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Organização dos Sistemas de Ensino no Brasil

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POLÍTICAS EDUCACIONAIS 
AULA 3 
Profª Aline Chalus Vernick Carissimi 
02 
CONVERSA INICIAL 
A temática a ser tratada nesta parte do material refere-se à organização 
dos sistemas de ensino na educação brasileira. Essa abordagem é importante 
para a construção do conhecimento sobre a organização do ensino brasileiro a 
partir de redes e sistemas de ensino, que são responsáveis pela oferta 
educacional e pelo conjunto de escolas públicas ou privadas em cada ente 
federado. Nesse sentido, discutiremos: 
 A composição dos sistemas de ensino;
 Gestão da escola e gestão dos sistemas;
 O papel dos Conselhos de educação;
 A busca pela construção de um sistema nacional articulado;
 O PNE e os planos de educação.
CONTEXTUALIZANDO 
O sistema de ensino brasileiro é organizado pela Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional n. 9.394/1996, por meio do art. 8º: 
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de 
ensino. 
§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de educação,
articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função
normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias
educacionais.
§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos
desta Lei.
Como observamos, existe entre os entes federados um regime de 
colaboração para atendimento da educação básica. No entanto, cada sistema de 
ensino realiza a gestão de seus sistemas a partir de mecanismos de gestão que 
garantem o princípio democrático nos sistemas públicos de ensino, tais como 
conselhos de educação e planos de educação. 
Saiba mais 
Para compreender melhor o papel da democracia na organização dos 
sistemas de ensino no Brasil, assista ao vídeo a seguir: 
Programa Salto para o Futuro entrevista sobre Gestão democrática da 
escola e do sistema de ensino com os professores Maria Beatriz Luce, da UFRGS; 
Maria Tereza Goudard, da UERJ, e Marcelo Soares Pereira Silva, da UFU. 
03 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=BDr1FLvUe5Y> Acesso em: 
7 ago. 2017. 
TEMA 1 – A COMPOSIÇÃO DOS SISTEMAS DE ENSINO 
A composição dos sistemas de ensino no Brasil, como já mencionado, 
obedece ao regime de colaboração estabelecido entre os entes federados, 
portanto organiza-se a partir de uma pacto federativo no qual os governos federal, 
estaduais e municipais são responsáveis pelo atendimento de cada nível de 
ensino, conforme destaca a LDB n. 9.394/1996. Vejamos: 
Art. 9º A União incumbir-se-á de: 
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do 
sistema federal de ensino e o dos Territórios; 
III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de 
ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo 
sua função redistributiva e supletiva; 
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o 
ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus 
conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum; 
IV- estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, diretrizes e procedimentos para identificação,
cadastramento e atendimento, na educação básica e na educação
superior, de alunos com altas habilidades ou superdotação;
V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação;
VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no
ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas
de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da
qualidade do ensino;
VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação;
VIII - assegurar processo nacional de avaliação das instituições de
educação superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem
responsabilidade sobre este nível de ensino;
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar,
respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os
estabelecimentos do seu sistema de ensino.
§ 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de
Educação, com funções normativas e de supervisão e atividade
permanente, criado por lei.
§ 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a União terá
acesso a todos os dados e informações necessários de todos os
estabelecimentos e órgãos educacionais.
§ 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser delegadas aos
Estados e ao Distrito Federal, desde que mantenham instituições de
educação superior.
Nesse sentido, observamos que a União (governo federal) tem a 
responsabilidade de organizar o sistema nacional, baixando normas e elaborando 
o Plano Nacional de Educação (que deverá ser desdobrado em cada sistema de
ensino) e as Diretrizes Curriculares, assegurar o processo de avaliação da 
04 
educação básica, além do compromisso de prestar toda assistência técnica e 
financeira aos estados e municípios. Toda a organização do ensino superior, 
público ou privado, abrangendo autorização, reconhecimento, credenciamento e 
supervisão, fica a cargo do governo federal. 
As responsabilidades dos estados estão indicadas no artigo 10, conforme 
segue: 
Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de: 
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos 
seus sistemas de ensino; 
II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino 
fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das 
responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os 
recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder 
Público; 
III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância 
com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e 
coordenando as suas ações e as dos seus Municípios; 
IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, 
respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os 
estabelecimentos do seu sistema de ensino; 
V - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; 
VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino 
médio a todos que o demandarem, respeitado o disposto no art. 38 desta 
Lei; 
VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual. 
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as competências 
referentes aos Estados e aos Municípios. 
Como podemos verificar, os estados são responsáveis pela oferta do 
ensino fundamental e, com prioridade, do ensino médio, além de organizar e 
manter todas as instituições que ficam sob o compromisso do seu sistema de 
ensino, portanto cabe a eles organizar diretrizes curriculares e planos de 
educação, além de autorizar, supervisionar e credenciar os estabelecimentos de 
seu sistema de ensino. 
Sobre os municípios, podemos observar que: 
Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: 
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos 
seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos 
educacionais da União e dos Estados; 
II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; 
III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; 
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu 
sistema de ensino; 
V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com 
prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis 
de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as 
necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos 
percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à 
manutenção e desenvolvimento do ensino. 
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. 
05 
Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por seintegrar ao 
sistema estadual de ensino ou compor com ele um sistema único de 
educação básica. 
Diante do mencionado verificamos que os municípios são responsáveis 
pela oferta da educação infantil e, com prioridade, do ensino fundamental, 
organizando e baixando normatizações para todos os estabelecimentos sob sua 
jurisdição. 
TEMA 2 – GESTÃO DA ESCOLA E GESTÃO DOS SISTEMAS 
A gestão é um processo político e administrativo que envolve o modo de 
organizar e acompanhar adequadamente os encaminhamentos dados para as 
ações que são necessárias para o funcionamento de uma instituição ou um 
sistema de ensino. 
Quando pensamos na gestão, mais especificamente da educação pública, 
pensamos que ela é composta pelas ideias de democracia e participação 
colegiada. 
A gestão da escola pública, bem como dos sistemas de ensino, deve ter 
como princípio a gestão democrática, uma vez que, tratando-se de um espaço 
público, este deve ser democrático e participativo, pautado na concepção de que 
os sujeitos envolvidos neste mesmo espaço conheçam seus problemas e as 
causas desses problemas. 
Encaminha-se, para tanto, um processo de planejamento coletivo, tomada 
de decisões, acompanhamento das ações e avaliação do processo e do resultado 
do trabalho realizado, tomando sempre o cuidado de levar em conta o princípio 
da democracia, subentendendo-se que a tomada de decisão deve partir da 
maioria dos sujeitos que compõem a comunidade, e esta decisão, qualquer que 
seja, deve ser respeitada. 
A ideia de gestão democrática e participativa não é nova, uma vez que está 
indicada na Constituição Federal de 1988, sendo também fruto do pensamento de 
muitos educadores desde o fim dos anos 70 que se engajavam no movimento a 
favor da escola gratuita, universal e de qualidade. 
A LDB n. 9.394/1996 também se debruça sobre o aspecto da gestão 
citando que o ensino público brasileiro terá como base o princípio da gestão 
democrática, conforme consta: “Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às 
unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos 
06 
graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, 
observadas as normas gerais de direito financeiro público”. 
A Constituição Federal de 1988 (CF/1988) apresenta no art. 206 os 
princípios sobre os quais se edificará o desenvolvimento do ensino do país, 
conforme segue: 
“Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: [...] 
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; [...]” 
Administrar uma instituição ou um sistema de ensino requer a participação 
coletiva dos sujeitos nas escolas por meio dos conselhos escolares e nos sistemas 
de ensino por meio dos conselhos municipais e estaduais de educação, estes 
como espaços, em uma última instância, de decisões. 
Segundo Libâneo, “Não é preciso insistir que a prática da gestão e da 
direção participativas convergem para a elaboração do projeto pedagógico e 
assunção das responsabilidades de forma cooperativa e solidária” (2001, p.115). 
Portanto, a democratização implica refletir em torno do ambiente social 
em que a escola ou sistema de ensino se encontra inserida, com os diferentes 
aspectos culturais, sociais e econômicos trazidos pela sociedade, sendo 
imprescindível debater sobre as contradições e diferenças existentes, 
desenvolvendo o diálogo em torno das questões educacionais, pautadas no 
próprio contexto social. 
No desempenho da gestão democrática, é preciso garantir a liberdade de 
expressão para que o processo tenha a efetiva participação da coletividade. 
TEMA 3 – O PAPEL DOS CONSELHOS DE EDUCAÇÃO 
Conforme apresentado na temática anterior, os conselhos de educação 
têm como missão precípua a garantia do processo democrático na gestão dos 
sistemas. 
Os conselhos de educação, via de regra, devem ser efetivados nos 
sistemas de ensino como mecanismos deliberativos das normativas e da 
organização dos sistemas. 
Para Cury (2006), 
Um Conselho de Educação é, antes de tudo, um órgão público voltado 
para garantir, na sua especificidade, um direito constitucional da 
cidadania. Eis porque um conselheiro, membro desse órgão, ingressa 
no âmbito de um interesse público cujo fundamento é o direito à 
educação das pessoas que buscam a educação escolar. A educação 
escolar regular, distinta da educação livre, é regular porque está sub lege 
e seus certificados e diplomas possuem validade oficial. Suas funções, 
07 
voltadas para essa finalidade, são um múnus público, e devem ser 
levadas adiante por um órgão colegiado, formado por membros que se 
reúnem em uma colegialidade, horizontalmente organizada. Sob 
coordenação não hierárquica, todos os membros se situam no mesmo 
plano concorrendo, dentro da pluralidade própria de um Conselho, para 
a formação de uma vontade majoritária ou consensual do órgão. (p.41) 
Portanto, os conselhos municipais e estaduais de educação visam 
promover as oportunidades de desenvolver o fortalecimento da democracia e da 
gestão colegiada nos sistemas, uma vez que a gestão democrática se fundamenta 
na organização e na participação dos diversos segmentos que compõem a 
sociedade. 
Diante disso, é importante apresentar, mesmo que brevemente, uma noção 
de democracia. Para Camargo e Adrião (2003), citado por Amboni (2007), a 
democracia pode ser tomada como princípio e método do processo participativo: 
Como princípio, articula-se ao da igualdade, proporcionando a todos os 
integrantes do processo participativo a condição de sujeito, expressa no 
seu reconhecimento enquanto interlocutor válido. (...) Como método, 
deve garantir a cada um dos participantes igual poder de interferência e 
decisão, criando mecanismos que facilitem a consolidação de iguais 
possibilidades de opção e ação diante dos processos decisórios. (p.30) 
Cury (2006), ao analisar a gestão democrática, assim a descreve: 
A gestão democrática é o princípio que aponta para essa metodologia 
de um novo modo de administrar que se traduz pela comunicação, pelo 
envolvimento coletivo e pelo diálogo. A gestão democrática, enquanto 
temática histórica, nos move em direção contrária àquela mais difundida 
em nossa trajetória política onde os gestores se pautam ora por um 
movimento paternalista, ora por uma relação propriamente autoritária. 
(p.58) 
Portanto, é preciso entender a democracia não só como acesso, como 
prática desenvolvida junto à sociedade, e neste sentido a democracia como 
método de atuação dos conselhos de educação é princípio central para fazer 
com que as políticas previstas para a educação possam sair do papel e 
acontecer na realidade educativa, fazendo progredir e desenvolver ações que 
possibilitem uma maior abrangência de acesso a educação, bem como melhoria 
na própria qualidade. 
Portanto, de acordo com Cury (2006) 
O conselheiro como gestor normativo deve encaminhar orientações 
necessárias que têm a ver com a cultura dos estabelecimentos escolares 
e do próprio sistema de ensino do município. Tais orientações fazem 
parte intrínseca de sua função. Certamente esse encaminhamento, ao 
lado do estudo, investigação e da busca de interpretação, deve se abrir, 
em muitos aspectos, ao diálogo com as pessoas envolvidas ou 
interessadas e com os fatores situacionais da educação escolar, como é 
o caso das audiências públicas. Isso faz parte do princípio da gestão
08 
democrática e deve impulsionar os Conselhos a exercerem um papel 
mais ativo nas diretrizes e nas ações operacionais que lhes cabem 
chamando os interessados à participação. (p. 56) 
Concluindo a temática, podemos dizer que o papel principal dos conselhos 
de educação é democratizar as relações de poder presentes nos espaços de 
disputas das políticas educacionais, que normatizam e organizam todas as 
diretrizes educativas de um ente federado. A dinâmica dos conselhos, portanto, 
está posta nos limites e possibilidades da atuação política dentro de um sistema 
de ensino.TEMA 4 – A BUSCA PELA CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA NACIONAL 
ARTICULADO 
Os debates em torno da criação de um sistema nacional de educação como 
organizativo da educação brasileira em meio aos inúmeros sistemas de educação, 
estaduais, municipais e federal, foram uma tentativa de se colocar num único 
centro a organização do ensino a partir de diretrizes, políticas e normativas que 
fossem desdobradas nos entes federados. 
A tentativa de se estabelecer um sistema único de ensino, ou seja, um 
sistema nacional de educação, foi uma das temáticas que envolveu a realização 
da primeira Conferência Nacional de Educação (CONAE), portanto seu desafio 
era a construção de um sistema nacional de educação, com temática Construindo 
o Sistema Nacional Articulado
O objetivo principal da CONAE era elaborar um conjunto de ações para a 
educação escolar nacional desde a educação infantil até a pós-graduação, que 
deveriam ser traduzidas no Plano Nacional de Educação (PNE). Para Dourado 
(2014): 
Por isso, a Conae cumpre um importante papel político ao problematizar 
a necessidade do estabelecimento de diretrizes para a instituição de um 
sistema nacional de educação que possibilite a ação articulada entre os 
entes federados, a efetivação de planejamento sistemático, que, após 
avaliar o conjunto de ações, programas e planos em desenvolvimento, 
contribua para o estabelecimento de políticas de Estado, programas e 
ações que garantam organicidade entre as políticas educacionais no 
país, envolvendo os diferentes órgãos de gestão educacional (MEC, 
sistemas de ensino e instituições) e, ainda, destacando a necessária 
mediação entre o Estado, demandas sociais e o setor produtivo, de 
modo a se avançar na superação do cenário educacional, historicamente 
demarcado pela fragmentação ou superposição de ações e programas, 
pela centralização das políticas de organização e gestão da educação 
básica no país. (Dourado, 2014, p.9) 
09 
Ainda sobre a conferência, cabe destacar que estabeleceu um refinado 
processo democrático de participação, sendo a primeira realizada para debater as 
políticas para a educação totalmente financiada e convocada pelo Ministério da 
Educação (MEC), o qual proporcionou a participação de inúmeros segmentos da 
sociedade civil organizada (sindicatos, secretarias de educação, conselhos de 
educação, entidades representativas de estudantes e pais). 
Segundo Azevedo (2010, p.27), 
Vivenciamos mais uma etapa significativa da luta dos educadores e 
educadoras por condições adequadas aos processos de escolarização 
em todos os níveis. Refiro-me ao que está conduzindo à elaboração e à 
implementação do II Plano Nacional de Educação (II PNE), após a 
vigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 
1996, desencadeado sobretudo, com as amplas mobilizações municipais e 
estaduais que culminaram com a Conferência Nacional de Educação 
(Conae). 
Os principais eixos debatidos na 1ª Conferência Nacional de Educação no 
Brasil foram: 
1. Papel do Estado na garantia do direito à educação de qualidade: organização
e regulação da educação nacional;
2. Qualidade da educação, gestão democrática e avaliação;
3. Democratização de acesso, permanência e sucesso escolar;
4. Formação e valorização dos/das profissionais da educação;
5. Financiamento da educação e controle social;
6. Justiça social, educação e trabalho: inclusão, diversidade e igualdade.
Para Dourado (2014), o debate em torno da necessidade de se estabelecer
um sistema nacional de educação converge no sentido de instituir políticas, 
diretrizes e estratégias comuns aos diversos sistemas de educação espalhados 
pelo país, conforme destaca. 
Nessa direção, um dos grandes desafios à educação nacional refere-se 
à efetiva articulação entre os entes federados com vistas à construção 
de um SNE que garanta diretrizes nacionais comuns, políticas 
articuladas e universais. Assim, ao Sistema Nacional de Educação 
caberá o papel de articulador, normatizador, coordenador geral da 
educação nacional, por meio de um fórum nacional, visando garantir 
finalidades, diretrizes e estratégias educacionais comuns e, ao mesmo 
tempo, as especificidades próprias de cada um. Assim, o esforço de 
construção do SNE articula-se ao desafio de avaliação e proposição de 
novo PNE, como expressão de política de Estado para a área. (Dourado, 
2014, p. 9) 
010 
Cabe compreender que a instituição de um sistema nacional precisa ter 
como princípio de estruturação o reconhecimento do regime de colaboração entre 
os entes federados, o que, nesse sentido, torna-se uma grande desafio. 
TEMA 5 – O PNE E OS PLANOS DE EDUCAÇÃO 
Os planos de educação são documentos norteadores da política 
educacional em cada sistema de ensino. Eles estabelecem diretrizes e metas no 
âmbito nacional, quando do plano nacional de educação, e nos estados e 
municípios, quando dos planos estaduais e municipais. Os planos de educação 
geralmente são elaborados para o prazo de 10 anos, e sua função é fazer com 
que a política pública ocorra no limiar da política de estado e supere a política de 
governo, aquela proposta pelos candidatos aos governos, portanto são os 
principais indutores das políticas educacionais. 
Neles, são estabelecidos um conjunto de diretrizes sobre o atendimento 
educacional em cada um dos entes federados, tendo como referência o próprio 
plano nacional. O estabelecimento de metas e estratégias nos planos de 
educação abarca todo o sistema, das instituições públicas às privadas, nos mais 
diversos níveis e modalidades de ensino. 
Os marcos legais que instituem a elaboração dos planos de educação são 
a CF/1988 e a LDB n. 9.394/1996. Nesse sentido, Souza (2014) faz um resgate 
do aporto legislativo sobre o tema: 
Com a Constituição Federal (CF) de 1988 (Brasil, 1988) fez-se ressurgir 
a ideia de um PNE de longo prazo (inicialmente plurianual), com força 
de lei, com o objetivo de articulação sistêmica e voltado para conferir 
estabilidade às iniciativas governamentais e à aplicação de recursos na 
área de educação, orientação esta reiterada na Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 
(Brasil, 1996b). Esta lei incumbiu a União de elaborar o PNE em 
colaboração com os Estados e os Municípios (inc. I, art. 9º). Em 2009, 
por intermédio da Emenda Constitucional (EC) nº 59, de 11 de novembro 
de 2009 (Brasil, 2009), nova redação do texto constitucional estabelece 
a duração do PNE, os princípios que devem presidir sua elaboração e 
as finalidades pretendidas (art. 214). (Souza, 2014, p.175) 
Os planos de educação abordam o conjunto do atendimento educacional 
existente em um território, envolvendo redes municipais, estaduais, federais e 
instituições privadas que atuam em diferentes níveis e modalidades da educação: 
das creches às universidades. Trata-se, pois, do principal instrumento da política 
pública educacional. 
Para além das metas e estratégias para os diferentes níveis de ensino, os 
planos de educação constituem-se em instrumento que orienta não só toda a 
011 
política educacional dos entes federados, como é o principal mecanismo de gestão 
das políticas, permitindo, além da participava democrática da sociedade, também a 
fiscalização e o controle da política pública. 
O Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado pela Lei nº 13.005/2014 
traça as diretrizes, metas e estratégias para a educação nacional na próxima 
década. É o documento que orienta todas as demais políticas educacionais nos 
entes federados, a partir de seus próprios planos. São metas do PNE e devem 
replicar em todos os estados e municípios brasileiros: 
Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para 
as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de 
educação infantil em creches, de forma a atender, no mínimo, 50% 
(cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da 
vigência deste PNE. 
Meta 2: universalizaro ensino fundamental de 9 (nove) anos para toda 
a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos 
95% (noventa e cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na 
idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE. 
Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a 
população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do 
período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino 
médio para 85% (oitenta e cinco por cento). 
Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) 
anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas 
habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao 
atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede 
regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de 
salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços 
especializados, públicos ou conveniados. 
Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º 
(terceiro) ano do ensino fundamental. Meta 6: oferecer educação em 
tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas 
públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) 
dos(as) alunos(as) da educação básica. 
Meta 6: oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% 
(cinquenta por cento) das escolas públicas, de forma a atender, pelo 
menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos(as) alunos(as) da educação 
básica. 
Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e 
modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem, de 
modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb: 6,0 nos anos 
iniciais do ensino fundamental; 5,5 nos anos finais do ensino 
fundamental; 5,2 no ensino médio. 
Meta 8: elevar a escolaridade média da população de 18 (dezoito) a 29 
(vinte e nove) anos, de modo a alcançar, no mínimo, 12 (doze) anos de 
estudo no último ano de vigência deste plano, para as populações do 
campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% (vinte e 
cinco por cento) mais pobres, e igualar a escolaridade média entre 
negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística – IBGE. 
Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) 
anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco décimos por 
cento) até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o 
analfabetismo absoluto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa 
de analfabetismo funcional. 
Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das 
matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e 
médio, na forma integrada à educação profissional. 
012 
Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível 
médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta 
por cento) da expansão no segmento público. 
Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% 
(cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) 
da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a 
qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por 
cento) das novas matrículas, no segmento público. 
Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção 
de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto 
do sistema de educação superior para 75% (setenta e cinco por cento), 
sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) doutores. 
Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação 
stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 (sessenta 
mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco mil) doutores. 
Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, 
o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência
deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação
de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, de
20 de dezembro de 1996, assegurado que todos os professores e as
professoras da educação básica possuam formação específica de nível
superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em
que atuam.
Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento)
dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste
PNE, e garantir a todos(as) os(as) profissionais da educação básica
formação continuada em sua área de atuação, considerando as
necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino.
Meta 17: valorizar os(as) profissionais do magistério das redes públicas
de educação básica, de forma a equiparar seu rendimento médio ao
dos(as) demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final
do sexto ano de vigência deste PNE.
Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos de
carreira para os(as) profissionais da educação básica e superior pública
de todos os sistemas de ensino e, para o plano de carreira dos(as)
profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso
salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso
VIII do art. 206 da Constituição Federal.
Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a
efetivação da gestão democrática da educação, associada a critérios
técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade
escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio
técnico da União para tanto.
Meta 20: ampliar o investimento público em educação pública de forma
a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto
Interno Bruto (PIB) do País no 5º (quinto) ano de vigência desta Lei e,
no mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do
decênio.
Como podemos observar, muitos são os desafios postos para a educação 
nacional no âmbito do PNE. Podem ser considerados maiores ainda os desafios 
dos entes federados em fazer cumprir, a partir do PNE e de suas realidades locais, 
seus próprios planos de educação. 
013 
FINALIZANDO 
Nesta aula, pudemos compreender o funcionamento e a organização dos 
sistemas de ensino na educação brasileira, abordando temáticas como a 
composição dos sistemas de ensino; a gestão da escola e gestão dos sistemas; 
o papel dos conselhos de educação; a busca pela construção de um sistema
nacional articulado e o PNE e os planos de educação. Tivemos também a 
oportunidade de entender toda a rede que norteia a educação nacional a partir de 
seus diversos sistemas de ensino. 
014 
REFERÊNCIAS 
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destinados às escolas estaduais do Paraná. Revista Urutágua, n. 13 - ago./nov. 
2007. Disponível em: <http://www.urutagua.uem.br/013/13amboni.htm>. Acesso 
em: 21 ago. 2017. 
BRASIL. Constituição (1988) Constituição da República Federativa do Brasil. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
_____. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Casa Civil, Presidência da 
República, Brasília, DF, 20 dez. 1996. 
CURY, C. R. J. Conselhos de Educação: fundamentos e funções. Revista RBPAE 
– v.22, n.1, p. 41-67, jan./jun. 2006.
DOURADO, L. F. Plano Nacional de Educação, Conferência Nacional de 
Educação e a construção do Sistema Nacional de Educação. Revista Jornal de 
Políticas Educacionais, n. 16, p. 03-11, jul./dez., 2014. 
LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: 
Alternativa, 2001. 
SOUZA, D. B.; DUARTE, M. R. T.; Planos de educação no Brasil: projeções do 
sistema nacional de educação e suas variantes subnacionais. Revista Educação 
Online, p. 174-194, n. 15, jan./abr. 2014.

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