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26/12/2006 - 18h04m - Atualizado em 28/12/2006 - 12h48m 
Brasil participará de supersatélite europeu de busca de planetas em 2015 
Em entrevista, astrofísico brasileiro Eduardo Janot explica o projeto. 
Nesta quarta, outro satélite com apoio do Brasil será lançado. 
Marília Juste Do G1, em São Paulo entre em contato 
ALTERA O 
TAMANHO DA LETRA 
A- 
A+ 
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Divulgação 
Eduardo Janot 
Nesta quarta-feira, 27 de dezembro, será aberta oficialmente a temporada de caça a planetas semelhantes à Terra. O 
satélite europeu Corot, que conta com participação brasileira, deve ser lançado às 12h32 (horário de Brasília) no 
Cazaquistão. Além dele, outros dois projetos da Agência Espacial Européia (ESA) contarão com o apoio do Brasil: o 
Darwin, previsto para 2012, e o Plato (inglês para Platão), para 2015. A informação é do astrônomo Eduardo Janot, 
presidente do Comitê Corot-Brasil, que conversou com o G1. 
 
“O Brasil está irremediavelmente engajado nessa aventura de busca de vida fora do Sistema Solar", afirma o cientista 
da Universidade de São Paulo. 
 
No caso do Corot, a oportunidade surgiu de uma proximidade natural entre a astronomia brasileira e francesa e da 
necessidade dos europeus de terem um posto de recepção de dados no hemisfério Sul. Para isso, o Brasil investiu 
US$ 2 milhões, uma verdadeira ninharia em termos de missões espaciais, e, em troca, terá acesso a todos os dados do 
satélite -- que custou, no total, US$ 100 milhões. 
 
Europeus e brasileiros devem ter a honra de encontrar os primeiros planetas parecidos com o nosso -- rochosos e 
pequenos -- fora do Sistema Solar, antes mesmo do que a Nasa. O projeto americano na área, o Kepler, está atrasado 
e deve ser lançado só, no mínimo, daqui um ano. 
 
Uma vez que o Corot -- e depois o Kepler -- tiver sua lista de planetas com características parecidas com as da Terra, 
em 2012, entrará em ação o Darwin, também da ESA, que vai analisar as atmosferas desses candidatos a abrigar vida. 
Três anos depois, será lançado o TPF, da Nasa, com a mesma missão do Darwin. E, também em 2015, o Plato. 
 
O trabalho desse último será investigar, ao mesmo tempo, esses planetas rochosos e as estrelas que os abrigam. O 
projeto deve ser apresentado à ESA em março do próximo ano e o Brasil já garantiu seu envolvimento. 
 
Confira abaixo a entrevista com Eduardo Janot, ou, se preferir, ouça o áudio. 
Saiba mais 
� » Satélite francês com apoio do Brasil decola nesta quarta 
 
G1 - A busca por planetas fora do Sistema Solar tem sido feita, com sucesso, por telescópios na superfície 
terrestre, que têm registrado uma grande quantidade de planetas gigantes gasosos, como são Saturno e Júpiter 
aqui no Sistema Solar. No ano passado, o grupo liderado pelos americanos Paul Butler e Geoff Marcy 
conseguiu detectar o primeiro planeta rochoso, com o Keck, no Havaí. O que o Corot vai fazer que esses 
instrumentos que já usamos não conseguiriam? 
 
Eduardo Janot – O sistema de detecção que é usado por todos os outros observatórios aqui na Terra é baseado na 
perturbação gravitacional que qualquer corpo causa em outro. Essa atração gravitacional é proporcional -- ou seja, 
grandes massas exercem forças importantes, pequenas massas forças pequenas -- e também depende da distância que 
os dois corpos se encontram um do outro. 
 
Se não me engano, até ontem tinham sido encontrados 209 planetas extrasolares, que chamamos de “exoplanetas”. 
Desses daí, a maioria esmagadora é composta por planetas de grande massa, porque são mais fáceis de detectar. Essa 
perturbação é medida a partir da variação de velocidade que o planeta causa na estrela, pelo efeito Doppler. 
 
Nós não temos precisão suficiente por esse método para detectar, por exemplo, a perturbação causada por um planeta 
do tamanho da Terra em sua estrela central. Se alguém com a nossa técnica atual olhasse o Sol de longe, ele não 
detectaria a Terra. 
 
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Esse pessoal que descobriu com o Keck um planeta rochoso descobriu um planeta com quase dez massas solares 
muito próximo da estrela, até mais próximo que Mercúrio. Ou seja, é um planeta onde não há condições de vida de 
nenhum jeito. Os planetas rochosos em geral são pequenos. Pelo que nós sabemos, pelas nossas teorias, é difícil 
fabricar um planeta rochoso grande. Esse aí do Keck deve ser um extremo. Todos os gigantes são gasosos. 
 
O que há de mal nisso? Não há nada de mal em termos físicos, mas um gigante gasoso tem talvez um núcleo sólido lá 
no seu interior, bem no interior. Ao passo que um planeta rochoso se presta muito mais ao desenvolvimento eventual 
de vida. O interesse de procurar planetas rochosos menores é esse, basicamente. É a procura de vida, um velho anseio 
da Humanidade. Se conseguirmos encontrar vida em outros planetas seria extremamente interessante. Teria, com 
certeza, conseqüências filosóficas, talvez até para a paz do planeta, para a boa convivência entre os países. 
 
Como o Corot vai fazer isso? Ele não se baseia na perturbação gravitacional. Ele vai detectar a passagem do planeta à 
frente do disco da estrela, o que a gente chama de "trânsito". É como se fosse um eclipse muito pequeno. Quando o 
planeta passa na frente do disco da estrela, ele obscurece aquele pedacinho da estrela. É um eclipse diminuto, mas o 
Corot tem uma precisão de medida de luz, de intensidade luminosa, suficiente para detectar a passagem de um 
planeta um pouquinho maior do que a Terra, uma vez e meia o tamanho da Terra, na frente de sua estrela. Isso causa 
um eclipse, para quem quiser ter uma idéia quantitativa, de um décimo de milésimo de profundidade da intensidade 
original. É extremamente pequeno. 
 
G1 - Esse método usado pelo Corot exige, evidentemente, uma boa dose de de sorte, porque um alinhamento 
não vai necessariamente ocorrer em uma posição favorável à detecção aqui na Terra. O outro método usado 
pelos telescópios em terra, da perturbação gravitacional, do efeito Doppler, não exige esse alinhamento. Vai 
ser possível para o Corot obter um "censo" estatístico razoável de quantos sistemas planetários, planetas 
gasosos e planetas rochosos existem lá fora? 
 
Janot - Sim. Nos dois casos, o efeito maior se dá quando os planetas estão alinhados. Mesmo no caso do efeito 
Doppler. Se você olhar o sistemaplanetário de cima, não há efeito Doppler. É claro que no caso do trânsito planetário 
a gente precisa estar próximo do plano da órbita para que ele passe na frente da estrela. É claro, é mais exigente que o 
bamboleio gravitacional, onde efeito vai diminuindo conforme você se afasta do plano da órbita, mas você ainda 
mede, além do local onde ocorre o trânsito planetário. 
 
O único problema é que esse método, gravitacional, seleciona terrivelmente os grandes planetas, os massivos, e os 
que estão muito próximos da estrela. Então, a gente descobriu todos os gigantes gasosos -- “todos” entre aspas, 
muitos, a grande maioria -- próximos das suas estrelas. 
 
O Corot vai melhorar muito essa estatística. Hoje, por exemplo, não se pode fazer estudos de evolução e mesmo de 
formação dos sistemas planetários do Universo porque a amostra é muito ruim. É muito viciada. 
 
O que vai acontecer com o Corot? Ele vai observar cem mil estrelas. Ora, em cem mil estrelas, a probabilidade de 
que nós passemos próximo do plano de órbita de várias delas é muito grande. A gente estima que, de cem mil, vamos 
descobrir mil planetas gigantes e gasosos e uns cem rochosos. Mil e cem em cem mil. Já é um número muito 
interessante para depois a gente começar a procurar vida nesses rochosos. 
 
G1 - O Corot também vai estudar vibrações no interior das estrelas, os estelemotos. Isso também vai ajudar a 
comparar com mais facilidade a natureza do Sol com a de estrelas vizinhas? 
 
Janot - Isso é uma questão muito importante. A saúde do Sol é vital para nós, é literalmente vital. Se o Sol variar um 
pouquinho a sua intensidade luminosa causa danos muito importantes aqui na Terra, seja para mais, seja para menos. 
 
O Corot vai observar os estelemotos, as ondas que a gente observa na superfície do Sol, que todas as estrelas 
essencialmente têm. Elas nos dão informações sobre o interior das estrelas, sobre a física do interior dessas grandes 
bolas de plasma. Como se faz na Terra, os sismólogos estudam a estrutura interna da Terra pelos terremotos, 
estudando as vibrações que os terremotos causam. 
 
Vamos fazer isso com estrelas mais velhas do que o Sol, de idade semelhante ao Sol e mais novas do que o Sol. Para 
estudar a evolução, entender muito bem, com a maior precisão possível, a evolução do Sol. Isso para nós é vital. 
 
G1 - Gostaria de falar agora sobre a política do projeto. As vantagens para o Brasil no projeto parecem 
óbvias: investiremos uma quantidade de dinheiro relativamente pequena em termos de missões espaciais e 
teremos acesso a importantes informações científicas, à frente até mesmo da Nasa. Mas o que os europeus têm 
a ganhar com a nossa participação? 
 
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Janot - O projeto custa da ordem de US$ 100 milhões. Desses, a França pagou US$ 70 milhões. Então a França tem 
mais direitos do que os outros parceiros, que são Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha e Brasil. O Brasil é o único 
país fora da Europa que participa, com pouco menos de US$ 2 milhões. 
 
Esse dinheiro foi dividido. Metade foi usado para montar uma estação de recepção de dados, que foi instalada na base 
de Alcântara no Maranhão. Uma estação será usada para o Corot e para ao menos dez anos de programa de satélites 
científicos do Brasil. Portanto, é um dinheiro gasto para todo programa espacial brasileiro. 
 
E o outro US$ 1 milhão foi gasto em bolsas de estudo para que cinco engenheiros e físicos do Brasil fossem para a 
França trabalhar nas equipes de software do Corot. Eles trabalharam com muito destaque. Recebemos vários elogios. 
Não ficamos a dever nada nesse aspecto, de poder trabalhar com softwares avançados. E adquirimos ainda know how 
a respeito. Isso é muito importante para o país. 
 
Mas, por que então temos esse privilégio? Na verdade, são dois fatores. Um é subjetivo, que é o fato de termos uma 
relação forte -- a astronomia brasileira, com a astronomia francesa. Por razões “genéticas”, digamos assim. No início, 
quase todos nós fomos fazer doutorado na França. Então, eles nos consideram de maneira um pouco mais especial. 
 
O segundo é mais concreto, mais objetivo. É a estação de Alcântara, que é aqui no hemisfério Sul. Uma vez que o 
satélite tem uma órbita norte-sul, fica girando em torno da Terra perpendicular ao Equador, é importante que ele 
tenha uma base no Sul onde pudesse descarregar seus dados. Porque é um mini-satélite de 600 quilos, que não tem 
computador de bordo e não pode armazenar muita coisa. 
 
Teremos duas bases de recepção de dados no Hemisfério Norte e a nossa do Sul. O fato de entrar a base de Alcântara 
fez com que, em vez de observar apenas 70 mil estrelas, o Corot possa observar cem mil estrelas. 
 
E tem um dado interessante que eu posso fornecer para vocês, que é o seguinte: nós já estamos engajados no próximo 
satélite, que vai ser um supersatélite, da Agência Espacial Européia, a ESA. Uma continuação do Corot, com a 
capacidade de observar também a atmosfera dos planetas, para saber se a atmosfera tem condições bióticas, de vida. 
É chamado Plato, vai ser lançado por volta de 2015. 
 
G1 - Você pode nos contar um pouquinho mais sobre o Plato? 
 
Janot – Posso. Eu vou estender um pouquinho mais esse tema. Muito bem, teremos o Corot, que vai descobrir pela 
primeira vez na história da humanidade planetas rochosos parecidos com a Terra em tamanho e com a mesma 
distância de suas estrelas que a Terra está do Sol. Bom, e daí depois do Corot -- um ano, um ano e meio depois -- vai 
ser lançado “o Corot da Nasa”, chamado Kepler. É um telescópio maior, que vai observar a mesma ordem de 
grandeza, cem mil estrelas. Então vamos ficar com um número razoável de algumas centenas de planetas rochosos na 
zona de habitabilidade de suas estrelas, aptos a desenvolver vida. 
 
E o que falemos com isso? Esses dois satélites apenas detectam o trânsito. Nada mais. E aí, em julho de 2012, vai ser 
lançado pela ESA o Darwin, um satélite que vai usar uma técnica chamada interferometria -- a única maneira de 
poder enxergar um planeta ao lado da sua estrela. Essa técnica permite anular a luz da estrela e aí os planetas 
aparecem. O Darwin vai ser capaz de analisar as atmosferas desses planetas e examinar se elas têm condições 
semelhantes às da Terra. Ele vai olhar o espectro da atmosfera dos alvos que o Corot e o Kepler identificaram como 
sendo planetas rochosos. Completa um ciclo. 
 
Uns três anos depois do Darwin, em 2015 mais ou menos -- está atrasado, mas acredito que vai ser em 2015 -- vai ser 
lançado um satélite da Nasa que vai fazer a mesma coisa, chamado de TPF, Terrestrial Planet Finder. Como o nome 
indica, é um buscador de planetas terrestres, que vai fazer a mesma coisa, analisar o espectro das atmosfera em busca 
de moléculas típicas de vida. 
 
O Plato vai usar uma técnica de coronografia, que também anula a estrela central, e vai estudar ao mesmo as estrelas 
centrais e os planetas. 
 
Nós já engajamos o Brasil nesse projeto Plato. Ele está ainda em fase inicial e vai ser proposto à Agência Espacial 
Européia em março do ano que vem. Nós já inscrevemos o Brasil, já dissemos que queremos participar. 
 
É o futuro. A busca de vida no Universo. Com Plato e com Darwin, onde também participaremos. O Brasil está 
irremediavelmente engajado nessa aventura de busca de vida fora do Sistema Solar. 
 
G1 - Falando um pouquinho do Kepler, um trabalho que vai fazer a mesma coisa que o Corot e que vai ser 
lançado depois. Isso é raro, a Nasa não fazendo alguma coisa primeiro. Como que a agência americana está 
encarando esse fato? 
 
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Janot – Na verdade, eles se atrasaram por razões financeiras. A crise na ciência americana existe, de alguns anos 
para cá. Cortaram muitasverbas da Nasa, a verba está indo mais para defesa, para coisas estratégicas, que é a linha de 
George Bush e de sua equipe. Infelizmente, a ciência ficou em segundo plano. 
 
O pessoal do Kepler propôs, inicialmente, uma participação direta no Corot. Inclusive iam oferecer estação de 
recepção, software. Tudo que nós brasileiros fizemos, os americanos propuseram fazer há três anos. Eu participei de 
uma reunião do conselho científico do Corot onde se apresentou uma carta da Nasa propondo essa colaboração. É 
claro que eu voltei contra, porque ia ser ruim para o Brasil. A grande maioria do pessoal do Corot decidiu não 
colaborar inicialmente com o Kepler para evitar apropriação de dados. 
 
Os americanos são muito eficientes em divulgação e provavelmente divulgariam primeiro a descoberta de planetas 
extrasolares, na frente dos europeus, e dizendo que era só deles. Isso acontece muito. Infelizmente, muitas vezes os 
press-releases da Nasa, e de outras universidades americanas, não falam de colaboradores de fora. 
 
Mas, no futuro, provavelmente a partir do segundo ano do Corot, vai haver uma colaboração mais importante e o 
Corot vai selecionar alvos para o Kepler. Vai acontecer isso no futuro. 
 
G1 - Quando vocês acham começaremos a receber os primeiros dados do Corot? Dá para imaginar quando 
poderemos encontrar um primo distante do nosso planeta? 
 
Janot – Vai haver aqui em Natal, em meados de abril, o 3º Simpósio Internacional brasileiro do Corot. Já fizemos 
dois. Virão uns 20 cientistas estrangeiros. Nessa ocasião, 15 de abril, o satélite vai estar observando já a pleno vapor. 
Então a gente espera que os primeiros dados sejam divulgados nessa conferência de Natal. 
 
Isso certamente não será a primeira divulgação de um planeta semelhante à Terra. Porque o cientista é muito prudente 
e isso precisa ser confirmado com observações suplementares. 
 
Cada vez que o satélite detectar um trânsito, dizer “opa, isso aqui parece um trânsito de um planeta pequeno como a 
Terra”, vai ser acionado um circuito internacional de observações. Vamos fazer observações de efeito Doppler, de 
espectrometria, para confirmar que aquilo é um planeta. Isso demora alguns meses. Mesmo que em março, quando 
começarão as observações científicas -- e provavelmente vai acontecer isso --, se detecte eclipses de planetas 
terrestres, o resultado só vai sair no começo do segundo semestre. A confirmação, a publicação oficial. 
 
G1 - Se tudo der certo com o Corot, como a gente espera que dê, e encontrarmos vários planetas rochosos, 
pequenos, com todas as características adequadas para abrigar vida, qual será o próximo passo? 
 
Janot – É uma boa pergunta: e daí? O importante não é só saber onde eles estão. Isso é o primeiro passo, 
extremamente importante. Antes do Darwin e do TPF, o que vamos fazer? Porque uma vez que eles forem lançados, 
eles vão olhar nesses locais para analisar as atmosferas. Mas, e daqui até 2012, o que nós faremos? Não vamos ficar 
sentados. 
 
Há o projeto Seti (Search for Extraterrestrial Inteligence), um projeto de detecção de sinais de rádio de civilizações 
extraterrestres. Qualquer pessoa pode participar do Seti, receber um bloco de dados e um bloco de programas de 
análise e ajudar do seu PC em casa. É um programa internacional, onde alguns radiotelescópios estão envolvidos na 
recepção de sinais e ficam analisando para ver se encontram algum sinal inteligente. O Seti olhou para estrelas 
próximas do Sol, mas ficou olhando meio no escuro. Quando a gente descobrir planetas rochosos, pequenos e na 
zona de habitabilidade de suas estrelas, esses serão alvos muito interessantes para o Seti. A chance de encontrar algo 
é muito maior. 
 
G1 - Para finalizar, eu queria saber como, para você, pessoalmente, trabalhar na busca por planetas fora do 
Sistema Solar te faz refletir sobre a natureza da nossa Terra? 
 
Janot – É um anseio muito antigo da humanidade responder duas perguntas, que estão ligadas. A primeira questão é: 
como apareceu vida na Terra? E a segunda, óbvia, imediata e que decorre dessa é: bom, e fora da Terra, será que tem 
vida? Será que estamos sozinhos no Universo? 
 
É uma questão filosófica, metafísica. Aparentemente seria muito reconfortante para a humanidade pensar que não 
estamos sós. E pensar “puxa, se tiver uma civilização mais avançada, eles podem nos comunicar coisas? Eles serão 
mais altruístas? Mais superiores? Podem nos ensinar, para a gente queimar etapas, melhorar saúde, medicina, ciência, 
conforto, qualidade de vida?" 
 
As esperanças são muito grandes. Nesse sentido, eu acho que é fascinante pensar que a gente pode vir a descobrir 
seres extraterrestres, seres algo mais evoluídos do que nós, e que podem nos ajudar a sermos mais felizes na Terra. 
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