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Aborto 1 🩸 Aborto Matéria Obstetrícia Fonte Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Aborto: classifi cação, diagnóstico e conduta. São Paulo: FEBRASGO; 2021. (Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, nº 1/ Comissão Nacional Especializada em Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério). Sumário: Resumo O texto trata sobre o tema do aborto na obstetrícia. São apresentados conceitos, incidência, fatores de risco, apresentação clínica, técnicas de esvaziamento e Incidência Fatores de Risco Apresentação clínica Tratamento Técnicas de esvaziamento Prevenção da aloimunização Rh-D Aborto 2 prevenção da aloimunização Rh-D. São discutidas as diferentes situações clínicas que envolvem o abortamento, como a ameaça de abortamento, o abortamento completo, o abortamento incompleto, o abortamento inevitável, o abortamento retido e o abortamento infectado. O texto apresenta também as técnicas de esvaziamento, tanto farmacológicas quanto mecânicas, além de suas complicações. Por fim, destaca-se a necessidade de encaminhar o produto conceptual (feto e/ou anexos fetais) para exame histopatológico. 💡 Definição: Intrrupção da gravidez antes que o embrião ou feto alcancem viabilidade. Ou, de acordo com a OMS e o CID-11, abortamento é a interrupção de uma gravize antes de 20 semanas ou, quando a idade gestacional é incerta, o peso menor que 500g. Incidência Uma das complicações + frenquentes na gravidez; Comum acontecer antes mesmo do atraso menstrual; Aproximadamente 31% ocorre de forma precoce; Lembrete! Abortamento precoce = até a 12ª semana de gestação Abortamento tardio = a partir da 13ª semana de gestação A maioria ocorre de forma precoce (80%), no primeiro trimestre, e cerca de 1% de forma tardia, depois da 12ª semana Fatores de Risco Aborto 3 Idade materna avançada; História de abortamento prévio; Condições clínicas maternas Endocrinopatias Distúrbios metabólicos (obesidade) Síndrome antifosfolípide Infecções Anomalias anatômicas uterinas Uso de medicamentos; Drogas ilícitas; Consumo de alcool e tabaco; Exposições ambientais; Estresse crônico; Trauma Apresentação clínica Aborto 4 Ameaça de Abortamento Há chance de reversão Sangramento puco e dor (se tiver) correspondem a contração uterina; Recomendado: Repouso físico e sexual; Devem ser tratadas de maneira expectante (observação) até o desaparecimento dos sintomas. Exames: Especular- sangramento ativo USG transvaginal- hematoma retroplacentário Conduta: Expectante (observação) Aborto 5 Abortamento completo Consiste na eliminação total do concepto; Sintomas: Redução ou parada do sangramento uterino Diminuição ou parada das cólicas Em caso de não presenciamento do ocorrido, o diagnóstico é feito por meio de: Anamnese + exame físico Exame de gravidez positivo em ocasoão anterior; Se observa um útero menor que o esperado para idade gestacional e colo fechado; Conduta para ratificar diagnóstico: Ultrassonografia pélvica Conduta: Expectante, havendo monitoramento da hemorragia e alerta para sinais de infecção Aborto 6 O aborto completo NÃO requer intervenções Abortamento Retido Consiste no aborto em que o concepto continua retido na cavidade uterina, porém não apresenta vitalidade; Geralmente assintomática; Ocorre redução nos sinais gravídicos Redução da altura uterina e circuferência abdominal; Perda de turgência mamária Perda dos batimentos cardiofetais (BCE) Exame físico: Útero pequeno Colo fechado Conduta: Expectante, inicialmente Aborto 7 Se ocorre de forma precoce, pois até 3 semanas o ovo costuma sair Pode ocorrer aspiração manual intrauterina (AMIU) ou farmacológica (MISOPROSTOL) Se retenção maior que 4 semanas, realizar coagulograma antes de iniciar terapêutica Risco de coagulopatia de consumo materna Em caso de abortamento retido tardio: Expulsão imediata com Misoprostol Complementação com vácuo aspiração ou dilatação + curetagem Aborto 8 Abortamento incompleto Expulsão do feto, porém há permanência da placenta ou restos placentátios Sinais e sintomas: Sangramento Redução uterina em comparação com a idade gestacional Dores tipo cólica Conduta: <12 semanas é realizado Misoprostol ou AIMU >12 semanas é orientado curetagem A paciente deve ficar internada para estabilização e realização dos procedimentos Aborto 9 Abortamento Inevitável Dilatação da cévice, permittindo que membranas ovulares ou até mesmo o próprio embrião sejam tocados ao exame digital ou visualizafos através do colo no exame especular; Aumento do sangramento genital, que compromete a hemodinâmica do paciente, e da dor pélvica; A conduta: MISOPROSTOL + CURETAGEM Conduta: Internar a paciente para estabilização e cuidados Ultrassonografia pélvica não é necessária para o diagnóstico Aborto 10 Abortamento infectado Tentativa de aborto com uso de instrumentos inadequados e técnicas inseguras; Sintomas: Varia de acordo com o grau de evolução Sangramento em pequena quantidade ou com odor fétido Dores abdominais (cólicas intermintentes de média intensidade) Peritonismo Estado geral comprometido Náuseas e vômitos Queda no nível de consciência Sinal de choque séptico Calafrios, cianose, desidratação, hipotensão, taquicardia, pulso filiforme Exames complementares: Aborto 11 Hemograma com contagem de plaquetas Coagulograma Hemocultura Raio-x abdominal Ultrassônografia pélvica e/ou de abd total Tomografia (em alguns casos) Tratamento: Gentamicina (1,5mg/kg/dose em 8/8h ou 4,5mg/kg em dose única) + clindamicina (900mg de 8/8h) Casos mais graves: Penicilina ou ampicilina e clindamicina substituída pelo metronidazol Manter a paciente em terapia EV por 48h após o ultimo pico febril e melhora clínica Laparotomia exploradora: Situações mais graves Massas anexiais Susp. de perfuração uterina Gangrena uterina Sepse Falha das medidas clínicas Aborto 12 Tratamento Conduta individualizada para cada caso! Ameaça de vida (hemorragia, sepse e choque): Acionar central de urgência e encaminhamento Manter paciente em jejum, com vias aéreas livres, fornecer O2, realizar venóclise em vaso calibroso (Abocath 18) e hidratação EV com soro fisiológico ou Ringer Lactato Tratamento analgésico EV e, em caso de febre, antitérmico Em caso de infecção, inicar antibioticoterapia Técnicas de esvaziamento Aborto 13 Método farmacológico Mifespristone seguida de misoprostol No Brasil só há uso do Misoprostol (análago de prostaglandinas) Misoprostol Complimidos de 25,100 e 200 microgramas via vaginal em ambiente hospitalar (dose se altera com o tamanho uterino) 1º trimestre Misoprostol 800mcg via vaginal (4 comprimidos de 200mcg) com intervalo de 3 a 12 horas Em caso de sagramanto intenso, sepse ou com comorbidades, o esvaziamento uterino mecânico (ou cirúrgico) é indicado como método de 1ª escolha 2º trimestre Tratamento farmacológico + cirúrgico Gestação entre 13-24 semanas é recomendado 400mcg de misoprostol, via vaginal, repetidas a cada 3 horas Mulheres com cicatriz uterina anterior (cesárea ou miomectomia) a dose farmacológica não deve ser maior que 200mcg vaginal a cada 6h Método mecânico/cirúrgico Podem ser complementares ao tt farmacológico ou quando há falha no mesmo, ou por condiões maternas que demandem urgência ou escolha da gestante Aspiração intrauterina Deve ser priorizada por apresentar menor morbimortalidade materna Aspirador elétrico (AVE) ou a vácuo manual (AMIU) Aborto 14 Ambos os métodos apresentam o mesmo nível de eficácia, diferindo apenas no custo, sendo o elétrico mais barato Procedimento de eleição para esvaziamento uterino antes da 12ª semana Utiliza-se cânulas com diâmetros variáveis acopladas a seringacom vácuo ou eletricidade Substitu o uso de anestesia ou bloqueio por analgésicos, sedação ou bloqueio com lidocaína 1% = encurtamento na estadia hospitalar Curetagem Recomenda-se apenas em casos em que a aspiração intrauterina não esteadisponível Utiliza-se curetas de aço inoxidável para raspar as paredes do útero e retirar os restos ovulares, e para introduzir de forma mais tranquila é dilatado o colo previamente com misoprostol e, caso não seja possível, por meio de dilatadores mecânicos Método de escolha para abortamento inevitável ou incompleto do 2º trimestre Complicações Reação vagal Esvaziamento uterino incompleto Lesão cervical Perfuração uterina Conduta expectante Hemorragia Embolia gasosa Infecção pélvica Sepse Sinais e sintomas Aborto 15 Cólicas abdominais Náuseas Vômitos Dor Sangramento genital aumentado Prevenção da aloimunização Rh-D Profilaxia a mulheres de Rh-D-negativas com ameaça de abortamento ou abortamento, espontâneo ou induzido 1º trimestre, dose recomendada é de 50mcg Não é contraindicado dose padrão de 300mcg Após 12 semanas, recomenda-se dose de 300mcg 💡 O produto conceptual (feto e/ou anexos fetais) devem ser analisados macro e microscopicamente. Por isso, devem ser enviados sempre para exame histopatológico. Não há dados que respaldem postergar a concepção após uma perda gestacional. Embora a maioria dos médicos recomende a abstinência sexual por 1 a 2 semanas após o abortamento, não há evidências que apoiem esta recomendação. Fonte: FEBRASGO, 2021
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