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África Subsaariana
África pré-colonial
Existe uma zona de transição para a África Subsaariana, abaixo do Sahel, que delimita o estudo. A fronteira não é definida (a Etiópia, Somália tem uma cultura diferente, mas inserem-se na logica da cadeira).
Estado
O modelo de Herbst vai ser usado para definir o conceito de Estado-Nação em Africa. A definição clássica de RI, é marcada pelas relações entre estados (apesar de haver teorias que consideram outros atores como o Construtivismo).
Até Vestefália havia Estados Principescos e Cidades estado (imperiais). As Rev. Francesa e Industrial contribuíram para a evolução do Estado na Europa. A característica principal do estado. Para Weber, o exercício (e monopólio) da violência e legitimidade, ajudavam a definir o Estado, de acordo com a matriz Europeia. Mas será que estes critérios servem para analisar a evolução dos Estados em Africa? A experiencia europeia, de acordo com alguns críticos, não tem modelos aplicáveis a Africa, que tem uma experiencia especifica e diferente, não se podendo avaliar os Estados da mesma forma.
Impérios Africanos/Repartição de Africa
O período colonial começa com a expansão dos impérios marítimos portugueses e espanhóis no final do sec. XV e XVI, estendendo-se ate as independências do sec. XX. No período pré-colonial, havia organizações politicas em Africa. Antes da Conferencia de Berlim (1884-1885) já havia uma separação dos territórios africanos dos impérios coloniais. Houve uma evolução dos estados/territórios ao longo do tempo, até à atualidade. 
Herbst
Herbst aplicou um modelo para analisar a criação e consolidação dos Estados em Africa. O principal desafio dos lideres africanos, que decidem como gerir o território e pessoas, é como projetar poder sobre um território pouco populoso (são territórios vastos com baixa densidade populacional). Como se faz o controlo de forma cost effective? Herbst afirma que existe uma diferença de como o poder é exercido em África, diferente do modelo dos Estados ocidentais. O argumento principal de Herbst é que historicamente a baixa densidade populacional em África faz com que o território tenha baixo valor (muito território, pouca população) que não justifica o seu controlo. Os lideres extraiam riqueza do território através da taxação da atividade económica da altura, como a agricultura (é um contexto em que não havia exploração dos recursos naturais africanos). A Africa Subsaariana tem tipicamente (e historicamente) uma densidade populacional mais baixa que outras regiões africanas, e sobretudo quando comparada com outros continentes (como a Europa). Para Herbst os desafios em Africa eram diferentes e, portanto, deveriam ser geridos de forma diferente e de acordo com pressupostos diferentes do que os Estados tradicionais no ocidente.
África tem um território muito mais vasto do que as típicas perceções cartográficas permitem compreender. Por outro lado, a densidade populacional é muito baixa quando se tem em conta esta dimensão geográfica. Isto significa que os Estados europeus e a sua experiencia histórica, é de entrarem em conflito para controlo de território. As guerras pelo território são uma experiencia europeia, não ocorrem em Africa (não tem grande relevância para os lideres africanos).
Há outros dois aspetos que dificultam o controlo do território:
· Diferenças ecológicas (costa, savana, deserto, semiárido) que tornam mais complexo um sistema de gestão e controlo;
· Características geográficas adversas a comunicações de longa distancia – poucos rios navegáveis durante todo o ano (existência de rápidos ou secas). Esta é uma das razões para a colonização europeia só ter ocorrido no final do sec. XIX, apesar da proximidade geográfica do continente africano do continente europeu.
A dificuldade de controlo assenta em três fatores:
· Custo de expandir a infraestrutura estatal de poder – Custo de controlar zonas distantes do centro de poder (capital) e tipo de investimentos (estradas, caminhos de ferro, comunicações, governo local) para integrar zonas distantes num só sistema;
· Natureza das fronteiras nacionais – As fronteiras mais recorrentes são físicas (há uma delimitação) mas estas também podem ser institucionais como o uso de uma determinada moeda ou diferentes regras sociais;
· O desenho do sistema de estados – A forma como os estados se relacionam, são reflexo dos desafios que têm. Na Europa caracterizado pela guerra, enquanto em Africa caracterizado pela cooperação (coloca em causa a visão realista da anarquia e conflito). Em Africa não há conflitos entre Estados (com pontuais exceções como Etiópia-Eritreia).
Custo de expandir a infraestrutura estatal de poder
A convecção do poder e diferente da europeia; trata-se de um poder não territorial por o bem escasso não ser o território. Como o território é abundante o seu controle não é critico. Isso não significa que não existam estados/sistemas de estado na Africa pré-colonial. Equacionar Estado ao controlo do território é uma visão Eurocêntrica.
Por exemplo, a Constituição Mankessim/Reino Mankessim (1871) da Confederação Fanti. Há outro tipo de organizações politicas distinta, que não esta relacionada com o controlo do território, mas sim com controlo de população, comercio, etc.
Território abundante e população reduzida – os direitos de propriedade sobre as pessoas estavam mais desenvolvidos em África do que noutras partes do mundo. Poucos investimentos fixos na agricultura (ex. sistemas de irrigação) que tornem o controlo de um determinado território importante (a irrigação é feita sobretudo pela chuva). Se uma população discordava de um governante, poderia simplesmente mover-se para outro território em vez de o combater.
Como o território não era um muito importante não existe uma tradição de mapas na Africa pré-colonial (com exceção da Etiópia). Os escravos constituíam um meio de pagamento e eram muitas vezes uma das razoes para as guerras entre reinos. 
Distinção entre posse da terra e autoridade sobre os habitantes da terra:
· Poderia existir a distinção entre a soberania da terra e a autoridade sobre as pessoas (Ashanti);
· Os Nunu (atualmente RDC) “os guardiões das pessoas e os guardiões da terra”;
· Os Zulu achavam que os colonos holandeses podiam ocupar a terram sem a deter enquanto que os colonos associavam a ocupação à pertença.
Havia organizações politicas operativas nos territórios pré-coloniais, que não se configuravam como estados. Tinham dificuldade de projetar poder, e uma dinâmica de gestão da organização politica focada em aspetos diferentes, mais nas pessoas que no território.
Poder
O poder e uma serie de círculos concêntricos que radiam do centro:
· Existe um focus no centro politico e menos no interior dos territórios (fora do centro). O reino Ashanti define o seu poder pela distancia de 20 dias de caminhada da capital (Kumasi);
· Territórios mais distantes poderiam considerar-se independentes mesmo que vizinhos de um reino poderoso.
O poder dos Estados depende da sua capacidade de projetar força (exercício da coação) a partir do seu centro.
A natureza das fronteiras nacionais
As fronteiras ou instituições de demarcação do território são quase inexistentes. A noção de fronteira como delimitação está praticamente ausente, as fronteiras são entendidas como regiões de fronteira ou zonas onde mais que uma entidade política poderia exercer a sua autoridade e onde os contornos de poder eram difusos. Os estados não tinham capacidade de controlar o movimento de pessoas e dinheiro.
O desenho do sistema de estados
O aspeto mais significativo no relacionamento entre estados é a não existência de um estado unitário, mas sim uma diversidade de formas de estado (vilas, cidade-estado, estado-nação, impérios), em conjunto com uma complexidade de soberanias partilhadas. Segundo Herbst, as relações exteriores dos estados são por vezes indiferenciadas dos assuntos domésticos.
Período colonial e o seu legado
O período de colonização alterou profundamente o continente africano em termos de:
· Um novo sistema de fronteiras (sobretudoa partir da Conferencia de Berlim) – Do período colonial a pós-colonial, houve uma alteração da natureza das fronteiras. Isto é um legado da colonização. Estas fronteiras foram definidas na Conferencia de Berlim, e não refletem o agrupamento dos grupos etnolinguísticos do continente;
· Sistema de produção baseada na produção agrícola (monocultura) e mineral para a exportação (metrópole) – O período colonial (do séc. XVI ao séc. XX) causou profundas alterações no sistema económico do continente. Após o final do sec. XIX teve uma logica de produção para exportação, com base em monoculturas agrícolas, e minérios (petróleo, diamantes, metais). A ideia era desenvolver esta produção de acordo com as necessidades da metrópole. As zonas de produção são desenvolvidas não numa perspetiva de economia local, mas de exportação para as metrópoles das potencias colonizadoras para serem transformadas as matérias primas. Grande parte desta industria, era mão-de-obra intensiva, requeria um elevado numero de trabalhadores;
· Construção de infraestruturas que ainda definem o comércio – Não era ainda muito acentuada. As infraestruturas eram sobretudo portos, mas também caminhos de ferro e estradas, para facilitar o transporte das matérias primas para a metrópole. Havia pouco investimento, de uma forma geral, em linhas de caminho de ferro, com exceção da África do Sul;
· Religiões, línguas e praticas culturais – As famílias de línguas faladas no continente eram numerosas antes do período cultural. Depois do processo de colonização houve uma alteração do mapa linguístico, devido a introdução de línguas oficiais dos colonizadores nos territórios. Houve também uma alteração ao nível da religião, com uma grande prevalência da religião tribal no inicio do seculo, mas com uma perda progressiva ao longo do século sobretudo devido à introdução e evangelização à religião crista.
Estas profundas alterações relegam para segundo plano o facto que os Europeus também desenvolveram um conjunto de respostas para o problema do controle das pessoas e território em zonas de baixa densidade populacional com uma presença administrativa mínima. Os Europeus para colonizar tiveram que resolver este problema, sendo este um legado do período colonial.
O problema africano (The African Problem)
Edward Blyden, um dos pais da teoria do pan-africanismo, movimento intelectual mundial de desenvolvimento das ligações de solidariedade entre pessoas com descendência africana.
Blyden identifica o problema como a incapacidade de os europeus conquistarem África da mesma forma que o fizeram em outras regiões (Ásia, América Latina). Isto conduziu a diferentes formas de colonização e também como o estado colonial foi estruturado.
O processo de colonização
Existem diferentes perspetivas sobre os processos de colonização de África. 
Robert Jackson olha para os processos de colonização como constituído por burocracias leves, com pouco pessoal e meios financeiros, mais semelhante a atuais unidades administrativas rurais Europeias do aos modernos estados independentes – o colonialismo como um sistema “legal” baseado em regras.
Há outra perspetiva (Crawford Young) que considera o impulso de colonização existe por haver estados com tendências despóticas (autoritárias) apesar das limitações dos seus recursos (todos concordam que a presença física colonial é escassa). O estado colonial consegue num curto espaço de tempo controlar e subjugar as sociedades e esmagar a sua resistência. A Conferencia de Berlim exigia a ocupação efetiva como base para o exercício do poder, o que requer uma administração regional. Os seus objetivos são claros: imposição da ordem e a criação de receitas.
Mahmood Mandami considerava as motivações colonialistas como económicas, sendo o fator mais decisivo o fim da escravatura no continente europeu, que motivou a criação de um novo sistema de exploração, mas desta vez no continente africano (o fim da escravatura acontece nas décadas que antecedem a Conferência de Berlim) Há um aspeto importante para Mandami, o mecanismo de controlo colonial não era a força, mas sim um modelo cultural de contenção da população local, usando autoridades nativas (no caso das colónias inglesas, uma autoridade monárquica com um reino no centro de cada grupo, autoritária com um chefe em cada unidade administrativa e patriarcal com um patriarca em cada casa – o homem mais velho que comanda tudo). O projeto colonial, e a hegemonia colonial é um projeto cultural, serve para mobilizar a moral, historia e comunidades em torno do costume local que serve um projeto colonial mais abrangente.
Conferência de Berlim
Há dois períodos coloniais distintos antes (no final do séc. XV) e depois da Conferência de Berlim. Antes da Conferencia de Berlim havia pouco ou nenhum controlo do interior do território. É essencialmente caracterizado por postos de comercio, e uma conversão ao cristianismo das populações locais.
Um comité britânico em 1865 recomenda para a costa ocidental que não se aumente a presença no território ou que se expandissem as responsabilidades do governo exceto no que se refere a administração das colonias existentes. Era encorajada a transferência da administração para os africanos.
Antes de 1884 a França e Alemanha opõem-se a uma expansão e Portugal é demasiado fraco para concretizar as suas ambições colonias. Os colonos tinham sempre pretensões de maior controlo, mas as metrópoles não conseguiam materializar recursos para adquirir mais territórios. Os colonizadores têm pouco conhecimento do interior, consideram existir poucas oportunidades de comercio, consideram as colonias dispendiosas e problemáticas, e havia o problema das mortes relacionadas com a malaria (the white man’s grave).
Depois da Conferência de Berlim há vários fatores que explicam a expansão colonial:
· Profilaxia do quinino (1850) permite reduzir em 80% as mortes por malaria;
· Adoção da metralhadora Maxim (1880) – A capacidade bélica e determinante para os objetivos dos Estados;
· Falta de outros territórios para conquistar no mundo;
· Os colonos querem alargar fronteiras independentemente da vontade das metrópoles;
· Concorrência entre estados europeus e receio de ficarem “de fora” da corrida a África – Basta que um se pronuncie que tenha pretensões de expansão para outros se posicionarem da mesma forma.
Partilha de Africa (Scramble for Africa) - O mais significativo não foi o que aconteceu, mas que ocorre tao tarde, tao rápido e sem guerras entre colonizadores. Os europeus abandonam o modelo de fronteiras ambíguas em Africa e adotam um modelo mais europeu com fronteiras formais (os lideres e seus representantes, dividiram e demarcaram quais as posses que cada um dos países terias).
Há um debate sobre a regra de orientação da colonização em África:
· França e Grã-Bretanha e outros poderes europeus não têm interesse em expandir o controlo administrativo do território devido ao seu elevado custo e pouco retorno económico adotando outros mecanismos de controlo, como protetorados. Os alemães queriam que os países colonizadores só teriam legitimidade de posse do território se houvesse total controlo;
· Também não têm interesse em guerras pelo controlo do território devido aos seus elevados custos e retornos incertos;
· Decide como é que o poder em África deveria ser exercido:
· Alemanha – controlo forte e efetivo sobre o território. Sendo o colonizador mais recente poderia ter mais a ganhar com este modelo;
· Reino Unido – devido às vastas possessões prefere responsabilidades mínimas de ocupação;
· A visão de um controlo minimalista do território vingou;
· A Conferência legitima a prática de assinar tratados com lideres africanos como forma de ganhar controlo legitimo sobre o território – O colonizador não precisa de controlo efetivo, desde que o reino africano assine um tratado com o colonizador e reconheça a sua legitimidade – O caso de Cabinda é disto um exemplo, onde Portugal estabelece um tratado com as autoridades locais legitimando a sua presença.
A ideia por trás da conferencia era que:
·Os europeus podiam estabelecer uma base na costa e dentro de um prazo razoável estender uma presença administrativa para o interior, sem definir com precisão a natureza desta administração;
· Trata-se da aquisição da soberania – a maioria do território em Africa não foi conquistado, mas cedido, mais ou menos legitimamente, pelos lideres africanos. Em alguns casos houve guerras de conquista (ex. Angola e resistência local à colonização portuguesa), sendo apenas pontuais em certas regiões e não gerais.
O período colonial trata-se de uma aquisição de soberania por regra, com acordos locais, e acordos entre potencias europeias (de divisão do território). Apesar de ter havido pequenos conflitos, a divisão do continente não foi feita por via da conquista da guerra, mas sim através de aquisição de soberania por acordo.
Como não existiam demarcações naturais, as fronteiras são feitas com base em linhas arbitrarias (muitas vezes direitas) que correspondem a referencia astrais ou outras. Herbst não identifica, mas pensou na eventual existência de uma logica de “dividir para reinar” os povos poderá ter estado subjacente a muitas fronteiras.
No pós-Conferencia de Berlim:
· Reino-Unido não procura expandir significativamente o território para o interior (com exceção da África Austral) e tem soberania sobre o mesmo através de “protetorados” e por vezes utiliza companhias patrocinadas pelo governo;
· França controla significativas partes do território ocidental;
· Portugal, Alemanha e Bélgica são os que mais reclamam vastos territórios.
· Os Portugueses e Franceses durante o século XX passam a tratar as colónias como parte do seu país - A questão do Mapa Cor-de-Rosa – Portugal tinha a pretensão de ligar as colonias angolana e moçambicana, que motivou um ultimato inglês que queria ter um corredor aberto de norte a sul.
Estado colonial
Características:
· Poucas ambições de controlo administrativo colonial. Por exemplo, o RU, a Franca e a Bélgica tinham um numero reduzido de funcionários administrativos e policias para as populações dos territórios que ocupavam. Havia também um reduzido numero de colonos.
· Pouco número de colonos brancos, com exceção da África do Sul;
· Como não ocorre guerra entre colonizadores, e significativamente contra africanos, a infraestrutura não foi uma prioridade. As operações militares de controlo de território são determinantes na construção de infraestrutura, algo que não se verificava;
· As principais alterações ocorrem nas cidades e portos comerciais. Nas zonas rurais a administração colonial é escassa e só existe desde as primeiras décadas do século XX;
· Pequeno número de forças de segurança;
· Dificuldade de a metrópole projetar força nas colónias.
Há dois tipos de estratégias adotadas para administrar o estado colonial:
· Indireto – Usando as autoridades tradicionais para gerir o território (modelo britânico)
· Uma solução para o problema da baixa densidade populacional e extenso território;
· Supostamente sem interferência nas fronteiras da política tradicional, apesar de terem existido exceções.
· Poderia ser cooptado pelas autoridades locais para os seus próprios interesses.
Usado sobretudo pelo RU como solução para o problema de baixa densidade populacional e extenso território.
· Direto – Através de funcionários brancos no território. O português e o mais extremo da aplicação destes sistemas. Os franceses tinham um sistema direto menos acentuado e os belgas um sistema muito próximo ao sistema indireto.
Olhando para os pressupostos de Herbst, no período Colonial:
· Custo de expandir a infraestrutura estatal de poder – O custo de expandir a infraestrutura estatal de poder não foi saliente durante o período colonial. Não houve um grande esforço para expandir a infraestrutura, sendo um exemplo a cobertura dos territórios por uma infraestrutura viária. Os investimentos em infraestruturas não justificavam ser feitos, tendo em conta a baixa densidade populacional nos territórios (significava uma baixa rentabilidade do investimento);
No sistema britânico de colonização, não havia autorização para ajustamentos das autoridades l	ocais, o que acabou por tirar legitimidade e eficiência a essas autoridades.
Durante o período colonial, não mudou muito a estrutura de custos associada a extensão de poder que continua a influenciar a possibilidade de consolidação do poder.
· Natureza das fronteiras nacionais – As fronteiras foram o legado mais significativo do estado colonial, mesmo que porosas. As fronteiras e seu reconhecimento permitiu aos estados coloniais o desenvolvimento sem concorrência de outros estados (sem guerras de conquista entre colonizadores);
· O desenho do sistema de estados – Em Africa estabeleceram-se estados-territoriais e não estados-nação. As fronteiras físicas permitiram o desenvolvimento progressivo das fronteiras institucionais: moeda e em menor medida controlo do movimento de pessoas;
Apesar das significativas alterações das fronteiras e desenho do sistema de estados e outras alterações socio-politico-económicas, não ocorre uma mudança profunda na forma como os líderes governam o território (semelhante ao período pré-colonial). Só o centro é governado formalmente. O sistema de estados permitiu a soberania absoluta externa do estado, mas não ajudou na governação interna do estado (soberania interna).
O estado africano independente
Olha-se para as dinâmicas de independência, de acordo com o modelo de Herbst, numa tentativa de caracterizar o estado pós-colonial. As independências em Africa aconteceram em várias vagas, tendo ocorrido o primeiro grande momento em 1960 com a independências de 14 ex-colónias inglesas e francesas.
Independência
A mesma questão se coloca: como podem os líderes Africanos gerir ou controlar territórios vastos com baixa densidade populacional?
· Rejeição guerras de controlo ou expansão e o sistema pré-colonial de soberanias múltiplas com fronteiras flexíveis. A adoção do sistema colonial de fronteiras fixas;
· Adotam estratégias internacionais e domésticas que lhes permitem flexibilidade para expandir o poder geográfico e prevenir pretensões externas aos seus territórios.
· Estas estratégias determinam a capacidade de consolidar a sua autoridade, quer seja na recolha de impostos ou na lealdade dos “soberanos”, por exemplo através do nacionalismo.
Um argumento de R.H. Jackson (1993) é que a principal mudança com a independência foi a alteração da natureza da soberania. Na independência a soberania efetiva (governo nacional com autoridade) desaparece e um direito ao estado jurídico é estabelecido baseado no modelo de direito das relações internacionais, é um direito à soberania conferido por terem sido descolonizados. A comunidade internacional aceitou os novos estados pós-independência, não sobre a autoridade que eles tinham sobre o território, mas sim por terem sido colonizados no passado. Por terem estado formalizados em estruturas coloniais, é que lhes foi reconhecida a soberania sobre o território e a sua independência.
Mas como foi construído o estado pós-colonial num ambiente de paz? Há duas decisões muito importantes no momento de independência, tomado pelos líderes africanos. Decidem muito cedo e de uma forma determinante que o estado e mapa colonial deveria ser mantido:
· Manter o estado-nação como unidade única governativa – Não regressaram a modelos pré-coloniais. Isto significa que rejeitam:
· A diversidade de formas de estado pré-colonial (vilas, cidades-estado, estado-nação, impérios);
· O mapa étnico – Não está relacionado com as fronteiras, mas sim com características étnico-linguísticas da população.
A rapidez da descolonização faz com que os líderes políticos se concentram em assumir o poder, sobrevivência política e manutenção da lei e ordem. Os novos lideres políticos não tinham experiencia governativa, o que significava um período de aprendizagem. Ao haver um modelo existente, tenta-se replicar o modelo estabelecido.
O estado-nação é o “moderno modelo” de estado suportado por um reconhecimento e enquadramento internacional.A ONU como principal referência reconhece estados-nação, pequenos e grandes, mas não impérios do tipo dos Zulu ou Ashanti. A potencial criação de unidades agregadas regionais colocaria em causa o poder dos líderes Africanos que não assumissem um lugar na unidade superior agregada. 
· Manter as fronteiras estabelecidas - Organização da Unidade Africana (OUA) criada em
1963 afirma:
· A igualdade de soberania de todos os estados membros;
· Não interferência nos assuntos internos de outros estados membros;
· Respeito pela soberania e integridade territorial dos estados.
Decisão de 1964 “respeito pelas fronteiras existentes no momento da concretização da independência” – Esta decisão vai ser um taboo intransponível a partir deste momento. Todos os lideres africanos respeitam a integridade das fronteiras, com exceções de secessão. Não houve estados africanos a tentar aumentar o seu território pela conquista. Há vários países que apoiam movimentos de insurreição noutros países, mas a ideia e derrubar um líder que não e favorável ou quem não tem alianças, e não para dominar diretamente um território. Nenhuma guerra entre estados para extensão territorial, as “intervenções” militares noutros estados são para derrubar um líder e não para controlo territorial direto:
· Tanzânia invade Uganda 1979 para derrubar Idi Amin;
· Política da África do Sul é de destabilização e não tem ambições territoriais;
· Grande Guerra de África (1998-2003) envolve vários países Africanos, mas sempre respeitando as fronteiras.
Há poucas exceções ao principio da integridade territorial:
· Guerra civil na Nigéria pela secessão do Biafra (1967-1970);
· A Eritreia só adquire e lhe é reconhecida a independência da Etiópia apos 30 anos de luta quando o regime na Etiópia muda em 1991. A independência acontece devido a circunstancias excecionais. Devido a instabilidade interna e a alianças pontuais, acabaria por haver uma redefinição de fronteiras, com a criação de um novo estado.
Durante a Guerra Fria e depois as grandes potências e comunidade internacional apoiam
este princípio. Por vezes providenciando ajuda a governos que estão a ser desafiados por movimentos de secessão.
…
A paz “não Hobbesiana” em África 
Em 1994, os exércitos africanos têm 57% dos soldados por pessoas que a média nos países em desenvolvimento, isto significa que existe uma menor ansiedade em relação à sua segurança e definição territorial. A visão realista não se aplica em regiões onde o uso da forca entre unidades não e uma questão séria. A competição clássica europeia por controlo de território não ocorre, tanto no período colonial como pós-colonial. Mesmo estados-fracos estão imunes de pretensões vizinhas.
A falta de uma ameaça externa aos estados (em contraste com a experiência Europeia) faz com que os governos tenham menos pressões em consolidar o seu poder. Menos necessidade de cobrar impostos sobre os cidadãos, estabelecer infraestrutura administrativas (comunicações, estradas), ausência de um elemento unificador de populações diversas (grupos com uma certa afinidade juntam-se em defesa do estado) e de afirmação da legitimidade da autoridade da capital. Por exemplo estados-fracos não são ameaçados por outros estados e persistem no sistema.
Não obstante a validade deste argumento, Herbst não explora o facto que as interferências em países vizinhos ocorrem muitas vezes por procuração em guerras civis.
O respeito pela integridade territorial significa na prática a rejeição do direito à autodeterminação após a independência. A autodeterminação é um principio utilizado para se chegar à independência, mas não é reconhecido após a independência.
…
O desenho do sistema de estado
A legitimidade interna dos governos. Muitos governos são:
· Depostos em golpes de estado (principalmente por militares), nos anos 70-80;
· Desafiados por insurreições, muitas vezes em zonas remotas da capital onde o governo tem pouca projeção de poder;
· Adotam políticas para diminuir a competitividade da política interna.
A OUA decide que qualquer governo que controla a capital tem o direito legítimo à soberania do país, independentemente do seu controlo efetivo do território ou da forma como assegura o controlo político da capital. Esta é uma solução semelhante à encontrada na Conferência de Berlim em 1884/85
Desta forma existe uma similaridade na forma de responder aos desafios de controlo de território em África durante o período colonial e pós-colonial. Ao estado jurídico (de Jackson) baseado no modelo de direito das relações internacionais (um direito à soberania conferido por terem sido descolonizados) é combinado a resposta dos líderes Africanos ao African Problem de forma a solucionarem a dificuldade de controlo do território.
O novo estado pós-colonial
A capacidade de consolidar o seu poder deriva de:
· Impostos – forma de o estado consolidar o seu poder através da coerção;
· Nacionalismo – forma de o estado consolidar o seu poder através da legitimidade;
Impostos
· Pouca capacidade de cobrança de impostos. A cobrança feita era principalmente baseada nos impostos indiretos (sobre o comercio) ou industrias extrativas.
· Concentração das receitas na capital (impostos indiretos a ajuda externa);
· Investimentos em grandes projetos de infraestruturas geridos pela capital (anos 60).
Os impostos indiretos são menos visíveis pela população e dessa forma requerem menos negociação e consciencialização publica, e existe menos responsabilização pelo seu uso. Simultaneamente permite aos governantes adotarem politicas clientelistas ou poucos eficientes economicamente. A falta de responsabilização (ligação entre estado e população) e falta de uma ameaça ao estado (guerra entre estados) facilita uma cultura de corrupção que se torna um mecanismo de exploração do estado por grupos de interesses.
· O sistema de impostos as pessoas e empresas não é sistemático;
· Apesar de ter populações rurais, setores não-monetários e pobreza, em África existe uma falta de vontade politica, capacidade administrativa e predisposição da população ser taxada;
· Guerras civis não funcionam da mesma forma que guerras entre estados para consolidar o governo e permitir a cobrança de impostos (divide as populações em vez de unir). É mais fácil aumentar impostos para combater um adversário externo que um adversário interno.
Nacionalismo
· Forma de projeção de poder, e afirmação do estado, pouco dispendiosa– É um ideal de pertença;
· Euforia nacionalista pela independência rapidamente se vê confrontada com a realidade de estados independentes com poucos recursos (e consequentes dificuldades de desenvolvimento), constituídos por diferentes nações;
· A inexistência de:
· Guerras pela independência na maioria dos casos diminui a força do fator nacionalista (exceção de Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, Namíbia, Zimbabué);
· Guerras entre estados diminui a capacidade desmobilizar os nacionalismos no período pós-independência.
· Em muitos casos os hinos nacionais exaltam África mais que os países;
· Uma principal dificuldade da construção do estado em África e na Ásia é a falta de uma mitologia e memória histórica partilhada que as elites estatais possam utilizar para a construção da nação;
África pós-colonial (modelo de Herbst)
1. O custo expandir a infraestrutura estatal de poder - Os estados não realizam esforços para estender o seu poder pelo território (impostos ou nacionalismo). O poder é semelhante ao pré-colonial e colonial, de círculos concêntricos de poder baseados na capital.
2. A natureza das fronteiras nacionais - As fronteiras formais foram impostas (mesmo quando o estado não tinha capacidades para as controlar).
3. O desenho do sistema de estados - Acordo para a manutenção dos contornos geográficos dos estados coloniais. O sistema permite aos líderes assumirem o controlo legal dos governos centrais e dos territórios demarcados, mesmo quando seguem políticas ineficientes (ex. políticas clientelistas) em detrimento de políticas de consolidação do aparelho do estado. Este sistema está em contraste com o períodopré-colonial em que o controlo da terra tinha que ser exercido efetivamente, caso contrario o centro de poder já não tinha autoridade sobre o território. Os círculos concêntricos eram a delimitação das unidades políticas. 
Uma das críticas mais relevantes ao modelo, é o fato de desvalorizar o papel negativo do período colonial no atual estado-nação africano. De acordo com Herbst o que período colonial fez foi acrescentar a características existentes (sistema de estados-nação, fronteiras definidas). O período colonial teve um maior impacto que o modelo lhe atribui.
Descolonização
O processo de descolonização ocorre sobretudo entre o final dos anos 50 ate ao meio dos anos 60. O processo começa na Ásia e no MO, antes de chegar a África. Caracteriza-se como 1960 como sendo o ano da descolonização em África, por ter havido 20 estados que chegaram à independência.
Entre 1956 e 1963 existem 29 novos estados que não existiam no SI. A descolonização e por norma pacifico, com exceção de alguns casos, como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Zimbabué, Namíbia, Africa do Sul, Argélia, Quénia, Madagáscar. Por descolonização pacifica endente-se que não houve uma descolonização por via armada, não significando que não tenha havido pequenos confrontos diversos. Foram, no entanto, movimentos políticos pacíficos que conseguiram a independência nos diversos países.
Fatores que contribuíram para a descolonização
O processo de colonização tinha tido inicio no sec. XV, mas apenas no final de séc. XIX é que ganhou uma maior dimensão, resultado da Conferencia de Berlim. As independências nas colonias tiveram inicio após a 2ª GM, mas em África haveria uma diferença de 13 anos para o início destes processos. Uma hipótese pode ter sido uma opção norte-americana por dar mais tempo às potencias coloniais, iniciando o processo pela Ásia.
Há uma confluência de fatores que contribuíram para a descolonização. Há considerações idealistas e de realistas (de poder e equilíbrio de poder). Se fosse uma questão de direitos, a pressão tinha acontecido antes dando forca a movimentos legítimos de independência, ou de insurreição. 
No pos-1ª GM os 14 ponto de Wilson defendiam o direito da autodeterminação, que na altura se aplicava apenas a Europa (devido aos movimentos de refugiados e a desagregação dos Impérios europeus/Otomano).
No final da 2ª GM:
· As potências colonizadoras estão fragilizadas e com poucos recursos para manter o poder imperial: não querem concretizar as promessas de “desenvolvimento” feitas no contexto do apoio dos povos Africanos ao esforço de guerra e incorrer nos custos para reprimir os movimentos nacionalistas. Com exceção da África do Sul e Portugal os países colonizadores preferem lidar com os problemas Africanos através de um governo próprio.
· As duas superpotências são ambas favoráveis às independências
· O choque que foi o Holocausto, traz para a prioridade na agenda politica a questão dos direitos humanos. Um desses direitos é o da autodeterminação. A grave violação dos direitos humanos com o Holocausto coloca em causa a doutrina de soberania exclusiva e de não-intervenção.
· Carta Atlântica (1941) entre o Reino Unido e Estados Unidos da América estabelece uma visão para a pós-Segunda Guerra Mundial (outros aliados aderem à carta) que estabelece no ponto 3 o direito à autodeterminação dos povos
· Os Franceses e Ingleses são derrotados pelos Japoneses – o poder imperial “branco” podia ser derrotado e não detinha uma superioridade sobre outras nações (na Ásia)
Há percursores de acontecimentos seguintes, ou trigger events:
· Nacionalização do Canal do Suez pelo Egipto (1955)
· As pretensões Francesas e Inglesas (e Israelitas) não são bem-sucedidas num processo em que os EUA optam por não apoiar os aliados. Este evento pode também ter conduzido à formação da CECA – Ao entenderem que os EUA já não eram uma base de apoio, houve uma necessidade de arranjarem plataformas de entendimento.
· Precedência de outras independências
· India e Paquistão – 1947
· Egipto – 1951
· Ano da independência de África - 1960 (17 países ganham independência)
· Movimentos nacionalistas
· Maturidade dos movimentos nacionalistas
· Conferência de Bandung pela autodeterminação dos povos (1955) e
· Conferência dos Povos Africanos em Accra (1958) e Tunis (1960)
· De uma forma geral a ONU apoia a descolonização como um direito dos povos.
O processo de descolonização
Inglaterra
· A governação indireta e em que as colónias não pertencem ao país colonizador facilita o processo de descolonização.
· Existência de alguma experiência governativa local das populações nativas pela sua participação em assembleias e infraestrutura administrativa. Progressivamente durante a colonização a população nativa ganha mais responsabilidades governativas. A forma de lidar com descontentamento nativo era negociar mais participação.
· Independência pacífica com exceção do Quénia onde ocorre uma guerra com os Mau-Mau (1952-1963)
· O critério para a independência é que existisse uma elite nativa com algum apoio local. O critério de requisitos de viabilidade económica e política do estado são abandonados.
· Alguma formação das elites locais através de um sistema de ensino colonial.
· A Commonwealth constitui uma plataforma diplomática para os novos estados.
· Criada em 1839, inicialmente previa um sistema federal centrado em Londres, mas a partir de 1926 a política é para a total soberania dos estados;
· Os estados estabelecem a sua própria moeda.
Existia uma administração publica conhecedora da tarefa de governar que facilita o processo de descolonização. Esse era o caso sobretudo nos países onde havia indirect rule.
França
· Política colonial de assimilação cultural, económica e política dificulta a descolonização.
· Os Franceses nunca consideraram a possibilidade de soberania total das colónias até o processo de independências se iniciar.
· “O fim do trabalho civilizacional realizado por França nas colónias exclui qualquer ideia de autonomia, toda a possibilidade de evolução fora de um bloco imperial Francês, ou seja, a eventual constituição mesmo que no futuro de um governo próprio nas colónias é rejeitado”. Conferência de funcionários públicos franceses no Congo francês em 1944.
· Resistem a movimentos nacionalistas o que conduz a guerras na Argélia (1954-1962) e Indochina (1946-1954).
· Constituição Francesa de 1958 considera que as colónias são parte da Comunidade Franco-Africana se aceitarem em referendo a constituição. Caso rejeitem têm direito à independência. A Guiné é a única a não aceitar e a França concede a independência, mas corta laços e ajuda financeira ao país.
· Em 1958 os territórios que aceitam a constituição passam a ser repúblicas autónomas e é extinta a federação da África Ocidental Francesa (1960) e África Equatorial Francesa (1958).
· No entanto é considerado que França segue uma política de balcanização – processo de fragmentação ou divisão de estados ou regiões em estados mais pequenos que frequentemente são hostis e não cooperativos.
· Considerado que a França adota uma política neocolonial para com as ex-colónias.
A maioria dos estados africanos aderem à moeda Franco da Comunidade Financeira Africana (CFA). A moeda tinha era garantida pela Franca, e tinham um valor superior a qualquer moeda local. A moeda desvalorizou muito depois do fim da GF, por o seu propósito ser manter os estados próximo da esfera de influencia ocidental.
Bélgica
· Reconhecimento da possessão da atual DRC por Leopoldo II belga em 1885;
· Não associam as colónias às metrópoles nem promovem o envolvimento nativo nas estruturas de governação local;
· Independência rápida e inesperada em 1960 ocorre sem existir uma administração nativa treinada. O processo de descolonização começa em 1958 quando os delegados à conferência em Acra, dos três movimentos políticos bacongo, regressam ao Congo e são-lhes negados direitos de demonstração. Em protesto desencadeiam-se motins de tal forma violentos que “num golpe os fundamentos psicológicos que podem suster um império foram destruídos”.Portugal
· Política de que as colónias fazem parte de “uma só unidade” juntamente com a metrópole.
· O inicio das guerras de independência conduz a uma revisão da política colonial que procura “ganhar os corações e mentes”.
· População dividida entre indígena e civilizados, sendo os últimos constituído por brancos e assimilados (cultura e profissão europeias) mas em número reduzido.
· Rejeita independência e pouco envolvimento das populações nativas na administração.
Caso Angola
· 1961 começa a guerra pela independência;
· Ao contrário do que ocorre no Congo Belga não é dada independência a Angola nem se negoceia processo de transição;
· O regime altera a política de forma a “ganhar os corações” das populações nativas;
· Uma das primeiras expressões do MPLA surge do exílio através do Memorandum, uma carta reivindicativa enviada a Salazar a 13 de junho de 1960, na qual se pede “ao governo português que se conformasse com os ventos da história, com o vento da descolonização que soprava em todo o lado em África, solicitando a convocação duma mesa redonda com todos os partidos políticos, para resolver de uma forma pacífica o conflito que os opunha”;
· O Memorandum terminava responsabilizando as autoridades portuguesas por todos os acontecimentos sangrentos que viessem a produzir-se em Angola. A resposta Portuguesa a 19 de julho de 1960 no oficioso Diário da Manhã recusava qualquer tipo de conversações sobre a autodeterminação dos seus territórios ultramarinos. No título do artigo lia-se «Nem mesa redonda, nem quadrada».
De acordo com Wright (2001) no início de 1962 a CIA desenvolve um plano para lidar com Portugal e Angola da autoria de Paul Sakwa, Assistente do Diretor Adjunto de Planeamento da CIA. O plano considerava um muito favorável pacote económico que seria ao mesmo tempo um incentivo e uma arma de propaganda contra o regime caso Salazar não o aceitasse. O plano previa a autodeterminação de Angola e a “preparação” de uma liderança, com Holden Roberto em destaque, para vir a comandar o país. Em particular previa-se a existência de partidos políticos em 1965, eleições em 1967 e independência em 1970, o tempo necessário para existir um processo credível e estruturado de independência.
Caso Salazar recusasse a oferta, dever-se-iam começar contactos com a oposição moderada e com jovens oficiais das forças armadas em Portugal, para tentar efetuar uma mudança de regime. Salazar recusa a proposta alegando que “Portugal não estava à venda” e apesar da sua intransigência os Conselho de Segurança Nacional (CSN) e o Departamento de Estado americanos acabaram por considerar inapropriado remover um ditador sem ter a certeza de o substituir por um regime tão favorável como o dele.
· 25 de abril de 1974 – um golpe militar derruba o regime de Marcelo Caetano.
· 27 de julho 1974 – Fim da guerra colonial e constituição da junta governativa em Angola com a missão de preparar a independência.
· Em janeiro de 1975 – Portugal medeia a assinatura dos acordos de cessar fogo (MPLA, UNITA, FNLA) - Acordos de Alvor
· Agosto de 1975 – Portugal considera que o Acordo de Alvor fracassou;
· Entre agosto e novembro de 1975 há uma intensificação do conflito – MPLA/Cuba/URSS contra a FNLA/DRC/EUA contra a UNITA/África do Sul
· A 11 de Novembro de 1975 há a independência do país. Quem tem a capital reivindica o estado, e como era o MPLA quem a detinha, são eles que são reconhecidos como lideres do estado.
O FNLA, que era a força mais forte, nunca apresentou propostas concretas de governo alternativas ao modelo em negociação, pressupondo-se que considerava que iria conseguir ter o poder nesse processo. A UNITA foi a que mais se bateu pelas eleições (fruto do seu peso populacional e ser a mais fraca militarmente) e por um sistema mais federal, de forma a lhe dar o poder nas suas zonas regionais. O MPLA advogava um sistema de lista única entre os três partidos para escrutínio eleitoral.
O legado colonial
…
Os processos políticos começam geralmente através de um diálogo, que permite executar um processo estruturado. E a rejeição desses processos que levam a movimentos mais violentos.
…
· Fronteiras arbitrarias – Unidades territoriais sem sentido; comunidades divididas; movimentos separatistas; competição étnica interna; unidades económicas desadequadas (sem acesso ao mar, com poucos recursos, demasiado pequenos ou grandes);
· Estado não-hegemónico – Incapacidade de projetar poder no interior; poder estatal concentrado em regiões estratégicas ou rentáveis;
· Fraca ligação entre o estado e a sociedade – Falta de uma cultura comum entre o estado e a sociedade; falta de legitimidade e responsabilização publica; funcionários públicos desligados da sociedade; sociedade separado do estado;
· Formação de uma elite estatal – Ligação entre posições e riqueza pessoal; mobilidade social dominada pelo acesso ao estado; corrupção; uma burguesia estatal exploradora;
· Herança económica – Posição de desvantagem na economia política mundial (lógica de dependência dos países industrializados); subdesenvolvimento do RH; falta de serviços públicos; economias demasiado dependentes do setor primário; economias suportadas pelas exportações; virada para o mercado europeu e não mercado local ou regional
· Instituições políticas fracas – Instituições liberais democráticas fracas; regresso a um estado autoritário e burocrático típico do período colonial.
Processo de independência questionada
· Alguns atores políticos nativos pretendiam o adiamento da independência de forma a definir garantias constitucionais para minorias étnicas e interesses regionais (Nigéria, Gana e Uganda). Os problemas das minorias étnicas, junto com a definição de fronteiras que não respeitavam comunidade étnico-religiosas, eram apontadas como um problema;
· Uma independência precipitada iria inviabilizar ma tentativa de unidade africana pois os novos lideres iriam focar-se nos seus interesses nacionais. Os críticos defendiam um processo mais ponderado, antes de determinar a independência, ponderando outro tipo de configurações fronteiriças ou associações de estados;
· Tentativas de federação na Africa Central ou Oriental fracassam por haver alguns estados terem ganho mais que outros no processo.
Kwame Nkrumah, primeiro PM do Gana, afirmou que “em muitos casos as fronteiras dividem tribos e mesmo aldeias. Os problemas resultantes do parcelamento cínico de África continuam, e só podem ser resolvidos por uma união continental”.
A Somália é um caso em que regiões dominadas por diferentes colonizadores, acabaram por se associar. Hoje em dia, há uma região na Somália que se autogoverna. Na independência o país configurou-se como uma única unidade territorial, que se foi desmembrando com o passar do tempo.
África na Guerra Fria
Razões para o início da Guerra Fria
Os aliados - Reino-Unido, Estados Unidos e Rússia – tinham derrotado um inimigo comum – Alemanha Nazi – mas pouco depois tornam-se inimigos entre si. Existem várias explicações para o início da GF:
· Tradicional (até 1960) – é o resultado da política agressiva da União Soviética
· Revisionistas (após 1960) – é o resultado Também da agressividade dos Estados Unidos:
· Queria ter países capitalistas com quem pudesse ter relações económicas;
· Lançou a bomba atómica com o intuito de intimidar a União Soviética. Desta forma também não precisaria do apoio da União Soviética na Ásia para derrotar o Japão.
· Pós-revisionistas (após 1970) – não se pode atribuir a nenhuma das grandes potências:
· Ambos queriam a paz, mas o conflito foi causado por falta de compreensão mútua, reatividade e a incapacidade da América compreender os receios de Stalin que sentia que precisava de se defender;
· O confronto de duas estruturas militares, ambas pretendendo a dominação mundial;
· A Guerra Fria como a forma de resolver a “questão alemã” – como prevenir uma Alemanha unificada forte e agressiva (construção do muro de Berlim em 1961).
· Pós 1991, com o fim da União Soviética e acesso a documentos desclassificados no Kremlin:
· Josef Stalin:
· Tinha umaconvicção fanática no Comunismo,
· Tem muitos defeitos e comete erros,
· Mas acima de tudo desejava evitar uma confrontação
· direta com os Estados Unidos.
· O confronto de duas ideologias: capitalismo e comunismo.
Os EUA decidem financiar a reconstrução europeia, através do Plano Marshall, por ser importante estabilizar a Europa de forma ao pensamento soviético e ideologia comunista não se propagarem no continente. À medida que a GF foi avançando, houve vários momentos de tensão como a Crise dos Misseis de Cuba, e vários acontecimentos na Europa, como o esmagamento de revoltas em países do bloco soviético, à divisão das duas Alemanhas, que foram consolidando o posicionamento de ambos os blocos. No resto do mundo haveria varias guerras por procuração que opuseram ambas as grandes potencias, muitas das quais ocorreram neste contexto.
Fases da Guerra Fria
Há quatro períodos de tensão:
· Dissuasão nuclear, 1945 a 1962 – A URSS adquire poder nuclear; construção do Muro de Berlim em 1961; guerra na Coreia entre 1950 e 1953; lançamento do primeiro satélite artificial em 1957 – A segunda metade do sec. XX é marcada por um grande desenvolvimento industrial soviético, algo que os colocou à frente do bloco ocidental em certas áreas como tecnologia espacial;
· Desanuviamento, 1962 a 1979 – Com a Crise dos Misseis de Cuba há um entendimento entre as duas potencias que levaram a um desanuviamento (incluindo a assinatura de tratados de redução de armamento). No entanto haveria vários conflitos sem confronto direto, mas sim na periferia, em guerras por procuração: revoluções socialistas no Corno de África (Etiópia em 1974, Somália em 1969 e a guerra da independência da Eritreia em 1962 e na Nicarágua em 1978/79); conflitos nacionalistas na Namíbia desde 1966 e Rodésia/Zimbabué desde 1964; duas invasões no Shaba em 1977 e 1978; revolução iraniana em 1979;
· Intensificação de tensões, 1979 a 1985 – A revolução iraniana e a invasão soviética do Afeganistão, em 1979, foram acontecimentos que voltaram a reacender as tensões entre grandes potencias que duraria até 1985, ano em que Gorbatchev foi eleito - “Novo pensamento”: o interesse humano mais importante que o interesse da classe (Gorbatchev); queda do Muro de Berlim (1989).
· Desanuviamento e fim do conflito, 1985 a 1991
Para as grandes potencias, o processo de descolonização em Africa (apos 1960) alargava o âmbito (ou teatro de operações) da Guerra Fria e criou novas áreas em que a aceleração e destino das mudanças globais podiam ser concretizadas. As suas politicas para África são determinadas por considerações estratégicas, objetivos económicos e materiais, politica domestica, politica da burocracia e personalidades, mas o principal fator permanente e o combate ideológico.
As grandes potencias consideram que conquistar os novos países africanos tem ligações diretas aos seus regimes:
· Para os EUA e uma questão de credibilidade da sua posição no mundo que determina a capacidade de manter aliados. Os países muitas vezes optam por se aproximar de estados que são bem-sucedidos e que lideram (bandwagoning, ver);
· Para a URSS é uma questão de consolidação do seu regime através da expansão do seu modelo governativo;
· Para a China é uma questão de afirmação e reconhecimento internacional do seu regime.
Decisões dos líderes africanos
Nos anos 60, os líderes africanos tinham de decidir por uma das opções ideológicas de modernidade (de desenvolvimento futuro):
· A URSS com um impressionante de industrialização e um sistema centralizado na autoridade de um partido único;
· Os EUA com mais recursos económicos e possibilidades de ajuda ao desenvolvimento.
A URSS era um país com um peso na economia mundial muito inferior ao dos EUA. Durante a GF, a China não era uma referencia de modernização. O “grande salto em frente” (1958-62) e a revolução cultural (1966-1976) não tinham conduzido o país a um desenvolvimento de referencia para outros países.
O projeto de modernização dos EUA, e revolucionário da URSS, era aceite pelos lideres dos países do terceiro mundo de uma forma passiva. Apesar de aceitarem as ideias de desenvolvimento e construção do estado os lideres dos países do terceiro mundo jogavam ambas as potencias entre si e adotavam as suas ideologias aos seus interesses próprios, criando modelos próprios para responder a especificidades históricas e culturais.
Isto significa que os modelos de referencia de capitalismo-liberal e de socialismo de partido único vão ser adaptados em cada país de forma diferente. Os EUA apoiam muitos países autoritários. A URSS classifica estes países como países no percurso do desenvolvimento socialista ou países de socialismo desenvolvido.
Os EUA e África
No inicio da GF, os EUA são um grande apoiante da descolonização. Com a vitoria das teses europeístas da Casa Branca, em oposição as teses africanistas, não há uma grande pressão para haver descolonizações no continente africano. Em 1979, com a invasão soviética do Afeganistão, começa a haver uma politica militarista de contenção da expansão soviética. Em 1985, a Emenda Clark (1975/76), que termina o apoio de politicas da administração de contenção dos soviéticos (inicialmente em Angola, mas teve repercussões globais), é revogada no congresso.
A politica para os países do terceiro mundo:
· Inicialmente (anos 60) adota uma politica de modernização e desenvolvimento rápido;
· Mas rapidamente se baseou mais na capacidade de coerção direta e força militar. Em 1964 a politica muda e deixa de exigir reformas democráticas como condição para o apoio económico militar.
Politica de contenção da URSS (1979/1981)
Promovida pelo diretor da CIA, William Casey, e membros do Concelho de Segurança Nacional constituída por uma rede paralela de política externa montada pelos globalistas e militaristas para desestabilização dos países no Terceiro Mundo e desafio à União Soviética. Esta rede é composta por Estados satélite no Terceiro Mundo (Argentina, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Marrocos e Israel), movimentos antigovernamentais (UNITA, “contras” na Nicarágua, Khmer Vermelho no Camboja e Mujahidin no Afeganistão), grupos de direita (Freedom House, Heritage Foundation, American Enterprise Institute, e Concelho de Segurança Americano) e organizações anticomunistas (como a Liga Anticomunista Mundial).
Não foi apenas uma, mas várias iniciativas, não só a nível bélico, mas também de mentalidades e pensamentos. Essa é a abordagem que se tem a alterações sociais.
A URSS e África
A URSS também apoiou a descolonização após a 2ª GM. Estaline promoveu a expansão e consolidação na Europa, e apoiou movimentos revolucionários no mundo que (resultaram na Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953). Krustchev teve uma coexistência mais pacifica, mas com alguns eventos contraditórios. Brezhnev, tentou evitar o desmembramento e derrocada do campo soviético, a sua liderança manteve uma certa coexistência pacifica que foi quebrada pela invasão do Afeganistão, e apoio a diversos regimes revolucionários e socialistas.
A política para os países do Terceiro Mundo:
· Inicialmente (anos 1960) tem uma política de apoio a movimentos nacionalistas muito diversos com um apoio económico superior ao militar;
· Mas no final dos anos 1960s adota uma orientação de reforço do partido único Marxista-Leninista e baseia o seu apoio na componente militar.
· Desde 1971 que, em resposta ao estabelecimento do eixo EUA/China e da disputa Sino-Soviética, a URSS redefine no seu vigésimo congresso do Partido Comunista da União Soviética que o papel das Forças Armadas passa a incluir na sua missão “prevenir a exportação de contrarrevoluções e defender e suportar os movimentos de libertação nacional”. Iniciava-se o que foi apelidado de “segunda disputa por África” entre revolucionários Chineses e Soviéticos
A China e África
Primeira fase (1950s)
· Partilham o compromisso com o Marxismo-Leninismo e existe uma aproximação à União Soviética nos anos 1950.
· Mas nos anos 1950s e 1960s a União Soviética considera que deve seguir uma política de coexistênciapacífica com os Estados Unidos enquanto que a China considera que se deve promover o comunismo pela força das armas.
· Em 1959 a União Soviética não apoia a China no conflito com a Índia (Índia acolhe o Dalai Lama e apoia a causa do Tibete).
· A União Soviética privilegia a sua relação com o movimento dos não-alinhados (Nehru-Índia) do que solidariedade com a China.
· Diferentes entendimentos do Marxismo-Leninismo e em 1961 o Partido Comunista Chinês denuncia o comunismo soviético como “traidores revisionistas”.
· Esta cisão divide o mundo comunista em dois campos e vai determinar uma mudança de política na China que iria mais tarde conduzir a uma aproximação aos EUA (1971)
Segunda fase (1960s) – China menos presente na cena internacional
· O “grande salto adiante” (1958-1962) procura a rápida industrialização da China, de uma sociedade agrária a uma sociedade moderna industrializada. Processo fracassado que conduz à grande fome (1959-1961) onde mais de 15 milhões de pessoas morrem.
· A revolução cultural (1966 – 1976) procura eliminar do partido membros alinhados com o Ocidente ou União Soviética.
Terceira fase (1970s) - Após a fase mais intensa da revolução Cultural em 1969 a China reemerge na cena internacional após o incidente da Manchúria com os Soviéticos.
· Afirma-se rapidamente na cena internacional com o estabelecimento de uma aliança com os EUA (negociações com Kissinger iniciadas em 1971) e em outubro de 1971 pela adesão à ONU.
· Apoia qualquer causa que contribua para a sua rivalidade com a União Soviética.
· Na guerra no Vietname (1955-1975) compete com a União Soviética no apoio;
· Forma líderes de guerrilhas Africanos para treinar na China (por exemplo Jonas Savimbi foi treinado na China) e envia ajuda para alguns países;
· Com a morte de Mao Tsé-Tung (1976) a China abandona política de influência global.
No mundo socialista em 1980, já com a China de relações abertas com os EUA e de costas viradas para a URSS, o comércio internacional continua a ser principalmente realizado dentro de cada bloco (capitalista e socialista) e não entre blocos.
Movimento dos Não-alinhados / Conferência de Bandung
Como resultado da divisão do mundo pós-Segunda Guerra Mundial e no rescaldo da guerra da Coreia (1950-1953) um conjunto de países reúne-se em Bandung, Indonésia, em 1955 com o objetivo de:
· Formarem um bloco “não-alinhado” com as superpotências, ou seja uma postura diplomática e geopolítica de equidistância das superpotências. Não se trata de uma posição de neutralidade pois tem uma agenda política própria.
· Garantir a apoiar os processos de descolonização de uma forma pacífica. Uma das principais plataformas utilizadas foi a ONU.
Na promoção do movimento destacam-se: Jawaharlal Nehru, da Índia, Sukarno, da Indonésia, Gamal Abdel Nasser, do Egito, Kwame Nkrumah, do Gana, Sékou Touré, da Guiné e Josip Broz Tito, da Jugoslávia. São realizadas várias conferências desde 1955 e apesar do não alinhamento todos os países declaram que eram socialistas, mas não iriam se alinhar ou sofrer influência Soviética.
O movimento constitui-se como organização internacional em 1996 e redefine o seu papel pós-Guerra Fria no contexto das dinâmicas Norte-Sul. Assume uma política de empoderamento do Sul Global no contexto de um mundo unipolar, com uma hegemonia Ocidental e neocolonial.
Outros atores em África
Cuba
Em 1959 Fidel Castro derruba o regime de Fulgencio Batista e inicia uma política internacional de apoio a revoluções socialistas. Cuba é apoiada pela União Soviética económica e militarmente, apesar da crise dos misseis de Cuba (1962) ter “esfriado” a relação, continuam aliados até ao final da União Soviética. As motivações Cubanas são:
· Autodefesa contra o inimigo Americano por procuração;
· Expansão do socialismo.
Cuba apoia movimentos revolucionários em:
· Independência da Algéria (1954-1962)
· Zaire (liderados por Che Guevara em 1965 e formam forças do MPLA)
· Congo Brazzaville (1965-1966)
· Guiné-Bissau (1966-1974)
· Angola (1975-1991)
· Determinante para o sucesso do MPLA em manter o poder durante toda a guerra civil.
· Inicialmente considerada uma iniciativa por procuração dos Soviéticos, mas hoje reconhecido que foi uma iniciativa Cubana
· Etiópia (1977)
A escolha de África, de palco para ações de promoção do socialismo, evitava um confronto direto com os EUA.
África do Sul
A África do Sul tinha duas considerações geopolíticas durante a Guerra Fria:
· Conter a expansão socialista na África Austral;
· Manutenção do apartheid - destabilizar os novos estados independentes Africanos como forma de prevenir o seu apoio aos movimentos anti-apartheid.
Mantinha um envolvimento militar e politico na regiao da África Austral:
· Manipular as eleições no Zimbabué em 1980;
· Manutenção do “protetorado” da Namíbia envolvendo-se numa guerra com o movimento nacionalista entre 1966 e 1990. Em 1972 a ONU reconhece a South West Africa People's Organization (SWAPO) como o único e legitimo representante do povo da Namíbia.
Em 1970, o comunismo substitui o colonialismo, mas “longe” das fronteiras Sul Africanas. Em 1975, a fronteira desce e o comunismo chega às fronteiras Sul Africanas. Em 1980 o Zimbabué consegue a independência e a Africa do Sul fica rodeada por estados adversos que apoiam militarmente e economicamente o ANC, SWAPO, e o Partido Comunista Sul Africano.
Envolvimento direto militar e político na região da África Austral:
· A partir de 1980 a adota a “Estratégia Total” em relação aos estados com fronteira com a África do Sul (front-line states)
· Apoio a movimentos de guerrilha: UNITA em Angola e RENAMO em Moçambique;
· Incursões militares nos países vizinhos;
· Invasão de Angola em apoio da UNITA;
· Assassinato de membros do African National Congress (ANC) no estrangeiro.
· A batalha de Quito Cuanavale (1987-1988) opôs o MPLA apoiado por Cuba e União Soviética às forças da UNITA apoiadas pela África do Sul e foi um momento decisivo na guerra civil angolana mas também das aspirações da África do Sul à manutenção do sistema do Apartheid.
· Não existiu uma vitória de nenhuma parte, mas a África do Sul percebe que não consegue vencer as forças socialistas na região, desenvolveu-se um “impasse doloroso”, e a única saída é a negociação política.
Em 1990 inicia-se o processo de negociação do acordo do fim do apartheid, tendo sido assinado um acordo de paz em 1991.
ONU (caso da República Democrática do Congo)
Em maio de 1960 Patrice Lumumba vence as primeiras eleições livres e em junho de 1960 a DRC torna-se independente da Bélgica. Pouco tempo depois a região de Catanga (rica em recursos minerais) inicia uma guerra de secessão (apoiada pela Bélgica). Lumumba solicita o apoio da ONU para parar a rebelião e expulsar as forças belgas da região.
Os EUA não permitem à missão da ONU realizar a sua missão com receio que Lumumba siga o exemplo de Fidel Castro e exporte urânio para a União Soviética. A missão da ONU para a DRC começa em julho de 1960.
Em resposta Lumumba pede ajuda à União Soviética que envia material militar. Em setembro a contraofensiva de Lumumba começa a ter sucesso e os EUA desenham um plano para assassinar Lumumba e apoiar o seu chefe de estado Joseph Mobutu num golpe militar. Lumumba é preso por forças leais a Mobutu e em janeiro de 1961 enviado para as autoridades do Catanga tendo sido executado.
Em setembro de 1961 o Secretário Geral da ONU morre numa acidente de avião a sobre a Zâmbia quando a caminho de uma negociação de cessar fogo com as tropas do Catanga. Mobutu assumiria o poder na DRC num segundo golpe de estado em 1965 e através de um referendo altera o nome do país de Congo Belga para DRC. A ONU não teria outra missão significativa de paz até ao final da Guerra Fria.
África no pós-Guerra Fria
Ricardo Soares Oliveira - Mudanças estruturais na interação da África com o sistema internacional já estavam em processo de delineação desde o final dos anos 1970. O processo é caracterizado por uma tendência geral para o empobrecimento da África e a ascensão do discurso de reformismo liberalfomentado pelo Ocidente. Identifica que existe uma assimetria histórica das relações exteriores da África aprofundou-se de modo substancial com o fim da Guerra Fria.
É improvável que (com algumas exceções) a médio prazo o continente africano seja terreno fértil para a expansão de sistemas de democracia liberal ou de capitalismo industrial.
Comparando esta tese com a de Herbst, esta identifica a década de 70 como o momento de alteração. Para Herbst é algo que vai mais atras no tempo, por os fluxos de alteração da densidade de população serem anteriores ao período pós-colonial.
Legado da Guerra Fria
Sistema Internacional da Guerra Fria
Independência: a soberania do Estado era aceite na base jurídica de reconhecimento por parte dos outros estados soberanos e não na base empírica de capacidades de governação, defesa e extração fiscal que desde sempre constituíra a prova crucial da viabilidade dos estados (elementos definidos por Weber). Isto significa que os estados tiveram acesso a:
· Assento na ONU;
· Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) (também militar) pelas superpotências como mecanismo de controlo dos novos estados;
· Na prática os novos estados não estavam “não-alinhados” com uma das superpotências. Esta questão é um pouco fictícia por os estados estarem sempre próximos de uma ou de outra superpotência.
A Guerra Fria permitiu aos governos africanos acesso a recursos (financeiros e militares) que utilizam nas suas agendas domésticas. Os governantes africanos acederam a financiamento das potencias mundiais, para investirem no desenvolvimento dos seus países.
Economia Internacional na Guerra Fria
Conjuntura ideal durante quase trinta anos a partir do fim da II Guerra Mundial: boom económico ininterrupto nas sociedades industrializadas resultou em preços internacionais consistentemente altos das matérias-primas minerais e agrícolas que a África produzia. Há algumas tentativas de modernização das sociedades africanas por parte das lideranças pós-coloniais.
No entanto o estado africano caracteriza-se por:
· Abandono rápido e fácil do pluralismo político e a adoção de sistemas políticos autoritários, após as independências e ainda durante o período de GF;
· Crença forte no papel do Estado em todas as áreas da economia e a multiplicação do número de funcionários públicos, de companhias estatais, e do envolvimento do Estado em áreas anteriormente dominadas pelo sector privado;
· Penetração das instituições públicas formais, pretensamente impessoais, por grupos de interesses informais e agendas patrimoniais que procuram controlar a distribuição de bens materiais e de privilégios políticos.
Que sobrevive devido ao ambiente económico favorável, e pelo apoio financeiro dos aliados e superpotências da GF. Este sistema implodiu com a crise do petróleo e consequente recessão nos anos 1970. Estados na Ásia Oriental conseguem ultrapassar a crise nos anos 1980/1990, África que estava dependente da exportação de matérias-primas e recursos humanos não especializados é devastada. Esta mudança sistémica é o fator crucial que estrutura as três décadas subsequentes da vida africana.
Foi a crise económica global e resposta dos governos africanos, que determinam o estado atual das coisas.
Foram as decisões dos governantes africanos que transformam uma recessão numa “crise permanente”. A reação à crise devia ter sido cortes orçamentais e uma melhor gestão do bem público (difíceis de implementar pois a legitimidade do estado está associada a uma rede clientelar) Ao se cortar no estado estava-se a acabar com a rede clientelar que dava legitimidade ao poder. Mas líderes continuam a “esbanjar” dinheiro, muito disponível na banca internacional devido aos “petrodólares” reciclados.
Estas dívidas e juros tornam-se impossíveis de pagar no início da década de 1980 e quase todos os países africanos estavam à beira da bancarrota tendo sido obrigados a pedir ajuda a Instituições Financeiras Internacionais (IFI) como o Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional. Há um abandono do keynesianismo e adoção de uma visão neoclássica da economia.
· O problema dos estados africanos não é a “dependência” – troca desigual estrutural que caracteriza a economia mundial;
· O problema é a omnipresença do Estado africano e as elites africanas pelas políticas erráticas e autodestrutivas.
 Condicionalidade do apoio das IFI coloca em causa a soberania:
· Programas de Ajustamento Estrutural (PAE) supervisionados pelas IFI (especialmente o FMI):
· Desregulamentar e liberalizar as economias africanas;
· Aumentar o papel do sector privado, afastando o Estado de alguns setores;
· Abrir as economias africanas ao resto do mundo;
· Estabelecer a base para o «desenvolvimento robusto» do continente, na perspetiva neoclássica.
Legado dos Programas de Ajustamento Estrutural (PAE) iniciados nos anos 1980:
· Os programas não implementados de forma consistente;
· Desindustrialização e um corte na saúde e educação (devido à necessidade de controlar os gastos do estado);
· Retórica dos programas permite à elite africana abandonar responsabilidades sociais com a população (oferece uma justificação externa para o problema de corte no assistencialismo);
· As elites africanas sobrevivem e continuam a controlar dos recursos disponíveis, mas o âmbito social das relações clientelares diminui drasticamente;
A União Soviética já não era uma solução de financiamento nos anos 1980 (dificuldade internas e falta de disponibilidade material):
· Angola evita o FMI por causa do petróleo;
· Moçambique teve de recorrer aos doadores, sujeitando-se a politicas de ajustamento das IFI.
Fim da Guerra Fria
Alterações importantes políticas no continente, mas o sistema de governação permanece na essência semelhante. Com o fim da Guerra Fria existe uma pressão pela democratização de África:
· Presidente Mitterrand apelou à democratização da África no discurso que proferiu durante a Cimeira Franco-Africana de La Baule, em 1991, toda a gente pressupôs que começara uma nova era.
Mas o processo de democratização seria subvertido:
· Líderes africanos conseguem lidar com oposições fragmentadas (eleições de legitimação de líderes no poder);
· Quando existe alternância os novos líderes continuam a “pilhagem do erário público”;
· Apesar de apoio a ditadores acabar o Ocidente continua a apoiar aliados;
Crise do patrimonialismo
“A ideia de que o Estado é uma entidade impessoal com a capacidade institucional de disponibilizar bens públicos de forma não discriminatória, ou de que a esfera pública deve transcender a etnicidade dos cidadãos, tem uma base de apoio limitada nas sociedades africanas.”
“Pelo contrário, a insatisfação popular em relação ao mundo dos políticos articula-se a partir do interior de um discurso partilhado (isto é, um discurso partilhado pelas elites e pelas massas) sobre o tipo de oportunidades clientelares que os poderosos deveriam disponibilizar aos seus apoiantes.”
“Os homens do poder são, de acordo com esta mentalidade, criticados não devido ao facto de cometerem atos que observadores externos definiriam em termos de corrupção, mas precisamente porque estes políticos se tornaram demasiado «gananciosos» e «egoístas» e já não partilham com as suas hipotéticas comunidades de apoiantes o espólio dos recursos que sonegaram ao Estado”.
Chama-se neopatrimonialismo porque o sistema de dispensa de privilégios não é feito de forma desregulada, mas dentro do estado racional. O estado de regras é adaptado para servir a lógica patrimonial.
Soberania
Para Christopher Clapham, os estados africanos «estão no fundo de qualquer escala convencional a nível global de poder, importância e prestígio”
· Durante a Guerra Fria este facto foi obscurecido;
· Após a Guerra Fria a «extroversão» tornou-se mais difícil.
· Extroversão - característica principal da inserção da África na economia mundial desde o início da época moderna – processo de obtenção de recursos externos (APD ou militar) para a dominação e consolidação da ordem política interna – Os regimes mantem-se através da capacidade de manterapoios externos, e não por capacidades próximas.
Soberania mais questionada no pós-GF:
· Promoção do modelo democrático e dos direitos humanos significou que o domínio doméstico, anteriormente inviolável, podia agora ser submetido ao escrutínio externo, essencialmente ocidental. China, Rússia e Índia não aceitam esta postura, esta intromissão na ordem domestica dos países, mas como os EUA tinham “vencido” a GF, tinham força para tentar moldar a ordem mundial.
Desenvolvimento normativo: estados que cometem atrocidades podem sujeitar-se a intervenção externa por razões humanitárias (ex. Ruanda). Há um trauma na soberania africana baseada numa visão jurídica da soberania para defender o seu estatuto no sistema internacional.
Economia
· Diminuição APD e desaparecimento ou menor presença de atores (USSR, Europa de Leste, EUA, França);
· As IFI continuam mesma orientação dos PAE, mas de uma forma mais determinada, se bem que irregular (Consenso de Washington – entendimento entre o BM e o FMI);
· Liberalização do comércio internacional, aliada ao protecionismo em sectores específicos nos países ocidentais, não foi um desenvolvimento positivo para as economias frágeis e não competitivas do continente africano (globalização consolida as desigualdades entre África e o resto do mundo).
Há uma Inserção das economias africanas em sectores ilegais e/ou informais da economia mundial conheceu uma aceleração durante este período e áreas como o contrabando, a pirataria, o tráfico de droga e de órgãos humanos, a falsificação de remédios e o comércio de escravos, marfim, lixo tóxico, etc.
Crise de legitimidade
· Marginalização económica, empobrecimento das populações africanas e declínio institucional;
· Deliquescência do Estado, a aceleração da lógica predatória dos governantes, e a queda trágica dos indicadores de qualidade de vida (ex. HIV);
· Instabilidade sistémica - o centro político existe, mas a criminalidade, a privatização e dispersão de funções soberanas do Estado (como o ex-monopólio da violência com a criação de novas organizações securitárias, milícias privadas, etc.) e a banalização da violência se tornam permanentes.
· Guerra civil - conflitos de larga escala, muito mortíferos e por vezes internacionalizados em países como o Congo, a Libéria, a Serra Leoa, Angola, o Sudão, etc.
· Colapso do Estado - relativamente rara – até hoje, a Somália é o único caso de um Estado sem um governo real – mas vários estados estiveram próximos deste desfecho ou perderam controlo de vastas parcelas do seu território.
Sobre os conflitos:
· Governos têm legitimidade internacional e rebeldes não, mas ambos utilizam táticas semelhantes e sobrevivem através do mesmo tipo de economia política extrativa de carácter predatório pertencendo ao mesmo “sistema de guerra”. Adicionalmente intervenções militares de governos africanos dedicaram-se à pilhagem;
· Recursos, humanos e materiais, bélicos disponíveis no pós-GF.
· Centralidade dos recursos naturais nas economias pós-GF.
…
· Recursos naturais (petróleo, a madeira, os diamantes e outros minerais) - único sector onde continua a existir um interesse internacional de investimento na economia africana;
· O continente africano regrediu à situação típica da época pré-colonial e dos primeiros anos da presença europeia: a dicotomia entre vastos «espaços inúteis» que não despertam o interesse dos investidores nem do Estado africano, por um lado, e enclaves de extração muito específicos com ligações fortes à economia mundial, por outro;
· Paradoxo lastimável da «maldição dos recursos naturais»: são os países em vias de desenvolvimento mais ricos em matérias-primas que sofrem mais de pobreza, endividamento e guerra civil.
· Os estados falhados da Africa podem ser funestos para os africanos que neles vivem, mas apesar da retorica alarmista, a ameaça que colocam à paz dos países ocidentais tem-se revelado mínima.
Liberalismo Ocidental
Adoção generalizada de “modelo liberal africano”:
· Linguagem e rituais democráticos organizando eleições (mesmo que falsificassem os resultados);
· Permitir a criação de ONGs e espaço para a sociedade civil (mesmo que as oprimissem e/ou cooptassem);
· Reformismo económico liberal (mesmo sem qualquer intenção de o implementar).
· Monopólio ocidental de ideias sobre o desenvolvimento da África – “como salvar a África”
Há uma encenação de adoção de um liberalismo ocidental que depois não se verifica.
Isto conduz a diversos laboratórios de iniciativas multilaterais:
· Redução da dívida externa;
· Desenvolvimento;
· Sector da segurança;
· Gestão de crise;
· Capacidade de manutenção da paz;
· Boa governação.
Iniciativas locais de aceitação dos modelos externos – NEPAD – New Partnership for Africa’s Development (promovido pela AS, e apresentado na UA) – cooptado pelo interesse das elites africanas.
Politica ocidental:
· Aumento dos APD para o “grande empurrão”. Uma das teses para o atual estado, e que houve falta de injeção de capital na construção de infraestruturas. Com esse empurrão, prevê-se que a economia iria ter o impulso necessário para crescer sozinhas. Muitas vezes o dinheiro do APD é usado em medidas paliativas, e não em soluções de longo prazo;
· ODM/ODS;
· “Comissão para África” (2015) propunha:
· fim dos subsídios agrícolas no ocidente (eliminar a concorrência desleal de blocos como a UE onde a agricultura é extremamente protegida);
· fim do comercio ilícito de armas;
· cancelamento de dividas externas e aumento substancial de APD (que têm originam na década de 80 com os programas de ajustamento e empréstimos por parte de instituições financeiras ocidentais).
Mas: despolitização dos debates sobre a pobreza africana “todos estes esforços bem-intencionados padeciam de uma completa ignorância da política africana e do carácter do Estado africano; não confrontaram as razões estruturais pelas quais alguns sistemas político-económicos falham na criação de crescimento económico ou de «desenvolvimento»; e, ainda mais importante, não colocaram questões de ordem sistémica sobre a inserção da África na economia internacional.”
China
Torna-se na primeira década de 2000 num importante parceiro africano. O seu interesse são as matérias primas (da mesma forma que os Ocidentais) mas também em sectores económicos abandonados pelos Ocidentais (ex. telecomunicações). 
· Respeito pela soberania (não-intervenção e igualdade dos estados), não colocam entraves ou fazem exigências em troco de investimento;
· Muitos dos investimentos (como em infraestruturas) correspondem às necessidades do “grande salto”, considerado necessário para saírem da sua condição de menos desenvolvidas.
Não existe a condicionalidade Ocidental, ajuda chinesa depende de contratos. O grande impacto do rápido crescimento foi uma subida dos preços das matérias-primas:
· Os termos de troca atingidos até meados de 2008 foram dos mais favoráveis de sempre, dando uma contribuição considerável para o crescimento da economia da África na ordem dos 5,5 por cento Desvalorização dos termos de troca em anos recentes + Abrandamento da necessidade de matérias primas por parte da China (debate).
Mas o milagre Chinês de desenvolvimento não é uma referência:
· Falta de recursos humanos tecnologias de administração;
· A China como concorrente global
China não muda a forma de funcionamento africano, mas adapta-se. A China colocou em causa o monopólio de influência ocidental em África.
Paz e Conflito em África
Há varias formas de abordar o conflito. Concetualmente, de forma geral, e possível olhar de diferentes formas para o conflito. Johann Galtung, grande percursor de estudo sobre o conflito, estabeleceu uma concetualização bastante reconhecida, em forma de triangulo. Para ele, os eventos visíveis (motins, guerras civis, homicídios, etc.) de violência está relacionado com dois elementos, a violência estrutural e cultural. A violência estrutural, é resultado de não haver uma sociedade justa e igualitária. A violência cultural, é aceitação da violência contra outros seres humanos (ex. sistema de castas na India).
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