Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Cap. 1 1 PANORAMA INTERNACIONAL SOBRE REGULAMENTAÇÃO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS Podemos entender por “segurança de barragem” uma condição que busca manter a integridade da estrutura e sua operação contínua, minimizando os riscos de eventuais incidentes ou acidentes, de modo que a barragem cumpra sua finalidade. E isto deve ocorrer sempre junto com os cuidados de preservação da vida, da saúde, da propriedade e do meio ambiente. Em outras palavras, uma barragem segura é uma barragem bem cuidada, na qual o trabalho de profissionais e o direcionamento adequado de recursos são norteados pelas boas práticas das técnicas de engenharia. Todos estes passos ocorrem desde o momento da concepção do empreendimento, passando pela fase de elaboração de bons projetos, de uma construção que sigas as recomendações das boas técnicas, chegando até as fases de primeiro enchimento do reservatório, manutenção das estruturas, operação e (caso necessário) desativação das barragens (ANA, 2020, p. 25). Esta definição para o tema “segurança de barragens” é bastante completa e pode ser aplicada em diversas localidades. Além disto, podemos afirmar que o conhecimento sobre o tema também não é novo, sendo, antes, tratado há várias décadas pelo mundo afora, como veremos a seguir. Nos Estados Unidos Nos Estados Unidos, as diretrizes referentes à segurança de barragens são estabelecidas por de leis e instituições subordinadas à Federal Emergency Management Agency (FEMA) (Agência Federal de Gestão de Emergências). Esta agência foi criada em 1979 com o objetivo de auxiliar o governo federal na gestão das ações de prevenção, mitigação e recuperação, em caso de desastres com barragens (PEREIRA, 2019, p. 31). De acordo com a FEMA, os proprietários de barragens são os responsáveis legais pela segurança, manutenção, execução de melhorias e reparos em suas barragens. Nos Estados Unidos, embora a maior parte da infraestrutura seja pertencente às entidades públicas, as barragens, em sua maioria, pertencem à iniciativa privada (ZUFFO e GENOVEZ, 2009, p. 6). O governo federal norte-americano, representado pela FEMA, adota diretrizes e instrumentos descritos no Programa Nacional de Segurança de Barragens (NDSP – National Dam Safety Program), para conduzir e promover a realização das atividades em barragens outorgadas às agências federais. Tais práticas visam ainda a influenciar as diretrizes estaduais e privatizadas de segurança, propondo ainda parcerias, com disponibilização de recursos financeiros, treinamentos e pesquisas (PEREIRA, 2019, p. 32). Ainda em relação ao Programa Nacional de Segurança de Barragens, duas entidades federais, presididas pela FEMA, desempenham um importante papel para determinar as diretrizes do programa: o National Dam Safety Review Board (Comissão Nacional Revisora em Segurança de Barragens) e a Interagency Committee on Dam Safety (ICODS) (Comitê de Interagências sobre Segurança de Barragens) (ZUFFO e GENOVEZ, 2009, p. 7). No caso da organização legal norte-americana, os estados têm independência em sua atuação no que tange à elaboração de leis sobre segurança de barragens, desde que estas sejam revisadas e aprovadas pela FEMA, podendo, ainda, ser revogadas as suas aplicações (MENESCAL, 2009). Os instrumentos e orientações de aplicação do NDSP elaborados pelo ICODS, aprovados e adotados pela FEMA, são os seguintes (PEREIRA, 2019, p. 32): » FEMA 64: plano de ação de emergência para empreendedores; » FEMA 65: análises de terremotos e design de barragens; » FEMA 93: diretrizes federais para seguranças de barragens; » FEMA 148: glossário de termos; » FEMA 333: sistema de classificação de barragens de risco potencial; » FEMA P-94: seleção e adequação de design de propagação de ondas; » FEMA P-946: mapeamento de inundações de riscos de enchentes associados com acidentes e rompimento de barragens; » FEMA P-1025: diretrizes federais para gerenciamento de risco de segurança de barragens. Em relação aos requisitos, para fins diversos de uso e para serem enquadradas na legislação, segundo a FEMA 93, as barragens devem preencher pelo menos um dos seguintes itens (PEREIRA, 2019, p. 32): » altura, considerada desde o leito natural do curso hídrico a jusante ou desde o ponto mais baixo do maciço até o nível máximo do volume represado, igual ou superior a 25 pés (7,62 m); » capacidade do reservatório igual ou superior a 50 acre-pés (61.674 m³); » risco a jusante potencialmente significativa, independentemente das dimensões. Em linhas gerais, as regulamentações estaduais criam as figuras dos órgãos fiscalizadores próprios. Estes, por sua vez, metodologias de classificação de barragens para pontuação das atividades de acompanhamento, direcionando a responsabilidade sobre as barragens para o proprietário. Assim, o “dono” da barragem deve se responsabilizar pelo gerenciamento das atividades de inspeção e monitoramento durante o período operativo (MENESCAL, 2009). Na China Na China, as barragens podem ser divididas em dois tipos: para uso dos recursos hídricos, sob jurisdição do Ministério de Recursos Hídricos (MRH), e para a geração de energia elétrica, sob responsabilidade da Empresa Estatal de Energia (EEE). Em termos de responsabilidade legal, cabe ao proprietário cuidar da barragem, tendo o governo a função de supervisionar e orientar ações relativas ao tema (PEREIRA, 2019, p. 33). Em 1985, a EEE criou o Centro de Supervisão de Segurança de Grandes Barragens (CSSGB). Na sequência, o MRH criou o Centro de Monitoramento de Segurança de Barragens (CMSB), que, em 1995, viria a se chamar Centro de Gerenciamento de Segurança de Barragens (CGSB). Em 1987, o CSSGB liderou uma série de inspeções nas barragens da EEE, que teve a duração de 12 anos, vistoriando 96 estruturas. Isto colaborou para o desenvolvimento e aprimoramento técnico dos profissionais envolvidos com segurança de barragens, reforçando a conscientização para a realização de inspeções regulares de segurança. Esta empreitada gerou resultados interessantes, com a implementação de medidas corretivas, como: execução de alteamentos, tratamentos de trincas e fissuras em estruturas, reparos de infiltrações e instalação de instrumentos de monitoramento, compondo, futuramente, o Programa de Modificações de Monitoramento de Segurança de Barragens das Estações Hidrelétricas, em 1992 (PEREIRA, 2019, p. 34). Atualmente a segurança de barragens na China é realizada com base nas análises de integridade das estruturas, monitoramento da instrumentação civil instalada, operação e planejamento das eventuais emergências (CUIYUN, XIN, et al., 2010), sendo regida pela seguinte legislação (CSRES, 2021): » DL/T 1134-2009 - Unidade de aquisição automática de dados do monitoramento de segurança de barragem; » DL/T 1321-2014 - Padrões para estrutura e identificação do banco de dados de monitoramento de segurança de barragens; » DL/T 1558-2016 - Código para operação e manutenção do sistema de monitoramento de segurança de barragens; » DL/T 1735-2017 - Tecnologia básica de cabos de instrumentação de monitoramento de segurança de barragens; » DL/T 1754-2017 - Especificação técnica para sistema de informações de gerenciamento de segurança de barragens para usina hidrelétrica em operação; » DL/T 1901-2018 - Guia para planos de preparação para emergências para grandes barragens de usinas hidrelétricas em operação; » DL/T 324-2010 - Protocolo de comunicação para sistema de automação de monitoramento de segurança de barragens; » DL/T 5211-2005 - Especificação técnica para automação de monitoramento de segurança de barragens; » DL/T 5313-2014 - Guia para Avaliação de Segurança de Grandes Barragens de Usinas Hidrelétricas em Operação (versão em inglês); » DL/T 5385-2007 - Especificação para supervisão de construção do sistema de monitoramento de segurança debarragens; » GB/T 22385-2008 - Especificação para aceitação do sistema de monitoramento de segurança de barragens; » SL 258-2017 - Diretrizes para Avaliação de Segurança de Barragens; » SL 268-2001 - Especificação fundamental de equipamentos de sistema de automação para monitoramento de segurança de barragens; » SL 530-2012 - Especificação para verificação e teste de instrumentos de monitoramento de segurança de barragens; » SL 531-2012 - Norma para instalação de instrumentos de monitoramento de segurança de barragens; » SL 621-2013 - Norma para desmantelamento de instrumento de monitoramento de segurança de barragem; » SL/Z 720-2015 - Diretrizes para o plano de preparação para emergências do gerenciamento de segurança de barragens de reservatórios; » SL 766-2018 - Especificação técnica para identificação do sistema de monitoramento de segurança de barragens. A legislação vigente, referente à avaliação de segurança de barragens na China (SL 258-2017), é aplicável para barragens com pelo menos uma das seguintes características (CHINA, 2017): » altura, no mínimo, de 15 (quinze) metros; » volume do reservatório maior ou igual a 1 (um) milhão de metros cúbicos. Ainda com base nesta mesma lei, as características técnicas das barragens são avaliadas de acordo com a capacidade de controle de cheias, ocorrência de percolações, segurança estrutural, efeitos de sismos e segurança das estruturas metálicas. Estes critérios são divididos em três níveis: Classe A (seguro e confiável), Classe B (segurança mínima, mas incompleta) e Classe C (inseguro). Em relação à avaliação da qualidade da engenharia de manutenção efetuada, a SL 258-2017 classifica as análises em: qualificadas, qualificadas básicas e não qualificadas. A avaliação da gestão operacional, por sua vez, é dividida em: normativo, normativo comparativo e não padrão. Já as ações de monitoramento dos barramentos por meio de inspeções são feitas de três formas (CUIYUN, XIN, et al., 2010): » inspeções diárias, efetuadas na própria rotina de operação do barramento, com acompanhamento sistemático das eventuais anomalias identificadas; » inspeções anuais, realizadas pela equipe técnica especializada, normalmente antes e depois das épocas chuvosas, bem como ao término de cada ano; » inspeções especiais, efetuadas quando são identificados sinais de danos ou potenciais danos que possam comprometer a integridade e segurança operacional das estruturas. Em Portugal Em Portugal, os órgãos e entidades que atuam no tema segurança de barragens são a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), a Autoridade Nacional de Proteção e Defesa Civil (ANPC) e a Comissão de Segurança de Barragens (CSB). O histórico legislativo neste país teve início na década de 1990. Em 6 de janeiro de 1990, foi publicado o decreto-lei n. 11, sendo posteriormente revisado por meio do decreto-lei n. 344, de 15 de outubro de 2007, ambos estabeleciam diretrizes para as atividades de segurança de barragens de grande porte. Para as barragens de menor porte, em 14 de dezembro de 1993, havia-se promulgado o decreto-lei n. 409. Atualmente, a legislação vigente neste país, em substituição às anteriormente citadas, é o decreto-lei n. 21, de 28 de março de 2018, que estabelece dois outros instrumentos de atuação: o Regulamento de Segurança de Barragens (RSB) e o Regulamento de Pequenas Barragens (RPB). Um dos objetivos do decreto-lei n. 21 é buscar enquadrar todas as barragens construídas no país (PEREIRA, 2019, p. 38). Desta forma, o RSB e o RPB são aplicados para barragens da seguinte forma (PORTUGAL, 2018, p. 1433): » RSB: aplicado para barragens de grande porte, com altura igual ou maior a 15 m, ou com altura igual ou maior a 10 m e com reservatório com volume superior da 1 hm³; » RPB: aplicado para barragens não enquadradas no RSB, com altura inferior a 10 m ou com altura igual ou maior a 10 m e menor que 15 m com reservatório com volume inferior a 1 hm³; » as barragens com altura inferior a 2 m, medida da cota do talvegue à cota do coroamento, não são enquadradas no decreto- lei n. 21. A classificação das barragens por meio do decreto-lei n. 21 é feita de acordo com o dano potencial associado e com o estado de conservação das estruturas, sendo divididas em três classes: Classe I, II e III. Esta avaliação tem como base as características técnicas do barramento e o dano potencial em relação às vidas humanas, bens e ao meio ambiente. Quanto às situações de emergência com barragens, o RSB estabelece que deve existir um plano de emergência interno e outro externo. No primeiro, cuja elaboração compete ao empreendedor, deverá compreender a região da zona de autossalvamento (ZAS), que termina quando o tempo de chegada de onda é igual a 30 min ou com o mínimo de 5 km de distância do barramento. No segundo, a responsabilidade é dada ao sistema de proteção e defesa civil. Para as barragens de classe I, do RSB, são exigidos ambos os planejamentos de emergência. Para as barragens classe II, são exigidos planejamentos simplificados de segurança. (PORTUGAL, 2018, p. 1436). Sobre as atividades de manutenção, o RSB solicita que seja elaborado um plano de observação, que direciona a execução das inspeções visuais e as análises dos comportamentos históricos das estruturas que compõem as barragens. As grandezas monitoradas, a metodologia aplicada e a periodicidade destas atividades são determinadas pelo próprio empreendedor, conforme as Normas de Observação e Inspeção de Barragens (Portaria 847/93), sujeitas, ainda, à aprovação da Autoridade Nacional de Segurança de Barragens (PORTUGAL, 2018, p. 1442). Para as barragens de classe I, que estão sujeitas ao RSB, a Autoridade Nacional de Segurança de Barragens tem o direito de efetuar inspeções quando necessário. O RPB, por outro lado, determina que o empreendedor deve providenciar as inspeções de barragens, que devem ser realizadas anualmente, antes dos períodos chuvosos e após a ocorrência de eventos excepcionais, enviando os relatórios à autoridade competente (PEREIRA, 2019, p. 40). Na Austrália A segurança de barragens na Austrália iniciou-se, legalmente, em 1978, com o lançamento do Dam Safety Act 1978 (Decreto de Segurança de Barragens de 1978). Em dezembro de 2000, visando a complementar o conjunto de lei publicado em 1978, é lançado o Dam Safety Code (Código de Segurança em Barragens). O objetivo desse código é garantir que as barragens sejam gerenciadas de forma adequada, minimizando a ocorrência de operações inseguras ou ainda, de rompimentos que possam resultar na perda de vidas humanas, danos a bens materiais e ao meio ambiente (ACTPC, 2018, p. 1). O código determina que todos os barramentos devem ser operados e mantidos de acordo com as diretrizes da ANCOLD - Comissão Australiana de Grandes Barragens (Australian Comission on Large Dams) - e da NSW Diretrizes Técnicas do Comitê de Segurança de Barragens (NSW Dam Safety Commmitee Technical Guidelines) (ACTPC, 2018, p. 2). De acordo com a legislação australiana, deve-se elaborar anualmente um relatório de segurança para cada barragem. Em conjunto com esta atividade, deve-se manter um programa de fiscalização de barragens, que terá como base as práticas de engenharia definidas nos guias da ANCOLD e da NSW, elaborado com a supervisão de um engenheiro de segurança de barragens. Todas as barragens, em até seis meses após a obtenção da licença para operação e, depois disto, anualmente, devem elaborar um documento preliminar do plano de emergência de barragens, submetendo-o ao chefe executivo para a sua aprovação. Segundo a legislação, o documento deve ser composto de informações sobre os detalhes dos cenários de emergência (tipos de falhas, cheias, sismos e ocorrências de pouca frequência); dos mapas de inundação para os casos de falha, falha rápidaou overtoppings; deve trazer as definições das responsabilidades dos empregados do empreendimento e as ações a serem executadas; deve ainda identificar órgãos que sejam relevantes durante a emergência; deve trazer regras para prontidão nos casos de emergência e sua classificação; deve estabelecer planos de comunicação e atribuições de cada autoridade envolvida no processo, como gerentes ou responsáveis pelas barragens, engenheiros de segurança, polícia federal, departamento de emergências da polícia federal, etc.; e, por fim, deve trazer detalhes sobre todos os tipos de equipamentos de segurança que se encontram instalados nas estruturas (ACTPC, 2018, p. 7). Em caso de ocorrência de evento excepcional, o relatório elaborado, após o evento, deve trazer informações detalhadas, como data e hora, notificações efetuadas durante o processo, notificações aos órgãos envolvidos, status atual da barragem, detalhes de manutenção e outras ações a serem tomadas para que se possa garantir a segurança e o status de retorno à condição de normalidade. De forma geral, deve-se fazer registros detalhados e de fácil compreensão sobre todo o barramento, baseados nos itens constantes nos documentos elaborados pela ANCOLD e pela NSW, estando, ainda, em conformidade com o Dam Safety Code (ZUFFO e GENOVEZ, 2009, p. 9). No Reino Unido O primeiro ato legislativo no Reino Unido a tratar especificamente sobre segurança de barragens ocorreu em 1930, com o Reservoir Safety Provision Act (Decreto da Provisão da Segurança em Reservatórios). Sua publicação se deu após a ruptura de duas barragens em 1925, que causaram a morte de 16 pessoas (ZUFFO e GENOVEZ, 2009, p. 9). Posteriormente, em 1975, foi elaborado o Reservoir Act 1975 (Decreto sobre Reservatórios de 1975), que determina que todos os barramentos com reservatórios superiores a 25.000 m³ devem se submeter a esta lei. Este decreto estabelece as atribuições das autoridades responsáveis pela sua aplicação, do responsável legal (ou empreendedor) e da determinação de dois técnicos responsáveis pela realização de inspeções e supervisão dos empreendimentos. Os técnicos, engenheiros de inspeção, são nomeados pelo governo britânico após realizarem testes de capacidade, que devem ser renovados a cada cinco anos. Os técnicos nomeados também têm de acompanhar a operação e o monitoramento do empreendimento, que ocorre com uma frequência maior, por meio de medições diária de nível d’água do reservatório e da pluviosidade local, entre outras variáveis. O resultado destas atividades é a elaboração de um relatório anual, com a identificação de eventuais alterações que possam afetar as condições de segurança da barragem e pôr em risco as populações e infraestruturas localizadas no vale de jusante (ZUFFO e GENOVEZ, 2009, p. 10). Na legislação britânica, o poder local (munícipios onde as barragens estão implantadas) deve efetuar a fiscalização e o cumprimento dos atos legislados que se encontram vigentes, podendo vistoriar as estruturas ou requerer a execução de obras adicionais, caso julguem necessário. No Canadá A compreensão sobre a legislação canadense é importante, tanto que, no Brasil, o Manual de Segurança e Inspeção de Barragens, elaborado pelo Ministério da Integração Nacional, em 2002, teve como base as diretrizes estabelecidas no Dam Safety Guidelines (Guia de Segurança de Barragens). De acordo com a CDA – Canadian Dam Association, a regulamentação referente à segurança de barragens é de responsabilidade provincial. Os órgãos federais têm jurisdição sobre alguns pontos relacionados aos cursos d’água localizados na divisa com os Estados Unidos. Portanto, conforme a decisão local (provincial), algumas destas elaboram suas regulamentações, outras utilizam os decretos ou regulamentações federais vigentes. As diretrizes do Dam Safety Guidelines podem ser aplicadas para qualquer barragem, seja ela nova, existente ou desativada. De acordo com o documento, barragens são barreiras construídas com a capacidade de armazenar água ou qualquer outro fluido, em volumes iguais ou acima de 30.000 m³ ou com altura do maciço igual ou superior a 2,5 m de altura (ZUFFO e GENOVEZ, 2009, p. 12). Cap. 2 1 PANORAMA NACIONAL SOBRE REGULAMENTAÇÃO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS No Brasil, o governo federal verificou a necessidade de uma maior participação e preocupação com o tema, principalmente nas últimas décadas (NEVES, 2018, p. 9). As barragens são estruturas importantes para o desenvolvimento de uma sociedade, podendo contribuir para (NEVES, 2018, p. 9): » armazenamento de água, que pode ser utilizado para múltiplos usos; » regularização das vazões de cursos d’água; » geração de energia elétrica; » retenção de resíduos minerais e/ou industriais. Apesar destes benefícios e assim como qualquer outra construção, as barragens são estruturas que podem proporcionar riscos de acidentes para uma determinada sociedade. Por serem estruturas de grande porte, os resultados de eventuais acidentes podem causar problemas sociais e econômicos de elevada grandeza, chegando até mesmo à possibilidade de perdas de vidas humanas. Assim, as medidas estabelecidas na legislação, se implementadas criteriosamente e complementadas com ações de defesa civil, minimizam a probabilidade de ocorrência de acidentes. Portanto, como podemos ver, a legislação é necessária e fundamental para evitar tais ocorrências. Se analisarmos o escopo das leis jurídicas e determinações institucionais que se referem à gestão dos recursos hídricos em território nacional, veremos que, antes da publicação da Lei n. 12.334/2010, não se tinha uma diretriz ou determinação bem definida das atribuições e responsabilidades pela fiscalização dos status das barragens, ou seja, da sua segurança. Em casos de acidentes, alguns órgãos ambientais acabavam lidando com o problema de forma isolada. A identificação de uma falta de articulação do poder público para tratar do assunto também era recorrente (NEVES, 2018, p. 9). Os primeiros movimentos ocorreram no Estado de São Paulo, em 1977, onde foi emitido o Decreto n. 10.752, que tratava do tema Segurança de Barragens no estado, recomendando auditorias técnicas permanentes. Mesmo tendo sido motivado pelo galgamento em cascata ocorrido com as barragens de Euclides da Cunha e Armando de Salles Oliveira, por falta de regulamentação, este decreto nunca foi implementado (NEVES, 2018, p. 9). O que se verifica é que são estabelecidos entre os empreendedores alguns procedimentos relacionados ao controle da segurança das barragens, mas que estas medidas adotadas em alguns setores são ímpares, como, por exemplo, os setores de geração de energia elétrica e de mineração, ou seja, normalmente as grandes empresas. Estes empreendedores buscam implantar nas filiais nacionais os mesmos padrões de qualidade operacionais e de segurança adotados internacionalmente (NEVES, 2018, p. 9). Se analisarmos cronologicamente o desenvolvimento dos trabalhos referentes à Segurança de Barragens, até a publicação da Lei 12.334/2010, obtemos o seguinte (NEVES, 2018, p. 10): Os motivos que direcionaram os esforços para a elaboração e aprovação da Lei n. 12.334/2010 foram diversos, como a identificação de inconsistências a nível organizacional que resultavam em uma condição de abandono geral de diversas barragens nacionais, bem como um crescente aumento na fragilidade de projetos, construções e operações de estruturas. Assim, no cenário nacional de segurança de barragens, a Lei n. 12.334, de 20 de setembro de 2010, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 21 de setembro de 2010, estabelece um novo marco legal para o setor. Esta lei estabelece, mais especificamente, a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), que abrange as estruturas com a finalidade de acumulação de água para quaisquer usos, a disposição final ou temporária de rejeitos e a acumulação de resíduos industriais.No mesmo ato legal, é criado ainda o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB), composto de registros informatizados das condições de segurança das barragens em todo o território nacional, garantindo o acesso à informação para toda a sociedade (ANA, 2020, p. 41) A PNSB visa a garantir que os padrões de segurança sejam cumpridos, bem como estabelecer uma regulamentação adequada, criando uma rotina de monitoramento e acompanhamento das tratativas de segurança implementadas pelos empreendedores de barragens. O principal objetivo, ainda, é diminuir a probabilidade de ocorrência de acidentes e suas consequências posteriores, que podem ser elevadas ou mesmo incalculáveis, principalmente no caso de atingimento de população ou moradores localizados a jusante das barragens. De forma mais prática, na distribuição de responsabilidades entre os órgãos fiscalizadores, a Agência Nacional de Águas (ANA) ficou responsável por, além da fiscalização da segurança das barragens de usos múltiplos localizadas em corpos d’água sob domínio da união, articular a implementação da PNSB entre os demais órgãos de fiscalização. A ANA é responsável, ainda, por organizar, implantar e gerir o SNISB e, anualmente, coordenar e emitir o Relatório de Segurança de Barragens (RSB). O RSB é, por sua vez, encaminhado ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), os qual, após análise e avaliação, encaminha este para o Congresso Nacional. Vale ressaltar que o papel desempenhado pela ANA, na intermediação das informações e tratativas entre os órgãos fiscalizadores é um dos motivos de sucesso para a PNSB (NEVES, 2018, p. 7). O RSB, como parte de um programa de educação e comunicação sobre segurança de barragens, ainda tem a função de conscientizar a sociedade da importância do tema. A PNSB define uma gestão e fiscalização descentralizada, distribuída entre diversos órgãos fiscalizadores, seguindo uma lógica pré-determinada. Quando a utilização principal da barragem for a geração de energia hidrelétrica, o órgão fiscalizador será aquele que concedeu ou autorizou o uso deste potencial hidráulico. Caso a utilização principal da barragem seja a acumulação de água, retirando-se os casos de fins de aproveitamento hidrelétrico, o órgão fiscalizador será aquele que outorgou o direito de uso dos recursos hídricos, considerando sempre o domínio do corpo hídrico. Outra possibilidade é quando a utilização principal da barragem for a disposição final ou temporária de rejeitos provenientes dos processos da indústria da mineração, sendo nestes casos o órgão fiscalizador aquele outorgante dos direitos minerários. E, por fim, quando a utilização principal da barragem for o depósito ou armazenamento de resíduos industriais, o órgão fiscalizador será aquele que forneceu a licença ambiental de instalação e operação (ANA, 2020, p. 40). Para entendermos de outra forma, os órgãos fiscalizadores, segundo o PNSB, são aqueles que emitem o documento que autoriza a instalação da barragem, podendo ser outorga de direito de uso dos recursos hídricos, autorização ou concessão do potencial hidráulico, outorga de direitos minerários ou licença ambiental de operação ou instalação (ANA, 2020, p. 41). Assim, quando as barragens tiverem a finalidade de geração de energia hidrelétrica, serão fiscalizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Se tiverem a finalidade de contenção de rejeitos de mineração, serão fiscalizadas pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Em 2019, um novo órgão fiscalizador foi inserido pelo governo federal: a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que ficou responsável pela outorga de direitos minerários de barragens com rejeitos nucleares. Mesmo visando a uma abrangência do assunto, a PNSB não é aplicável a todas as barragens. As estruturas inseridas na PNSB devem apresentar pelo menos uma das seguintes características, conforme Lei 12.334/2010 (BRASIL, 2010, p. 1): » altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista, maior ou igual a 15 m (quinze metros); » capacidade total do reservatório maior ou igual a 3.000.000 m³ (três milhões de metros cúbicos); » reservatório que contenha resíduos perigosos conforme normas técnicas aplicáveis; categoria de dano potencial associado, médio ou alto, em termos econômicos, sociais, ambientais ou de perda de vidas humanas, conforme definido no art. 6º. As barragens que não atenderem a nenhum dos critérios acima citados não precisam se submeter à PNSB. De qualquer forma, devido aos riscos envolvidos com estas estruturas, os empreendedores destas barragens devem implementar rotinas e ações para garantir a segurança das estruturas em operação (ANA, 2020, p. 39). Para que uma lei ou regulamento seja efetivo e entendido pelos agentes, pelos empreendedores e pelos demais envolvidos, bem como atenda as normas técnicas legais, é necessário definir de forma clara os conceitos que serão utilizados na legislação publicada. Desta forma, a Lei 12.334/2010 traz as definições técnicas de estruturas como: barragem, reservatório, segurança de barragem, empreendedor, órgão fiscalizador, gestão de risco e dano potencial associado. Em relação ao Dano Potencial Associado (DPA), deve-se utilizar os critérios de classificação do quadro apresentado na Resolução CNRH n. 143/2012 ou nos quadros de classificação especificados nas regulamentações dos órgãos fiscalizadores, como a ANEEL e a ANM, que estudaremos mais adiante. Segundo a Lei 12.334/2010, no Art. 7º, a classificação do DPA da barragem em alto, médio ou baixo será feita de acordo com o potencial de perdas de vidas humanas de impactos econômicos, sociais e ambientais. Assim como qualquer outra política governamental a nível federal, a PNSB também tem seus próprios objetivos e fundamentos, os quais motivaram sua criação. Pode-se dizer que o objetivo principal é mostrar o porquê da criação da Lei 12.334/2010, indicando o norte para o qual ela está seguindo. Com a PNSB, padrões de segurança foram estabelecidos, visando a reduzir a possibilidade de acidentes, por meio, ainda, da regulamentação de ações e https://static-dpc.unyleya.com.br/conteudo/pos_graduacao/regulamentacao_nacional_e_internacional_relacionadas_a_seguranca_de_barragens/v1/unidade1/uni1/uni1_cap2.html https://static-dpc.unyleya.com.br/conteudo/pos_graduacao/regulamentacao_nacional_e_internacional_relacionadas_a_seguranca_de_barragens/v1/unidade1/uni1/uni1_cap2.html padrões, centralizando as informações coletadas sobre segurança de barragens, facilitando a sua consulta e utilização. Isto contribuiu para fomentar a cultura de segurança no ambiente onde estas importantes estruturas estão construídas (NEVES, 2018, p. 13). Desta forma, o texto da Lei 12.334/2010, no Capítulo II, art. 3º, estabelece que os objetivos da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) devem ser a garantia do cumprimento dos requisitos de segurança de barragens, visando a diminuir a possibilidade de sinistros e suas consequências. Outro propósito é regulamentar o que deve ser feito para garantir a segurança em diversos momentos, como na etapa de planejamento, elaboração de projetos, construção propriamente dita, primeiro enchimento do reservatório e primeiro vertimento, período operativo, desmobilização (ou desativação) e usos futuros de barragens – e isto ao longo de todo o território nacional. Um terceiro objetivo é fomentar o monitoramento e o acompanhamento das atividades de segurança adotadas pelos empreendedores (responsáveis pelas barragens). Ainda é objetivo da PNSB a criação de oportunidades para que se aumente o conjunto de barragens controladas pelo poder público, tendo como norte a fiscalização, instrução e correção das ações de segurança. Coletar informações que alimentem o banco de dados para o gerenciamento da segurança de barragens pelo poder público nas diferentes esferas, também é outro objetivo a seratingido pela legislação. Outro item determinado é o de estabelecer conformidades de origem técnica, que possam permitir uma avaliação adequada dos parâmetros estabelecidos pelos entes públicos. Por fim, como meta mais genérica e com visão de longo prazo, criar a cultura da segurança de barragens e gerenciamento de riscos a todas as estruturas, visando sempre à redução de acidentes de graves consequências à população. Para que esta política seja aplicada na prática, como em qualquer outro projeto, alguns agentes ou responsáveis devem ser nomeados objetivamente. E isto é feito por meio do art. 4º, item III, da Lei 12.334/2010, que expressa que o empreendedor é o responsável legal pela segurança da barragem, cabendo a ele o desenvolvimento das ações para garanti-la. Mas, como vimos nas regulamentações internacionais, a responsabilidade legal incumbida ao empreendedor é prática comum na maioria dos países. ATENÇÃO O art. 4º, item III, da Lei 12.334/2010 deve ser considerado com extrema importância, pois define claramente que o empreendedor é o principal responsável pela gestão da segurança de sua barragem. Apesar de existirem os órgãos fiscalizadores, responsáveis por cada especialidade de barragem, que fiscalizarão o cumprimento e execução das ações propostas pelo empreendedor no Plano de Segurança de Barragens, a responsabilidade, no final, será exclusivamente dos empreendedores. O próprio artigo 4º da Lei 12.334/2010 reforça esta afirmativa, quando estabelece que o empreendedor deve conduzir as atividades necessárias para a garantia da segurança da barragem, pois este é o responsável perante a lei pela segurança das estruturas. E quais são os instrumentos que a Política Nacional de Segurança de Barragens utiliza para o cumprimento da legislação? Podemos ver no art. 6º da Lei 12.334/2010 que os seguintes meios são estabelecidos (BRASIL, 2010, p. 3): » o sistema de classificação de barragens por categoria de risco e por dano potencial associado; » o Plano de Segurança de Barragem (PSB); » o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB); » o Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente (Sinima); » o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; » o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais; » o Relatório de Segurança de Barragens. O sistema de classificação, como veremos mais adiante em detalhes, estabelecido na Resolução CNRH n. 143/2012, cita que as barragens serão classificadas pelos seus respectivos agentes fiscalizadores, por categoria de risco (CRI), por dano potencial associado (DPA) e pelo seu volume. Estes itens têm como base critérios gerais descritos pelo CNRH, com a exceção da Aneel, que tem seus próprios critérios para o setor elétrico. A CRI é classificada em alta, média ou baixa, tendo como base as características técnicas, o estado de conservação das estruturas e o atendimento ao Plano de Segurança de Barragens. Já o DPA da barragem é classificado em alto, médio ou baixo, sendo em função do potencial de perdas de vidas humanas e dos impactos econômicos, sociais e ambientais, como resultado de uma eventual ruptura da barragem. Cap. 3 Plano de Segurança de Barragem (PSB) Como vimos anteriormente, na maioria das legislações, seja a nível internacional ou nacional, os empreendedores são os responsáveis legais pelas barragens. Entre as obrigações relativas à PNSB, destaca-se a elaboração do documento Plano de Segurança de Barragens (PSB). Devido às características únicas de cada barragem, o documento também deve ser elaborado para cada empreendimento. Assim, cabe aos empreendedores o planejamento das ações necessárias para que um efetivo sistema de gestão de segurança de barragens seja implementado, obedecendo e referenciando suas ações de acordo com as regulamentações normativas publicadas pelos respectivos órgãos fiscalizadores. Considerando que o Plano de Segurança de Barragens é um documento de elaboração obrigatória pelo empreendedor, ele deve conter minimamente algumas informações. As primeiras delas são básicas, como as informações gerais sobre a barragem e o empreendedor que a administra. O PSB deve ainda ter um conjunto de documentos técnicos do empreendimento, bem como o agrupamento de planos e procedimentos (de operação, manutenção, inspeção, monitoramento e instrumentação) e registros e controles (igualmente de operação, manutenção, inspeção, monitoramento, instrumentação, testes de equipamentos hidráulicos, elétricos e mecânico, etc.) Os relatórios de inspeção regular e especial elaborados ao longo do período operativo também deverão fazer parte do documento. Da mesma forma, as Revisões Periódicas de Segurança de Barragem e os Planos de Ação de Emergência (quando exigido), farão parte do PSB. Como a Lei 12.334/2010 indica as diretrizes para a elaboração do PSB, a aplicação efetiva do instrumento necessita de uma regulamentação. No art. 8º, parágrafo 1º da Lei n. 12.334/2010 é estabelecido que: A periodicidade de atualização, a qualificação do responsável técnico, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento dos planos de segurança deverão ser estabelecidos pelo órgão fiscalizador. (BRASIL, 2010, p. 4) Ainda dentro do Plano de Segurança de Barragens, outros instrumentos são alvo de regulamentação específica por parte dos órgãos fiscalizadores, como (BRASIL, 2010, p. 4): » inspeções de Segurança Regular e Especial (art.9º); » revisões Periódicas de Segurança de Barragem (art. 10); » planos de Ações de Emergência (arts. 11 e 12). Revisão Periódica de Segurança de Barragens – RPSB No Plano de Segurança de Barragens, pode-se citar ainda a Revisão Periódica de Segurança de Barragens (RPSB), sob responsabilidade de elaboração e aplicação do empreendedor. Este documento tem como objetivo reexaminar, com periodicidade definida, aspectos de segurança e operação da barragem, avaliação das condições hidráulicas, hidrológicas, da estabilidade estrutural e adequação operacional das diversas instalações, de acordo com critérios de projeto e informações disponíveis no momento da realização de cada revisão (NEVES, 2018, p. 16). Esse documento tem como objetivo avaliar o estado geral de segurança da barragem, considerando os conhecimentos atuais (estado da arte) e eventuais alterações que possam ter ocorrido na barragem ao longo da sua operação. Ressalta-se que a verificação do estado geral da barragem não é o único objetivo da RPSB, que recomenda ações para correção e melhoria, buscando minimizar os riscos apresentados pela barragem e suas estruturas associadas (NEVES, 2018, p. 16). A periodicidade de realização das Revisões Periódicas de Segurança das Barragens é variada, de acordo com o estabelecido na regulamentação de cada órgão fiscalizador. Mas, em linhas gerais, os intervalos variam entre 5 (cinco) a 10 (dez) anos. Inspeções Regulares de Segurança de Barragens – IRSB As inspeções de segurança regular, em conjunto com o monitoramento (auscultação) das estruturas, são elementos importantes dentro do Plano de Segurança de Barragens. Esta atividade é regulamentada pelos respectivos órgãos fiscalizadores, como ANM, ANA e Aneel. O resultado destas atividades são as informações sobre o estado de conservação das barragens. Segundo o art. 9º, parágrafo 1º da Lei n. 12.334/2010, a inspeção de segurança regular deverá ser feita pela própria equipe de profissionais que trabalham na segurança da barragem, devendo o relatório por eles elaborado estar disponível ao órgão fiscalizador e a qualquer interessado da sociedade civil (BRASIL, 2010, p. 4). Quanto à periodicidade, a ANM estabelece que devem ser feitas semestralmente, enquanto para a ANA e ANEEL, as inspeções de segurança regular podem ser semestrais, anuais ou bianuais, dependendo da classe da barragem. É importanteressaltar que devem ser emitidos relatórios ao término destas atividades, registrando as condições das barragens. O objetivo das inspeções de segurança regulares é identificar eventuais anomalias que possam surgir durante o período operativo da barragem, que possam ser detectados visualmente. Neste documento ainda devem constar sugestões de correções ou o acionamento de inspeções mais detalhadas e específicas, como as inspeções especiais, focando em um problema específico. As citadas inspeções regulares compõem-se de, no caso do ANM e ANA (NEVES, 2018, p. 16): » ficha de inspeção regular; » relatório de inspeção regular; » extrato de inspeção regular; » declaração de condição de estabilidade (apenas ANM). Inspeções Especiais de Segurança de Barragens – IRSB As inspeções especiais de segurança de barragens são regulamentadas pelos órgãos fiscalizadores, com periodicidade, qualificação da equipe responsável, conteúdo mínimo e nível de detalhamento definidos conforme cada regulamentação, tendo como base a categoria de risco e o dano potencial associado às barragens. Tais inspeções ocorrerão nas fases de construção, operação e desativação das barragens, considerando as eventuais alterações das condições a montante e jusante das barragens. De acordo com o art. 9º, parágrafo 2º da Lei n. 12.334/2010 é estabelecido que: A inspeção de segurança especial será elaborada, conforme orientação do órgão fiscalizador, por equipe multidisciplinar de especialistas (...). (BRASIL, 2010, p. 4). Plano de Ações Emergenciais - PAE Sendo parte integrante do Plano de Segurança de Barragens, o PAE deve ser elaborado obrigatoriamente para barragens com dano potencial associado alto, conforme art. 11 da Lei 12.334/2010 (BRASIL, 2010, p. 5): Art. 11. O órgão fiscalizador poderá determinar a elaboração de PAE em função da categoria de risco e do dano potencial associado à barragem, devendo exigi-lo sempre para a barragem classificada como de dano potencial associado alto. (BRASIL, 2010, p. 5). Sendo um documento formalizado, o PAE deve trazer as condições de emergência em potencial para as barragens. Este plano deve citar todas as orientações importantes para a tomada de decisão no momento do sinistro (acidente), proporcionando a notificação e o alerta antecipado das pessoas localizadas na região de jusante das barragens, minimizando os danos materiais e ambientais, além das perdas de vidas humanas. Também tem como função a identificação dos agentes a serem notificados neste tipo de ocorrência (NEVES, 2018, p. 17). O documento PAE deve ser entregue e disponibilizado para as prefeituras que podem vir a ser atingidas, bem como também estar disponível no próprio empreendimento. O PAE deve ainda ser encaminhado às autoridades envolvidas no assunto, como os órgãos de defesa civil. Minimamente o PAE deve conter algumas informações. Deve estar identificado e analisado os cenários para as possíveis situações de emergência que podem ocorrer. Ações preestabelecidas para caracterização e notificação do mau funcionamento ou de situações que podem causar a ruptura da barragem também devem estar descritas. Os procedimentos preventivos e corretivos que devem ser executados nos casos de emergência, indicando sempre o responsável pela ação. Planos estratégicos e formas de divulgação e alerta para a população que pode vir a ser atingida nos casos de cenários de emergência estabelecidos (BRASIL, 2010, p. 5).Os órgãos fiscalizadores, por seu turno, foram subdivididos em função do uso das estruturas e do tipo de rejeitos ou efluentes armazenados. Na Unidade IV estudaremos com maiores detalhes sobre estes órgãos e quais barragens cada um deles fiscaliza. Unidade 2 Cap.1 1 ASPECTOS LEGAIS E PANORAMA GERAL Sobre o cadastramento das barragens no SNISB, a Lei 12.334/2010 determina obrigações tanto para os órgãos de fiscalização como para os empreendedores, como vemos no artigo 16º da referida lei (BRASIL, 2010, p. 6): Art. 16°. O órgão fiscalizador, no âmbito de suas atribuições legais, é obrigado a: I - manter cadastro das barragens sob sua jurisdição, com identificação dos empreendedores, para fins de incorporação ao SNISB; (...) V - exigir do empreendedor o cadastramento e a atualização das informações relativas à barragem no SNISB. Portanto, o primeiro passo para construir a base da PNSB é o próprio cadastramento das barragens. No sistema devem constar todas as estruturas construídas, independentemente se estas são submetidas à PNSB ou não. A compilação de informações é fundamental para efetuar qualquer avaliação sobre o tema “Segurança de Barragens” no país – seja para informar e atualizar o que já foi realizado ou para relatar o que ainda precisa ser adequado. Segundo a Resolução CNRH n. 143/2012, que trata do sistema de classificação, as barragens são classificadas pelos seus respectivos agentes fiscalizadores, de acordo com a categoria de risco, o dano potencial associado e o volume do seu reservatório, baseados em critérios gerais estabelecidos pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, excetuando-se a Aneel, que propôs sua própria matriz de classificação, como veremos adiante. A categoria de risco (CRI), classificada em alto, médio ou baixo, será realizada de acordo com (CNRH, 2012, p. 2): » as características técnicas (CT); » o estado de conservação da barragem (EC); » o Plano de Segurança da Barragem (PSB). Já o dano potencial associado (DPA), decorrente da ruptura da barragem, que classifica a estrutura em alto, médio ou baixo, será feito segundo os critérios abaixo (CNRH, 2012, p. 2): » potencial de perdas de vidas humanas; » potencial de impactos econômicos, sociais e ambientais. As determinações da Lei 12.334/2010 atribuíram obrigações tanto para os órgãos de fiscalização como para os empreendedores, conforme vimos no artigo 16º e vemos também no artigo 17º da referida lei. Entre estas atribuições, algumas devem ser destacadas para atuação direta e imediata dos envolvidos. Já o órgão fiscalizador é obrigado a manter as informações das barragens sob sua responsabilidade devidamente cadastradas, com a identificação de cada empreendedor, pois serão utilizadas, futuramente, para alimentar o banco de dados do SNISB. Outra atribuição do órgão fiscalizador é a de solicitar ou exigir do empreendedor que este preencha o cadastro proposto e atualize as informações no SNISB referentes às suas barragens. O prazo inicial para que isto ocorresse, contado a partir da data de publicação da lei, era de dois anos. Do outro lado, o empreendedor é obrigado, conforme texto publicado, a elaborar e manter atualizado o Plano de Segurança de Barragens, considerando sempre as recomendações técnicas provenientes das inspeções de segurança e especiais, bem como das revisões periódicas de segurança (BRASIL, 2010). O artigo 19º da Lei 12.334/2010 ainda trazia uma deliberação direta aos empreendedores de barragens enquadradas no parágrafo único do artigo 1º, ou seja, estruturas que apresentassem pelo menos uma das características estabelecidas no primeiro parágrafo deste item. Estes deveriam submeter à aprovação dos seus respectivos órgãos fiscalizadores, dentro de um prazo de 2 (dois) anos, contado a partir da publicação desta Lei, um relatório especificando as ações e cronograma para a implantação do Plano de Segurança da Barragem. A classificação da barragem pelo órgão fiscalizador permite definir se ela se submete ou não à PNSB. Caso positivo, a classificação auxiliará na definição da periodicidade de atualização, na qualificação do responsável técnico, no conteúdo mínimo e no nível de detalhamento do plano de segurança da barragem, a ser elaborado pelo empreendedor. Outra função prática da classificação é permitir uma melhor definição sobre quais barragens as ações de acompanhamento, fiscalização e recuperação devem ser priorizadas, uma vezque barragens com Categoria de Risco Alta e Dano Potencial Associado Alto significam maior probabilidade de falha e impactos com graves consequências, respectivamente (ANA, 2020, p. 27). Sobre a Categoria de Risco de uma barragem, podemos dizer que este critério está diretamente relacionado com os aspectos da própria barragem, que podem influenciar a probabilidade de um acidente, como: » aspectos de projeto; » integridade da estrutura; » estado de conservação, operação e manutenção da barragem; » atendimento e elaboração do Plano de Segurança de Barragens. Em outras palavras, as informações sobre a categoria de risco responderiam a perguntas como: “Qual a situação da barragem atualmente?” “Ela está operando/funcionando com segurança?” Já o dano potencial associado está relacionado com os danos que podem ocorrer devido ao eventual rompimento, vazamento, infiltração no solo ou mau funcionamento da barragem, independentemente da sua probabilidade de ocorrência, podendo ser graduado conforme a possibilidade de perda de vidas humanas, a geração de impactos sociais, econômicos ou ambientais. Ou ainda, este critério fornece subsídios para saber “o quê ou quem a onda de cheia/inundação da barragem atinge em caso de rompimento?” Cap.2 1 CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS Procedimentos na classificação de barragens Inicialmente, no âmbito do CNRH e com o objetivo de regulamentar os artigos 7º e 20º da Lei 12.334/2010, foi criado o Grupo de Trabalho Interministerial, liderado pela CTIL (Câmara Técnica de Assuntos Legais e Institucionais do CNRH), para definição dos parâmetros e critérios sobre classificação de barragens, bem como diretrizes para implementação da PNSB, seus instrumentos e operacionalização do SNISB (NEVES, 2018, p. 26). A instituição deste grupo de trabalho e a posterior regulamentação dos artigos via CNRH foi importante para se obter uma equalização dos conceitos e padronização entre os órgãos fiscalizadores. No âmbito do grupo de trabalho, a resolução mais trabalhada foi a CNRH n. 143/2012, em que foram discutidos os itens e padrões que seriam utilizados para classificar as barragens brasileiras. A CNRH n. 143/2012 estabeleceu, então, os critérios para classificação das barragens pelos agentes fiscalizadores conforme a categoria de risco, o dano potencial associado e o volume reservado. Os únicos critérios que não foram estabelecidos nesta resolução foram os procedimentos e prazos de implementação, que ficaram a cargo dos agentes fiscalizadores para designá- los a seus fiscalizados, devendo situar-se dentro dos prazos estabelecidos na Lei 12.334/2010. A classificação das barragens, feita por meio dos órgãos fiscalizadores, ocorre pela utilização de informações enviadas pelos seus fiscalizados ou quando da realização de coleta de informações in loco, para aferição das classificações recebidas. Porém, caso o empreendedor queira classificar novamente a sua barragem, que pode ocorrer devido a alterações nas condições de jusante, no estado de conservação, no Plano de Segurança de Barragens ou por quaisquer outros motivos, deverá solicitar a revisão ao órgão fiscalizador. A comprovação dos fatos novos deve ser baseada em estudos, preferencialmente no formato de relatos fotográficos (NEVES, 2018, p. 26). O órgão fiscalizador, visando atualizar as informações contidas no seu banco de dados, poderá seguir o estabelecido no artigo 4º da CNRH n. 143/2012: §2º Caberá ao órgão fiscalizador em, no máximo, a cada 5 (cinco) anos reavaliar, se assim considerar necessário, a classificação a que se refere o caput deste artigo. (CNRH, 2012, p. 3). Caso haja situações em que o empreendedor não apresente ou omita as informações pedidas, o órgão fiscalizador poderá aplicar a máxima pontuação para o critério em questão naquele momento. Por isso, é boa prática a manutenção da transparência frente aos contatos do órgão fiscalizador (CNRH, 2012, p. 3). É interessante relembrar e destacar que, visando a considerar as características técnicas e operacionais de cada tipo de estrutura, as barragens foram diferenciadas em dois tipos: barragens para disposição de rejeito mineral e/ou resíduo industrial e barragens para acumulação de água. Adiante veremos com mais detalhes os efeitos desta diferenciação. Categoria de Risco e Dano Potencial Associado Como estudamos até aqui, a resolução CNRH n. 143/2012, no artigo 4º, trata da classificação das barragens quanto à Categoria de Risco (CRI), que são os aspectos relacionados à própria estrutura, e que podem influenciar na possibilidade de ocorrência de acidente. Agora, apresentando de forma detalhada, este artigo estabelece os seguintes critérios gerais (CNRH, 2012, p. 2): » características técnicas: › altura do barramento; › comprimento do coroamento da barragem; › tipo de barragem quanto ao material de construção; › tipo de fundação da barragem; › idade da barragem; › tempo de recorrência da vazão de projeto do vertedouro; » estado de conservação da barragem: › confiabilidade das estruturas extravasoras; › confiabilidade das estruturas de adução; › eclusa; › percolação; › deformações e recalques; › deterioração dos taludes. » plano de segurança da barragem: › existência de documentação de projeto da barragem; › estrutura organizacional e qualificação dos profissionais da equipe técnica de segurança da barragem; › procedimentos de inspeções de segurança e de monitoramento; › regra operacional dos dispositivos de descarga da barragem; › relatórios de inspeção de segurança com análise e interpretação. Quanto ao Dano Potencial Associado (DPA), pode-se dizer que este critério não pode ser completamente gerenciado pelo empreendedor, pois o DPA depende diretamente do que existe a jusante da barragem, enquanto a Categoria de Risco é resultado das ações de manutenção feita nas estruturas. Basicamente, para classificar o DPA, considera-se o uso e ocupação do solo atualizados, sendo esta atualização uma questão de difícil operacionalização, dadas às grandes áreas com potencial atingimento, bem como a própria dinâmica local de ocupação destas regiões. De acordo com a resolução CNRH n. 143/2012, no artigo 5º, os critérios gerais a serem utilizados para classificação quanto ao dano potencial associado (DPA) na área afetada referem-se à existência de pessoas na região de jusante https://static-dpc.unyleya.com.br/conteudo/pos_graduacao/regulamentacao_nacional_e_internacional_relacionadas_a_seguranca_de_barragens/v1/unidade2/uni2/uni2_cap2.html https://static-dpc.unyleya.com.br/conteudo/pos_graduacao/regulamentacao_nacional_e_internacional_relacionadas_a_seguranca_de_barragens/v1/unidade2/uni2/uni2_cap2.html do barramento com potencial de perda de suas vidas, à existência de construções de caráter habitacional ou equipamentos urbanos ou comunitários, à presença de infraestruturas, serviços, equipamentos de serviços públicos essenciais à população, à existência de áreas protegidas determinadas em outros atos legais, à origem dos rejeitos ou resíduos armazenados nos reservatórios das barragens e ao volume reservado (CNRH, 2012). Especificamente sobre o volume, o critério também foi dividido em dois tipos: para barragens para disposição de rejeito mineral e/ou resíduo industrial e barragens para acumulação de água, detalhados nos artigos 6º e 7º da Resolução CNRH n. 143/2012: Assim como na classificação da categoria de risco, a resolução CNRH n. 143/2012 traz nos Anexo I e II, quadros para classificação das barragens para disposição de resíduos e rejeito, e para acumulação de água, respectivamente. Com a pontuação obtida nos quadros de Categoria de Risco (CRI) e Dano Potencial Associado (DPA), preenchem-se os quadros para a classificação final das barragens, conforme apresentado,de forma ilustrativa, na Figura 17 e na Figura 18. Tabela 1 – Anexo I – Barragens para disposição de resíduos e rejeitos – Quadro para classificação. NOME DA BARRAGEM NOME DO EMPREENDEDOR DATA I.1 - CATEGORIA DE RISCO PONTOS 1 Características Técnicas (CT) https://static-dpc.unyleya.com.br/conteudo/pos_graduacao/regulamentacao_nacional_e_internacional_relacionadas_a_seguranca_de_barragens/v1/unidade2/uni2/uni2_cap2.html https://static-dpc.unyleya.com.br/conteudo/pos_graduacao/regulamentacao_nacional_e_internacional_relacionadas_a_seguranca_de_barragens/v1/unidade2/uni2/uni2_cap2.html https://static-dpc.unyleya.com.br/conteudo/pos_graduacao/regulamentacao_nacional_e_internacional_relacionadas_a_seguranca_de_barragens/v1/unidade2/uni2/uni2_cap2.html https://static-dpc.unyleya.com.br/conteudo/pos_graduacao/regulamentacao_nacional_e_internacional_relacionadas_a_seguranca_de_barragens/v1/unidade2/uni2/uni2_cap2.html 2 Estado de Conservação (EC) 3 Plano de Segurança de Barragens (PS) PONTUAÇÃO TOTAL (CRI) = CT + EC + PS 0 FAIXAS DE CLASSIFICAÇÃO CATEGORIA DE RISCO CRI ALTO > = 60 ou EC*=10 (*) MÉDIO 35 a 60 BAIXO < = 35 (*)Pontuação (10) em qualquer coluna de Estado de Conservação (EC) implica automaticamente CATEGORIA DE RISCO ALTA e necessidade de providencias imediatas pelo responsável da barragem. I.2 - DANO POTENCIAL ASSOCIADO PONTOS DANO POTENCIAL ASSOCIADO (DPA) FAIXAS DE CLASSIFICAÇÃO DANO POTENCIAL ASSOCIADO DPA ALTO > = 13 MÉDIO 7 < DPA < 13 BAIXO < = 7 RESULTADO FINAL DA AVALIAÇÃO: CATEGORIA DE RISCO Alto / Médio / Baixo DANO POTENCIAL ASSOCIADO Alto / Médio / Baixo Fonte: CNRH, 2012, p. 5. Tabela 2 – Anexo II – Barragens para acumulação de água – Quadro para classificação. NOME DA BARRAGEM: NOME DO EMPREENDEDOR: DATA: II.1 - CATEGORIA DE RISCO PONTOS 1 Características Técnicas (CT) 2 Estado de Conservação (EC) 3 Plano de Segurança de Barragens (PS) PONTUAÇÃO TOTAL (CRI) = CT + EC + PS 0 FAIXAS DE CLASSIFICAÇÃO CATEGORIA DE RISCO CRI ALTO > = 60 ou EC* > =8 (*) MÉDIO 35 a 60 BAIXO < = 35 (*) Pontuação (maior ou igual a 8) em qualquer coluna de Estado de Conservação (EC) implica automaticamente CATEGORIA DE RISCO ALTA e necessidade de providencias imediatas pelo responsável da barragem. II.2 - DANO POTENCIAL ASSOCIADO PONTOS DANO POTENCIAL ASSOCIADO (DPA) FAIXAS DE CLASSIFICAÇÃO DANO POTENCIAL ASSOCIADO DPA ALTO > = 16 MÉDIO 10 < DPA < 16 BAIXO < = 10 RESULTADO FINAL DA AVALIAÇÃO: CATEGORIA DE RISCO Alto / Médio / Baixo DANO POTENCIAL ASSOCIADO Alto / Médio / Baixo Fonte: CNRH, 2012, p. 10. Apesar de ser uma área de atuação especializada, o universo das barragens é bastante diversificado. Com o objetivo de diferenciá-las, em relação à sua abrangência e frequência de ações de segurança, os órgãos fiscalizados criaram Matrizes de Risco e Dano Potencial Associados específicos para as barragens sob sua responsabilidade. Esta organização também acaba contribuindo para ser uma ferramenta de planejamento e gestão. Portanto, de forma resumida, as barragens são classificadas da seguinte forma, de acordo com cada órgão fiscalizador: » ANM: classes A, B, C, D ou E; » ANA: classes A, B, C ou D; » ANEEL: classes A, B ou C. Ainda em relação aos procedimentos de cadastro e classificação das barragens, estudaremos a seguir algumas particularidades adotadas pelos órgãos fiscalizadores, visando a adaptar as diretrizes gerais estabelecidas pela CNRH n. 143/2012. Cap.3 1 CRITÉRIOS DOS ÓRGÃOS FISCALIZADORES Devido às características específicas de cada setor, alguns órgãos fiscalizadores, como a ANEEL e a ANM, propuseram o acréscimo de algumas informações ou adequações nos seus critérios de classificação das barragens, como veremos a seguir. ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica Para a classificação das barragens com a finalidade de exploração de potenciais de energia hidráulica, foram estabelecidos critérios técnicos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), editados pela Resolução Normativa n. 696/2015. De acordo com a resolução normativa e seguindo o padrão da legislação, cabe ao empreendedor (concessionário ou autorizado) classificar a barragem, conforme a categoria de risco, o dano potencial associado e o volume do reservatório. As barragens objeto de fiscalização da ANEEL são, em geral, as maiores entre os barramentos existentes. Assim, esta agência editou quadro próprio para a classificação de suas estruturas, visando a adequar a realidade destas estruturas ao setor elétrico. Em relação ao quadro proposto pela Resolução CNRH n. 143/2012 para acumulação de água, foi adicionado mais um campo nas Características Técnicas (CT), denominado “Casa de Força (g)”, alterando, portanto, sutilmente as pontuações nas análises, conforme mostra a Figura 6. Tabela 4 – Quadro para classificação das barragens: destaque para os critérios modificados na Resolução Normativa n. 696/2015 ANEEL. ANEXO II CRITÉRIOS PARA CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS MATRIZ PARA CLASSIFICAÇÃO DAS BARRAGENS DE ACUMULAÇÃO DE ÁGUA Fonte: Adaptado de BRASIL, 2015, p. 10. Em relação aos prazos, para as usinas existentes, os empreendedores encaminharam as classificações das barragens sob sua responsabilidade em até 6 (seis) meses, que foram contados a partir da publicação da Resolução Normativa. Para as usinas novas, o prazo deve sempre ser contado a partir do início da operação comercial da primeira unidade geradora. Nos casos que houver mais de uma estrutura de barramento em um mesmo empreendimento, os critérios considerados para a barragem de maior pontuação deverão ser estendidos às demais estruturas. Outro item que deve ser destacado na resolução é que a área de abrangência para avaliação do dano potencial associado deverá compreender as barragens de jusante que disponham de capacidade para amortecimento da cheia associada ao rompimento (BRASIL, 2015, p. 2). Este é um assunto de ampla discussão no setor elétrico, pois envolve a articulação entre os empreendedores na busca da melhor forma de modelagem do chamado “efeito cascata” de ruptura de barragens. Após o recebimento das informações dos empreendedores, a ANEEL deverá publicar relatório, conforme disposto no artigo 5º da Resolução Normativa n. 696/2015: Art. 5º A ANEEL publicará relatório de classificação das barragens fiscalizadas em até seis meses contados a partir do término de cada ciclo de classificação. § 1º O ciclo de classificação tem periodicidade anual e iniciar-se-á no primeiro dia útil do mês de novembro. (BRASIL, 2015, p. 2). Apesar dos prazos estabelecidos, o empreendedor poderá solicitar revisão de sua classificação; para tanto, deve apresentar estudo comprobatório. ANM – Agência Nacional de Mineração Para o cadastro e classificação das barragens do setor de mineração, a Agência Nacional de Mineração (ANM) publicou em 19 de maio de 2017 a Portaria ANM n. 70.389, a qual criou o Cadastro Nacional de Barragens de Mineração e dispôs sobre o Plano de Segurança, Revisão Periódica de Segurança e Inspeções Regulares e Especiais de Segurança das Barragens de Mineração e o Plano de Ações de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM). Para a elaboração do texto da Portaria n. 70.389, a ANM precisou adequar a definição de barragens e reservatórios, descritos na Lei 12.334/2010,para a realidade do setor de mineração. Assim, buscando considerar estas definições, de forma coerente e assertiva para o que se denominaria “Barragens de Mineração”, a ANM efetuou um trabalho minucioso e cuidadoso na elaboração da sua regulamentação (NEVES, 2018, p. 46). O resultado deste trabalho é a definição estabelecida no artigo 2º da Portaria ANM 70.389/2017: II. Barragens de Mineração: barragens, barramentos, diques, cavas com barramentos construídos, associados às atividades desenvolvidas com base em direito minerário, construídos em cota superior à da topografia original do terreno, utilizados em caráter temporário ou definitivo para fins de contenção, acumulação, decantação ou descarga de rejeitos de mineração ou de sedimentos provenientes de atividades de mineração com ou sem captação de água associada, compreendendo a estrutura do barramento e suas estruturas associadas, excluindo-se deste conceito as barragens de contenção de resíduos industriais; (DNPM, 2017, p. 3). O cadastramento das barragens de mineração na ANM é obrigatório e deve ser feito pelo empreendedor, aplicando-se a toda a qualquer barragem da mineração, estando ela inserida ou não na PNSB. Além disso, é obrigatória a elaboração do mapa de inundação simplificado para o empreendimento. Os demais dispositivos da Portaria n. 70.389/2017 se aplicam às Barragens de Mineração inseridas na PNSB, ou seja, que apresentem pelo menos uma das características estabelecidas no parágrafo único do artigo 1º da Lei 12.334/2010. Para conhecimento, o texto da referida portaria diz o seguinte: Art. 3º As barragens de mineração serão cadastradas pelo empreendedor, diretamente no Sistema Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração – SIGBM, integrando o Cadastro Nacional de Barragens de Mineração. § 1º O empreendedor é obrigado a cadastrar todas as barragens de mineração em construção, em operação e desativadas sob sua responsabilidade, em consonância com o parágrafo único do art. 13 da Lei n. 12.334/2010 de acordo com a periodicidade expressa no art. 4º desta Portaria. §2º Para o caso de descadastramento por fechamento ou descaracterização de uma barragem de mineração, o empreendedor deverá apresentar ao DNPM por meio do SIGBM, documento atestando o fechamento ou a descaracterização da citada estrutura elaborado por profissional legalmente habilitado acompanhado da respectiva anotação de responsabilidade técnica de acordo com o art. 44, ou de cópia de documento expedido pelo órgão ambiental específico comprovando o que trata este parágrafo. § 3º Quando houver mais de uma estrutura de barramento, seja com função de fechamento de sela topográfica ou para compartimentação interna em um mesmo reservatório, os critérios considerados no segmento de barragem de maior pontuação devem ser estendidos às demais estruturas, não devendo ser cadastrada como uma barragem de mineração independente. §4º Os estudos e planos a serem executados para o barramento principal devem abranger as situações peculiares de cada estrutura auxiliar de contenção do reservatório, os mapas de inundação e as análises de risco. (DNPM, 2017, p. 9). O cadastramento de barragens de mineração novas deverá ser efetuado pelo empreendedor, por meio do SIGBM, antes do início do primeiro enchimento. Já as barragens de mineração em construção devem ser cadastradas pelo empreendedor no SIGBM em campo específico com menos informações a serem imputadas no sistema. As alterações dos dados de responsabilidade do empreendedor contidos no SIGBM podem ser feitas a qualquer tempo ou por solicitação da ANM (DNPM, 2017, p. 10). A atualização da classificação das barragens de mineração é feita de acordo com o quadro de classificação, analisando-se o risco e ao dano potencial associado, e ela deve ocorrer a cada 5 (cinco) anos, ou em menor período, a critério da ANM. Assim, como a ANEEL, e devido às características singulares das barragens de mineração anteriormente citadas, a ANM também elaborou quadro próprio para classificação de suas estruturas. Em relação ao quadro proposto pela Resolução CNRH n. 143/2012 para barragens para disposição de resíduos e rejeitos, foram adicionado dois campos nas Características Técnicas (CT), alterando, portanto, as pontuações nas análises, conforme mostra Figura 24 e Figura 25. Tabela 5 – Matriz de classificação para a Categoria de Risco: destaque para os campos inseridos na Portaria n. 70.389/2017 – ANM. UNIDADE 3 - RELATÓRIO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS E O SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE SEGURANÇA DE BARRAGENS Entre os órgãos fiscalizadores, a ANA ficou responsável pela implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens. Com a Lei n. 12.334/2010, o órgão teve incorporadas as competências de fiscalizador da segurança das barragens de acumulação de água por ela outorgáveis (exceto aquelas cujo uso preponderante seja a geração hidrelétrica), e suas inerentes obrigações, além das atribuições de: organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB); promover a articulação entre os órgãos fiscalizadores de barragens; e coordenar a elaboração do Relatório de Segurança de Barragens e encaminhá-lo, anualmente, ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), de forma consolidada. A dinâmica de funcionamento destas atividades e documentos veremos a seguir. 1 SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE SEGURANÇA DE BARRAGENS (SNISB) O Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB), estabelecido no artigo 13° da Lei 12.334/2010, é uma plataforma informatizada de suporte à PNSB e tem como objetivo informar sobre as condições de segurança de barragens em todo o país e permitir o acompanhamento dos avanços na implementação da PNSB (ANA, 2017, p. 69). Compreende um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação das suas informações, devendo contemplar barragens em construção, operação e desativadas. O objetivo é obter dados relacionados a segurança de barragens em todo o território nacional, disponibilizando-os no site da ANA a toda a sociedade civil. Como temos estudado até aqui, este sistema é composto pelos órgãos fiscalizadores, que recebem informações das barragens dos empreendedores sob sua jurisdição. Estas informações são repassadas para a ANA, na qual é feita a compilação dos dados em um documento único, o Relatório Anual de Barragens, permitindo, assim, uma gestão unificada das barragens no país. No âmbito legal, o sistema foi regulamentado pela Resolução CNRH n. 144/2012, conforme descrito abaixo: Art. 16. O Sistema Nacional de Segurança de Barragens - SNISB tem o objetivo de coletar, armazenar, tratar, gerir e disponibilizar para a sociedade as informações relacionadas à segurança de barragens em todo o território nacional. Art. 17. São responsáveis diretos pelas informações do SNISB: I - Agência Nacional de Águas (ANA), como gestora e fiscalizadora; II - órgãos fiscalizadores, conforme definido no artigo 5º da Lei n. 12.334, de 2010; III – empreendedores. Art. 18. Compete à ANA, como gestora do SNISB: I - desenvolver plataforma informatizada para sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações, devendo contemplar barragens em construção, em operação e desativadas; II - estabelecer mecanismos e coordenar a troca de informações com os demais órgãos fiscalizadores; III - definir as informações que deverão compor o SNISB em articulação com os demais órgãos fiscalizadores; e IV - disponibilizar o acesso a dados e informações para a sociedade por meio da Rede Mundial de Computadores. Art. 19. Compete aos órgãos fiscalizadores: I - manter cadastro atualizado das barragens sob sua jurisdição; II - disponibilizar permanentemente o cadastro e demais informações sobre as barragens sob sua jurisdição e em formato que permita sua integraçãoao SNISB, em prazo a ser definido pela ANA em articulação com os órgãos fiscalizadores; III - manter atualizada no SNISB a classificação das barragens sob sua jurisdição por categoria de risco, por dano potencial associado e pelo seu volume; Art. 20. Compete aos empreendedores: I - manter atualizadas as informações cadastrais relativas às suas barragens junto ao respectivo órgão fiscalizador; II - articular-se com o órgão fiscalizador, com intuito de permitir um adequado fluxo de informações. (CNRH, 2012, p. 4). Com o objetivo de facilitar o desenvolvimento do sistema, diminuir a sua complexidade e assim alcançar os objetivos propostos na lei, a ANA adotou para a construção do SNISB uma estratégia baseada num conceito modular e por fases. Esta estratégia facilitará atualizações e expansões futuras, garantindo flexibilidade na inserção de novas funcionalidades e adaptações progressivas no sistema. A Tabela 7 a seguir apresenta as principais funcionalidades do SNISB e a forma de interação das entidades fiscalizadoras com esses módulos. Tabela 7 – Interação das entidades fiscalizadoras com o SNISB. MÓDULO Principais funcionalidades Forma de interação com o SNISB pela Entidade Fiscalizadora ENTIDADES Gerenciamento de informações sobre pessoas e organizações Criar, excluir e alterar pessoas e organizações, desde que afetas às barragens por si fiscalizadas. CADASTRO Consolidar, numa base de dados única, os diversos cadastros das entidades fiscalizadoras Carga inicial do sistema com um arquivo xls contendo seu cadastro de barragens. Inclusão, alteração e exclusão de barragens por meio do Portal do SNISB. CLASSIFICAÇÃO Manter no SNISB o resultado da Classificação das Barragens; disponibilizar uma ferramenta de apoio para a classificação. Inclusão da classificação final das barragens por si fiscalizadas; Poderá utilizar ferramenta para apoiar o cálculo, que segue a Res. 143/2012 do CNRH. PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS - PSB Gerenciamento de informações gerais sobreo PSB Inserir, alterar e excluir informações relacionadas ao PSB. Envio (Upload) do PAE, do documento de inspeção, do resumo executivo da Revisão Periódica e da documentação de projeto. EVENTOS ADVERSOS Registro de incidentes e acidentes, e de eventos como cheias e sismos Inserir características de eventos adversos e respectivas medidas corretivas. RELATÓRIO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS - RSB Disponibilizar anualmente um questionário para recolher informações utilizadas no RSB Preencher o questionário e submetê-lo no prazo estipulado pela ANA. FISCALIZADOR Registro das vistorias realizadas pela Entidade Fiscalizadora Preencher informações sobre vistorias; Envio (Upload) do Relatório de Vistoria. Fonte: ANA, 2017, p. 71. Como vimos anteriormente, para regulamentar os artigos 7º e 20º da Lei 12.334/2010, foi criado o Grupo de Trabalho Interministerial, liderado pela CTIL (Câmara Técnica de Assuntos Legais e Institucionais do CNRH), que ficou responsável pelo estabelecimento dos parâmetros e outras definições sobre a classificação das barragens, bem como pelas diretrizes para implementação da PNSB, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens. Assim, a CNRH n. 144/2012 é o documento que estabelece os critérios para o envio de informações a ANA. Esta agência, por sua vez, elabora anualmente o RSB, que é submetido, posteriormente, à apreciação e aprovação do Congresso Nacional. Os prazos e a sistemática de envio e compilação de informações, desde o empreendedor até o Congresso Nacional são assim descritos na CNRH n. 144/2012: Art. 11. Os empreendedores terão prazo até 31 de janeiro de cada ano para enviar aos órgãos fiscalizadores as informações necessárias para elaboração do Relatório de Segurança de Barragens. (NR) Art. 12. Os órgãos fiscalizadores terão prazo até 30 de abril de cada ano para enviar à ANA as informações necessárias para a elaboração do Relatório de Segurança de Barragens. (NR) Parágrafo único. A ANA deverá informar no Relatório de Segurança de Barragens o não recebimento das informações solicitadas aos órgãos fiscalizadores. Art. 13. A ANA deverá encaminhar o Relatório de Segurança de Barragens ao CNRH até 31 de agosto, de forma consolidada. (NR) Art. 14. Fica instituído o Grupo de Trabalho no âmbito da Câmara Técnica de Análise de Projeto (CTAP) com o objetivo de analisar o relatório elaborado pela ANA e propor as recomendações para a melhoria da segurança de barragens. (NR) Parágrafo único. O GT será constituído por dois membros de cada segmento representado na CTAP. (NR) Art. 15. Cabe ao CNRH, anualmente, apreciar o Relatório de Segurança de Barragens, fazendo, se necessário, recomendações para melhoria da segurança das obras, bem como encaminhá-lo ao Congresso Nacional até 31 de dezembro de cada ano. (NR). (CNRH, 2012, p. 3). Cap.2 1 RELATÓRIO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS - RSB O Relatório de Segurança de Barragens é um instrumento importante dentro do tema “segurança de barragens” no país. Seu objetivo principal é disponibilizar as informações sobre as barragens a toda a população brasileira. Nesta diretriz, o RSB cumpre um papel importante em relação à comunicação dos conceitos envolvidos neste tema, iniciando com conceitos básicos, relatando sobre as informações coletadas junto aos órgãos fiscalizadores e empreendedores e, por fim, envolvendo o leitor (ou a população) no assunto. De acordo com os dados publicados no RSB 2019, as barragens para acumulação de água no Brasil estavam assim distribuídas: Já as barragens para usos relacionados a mineração e produção industrial encontravam-se distribuídas da seguinte forma: Vale destacar que o RSB é um instrumento que se relaciona com todos os demais, pois as informações que estão contidas nele são provenientes de outros instrumentos da PNSB, consolidados neste documento. Além do mais, sendo um relatório, o RSB servirá como um referencial importante e registro histórico da evolução da gestão de segurança de barragens no Brasil. As informações coletadas e que fazem parte do RSB são aquelas minimamente necessárias para a elaboração deste documento, conforme estabelecido na Resolução CNRH n. 144/2012 e resumidas na Figura 29. https://static-dpc.unyleya.com.br/conteudo/pos_graduacao/regulamentacao_nacional_e_internacional_relacionadas_a_seguranca_de_barragens/v1/unidade3/uni3/uni3_cap2.html https://static-dpc.unyleya.com.br/conteudo/pos_graduacao/regulamentacao_nacional_e_internacional_relacionadas_a_seguranca_de_barragens/v1/unidade3/uni3/uni3_cap2.html O RSB utiliza para análise o total de barragens enquadradas na Lei n. 12.334/2010, de acordo com os requisitos estabelecidos nos incisos do parágrafo único, do artigo 1º, pois este é o conjunto de empreendimentos mais significativo para o relatório. De acordo com o Relatório de Segurança de Barragens (RSB) elaborado pela ANA em 2019, constavam no SNISB cerca de 19.388 barragens, tendo 8.559 (44%) informações sobre altura, 15.821 (82%) informações sobre volume de reservatório e 8.763 (45%) algum tipo de ato de autorização (outorga, concessão, autorização, licença, entre outros). Assim, considera-se que estas barragens estão regularizadas (ANA, 2020, p. 28). Ainda segundo o autor, estes números são superiores ao do ano anterior (2018), o que demonstra que houve um aumento da atuação dos órgãos fiscalizadores por meio da identificação, levantamento de outorgas e cadastramento das barragens no SNISB. Apesar disto, no RSB 2019, cerca de 61% das barragens ainda não tinham informações suficientes para avaliar se estavam submetidas à PNSB ou não. Entre estes 61% das barragens (ou 11.767), o maior passivo de informações encontra-se com as barragens de acumulação de água. Ainda segundo o documento, o ritmo de crescimento
Compartilhar