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PROFA. DRA. EDNA TARABORI CALOBREZI O VOCABULÁRIO JURÍDICO A comunicação humana 1. L inguagem verbal oral e escr i ta 2. L inguagem não-verbal A) imagens, sons, pinturas, fotos, placas. . . b) Corporal o olhar, os gestos, a mímica. . . Pela mímica pode-se conhecer o testemunho de def ic ientes audi t ivos, como ocorreu em Mogi das Cruzes (Folha de S. Paulo, 30-4-93). A fa ls idade de um depoimento pode revelar-se até mesmo pela t ranspiração, pela pal idez ou s imples movimento palpebral . O abaixar dos olhos e o desviar ins is tente do olhar podem ser decodif icados: Como t imidez excess iva, Ou ausência de caráter , espír i to ment iroso. O OLHAR PERSISTENTE PODE TER O SENTIDO DE DESAFIO OU DE CINISMO. no interrogatór io do réu, em depoimentos de testemunhas e na ação dos prof iss ionais jur ídicos, O olhar vol tado para c ima, com a cabeça levemente inc l inada, pr inc ipalmente quando os olhos f icam descobertos pelos óculos posic ionados quase na ponta do nar iz , em geral revela um espír i to inquis i t ivo e perspicaz . ENTRETANTO, ESSAS EXPRESSÕES NÃO VERBAIS, ENTRETANTO, ESSAS EXPRESSÕES NÃO VERBAIS, SÓ TÊM SENTIDO DE ACORDO COM O CÓDIGO CULTURAL QUE INTERFERE NOS USOS E COSTUMES DE UMA SOCIEDADE. o profissional do Direito deve estar atento ao código cultural das expressões gestuais, nos usos e costumes de uma sociedade. Os postulantes aos cargos públ icos, em roma, vest iam-se de túnicas brancas, • A toga, como qualquer peça do vestuár io, 3. Linguagem do vestuário indíc io da pureza de suas intenções e; por isso, chamavam-se candidatos (de candidus-a-um). é uma informação, indic ia l da função exerc ida pelo ju iz e a cor negra s inal i za ser iedade e compostura que devem caracter i zá- lo. O VOCABULÁRIO JURÍDICO Para os gramáticos: "O léx ico de uma l íngua é o conjunto das palavras dessa l íngua, é o seu vocabulár io, o seu dic ionár io." Para os linguistas: Léxico é um inventár io aberto da l íngua, com número inf in i to de palavras, organizado, por ordem al fabét ica, indicando nos verbetes o s igni f icado, dá-se o nome de dic ionár io. Vocabulário é o uso do fa lante, sua seleção de palavras pertencentes ao léx ico para real i zar a comunicação humana. EXEMPLO: João é brasi le iro, natural do Rio Grande do Sul , advogado. José é também brasi le iro, natural da Bahia, médico. Ambos part i lham o mesmo léx ico português ( l íngua), Mas cada qual possui seu vocabulár io próprio, Um repertór io fechado, sujei to a uma sér ie de indicadores sociocul turais . o vocabulário É A expressão da personal idade do homem e de seus conhecimentos l inguíst icos. Daí a importância do enr iquecimento constante de seu inventár io vocabular , Fac i l i tando, ass im, sua comunicação, pr inc ipalmente redacional , por ampl iar o leque para a escolha da palavra mais adequada. A consul ta f requente a dic ionár ios e a le i tura de autores renomados são at iv idades impresc indíveis para a r iqueza vocabular . Denotação É o sent ido objet ivo da palavra, encontrado no dic ionár io O SENTIDO DAS PALAVRAS: DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO Ex : Sua casa está s i tuada no centro comercia l do bairro. o sent ido denotat ivo Encontrado nos dic ionár ios aponta uma famíl ia ideológica ampla: "morada", "res idência", "habi tação", "domicí l io", Que possui dis t inções semânt icas no vocabulár io jur ídico. Conotação É a palavra usada no sent ido subjet ivo, pessoal . Ex : esta escola é minha casa . A palavra casa está em sent ido conotat ivo. O valor afet ivo impera: escola/casa aproxima os grupos que se t ratam da educação. É o caráter pol issêmico da l íngua que ampl ia a def inição de um vocábulo. Pol issemia possibi l idade de uma palavra possuir vár ios s igni f icados. O sent ido denotat ivo (objet ivo) e conotat ivo ( f igurado) revestem uma mesma palavra: 1 . Vamos dançar a quadri lha? A pol íc ia prendeu o chefe da quadri lha. 2 . Costumo lavar minhas roupas. É praxe lavar o dinheiro do narcotráf ico. Consegui lavar a barra no tr ibunal . Os dois sent idos podem ocorrer , ao mesmo tempo, “Se a separação é legal se chama divórc io, todos sabem. Mas, uma coisa: a outra, que não se chama divórc io e não está na le i , é muito mais legal . “ Mi l lôr Fernandes ( Is to é/Senhor, 14-3-92): A mesma palavra, por exemplo, morte, tem s igni f icado di ferente para o médico, para o jur is ta ou para o poeta. E para cada indiv íduo haverá var iações de valores semânt icos, conforme a associação de ideias manifestar-se nas v ivências e experiências part iculares e a a carga emocional Resul tando, disso, a divers idade vocabular de uma l íngua. A c lareza das ideias está int imamente relac ionada com a c lareza e precisão das palavras consoante assevera Othon Garc ia (1975, p. 135). No Direi to, é a inda mais importante o sent ido das palavras. Porque qualquer s is tema jur ídico, para at ingir plenamente seus f ins, deve cuidar do valor nocional do vocabulár io técnico e estabelecer re lações semânt ico-s intát icas harmônicas e seguras na organização do pensamento. Três são os t ipos de vocabulár io jur ídico: unívocos, equívocos e análogos . O SENTIDO DAS PALAVRAS NA LINGUAGEM JURÍDICA Unívocos são os que contêm um só sentido 1. SÃO EMPREGADAS PARA DESCREVER DELITOS E ASSEGURAR DIREITOS: Furto (art . 155, CP subtrair , para s i ou para outrem, coisa a lheia móvel) ; Roubo (art . 157, CP) subtrair , para s i ou para outrem, coisa móvel a lheia mediante grave ameaça ou v iolência, depois de reduzir a res is tência da pessoa); Mútuo (art . 586, CC) emprést imo oneroso de coisas fungíveis ; Comodato (art . 579, CC ) emprést imo gratui to de coisas não fungíveis) . Os bens fungíveis são aqueles que podem ser subst i tu ídos por outros de mesma espécie, qual idade e quant idade, por exemplo, o dinheiro. O Código Civ i l , em seu art igo 85, traz a def inição de bens fungíveis . ab-rogar (revogar tota lmente uma le i) ; derrogar (revogar parc ia lme'nte uma le i) ; ob-rogar (contrapor uma le i a outra) ; repr is t inar (revogar uma le i revogadora). São unívocas, ainda, palavras pertencentes ao jargão do profissional do Direito: * a univocidade representa os termos técnicos do vocabulário especializado . 2. Equívocos: são os vocábulos plurissignificantes possuindo mais de um sentido e sendo identificados no contexto. O prof iss ional do direi to deve empreender bastante esforço semânt ico ao usar as palavras plur iss igni f icat ivas. Não deve empregar acepções que não pertençam ao jargão jur ídico, Ou, se o forem, mas t iverem natureza equívoca, devem ser acompanhadas de especi f icadores que resguardem o sent ido pretendido . *** Importante: É t i m o e t i m o l o g i a ( o r i g e m d a p a l a v r a ) 3 . Análogos: São os que, não possuindo étimo comum, pertencem a uma mesma família ideológica, sendo s inônimos, apesar de dis t inções semânt icas, porque a s inonímia perfei ta inexis te. Palavras análogas são comumente conhecidas como palavras s inônimas. Mas, as palavras não têm exatamente o mesmo sent ido, podendo ser agrupadas por um ponto em comum, mantendo suas s igni f icações especí f icas. No exemplo c i tado, o vocábulo resolução é ponto comum (gênero) das palavras resilição e rescisão. No entanto, resolução é palavra equívoca, com diversos s igni f icados, resilição e rescisão são palavras unívocas.fur to e roubo são palavras unívocas Porém, são análogas em relação ao t ipo cr imes contra o patr imônio.
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