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O mundo comercial

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Comércio no mundo globalizado
Negociações comerciais no mundo globalizado
O comércio internacional é complexo e possui um vasto histórico. Seu desenvolvimento pode ser considerado um reflexo dos desenvolvimentos das sociedades humanas.
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Quanto mais complexas as sociedades humanas se tornavam.
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Mais avançadas e aperfeiçoadas ficavam as relações de comércio.
Desse modo, na linha do tempo mais recente do comércio em nível global, observamos que, no período pós-Segunda Guerra Mundial, as discussões que deram origem à criação da ONU e, posteriormente, ao GATT foram seguidas por diversos esforços dos países a fim de melhorar as relações de comércio entre eles.
Por conta disso, apresentaremos, de maneira introdutória, algumas discussões relevantes no contexto do comércio internacional.
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Exemplo
Como é o caso da Rodada de Doha, que sucedeu os trabalhos iniciados durante a Rodada do Uruguai.
Além disso, novas discussões, no âmbito da OMC, são atuais e relevantes para o mundo contemporâneo, no qual a internet e o comércio eletrônico passaram a ganhar espaço e importância cada vez maiores, especialmente após a pandemia causada pelo vírus da covid-19.
Na esfera internacional, como frisamos em outros momentos, a OMC atua como a principal instância tanto do ponto de vista da resolução de conflitos e litígios comerciais entre diferentes partes quanto no sentido de regulamentar e criar regras para o comércio global. Algumas formas de negociação são mais comuns nesses casos, como as multilaterais, as plurilaterais e as bilaterais.
Negociações multilaterais
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Acordos internacionais de comércio que contam com a ampla adesão dos membros da organização, chegando ao nível de consenso, ou seja, os países membros adotam o acordo.
Negociações plurilaterais
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Ocorrem quando, no âmbito da OMC, não é possível estabelecer o consenso entre os membros sobre determinado assunto. Isso permite que alguns países avancem com o acordo, enquanto outros optam por se manterem de fora.
Negociações bilaterais
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Acordos celebrados entre dois países (normalmente fora das discussões da OMC) que desejam aprofundar seu intercâmbio comercial e ampliar sua cooperação internacional, sendo considerado complementar nesse contexto.
Na sequência da Rodada do Uruguai, responsável pela criação da OMC, foi estabelecida a Rodada de Doha, em 2001, que buscava atualizar, por meio de reformas, o sistema multilateral de comércio, revisando algumas das normas estabelecidas pelo GATT e pela OMC, além de continuar a luta pela redução das tarifas no comércio internacional. No entanto, essa rodada ainda não foi concluída.
Apesar do estabelecimento de comissões especializadas que se debruçam sobre temas específicos, não foi possível colocar em votação os trabalhos dessas comissões, já que o acordo só pode ser aprovado como um todo, e não em partes. Isso resulta em atrasos, dificultando ainda mais o processo e a sua conclusão.
A declaração de Doha, contudo, separou temas, como propriedade intelectual e saúde pública, das demais discussões da rodada. Assim, foi possível avançar em relação a essas temáticas, como se deu no caso do TRIPS (Agreement on trade-related aspects of intellectual property rights), sigla de acordo sobre os direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio.
Esse acordo foi fundamental para permitir a quebra de patentes para a liberação do uso de medicamentos genéricos em países, como, por exemplo, o Brasil. A rodada foi iniciada em Doha – que, por isso, carrega o seu nome –mas as reuniões posteriores ocorreram em diferentes lugares do mundo, como Cancún, em 2003; México e Genebra, na Suíça, 2004; e Paris, na França, e Hong Kong, 2005.
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Saiba mais
Em 2013, em uma reunião em Bali, o brasileiro Roberto Azevedo, então diretor-geral da OMC, buscou retomar as negociações, mas não obteve grandes resultados (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO, 2022).
Além da Rodada de Doha, outras negociações relativas à OMC têm recebido bastante atenção internacional, como, por exemplo, as negociações sobre comércio eletrônico e a fundamental discussão sobre a reforma da própria organização. Discutida há anos, essa reforma fez com que diferentes grupos se formassem em torno de determinadas propostas de reforma da entidade.
Composto por países exportadores agrícolas, o Grupo de Cairns se reúne paralelamente para fortalecer suas posições no seio da OMC, apresentando, para isso, propostas coordenadas e declarações conjuntas. Esse grupo engloba a seguinte lista de nações:
· Brasil
· África do Sul
· Argentina
· Austrália
· Canadá
· Chile
· Colômbia
· Costa Rica
· Filipinas
· Guatemala
· Indonésia
· Malásia
· Nova Zelândia
· Paquistão
· Paraguai
· Peru
· Tailândia
· Uruguai
· Vietnã
· Comércio eletrônico
· Negociações do comércio eletrônico
· As negociações do comércio eletrônico são definidas no seio da OMC como a produção, a distribuição, a comercialização, a venda ou a entrega de bens e serviços por meios eletrônicos. Seu processo foi iniciado em 1998 durante os anos iniciais da internet.
· 
· Elas possuem um cronograma de trabalhos que define as prioridades, além de uma iniciativa na qual mais de 80 membros se engajam nas negociações, cuja organização dos trabalhos é feita por três países: Japão, Austrália e Singapura.
· Os trabalhos são divididos em três conselhos:
· Primeiro conselho
· Que se ocupa dos temas voltados para o comércio de serviços.
· Segundo conselho
· Que se ocupa dos temas voltados para o comércio de bens.
· Terceiro conselho
· Que se ocupa dos temas com intersecções entre comércio e propriedade intelectual.
· Por fim, foi criado o comitê de comércio e desenvolvimento (WORLD TRADE ORGANIZATION, 2022b).
· Em nível global, o comércio tem acompanhado as complexidades que as sociedades humanas têm adquirido. Atualmente, falamos sobre a transição da produção mundial do modelo de cadeias verticais para um modelo de cadeias globais de valor que representa uma horizontalização da produção. Isso significa que os processos de produção eram realizados inteiramente dentro de um único país.
· 
· Alusão aos meios de transporte eficientes.
· Por conta de novas tecnologias de informação e comunicação e de meios de transporte cada vez mais eficientes, baratos e rápidos, o mundo contemporâneo testemunhou uma mudança de paradigma importante nos modos de produção. Tal fenômeno é descrito como cadeias globais de valor (ou cadeias globais de produção) em que diferentes países participam do processo produtivo de um único produto.
· Vejamos a seguir um exemplo que irá auxiliar na compreensão das cadeias globais de valor.
· Exemplo - IPhone
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· O iPhone é um aparelho celular produzido pela empresa norte-americana Apple. Muito popular desde o seu lançamento, ele representa um exímio produto fabricado de forma horizontalizada: o design do aparelho é feito na Califórnia, nos Estados Unidos, os chips utilizados em seus componentes são fabricados em Taiwan e a montagem do aparelho é feita na China continental.
· É possível especular ainda sobre outros processos externos. Imaginemos que o manual do aparelho seja impresso no Brasil; o marketing de vendas, feito por uma empresa inglesa; as traduções do sistema, feitas por uma organização japonesa; e a logística de entregas dos aparelhos, realizadas por uma companhia alemã.
· 
· Dessa forma, um iPhone passa pelas mãos de diversos países até chegar ao consumidor final na prateleira. Um produto supostamente fabricado nos Estados Unidos por inteiro é, na verdade, completamente internacionalizado.
Empresas transnacionais
O que são empresas transnacionais?
Além das negociações comerciais no aspecto político e diplomático, em que as decisões e os acordos são formalizados por meio do aparato estatal, e não diretamente dos entes privados, as empresas transnacionais também desenvolvem um importante papel no âmbito do comércio internacional.
Também conhecidas como multinacionais, as empresas transnacionais são “entidades mercantis que apresentamcomo principal desígnio a expansão de suas atividades além das fronteiras dos países em que estão sediadas” (NASSIF; WINTER, 2016, p. 1) e cuja capacidade de expansão foi fortemente impulsionada pelos avanços nas tecnologias de comunicação e informação.
Alusão a empresas multinacionais.
Segundo Krugman, Obstfeld e Melitz (2015), nos Estados Unidos, uma empresa será considerada estrangeira, ou seja, filial ou subsidiária de uma multinacional baseada no exterior, se pelo menos 10% das ações da companhia pertencerem a uma empresa estrangeira.
De acordo com essa definição, grande parcela das empresas que operam nos Estados Unidos e que estão listadas na Bolsa de Valores devem ser consideradas multinacionais.
Empresas de tal natureza normalmente são organizadas por meio de sede fiscal em um país específico, mesmo tendo operações que não se limitam a esse mercado nacional. Sua atuação no exterior não se atém apenas à venda de seus produtos a outros países, mas também à instalação de escritórios e, em alguns casos, às plantas fabris onde o produto final (ou parte dele) é desenvolvido.
Existem muitos exemplos de empresas transnacionais que movimentam intensamente as economias dos países onde estão sediadas e de nações que possuem tais operações. Eis algumas das mais conhecidas que operam no mercado brasileiro:
1. Coca-Cola
2. McDonald’s
3. Carrefour
4. Nestlé
5. Ambev-Inbev
6. Decathlon
7. Leroy Merlin
8. C&A
9. Levi’s
10. Nike
11. Samsung
12. Google
13. Ford
14. Chevrolet
15. Shell
Os exemplos mencionados são de setores mais conhecidos dos consumidores, embora empresas transnacionais também operem no país em outros segmentos, como, por exemplo, mineração, metalurgia, reciclagem e até mesmo no segmento agrícola. Em muitos casos, tais empresas sequer são percebidas por eles.
As empresas multinacionais realizam pesados investimentos nos países em que operam.
No entanto, a definição de regulamentos para os impostos e a quantidade de recursos proveniente de lucros enviada à sede fiscal dessas empresas são uma grande discussão e envolvem as diferentes nações onde elas operam.
As empresas multinacionais investem, lucram e enviam uma parte significativa dos lucros para seus países de origem. Elas movimentam fluxos vultuosos de recurso, o que pode contribuir ou comprometer a balança comercial dos países onde operam.
Essas empresas são muito relevantes no contexto do comércio internacional por conta de:
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Capilaridade.
2. adjust
Alta competitividade.
3. adjust
Forte presença de mercado.
4. adjust
Altos fluxos comerciais de importação e exportação.
Capital internacional
O que é capital internacional?
O capital internacional representa o dinheiro direcionado para investimentos disponível em países estrangeiros, fenômeno ao qual também nos referimos como fluxos de investimento internacionais. Quando citamos os investimentos e o próprio mercado, temos a impressão de que falamos de seres autônomos, dando vida a ideias abstratas criadas por nós mesmos. Entretanto, podemos aproximar esses conceitos de nossa realidade.
O mercado, afinal, nada mais representa que um conjunto de mercados. Os mercados, por sua vez, são o conjunto de:
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Pessoas/empresas dispostas a vender determinado produto ou serviço.
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Pessoas/empresas dispostas a comparar esse produto ou serviço.
Da mesma maneira, quando citamos um investidor, falamos de uma pessoa ou de uma empresa que enxerga oportunidades de lucro em algum tipo de investimento. Como, por exemplo, comprar ações de uma empresa, construir uma fábrica e comprar um terreno ou uma empresa por inteiro.
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Exemplo
Comprar ações de uma empresa, construir uma fábrica e comprar um terreno ou uma empresa por inteiro.
Dessa forma, quando citamos fluxos de investimento internacionais, falamos, na verdade, de pessoas e empresas que percebem oportunidades de lucro no Brasil e que tiram seu dinheiro de seus países e trazem para cá, investindo, por exemplo, em ações, imóveis ou aquisição de empresas. Investimentos também podem surgir de um banco que financie a construção de uma estrada, de uma ponte ou de uma escola.
Sempre que o recurso vem do exterior e é investido no país, ele é chamado de capital estrangeiro ou investimento internacional.
Por intermédio da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento), uma agência especializada da ONU, a entidade acompanha e monitora os fluxos de comércio internacionais entre os diversos países do mundo, demonstrando as elevações e as quedas anuais. Ela também revela as origens dos principais investidores de cada país e para onde são destinados os principais fluxos de investimento de uma nação.
De acordo com o World Investment Report 2021, relatório global sobre investimentos da entidade para o ano de 2021 (UNCTAD, 2021), houve, no ano de 2020, uma queda de 35% na taxa anual de investimentos internacionais diretos no mundo, caindo de 1,5 trilhão de dólares em 2019 para 1 trilhão de dólares no ano seguinte. Isso representa quase 20% menos de investimentos que em 2009, auge da crise financeira internacional iniciada em 2008.
Até 2019, o Brasil ocupava a sexta posição no ranking global, o que significa que ele era o 6º país que mais recebia investimentos estrangeiros no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China, Singapura, Irlanda e Hong Kong, além de estar na frente de países, como, por exemplo, Alemanha, Índia e Canadá.
Nesse ano, o país recebeu 65 bilhões de dólares em investimentos; já em 2020, o total foi de apenas 25 bilhões. Apesar do destaque no recebimento, o Brasil não figura entre os 20 principais investidores do mundo, fator que demonstra nossa dependência do investimento estrangeiro (UNCTAD, 2021, p. 5).
O fluxo de investimentos internacionais tem dado crescente atenção para o tema da sustentabilidade, criando, para isso, uma terminologia própria: ESG (Environmental, social and governance). O ESG, portanto, dá atenção a três aspectos:
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Aspectos ambientais
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Aspectos sociais
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Aspectos de governança
O ESG tem recebido uma crescente atenção por parte dos investidores, já que ele é compreendido não como uma forma de marketing para um consumidor cada vez mais exigente com as questões de sustentabilidade, e sim pelo fato de que o mercado tem aversão a modelos de negócio que não cumprem as regras estipuladas e as boas práticas internacionais nas áreas sociais, nas de gestão e nas ambientais, o que permite futuras surpresas.
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Exemplo
Uma possível surpresa que os investidores podem ter ao investir em empresas que não fortalecem seus sistemas de ESG é a Vale. Listada na Bolsa de Valores brasileira, essa grande companhia permitiu dois catastróficos acidentes em duas de suas barragens: Mariana e Brumadinho, ambas em Minas Gerais. As cidades foram invadidas por lama e inundadas após o rompimento das barragens, o que devastou a região, matou pessoas e destruiu casas e comércios.
Além das inestimáveis perdas humanas, eventos como esse corroem a credibilidade da empresa, constituindo um prejuízo profundo em termos de marketing e de percepção de marca e do mercado. Além disso, milionárias (ou até mesmo bilionárias) multas e processos decorrentes representam mais um empecilho para os investidores por conta das incertezas que acarretam.
Outro exemplo no país foram os casos de corrupção envolvendo empreiteiras nacionais que realizaram obras cujas licitações foram vencidas graças a irregularidades ocorridas tanto no país quanto no exterior. A imagem delas foi extremamente prejudicada, o que afeta sua credibilidade no mercado.
Além disso, os acordos e as multas impostas pela justiça comprometem os fluxos de caixa das empresas e diminuem suas competitividades. Por esses e outros motivos, os investidores têm migrado e optado cada vez mais por padrões elevados de ESG.
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