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FACULDADE DE DIREITO ANDREY WULLIAN ROCHA DA SILVA CHRIZYANE VIEIRA DA COSTA CAIO EDUARDO DA SILVA NASCIMENTO GABRIELE DOS SANTOS GALVÃO GUSTAVO RENAN MATOS DA SILVA RENATA SAYURI OUCHI MARTINS MARIA LÚCIA SOLEDADE SILVEIRA A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E SUAS CLASSIFICAÇÕES CASTANHAL 2022 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E SUAS CLASSIFICAÇÕES Trabalho de pesquisa apresentado a UNIVERDADE DE ADVOCACIA DA AMAZÔNIA (UNAMA), como requisito parcial para obtenção de nota complementar na Disciplina TEORIA E FUNDAMENTOS DA CONSTITUIÇÃO. Professora: Dr. Marcelo Pereira da Silva. CASTANHAL 2022 SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................................... 04 DESENVOLVIMENTO------------------------------------------------------------------------- 05 QUANTO À ORIGEM-------------------------------------------------------------------------- 05 QUANTO O CONTEÚDO---------------------------------------------------------------------- 05 QUANTO A EXTENSÃO---------------------------------------------------------------------- 05 QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO------------------------------------------------ 06 QUANTO A IDEOLOGIA--------------------------------------------------------------------- 06 QUANTO A FINALIDADE------------------------------------------------------------------ 06 QUANTO A ONTOLOGIA------------------------------------------------------------------ 07 QUANTO A ALTERABILIDADE------------------------------------------------------------ 07 QUANTO A FORMA-------------------------------------------------------------------------- 07 CONCLUSÃO----------------------------------------------------------------------------------- 08 REFERÊNCIAS-------------------------------------------------------------------------------- 09 1 INTRODUÇÃO Entre as definições de Constituição, prefiro a mais simples, encontrada no Dicionário Houaiss: ;É a lei máxima, à qual todas as demais devem se ajustar;. A Assembleia Nacional Constituinte de 1987/1988 (ANC) foi a única, de uma série de oito, que nasceu do acordo entre Poderes Executivo e Legislativo, governo e oposição. Ao contrário das sete anteriores, não foi fruto de golpe de Estado. Integra o rol das constituições democráticas de 1891,1934 e1946. Eram autoritárias a Carta Imperial de 25/3/1824; a Carta Constitucional de 10/11/1937; a Emenda n; 1, de 17/10/1969, outorgada pelos ministros Augusto H. Rademarker Grünewald, da Marinha; Aurélio de Lyra Tavares, do Exército; e Márcio de Sousa Mello, da Aeronáutica. A Constituição de 1967 é caso especial, merecedor de estudo à parte. No preâmbulo pessoal, incorporado na primeira edição do Senado, o dr. Ulysses Guimarães, presidente da ANC, ressaltou-lhe o caráter inovador, porque, diferentemente das anteriores, começa com o homem; Graficamente testemunha a primazia do homem, que foi escrita para o homem, que o homem é o seu fim e a sua esperança. É a Constituição Cidadã;. Na visão do dr. Ulysses, o homem é o problema da sociedade brasileira, sem salário, analfabeto, sem saúde, sem casa, portanto, sem cidadania;. Tento imaginar como se sentiria o saudoso presidente do PMDB, se vivo estivesse, ao ver o Brasil dividido, pobre, endividado, com milhões de desempregados e desocupados, amontoados em milhares de favelas. Ao ser promulgada em 5/10/1988, a Lei Fundamental continha 245 artigos e respectivos parágrafos, incisos e alíneas. Como apêndice, trazia o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) com outros 70 artigos, parágrafos, incisos e alíneas. Passados 32 anos, o número de artigos aumentou para 250 e as Disposições Constitucionais Transitórias passaram a 114. Com 364 dispositivos, só é menor do que a Constituição da Índia. Nenhuma outra foi alterada tantas vezes. São mais de 100 emendas que prometem aumentar. Exemplos de durabilidade são a Constituição Britânica e a Constituição Americana, que entrou em vigor em 1789. Contém sete artigos e foi emendada 22 vezes. A Constituição britânica não existe no formato de livreto. É o resultado de série de documentos reais, o primeiro dos quais foi a Magna Carta, outorgada por João Sem-Terra, em 15 de junho de 1215. Velha é, também, a da República de São Marino, em vigor desde 1600. O excessivo número de emendas revela a fragilidade das regras de proteção previstas no artigo 60, diante de um Poder Executivo forte e da capacidade de manipulação de partidos fracos pelos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. Alguém põe em dúvida a aprovação da reforma tributária e de outras que se seguirão? Quais são as razões da fragilidade que rebaixam a Constituição a espécie anômala de legislação ordinária? A primeira consiste na prolixidade, como resultado inevitável da quantidade de deputados federais e senadores constituintes, representantes de 12 partidos, no total de 559, com a seguinte distribuição: PMDB, 303; PFL, 135; PDT, 26; PTB, 18; PT, 16; PL, 7; PDC, 6; PCB, 3; PCdoB, 3; PSB, 2; PSC, 1. Em 1988, uma ala do PMDB se rebelou contra a direção e saiu para fundar o PSDB. Consultando a relação dos integrantes da ANC, encontramos raros especialistas em direito constitucional perdidos entre políticos profissionais, dirigentes sindicais, servidores públicos, advogados, economistas, empresários, médicos, dentistas, engenheiros, além de corruptos, arrivistas e semianalfabetos. A segunda resultou a falta de projeto. Deputados e senadores estavam distribuídos em oito comissões temáticas, 24 subcomissões e uma comissão de sistematização. No decorrer dos trabalhos, surgiram 20.791 emendas e foram realizadas 182 audiências públicas. Foi intensa a atuação de lobistas defendendo interesses corporativos. Na vigência da Constituição, foram depostos dois presidentes eleitos, preso um ex-presidente, processados e condenados deputados, senadores, governadores e empresários acusados de corrupção. O mensalão e a Operação Lava-Jato expuseram boa parte do subsolo pútrido do mundo político. A pandemia do coronavírus, por sua vez, acentuou a crise que se arrasta há mais de 30 anos. Conseguirá o Brasil se reconstruir preso às malhas da Lei Fundamental? É a pergunta que fazem os brasileiros conscientes da grave situação. 2.0. DESENVOLVIMENTO 2.1. QUANTO À ORIGEM 2.2. Promulgada É aquela que conta com a participação popular seja para elaborá-la, seja para escolher seus representantes para a feitura da Lei Maior. 2.3. Outorgadas São fruto de um ato unilateral de poder. Nascem em regimes ditatoriais, sem a participação do povo. 2.4. Cesaristas (Bonapartistas) São elaboradas unilateralmente, mas submetem-se à ratificação por meio de referendo. Não são nem promulgadas (democráticas) nem outorgadas. 2.5. Pactuada Surge de um acordo (pacto) entre uma realeza decadente, de um lado, e uma burguesia em ascensão, de outro. 3.0. Quanto ao Conteúdo 3.1. Formal Nessa classificação, leva-se em conta apenas o modo de elaboração da norma. Se ela passou por um processo mais solene, mais dificultoso de formação (constituição rígida), será formalmente constitucional, não importando de que matéria venha a tratar. 3.2. Material Por sua vez, para serem consideradas materialmente constitucionais é completamente irrelevante o modo como as normas foram elaboradas. Tratando de matéria essencialmente constitucional (estabelecimento de poder e sua limitação – através de divisão de poderes e de estabelecimento de direitos fundamentais, por exemplo) será norma materialmente constitucional. 4.0. Quanto à Extensão 4.1. Sintética É aquela Constituição que versa apenas de normas essenciais à estruturação do Estado, sua organização e funcionamento, bem como da divisão de Poderes e dos direitos fundamentais. ( 4 ) 4.2. Analítica De conteúdo extenso, a constituição analítica (prolixa, desenvolvida) trata de temas estranhos ao funcionamento do Estado, trazendo minúcias que encontrariammaior adequação fora da Constituição, em normas infraconstitucionais. 5.0. Quanto ao Modo de Elaboração 5.1. Dogmáticas Elaboradas em um momento determinado, refletem os valores (dogmas) daquela época. Podendo ser classificadas em sua ideologia como ecléticas ou ortodoxas. São sempre escritas. 5.2. Históricas Formam-se a partir do lento evoluir da sociedade, dos seus costumes (daí serem chamadas de costumeiras). Em razão desse lento processo de formação e sedimentação dos valores, são sempre não escritas. 6.0. Quanto à Ideologia 6.1. Ecléticas (Pragmáticas) Também chamadas de compromissórias, são Constituições dogmáticas que se fundam em várias ideologias. 6.2. Ortodoxas São fundadas em uma só ideologia. 7.0. Quanto à finalidade 7.1. Constituição-Garantia De texto reduzido (sintética), busca precipuamente garantir a limitação dos poderes estatais frente aos indivíduos. 7.2. Constituição Dirigente Caracterizada pela existência, em seu texto, de normas programáticas (de cunho eminentemente social), dirigindo a atuação futura dos órgãos governamentais. 7.3. Constituição-Balanço Destinada a registrar um dado estágio das relações de poder no Estado. Sua preocupação é disciplinar a realidade do Estado num determinado período, retratando o arranjo das forças sociais que estruturam o Poder. Faz um “balanço” entre um período e outro. 8.0. Quanto à Ontologia (Correspondência com a realidade) 8.1. Normativas Estão em plena consonância com a realidade social, conseguindo regular os fatos da vida política do Estado. 8.2. Nominativas (Nominalistas) São elaboradas com a finalidade de, efetivamente, regular a vida política do Estado. Mas, não alcança o seu objetivo. 8.3. Semântica São criadas apenas para legitimar o poder daqueles que já o exercem. Nunca tiveram o desiderato de regular a vida política do Estado. É típica de regimes autoritários. 9.0. Quanto à Alterabilidade 9.1. Imutável Não prevê mecanismos para sua alteração. Tem a pretensão de ser eterna. 9.2. Rígida Prevê um procedimento solene, mais dificultoso do que o previsto para alteração das leis ordinárias. Fundamenta-se no princípio da Supremacia Formal da Constituição. 9.3. Flexível O procedimento para alterar a Constituição é o mesmo processo legislativo de elaboração e alteração das leis ordinárias. 9.4. Semirrígida É em parte rígida e noutra parte flexível. Desse modo, algumas normas da Constituição só podem ser modificadas por um procedimento mais dificultoso, enquanto que as outras se submetem ao mesmo processo legislativo das leis infraconstitucionais. 1.0. Quanto à Forma 10.1. Escritas Formadas por um conjunto de regras formalizadas por um órgão constituinte, em documentos escritos solenes. Podem ser (a) codificadas, quando sistematizadas em um único texto, ou (b) legais, quando se apresentam esparsas ou fragmentadas. 10.2. Não-Escritas (Costumeiras ou Consuetudinárias) Não são solenemente elaboradas por órgão encarregado especialmente desse fim. São sedimentadas pelos usos, costumes, jurisprudência, etc. 3.0. CONCLUSÃO Conclui-se, portanto, que a Constituição Federal de 1988, classifica-se como promulgada, formal, analítica, dogmática, eclética (pragmática), dirigente, normativa (ou tendente a sê-la), rígida e escrita codificada. Apesar de historicamente termos grandes nomes, grandes filósofos, teóricos e doutrinadores que se debruçaram ao estudo da constituição, da sociedade e da nossa vida política para nos dar um norte e trazer a baila vários aspéctos e entendimentos, percebemos uma certa divergência em relação aos seus pontos de vistas e pesquisar que são extremamente relevantes para a temática e a nossa discursão, por exemplo: Raul M. Horta: para ele a Constituição é expansiva, com conteúdo anatômico estrutural (dividida em títulos, capítulos, seções), comparando-a com a Constituição interna e com as externas. Lassale: traz uma visão sociológica da Constituição Federal. Segundo ele a constituição é "uma folha de papel que deve ser criada pelos fatores reais de poder que devem refletir a força social, caso contrário será ilegítima". Karl Smith: traz uma visão política da Constituição Federal. Para ele a Constituição é uma decisão política fundamental, sendo suas demais normas meras leis constitucionais. Hans Kelsen: traz uma visão jurídica da Constituição Federal. Para ele a Constituição é "uma norma pura do dever ser sem ingerência sociológica ou jurídica". Desta forma teria a Constituição dois diferentes sentidos, o lógico-jurídico (no qual a CF é a norma hipotética fundamental) e o jurídico-fundamental (no qual a CF é a norma suprema). REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 2002. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 1999. REALE, Miguel. Filosofia do direito. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 1986. SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 1992.
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