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Série Segurança do Trabalho comunicação oral e escrita Série Segurança do Trabalho COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Robson Braga de Andrade Presidente SENAI – Departamento Nacional Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor-Geral Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações Série Segurança do Trabalho COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Sede Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317- 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br © 2012. SENAI – Departamento Nacional © 2012. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ- nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito, do SENAI. Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância. SENAI Departamento Nacional Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP SENAI Departamento Regional de Santa Catarina Núcleo de Educação – NED FICHA CATALOGRÁFICA S491c Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional. Comunicação oral e escrita / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina. Brasília : SENAI/DN, 2012. 162 p. : il. ; (Série Segurança do Trabalho). ISBN 978-85-7519-483-6 1. Língua portuguesa – Estudo e ensino. 2. Relatórios - Redação. 3. Fala em público. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina II. Título III. Série. CDU: 811.134.3 lista de ilustrações Figura 1 - Escrita egípcia ................................................................................................................................................18 Figura 2 - Linguagem culta e linguagem coloquial ............................................................................................21 Figura 3 - Países que falam a língua portuguesa ..................................................................................................21 Figura 4 - Processo de comunicação humana .......................................................................................................26 Figura 5 - Coesão textual ...............................................................................................................................................37 Figura 6 - Etapas do parágrafo ....................................................................................................................................49 Figura 7 - Dados descritivos .........................................................................................................................................58 Figura 8 - Características dos textos argumentativos .........................................................................................65 Figura 9 - Tipos de argumento ....................................................................................................................................66 Figura 10 - Perguntas para elaboração de relatório ............................................................................................76 Figura 11 - Navegador Web Google Chrome. ........................................................................................................91 Figura 12 - Salvando uma imagem da internet .....................................................................................................92 Figura 13 - Pesquisa utilizando o Google ................................................................................................................93 Figura 14 - Barras e menus do Word ...................................................................................................................... 100 Figura 15 - Ferramentas de tabela .......................................................................................................................... 101 Figura 16 - Guia dinâmica design ...........................................................................................................................102 Figura 17 - Guia layout (tabela) ................................................................................................................................ 102 Figura 18 - Guia formatar ........................................................................................................................................... 103 Figura 19 - Guia cabeçalho e rodapé ..................................................................................................................... 103 Figura 20 - Adicionar legenda .................................................................................................................................. 105 Figura 21 - Índice de ilustrações .............................................................................................................................. 106 Figura 22 - Exemplo de formatação de parágrafo ............................................................................................. 107 Figura 23 - Barra de status com a opção seção ativa ....................................................................................... 108 Figura 24 - Grupo fonte ............................................................................................................................................... 109 Figura 25 - Grupo páginas ......................................................................................................................................... 110 Figura 26 - Grupo estilos ............................................................................................................................................ 111 Figura 27 - Modificar estilo. ....................................................................................................................................... 111 Figura 28 - Zoom da janela ....................................................................................................................................... 113 Figura 29 - Botão Office, opção imprimir .............................................................................................................. 113 Figura 30 - Tela principal do MS Power Point ......................................................................................................128 Figura 31 - Definindo layout da apresentação .................................................................................................. 129 Figura 32 - Escolhendo um Design apropriado ................................................................................................. 129 Figura 33 - Salvando um Design apropriado ...................................................................................................... 129 Figura 34 - Inserindo caixas de texto na apresentação .................................................................................. 130 Figura 35 - Inserindo imagens na apresentação ................................................................................................ 131 Figura 36 - Alterando propriedades de uma imagem ..................................................................................... 131 Figura 37 - Inserir som como elemento de apresentação .............................................................................. 132 Figura 38 - Definindo sequência e configuração dos itens............................................................................ 132 Figura 39 - Configurando propriedades do som na apresentação ............................................................. 133 Figura 40 - Trabalhando com filmes na apresentação ..................................................................................... 133 Figura 41 - Alterando plano de fundo .................................................................................................................. 134 Figura 42 - Alterando estilo de plano de fundo ................................................................................................ 134 Figura 43 - Configurando transição de slides ..................................................................................................... 136 Figura 44 - Escolhendo opções de animação de slides ...................................................................................136 Figura 45 - Ampliando opções de animação de slides ....................................................................................136 Figura 46 - Personalizando uma animação .......................................................................................................... 138 Figura 47 - Opções de animação ............................................................................................................................. 139 Figura 48 - Inserindo sons nas animações ........................................................................................................... 140 Figura 49 - Exemplo de efeitos de animação ..................................................................................................... 140 Figura 50 - Mapa Conceitual ....................................................................................................................................... 159 Quadro 1 - Matriz curricular ..........................................................................................................................................14 Quadro 2 - Vocábulos aportuguesados .....................................................................................................................22 Quadro 3 - Neologismos .................................................................................................................................................22 Quadro 4 - Neologismos da informática ...................................................................................................................23 Quadro 5 - Libras, código morse, alfabeto latino e alfabeto árabe .................................................................29 Quadro 6 - Características de um texto .....................................................................................................................36 Quadro 7 - Recursos linguísticos para um texto ....................................................................................................37 Quadro 8 - Características dos textos.........................................................................................................................48 Sumário 1 Introdução ........................................................................................................................................................................13 2 Comunicação...................................................................................................................................................................17 2.1 Níveis de fala .................................................................................................................................................18 2.1.1 Estrangeirismos .........................................................................................................................22 2.1.2 Neologismos ...............................................................................................................................22 2.1.3 Gírias ..............................................................................................................................................23 2.1.4 Regionalismo ..............................................................................................................................24 2.2 Processo .........................................................................................................................................................26 3 Técnica de Intelecção de Texto .................................................................................................................................33 3.1 Análise textual ..............................................................................................................................................34 3.1.1 Coerência textual .....................................................................................................................35 3.2 Análise temática .........................................................................................................................................38 3.3 Análise interpretativa ................................................................................................................................41 4 Parágrafo ...........................................................................................................................................................................45 4.1 Estrutura interna e tipos de parágrafos ...............................................................................................46 4.2 Unidade interna ...........................................................................................................................................49 5 Descrição ..........................................................................................................................................................................53 5.1 Conceituação ................................................................................................................................................54 5.2 Descrição de objeto, processo e ambiente .......................................................................................59 6 Dissertação .......................................................................................................................................................................63 6.1 Estrutura .........................................................................................................................................................64 6.2 Argumentação ..............................................................................................................................................66 7 Relatório Técnico ............................................................................................................................................................73 7.1 Estrutura .........................................................................................................................................................74 7.2 Tipos de relatórios .......................................................................................................................................78 7.2.1 Relatório de pesquisas científicas .......................................................................................78 7.2.2 Relatório de atividades escolares ........................................................................................79 7.2.3 Relatório comercial ...................................................................................................................79 7.2.4 Relatório administrativo .........................................................................................................81 7.2.5 Relatório de prestação de contas ........................................................................................81 8 Internet ..............................................................................................................................................................................858.1 Pesquisa ..........................................................................................................................................................86 8.2 Comunicação ................................................................................................................................................89 9 Editor de Textos ..............................................................................................................................................................99 9.1 Digitação de textos .................................................................................................................................. 100 9.2 Inserções ...................................................................................................................................................... 103 9.3 Parágrafos ................................................................................................................................................... 106 9.4 Formatação ................................................................................................................................................. 109 9.5 Impressão de arquivo ............................................................................................................................. 113 10 Técnicas de Apresentação ..................................................................................................................................... 117 10.1 Estruturação ............................................................................................................................................. 118 10.2 Ferramentas de multimídia ................................................................................................................ 120 10.3 Gerenciamento de tempo .................................................................................................................. 121 11 Slides .............................................................................................................................................................................. 127 11.1 Regras de estruturação ........................................................................................................................ 128 11.2 Inserção de figuras e arquivos ........................................................................................................... 130 11.3 Formatação .............................................................................................................................................. 135 11.3.1 Movimento de entrada ...................................................................................................... 137 11.3.2 Movimento de saída ........................................................................................................... 138 11.3.3 Movimento de ênfase ........................................................................................................ 139 11.3.4 Trajetórias de animação .................................................................................................... 139 11.3.5 Inserindo sons nas animações ........................................................................................ 140 12 Oratória ........................................................................................................................................................................ 143 12.1 Falar em público ..................................................................................................................................... 144 12.2 A apresentação ....................................................................................................................................... 146 Referências ........................................................................................................................................................................ 153 Minicurrículo dos Autores ........................................................................................................................................... 155 Índice .................................................................................................................................................................................. 157 Anexo .................................................................................................................................................................................. 159 1 introdução Este livro didático, tem como objetivo proporcionar a aquisição dos fundamentos técnicos e científicos com vistas ao desenvolvimento da comunicação oral e escrita e o desenvolvimen- to das capacidades sociais, organizativas e metodológicas adequadas a diferentes situações profissionais. Escrever de forma correta exige dedicação, principalmente, para quem não está acostu- mando a fazê-lo diariamente. Você precisa aprender e saber aplicar as principais regras da nos- sa língua, para comunicar-se de forma eficiente e eficaz tanto no mercado corporativo quanto no seu cotidiano. Aquele que deseja construir uma carreira sólida e de sucesso precisa se comunicar adequa- damente, utilizando a escrita e a fala. É sabido que tem mais chances de crescer, aquele que sabe se comunicar. Desenvolva essa capacidade e aproveite as oportunidades de aprendiza- gem aqui disponibilizadas. A seguir são descritos, na matriz curricular, os módulos e as unidades curriculares previstos e suas respectivas cargas horárias. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa14 Técnico Segurança do Trabalho MóDULOS DENOMINAÇÃO UNIDADES CURRICULARES CARGA hORáRIA CARGA hORáRIA DO MóDULO Básico Básico • Comunicação Oral e Escrita 60h 300h • Fundamentos de Saúde e Segurança do Trabalho 120h • Cálculos aplicados em Saúde e Segurança do Trabalho 60h • Gestão de pessoas 60h Específico I Realização de ações de saúde e segurança do trabalho • Ações Educativas em Saúde e Segurança do Trabalho • Saúde e Segurança do Trabalho 90h 360h 450h Específico II Coordenação de ações de saúde e segurança do trabalho • Coordenação de Ações em Saúde e Segurança do Trabalho 150h 150h Específico III Planejamento de ações de saúde e segurança do trabalho • Planejamento de Ações em Saúde e Segurança do Trabalho 300h 300h Quadro 1 - Matriz curricular Fonte: SENAI DN Agora você é convidado a trilhar os caminhos do conhecimento. Faça deste processo um momento de construção de novos saberes, onde teoria e prática devem estar alinhadas para o seu desenvolvimento profissional. Bons estudos! 1 inTroduçÃo 15 Anotações: 2 Comunicação O ser humano se diferenciou das demais espécies porque desenvolveu a capacidade de ex- pressar suas ideias. Para expressá-las, criou a linguagem e por meio dela transmite o que pensa, deseja fazer ou modificar. O grande desafio do ser humano é ser efetivo em sua comunicação. Ao final deste capítulo, você terá subsídios para: a) conhecer o processo de comunicação humana e os aspectos que interferem ou impactam na língua; b) comunicar-se oralmente em diversos níveis hierárquicos. Esta primeira etapa de estudo permitirá a você, explorar o processo da comunicação para melhorar as relações profissionais e pessoais. As oportunidades de aprendizagem serão muitas. Faça deste processo uma construção sig- nificativa e prazerosa. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa18 2.1 nÍVeiS de Fala No início da história da evolução do homem não havia muita diferença entre as espécies que habitavam o planeta terra, porém o ser humano desenvolveu a capacidade de expressar suas ideias, fruto da análise e reflexão sobre as coisas. Então, o que diferenciou o homem das demais espécies foi a comunicação? Isso mesmo! Para que a comunicação ocorresse, fez-se necessário desenvolver a linguagem oral e escrita. Os primeiros sinais de comunicação feitos pelos homens pré-históricos são as pinturas rupestres,que podem ser encontradas ainda hoje nas paredes das ca- vernas. VOCÊ SABIA? Pinturas rupestres são desenhos nas paredes das ca- vernas, representando cenas do cotidiano dos homens pré-históricos. As pinturas eram feitas com sangue de animais, carvão, rochas e até com extrato de plantas. Essas pinturas tinham o objetivo de reforçar as histórias contadas oralmente pelos homens pré-históricos. Após essa fase, o ser humano passou a combinar elementos a fim de comunicar suas ideias. iS to ck ph ot o (2 0- -? ) Figura 1 - Escrita egípcia O homem desenvolveu um sistema de sinais que representavam sons e que construíram as palavras, nomeando os seres e tudo o que nos cerca. Dessa forma, pode-se dizer que o homem criou a linguagem e, por meio dela, passou a sua cultura para as gerações posteriores. 1 PARTITuRA É uma representação escrita de música padronizada mundialmente. 2 SIGNIFICANTE Parte material ou objeto 3 SIGNIFICADO Ideia que desejamos representar 2 CoMuniCaçÃo 19 Segundo Ferreira (1986, p. 508) cultura é “complexo dos padrões de compor- tamento, das crenças, das instituições e doutros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade.” A comunicação humana tem o objetivo de transferir algum tipo de conheci- mento para outrem. A transmissão do conhecimento ocorre porque o homem tem a capacidade de criar formas de linguagem. É a linguagem falada e escrita que possibilita a comu- nicação, portanto, “[...] o homem é um ser que se criou ao criar uma linguagem” (PAZ, 1982, p. 42). A comunicação humana pode ser realizada de inúmeras formas. Não se dá apenas por meio das palavras, mas também pelos símbolos. Um exemplo é a par- titura1, que assim como qualquer outro sistema de escrita, possui seu próprio con- junto de símbolos, que estão associados a sons. Desta forma, um conjunto de notas musicais transmite a informação para um músico e este pode executá-la com presteza, apenas lendo tais símbolos. St oc kb yt e (2 0- -? ) Para comunicar uma ideia, o homem usa a língua, que é um sistema de signos “[...] é o elemento utilizado para representar o objeto. É composto de duas partes: o significante2 e o significado3 ” (GRIFFI, 1991, p. 9). A língua é “[...] o conjunto de palavras e expressões usadas por um povo” (FER- REIRA, 1986, p.1034) ou “[...] é um conjunto de signos e de regras de combinação desses signos, que constituem a linguagem oral ou escrita de uma coletividade” (MAIA, 2005, p. 22). CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa20 A língua é dinâmica e está sempre se modificando, pois algumas palavras são inseridas, outras caem em desuso, ou ainda podem sofrer modificações estrutu- rais devido à unificação do idioma. A escrita tem a função de relatar fatos históricos e manifestações culturais ao longo da história. Ao relatar, o homem cria e produz a cultura. Portanto, a lingua- gem é a base da cultura. Cr ea ta s (2 0- -? ) VOCÊ SABIA? Manifestações culturais são as formas encontradas pelo homem para expressar o que ele pensa, deseja fazer ou modificar. Ex.: pinturas, esculturas, música, teatro, dan- ça, literatura etc. A língua portuguesa tem sua origem no latim, que era a língua falada no esta- do Lácio, região onde, atualmente, fica a cidade de Roma na Itália. Em função da expansão do Império Romano, o latim se espalhou por grande parte da Europa, dando origem ao português, espanhol, catalão, francês, italiano e ao romeno. Naquela época, havia dois níveis de expressão do latim: a) latim clássico4; b) latim vulgar5. Atualmente, existem duas formas de expressão: linguagem culta e a lingua- gem coloquial. Conheça as particularidades de cada expressão. 4 LATIM CLáSSICO Que era falado pela elite dominante e escritores; 5 LATIM VULGAR Que era usado pelo povo. 2 CoMuniCaçÃo 21 Lu iz M en eg he l ( 20 11 ) Figura 2 - Linguagem culta e linguagem coloquial Outras culturas também exercem influência sobre a nossa e podem ser perce- bidas tanto no vestuário, quanto na culinária, na música, no comportamento e na própria língua. Você já percebeu como a música sertaneja brasileira sofre influência da música country americana? O Brasil não é o único país que fala a língua portuguesa. Segundo o site Mun- do Educação, a língua portuguesa é a quinta mais falada e a terceira do mundo ocidental, superada apenas pelo inglês e o castelhano. Atualmente, aproximada- mente 250 milhões de pessoas no mundo falam português, o Brasil responde por cerca de 80% desse total. Cr is pa ss in at o (2 0- -? ) Figura 3 - Países que falam a língua portuguesa Fonte: Map of Lusophone World (2006) CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa22 A língua sofre influência de outras línguas, de grupos sociais, de regionalismos e na criação de novas palavras (neologismos). O assunto não para por aqui. Vamos em frente? Aproveite todos os caminhos que levam ao conhecimento. 2.1.1 ESTRANGEIRISMOS Existem palavras que foram incorporadas à língua portuguesa sem modificar a forma original ou a pronúncia da palavra e outros vocábulos foram aportugue- sados. DO FRANCêS omelete, vitrine, toalete. DO AFRICANO acarajé, jiboia, pajé. DO INGLêS recorde, hambúrguer, uísque. DO ESPANhOL pepita, cavalheiro. DO áRAbE álgebra, arroz, alecrim. DO jAPONêS quimono, samurai, gueixa. DO ITALIANO lasanha, piano, maestro. DO RUSSO czar, vodca. Quadro 2 - Vocábulos aportuguesados 2.1.2 NEOLOGISMOS Os neologismos são usados quando aquele que emite a mensagem não en- contra uma palavra com significado similar na língua ou quando esse usa uma palavra com sentido novo, diferente do original, e após algum tempo, é incorpo- rado ao dicionário. LARANjA fruta cítrica ou falso proprietário. GATO animal felino ou ligação clandestina. Quadro 3 - Neologismos 2 CoMuniCaçÃo 23 Já a informática está repleta de exemplos de novas palavras, que estão inseri- das na nossa língua. DELETAR eliminar, apagar. LINCAR acessar documento de hipertexto por meio de link. LOGAR fornecer nome do usuário e senha, permitindo acesso ao computa- dor. Quadro 4 - Neologismos da informática 2.1.3 GÍRIAS As gírias nascem em um determinado grupo social e passam a fazer parte da linguagem, revelando, inclusive, a idade do falante. Você deve conhecer muitas, não é mesmo? Anos 50 H em er a Te ch no lo gi es (2 0- -? ) CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa24 Atualmente Ci ar an G riffi n (2 0- -? ) 2.1.4 REGIONALISMO A influência de várias culturas deixou, no Brasil, muitas marcas que acentua- ram a riqueza do vocabulário. O regionalismo linguístico também apresenta dife- renças no sotaque e na pronúncia das palavras, sem necessariamente, constituir- -se num erro. Um objeto pode receber um nome numa região e, em outra, um completamente diferente. Para compreender melhor o assunto, veja os exemplos. Ah, qual deles é mais usado na sua região? Ph ot od is c (2 0- -? ) 2 CoMuniCaçÃo 25 a) Pipa b) Papagaio c) Pandorga H em er a (2 0- -? ) a) Semáforo b) Farol c) Sinaleira H em er a (2 0- -? ) a) Mandioca b) Aipim c) Macaxeira CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa26 Você pôde perceber que a comunicação se dá por diversas formas de lingua- gem. A cultura de um povo é um fator que contribui muito para as transforma- ções da língua. Agora, prepare-se para um novo percurso de aprendizagem. 2.2 ProCeSSo Na etapa anterior, você viu que a comunicação humana foi o que diferenciou o homem das demais espécies. Em função da capacidade de analisar e expressar os pensamentos de forma oral ou escrita, o homem conseguiu, ao longo da história, repassar às outras pessoas aquilo que aprendeu e viveu. A comunicação é fundamental para o ser humano e confunde-se com a própria vida. Ao ler um texto, assistir TV, conversar com alguém ou interpretar os sinais de trânsito, realizam-se atos comunicativos. Em cada um desses atos, encontram-se os elementos: emissor, receptor, mensagem, canal, código e contexto. O ffice (2 0- -? ) Figura 4 - Processo de comunicação humana Vamos conhecer cada um desses elementos? a) Emissor: emite a mensagem. b) Receptor: recebe a mensagem. c) Mensagem: conteúdo transmitido. 2 CoMuniCaçÃo 27 d) Canal: meio usado para transmitir a mensagem. e) Código: conjunto de signos usados para elaborar a mensagem. f) Contexto: objeto, fato/situação, imagem, juízo ou raciocínio a que a mensa- gem se refere. O emissor é quem elabora e transmite uma mensagem e, por isso, deve procu- rar ser claro e objetivo. FIQUE ALERTA Toda a comunicação deve ter um objetivo claro: informar, provocar, encantar, cativar, educar ou persuadir. O receptor é quem ouve a mensagem. Para ser efetivo na comunicação é ne- cessário que o emissor conheça o receptor. Quanto mais informações o emissor tiver sobre o receptor, mais chances ele terá para alcançar seu objetivo. Se o emis- sor souber qual é a idade, qual é o nível de conhecimento sobre o assunto e a cultura do receptor é mais fácil escolher as palavras certas para transmitir a men- sagem e ser efetivo. A mensagem é a ideia, intenção ou informação que se pretende comunicar, e o maior desafio é transmiti-las com clareza. A mensagem pode usar diversos signos. Lembre-se que você estudou esse assunto anteriormente. O signo é composto por dois elementos inseparáveis: o significante que é a parte material ou o objeto e o significado que é a ideia que desejamos represen- tar, ou seja, a palavra mais o seu significado. Os signos podem ser verbais, não verbais, escritos, audiovisuais etc. Todas as línguas são compostas por um sistema de signos e um conjunto de regras que determinam como esses signos deverão ser utilizados. Provavelmente, quando criança, você e seus amigos criaram algum sistema de comunicação secreto para transmitir mensagens que deveriam ficar restritas a um pequeno grupo de pessoas, certo? Vocês criaram um código para se comunicar. As pessoas ao redor do planeta também criaram códigos para se comunicar. O código é a linguagem escolhida para transmitir uma determinada mensagem. Existem vários códigos que foram desenvolvidos para que as pessoas pudessem se entender. Conheça alguns deles. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa28 LIbRAS iS to ck ph ot o (2 0- -? ) CóDIGO MORSE A . G . R ei nh ol d (2 0- -? ) ALFAbETO LATINO Lu iz M en eg he l ( 20 11 ) 2 CoMuniCaçÃo 29 ALFAbETO áRAbE Lu iz M en eg he l ( 20 11 ) Quadro 5 - Libras, código morse, alfabeto latino e alfabeto árabe A mensagem precisa ser transmitida em um determinado formato para que possa ser interpretada pelo receptor. O emissor deve escolher um código conhe- cido pelo receptor, caso contrário, a comunicação não se dará. Outro aspecto im- portante no processo de comunicação humana é o canal utilizado para transmitir a mensagem. O canal é o instrumento utilizado para levar a mensagem do emis- sor ao receptor. SAIBA MAIS Conheça a história do cometa Halley. Você vai achar diverti- do e interessante, perceber como as comunicações entre os vários personagens sofrem alterações que comprometem a mensagem. Pesquise em site de busca pelas palavras-chave: cometa Hal- ley, comunicação, cellphones, educational, educação, come- ta, Halley, língua, portuguesa. Acompanhe a seguir, os principais canais de comunicação utilizados pelos se- res humanos: a) ar; b) telefone; c) rádio; d) televisão; e) Internet. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa30 FIQUE ALERTA É preciso compreender esse processo, porque ao saber qual é a mensagem, para quem ela se destina, que tipo de canal será usado, qual é o contexto em que a mensagem se dará e qual o código a ser usado, tem-se mais chances de ser efetivo na comunicação. Você percebeu que existem diversas formas de comunicação, facilitando assim o envio da mensagem. Todos os dias, todos os momentos, estamos nos comuni- cando por diversos canais. Muitas vezes, há erros na comunicação que nos levam a situações desagradáveis. Mas podemos evitar alguns problemas, conhecendo melhor como acontece o processo de comunicação. Confira a seguir um exemplo de falhas na comunicação, e perceba como estas falhas podem ocasionar diver- sos transtornos na vida pessoal, profissional e social de uma pessoa. CaSoS e relaToS Erro por defasagem no universo vivencial um dentista recém formado decidiu iniciar sua carreira numa cidade do interior do Amazonas, movido pelo idealismo de ajudar uma população carente. Ciente de suas responsabilidades, procurava dar orientações e exemplos práticos a fim de orientar seus pacientes sobre os cuidados que deveriam ser tomados para evitar hemorragia após a extração de den- tes. Assim, entre outros conselhos, invariavelmente citava: “nada de café quente na boca”. Qual não foi sua surpresa quando um de seus pacientes apareceu no dia seguinte à extração com a boca toda inchada. Ao lhe perguntar o que tinha acontecido, ele respondeu que não sabia, pois tinha feito direitinho tudo o que o doutor havia mandado: “tomei café quente e fui nadar”... Antes de se comunicar com pessoas de ambientes culturais diferentes do seu, procure se familiarizar com os usos costumes da localidade, a fim de evitar termos que podem ter conotações distintas. Fonte: Peres (2010) 2 CoMuniCaçÃo 31 Comunicar-se bem é também um desafio. Você será desafiado, constante- mente, para vivenciar ótimos momentos de aprendizagem que enriquecerá sua prática pessoal e profissional de comunicação. SAIBA MAIS Quer aprofundar os seus conhecimentos sobre os assuntos abordados? Leia: CENARO, Katia Flores; LAMÔNICA, Dionísia Aparecida Cusin; BEVILACQUA, Maria Cecília. O Processo de Comunicação. São José dos Campos, SP: Pulso, 2007. reCaPiTulando Neste capítulo, você descobriu que a comunicação foi o que diferenciou o homem das demais espécies, e para que ela ocorresse, fez-se necessário desenvolver a linguagem oral e a escrita. Os primeiros sinais de comu- nicação humana são desenhos encontrados nas paredes das cavernas feitos pelos homens pré-históricos. Para transferir algum tipo de conhe- cimento para outra pessoa, o homem desenvolveu um sistema de signos formando a língua, que é um conjunto de palavras usadas por um deter- minado povo. Você também conheceu a origem da língua portuguesa, que foi do latim, língua falada no estado Lácio, na Itália, e que é a quinta língua mais fala- da no mundo. Você identificou que existem duas formas de expressão: a linguagem culta e a coloquial. A língua é dinâmica e está sempre se mo- dificando porque sofre influência de outras culturas, línguas. Para que o processo de comunicação ocorra, alguns elementos são ne- cessários: emissor, receptor, mensagem, canal, código e o contexto. O grande desafio do ser humano é ser efetivo na transmissão de suas in- tenções. Na próxima etapa, você terá a oportunidade de conhecer as técnicas de intelecção de texto para ler, compreender e interpretar textos adequada- mente. 3 Técnica de intelecção de Texto Você já teve dificuldades para compreender um texto? A grande maioria dos estudantes sente essa dificuldade, mas para compreender um texto, você deve seguir algumas dicas preciosas. Um texto não é a soma ou sequência de frases isoladas, é uma mensagem construída que forma um todo significativo. Um bom texto deve ter coerência e coesão textual, sem ambigui- dades ou redundâncias. Além de compreender um texto, é necessário interpretá-lo, ou seja, for- mar uma ideia própria para posteriormente desenvolver o próprio texto. Descubra como você pode fazer isso com o estudo das seções desta unidade com as quais você terá subsídios para: a) ler, compreender e interpretar textos adequadamente; b) interpretar textos, inclusive técnicos. A partir de agora você está convidado a explorar todas as informações disponíveis sobre o assunto, fazendo do seu aprendizado um processo de construção do conhecimento. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa34 3.1 anÁliSe TeXTual O objetivo da análise textualé permitir ao leitor fazer um levantamento dos elementos do texto, que permitem a sua compreensão, para depois se fazer o julgamento crítico do mesmo. Existe alguma diferença entre compreender e interpretar um texto? Existe uma grande diferença entre compreender e interpretar um texto. Para compreender um texto, o leitor deve identificar qual é a regência verbal empre- gada - compreendendo, então, o significado exato das palavras - identificar as referências históricas, políticas, ou geográficas usadas pelo autor para situar o tex- to. Por outro lado, interpretar é concluir ou deduzir o que o autor do texto quis transmitir, julgando ou opinando sobre o seu conteúdo. A grande maioria das pessoas acredita que é muito difícil ler e interpretar um texto, pois cada um interpreta o que lê, segundo as suas crenças, valores e filtros. Porém, cabe destacar que isso não é bem verdade, porque o que está dito, está dito e não pode ser modificado. VOCÊ SABIA? Que numa prova de um concurso ou processo seletivo o que deve ser levado em consideração, na hora de fazer a intelecção de um texto, é o que o autor diz e nada mais! Ju pi te rim ag es (2 0- -? ) 1 COERêNCIA Refere-se à unidade do tema. 3 TéCniCa de inTeleCçÃo de TeXTo 35 Para que você interprete adequadamente um texto, siga algumas regras. a) Fazer uma leitura prévia, procurando ter uma visão geral do assunto. b) Identificar as palavras desconhecidas e descobrir seu significado no dicio- nário. c) Reler o texto várias vezes, procurando compreender o que o autor está ten- tando transmitir. d) Identificar aquilo que não está explícito no texto, as ironias, as sutilezas e eventuais malícias. e) Não criticar as ideias do autor. f) Ler cada parágrafo separadamente e identificar a ideia central. g) Quando o autor apresentar suas ideias, procure fundamentos lógicos. Então, você já tinha utilizado alguma dessas regras? É muito importante apli- cá-las no seu momento de leitura, certamente você terá muitos benefícios. 3.1.1 COERÊNCIA TEXTUAL O texto não é a soma ou sequência de frases isoladas, é uma mensagem cons- truída que forma um todo significativo. “A palavra texto origina-se do verbo tecer: trata-se de um particípio – o mesmo que tecido. Assim, um texto é um tecido de palavras.” (CAMPEDELLI e SOUZA, 1999, p. 13). Um texto claro e conciso contém palavras selecionadas e frases bem constru- ídas, sem ambiguidades, redundâncias, modismos e emprego excessivo da voz passiva. VOCÊ SABIA? A coerência é também resultante da adequação do que se diz ao contexto extraverbal, ou seja, àquilo o que o texto faz referência, que precisa ser conhecido pelo re- ceptor. A coerência1 textual ocorre quando há uma relação harmoniosa entre as ideias apresentadas no texto. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa36 Um texto coerente deve apresentar seu conteúdo de forma ordenada e lógi- ca, com início, meio e fim. Seus fatos também devem ser apresentados de forma coerente e sem contradições, e a linguagem deve ser adequada ao tipo de texto. É comum encontrar textos confusos e difíceis de serem entendidos. Isso ocor- re porque tanto a coerência quanto a coesão não estão sendo aplicadas. Observe a frase a seguir: Fazendo sucesso com seu novo restaurante que oferece pratos típicos, o Empresário josé da Silva, localizado na Rua dos An- dradas, 265. Quem está localizado? O empresário ou o restaurante? A clareza de um texto é resultado do uso adequado de palavras e a construção das ideias de maneira bem elaborada. “A maneira como são articuladas as ideias por meio das palavras e das frases é que determina se há uma unidade de sentido ou apenas um amontoado de frases desconexas.” (SARMENTO e TUFANO, 2004, p. 371). Segundo Cegalla (2000, p. 590) um bom texto deve ter: CORREÇÃO GRAMATICAL respeito às normas linguísticas. CONCISÃO dizer muito em poucas palavras. CLAREZA PRECISÃO empregar o termo adequado e de forma acertada. NATURALIDADE evitar empregar termos rebuscados e desconhecidos ao leitor. ORIGINALIDADE evitar a vulgaridade e a imitação. NObREZA evitar o uso de termos chulos. hARMONIA ser colorido e elegante (uso criterioso de figuras de linguagem). Quadro 6 - Características de um texto COESÃO TEXTUAL A coesão textual exige que sejam empregados vários elementos de forma ade- quada: 3 TéCniCa de inTeleCçÃo de TeXTo 37 Lu iz M en eg he l ( 20 11 ) Figura 5 - Coesão textual Há também vários fatores que podem contribuir para que um texto perca a sua coesão textual: a) regências incorretas; b) concordâncias incorretas; c) frases inacabadas; d) inadequação ou ambiguidade no emprego de pronomes. Para um texto ter unidade textual, faz-se necessário lançar mão de vários re- cursos linguísticos para unir orações e parágrafos. Os mais conhecidos são: CONjUNÇÃO e, nem, mas, também, porém, entretanto, ou, logo, portanto, pois, como, embora, desde que, se, conforme, de modo que etc. PREPOSIÇõES a, ante, após, até, com, em, entre, para, perante, segundo etc. PRONOMES eu, nós, me, mim, comigo, consigo, te, lhe etc. ADVéRbIOS sim, certamente, realmente, talvez, muito pouco, abaixo, além, não, agora, hoje, cedo, antes, ora, afinal etc. Quadro 7 - Recursos linguísticos para um texto CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa38 Além desses fatores, também deve-se evitar os períodos muito longos, voca- bulário rebuscado, pontuação inadequada, a ambiguidade e a redundância para que o texto tenha coesão2 e clareza textual. Se esses recursos forem mal empregados, o texto se tornará ambíguo e incoe- rente. Mas como um texto se torna ambíguo e incoerente? A ambiguidade é causada pelo uso inadequado da pontuação, com o emprego de palavras de duplo sentido e por problemas de construção das frases. A redun- dância é o emprego de palavras ou ideias de maneira repetida ou desnecessária. Lembre-se, você é capaz de construir e reconstruir o significado de um texto por meio da integração das novas informações com os conhecimentos prévios. Portanto, a compreensão textual depende também do conhecimento do mundo. Assunto que você estudará a seguir. 3.2 anÁliSe TeMÁTiCa A primeira leitura que o ser humano faz, é a leitura do mundo que o rodeia. Lu iz M en eg he l ( 20 11 ) O homem aprende a interpretar as diversas reações das pessoas, com as quais convive, e diferencia as receptivas das agressivas, por exemplo. Com o desenvol- vimento e aprimoramento, ao longo dos anos, o ser humano chega até a leitura de textos escritos. 2 COESãO É a conexão entre os elementos ou as partes do texto. 3 TéCniCa de inTeleCçÃo de TeXTo 39 A primeira leitura que se faz de qualquer texto é sensorial. O leitor, ao tomar em suas mãos uma publicação, trata-a como um objeto em si, observando-a, apalpando-a, avaliando seu aspecto físico e a sensação tátil que desperta. (INFANTE, 1998, p. 49). Se a leitura é algo sensorial e tátil, é preciso que o leitor esteja verdadeiramen- te interessado e busque prazer nessa atividade, assim o processo se torna mais fácil e produtivo. Muitas vezes a compreensão de um texto vai além do que está escrito, é preciso buscar, não só o que o autor disse, mas também a mensagem que se teve a intenção de passar. Um texto, dependendo da sua finalidade, apresenta um tipo de linguagem, que pode ser formal ou informal. O texto escrito, na maioria das vezes, segue regras mais rígidas, aplicadas es- pecificamente à escrita, enquanto a linguagem falada é mais flexível e se adapta livremente às diversas situações. Após a leitura de um texto, cabe ao leitor verificar se compreendeu a mensa- gem do autor. Por exemplo, você terminou de ler um texto importante e deve ser capaz de responder algumas questões como: a) Qual é o assunto tratado? O texto trata do quê? b) Que levou o autor a escrever esse texto? Que ele está procurando respon- der? c) Qual é o tipo de texto: jornalístico, acadêmico, técnico? d) Qual é a ideia central do texto? Qual é a tese apresentada? Qual é a resposta do autorà questão abordada no texto? e) Quais são as ideias secundárias ou argumentos que auxiliam a fundamentá- -las? Os argumentos são convincentes? Respondendo a esses questionamentos, você está fazendo uma análise te- mática, que permite elaborar esquemas coerentes e que refletem claramente as ideias do autor. Os esquemas facilitam a elaboração de resumos que sintetizam as ideias do autor. Para tornar mais claro todo esse assunto acompanhe um exemplo onde a co- municação foi mal interpretada gerando um grande problema. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa40 CaSoS e relaToS Má interpretação da comunicação A empresa Oliveira, líder no mercado de produtos de beleza, tem suas ven- das calçadas apenas em suas promotoras de vendas que fazem o atendi- mento aos clientes de porta em porta. Semanalmente, os pedidos são en- caminhados para o depósito central que está localizado na cidade de São Paulo. O seu sistema de distribuição de produtos precisa ser eficiente e ágil para que os produtos cheguem rapidamente nas mãos de suas promotoras de vendas para serem entregues aos clientes. Recentemente, a empresa implantou um sistema de controle de estoque informatizado e os resultados foram alarmantes. De acordo com os rela- tórios do primeiro trimestre, pelo menos 130 mil reais em mercadorias ha- viam desaparecido. Curiosamente há alguns dias atrás o gerente do depó- sito central, Pedro Paulo, encontrou no lixo vários produtos embrulhados como se ali tivessem sido colocados para serem retirados mais tarde. Pedro Paulo resolveu fazer uma carta para ser entregue a todos os funcio- nários do depósito central. A carta dizia: “O novo sistema de controle de estoque implantado em nossa empresa identi- ficou que sumiram 130 mil reais em mercadorias. A partir de hoje, pessoas não autorizadas não poderão entrar no depósito central e todos os funcionários não poderão mais levar embrulhos para fora do depósito ao final do expedien- te. De forma nenhuma os leais e fiéis empregados devem interpretar isso como insinuação de que são ladrões. Estamos tomando estas medidas para evitar que novos desaparecimentos aconteçam. Apreciamos a sua cooperação e agradecemos a sua ajuda no passado.” Essa comunicação mal feita provocou uma série de problemas porque os funcionários se sentiram ofendidos e muitos levaram a carta ao sindicato da categoria que entrou com um processo contra a empresa por injuria e difamação. Em vez de solucionar o problema, o clima no armazém central ficou insustentável. O gerente foi demitido e o problema não foi soluciona- do. Comunicações mal feitas podem ter resultados inusitados. Viu? Este fato nos permite uma boa reflexão para compreender o assunto estudado até o momento 3 TéCniCa de inTeleCçÃo de TeXTo 41 Lembre-se de que, por meio da análise temática, você poderá avaliar o grau de compreensão e apreensão do texto. Porém, você também precisa fazer sua própria interpretação. Quer saber como proceder? Confira o próximo assunto. 3.3 anÁliSe inTerPreTaTiVa Após a análise temática de um texto, faz-se necessário interpretá-lo, ou seja, é preciso formar uma ideia própria sobre o texto lido, ler nas entrelinhas, explorar toda riqueza dos argumentos expostos. VOCÊ SABIA? A análise interpretativa objetiva apresentar uma posição própria a respeito das ideias do texto. Th in k St oc k (2 0- -? ) Neste momento, o leitor deve refletir criticamente sobre as ideias apresenta- das no texto, posicionando-se frente a ele. Nessa fase, é importante identificar claramente o pensamento do autor e o comparar com as ideias de outros autores que escreveram sobre o mesmo tema. Para fazer isso, é importante situar o texto no contexto da vida e da obra do autor, bem como no contexto de outros textos. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa42 FIQUE ALERTA Um texto escrito em 1800 tem um contexto bem diferente de hoje e, por isso, não pode ser interpretado da mesma maneira, pois a cultura, os valores e a própria realidade eram outros. Também é necessário identificar as teorias, correntes, validade, originalidade, profundidade e amplitude do tema. Para fazer a análise interpretativa de um tex- to, o leitor deve ter lido outras obras sobre o mesmo tema em questão. Uma vez tendo realizado todas as etapas, você como leitor terá condições de produzir conhecimento, fazendo novas proposições. SAIBA MAIS Para explorar o assunto estudado neste capítulo, leia CERE- JA, William Roberto; MAGALHãES, Thereza Cochar; CLETO, Ciley. Interpretação de Textos: Construindo Competências e Habilidades em Leitura. Atual, 2009. E conheça questões de vestibular para testar a interpretação. reCaPiTulando Como você viu neste capítulo, a intelecção de texto envolve uma série de aspectos que precisam ser observados. Para compreender um texto, o leitor deve identificar qual foi a regência ver- bal empregada - compreendendo o significado exato das palavras - e iden- tificar as referências históricas, políticas, ou geográficas, usadas pelo autor para situar o texto. Por outro lado, interpretar é concluir ou deduzir o que o autor do texto quis transmitir, julgando ou opinando sobre o seu conteúdo. O texto não é a soma ou sequência de frases isoladas, é uma mensagem construída que forma um todo significativo. Por isso, um texto claro e con- ciso contém palavras selecionadas e frases bem construídas, sem ambigui- dades, redundâncias, modismos e emprego excessivo da voz passiva. Um texto coerente deve apresentar seu conteúdo de forma ordenada e lógica, com início, meio e fim. 3 TéCniCa de inTeleCçÃo de TeXTo 43 A análise temática permite ao leitor elaborar esquemas coerentes e que refletem claramente as ideias do autor. Os esquemas facilitam a elaboração de resumos que sintetizam as ideias do autor. Após a análise temática de um texto, faz-se necessário interpretá-lo, ou seja, formar uma ideia própria sobre o texto lido, ler nas entrelinhas, explo- rar toda riqueza dos argumentos expostos. Para fazer a análise interpretativa de um texto, o leitor já deve ter lido ou- tras obras sobre o mesmo tema em questão. O próximo tema de estudo será o parágrafo, sua estrutura, unidade interna e tipos existentes. 4 Parágrafo O parágrafo é composto por vários períodos que apresentam uma única ideia. Ele é uma unidade de discurso autossuficiente, composto por uma sequência de frases organizadas em um ou mais períodos, que apresentam um ponto de vista ou uma ideia básica. Os parágrafos podem ser narrativos, descritivos ou dissertativos, pois acompanham o tipo de texto que se está elaborando. Os parágrafos apresentam uma introdução ou tópico frasal, um desenvolvimento e uma conclusão com unidade, coerência, concisão e clareza. Ao final deste capítulo, você terá subsídios para: a) identificar a estrutura interna de parágrafo; b) diferenciar os tipos de parágrafos; c) identificar quais são os aspectos necessários para que um parágrafo tenha uma boa uni- dade interna. Vamos entrar no assunto com muita dedicação e autonomia? Lembre-se de que a sua apren- dizagem depende da sua participação no processo. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa46 4.1 eSTruTura inTerna e TiPoS de ParÁgraFoS Antes de iniciar o estudo do parágrafo, é necessário que você compreenda alguns termos que costumam causar confusão. Todo o parágrafo é composto por vários períodos que apresentam uma única ideia. O período é composto por uma ou mais orações com sentido completo e ter- mina com um sinal de pontuação - ponto final, exclamação ou outro equivalente. Você sabe qual a diferença entre frase e oração? A oração é a frase que contém um ou mais verbos. A frase é um enunciado com sentido completo, que pode ou não conter um verbo. FIQUE ALERTA O parágrafo é unidade de discurso autossuficiente, com- posto por uma sequência de frases organizadas em um ou mais períodos, que apresentam um ponto de vista ou uma ideia básica. Quer conhecer um exemplo de parágrafo mal elaborado? Confira a seguir CaSoS e relaToSProblemas na construção de parágrafos Professora Maria dava aula de comunicação oral escrita para a turma do 1º ano do ensino médio da Escola Estadual Professor Soares e como sem- pre, gostava de ler as produções de seus alunos. Certo dia, a professora pediu para que eles elaborassem um parágrafo sobre o tema que foi tra- tado na palestra que assistiram na semana do meio ambiente. Todos estavam empolgados para escrever um pequeno parágrafo sobre aquele assunto que havia despertado tanto interesse. Na palestra eles ouviram falar que o planeta estava sofrendo com o aquecimento global e, que em alguns lugares os efeitos da radiação solar podiam ser sentidos na pele, visto que a quantidade de câncer de pele, naquelas regiões, era enorme. Também ouviram que o clima do planeta está bastante instável e que as estações do ano não são mais tão claras como eram antigamen- te. 4 ParÁgraFo 47 Quando a professora começou a ler as produções se deparou com o se- guinte texto de João: “Com o aquecimento global o planeta não tem mais segurança da radiação do Sol, o tempo não se entende mais um dia ta frio outro ta calor e isso prejudica muito a saúde da nossa população.” A professora não entendeu nada e compreendeu que João tinha proble- mas para estruturar um parágrafo e que sem unidade interna qualquer produção perde seu sentido. Ela retomou o conteúdo e orientou nova- mente o aluno para que esse desenvolvesse essa competência. A partir do exemplo citado anteriormente podemos considerar o parágrafo como um pequeno texto e que deve ter um tema delimitado (o quê?) e um obje- tivo claro (para quê?). Como todo o texto, o parágrafo pode ser curto ou longo e deve apresentar introdução, desenvolvimento e conclusão. VOCÊ SABIA? Não se deve usar parágrafos demasiadamente longos, pois dificultam a transmissão de uma ideia de forma cla- ra e objetiva. Os parágrafos longos podem confundir ou dispersar a atenção do leitor. Como o parágrafo é um microtexto, estes podem ser narrativos, descritivos ou dissertativos, pois acompanham o tipo de texto que se está elaborando. Confira no quadro a seguir características que podem auxiliar você na identificação de cada tipo de texto. NARRAÇÃO • Relato de fatos. • Presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo. • Apresentação de um conflito. • Uso de verbos de ação. • Geralmente, é mesclada de descrições. • O diálogo direto e o indireto são frequentes. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa48 DESCRIÇÃO • Relato de pessoas, ambientes, objetos. • Predomínio de atributos. • Uso de verbos de ligação. • Emprego frequente de metáforas, comparações e outras figuras de linguagem. • Resulta em uma imagem física ou psicológica. DISSERTAÇÃO • Defesa de um argumento. a) Apresentação de uma tese que será defendida. b) Desenvolvimento ou argumentação. c) Fechamento. • Predomínio da linguagem objetiva. • Prevalece a denotação. Quadro 8 - Características dos textos Fonte: Campelli e Souza (2000) Na narração, o narrador conta uma história vivida por algum personagem, or- ganizada numa determinada sequência de tempo e lugar. Na narração o principal elemento é a história, que deve ter começo, meio e fim. Observe que quem conta a história é alguém de fora, que apenas narra os fa- tos, sem emitir opiniões. Na descrição, são expostas características de pessoas, objetos, situações, lu- gares etc. A descrição normalmente ocorre dentro de um texto narrativo ou dis- sertativo, pois auxilia o leitor a imaginar a cena ou o local. Observe que o texto descritivo não tem um narrador, somente um observador. A descrição é utilizada, principalmente, em relatórios de experimentos que você realiza nos laboratórios. Na dissertação, o autor expõe uma ideia sobre um determinado assunto, que ele defende ou questiona, apresentando argumentos que embasam seu ponto de vista. Observe que na dissertação, o autor tenta convencer o leitor sobre o seu ponto de vista. VOCÊ SABIA? Que os escritos antigos não tinham pontuação, parágra- fos, capítulos, versículos, divisões, títulos. Eram escritos mais ou menos assim: Portantoidefazeidiscipulosdetodasasnacoesbatizan- doosemnomedopaiedofilhoedoespiritosanto 4 ParÁgraFo 49 Seja qual for o tipo de texto, você precisa saber usar o parágrafo corretamente, para deixar sua ideia clara e objetiva. 4.2 unidade inTerna Ao elaborar um texto, o autor precisa ter claro qual o tema a ser desenvolvido. Como o tema do texto não muda, quando se faz um novo parágrafo não se muda de assunto. O que muda é a abordagem e os argumentos apresentados em cada parágrafo para explicar, esclarecer ou transmitir as ideias do autor, de tal forma que o leitor compreenda o texto. Os parágrafos devem ter unidade, coerência, concisão e clareza. Essas defini- ções, você já estudou no capítulo anterior, certo? Normalmente, os parágrafos apresentam uma introdução ou tópico frasal, um desenvolvimento e uma conclusão. Conheça um pouco mais sobre cada uma dessas etapas. Lu iz M en eg he l ( 20 11 ) Figura 6 - Etapas do parágrafo FIQUE ALERTA Nos parágrafos mais curtos a conclusão sempre está pre- sente. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa50 Passar de um parágrafo carece de uma atenção especial por parte do autor do texto. Não se deve passar de um parágrafo para o outro de maneira abrupta, pois é necessário fazer um encadeamento lógico e natural dos mesmos. Em alguns casos, é necessário acrescentar um parágrafo de transição, para que a sucessão de ideias seja apresentada de maneira harmoniosa. O texto deve conter parágrafos que apresentem assuntos diferentes sobre o tema, para que não se torne repetitivo, redundante e cansativo. Outro aspecto que precisa ser observado na elaboração de um texto, e principalmente dentro do parágrafo, é a repetição desnecessária de palavras, termos chulos ou rebuscados. SAIBA MAIS Que tal fazer um teste para verificar como anda a sua comu- nicação? Acesse: <http://vocesa.abril.com.br/testes/carreira/Como- -vai-sua-comunicacao.shtml> Termo chave: Como vai sua comunicação Você percebeu a importância do parágrafo bem elaborado em um texto? Para fortalecer seus conhecimentos, você tem como tarefa efetivar sua aprendizagem, por meio da prática. Pois unindo à teoria, o resultado será recompensador. reCaPiTulando Você estudou que todos os parágrafos são compostos por vários períodos e apresentam uma única ideia. São unidades de discurso autossuficientes compostos por uma sequência de frases organizadas em um ou mais perí- odos e apresentam um ponto de vista ou uma ideia básica. Um parágrafo tem introdução, desenvolvimento e conclusão, mantendo unidade, coe- rência, concisão e clareza e podem ser curtos ou longos. Os parágrafos são microtextos e podem ser narrativos, descritivos ou dis- sertativos, pois acompanham o tipo de texto que está sendo elaborado. O texto deve apresentar parágrafos com assuntos diferentes sobre o tema, para que não se torne repetitivo, redundante e cansativo. Agora que você já sabe como elaborar um parágrafo, aprenda a seguir como desenvolver uma descrição. 4 ParÁgraFo 51 Anotações: 5 descrição A descrição é um tipo de texto onde se relata, enumera e detalha as características, quali- dades ou especificações de seres animados ou inanimados, a partir de um determinado ponto de vista. Ela procura desenhar em palavras uma determinada imagem, de tal forma que o leitor possa visualizar em sua mente o que o autor está querendo transmitir. Os três tipos de descrição são de objeto, processo e de ambiente. Ao final deste capítulo, você terá subsídios para: a) produzir uma descrição; b) identificar seus fundamentos; c) identificar as características desse tipo de texto; d) elaborar descrições técnicas por meio de textos e imagens; e) elaborar textos, inclusive técnicos; A partir de agora, você está convidado a percorrer uma nova trajetória de aprendizagem, explorando todo o assunto com autonomia e sua habitual dedicação. CoMuniCaçÃooral e eSCriTa54 5.1 ConCeiTuaçÃo VOCÊ SABIA? Conceito é aquilo que a mente concebe ou entende: uma ideia ou noção, representação geral e abstrata de uma realidade. A descrição é um tipo de texto onde se relata, enumera e detalha as caracte- rísticas, qualidades ou especificações de seres animados ou inanimados (pessoas, impressões, coisas, locais, cenários, odores, ruídos ou processos) a partir de um determinado ponto de vista. Murilo Mendes (1968, p. 88) ilustra muito bem o texto descritivo. [...] Prima Julieta, jovem viúva, aparecia de vez em quando na casa de meus pais ou na de minhas tias. O marido, que lhe dei- xara uma fortuna substancial, pertencia ao ramo rico da família Monteiro de Barros. Nós éramos do ramo pobre. Prima Julieta possuía uma casa no Rio e outra em Juiz de Fora. Morava em companhia de uma filha adotiva. E já fora três vezes à Europa. Prima Julieta irradiava um fascínio singular. Era a feminilidade em pessoa. Quando a conheci, sendo ainda garoto e já sensibi- líssimo ao charme feminino, teria ela uns trinta ou trinta e dois anos de idade. Apenas pelo seu andar percebia-se que era uma deusa, diz Vir- gílio de outra mulher. Prima Julieta caminhava em ritmo lento, agitando a cabeça para trás, remando os cabelos brancos. A cabeleira loura incluía reflexos metálicos. Ancas poderosas. Os olhos de um verde azulado borboletavam. A voz rouca e ácida, em dois planos, voz de pessoa da alta sociedade. [...] A descrição procura desenhar em palavras uma determinada imagem de tal forma que o leitor possa visualizar em sua mente, o que o autor está querendo transmitir. 5 deSCriçÃo 55 A intenção do autor desse tipo de texto é permitir que o leitor possa visualizar mentalmente a cena descrita, a fim de localizá-la, identificá-la ou qualificá-la, se- gundo os objetivos do texto. Diante de duas estantes diferentes, pode-se identificá-las por meio do subs- tantivo: estante. Essa palavra identifica o objeto, mas não o descreve. A estante pode ser pequena, grande, antiga, moderna, quebrada. Ju pi te rim ag es ( 20 -- ?) O objetivo da descrição é transmitir ao leitor a imagem, percebida pelo autor do texto e, por isso, os adjetivos e atributos são elementos importantes na cons- trução desse tipo de texto. Um texto descritivo utiliza verbos de ligação. Os verbos de ligação não indicam ação, fazem a ligação entre o sujeito (ser de quem se fala) e suas características (predicativos do sujeito). O texto descritivo também deve ser figurativo, relatando propriedades e as- pectos simultâneos dos elementos não existindo relação de anterioridade e pos- terioridade entre os enunciados, ou seja, não existe progressão temporal. Vamos explorar melhor o assunto, analisando um exemplo real de descrição textual. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa56 CaSoS e relaToS Aula de comunicação Durante uma aula de comunicação oral e escrita, em um curso técnico, a professora Maria Aparecida propôs uma atividade de produção de texto aos alunos. Esta produção fazia parte do conteúdo programático: gênero textual – descrição. Então, deu-se o início da aula, e a professora Maria Aparecida começou a explicar mais sobre o gênero em questão, e os alunos estavam cada vez mais atentos. Após toda a abordagem, foi passada a proposta para o de- senvolvimento do texto descritivo. A sugestão para elaboração do texto era para cada aluno descrever a sua cidade natal, tornando, assim, esta atividade mais real para todos. Assim, cada aluno começou a pesquisar sobre a sua cidade natal e se en- volver com a atividade, porém um aluno que estava um pouco disperso fez vários questionamentos para a professora durante o desenvolvimen- to do texto. Dentre os questionamentos que Paulo fez, destacam-se: “se em um texto descritivo ele poderia inserir características da cidade, como por exemplo: números de habitantes, localização, nível de escolaridade dos habitantes, arquitetura, área urbana e rural”, enfim, fez várias pergun- tas relacionadas às características deste tipo de texto. A professora ficou surpresa, porque a falta de atenção do aluno era so- mente aparente, pois ele estava bem envolvido com a atividade. Enten- deu que em um texto descritivo é necessário levantar todos os dados que se considera relevante ao tema, porque é a partir das informações con- tidas nas descrições que o leitor pode visualizar o que foi dito no texto. Neste caso, todos puderam viajar um pouco pelo Brasil e conhecer mais sobre a cidade natal de seus colegas. Então, o que é preciso para que um texto descritivo tenha qualidade? Para que um texto descritivo tenha qualidade deve-se: a) utilizar linguagem clara e direta; b) escrever o texto com riqueza de detalhes; c) separar os detalhes físicos dos psicológicos. 5 deSCriçÃo 57 Todo o texto descritivo apresenta um observador, um tema (objeto, ser ou processo) e um conjunto de dados pertinentes ao tema. VOCÊ SABIA? Que quanto mais o leitor se sentir parte integrante do ambiente, que está sendo descrito, mais qualificado seu texto descritivo será! Segundo Infante (1998) para escrever um texto descritivo é necessário fazer um plano de trabalho respondendo questões como: a) Quais são os dados que serão usados? b) Como apresentar ao leitor os detalhes do que se está descrevendo? c) Qual a melhor ordem a ser seguida? d) Que tipo de impressão geral deve ser transmitido? e) Qual a finalidade do texto? (informar, convencer, transmitir impressões ou comunicar emoções ao leitor? Vale lembrar que a seleção dos dados pode ser limitada pela falta de conheci- mento do assunto por parte do observador, pelo local onde ele se encontra, bem como, por fatores psicológicos. FIQUE ALERTA Seu estado de espírito, seu ponto de vista sobre o tema abordado e os objetivos que se pretende atingir, influen- ciarão na seleção dos dados e na organização do texto. Apenas a descrição técnica tem objetividade absoluta e não pode ser influenciada pelo pensamento do autor. Segundo Infante (1998) os textos descritivos normalmente estão incorporados aos narrativos (os personagens e ambiente são caracterizados a partir do ponto de vista do narrador) ou ao processo argumentativo (fornecendo dados para o desenvolvimento da argumentação). Segundo Cestari (2011) todos os seres existentes no mundo físico, psicológico ou imaginário podem ser descritos. Para compreender melhor veja alguns exemplos: a) Mundo físico: Kika era uma simpática dash-hound, de olhos castanhos e pelo brilhante. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa58 b) Mundo psicológico: “A bondade era morna e leve, cheirava a carne crua guardada há muito tempo.” (Clarice Lispector). c) Mundo imaginário: Eu sou a Moça Fantasma que espera na rua do Chumbo o carro da madrugada. Da mesma forma, segundo Cestari (2011) pode-se descrever física e psicologi- camente tanto pessoas quanto personagens. a) Física: fornece características exteriores como altura, cor dos olhos, cabelo, forma do rosto, do nariz, da boca, porte, trajes. Sua pele era muito branca, os olhos azuis, bochechas rosadas. Estatura media- na, magra. Parecia um anjo. a) Psicológica - apresenta o modo de ser da pessoa ou personagem, seus há- bitos, atitudes e personalidade, características interiores. Era sonhadora. Desejava sempre o impossível e recusava-se a ver a realidade. Os dados descritivos sobre uma realidade qualquer são o resultado de uma seleção de dados feita pelo autor, que se apoia nos seus sentidos físicos (audição, visão, olfato, paladar e tato) e podem sofrer limitações, conforme você viu ante- riormente. Lu iz M en eg he l ( 20 11 ) Figura 7 - Dados descritivos 5 deSCriçÃo 59 A descrição pode ser de duas formas. Confira! a) Subjetiva: quando o texto apresenta-se com uma visão pessoal do autor. b) Objetiva: quando o texto apresenta-se de forma concreta, sem juízo de va- lor. Exemplo: a descrição técnica. Todo o assunto abordado anteriormente oferece a você condições para elabo- rar umtexto descritivo de maneira adequada. 5.2 deSCriçÃo de obJeTo, ProCeSSo e aMbienTe Quer saber qual a diferença entre descrição de objeto, processo e ambiente? Acompanhe atentamente a seguir. A descrição de objeto, normalmente, é estática e tem a finalidade de identifi- car. As qualidades fundamentais desse tipo de descrição são: a) objetividade; b) simplicidade; c) precisão. Na descrição de objeto podem ser empregadas a linguagem denotativa e a conotativa. FIQUE ALERTA Ao escrever um texto, você pode usar tanto o significado real da palavra (denotação), quanto o sentido figurado (conotação). Quando duas ou mais palavras tem signifi- cados diferentes e as grafias idênticas, são chamadas de homônimos. A descrição de processo, normalmente técnica, utiliza a linguagem precisa e científica para descrever: a) processos; b) aparelhos; c) experiências; d) mecanismos; e) relatórios; f) receitas culinárias; g) fórmulas de remédios. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa60 Nesse tipo de texto, as informações devem ser apresentadas com palavras e frases claras e objetivas, de forma que o leitor compreenda o texto de forma ine- quívoca. Ela também exige que o autor do texto tenha um conhecimento profun- do do assunto ou da observação feita. Esse tipo de texto pode vir acompanhado de mapas, desenhos, fotos, diagra- mas ou fluxogramas para auxiliar o leitor a compreender a mensagem do autor. O relatório técnico você estudará detalhadamente na unidade 6. A descrição do ambiente ou paisagem tem o objetivo de identificar ou lo- calizar o leitor, tanto pela necessidade de precisão informativa, quanto para dar verossimilhança1. Nesse tipo de descrição, as informações fornecidas caracterizam o objeto do texto e não apresentam a opinião do leitor sobre a paisagem. Conhecendo cada um dos tipos de descrição, você poderá elaborar um texto de acordo com a necessidade e objetivos. Explore todas as informações disponí- veis até o momento. Lembre-se de que a construção do conhecimento acontece por diversas formas de aprendizagem. SAIBA MAIS Para compreender melhor como produzir descrições ade- quadamente consulte o livro SERAFINI, Maria Teresa. Como escrever textos. Rio de Janeiro: Globo, 1985. reCaPiTulando A descrição é um tipo de texto que relata, enumera e detalha as caracterís- ticas, qualidades ou especificações de seres animados ou inanimados, sob um determinado ponto de vista. A descrição procura desenhar em palavras uma determinada imagem, de forma que o leitor possa visualizar, em sua mente, o que o autor está que- rendo transmitir. Para que um texto descritivo tenha qualidade, deve-se utilizar linguagem clara e direta, com riqueza de detalhes, separando-os dos físicos e psicoló- gicos. 1 VEROSSIMILHANçA Que tem aparência de verdade. Semelhante à verdade = plausível, provável. 5 deSCriçÃo 61 Todo o texto descritivo apresenta um observador, um tema (objeto, ser ou processo) e um conjunto de dados pertinentes ao tema. Os textos descritivos normalmente estão incorporados: a) aos narrativos (os personagens e ambiente são caracterizados a partir do ponto de vista do narrador); b) ao processo argumentativo (fornecendo dados para o desenvolvimento da argumentação). Os dados descritivos sobre uma realidade qualquer são o resultado de uma seleção de dados feita pelo autor, que se apoia nos seus sentidos físicos (audição, visão, olfato, paladar e tato) e que podem sofrer limitações. Os três tipos de descrição são de objeto, processo e de ambiente. Dessa forma a descrição de objeto normalmente é estática e tem a finalidade de identificar. Já a descrição de processo, normalmente técnica, utiliza a linguagem precisa e científica para descrever processos, aparelhos, expe- riências, mecanismos, relatórios, receitas culinárias, fórmulas de remédios etc. A descrição do ambiente ou paisagem tem o objetivo de identificar ou localizar o leitor, tanto pela necessidade de precisão informativa, quanto para dar verossimilhança. A seguir, você aprenderá a fazer uma dissertação e identificar as diferenças que existem entre alguns textos. Vamos em frente! 6 dissertação Diariamente somos chamados a dar opiniões, tomar decisões e expor nossos pontos de vis- ta, para isso, utilizamos nosso poder de persuasão e argumentação. Para expor nossas ideias, normalmente, utilizamos a dissertação, que é o tipo de texto mais utilizado nos meios acadêmi- co e empresarial, pois exige um posicionamento frente a alguma ideia ou tese. Ao final deste capítulo, você terá subsídios para: a) compreender a estrutura de uma dissertação; b) identificar os tipos de argumentação para produzir textos dissertativos com qualidade; c) elaborar textos. Explore todo o conteúdo apresentado, investigue as condições de aprendizagem para efe- tivamente conduzir seu processo educacional. Abuse da autonomia e entusiasmo para que o conhecimento adquirido seja de forma criativa e dinâmica. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa64 6.1 eSTruTura No cotidiano o ser humano é chamado a dar opiniões, tomar decisões e expor pontos de vista, para isso, utiliza seu poder de persuasão e argumentação. M ic ro so ft O ffi ce (2 0- -? ) É a atitude linguística da dissertação que permite fazer uso da linguagem a fim de expor ideias, desenvolver raciocínios, en- cadear argumentos, atingir conclusões. Os textos dissertativos são produtos dessa atitude e participam ativamente do nosso cotidiano falado e escrito. (INFANTE, 2000, p. 159). A dissertação é o tipo de texto mais utilizado nos meios acadêmico e empresa- rial, pois exige do autor um posicionamento frente a alguma ideia ou tese. O texto dissertativo tem como base a argumentação, já que seu objetivo é, por meio da exposição de fatos, ideias e conceitos, exprimir uma ou várias opiniões e/ ou chegar a conclusões. Segundo Campedelli e Souza (2000, p. 187) um texto dissertativo possui as seguintes características: 6 diSSerTaçÃo 65 Lu iz M en eg he l ( 20 11 ) Figura 8 - Características dos textos argumentativos Fonte: Campedelli e Souza (2000) Uma dissertação se divide em três partes. Vamos conhecer cada uma delas? Introdução a) Definir a questão, situando o problema, descrevendo a tese que será defen- dida no desenvolvimento. b) Indicar o caminho a seguir. Desenvolvimento a) Apresentar os argumentos para defender e justificar a tese ou ideia propos- ta na introdução, apontando semelhanças de ideias, divergências, compara- ções e ligações a fim de comprovar a tese. Conclusão a) Deve ser breve e marcante. b) Retomar a tese. c) Recapitular as ideias apresentadas no desenvolvimento, dando um fecha- mento ao texto. Conhecendo a estrutura da dissertação, você já pode elaborar um texto disser- tativo com qualidade. Se achar necessário, retome a leitura do conteúdo quantas vezes desejar. CoMuniCaçÃo oral e eSCriTa66 6.2 arguMenTaçÃo O texto dissertativo apresenta argumentos, ou seja, defende uma ideia. Para defender um ponto de vista é preciso saber argumentar. VOCÊ SABIA? Na lógica, um argumento é um conjunto de uma ou mais sentenças declarativas, também conhecidas como proposições, ou ainda, premissas, acompanhadas de uma outra frase declarativa conhecida como conclusão. Segundo Sarmento (2004, p. 412) existem quatro tipos de argumentos. Tipos de Argumentos com base no raciocínio lógico com base em citação com base no senso comum com base em evidências Lu iz M en eg he l ( 20 11 ) Figura 9 - Tipos de argumento Como saber onde usar cada tipo de argumentação? Boa pergunta! Então vamos à resposta! Argumentação com base em citação: o autor usa uma frase de alguém con- ceituado no assunto para amparar a sua argumentação. Ou seja, cita-se a frase de outro autor para fundamentar a argumentação e dar credibilidade e prestígio ao novo texto que está sendo produzido. Argumentação com base no senso comum: apoia-se nos conceitos reconhe- cidos pela sociedade como um todo. Argumentação