANM: classes A, B, C, D ou E; 
» ANA: classes A, B, C ou D; 
» ANEEL: classes A, B ou C. 
 
Ainda em relação aos procedimentos de cadastro e classificação das 
barragens, estudaremos a seguir algumas particularidades adotadas pelos 
órgãos fiscalizadores, visando a adaptar as diretrizes gerais estabelecidas pela 
CNRH n. 143/2012. 
 
 
 
 
Cap.3 
 
1 
CRITÉRIOS DOS ÓRGÃOS FISCALIZADORES 
Devido às características específicas de cada setor, alguns órgãos 
fiscalizadores, como a ANEEL e a ANM, propuseram o acréscimo de algumas 
informações ou adequações nos seus critérios de classificação das barragens, 
como veremos a seguir. 
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica 
Para a classificação das barragens com a finalidade de exploração de 
potenciais de energia hidráulica, foram estabelecidos critérios técnicos pela 
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), editados pela Resolução 
Normativa n. 696/2015. De acordo com a resolução normativa e seguindo o 
padrão da legislação, cabe ao empreendedor (concessionário ou autorizado) 
classificar a barragem, conforme a categoria de risco, o dano potencial 
associado e o volume do reservatório. 
As barragens objeto de fiscalização da ANEEL são, em geral, as maiores entre 
os barramentos existentes. Assim, esta agência editou quadro próprio para a 
classificação de suas estruturas, visando a adequar a realidade destas 
estruturas ao setor elétrico. Em relação ao quadro proposto pela Resolução 
CNRH n. 143/2012 para acumulação de água, foi adicionado mais um campo 
nas Características Técnicas (CT), denominado “Casa de Força (g)”, alterando, 
portanto, sutilmente as pontuações nas análises, conforme mostra a Figura 6. 
Tabela 4 – Quadro para classificação das barragens: destaque para os critérios 
modificados na Resolução Normativa n. 696/2015 ANEEL. 
ANEXO II CRITÉRIOS PARA CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS 
MATRIZ PARA CLASSIFICAÇÃO DAS BARRAGENS DE ACUMULAÇÃO DE 
ÁGUA 
 
 
Fonte: Adaptado de BRASIL, 2015, p. 10. 
Em relação aos prazos, para as usinas existentes, os empreendedores 
encaminharam as classificações das barragens sob sua responsabilidade em 
até 6 (seis) meses, que foram contados a partir da publicação da Resolução 
Normativa. Para as usinas novas, o prazo deve sempre ser contado a partir do 
início da operação comercial da primeira unidade geradora. 
Nos casos que houver mais de uma estrutura de barramento em um mesmo 
empreendimento, os critérios considerados para a barragem de maior 
pontuação deverão ser estendidos às demais estruturas. Outro item que deve 
ser destacado na resolução é que a área de abrangência para avaliação do 
dano potencial associado deverá compreender as barragens de jusante que 
disponham de capacidade para amortecimento da cheia associada ao 
rompimento (BRASIL, 2015, p. 2). Este é um assunto de ampla discussão no 
setor elétrico, pois envolve a articulação entre os empreendedores na busca da 
melhor forma de modelagem do chamado “efeito cascata” de ruptura de 
barragens. 
 
Após o recebimento das informações dos empreendedores, a ANEEL deverá 
publicar relatório, conforme disposto no artigo 5º da Resolução Normativa n. 
696/2015: 
Art. 5º A ANEEL publicará relatório de classificação das barragens fiscalizadas 
em até seis meses contados a partir do término de cada ciclo de classificação. 
§ 1º O ciclo de classificação tem periodicidade anual e iniciar-se-á no primeiro 
dia útil do mês de novembro. (BRASIL, 2015, p. 2). 
Apesar dos prazos estabelecidos, o empreendedor poderá solicitar revisão de 
sua classificação; para tanto, deve apresentar estudo comprobatório. 
ANM – Agência Nacional de Mineração 
Para o cadastro e classificação das barragens do setor de mineração, a 
Agência Nacional de Mineração (ANM) publicou em 19 de maio de 2017 a 
Portaria ANM n. 70.389, a qual criou o Cadastro Nacional de Barragens de 
Mineração e dispôs sobre o Plano de Segurança, Revisão Periódica de 
Segurança e Inspeções Regulares e Especiais de Segurança das Barragens de 
Mineração e o Plano de Ações de Emergência para Barragens de Mineração 
(PAEBM). 
Para a elaboração do texto da Portaria n. 70.389, a ANM precisou adequar a 
definição de barragens e reservatórios, descritos na Lei 12.334/2010,para a 
realidade do setor de mineração. Assim, buscando considerar estas definições, 
de forma coerente e assertiva para o que se denominaria “Barragens de 
Mineração”, a ANM efetuou um trabalho minucioso e cuidadoso na elaboração 
da sua regulamentação (NEVES, 2018, p. 46). O resultado deste trabalho é a 
definição estabelecida no artigo 2º da Portaria ANM 70.389/2017: 
II. Barragens de Mineração: barragens, barramentos, diques, cavas com 
barramentos construídos, associados às atividades desenvolvidas com base 
em direito minerário, construídos em cota superior à da topografia original do 
terreno, utilizados em caráter temporário ou definitivo para fins de contenção, 
acumulação, decantação ou descarga de rejeitos de mineração ou de 
sedimentos provenientes de atividades de mineração com ou sem captação de 
água associada, compreendendo a estrutura do barramento e suas estruturas 
associadas, excluindo-se deste conceito as barragens de contenção de 
resíduos industriais; (DNPM, 2017, p. 3). 
O cadastramento das barragens de mineração na ANM é obrigatório e deve ser 
feito pelo empreendedor, aplicando-se a toda a qualquer barragem da 
mineração, estando ela inserida ou não na PNSB. Além disso, é obrigatória a 
elaboração do mapa de inundação simplificado para o empreendimento. Os 
demais dispositivos da Portaria n. 70.389/2017 se aplicam às Barragens de 
Mineração inseridas na PNSB, ou seja, que apresentem pelo menos uma das 
características estabelecidas no parágrafo único do artigo 1º da Lei 
12.334/2010. Para conhecimento, o texto da referida portaria diz o seguinte: 
Art. 3º As barragens de mineração serão cadastradas pelo empreendedor, 
diretamente no Sistema Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de 
Mineração – SIGBM, integrando o Cadastro Nacional de Barragens de 
Mineração. 
§ 1º O empreendedor é obrigado a cadastrar todas as barragens de mineração 
em construção, em operação e desativadas sob sua responsabilidade, em 
consonância com o parágrafo único do art. 13 da Lei n. 12.334/2010 de acordo 
com a periodicidade expressa no art. 4º desta Portaria. 
§2º Para o caso de descadastramento por fechamento ou descaracterização de 
uma barragem de mineração, o empreendedor deverá apresentar ao DNPM 
por meio do SIGBM, documento atestando o fechamento ou a 
descaracterização da citada estrutura elaborado por profissional legalmente 
habilitado acompanhado da respectiva anotação de responsabilidade técnica 
de acordo com o art. 44, ou de cópia de documento expedido pelo órgão 
ambiental específico comprovando o que trata este parágrafo. 
§ 3º Quando houver mais de uma estrutura de barramento, seja com função de 
fechamento de sela topográfica ou para compartimentação interna em um 
mesmo reservatório, os critérios considerados no segmento de barragem de 
maior pontuação devem ser estendidos às demais estruturas, não devendo ser 
cadastrada como uma barragem de mineração independente. 
§4º Os estudos e planos a serem executados para o barramento principal 
devem abranger as situações peculiares de cada estrutura auxiliar de 
contenção do reservatório, os mapas de inundação e as análises de 
risco. (DNPM, 2017, p. 9). 
O cadastramento de barragens de mineração novas deverá ser efetuado pelo 
empreendedor, por meio do SIGBM, antes do início do primeiro enchimento. Já 
as barragens de mineração em construção devem ser cadastradas pelo 
empreendedor no SIGBM em campo específico com menos informações a 
serem imputadas no sistema. As alterações dos dados de responsabilidade do 
empreendedor contidos no SIGBM podem ser feitas a qualquer tempo ou por 
solicitação da ANM (DNPM, 2017, p. 10). 
A atualização da classificação das barragens de mineração é feita de acordo 
com o quadro de classificação, analisando-se o risco e ao dano potencial 
associado, e ela deve ocorrer a cada 5 (cinco) anos, ou em menor período, a 
critério da ANM. 
Assim, como a ANEEL, e devido às características singulares das barragens de 
mineração anteriormente citadas, a ANM também elaborou quadro próprio para 
classificação de suas estruturas. Em relação ao quadro proposto pela 
Resolução CNRH n. 143/2012 para barragens para disposição de resíduos e 
rejeitos, foram adicionado dois campos nas Características Técnicas (CT), 
alterando, portanto, as pontuações nas análises, conforme mostra Figura 24 e 
Figura 25. 
Tabela 5 – Matriz de classificação para a Categoria de Risco: destaque para os 
campos inseridos na Portaria n. 70.389/2017 – ANM. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 3 - RELATÓRIO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS E O SISTEMA 
NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE SEGURANÇA DE BARRAGENS 
 
Entre os órgãos fiscalizadores, a ANA ficou responsável pela implementação 
da Política Nacional de Segurança de Barragens. Com a Lei n. 12.334/2010, o 
órgão teve incorporadas as competências de fiscalizador da segurança das 
barragens de acumulação de água por ela outorgáveis (exceto aquelas cujo 
uso preponderante seja a geração hidrelétrica), e suas inerentes obrigações, 
além das atribuições de: organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de 
Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB); promover a articulação 
entre os órgãos fiscalizadores de barragens; e coordenar a elaboração do 
Relatório de Segurança de Barragens e encaminhá-lo, anualmente, ao 
Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), de forma consolidada. A 
dinâmica de funcionamento destas atividades e documentos veremos a seguir. 
1 
SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE SEGURANÇA DE BARRAGENS 
(SNISB) 
O Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB), 
estabelecido no artigo 13° da Lei 12.334/2010, é uma plataforma informatizada 
de suporte à PNSB e tem como objetivo informar sobre as condições de 
segurança de barragens em todo o país e permitir o acompanhamento dos 
avanços na implementação da PNSB (ANA, 2017, p. 69). Compreende um 
sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação das suas 
informações, devendo contemplar barragens em construção, operação e 
desativadas. O objetivo é obter dados relacionados a segurança de barragens 
em todo o território nacional, disponibilizando-os no site da ANA a toda a 
sociedade civil. 
 
Como temos estudado até aqui, este sistema é composto pelos órgãos 
fiscalizadores, que recebem informações das barragens dos empreendedores 
sob sua jurisdição. Estas informações são repassadas para a ANA, na qual é 
feita a compilação dos dados em um documento único, o Relatório Anual de 
Barragens, permitindo, assim, uma gestão unificada das barragens no país. No 
âmbito legal, o sistema foi regulamentado pela Resolução CNRH n. 144/2012, 
conforme descrito abaixo: 
Art. 16. O Sistema Nacional de Segurança de Barragens - SNISB tem o 
objetivo de coletar, armazenar, tratar, gerir e disponibilizar para a sociedade as 
informações relacionadas à segurança de barragens em todo o território 
nacional. 
Art. 17. São responsáveis diretos pelas informações do SNISB: 
I - Agência Nacional de Águas (ANA), como gestora e fiscalizadora; 
II - órgãos fiscalizadores, conforme definido no artigo 5º da Lei n. 12.334, de 
2010; 
III – empreendedores. 
Art. 18. Compete à ANA, como gestora do SNISB: 
I - desenvolver plataforma informatizada para sistema de coleta, tratamento, 
armazenamento e recuperação de informações, devendo contemplar barragens 
em construção, em operação e desativadas; 
II - estabelecer mecanismos e coordenar a troca de informações com os 
demais órgãos fiscalizadores; 
III - definir as informações que deverão compor o SNISB em articulação com os 
demais órgãos fiscalizadores; e 
IV - disponibilizar o acesso a dados e informações para a sociedade por meio 
da Rede Mundial de Computadores. 
Art. 19. Compete aos órgãos fiscalizadores: 
I - manter cadastro atualizado das barragens sob sua jurisdição; 
II - disponibilizar permanentemente o cadastro e demais informações sobre as 
barragens sob sua jurisdição e em formato que permita sua integraçãoao 
SNISB, em prazo a ser definido pela ANA em articulação com os órgãos 
fiscalizadores; 
III - manter atualizada no SNISB a classificação das barragens sob sua 
jurisdição por categoria de risco, por dano potencial associado e pelo seu 
volume; 
Art. 20. Compete aos empreendedores: 
I - manter atualizadas as informações cadastrais relativas às suas barragens 
junto ao respectivo órgão fiscalizador; 
II - articular-se com o órgão fiscalizador, com intuito de permitir um adequado 
fluxo de informações. (CNRH, 2012, p. 4). 
Com o objetivo de facilitar o desenvolvimento do sistema, diminuir a sua 
complexidade e assim alcançar os objetivos propostos na lei, a ANA adotou 
para a construção do SNISB uma estratégia baseada num conceito modular e 
por fases. Esta estratégia facilitará atualizações e expansões futuras, 
garantindo flexibilidade na inserção de novas funcionalidades e adaptações 
progressivas no sistema. 
A Tabela 7 a seguir apresenta as principais funcionalidades do SNISB e a 
forma de interação das entidades fiscalizadoras com esses módulos. 
Tabela 7 – Interação das entidades fiscalizadoras com o SNISB. 
MÓDULO Principais funcionalidades 
Forma de interação com o 
SNISB pela Entidade Fiscalizadora 
ENTIDADES 
Gerenciamento de informações sobre pessoas e 
organizações 
Criar, excluir e alterar pessoas e organizações, 
desde que afetas às barragens por si fiscalizadas. 
CADASTRO 
Consolidar, numa base de dados única, os 
diversos cadastros das entidades fiscalizadoras 
Carga inicial do sistema com um arquivo xls 
contendo seu cadastro de barragens. 
 
 
Inclusão, alteração e exclusão de barragens por 
meio do Portal do SNISB. 
CLASSIFICAÇÃO 
Manter no SNISB o resultado da Classificação 
das Barragens; disponibilizar uma ferramenta 
de apoio para a classificação. 
Inclusão da classificação final das barragens por 
si fiscalizadas; 
 
Poderá utilizar ferramenta para apoiar o cálculo, 
que segue a Res. 143/2012 do CNRH. 
PLANO DE 
SEGURANÇA DE 
BARRAGENS - PSB 
Gerenciamento de informações gerais sobreo 
PSB 
Inserir, alterar e excluir informações relacionadas 
ao PSB. 
 
 
Envio (Upload) do PAE, do documento de 
inspeção, do resumo executivo da Revisão 
Periódica e da documentação de projeto. 
EVENTOS ADVERSOS 
Registro de incidentes e acidentes, e de 
eventos como cheias e sismos 
Inserir características de eventos adversos e 
respectivas medidas corretivas. 
RELATÓRIO DE 
SEGURANÇA DE 
BARRAGENS - RSB 
Disponibilizar anualmente um questionário 
para recolher informações utilizadas no RSB 
Preencher o questionário e submetê-lo no prazo 
estipulado pela ANA. 
FISCALIZADOR 
Registro das vistorias realizadas pela Entidade 
Fiscalizadora 
Preencher informações sobre vistorias; 
 Envio (Upload) do Relatório de Vistoria. 
 
Fonte: ANA, 2017, p. 71. 
Como vimos anteriormente, para regulamentar os artigos 7º e 20º da Lei 
12.334/2010, foi criado o Grupo de Trabalho Interministerial, liderado pela CTIL 
(Câmara Técnica de Assuntos Legais e Institucionais do CNRH), que ficou 
responsável pelo estabelecimento dos parâmetros e outras definições sobre a 
classificação das barragens, bem como pelas diretrizes para implementação da 
PNSB, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de 
Informações sobre Segurança de Barragens. 
Assim, a CNRH n. 144/2012 é o documento que estabelece os critérios para o 
envio de informações a ANA. Esta agência, por sua vez, elabora anualmente o 
RSB, que é submetido, posteriormente, à apreciação e aprovação do 
Congresso Nacional. Os prazos e a sistemática de envio e compilação de 
informações, desde o empreendedor até o Congresso Nacional são assim 
descritos na CNRH n. 144/2012: 
Art. 11. Os empreendedores terão prazo até 31 de janeiro de cada ano para 
enviar aos órgãos fiscalizadores as informações necessárias para elaboração 
do Relatório de Segurança de Barragens. (NR) 
Art. 12. Os órgãos fiscalizadores terão prazo até 30 de abril de cada ano para 
enviar à ANA as informações necessárias para a elaboração do Relatório de 
Segurança de Barragens. (NR) 
Parágrafo único. A ANA deverá informar no Relatório de Segurança de 
Barragens o não recebimento das informações solicitadas aos órgãos 
fiscalizadores. 
Art. 13. A ANA deverá encaminhar o Relatório de Segurança de Barragens ao 
CNRH até 31 de agosto, de forma consolidada. (NR) 
Art. 14. Fica instituído o Grupo de Trabalho no âmbito da Câmara Técnica de 
Análise de Projeto (CTAP) com o objetivo de analisar o relatório elaborado pela 
ANA e propor as recomendações para a melhoria da segurança de barragens. 
(NR) 
Parágrafo único. O GT será constituído por dois membros de cada segmento 
representado na CTAP. (NR) 
Art. 15. Cabe ao CNRH, anualmente, apreciar o Relatório de Segurança de 
Barragens, fazendo, se necessário, recomendações para melhoria da 
segurança das obras, bem como encaminhá-lo ao Congresso Nacional até 31 
de dezembro de cada ano. (NR). (CNRH, 2012, p. 3). 
 
 
 
Cap.2 
1 
RELATÓRIO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS - RSB 
O Relatório de Segurança de Barragens é um instrumento importante dentro do 
tema “segurança de barragens” no país. Seu objetivo principal é disponibilizar 
as informações sobre as barragens a toda a população brasileira. Nesta 
diretriz, o RSB cumpre um papel importante em relação à comunicação dos 
conceitos envolvidos neste tema, iniciando com conceitos básicos, relatando 
sobre as informações coletadas junto aos órgãos fiscalizadores e 
empreendedores e, por fim, envolvendo o leitor (ou a população) no assunto. 
De acordo com os dados publicados no RSB 2019, as barragens para 
acumulação de água no Brasil estavam assim distribuídas: 
 
Já as barragens para usos relacionados a mineração e produção industrial 
encontravam-se distribuídas da seguinte forma: 
 
 
Vale destacar que o RSB é um instrumento que se relaciona com todos os 
demais, pois as informações que estão contidas nele são provenientes de 
outros instrumentos da PNSB, consolidados neste documento. Além do mais, 
sendo um relatório, o RSB servirá como um referencial importante e registro 
histórico da evolução da gestão de segurança de barragens no Brasil. 
As informações coletadas e que fazem parte do RSB são aquelas 
minimamente necessárias para a elaboração deste documento, conforme 
estabelecido na Resolução CNRH n. 144/2012 e resumidas na Figura 29. 
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O RSB utiliza para análise o total de barragens enquadradas na Lei n. 
12.334/2010, de acordo com os requisitos estabelecidos nos incisos do 
parágrafo único, do artigo 1º, pois este é o conjunto de empreendimentos mais 
significativo para o relatório. 
De acordo com o Relatório de Segurança de Barragens (RSB) elaborado pela 
ANA em 2019, constavam no SNISB cerca de 19.388 barragens, tendo 8.559 
(44%) informações sobre altura, 15.821 (82%) informações sobre volume de 
reservatório e 8.763 (45%) algum tipo de ato de autorização (outorga, 
concessão, autorização, licença, entre outros). Assim, considera-se que estas 
barragens estão regularizadas (ANA, 2020, p. 28). 
Ainda segundo o autor, estes números são superiores ao do ano anterior 
(2018), o que demonstra que houve um aumento da atuação dos órgãos 
fiscalizadores por meio da identificação, levantamento de outorgas e 
cadastramento das barragens no SNISB. Apesar disto, no RSB 2019, cerca de 
61% das barragens ainda não tinham informações suficientes para avaliar se 
estavam submetidas à PNSB ou não. 
 
Entre estes 61% das barragens (ou 11.767), o maior passivo de informações 
encontra-se com as barragens de acumulação de água. Ainda segundo o 
documento, o ritmo de crescimento

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