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KM_DTI
Direito do Trabalho I	 2 
AULA 01	 2 
I. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO 
TRABALHO NO MUNDO E NO BRASIL	 2 
I.1. A Consolidação das Leis do Trabalho 	 4 
I.2. A Constituição Federal de 1988	 4 
I.3. O trabalho como direito humano e fundamental	 5 
II. CONCEITO	 6 
III. DENOMINAÇÃO	 7 
IV. DIVISÃO INTERNA	 7 
V. AUTONOMIA	 8 
VI. NATUREZA JURÍDICA	 9 
VII. FUNÇAO	 11
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KM_DTI
Direito do Trabalho I 
Karina Martins 
Direito do Trabalho I 
AULA 01 
I. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO NO 
MUNDO E NO BRASIL 
É possível compreender a história do direito do trabalho no plano 
internacional e no Brasil. 
No plano internacional, o direito do trabalho divide-se em período pré-
histórico e período histórico. 
No período pré-histórico ou pré-industrial, encontraremos três fases distintas: 
a. vinculação do homem ao homem (escravidão); 
b. vinculação do homem à terra (servidão); 
c. vinculação do homem à profissão (corporações). 
Surgia, ainda, nesse período, outro tipo de relação de trabalho: a locação 
(locatio operis e locativo operarum) . Alguns sustentam ser a locatio operarum 1
precedente da relação de emprego moderna, objeto do direito do trabalho. 
Nesse período não existia ainda o direito do trabalho tal como conhecemos hoje. 
No período histórico propriamente dito é que surge o direito do trabalho. 
Três foram as principais causas: 
a. econômica - revolução industrial; 
b. política - transformação do Estado liberal - Revolução Francesa - 
em Estado neoliberal - intervenção estatal na relação de emprego; 
e, 
c. jurídica - justa reivindicação dos trabalhadores no sentido de se 
implantar um sistema de direito destinado à proteção, como direito 
de união, do qual resultou o sindicalismo, o direito de contratação 
individual e coletiva. 
Somados a essas causas, contribuíram decisivamente para o surgimento do 
direito do trabalho a ideia da justiça social preconizada, principalmente, pela 
 Na locatio conductiu operis, o que interessa é o resultado pronto, não importando como foi feito para ser 1
entregue 
A locatio conductiu operarum é uma relação através da qual alguém se colocava em disposição de uma outra 
pessoa durante um certo tempo e mediante certa remuneração, para prestar determinado serviço, podendo 
chamar esta de antecedente direta do contrato de emprego. O que interessa é o serviço propriamente dito.
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Igreja Católica, através das Encíclicas Rerum Novarum e Laborem Exercens , e o 2
marxismo, preconizando a união do proletariado. 
As primeiras leis trabalhistas foram: 
a. quanto à forma: constitucionais e ordinárias; 
b. quanto à matéria: de proteção aos menores e às mulheres. 
Coube ao México editar, em 1917, a primeira Constituição contendo direitos 
trabalhistas, como jornada diária máxima de oito horas, jornada noturna de sete 
horas, proibição do trabalho do menor de 12 anos, descanso semanal, salário 
mínimo, igualdade salarial, direito de sindicalização, de greve, indenização de 
dispensa etc. (art. 123). 
A segunda Constituição foi a da Alemanha, intitulada de Constituição de 
Weimar (1919). Trata-se de Constituição, diferentemente da analítica carta 
mexicana com característica principiológica que teve ampla repercussão no 
continente europeu. 
Em 1919 é editado o Tratado de Versalhes, cuja importância para o direito 
do trabalho residiu na previsão de criação da OIT - Organização Internacional do 
Trabalho, cabendo a este organismo internacional universalizar as normas de 
proteção ao trabalho. 
Também merece destaque a Carta del Lavoro (1927), da Itália, de índole 
corporativista, que serviu de base para Portugal e Espanha, produzindo 
repercussões no Brasil. 
No Brasil, podemos dividir a história do direito do trabalho em três fases: 
a. a primeira, do descobrimento à abolição da escravatura; 
b. a segunda, da proclamação da república à campanha política da 
Aliança Liberal; e 
c. a terceira. da Revolução de Trinta aos nossos dias. 
Nas duas primeiras fases ainda não existia a nossa disciplina tal como a 
conhecemos hoje. 
A partir da Revolução de Trinta é que realmente se inicia a fase 
contemporânea do direito do trabalho. 
O surgimento do direito do trabalho no Brasil sofreu influencia de fatores 
externos e internos. 
 Escrita em 1891, é o primeiro texto oficial do magistério pontifício que aborda de forma global os problemas 2
sociais derivados da denominada Civilização do Trabalho, que acompanha a Modernidade. A situação de 
exploração e miséria vivida pelos trabalhadores no início da Revolução Industrial foi o leitmotiv da Rerum novarum. 
É a culminação de todo um processo eclesial de tomada de consciência ante a miséria dos operários e de 
reflexão sobre as grandes transformações sociais a partir da Revolução Industrial.
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a. fatores externos - as transformações que ocorriam na Europa com 
a proliferação de diplomas legais de proteção ao trabalhador, o 
ingresso do nosso país na OIT. 
b. fatores internos - basicamente o movimento operário influenciado 
por imigrantes (final de 1800 e inicio de 1900), o surto industrial 
(pós-primeira guerra mundial) e a política de Getúlio Vargas (1930). 
Em 1939 é criada a Justiça do Trabalho, sendo que em 01.05.1943 é 
decretada, por Getúlio Vargas, a Consolidação das Leis do Trabalho. 
I.1. A Consolidação das Leis do Trabalho 
Entrou em vigor a 10.11.1943, sistematizou as leis esparsas existentes na 
época, acrescidas de novos institutos criados pela comissão de juristas que a 
elaboraram. 
A CLT não é um código, mas um Decreto-lei de caráter geral, aplicado a 
todos os empregados sem distinção da natureza do trabalho técnico, manual ou 3
intelectual. 
Não se pode deixar de reconhecer que a CLT é o texto legislativo básico 
do direito do trabalho brasileiro, enriquecido pela legislação complementar e pela 
Constituição Federal. 
I.2. A Constituição Federal de 1988 
A primeira constituição brasileira a versar sobre os direitos trabalhistas foi a 
de 1934. De lá para cá, todas elas contem princípios e regras basilares do direito 
do trabalho, embora sob a perspectiva do modelo liberal clássico. 
É a Carta Magna de 88 que inaugura uma nova página na história dos 
direitos sociais no Brasil, repercutindo diretamente no direito do trabalho sob o 
paradigma do Estado Democrático de Direito. 
Contendo diversos dispositivos versando sobre direitos trabalhistas (individual 
e coletivo), a CF consagra o direito ao trabalho como direito social e o insere no 
título alusivo aos “Direitos e Garantias Fundamentais”. 
 Por força do art. 7º da CLT, os preceitos constantes da CLT, salvo quando for, em cada caso, expressamente 3
determinado em contrário, não se aplicam: aos empregados domésticos; aos trabalhadores rurais; aos servidores 
públicos da administração direta, autárquica ou fundacional investidos em cargos públicos (estatutários).
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No art. 7º cataloga os direitos individuais dos trabalhadores rurais e urbanos, 
sem excluir outros que visem à melhoria de sua condição social. 
O parágrafo único do preceptivo em causa estende à categoria dos 
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos inc. IV, VI, VIII, XVII, XIX, XXI e 
XXIV, bem como a sua integração à previdência social. 
O art. 8º estabelece a liberdade de associação profissional ou sindical, 
embora os seus incisos, em manifesta contradição com o caput, mantenham a 
unicidade sindical. 
Sem dúvida, é uma das Constituições mais avançadas no aspecto social, 
pois consagra os direitos trabalhistas como autênticos direitos fundamentais. 
I.3. O trabalho como direito humano e fundamental 
Na sociedade contemporânea, o trabalho passa a ser um direito ao 
mesmo tempo humano e fundamental. É direito humano porque 
reconhecido solenemente nos documentos internacionais, desde o Tratado 
de Versalhes, de 1919. 
A Declaração dos Direitos Humanos de 1948 reconhece, em seu art. 
23,n.1, in verbis: 
Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do 
trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de 
trabalho e à proteção contra o desemprego. 
O direito ao trabalho, além de direito humano, é também direito 
fundamental, mormente em nosso sistema jurídico, porquanto positivado na 
Constituição Federal, sendo, portanto, tutelado pelo direito constitucional, 
ora com princípio (e valor) fundamental do Estado Democrático de Direito 
(CF, art. 1º, II, III e IV); ora como direito social (CF, arts. 6º e 7º); ora como 
valor fundante da ordem econômica, que tem por finalidade assegurar a 
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observado, 
dentre outros, o princípio da busca do pleno emprego (CF, art. 170, VIII). 
É preciso esclarecer que não é qualquer trabalho que deve ser 
considerado um direito humano e fundamental, mas apenas o trabalho que 
realmente dignifique a pessoa humana. 
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II. CONCEITO 
Conceito é a noção, a ideia, que o ser cognoscente tem do objeto ou valor 
a ser conceituado. 
O vocábulo “trabalho" é empregado como uma espécie de guarda-chuva 
que abriga todas as atividades humanas. Vale dizer, todo ato humano é, na 
essência, um trabalho fisico ou mental, em proveito próprio ou alheio, com 
finalidade econômica ou não econômica. 
O trabalho de que se ocupa o direito do trabalho surge com o advento do 
regime do trabalhador assalariado, fruto da sociedade industrial. 
Mauricio Godinho Delgado define direito do trabalho, em sentido lato, como 
um 
“complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que 
regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações 
normativamente especificadas, englobando, também, os 
institutos, regras e princípios jurídicos concernentes às 
relações coletivas entre trabalhadores e tomadores de 
serviços, em especial através de suas associações 
coletivas” . 4
Para Carlos Henrique Bezerra Leite, o conceito de Direito do Trabalho é: 
o ramo da ciência jurídica constituído de um conjunto de 
princípios, regras, valores e institutos destinados à regulação 
das relações individuais e coletivas entre empregados e 
empregadores, bem como de outras relações de trabalho 
normativamente equiparadas à relação empregatícia, tendo 
por escopo a progressividade da proteção da dignidade 
humana e das condições sociais, econômicas, culturais e 
ambientais dos trabalhadores. 
 DELGADO. Mauricio Godinho, Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010, p. 49.4
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III. DENOMINAÇÃO 
Direito do trabalho constitui um novo ramo da ciência jurídica, em função do 
que ainda não possui uma denominação plenamente consolidada nos 
ordenamentos dos Estados soberanos. São diversas as denominações adotadas. 
Exemplificando: Legislação do Trabalho, Direito Operário, Direito Industrial, 
Direito Corporativo, Direito Social. 
Todavia, Direito do Trabalho é a denominação mais aceita - apesar de ter 
sentido mais amplo do que efetivamente representa -, por melhor corresponder 
ao objeto (relação de trabalho contratual ou não) e aos fins da disciplina 
(distinção socioeconômica fundamental entre trabalhador e empregador e 
promoção da pacificação dos conflitos emergentes das forças do capital e do 
trabalho). 
Além disso, Direito do trabalho é a expressão mais difundida no mundo, 
inclusive adotada pela OIT. No direito positivo brasileiro encontramos a expressão 
consagrada literalmente no art. 22, I, da CF, segundo o qual compete à União 
legislar sobre “direito do trabalho”. 
IV. DIVISÃO INTERNA 
Poucos autores estabelecem disciplinamento próprio para a divisão interna 
da nossa disciplina. Embora o direito do trabalho seja um ramo da ciência do 
Direito, e, como tal, deve ser estudado, é possível internamente, para fins 
didáticos, estabelecer alguns divisões do seu conteúdo. 
Preferimos adotar o critério de Carlos Henrique Bezerra Leite, vez que mais 
simplificado e objetivo, exclusivo para o direito material do trabalho, dividindo-o 
em quatro partes: 
a. Introdução ao Estudo do direito do trabalho - trata da 
teoria geral do direito do trabalho; 
b. Direito Individual do Trabalho - tem por objeto o estudo 
das relações individuais de trabalho; 
c. direito coletivo do trabalho - diz respeito, tradicionalmente, 
ao estudo do fenômeno de grupo que deu origem à 
associação profissional, aos sindicatos e aos comitês de 
empresas; 
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d. Direito Internacional do Trabalho - ocupa-se da expansão 
e ampliação do catalogo normativo de regulação das 
relações entre os Estados e entre estes e os 
trabalhadores e empregadores, especialmente por meio 
de suas correspondentes associações, tendo por objeto a 
edição de convenções internacionais de trabalho que 
visam, na essência, erradicar as piores formas de trabalho 
no mundo e a promover a melhoria das condições 
socioeconômicas dos trabalhadores. O estudo do Direito 
Internacional do Trabalho é de suma importância para o 
sistema jurídico brasileiro, em função do disposto nos §§ 
2º e 3º do art. 5º da CF, pois as convenções da OIT são 
verdadeiros tratados de direitos humanos e constituem 
fontes dos direitos do trabalho brasileiro. 
V. AUTONOMIA 
Falar-se em autonomia do direito do trabalho é reconhecer que ele se 
desgarrou do direito civil (ou direito comum). 
O Direito do Trabalho é ramo autônomo? Há muito esta polêmica já se 
encontra superada, que somente fez sentido no momento da afirmação do Direito 
do Trabalho, época em que alguns afirmavam pertencer tal ramo ao Direito das 
Obrigações. 
Alfredo Rocco propõe três critérios para que a autonomia de um ramo seja 
alcançada, quais sejam: 
1) a existência de um campo temático específico, 
2) a elaboração de teorias próprias e 
3) uma metodologia específica. 
Analisemos se o Direito do Trabalho preenche tais requisitos. 
1) Campo temático específico: o Direito do Trabalho tem por 
objeto principal o estudo da relação de emprego, relação 
esta jamais sistematizada por qualquer outro ramo. Por 
outro lado, possui ainda em seu campo de estudo outras 
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especificidades, tais como a negociação coletiva e a 
greve. 
2) Teorias próprias: o ramo sob análise possui teorias 
próprias, sendo uma delas a da hierarquia das normas 
jurídicas, que determina que uma norma de hierarquia 
inferior pode prevalecer sobre outra de natureza superior 
desde que observado o princípio da norma mais 
benéfica. 
3) Metodologia específica: a metodologia específica do 
Direito do Trabalho pode ser comprovada pelos métodos 
peculiares de criação do Direito, como a possibilidade da 
criação de normas gerais através da negociação coletiva 
ou da sentença normativa. 
Portanto, demonstrado está o fato de ser o Direito do Trabalho ramo 
autônomo do Direito. 
VI. NATUREZA JURÍDICA 
A natureza jurídica do Direito do Trabalho, que deve ser extraída dos 
elementos essenciais deste ramo, é objeto de divergências entre os mais 
renomados juristas. Há cinco possíveis posicionamentos sobre sua natureza 
jurídica. 
Primeiramente, discute-se se tal ramo pertence ao Direito Público ou ao 
Direito Privado. A doutrina aponta certos critérios de distinção entre os referidos 
ramos, os quais citar-se-á três deles: 
a. o critério da titularidade, 
b. o critério do interesse e 
c. o da sujeição. 
Pelo primeiro, a diferenciação está no titular do direito, que pode ser público 
ou privado. 
O critério do interesse, lado outro, examina se o interesse jurídico envolvido 
é eminentemente público ou se possui caráter privado. 
Finalmente, o critério da sujeição examina se há subordinação, e, portanto, 
desigualdade na relação, ou se há coordenação ou igualdade entre as partes. 
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Com base nestes e em outros critérios os autores costumam se embasar 
para a defesa de um ou de outro ramo. 
Os que defendem que o Direito do Trabalho se enquadra como ramo do 
Direito Público(como, por exemplo, Mário de la Cueva ) ponderam que a livre 5
manifestação de vontade da parte foi substituída pela vontade do Estado, o que 
resulta na imposição estatal da maioria das normas trabalhistas e na 
institucionalização deste Direito, com o consequente controle estatal. Não haveria, 
de fato, liberdade em contratar, haja vista que o empregado não pode renunciar, 
mesmo expressamente, alguns direitos estabelecidos pelo ordenamento jurídico. 
Lado outro, entendem que se trata de ramo do Direito Privado, haja vista 
que, além de ter nascido este ramo do Direito Civil, o instituto básico do Direito 
do Trabalho é o contrato trabalhista, que possui caráter eminentemente privado. 
Afirmam, estes, ademais, que “a relevância da noção do ser coletivo em seu 
interior, em contraposição ao individualismo prevalecente no Direito Civil não é, 
como visto, característica isolada do ramo justrabalhista, estando hoje presente 
em outros ramos do Direito Privado, como o Direito do Consumidor” . 6
Entre estas posições, observa-se a defesa do Direito do Trabalho com um 
novo e terceiro ramo do Direito, caracterizando-se como Direito Social, cujo 
fundamento – anteriormente exposto – está na socialização do Direito, em 
oposição ao Direito individual. 
Um quarto posicionamento defende o caráter misto do Direito do Trabalho. 
Assim, não se reconhece a unidade conceitual do direito, devendo ser 
examinado cada instituto do Direito do Trabalho, que será encaixado ora dentro 
do Direito Público, ora no Direito Privado. 
Finalmente, uma quinta corrente defende o Direito Unitário, e tem por adepto 
Arnaldo Sussekind. É defendida a natureza jurídica unitária do Direito do Trabalho, 
que abrange, entretanto, normas de Direito Público (como normas de tutela e 
inspeção do trabalho), e normas de Direito Privado (como as alusivas ao contrato 
individual de trabalho). 
Estamos em que, não obstante a existência de normas de ordem pública 
presentes no Direito do Trabalho, este pertence ao ramo do Direito Privado. 
Primeiramente, por possuir como titular da relação a presença de 
particulares e não do Estado. 
Em segundo lugar, por cuidar a relação de emprego, apesar do interesse 
público envolvido, de interesse prevalentemente privado, patrimonial. 
 SUSSEKIND, Arnaldo. Instituições de Direito do Trabalho. São Paulo: LTR. 2000. p.123, nota 22.5
 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTR, 2003, p.736
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O terceiro critério abordado, qual seja, o da sujeição, seria, para nós, o que 
mais poderia suscitar dúvidas quanto ao enquadramento ao Direito Público ou 
Privado, haja vista ser a subordinação do empregado em relação ao empregador 
um critério de caracterização da relação de emprego. 
Entretanto, acreditamos que a subordinação na relação de emprego não se 
confunde com aquela existente no Direito Público. A subordinação no Direito do 
Trabalho refere-se tão-somente à direção da prestação laboral pelo empregador, 
que irá determinar o modo da realização dos serviços. 
Ademais, a subordinação deriva de um contrato livremente firmado entre as 
partes, diferentemente do que ocorre no Direito Público, o que pode ser 
exemplificado pelo poder de polícia da Administração Pública, que existe 
independentemente de contrato entre particulares. 
VII. FUNÇAO 
O fundamento e a principal função do Direito do Trabalho seria a de impedir 
a exploração do trabalho humano como fonte de riqueza dos detentores do 
capital. 
Luiz Carlos Amorim Robortella, em seu texto "Terceirização: tendências em 
doutrina e jurisprudência", explica que 
o Direito do Trabalho tem a função de organizar e disciplinar 
a economia, podendo ser concebido como verdadeiro 
instrumento da política econômica. Este ramo do Direito teria 
deixado de ser somente um direito da proteção do mais 
fraco para ser um direito de organização da produção. Ao 
invés de ser apenas direito de proteção do trabalhador e 
redistribuição da riqueza, converteu-se em direito da 
produção, com especial ênfase na regulação do mercado de 
trabalho .7
 ROBORTELLA, Luiz C. A., Terceirização: Tendências em Doutrina e Jurisprudência, BUSCALEGIS, Sítio 7
da Universidade Federal de Santa Catarina, no endereço eletrônico: http://150.162.138.14/arquivos/
Terceirizacao-tendencias_em_doutrina_e_jurisprudencia.htm, disponível em 27 de dezembro de 2005, às 17:00 
horas (GMT-4).
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