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Universidade Federal de Minas Gerais 
Faculdade de Ciências Econômicas 
Programa de Educação Tutorial 
 
 
 
Otavio de Souza Teixeira 
 
 
 
O FUTURO DA CLASSE TRABALHADORA: 
UMA DISCUSSÃO INTRODUTÓRIA SOBRE TECNOLOGIA, EMPREGO E RENDA 
 
 
 
 
 
 
 
 Belo Horizonte 
2021 
2 
Universidade Federal de Minas Gerais 
Faculdade de Ciências Econômicas 
Programa de Educação Tutorial 
 
 
Otavio de Souza Teixeira 
 
 
O FUTURO DA CLASSE TRABALHADORA: 
UMA DISCUSSÃO INTRODUTÓRIA SOBRE TECNOLOGIA, EMPREGO E RENDA 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentado ao Programa de 
Educação Tutorial (PET) do Curso de 
Graduação em Ciências Econômicas da 
FACE/UFMG 
Orientador: Prof. Dr. Eduardo da Motta e 
Albuquerque
 
 
Belo Horizonte 
2021 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O impulso fundamental que põe e mantém a máquina 
capitalista em movimento é dado pelos novos bens de 
consumo, os novos métodos de produção ou transporte, 
os novos mercados e as novas formas de organização 
industrial... [Este processo] revoluciona 
incessantemente a estrutura econômica de dentro para 
fora, destruindo incessantemente a antiga, criando 
incessantemente a nova. Este processo de destruição 
criativa é o fato essencial sobre o capitalismo” 
 
Joseph Alois Schumpeter 
 
4 
O futuro da classe trabalhadora: 
uma discussão introdutória sobre tecnologia, emprego e renda 
 
Resumo: Desde a Revolução Industrial Britânica a economia global tem apresentado uma 
trajetória de crescimento acentuado, impulsionada por uma série de avanços tecnológicos. 
Dentre os campos que sofrem maiores transformações impostas pela tecnologia, destaca-se o 
mercado de trabalho. Este trabalho tem por objetivo analisar o impacto da mudança tecnológica 
sobre a classe trabalhadora, em especial sobre o número de empregos, bem como a distribuição 
de salários e renda entre as famílias. Como metodologia adotamos uma revisão crítica da 
literatura. Apresentamos uma breve revisão da interação tecnologia, emprego e renda ao longo 
da história. Em seguida alguns trabalhos importantes sobre “o futuro do trabalho” foram 
revisados. Na sequência alguns desafios foram abordados, bem como algumas de suas 
implicações políticas. O maior obstáculo, sugerimos, não reside na tecnologia em si, mas na 
área da economia política. Nesse sentido, políticas que visam aumentar a apropriação pelos 
trabalhadores dos ganhos da tecnologia, em termos de maior remuneração salarial, redução da 
jornada de trabalho e maior autonomia na organização de suas atividades laborais, são urgentes 
e necessárias. 
 
Palavras-chave: Mudança tecnológica; Polarização do trabalho; Políticas públicas; Renda. 
 
5 
The future of the working class: 
an introductory discussion on technology, employment and income 
 
Abstract: Since the British Industrial Revolution, the global economy has been on a steep 
growth trajectory, driven by a series of technological advances. Among the fields that undergo 
major changes imposed by technology, the labor market stands out. This paper aims to analyze 
the impact of technological change on the working class, especially on the number of jobs as 
well as the distribution of wages and income among families. As a methodology, we adopted a 
critical literature review. We present a brief review of the interaction between technology, 
employment and income throughout history. Then some important works on “the future of 
work” were reviewed. Afterwards, some challenges were addressed, as well as some of their 
political implications. The biggest obstacle, we suggest, does not lie with technology itself, but 
in the area of political economy. In this sense, policies aimed at increasing workers' 
appropriation of technology gains, in terms of higher wages, reduced working hours and greater 
autonomy in the organization of their work activities, are urgent and necessary. 
 
Keywords: Technological change; Work polarization; Public policy; Income. 
6 
Sumário 
 
1. INTRODUÇÃO 7 
2. O “PASSADO” DA CLASSE TRABALHADORA 10 
2.1. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL BRITÂNICA 10 
2.2. A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 14 
2.3. AS ÚLTIMAS DÉCADAS DO SÉCULO XX E AS PRIMEIRAS DO SÉCULO XXI 18 
3. O “FUTURO” DA CLASSE TRABALHADORA 21 
3.1. ALGUMAS TENDÊNCIAS 21 
3.2. DESAFIOS E IMPLICAÇÕES POLÍTICAS 28 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 33 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35 
 
7 
1. INTRODUÇÃO 
Desde o início da Revolução Industrial, há mais de 250 anos, a economia global tem 
apresentado uma trajetória de crescimento acentuado, impulsionada por uma série de avanços 
tecnológicos. De máquinas a vapor que substituíram os moinhos hidráulicos, para a 
eletricidade, telefones, automóveis, aviões, transistores, computadores, e a Internet. Cada nova 
onda de tecnologia trouxe surtos de produtividade e crescimento econômico, permitindo 
métodos mais eficientes para o desempenho de tarefas existentes e dando origem a tipos de 
negócios inteiramente novos (PEREZ, 2002). 
 Certamente, dentre os campos que sofrem maiores transformações impostas pela 
tecnologia, destaca-se o mercado de trabalho. E por consequência toda a organização social, 
em especial se aceitarmos que a centralidade do trabalho em nossas vidas ainda é um fato 
tangível1. 
Desde a Revolução Industrial Britânica comentaristas econômicos têm reconhecido a 
importância central das inovações tecnológicas no progresso econômico. Adam Smith discute 
as “melhorias do maquinário” e na forma como a divisão do trabalho promove inventos 
especializados. Em seu modelo de economia capitalista, Marx, atribui um papel central à 
inovação tecnológica nos bens de capital, considerando que “a burguesia não pode existir sem 
uma constante revolução nos meios de produção”. E Schumpeter reservou à inovação um papel 
central na sua teoria do desenvolvimento (FREEMAN e SOETE, 1997 [2008]). 
Tal percepção veio acompanhada pelas incertezas quanto à substituição do trabalho por 
máquinas (MOKYR, VICKERS e ZIEBARTH, 2015). David Ricardo em uma famosa 
passagem do capítulo ''Sobre o maquinário'' adicionado na terceira edição de seus “Princípios 
de Economia Política e Tributação”, argumentou que “A opinião, sustentada pela classe 
trabalhadora, de que o emprego da maquinaria é frequentemente prejudicial aos seus interesses, 
não se baseia em preconceitos e erro, mas está em conformidade com os princípios corretos da 
economia política” (RICARDO, 1821[1988], p.291). 
 
1 Para uma discussão sobre a centralidade do trabalho ver: Offe, C. (1989) Trabalho e sociedade: problemas 
estruturais e perspectivas para o futuro da 'Sociedade do Trabalho'. Rio de Janeiro. 1.v. Para uma discussão 
complementar ver: Albuquerque, E. (1996) O reposicionamento do trabalho: notas sobre a centralidade do 
trabalho intelectual na sociedade contemporânea. In: Inovações, mutações: o progresso científico-tecnológico em 
Habermas, Offe e Arrow. Belo Horizonte: UNA, pp. 21-54. 
8 
Supercomputação móvel, robôs inteligentes, carros autônomos, aprimoramentos neuro-
tecnológicos do cérebro e edição genética. A evidência de mudanças dramáticas está ao nosso 
redor e está acontecendo a uma velocidade exponencial (BRYNJOLFSSON e MCAFEE, 2011 
e 2014). Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, argumenta que estamos em 
uma revolução que está mudando fundamentalmente a maneira como vivemos, trabalhamos e 
nos relacionamos (SCHWAB, 2016). 
Neste sentido a discussão sobre progresso técnico e o futuro do trabalho está de volta à 
agenda. Será que a automação será o fim do trabalho tradicional? Esta parece ser a principal 
preocupação social quando falamos sobre a revolução tecnológica em curso. 
Não só a academia está interessada em entender melhor o futuro do emprego, por 
exemplo os trabalhos de Frey e Osborne (2013 e 2017) e de Arntz, Gregory e Zierahn (2016), 
agências internacionais como a OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIL), Fórum 
Econômico Mundial (WEF) e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento 
Econômico (OCDE) tem publicado relatórios sobre o futuro dos empregos e temas 
relacionados, além de consultorias como a McKinsey (2017a; 2017b) e a Bain & Company 
(2018) também explorarem o tema. 
Nossa interpretação é de que as transformações em curso são a manifestação dos ciclos 
inerentes ao capitalismo e a “ansiedade tecnológica”, ao menos no que tange ao papel do 
trabalho na sociedade, é natural em momentos de ruptura e de transição entre paradigmas. 
Contudo a “ansiedade” atual pode apresentar características diferentes das anteriores tendo em 
vista a velocidade da mudança técnica atual. 
No processo de desenvolvimento capitalista, há uma transformação permanente das 
bases materiais onde estão assentadas as condições de reprodução e de acumulação do capital. 
O mercado de trabalho, nesse sentido, é espaço privilegiado onde tais transformações se 
manifestam. A incorporação do progresso técnico torna o trabalho humano ao mesmo tempo 
mais produtivo e redundante. Simultaneamente alteram-se o padrão de geração de ocupações 
da estrutura de rendimentos e das condições de contratação, uso e remuneração da força de 
trabalho. Assim também a própria estrutura social é uma representação dos movimentos 
simultâneos do capital e do trabalho. 
A transição de uma “sociedade do trabalho” para uma “sociedade da informação” 
ocasiona diversos ajustamentos estruturais da sociedade. Tendo em vista as rápidas 
9 
transformações tecnológicas em curso (inteligência artificial, internet das coisas, entre outras) 
faz-se necessário repensar as instituições sociais, e o emprego é uma delas. 
Este trabalho tem por objetivo analisar o impacto da mudança tecnológica sobre a classe 
trabalhadora, em especial sobre o número de empregos, bem como a distribuições de salários 
e renda entre as famílias. Como metodologia adotamos uma revisão crítica da literatura. 
Além desta introdução e das considerações finais, nosso texto está dividido em duas 
partes. A primeira, “o passado da classe trabalhadora”, discute de forma breve os impactos da 
mudança tecnológica sobre a classe trabalhadora, em especial sobre o número de empregos 
bem como a distribuições de salários e renda entre as famílias. Já a segunda parte aborda “o 
futuro da classe trabalhadora" com base em diversos trabalhos e debates sobre o tema, na 
sequência alguns desafios são abordados, bem como algumas de suas implicações políticas. 
10 
2. O “PASSADO” DA CLASSE TRABALHADORA 
 
2.1. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL BRITÂNICA 
O processo de destruição criadora criou enormes riquezas ao longo da história, como o aumento 
exponencial da renda per capita após a Revolução Industrial Britânica, mas também gerou 
perturbações indesejadas. A preocupação com o impacto da mudança técnica sobre o trabalho 
não é um fenômeno recente. Economistas clássicos já debatiam sobre o tema, avaliando suas 
implicações sobre a sociedade e sobre a classe trabalhadora (MOKYR, VICKERS e 
ZIEBARTH, 2015). 
Neste sentido, Chennells e Reenen (1999) argumentam que no passado, muitos 
comentaristas temiam que a tecnologia pudesse levar a uma desqualificação dos trabalhadores. 
A fábrica de alfinetes de Smith simboliza a destruição de habilidosos artesãos e sua substituição 
por trabalhadores que eram obrigados a executar apenas tarefas repetitivas e mais servis. 
Ao bloquear a demanda por determinados tipos de trabalho, a Revolução Industrial 
Britânica causou certa ansiedade, mesmo que no geral não reduzissem a demanda geral de 
trabalho. No início do século XIX, os trabalhadores mais afetados pelo aumento de 
investimento em capital foram aqueles empregados em indústrias caseiras domésticas, que 
tradicionalmente tinham capital muito baixo e baixa produtividade. Os tecelões de teares 
manuais com suas pequenas oficinas foram rapidamente destruídos pelas fábricas (MOKYR, 
VICKERS e ZIEBARTH, 2015). 
Mokyr (1997) sintetizando uma série de argumentações de outros economistas, discorre 
que uma invenção que substitua trabalhadores por máquinas terá efeitos em todos os mercados 
de produtos e fatores. O aumento na eficiência da produção, que reduz o preço de um bem, 
aumentará a renda real e, portanto, aumentará a demanda por outros bens. Os trabalhadores 
substituídos podem encontrar emprego em outras indústrias, e seu salário real pode aumentar 
ou diminuir. Logo, não há a priori expectativa de que mudanças na tecnologia de produção 
necessariamente reduzirão a renda do trabalho e o emprego. Mokyr (1997, p. 24) ainda 
argumenta que “apesar de um longo e intrincado debate nacional sobre a “Questão das 
Máquinas” (...) a Grã-Bretanha do século XIX não sofreu um aumento secular no desemprego 
estrutural temido por Ricardo (...)”. 
11 
No mundo real, é claro, desequilíbrios temporários podem causar dificuldades para 
grandes subgrupos da população. Em um primeiro momento, enquanto a fábrica mecanizada 
deslocou o sistema doméstico, a participação do trabalho na renda caiu, os lucros aumentaram 
e as disparidades de renda aumentaram. Demorou mais de meio século até que as pessoas 
comuns vissem os benefícios da Revolução Industrial. Frey (2019) argumenta que a causa da 
crise dos padrões de vida na Grã-Bretanha foi a queda do sistema doméstico de produção, que 
foi gradualmente deslocado pela fábrica mecanizada. Os artesãos eram altamente qualificados 
e ganhavam salários decentes. Mas com a ascensão da fábrica, “um artesão após outro viu sua 
renda desaparecer”. 
Bessen (2016, p. 05) argumenta que ao longo do século XIX, “98% da mão de obra 
necessária para tecer uma jarda de tecido foi automatizada, no entanto, o número de empregos 
em tecelagem realmente aumentou”. A mecanização proporcionou ganhos de produtividade – 
na fiação, por exemplo, o número de horas de trabalho direto necessárias para processar 100 
libras de algodão diminuiu de 300 em 1790 para 135 em 1820 (MOKYR, 2002) – o que causou 
a diminuição do preço do tecido para baixo aumentando sua demanda, ocasionando um 
crescimento líquido do emprego, mesmo com a economia de trabalho advindo do incremento 
tecnológico. 
Por mais dramáticas que tenham sido as mudanças no setor têxtil, elas devem ser 
mantidas em proporção. Bruland e Mowery (2009) argumentam que têxteis representaram 
cerca de 25% da produção industrial em seu pico. Logo, inovação e produtividade foram 
crescendo em outros setores também, ampliando o leque de oportunidades da classe 
trabalhadora. 
Apesar das controvérsias quanto aos efeitos, quantitativos e qualitativos, do impacto de 
novas tecnologias sobre o trabalho, existem argumentos convincentes sobre os benefícios da 
mecanização para a classe operária. Mokyr (1997) sugere que os trabalhadores fabris não 
qualificados foram amplamente beneficiados pela mecanização. Argumento corroborado por 
Clark (2007) que afirma que apesar das preocupações com a mecanização sobre emprego, 
trabalhadores não qualificados foram os maiores beneficiários da Revolução Industrial. O autor 
salienta que os salários reais sobre o período de 1760 a 1860 cresceram mais rápido do que o 
PIB per capita. 
12 
Frey e Osborne (2013 e 2017) apontam a existência de várias estimativas dos padrões 
de vida dos trabalhadores na Grã-Bretanha durante a industrialização na literatura. Citam 
Lindert e Williamson (1983)2, os quais sugerem que os salários reais quase dobraram entre 
1820 e 1850. Os autores encontraram em Feinstein (1998)3, por outro lado, um quadro muito 
mais moderado, com a média dos padrões de vida da classe trabalhadora melhorando em menos 
de 15% entre 1770 e 1870, especialmente após 1830. Embora isso implique que os proprietários 
de capital foram os maiores beneficiários da Revolução Industrial (PIKETTY e ZUCMAN, 
2014), há ao mesmo tempo consenso de que os padrões de vida médios em grande parte tenhammelhorado. 
Apesar das previsões de Ricardo não terem se concretizadas, como pode ser observado 
em uma análise de longo prazo, os impactos dúbios sentidos pela classe trabalhadora durante 
o período de transição e ajustamento são inegáveis. O período pré-revolução industrial é 
marcado por uma população predominantemente agrária, e com manufaturas artesanais. Com 
o desenvolvimento da máquina movida a força hidráulica (e posteriormente à vapor) e o 
desenvolvimento da indústria têxtil tal configuração começou a mudar. Landes (2005) 
argumenta que a transformação imposta ao trabalhador foi “ainda mais fundamental pois não 
apenas seu papel ocupacional, como também seu estilo de vida estava em jogo” (p. 45). 
Segundo o autor, a máquina impôs uma nova organização social, os artesãos antes habituados 
a executarem suas atividades em suas residências, agora estavam sujeitos à disciplina fabril. 
Não apenas o local de trabalho se alternou, como o ritmo do trabalho era determinado “por 
incansáveis equipamentos inanimados” (p. 45) e pela constante fiscalização de supervisores, 
os quais “impunham a assiduidade por meio de compulsão moral e pecuniária e, às vezes, por 
ameaça física” (p. 45). 
Durante os primeiros dias da industrialização, a vida de muitos trabalhadores tornou-se 
mais desagradável. As condições de vida para as massas na Grã-Bretanha falharam em 
melhorar antes de 1830-1840. A frase do poeta William Blake “moinhos satânicos” captura as 
longas horas de trabalho nas fábricas e as perigosas condições que materializaram o processo 
de industrialização (FREY, 2019). 
 
2 Lindert, P.H., Williamson, J.G., 1983. Reinterpreting Britain’s social tables, 1688–1913. Explor. Econ. Hist. 20 
(1), 94–109. 
3 Feinstein, C.H., 1998. Pessimism perpetuated: real wages and the standard of living in Britain during and after 
the industrial revolution. J. Econ. Hist. 58, 625–658. 
 
13 
Não apenas os artesãos foram substituídos por operários, o que equivale a dizer em 
outras palavras que os artesãos se tornaram operários, mas outras ocupações foram criadas à 
medida que outras foram destruídas, eis o processo de destruição criativa em ação. Como já 
citado, o desemprego estrutural estimado inicialmente não se concretizou, de modo que 
podemos inferir o saldo positivo de ocupações dada a mudança técnica. 
As inovações do período ocasionaram diversas outras mudanças no mercado de trabalho 
e estimularam uma certa reorganização social, como a expansão do comércio – visto o aumento 
da demanda – a reorganização espacial das cidades – visto a aglomeração de fábricas – e ainda 
o desenvolvimento de novas rotas comerciais e a necessidade de melhoramentos logísticos. 
Vale ressaltar sobre este rearranjo social, conforme apontado por Bruland e Mowery 
(2009), o fato de a agricultura britânica ter crescido em termos absolutos durante 1750 – 1850 
e ter sido altamente inovadora. Durante este período, as principais inovações foram 
desenvolvidas em ferramentas agrícolas, instrumentos de cultivo (arados, grades, cortadores), 
instrumentos de semeadura, equipamentos de colheita (ceifeiras, ancinhos, enxadas, foices, 
debulhadores, etc.) e equipamentos de drenagem. Os autores ainda destacam que a inovação 
agrícola foi associada ao surgimento de uma indústria de equipamentos agrícolas 
especializados, que por sua vez apoiaram o crescimento de inúmeras pequenas obras de 
engenharia e fundições. 
Enquanto a fábrica mecanizada deslocou o sistema doméstico, trabalhadores 
enfurecidos se voltaram contra as máquinas. Frey (2019, cap. 04 e 05) argumenta que na 
Revolução Industrial quase todo o progresso técnico foi utilizado para substituir trabalhadores. 
Como resultado observa-se o esvaziamento dos empregos de artesãos de renda média, causando 
uma grande divergência dentro da Grã-Bretanha. Contudo as classes dominantes agora tinham 
mais a ganhar com a permissão de mecanização, e desenvolveram todo o arcabouço 
institucional necessário para seu desenvolvimento (ACEMOGLU e ROBINSON, 2012). A 
resistência dos trabalhadores terminou apenas quando as pessoas começaram a ver seus salários 
aumentarem nas últimas décadas da Revolução Industrial. 
14 
2.2. A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
Com a Segunda Revolução Industrial, iniciada em 1870, os Estados Unidos assumiram a 
liderança tecnológica da Grã-Bretanha. Isto significa que para traçar as fronteiras da tecnologia, 
e explorar sua interação com empregos e renda, devemos nos concentrar na experiência norte-
americana. 
Frey (2019), baseado em artigos publicados em maio de 19244 e abril de 19295 no New 
York Times, nos conta que se não fosse pelos feitos de seiscentos acendedores de lâmpadas, 
com tochas e escadas, as ruas da cidade de Nova York à noite em 1900 teriam sido iluminadas 
“por nada além da lua”. Mas na noite de 24 de abril de 1907, a maior parte das vinte e cinco 
mil lâmpadas a gás nas ruas de Manhattan não foram acesas. Os acendedores de lâmpadas 
deixaram as luzes apagadas e entraram em greve. 
Lâmpadas de óleo e gás sempre exigiram atenção pessoal, mas com a eletricidade, o 
toque do acendedor não era mais uma habilidade que tinha algum valor. Os primeiros postes 
elétricos na cidade de Nova York já haviam sido instalados no final do século XIX, mas 
dificilmente haviam tornado os acendedores de lâmpadas redundantes. Cada lâmpada foi 
equipada com seu próprio interruptor, que tinha que ser ligado manualmente. A eletrificação 
precoce tornou o trabalho mais fácil, já que os acendedores de lâmpadas não precisavam mais 
carregar tochas e escadas para acender as lâmpadas. Ainda assim, os homens que acendiam as 
lâmpadas a gás não eram os beneficiários do progresso. 
O domínio da luz que já havia permitido a um trabalhador para sustentar sua família, se 
tornou uma tarefa tão simples, que poderia ser feito “por meninos no caminho de volta para 
casa escola”. E como tantas vezes na história, “a simplificação foi apenas um passo em direção 
a automação”. Com o avanço da eletrificação, os trabalhos dos acendedores de lâmpadas eram 
cortados em grandes números e em 1927, os dois últimos acendedores de lampiões a gás 
deixaram seus postos, encerrando a história de sua profissão. 
Alguns certamente pagaram o preço pelo progresso. Mas ao longo do século XX, para 
a grande maioria dos cidadãos, a tecnologia foi o motor de seu progresso material. De modo 
geral, as condições de trabalho foram melhoradas, eliminando os trabalhos mais perigosos e 
 
4 B. Reinitz, 1924, “The Descent of Lamp-Lighting: An Ancient and Honorable Profession Fallen into the Hands 
of Schoolboys,” New York Times, May 4. 
5 Reinitz, 1929, “New York Lights Now Robotized,” New York Times, April 28. 
15 
empregos servis. Os trabalhadores perceberam que seus salários dependiam do uso de novas 
tecnologias. E eles se beneficiaram do fluxo contínuo de novos bens e serviços que foram 
colocados à sua disposição. A conquista do capitalismo, como Schumpeter (1942) observou, 
não consistia em fornecer “mais meias de seda para rainhas, mas em trazê-las ao alcance das 
operárias em troca para quantidades cada vez menores de esforço”. 
Quando as pessoas têm boas opções alternativas de trabalho, são menos propensos a se 
rebelar contra máquinas. O deslocamento do trabalho nunca é indolor, mas se as pessoas 
tiverem razão para acreditar que eles eventualmente sairão na frente, eles são mais propensos 
a aceitar a agitação sem fim no mercado de trabalho. Frey (2019) sugere que o crescimento 
explosivo de empregos de classe média nas indústrias de produção em massa do século XX foi 
um dos principais motivos pelos quais a mecanização foi permitida a progredir 
ininterruptamente. Ainda segundo o autor: “uma abundância de empregos na manufatura foi o 
melhor seguro-desemprego que as pessoas poderiam obter”. 
Sabemos que a nova tecnologia pode destruir empregos, criar outros inteiramente novos 
ou transformar radicalmentea natureza dos empregos que no papel parecem ser os mesmos. Se 
a mudança tecnológica for do tipo “substituta”, o crescimento da produtividade por si só pode 
não compensar seus impactos negativos sobre o emprego e os salários. As tecnologias 
“habilitadoras”, em contraste, não apenas aumentam a produtividade, mas também reintegram 
a mão-de-obra em tarefas, ocupações e setores totalmente novos (PIANTA, 2009). 
Neste período, uma onda de tecnologias “habilitadoras” e aumento do crescimento da 
produtividade permitiu às pessoas da classe trabalhadora subir na escada econômica. 
Automóveis e a eletricidade geraram novas indústrias gigantescas e com mais capital investido 
em máquinas, as empresas começaram a aumentar os salários para evitar que os trabalhadores 
partissem para empregos melhores em outro lugar (FREEMAN e SOETE, 2008[1997]). 
Pessoas no topo e na base da distribuição de renda viram seu padrão de vida melhorar 
enormemente, e, consequentemente, as pessoas de classe média aceitaram as remodelações no 
mercado de trabalho com a expectativa de que eles também se beneficiaram (FREY, 2019). 
O número cada vez maior de empregos semiqualificados criados nas fábricas dos 
Estados Unidos forneceu oportunidades abundantes, mesmo para aqueles que se encontraram 
deslocados. Os homens foram capazes de migrar dos campos para os empregos nas fábricas, 
mais agradáveis e melhor remunerados. Ao mesmo tempo, a mecanização da manutenção da 
16 
casa permitiu que as mulheres deixassem o trabalho doméstico não remunerado para trás por 
trabalhos em escritório (FREY, 2019, cap. 6). 
Alexopoulos e Cohen (2016) descobriram que as grandes invenções norte-americanas 
do período de 1909 a 1949 eram predominantemente do tipo “habilitadoras”. Alguns empregos 
foram claramente destruídos à medida que surgiam novos, mas, no geral, as novas tecnologias 
aumentaram enormemente as oportunidades de emprego. Surgiram novas indústrias, 
produzindo automóveis, aeronaves, tratores, maquinário elétrico, telefones, produtos 
domésticos, eletrodomésticos, e assim por diante, o que criou uma abundância de novos 
empregos. As vagas aumentaram e o desemprego diminuiu à medida que a tecnologia 
progredia. 
Os autores demonstram que o motor de combustão interna e a eletricidade fizeram mais 
para criar empregos do que outras tecnologias. Inovações que economizam mão de obra 
tiveram efeitos semelhantes na produtividade, mas não impulsionaram tanto o emprego, o que 
sugere que a eletricidade e o motor de combustão interna também colocavam os trabalhadores 
em empregos antes inimagináveis. Alexopoulos e Cohen (2016, p. 792) destacam: “em suma, 
mesmo que a economia estivesse sobrecarregada com atritos, imperfeições ou rigidez de preços 
e salários, eles foram insuficientes para compensar o impacto positivo da mudança técnica no 
emprego”. Assim, os economistas chegaram à conclusão de que este foi um período em que a 
tecnologia estava trabalhando no interesse do trabalho. 
Acemoglu e Restrepo (2018) chegam à mesma conclusão apontando que “a Segunda 
Revolução Industrial, [levou à] criação de novas tarefas de mão-de-obra intensiva”. Os autores 
ainda discorrem sobre a capacidade de a tecnologia criar novas ocupações, ao destacar que 
“essas tarefas geraram empregos para uma nova classe de engenheiros, mecânicos, reparadores, 
condutores, trabalhadores de retaguarda e gerentes envolvidos com a introdução e operação de 
novas tecnologias”. 
Paralelo à expansão das oportunidades da classe trabalhadora, observa-se o início da 
mudança na demanda por habilidades, que pode ser rastreada até a mudança para eletricidade 
e a remoção da máquina a vapor, o que levou a uma reorganização completa da produção e da 
mudança do padrão ocupacional (WYATT e HECKER, 2006). Tal fato fica mais evidente nas 
três décadas do pós-guerra (PIKETTY e ZUCMAN, 2014). As linhas de montagem da fábrica 
exigiam uma grande quantidade de trabalho humano, a eletrificação permitiu que muitas etapas 
17 
da produção fossem automatizadas. Isso, por sua vez, aumentou a demanda por trabalhadores 
relativamente qualificados para operar as máquinas. 
Nos Estados Unidos, por exemplo, o movimento do ensino médio foi essencial para a 
transformação, à medida que o escritório entrava em uma onda de mecanização, com máquinas 
de escrever e calculadoras. Uma característica importante destas tecnologias é que, embora 
reduzam o custo de processamento de informações, eles aumentaram a demanda por 
trabalhadores com ensino médio. Para explicar este fenômeno Goldin e Katz (1998 e 2008) 
sugerem que a história do século XX, desde a eletrificação, tem sido “a corrida entre tecnologia 
e educação”. 
A rápida rotatividade no mercado de trabalho trouxe alguns problemas de ajuste. Mas 
no geral, no período até a década de 1970, a maioria das pessoas podia esperar ver seus salários 
aumentarem. Como as fábricas foram eletrificadas, alguns trabalhadores foram recolocados em 
tarefas de manutenção e transporte, mas a ampliação da mecanização significou que empregos 
mais produtivos e melhor remunerados surgiram para eles (FREY, 2019, cap. 8). 
Uma das maiores virtudes da Segunda Revolução Industrial foi a criação de empregos 
inteiramente novos para as pessoas comuns ao mesmo tempo em que disponibilizou novos bens 
para eles. A enxurrada de aparelhos elétricos que entraram nos lares americanos beneficiou as 
pessoas em sua capacidade, tanto como consumidores, quanto como produtores. 
É verdade que as relações entre trabalho e gestão desempenharam um papel em facilitar 
a transição, junto com o aumento dos salários dos trabalhadores e a melhoria das condições de 
trabalho em geral. A emergência do estado de bem-estar social, no pós-guerra, tornou mais 
suave o processo de ajustamento. 
 
18 
2.3. AS ÚLTIMAS DÉCADAS DO SÉCULO XX E AS PRIMEIRAS DO SÉCULO XXI 
Uma das maiores conquistas do século XX foi a criação de uma classe média diversificada e 
próspera. A seção anterior demonstrou que a tecnologia desempenhou um papel fundamental 
em seu surgimento. Nesta seção mostraremos o papel que desempenhou em sua queda. Vários 
fatores moldaram a trajetória dos salários das pessoas, mas ao longo da história a tecnologia 
tem se mostrado o fator determinante. Contudo, conforme argumenta Carl Frey (2019) “o topo 
se afastando do resto seria muito menos preocupante se o meio tivesse continuado a prosperar”. 
A ideia de que os trabalhadores qualificados têm sido os principais beneficiários do 
progresso tecnológico é em grande parte um fenômeno da segunda metade do século XX. 
Talvez a maior tragédia das três últimas décadas do século XX, é que grande parte da força de 
trabalho na verdade viu seu salário real cair. Na era de computadores, “as fileiras dos ricos 
cresceram, mas ao custo de uma classe média em declínio” (FREY, 2019; AUTOR, 2015; 
AUTOR e DORN, 2013). 
Nas últimas décadas, os empregos dos trabalhadores foram transformados em 
movimentos mecânicos. Tal especialização aumentou muito a produtividade nas fábricas norte-
americanas, mas trouxe maior monotonia para o trabalhador. Deste ponto de vista, automação 
da fábrica pode ser considerada uma bênção porque significa que os robôs industriais, 
controlados por computadores, poderiam eliminar a necessidade de intervenção humana direta 
nas operações. Em vez de serem executadas por trabalhadores, muitas tarefas de rotina podem 
ser realizadas por robôs com maior grau de precisão. 
Por outro lado, estes trabalhos rotineiros eram os que empregavam grande parte da 
classe trabalhadora do mundo desenvolvido. Numerosos estudos têm mostrado que os trabalhos 
de rotina estavam esmagadoramente agrupados nesta classe tanto em habilidade quanto na 
distribuição de renda (GOOS, MANNING e SALOMONS, 2014; AUTOR e DORN, 2013; 
GOOS, MANNING e SALOMONS, 2009; GOOS e MANNING, 2007). Como as máquinas 
controladas por computador reduziram a necessidade detarefas de rotina, os trabalhadores da 
classe média viram seus empregos desaparecerem. 
Embora a automação substituísse os trabalhadores em alguns empregos, também criou 
novos. Robôs substituem trabalhadores em tarefas repetitivas, mas as máquinas também 
exigiam pessoal qualificado, capaz de programação, reprogramação e reparação. Engenheiros 
e programadores são uma consequência da automação. Assim, a erosão de antigos empregos 
19 
deu origem aos novos, em geral mais especializados, que demandam maior capacidade 
analítica. 
Como os computadores tornaram os “analistas” mais ricos, estes gastam uma 
porcentagem maior de sua renda em serviços pessoais que são difíceis de automatizar (FREY, 
2019). Contudo a automação de certos empregos significa menos oportunidades para os que 
possuem ensino médio, então tem-se observado um fluxo de trabalhadores produtivos de 
setores automatizados para trabalhos de serviço de baixa produtividade. Isso significa que 
milhões de trabalhadores migraram para empregos onde o teto de produtividade é baixo e, 
consequentemente, seus salários ficaram defasados em relação aos dos analistas (AUTOR e 
DORN, 2013; ACEMOGLU e AUTOR, 2011). 
Como tem sido amplamente documentado, a educação reforçou a divisão entre aqueles 
que prosperam na nova economia e seus pares menos educados (GOLDIN e KATZ, 1998; 
KATZ e MARGO, 2013). Este padrão se torna ainda mais evidente quando olhamos como os 
trabalhadores se ajustaram à automação. Aqueles com habilidades analíticas migraram para os 
conjuntos de empregos de alta remuneração, enquanto as pessoas que carecem de habilidades 
valiosas caíram e estão competindo por empregos não qualificados e com salários cada vez 
menores (AUTOR, 2015; GOOS, MANNING e SALOMONS, 2014; AUTOR e DORN, 2013). 
Na era do pós-guerra, os trabalhadores das linhas de montagem que experimentaram 
deslocamento ainda puderam encontrar trabalho em outros trabalhos de rotina que exigiam 
habilidades semelhantes (FREY, 2019). Mas desde a “revolução do computador”, americanos 
desempregados que costumavam trabalhar em uma ocupação de rotina tornaram-se muito 
menos propensos a encontrar um novo emprego semelhante. Menos opções de trabalho, 
especialmente para trabalhadores com formação não universitária, levou a uma competição em 
cascata por empregos de baixa qualificação (AUTOR, 2015; AUTOR e DORN, 2013). 
Mesmo que os trabalhadores nos países desenvolvidos tenham se tornado muito mais 
produtivos, os salários reais têm estado estagnados e mais pessoas estão sem trabalho. 
Consequentemente, a participação do trabalho na renda nacional caiu (PIKETTY e ZUCMAN, 
2014). Os lucros corporativos atingiram uma parcela cada vez maior de na renda nacional, 
enquanto a parcela destinada aos trabalhadores “médios” tem sofrido um decréscimo. Neste 
sentido, Katz e Margo (2013) destacam que os efeitos dos computadores no mercado de 
20 
trabalho hoje têm sido semelhantes aos que acompanharam a mecanização da fábrica no século 
XIX. 
Até agora, as novas tecnologias de computador não causaram desemprego secular, 
como tem sido tão temido. Embora as indústrias e ocupações perderam empregos devido à 
automação, as perdas de empregos foram compensadas pela criação de novas tarefas, clientes 
e fornecedores beneficiando-se de bens mais baratos e aumentos nos gastos gerais do 
consumidor. 
Contudo reduziram o tamanho da classe média e a participação do trabalho na renda. E, 
como a história ilustra, mesmo quando novos empregos estão sendo adicionados, pode levar 
muito tempo para os trabalhadores adquirirem as habilidades necessárias para mudar com 
sucesso para empregos emergentes. Ademais, tal qualificação tende a ser percebida nos salários 
dos trabalhadores apenas alguns anos depois. 
21 
3. O “FUTURO” DA CLASSE TRABALHADORA 
 
3.1. ALGUMAS TENDÊNCIAS 
Apesar da intensidade do debate, nenhum consenso sobre “o futuro do trabalho” foi definido. 
No entanto, concomitante a esta revolução tecnológica, há um conjunto de aspectos 
socioeconômicos mais amplos, fatores geopolíticos e demográficos de mudança que podem ser 
ainda mais significativos e duradouros no mundo do trabalho (BALLIESTER e ELSHEIKHI, 
2018). 
Um aspecto-chave do debate sobre o futuro do trabalho está centrado em se empregos 
suficientes serão criados nos próximos anos para todos aqueles que procuram trabalhar. 
Balliester e Elsheikhi (2018) apontam que um debate apaixonado floresceu em torno da 
pergunta “Como a rápida mudança tecnológica afetará o número de empregos?” Alguns 
engenheiros e os tecnólogos estão convencidos de uma transformação tecnológica em 
proporções com a Revolução Industrial (BRYNJOLFSSON e MCAFREE, 2011 e 2014). 
Outros estão céticos em relação a esta questão e acreditam que a inovação atingiu seu limite 
(GORDON, 2012). 
A maioria dos observadores parece concordar que a destruição de empregos tende a 
acelerar sob a impressão de mudanças tecnológicas (FREY e OSBORNE, 2013; ARNTZ, 
GREGORY e ZIERAHN, 2016). Em contrapartida, pouco se sabe sobre o potencial de criação 
de novos empregos. Para que esses novos empregos apareçam, muitos comentam sobre a 
necessidade de novos mercados a serem desenvolvidos e regulamentados (DOSI e 
VIRGILLITO, 2019). O temor é que esse processo não aconteça rápido o suficiente. Portanto, 
o número de empregos pode cair mais rápido do que a força de trabalho global quando os 
empregos existentes são substituídos por automação e outros sistemas operados por 
inteligência artificial. 
Em ampla revisão sobre o tema Balliester e Elsheikhi (2018) destacam cinco dimensões 
nas quais as mudanças atuais impactarão o mundo do trabalho: 
(1) o futuro dos empregos (refere-se à criação e destruição de empregos ou composição 
futura da força de trabalho); 
22 
(2) sua qualidade (a qual discute sobre novas formas de emprego e como podem afetar 
as condições de trabalho no futuro); 
(3) desigualdade de salários e renda (destaca como o futuro distribuições de salários e 
renda entre as famílias podem se desenvolver levando em consideração uma série 
de determinantes); 
(4) sistemas de proteção social (abrangendo questões de sustentabilidade decorrentes 
de diversos fatores como o envelhecimento da população e novas formas de 
emprego); 
(5) e diálogo social e relações laborais (a qual discute como as instituições podem 
responder às mudanças dinâmicas contidas no futuro do trabalho). 
Nossa argumentação está centrada nas dimensões (1) e (3). A seguir, alguns trabalhos 
importantes estão sendo revisados sobre como o número de empregos pode evoluir no futuro 
bem como a distribuições de salários e renda entre as famílias é impactada pela mudança 
tecnológica. 
Dentre os trabalhos sobre o tema, o estudo feito por Frey e Osborne (2013 e 2017). Esse 
estudo examinou o quão suscetíveis os empregos são à informatização. Para isso, foi 
implementado uma nova metodologia para estimar a probabilidade de informatização para 702 
ocupações detalhadas. Como resultado, cerca de 47% do total de empregos nos EUA foram 
apontados como sujeitos a automatização. Vale ressaltar que também foram encontradas 
evidências de que os salários e a escolaridade exibem uma forte relação negativa com 
probabilidade de uma ocupação ser afetada pela informatização (FREY e OSBORNE, 2013 e 
2017). 
Os resultados de Frey e Osborne foram convertidos para outros países em novos 
estudos. A consultoria Deloitte (2015a) estimou que no Reino Unido 35% dos empregos 
poderiam ser automatizados nos próximos anos ou décadas. Para a Suíça foi descoberto que 
48% dos empregos estavam na faixa de alto risco de automação, segundo a mesma consultoria 
(DELOITTE, 2015b). Já para o Canadá foi estimado que 42% da força de trabalho está sob alto 
risco de automação entre os próximos dez e vinte anos, o estudo foi realizado pelo Brookfield 
Institute (2016). 
23 
Para o Brasil, utilizando o modelo de Freye Osborne (2017), Lima et al. (2019) 
estimaram que a automação afetará fortemente o futuro do emprego nas próximas décadas, 
dado que 60% dos trabalhadores se encontram em ocupações que devem sofrer um alto 
impacto. Contudo o mesmo estudo faz diversas ressalvas quanto a adaptação feita do modelo 
utilizado à realidade brasileira, dada a heterogeneidade de ocupações e acesso a dados 
representativos da realidade laboral do país. 
Albuquerque et al., (2019) também buscaram reproduzir a metodologia de Frey e 
Osborne para estimação das probabilidades de automação das ocupações no Brasil. O resultado 
encontrado corrobora os achados de trabalhos correlatos da literatura especializada, isto é, 
apontaram que boa parte das ocupações pode ser automatizada nos próximos anos. Segundo os 
autores essas estimativas “são de potencial importância para os formadores de políticas 
públicas e profissionais por ser passível de nortear a carreira de trabalhadores, bem como 
definir cursos prioritários que as instituições de ensino deveriam oferecer visando maximizar 
as oportunidades de emprego no país”. 
Já o McKinsey Global Institute (MGI, 2017b) estimou o impacto da automação focando 
em atividades e não em ocupações. A consultoria descobriu que 50% das atividades realizadas 
no Brasil poderiam ser automatizadas utilizando a tecnologia disponível (na data de publicação 
do estudo). 
Ao focarem em habilidades ao invés das tarefas das ocupações Arntz, Gregory e Zierahn 
(2016) estudaram 21 países da OCDE e descobriram que, em média, 9% dos empregos têm 
alto risco de serem automatizados. O risco vai de 12% em países como Alemanha e Espanha a 
6% na Coréia do Sul e Estônia. Essa discrepância, de acordo com os autores, pode ser um 
reflexo das diferenças gerais das organizações de trabalho, ou devido ao nível educacional 
desses trabalhadores em todos os países. Nedelkoska e Quintini (2018) ampliaram o estudo 
para 32 países da OCDE e estimaram que 14% dos empregos são altamente automatizáveis. Os 
valores variam de 6% para a Noruega até 33% na Eslováquia. 
No setor de transportes, por exemplo, muitos trabalhos correm o risco de serem 
automatizados. De acordo com Estevadeordal et al. (2017) a automação destes trabalhos pode 
trazer consequências consideráveis sobre o número de empregos e desigualdade de renda. 
Segundo os pesquisadores, a automação do transporte significa que 13% da população mundial 
economicamente ativa pode perder o emprego. 
24 
Ao mesmo tempo, os setores de manufatura permanecem altamente suscetíveis à 
automação. Relatório produzido por Chang, Rynhart e Huynh (2016) sugere que 60% dos 
postos de trabalho relacionados à indústria de eletroeletrônicos podem ser automatizados em 
países do sudeste asiático, como Indonésia, Filipinas, Tailândia e Vietnã. Para a indústria têxtil, 
de vestuário e calçados este número pode ser de 80% no Camboja e no Vietnã, segundo o 
mesmo relatório. 
Este possível declínio foi observado por Bessen (2018) para economias desenvolvidas, 
especialmente EUA. O autor argumenta que no setor de manufatura a tecnologia reduziu 
drasticamente os empregos nas últimas décadas. O modelo desenvolvido pelo pesquisador 
demonstra a ascensão e queda do emprego nas indústrias têxtil, siderúrgica e automobilística, 
sugerindo a saturação destas indústrias. Tal experiência demonstra uma possibilidade para 
países em desenvolvimento. 
O setor agrícola tende a ser afetado também pela nova revolução em curso. Fraser e 
Charlebois (2016) explanam sobre a possibilidade de aplicação da "Internet das Coisas” sobre 
processos agrícolas. O trabalho de West (2015)6 estima que para os Estados Unidos atividades 
como agricultura, silvicultura, pesca e caça, podem eliminar cerca de duzentos e vinte e três 
mil empregos até 2022 devido à automação. 
Embora a maioria dos estudos se concentre na questão da perda potencial de empregos, 
poucos reconhecem o potencial de novas tecnologias na criação de novos empregos. Balliester 
e Elsheikhi (2018) sugerem que, em parte, isso pode resultar do fato de que é mais simples 
prever o futuro dos perfis de trabalho que existem atualmente do que imaginar quais novos 
empregos podem existir no futuro. 
Nesse sentido, Luksha et al. (2015) apresentam um estudo em que especulam sobre as 
futuras indústrias e ocupações que podem surgir com as tecnologias atuais. Mais 
concretamente, os autores conduzem uma análise de cenário no nível da indústria investigando 
os efeitos da tecnologia nos empregos russos até 2030. Enquanto eles descobrem que vários 
empregos se tornarão obsoletos em um futuro próximo, o potencial de criação de empregos 
supera as perdas que virão. Devido às mudanças de tecnologias, novas práticas de trabalho e 
necessidades dos consumidores, novos empregos serão criados e os atuais serão ajustados. 
 
6 WEST, D. (2015). What Happens If Robots Take the Jobs? The Impact of Emerging Technologies on 
Employment and Public Policy, (Washington, D.C., Brookings). Citado em BALLIESTER e ELSHEIKHI, 2018. 
25 
Conforme citado anteriormente, simultaneamente a esses avanços tecnológicos estão 
outros motores de mudança que podem afetar os empregos, como mudanças climáticas e 
demografia. Paralelo a destruição de ocupações vinculadas a setores de energias fósseis, 
conforme os padrões de consumo mudam, as “ocupações verdes devem crescer”. Nos Estados 
Unidos, até 2020, são esperadas a criação de empregos em ocupações como auditores de 
energia (cerca de duzentos mil novos postos de trabalho), técnicos em células de combustível 
(quase cem mil novas vagas) e analistas de mudanças climáticas (cerca de quarenta mil 
profissionais) (POLLIN et al., 20147). Apesar de serem poucos novos postos de trabalho, visto 
toda a economia, os exemplos citados demonstram um possível caminho a ser seguido. 
No entanto, este processo de destruição e substituição de empregos pode ser distribuído 
por um longo período de tempo resultando em um período de baixos salários e implementação 
lenta de tecnologia. 
Tradicionalmente, a mudança tecnológica era vista como um fator neutro, porém com 
a introdução em grande escala das TIC’s, alguns comentaristas afirmam que a mudança 
tecnológica se tornou tendenciosa e esvaziou o mercado de trabalho (BALLIESTER e 
ELSHEIKHI, 2018). Paralelo à mudança tecnológica, fatores econômicos e geopolíticos 
(ACEMOGLU e ROBINSON, 2012) contribuíram para a diminuição da contribuição do 
trabalho na renda nacional como observado por Piketty e Zucman (2014). 
Acemoglu e Autor (2010) argumentam que as tendências tecnológicas atuais devem 
corroer ainda mais os empregos da classe média, levando a um aprofundamento da polarização 
do trabalho. Autor e Dorn (2013) e Goos, Manning e Salomons (2014) constataram que nos 
Estados Unidos e na Europa a “polarização” do emprego por nível de habilidade tem sido, entre 
todos os tipos de ocupações, a principal causa da desigualdade na renda salarial. 
Arntz, Gregory e Zierahn (2016), por sua vez, descobriram que apesar das diferenças, 
a principal característica de todos os países da OCDE é que a capacidade de automação 
frequentemente diminui com o nível de educação bem como a renda dos trabalhadores. Para 
todos os tipos de empregados, os autores sugerem que “os indivíduos de baixa qualificação e 
renda são os que enfrentam um maior risco de terem seus postos de trabalho automatizáveis”. 
 
7 POLLIN, R. et al. (2014). Green Growth: A U.S. Program for Controlling Climate Change and Expanding Job 
Opportunities, Energy and Environment (Washington, D.C, Centre of American Progress). Citado em 
BALLIESTER e ELSHEIKHI, 2018. 
26 
Acemoglu e Restrepo (2018) descobriram que a automação nos Estados Unidos está 
negativamente correlacionada com emprego e salários entre 1990 e 2007. Este efeito, de acordo 
com os autores, é mais pronunciado na manufatura, particularmente em ocupações manuais, 
em tarefas rotineiras cognitivase para trabalhadores sem formação universitária. 
Já Mann e Püttmann (2018) concluíram que, embora a automação reduza o emprego 
industrial, aumenta o emprego no setor de serviços e, em geral, tem um impacto positivo no 
emprego. Contudo o setor de serviços está tradicionalmente ligado às ocupações com menores 
rendimentos. 
Apresentando uma visão semelhante sobre o tema Bessen (2016) argumenta que as 
novas tecnologias devem ter um efeito positivo sobre o emprego se melhorarem a 
produtividade em mercados em que há uma grande quantidade de demanda reprimida. Já em 
trabalho posterior (BESSEN, 2018) sugere a saturação das indústrias têxtil, siderúrgica e 
automobilística, o que em contrapartida permitiria a ascensão de novos mercados, em especial 
o setor de serviços. 
Os cenários sobre o futuro do trabalho são os mais diversos. Se assumirmos que as 
máquinas só podem ser substitutas de tarefas de rotina, então “o resultado provavelmente será 
otimista ou menos pessimista”. A literatura sugere que a questão se dá por duas razões: 
(1) porque existem classes de ocupações que não serão totalmente automatizadas. Autor 
(2015) argumenta que tarefas que não podem ser substituídas pela automação geralmente é 
complementada por ela. Neste sentido mesmo que a robótica começasse a deslocar um grande 
número de trabalhadores, empregos dependentes de características humanas, tais como 
criatividade e inteligência emocional, podem se tornar mais numerosos; 
(2) porque é possível a introdução de novas tarefas em que o trabalho tem uma 
vantagem comparativa, o que pode compensar a perda de ocupações devido à automação. 
Ademais, conforme destacado por Acemoglu e Restrepo (2018), a viabilidade técnica 
não implica necessariamente em viabilidade econômica. Isto é, para que empregos humanos 
sejam substituídos por máquinas, a mudança do processo produtivo deve ser comparativamente 
mais lucrativa. Além desta questão, alguns estudos sugerem que as preferências por interação 
humana em certas indústrias, como cuidados e educação de idosos, podem impedir que certas 
ocupações sejam automatizadas. 
27 
O Quadro 01, preparada por Lladós (2019), ilustra as principais conclusões encontradas 
na literatura visitada, a qual nos mostra que o progresso tecnológico apresenta essencialmente 
uma tendência a substituir tarefas rotineiras, enquanto a complementaridade das habilidades 
exigidas será definida por sua natureza cognitiva ou manual. 
Quadro 01 - Impacto esperado da mudança tecnológica 
Tipo de ocupação 
(de acordo com a 
intensidade da habilidade) 
 
 
Impacto esperado no número 
de ocupações 
 
 
Impacto esperado na massa 
salarial 
Cognitivo não rotineiro Positivo Positivo 
Rotinas manuais e cognitivas Negativo Negativo 
Manuais não rotineiros Positivo Negativo 
Fonte: Adaptado de Lladós (2019, p. 4) 
Desta forma, a literatura sugere que a tecnologia melhore as perspectivas de emprego 
das pessoas que atuem em tarefas não rotineiras e que envolvem habilidades cognitivas, dada 
a complementaridade entre trabalho e tecnologia. O cenário é menos propício para tarefas de 
rotina que podem ser substituídas por automação digital, sejam as que requerem habilidades 
mentais ou manuais. O risco de automação seria menor para empregos definidos por um 
conjunto de tarefas que, apesar de manuais, não são rotineiras, pois não são facilmente 
automatizáveis e por poderem ser ocupadas por trabalhos de baixa qualificação e com menor 
remuneração. 
Neste sentido, a literatura sugere a manutenção da tendência de polarização crescente 
do mercado de trabalho, com uma demanda relativamente mais baixa de níveis de qualificação 
intermediários, paralelo a um aumento na desigualdade da renda salarial em favor de um 
trabalho mais qualificado. Tal questão é justificada por uma maior demanda relativa de 
trabalhadores com maior escolaridade, além do descompasso existente no mercado de trabalho 
entre a oferta e a demanda de competências. 
28 
3.2. DESAFIOS E IMPLICAÇÕES POLÍTICAS 
As incertezas quanto aos impactos do progresso técnico sobre a sociedade não é algo exclusivo 
de nosso tempo. Mokyr, Vickers e Ziebarth (2015) denominam tal questão de “ansiedade 
tecnológica”, e apresentam três vertentes para tal questão: a primeira diz respeito a substituição 
generalizada de mão de obra por máquinas; a segunda trata das implicações sobre o bem-estar 
humano frente a tais transformações; já a terceira se opõe as anteriores argumentar a 
desaceleração do progresso tecnológico – a lá Robert Gordon (2012). 
Se por um lado, as novas tecnologias ameaçam as formas estabelecidas de se fazer as 
coisas, por outro, elas oferecem novas oportunidades de crescimento econômico e mudança 
social. Historicamente a tecnologia provou ser um formidável motor de crescimento e permitiu 
melhorias muito significativas nas condições de vida. Ademais avanços tecnológicos 
resultaram em efeitos líquidos positivos sobre o emprego. 
Contudo, o preço do progresso variou muito ao longo da história. Muitas vezes 
esquecemos que durante a extraordinária tendência de crescimento que começou na Inglaterra 
do século XVIII, milhões de pessoas estavam se adaptando a mudança. Assim como a 
tecnologia progrediu nos primeiros dias da industrialização, os padrões de vida de muitos 
regrediram. Palavras como "fábrica", "ferrovia”, “máquina a vapor” e “indústria” surgiram pela 
primeira vez. Mas também “classe trabalhadora”, “comunismo”, “greve”, “ludita” e 
“pauperismo” (HOBSBAWM, 19628). 
As tecnologias estão se difundindo muito mais rápido agora do que no passado. 
Demorou em média doze décadas para o fuso para difundir fora da Europa, em contraste, a 
Internet se espalhou por todo o globo em apenas sete anos (CITI GPS, 2015). Ademais a 
questão atual é que automação está acontecendo em um período de crescimento econômico 
desigual, aumentando os temores de desemprego tecnológico em massa e um apelo renovado 
por políticas e esforços para lidar com as consequências da mudança tecnológica, o que poderia 
levar ao surgimento da chamada “classe inútil”, a lá Harari9, de indivíduos que não são capazes 
de trabalhar porque suas profissões tornaram-se obsoletas (GENTILI et al., 2020). 
 
8 HOBSBAWM, Eric (1962) The Age of Revolution: Europe 1789–1848. Citado em FREY, 2019. 
9 HARARI, Yuval (2015) Sapiens: uma breve história da humanidade. 
29 
Na visão de Dosi e Virgillito (2019) uma abordagem reducionista sobre a temática se 
vale do repertório econômico mainstream, através de modelos de equilíbrio, onde no longo 
prazo, o sistema se auto ajustará, com todo o desemprego sendo friccional ou voluntário, 
aumentando os salários para aqueles que realizam tarefas complementares às tecnologias, e 
redução de salários para aqueles que realizam tarefas substituíveis. Os últimos são de certa 
forma responsáveis por não estarem adequados ao que o mercado está lhes pedindo, então eles 
devem ser capazes de se atualizarem de alguma forma. 
Contudo o sistema econômico é algo mais complexo e heterogêneo, além do fato de ser 
dinâmico e não estático. O desequilíbrio constante é a tônica do sistema capitalista. Neste 
sentido os comentaristas sugerem uma abordagem que englobe outros fatores, como as 
tendências já estabelecidas, os possíveis impactos das novas tecnologias e todo o arcabouço 
institucional daquela sociedade, que vai de regulamentações, estabilidade jurídica e atuação do 
Estado. 
Dosi e Virgillito (2019) comentam ainda que os impactos das mudanças tecnológicas 
têm de ser avaliados muito além das taxas de crescimento da renda nacional. Sobre esta questão 
“(...) bem-estar e condições de trabalho, igualdade em oportunidades, mobilidade social e 
qualidade de vida são, pelo menos, senão mais, igualmente importantes.” 
Mas a incerteza sobre o que esperar desta revolução permanece, e os observadores 
regularmente são vítimas de ataques de otimismo ou pessimismo sobre ofuturo do trabalho. 
Dosi e Virgillito (2019), parafraseando Christopher Freeman, argumentam que “As novas 
tecnologias podem anunciar uma economia de esperança, com trabalho para todos e com 
inclusão e igualdade social, ou inversamente, desemprego, desigualdade em massa e exclusão 
social”. 
A deterioração da classe média, derivada dentre outros fatores da polarização do 
trabalho, se mostra como um dos principais desafios sociais das próximas décadas. Destacamos 
três consequências: (1) o aumento da desigualdade, per se; (2) os riscos inerentes ao equilíbrio 
macroeconômico; e (3) a polarização política. O aumento da desigualdade no mundo é 
indiscutível e pode ser parcialmente explicado por mudança tecnológica enviesada por 
habilidade. A mudança tecnológica tendenciosa significa que novas tecnologias aumentam a 
demanda por trabalhadores com habilidades mais sofisticadas, em relação àqueles sem essas 
habilidades. 
30 
Nos EUA, o prêmio da faculdade começou a aumentar no final dos anos 1970. Entre 
1980 e 2005, cerca de dois terços do aumento na dispersão dos lucros pode ser explicado pelo 
prêmio concedido à educação. Habilidades cognitivas, especialmente, são hoje recompensadas 
nos mercados de trabalho de todas as 22 economias da OCDE, embora haja dispersão 
(AUTOR, 2014). 
Ao mesmo tempo, a proliferação de tecnologias digitais reduziu a demanda para 
trabalhadores em uma ampla gama de tarefas de manufatura e de escritório. O resultado: o 
declínio secular no emprego em empregos tradicionais de renda média, acompanhado por uma 
mudança estrutural no mercado de trabalho, com realocação de trabalhadores para empregos 
de baixa renda que são menos suscetíveis à automação, agravando ainda mais a desigualdade 
de renda (GOOS, MANNING e SALOMONS, 2014; AUTOR e DORN, 2013; GOOS, 
MANNING e SALOMONS, 2009). 
Assim, a desigualdade entre os qualificados e os não qualificados tende a subir, a menos 
que o sistema educacional produza trabalhadores qualificados em um ritmo maior do que a 
tecnologia aumenta a demanda por eles. Deste modo uma ampla coordenação política se faz 
necessário, não apenas voltada para educação, mas para focos educacionais específicos, os 
quais devem ser capazes de suprir a demanda tecnológica. 
As tecnologias digitais facilitam a substituição do capital pelo trabalho. Embora essa 
substituição ajude a produtividade, ela não aumenta os salários. Em vez disso apenas aumenta 
a participação do capital na receita, levando a uma maior concentração de fortuna. Como 
resultado, enquanto a desigualdade de renda está aumentando, a concentração de riqueza 
também é impressionante (PIKETTY, 2014; PIKETTY e ZUKERMAN, 2014). 
Como reflexo do aumento do capital na participação da renda, beneficiando aqueles 
com menor propensão a consumir, e com tecnologias passíveis de substituir mão de obra pouco 
qualificada, a desigualdade de renda já crescente provavelmente é exacerbada. O resultado: 
redução de gastos na economia e uma demanda agregada permanentemente menor. Neste 
sentido alguns comentaristas argumentam que a crescente desigualdade pode levar a um 
período de estagnação secular (CITI GPS, 2015). Deste modo, políticas redistributivas devem 
ter suas discussões ampliadas nos próximos anos. 
Neste sentido, é importante ressaltar que nos EUA, o esvaziamento de empregos de 
renda média e o aumento da desigualdade de renda foi acompanhado por aumentos 
31 
consideráveis em endividamento, o que ajudou a sustentar os níveis de consumo. Pesquisadores 
do Citi GPS (2015) sugerem que o aumento da dívida das famílias norte-americanas que 
culminou na crise financeira de 2007 foi sem dúvida mais cara do que políticas de 
redistribuição para reduzir o problema subjacente: a desigualdade de renda. Do ponto de vista 
macroeconômico, políticas de redução da desigualdade e de crédito ex-ante seriam, portanto, 
preferíveis a resgates ex-post ou reestruturações da dívida. Embora o recente aumento da 
desigualdade possa não ter sido a única causa da crise financeira, é um risco para a estabilidade 
macroeconômica (CITI GPS, 2015). 
Outra preocupação é que a desigualdade econômica muitas vezes resulta em 
desigualdade política. Como argumentam Acemoglu e Robinson (2012), a influência que 
aqueles com grande riqueza exercem sobre políticos e legisladores é uma maneira infalível de 
deteriorar instituições inclusivas. 
Comunidades que têm visto empregos na manufatura desaparecerem, devido à 
automação ou globalização, também observam serviços públicos deteriorar, maiores aumentos 
nos crimes contra a propriedade e crimes violentos e piores resultados de saúde. Tais 
comunidades viram as taxas de mortalidade aumentarem devido a suicídio e relacionadas ao 
álcool (doença hepática). As taxas de mobilidade social são significativamente menores em 
lugares onde os empregos de classe média evaporaram (FREY, 2019, cap. 10). 
Alguns observadores acreditam que os ganhos de produtividade foram 
desproporcionalmente alocados a trabalhadores altamente qualificados. E onde os empregos 
desapareceram, pessoas tornaram-se mais propensos a votar em candidatos populistas. Frey 
(2019) aponta que alguns estudos têm mostrado que tanto nos EUA e na Europa, o apelo do 
populismo foi maior onde empregos tornaram-se mais expostos à automação10. Além disso, o 
crescimento do comércio com as economias em desenvolvimento pode ter exacerbado a 
desigualdade de rendimentos ao diminuir os salários da mão-de-obra pouco qualificada nas 
economias desenvolvidas. Como resultado, os movimentos populistas vêm ganhando força nos 
últimos anos, aumentando o temor de um período de desglobalização. 
 
10 Por exemplo: C. B. Frey, T. Berger, and C. Chen, 2018, “Political Machinery: Did Robots Swing the 2016 U.S. 
Presidential Election?,” Oxford Review of Economic Policy 34 (3): 418–42.; M. Anelli, I. Colantone, and P. 
Stanig, 2018, “We Were the Robots: Automation in Manufacturing and Voting Behavior in Western Europe” 
(working paper, Bocconi University, Milan, Italy). 
 
32 
Dosi e Virgillito (2019) discutem o impacto das transformações tecnológicas sobre a 
dinâmica atual do “tecido socioeconômico”, especialmente no que diz respeito ao emprego, 
distribuição de renda, condições e relações de trabalho. O argumento dos autores caminha na 
direção de que o momento atual, no que tange a democracia, nos coloca em posição de escolha, 
segundo nossa interpretação, do futuro pacto social. Neste sentido destacamos como 
oportunidade o desenvolvimento de um novo pacto social, onde o dividendo tecnológico é 
distribuído de forma equânime, a lá Keynes11. 
 
11 KEYNES, John (1931) Economic Possibilities for our Grandchildren. 
33 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
As incertezas quanto aos impactos do progresso técnico sobre a sociedade não é algo exclusivo 
de nosso tempo. Historicamente, avanços tecnológicos resultaram em efeitos líquidos positivos 
sobre o emprego. Por exemplo, a literatura não encontrou evidências de que o desemprego 
tecnológico ocorreu em grande escala durante a primeira revolução industrial, quando a 
mecanização substituiu algumas atividades humanas (MOKYR, 1997). Da mesma forma, a 
literatura, ao discutir o final do século XIX e início do século XX, descobriu uma relação 
positiva entre choques tecnológicos e o emprego agregado a curto e médio prazo mesmo na 
presença dos atritos presentes ao longo do processo de ajustamento (ALEXOPOULOS e 
COHEN, 2016). Durante as três décadas pós-guerra, produtividade, empregos e salários 
aumentaram, gerando efeitos positivos no bem-estar e na distribuição de riqueza (PIKETTY e 
ZUCMAN, 2014). Paralelo ao aumento dos postos de trabalho foi observado a mudança do 
padrão ocupacional, com ampliação de trabalhos cognitivos em detrimento de ocupações 
manuais (WYATT e HECKER, 2006). 
A maioria dos economistas reconhece que o progresso tecnológico pode causar alguns 
problemas de ajuste a curtoprazo. O que raramente é notado é que o curto prazo pode durar 
toda a vida. E, finalmente, a longo prazo depende das escolhas políticas feitas a curto prazo. 
Ao compreender os desafios associados, os riscos podem ser mitigados e, aproveitando as 
oportunidades, os benefícios da digitalização podem ser maximizados. 
Existem padrões amplos com os quais podemos aprender. Frey (2019) argumenta que 
quando o progresso tecnológico é substituição do trabalho, a história nos diz, hostilidade e 
convulsão social é mais provável que siga. Quando o progresso é do tipo habilitador, em 
contraste, e os ganhos do crescimento são mais amplamente compartilhados, tende a ser maior 
aceitação de novas tecnologias. 
Em uma visão otimista, é possível que estejamos à beira de uma série de avanços 
tecnológicos que criarão uma abundância de novos empregos para pessoas de classe média. No 
entanto, a evidência empírica das últimas décadas aponta na direção oposta, e há boas razões 
para pensar que as tendências atuais continuarão pelo menos por algum tempo, a menos que 
políticas sejam implementadas para neutralizá-las. 
Deste modo o desafio mais sério, sugerimos, não reside na tecnologia em si, mas na 
área da economia política. No século XX, os governos assumiram uma responsabilidade mais 
34 
ampla para aliviar alguns dos custos de ajuste impostos à classe trabalhadora. O movimento 
trabalhista, incluindo seu ramo político, de fato aceitou a tecnologia como o motor do 
crescimento, mas insistiu em criar um sistema de bem-estar para fornecer garantia confiável a 
todos os membros da sociedade de que sua renda pessoal não cairia abaixo de um certo nível, 
tornando as perdas pessoais mais restritas. E a riqueza recém gerada pela industrialização 
permitiu mais gastos, tornando mais fácil para a sociedade compensar os menos favorecidos. 
Nesse sentido, políticas que visam aumentar a apropriação pelos trabalhadores dos 
ganhos da tecnologia, em termos de maior remuneração salarial, redução da jornada de trabalho 
e maior autonomia na organização de suas atividades laborais, são urgentes e necessárias. 
Adicionalmente, políticas redistributivas aumentando a progressividade tributária e 
direcionadas para a erosão da renda precisam ser discutidas. Finalmente, políticas industriais 
que fomentem o desenvolvimento de setores de atividades capazes de absorver mão de obra, e 
ao mesmo tempo proporcionar bons empregos e maiores rendimentos, podem representar um 
caminho alternativo à tendência atual de polarização do trabalho. 
35 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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