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Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos - UNICEPLAC Curso de Medicina Veterinária Trabalho de Conclusão de Curso Vantagens e Desvantagens da Ovariohisterectomia precoce em Cadelas Gama-DF 2022 4 BÁRBARA GEOVANA FERREIRA DA SILVA Vantagens e Desvantagens da Ovariohisterectomia precoce em Cadelas Artigo apresentado como requisito para conclusão do curso de Bacharelado em Medicina Veterinária pelo Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. Orientador: Prof. Me. Guilherme Kanciukaitis Tognoli Gama-DF 2022 5 BÁRBARA GEOVANA FERREIRA DA SILVA VANTAGENS E DESVANTAGENS DA OVÁRIO-HISTERECTOMIA PRECOCE EM CADELAS Artigo apresentado como requisito para conclusão do curso de Bacharelado em Medicina Veterinária pelo Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. Gama-DF, dia 06 de Junho de 2022. Banca Examinadora Prof. Guilherme Kanciukaitis Tognoli Orientador Prof. Nome completo Examinador Prof. Nome Completo Examinador 6 Vantagens e Desvantagens da Ovário-histerectomia precoce em Cadelas Bárbara Geovana Ferreira da Silva1 Guilherme Kanciukaitis Tognoli2 Resumo Este estudo caracteriza-se como uma revisão de literatura, elencando pesquisas e dados da área para a questão das vantagens e desvantagens da ovário-histerectomia em cadelas jovens. A OSH é prática corriqueira no controle de reprodução de cães, mas ainda suscita constantes polêmicas quanto às consequências pós-cirúrgicas. No que diz respeito à esterilização total, profissionais que defendem a intervenção afirmam que a mesma, feita antes que ocorra o primeiro estro evita uma maior incidência de tumores mamários, dentre outros problemas, além de servir como efeito profilático no controle populacional. Em contrapartida, há autores que levantam controvérsias quanto ao procedimento, principalmente se realizado mais precocemente, pois pode acarretar em problemas endócrinos e no desenvolvimento de osteossarcomas, além de outras causas desmotivadoras. Por conseguinte, a presente pesquisa apresenta uma compilação de estudos que enfatizam vantagens e desvantagens, ou ainda, riscos e benefícios da ovário-histerectomia em cadelas, abordando aspectos relacionados a possíveis complicações, tendo em conta, sobretudo, o fator idade, nas consequências da utilização da técnica nesse grupo de animais. Quanto ao método, a revisão integrativa mostra-se eficaz, por proporcionar uma síntese de resultados de forma clara e abrangente. Palavras-chave: ovário-histerectomia; histerectomia precoce; fatores de risco; guarda responsável. Abstract This study is characterized as a literature review, listing research and data in the area for the question of the advantages and disadvantages of ovariohysterectomy in young bitches. Castration is a common practice in the control of dog reproduction, but it still raises constant controversies regarding the post-surgical consequences. With regard to total sterilization, professionals who defend the intervention claim that it, performed before the first estrus occurs, avoids a higher incidence of breast tumors, among other problems, in addition to serving as a prophylactic effect in population control. On the other hand, there are authors who raise controversy regarding the procedure, especially if performed earlier, as it can lead to endocrine problems and the development of osteosarcomas, in addition to other demotivating causes. Therefore, the present research presents a compilation of studies that emphasize advantages and disadvantages, or even risks and benefits of ovariohysterectomy in bitches, addressing aspects related to possible complications, taking into account, above all, the age factor, in the consequences of use of the technique in this group of animals. As for the method, the integrative review proved to be effective, as it provided a clear and comprehensive synthesis of results. Keywords: ovariohysterectomy; early castration; risk factors; responsible guard. 2Docente do Curso Medicina Veterinária, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. E-mail: guilherme.tognoli@uniceplac.edu.br. 1Graduanda do Curso Medicina Veterinária, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. E-mail: barbarageovanaf@gmail.com. 7 mailto:guilherme.tognoli@uniceplac.edu.br mailto:barbarageovanaf@gmail.com Sumário 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 9 2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................... 11 2.1 O Procedimento da Ovário-histerectomia ............................................................................. 11 2.2 Indicações e contra-indicações da Ovariohisterectomia ....................................................... 13 2.3 Vantagens e benefícios da Ovariohisterectomia ................................................................... 14 2.4 Desvantagens e complicações da Ovariohisterectomia ........................................................ 15 2.5 Raças e idades sugeridas para Ovariohisterectomia ............................................................. 16 3. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................... 17 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 18 8 1 INTRODUÇÃO A aproximação entre os cães e o homem, fenômeno de caráter mundial, apresenta um impacto significativo advindo das relações humanas com animais de companhia, que, pela interação que proporciona, complementa os interesses afetivos e psicológicos das pessoas, confirmando os ganhos positivos do estreito vínculo entre espécies para a saúde, tanto humana, quanto dos animais (FORTALEZA, 2006; 2009; BECK; KARCHER, 1996 citado por GARCIA, 2009). De acordo com o American Journal of Cardiology (2019), possuir um cão não é mais apenas uma questão de lazer ou companhia. São diversos os fatores que contribuem de forma significativa para essa associação. Dentre os benefícios indicados por pesquisas médicas a respeito da interação homem/animais, estão a redução do nível de estresse, controle da pressão arterial e menor chance de desenvolver problemas cardíacos nos humanos. Mas essa relação também não é livre de riscos, pois em muitos casos não há o devido conhecimento da biologia das respectivas espécies por parte dos tutores, e também das necessidades físicas, mentais e comportamentais dos animais, além da falta de cuidados adequados por parte do responsável, aspectos que podem terminar por acarretar problemas como o desequilíbrio populacional, devido ao alto potencial reprodutivo da espécie canina (GARCIA, 2012). A preocupação quanto ao manejo populacional de cães não é recente. Em 1992, a Organização Mundial da Saúde (OMS) colocou o controle da reprodução entre os três métodos práticos mais aceitáveis, para o controle da população canina, em conjunto com a restrição de movimento e o controle do habitat. Com isso, já alertava para a necessária responsabilização em relação aos cães como um dos aspectos de maior relevância (OMS, 1992). Nesse mesmo ano, iniciou-se o movimento No Kill Los Angeles (NKLA/Best Friends Animal Society), que tomou proporções mundiais por reivindicar a proibição da eliminação de animais saudáveis abandonados, defendendo o uso de estratégias éticas, ambientalmente sustentáveis, e mais socialmente aceitas, cujos reflexos ecoaram também no Brasil. Até o início dos anos 2000, o país fazia o controle da superpopulação de cães em situação de rua através das “carrocinhas”, tendo em vista impedir o crescimento desordenado e prevenir zoonoses. A prática, amplamente difundida em todo o território nacional, sem uma política de 9 controle de recolhimento das ruas e da destinação dada aos animais,foi uma das causas de defesa da histerectomia total, reivindicação que não se justifica totalmente, do ponto de vista ético, e dentre os motivos justificáveis para isso é ser a quantidade de cães em situação de rua uma pequena parte da população total estimada de cães no país (SOUZA, 2011; GARCIA,2012). Nesse sentido, os recolhimentos favoreceram para que a população adquirisse uma noção equivocada do que é a saúde pública e contribuíram para disseminar a cultura de guarda irresponsável, pois o tutor transferia sua responsabilidade para o serviço de saúde pública, resultando em milhares de animais direcionados para eutanásia (BIONDO, 2007). Em 2013, a população canina em domicílios brasileiros foi estimada em 52,2 milhões, o que se traduz em uma média de 1,8 cães por domicílio (IBGE, 2013). Estimativas em dados mais recentes da OMS (2019), afirmam haver cerca de 30 milhões de animais abandonados no Brasil. Desse número, 20 milhões são cães. A situação fica mais crítica sobretudo nas grandes metrópoles, onde, para cada cinco habitantes, contabiliza-se um cão em estado de abandono (ANDA, 2019). Apesar da crescente aceitação da intervenção cirúrgica como método contraceptivo permanente, e dos programas de esterilização, que ganham cada vez mais adeptos para a realização da prática nos mais diversos locais do Brasil, não existem evidências definitivas de que a esterilização, utilizada como método inconteste de controle de cães de companhia, resulte em impactos positivos indiscutíveis para a saúde desses animais (CARAMEZ, 2013). A esterilização eletiva de cadelas é um dos procedimentos cirúrgicos mais corriqueiros na medicina veterinária, sendo considerada uma das técnicas mais utilizadas, até pelos médicos veterinários recém-formados. A gonadectomia tem múltiplos benefícios, como controle populacional, prevenção de doenças do aparelho reprodutor, eliminação de comportamentos indesejados causados pela à ação hormonal, sendo até mesmo indicada como tratamento em algumas patologias relacionadas com o aparelho reprodutor, porém observa-se complicações e desvantagens em alguns casos (DETORA, 2011 ). No Brasil, normalmente a esterilização é indicada após o sexto mês de vida. Sobretudo, há estudos que demonstram que o procedimento pode ser feito a partir da sexta semana de idade. Denominada castração pediátrica ou pré-púbere, a técnica não se mostra diferente em relação a convencional, porém, observa-se controvérsias entre os médicos veterinários, devido a poucos 10 dados científicos que abordem benéficos ou maléficos para pacientes pediátricos, bem como a técnica cirúrgica adotada (GRAVINATTI; CONSTANTINO; BIONDO, 2015). Por conseguinte, o presente trabalho caracteriza-se como uma revisão de literatura, que tem por objetivo realizar um compilado de informações a respeito da prática da ovário-histerectomia, que relacione vantagens e desvantagens do procedimento realizado de forma precoce em cadelas, abordando aspectos relacionados a possíveis complicações, tendo em conta, sobretudo, o fator idade. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O Procedimento da Ovário-histerectomia O método da ovário-salpingo-histerectomia (OSH) consiste na retirada dos ovários, úteros e tubas uterinas. As fêmeas submetidas ao procedimento deixam de apresentar cio, não havendo mais, dessa forma, geração de novas proles (FORTALEZA; SILVA; MALDONADO, 2009). De acordo com Fossum (2014), a técnica cirúrgica realizada nas fêmeas, a ovário-histerectomia (OH), baseia-se em uma incisão caudal à cicatriz umbilical, abarcando a pele e o tecido subcutâneo, revelando a linha alba. A incisão é expandida, por meio de uma tesoura Mayo, e é feita a inspeção pelos cornos uterinos na cavidade, que após descobertos, o ligamento suspensor do ovário é rompido para que haja uma exteriorização do ovário. Coloca-se então três pinças hemostáticas (Crile) entre o pedículo ovariano e o ovário. A pinça proximal, serve como um sulco para a ligadura, a central prende o pedículo para ligação, e a pinça distal evita o refluxo do sangue após a transecção. O fio de sutura é posicionado próximo a pinça do pedículo do ovário, envolvendo um lado deste e dando a volta na sua outra metade, apertando firmemente, conforme figura: Figura 1:Representação esquemática dos genitais femininos e localização das ligaduras para ovário-histerectomia. 11 O termo correto é ovario-salpingo-histerectomia ou ovário-histerectomia? A sigla é OSH ou OH Padronizar Fonte: KÖNIG; LIEBICH, 2016. Dessa forma, faz-se uma transecção entre a pinça e o ovário com a seguinte inspeção quanto à sangramentos. Os mesmos movimentos são realizados no outro ovário. Já no corpo uterino é feita uma sutura em forma de oito. A agulha é passada no corpo circundando os vasos uterinos de cada lado, próximo a cérvix. Uma pinça hemostática é colocada cranialmente à sutura e é feita a transecção do corno uterino. Os fios de sutura usados são absorvíveis (2-0 ou 3-0), tais como, polidioxanona (PDS) e poliglactina 910 (Vicryl®). Por fim, a parede abdominal é fechada, na sequência linha alba, subcutâneo e pele (FOSSUM, 2014). 2.2 Indicações e contraindicações da Ovariohisterectomia Segundo Van Goethem et al. (2006) e Fossum (2015), a esterilização é um dos tratamentos de escolha para tumores uterinos. Van Goethem et al. (2006), também indicam o procedimento como tratamento para tumores ovarianos. Kustritz (2012) relata que cães submetidos à gonadectomia vivem mais que os intactos, pois o procedimento leva à diminuição de comportamentos sexuais de risco, que produzem alterações hormonais e desenvolvimento de enfermidades diversas do trato reprodutivo. Segundo Macedo (2011), seja qual for a modalidade eleita para a esterilização cirúrgica dos animais, todas trazem indicações e contra indicações. Com a esterilização ocorre uma diminuição dos hormônios esteróides gonadais que são relacionados com uma menor incidência de comportamentos sexuais dimórficos, como monta, marcação territorial, spraying e agressividade sexual. Apesar destes comportamentos serem mais 12 excluir excluir penso que, os dados desse tópico tu já poderia associar nas vantagens e desvantagens da ovario observados em machos, nota-se em fêmeas também, as quais após esterilização, deixam de manifestar as alterações comportamentais associadas ao estro. Não há indícios que a esterilização tenha efeito sobre comportamentos indesejados que não dependam da testosterona ou estrogénos como, por exemplo, agressividade associada ao medo (Kustritz, 2012;.McKenzie B. et al., 2010) Uma das indicações mais comuns é a piometra, que é a manifestação de uma infecção pelo desenvolvimento crônico de hiperplasia cística endometrial, com alta reatividade uterina à progesterona (Kustritz, 2014). Na Suécia, a esterilização é bastante incomum, e por este motivo, Sanborn, (2007) relata que 23% (vinte e três por cento) de todas as cadelas fêmeas desenvolveram piometra antes dos três anos de idade. Mas alerta que raramente cadelas castradas podem também desenvolver piometra de coto, relacionada à remoção incompleta de útero. Gráfico 1 – Risco de piometra nas principais raças de cães afetadas Fonte: LIMA, 2009. Kustritz (2007) diz que a incidência de piometra em cadelas nos Estados Unidos não foi relatada, provavelmente devido a prevalência de esterilização nessas espécies antes de alcançarem a idade que estariam mais predisponentes a desenvolver piometra. Fossum (2014) relata ainda que entre as razões para OHE estão prevenção de tumores mamários bem como anomalias congênitas, prevenção e tratamento de piometra, hemometra, metrite, neoplasias ovarianas e até vaginais, cistos, torção uterina, prolapso uterino, subinvolução dos anexos placentários, prolapso vaginal e hiperplasia vaginal, além do controle de algumas 13 Sugiro aumentar o tamanho da imagem e trocar a palavra gráfico por figura. Ou excluir e citar no texto apenas as raças acometidas. A imagem tem que ser chamada no texto. - Essasraças são da Suécia ou no Brasil? predispostas OHE, descrever por extenso primeiramente para depois citar apenas a sigla anormalidades endócrinas como diabetes e epilepsia, sendo também indicada na prevenção de dermatoses como o Demodex Generalizado. 2.3 Vantagens e benefícios da Ovariohisterectomia Um benefício social da OH é o aumento da chance de adoção em relação a cães inteiros, com grande impacto no controle populacional. Outro fator é a redução de problemas comportamentais associados aos hormônios sexuais, como monta, marcação territorial ou agressividade, comportamento de fuga e ansiedade de separação (Kustritz, 2012; Silva et al., 2015). Para diversos autores, a esterilização cirúrgica pode exercer um papel preventivo, se realizada em fêmeas antes do primeiro estro, e, entre o primeiro estro e o segundo (Van Goethem et al., 2006; Romagnoli, 2008; Kustritz, 2012; Fossum, 2015; Silva et al., 2015). Beauvais et al. (2012). Para os respectivos pesquisadores, quando a ovariohisterectomia é realizada antes do primeiro estro, o risco de desenvolvimento de neoplasia mamária cai para 0,05%, após o primeiro estro, para 8%, e, ainda, após o segundo estro, para 26%. Smith (2014) destaca que a ausência dos ovários é importante na prevenção de reincidência de leiomiomas vaginais em cadelas, mesmo que haja remoção cirúrgica incompleta do tumor. Outros autores como Pöppl et al., (2007), Carvalho (2012), Voorwald et al., (2013) e Silva et al., (2015), afirmam que a esterilização pode funcionar como medida de prevenção ao desenvolvimento de diabetes mellitus, porque a progesterona atua sobre a insulina e sobre o aporte de glicose para os tecidos. Nesse sentido, Reichler (2009) e Silva et al. (2015), concordam, pois afirmam que uma maior produção de hormônios pelo epitélio hiperplásico de glândulas mamárias pode gerar desestabilização do controle da glicemia, intolerância à glicose e resistência insulínica. 2.4 Desvantagens e complicações da Ovariohisterectomia Segundo Smith (2014), a relação hormônio-neoplasia mais estudada na medicina veterinária se refere aos efeitos da esterilização sobre o desenvolvimento de neoplasias mamárias. Reichler (2009), por sua vez, afirma que o risco de desenvolvimento de diabetes mellitus em cães 14 substituir por: a Sugiro acrescentar a taxa de fêmeas que podem desenvolver diabetes gestacional. Se há algum trabalho demonstrando essas informações fale mais sobre isso. Por qual motivo pode ocorrer o desenvolvimento das neoplasias mamárias? após o procedimento está associado ao aumento de peso, levando à obesidade, apesar da prática ser parte do tratamento da enfermidade em cadelas. Segundo Van Goethem et al., (2006) e Kustritz (2012), a hemorragia é a complicação mais comum, embora os autores afirmem não ser essa a intercorrência de maior peso nos casos de morte após o procedimento. A síndrome do ovário remanescente é uma das complicações que acarretam desvantagem no pós-operatório. Ela ocorre pela ressecção incompleta do tecido ovariano durante o procedimento, que deixa tecido residual que precisa se revascularizar para manter sua função (VAN GOETHEM et al., 2006; ADIN, 2011; CARVALHO, 2012). Outra desvantagem é a incontinência urinária, complicação observada principalmente em cadelas submetidas à OSH ou ovariectomia (SANTOS 2009, et al). Mesmo não havendo comprovação de que este problema esteja ligado à OH, observou-se que a incontinência estrógeno-dependente é aumentada em cadelas histerectomizadas (MACEDO, 2011). A obesidade, segundo Macedo (2011) num estudo realizado no Reino Unido demonstrou que cadelas esterilizadas seriam duas vezes mais propensas a ganhar peso, que as não castradas, mesmo consumindo quantidades de alimentos iguais. Já Rand (2008) diz que o ganho de peso independe da época da esterilização, contudo, ela está de fato relacionada com a queda de metabolismo dos animais castrados, mas que pode ser controlada com dieta e atividade física. Cadelas submetidas à ovariohisterectomia pré-púbere têm maiores chances de manutenção de vulva juvenil. Porém, a vulva juvenil geralmente não apresenta relevância clínica para cadelas saudáveis. Já em cadelas com sobrepeso, que apresente vulva juvenil, podem desenvolver dermatites perivulvares devido ao acúmulo de pele. (ANDRADE; KOGIKA, 2015). A esterilização precoce atrasa o fechamento das epífises ósseas, estendendo o crescimento, principalmente ulnar e radial, fazendo com que o animal permaneça por mais tempo em fase de crescimento, tornando alguns animais inclusive maiores do que seriam se não fossem castrados. Isso é muito mais observado em cães que em gatos (RAND, 2008). Estudos demonstram que há uma relação com a idade de esterilização e cistite, principalmente em cadelas precocemente esterilizadas (KUSTRITZ, 2007). Uma complicação observada a longo prazo é a displasia de anca canina, uma ocorrência ortopédica que, de acordo com um grande estudo envolvendo 1842 cães, notou-se uma maior incidência em cães submetidos à gonadectomia antes dos 5,5 meses de idade mas pode ser uma 15 padronizar as siglas sugiro revisar essa fonte, pois dependendo da situação, pode favorecer infecção do trato urinário forma menos severa de displasia de anca do que a observada em cães submetidos à gonadectomia entre os 5,5 meses e 1 ano de idade (SPAIN, 2004). Em um grande estudo, Hart (2020) constatou que nas raças Labrador Retrievers, Golden Retrievers e Pastores Alemães, ocorreu um aumento de um ou mais distúrbios articulares relacionados à castração no primeiro ano de vida em relação a cães inteiros. Nas fêmeas de Golden Retrievers, a castração em qualquer idade foi associada à ocorrência de um ou mais tipos de neoplasias comparado a fêmeas intactas. 2.5 Raças e idades sugeridas para Ovariohisterectomia A modalidade de esterilização precoce surgiu nos Estados Unidos da América, há cerca de trinta anos, como uma solução à superlotação de animais nos abrigos, como alternativa à eutanásia. A adoção do procedimento por parte dos abrigos de animais fez com que posteriormente, a normativa da OH precoce se tornasse lei naquele país (KISLAK, 1998). Nesse sentido, alguns pesquisadores argumentam que o animal mais jovem sofre menos complicações pós-cirúrgicas, pois possuem melhor recuperação (MACEDO, 2011). A gonadectomia precoce ou pediátrica refere-se ao procedimento realizado antes dos 6 meses de idade. Há autores que afirmam que a cirurgia neste período requer maiores cuidados, pois as estruturas são menores e mais friáveis, dilacerando-se mais facilmente e ocasionando hemorragias, hipovolemia e hipotensão (KUSTRITZ, 2002; HOWE, 2006; SILVA et al., 2015), pois há maior preocupação com risco anestésico já que as funções renal e hepática ainda não são plenas além de maior predisposição a hipotermia e hipoglicemia no período transcirúrgico (HOWE, 2006; KUSTRITZ, 2012). Há dois artigos publicados no jornal American Veterinary Medical Association (AVMA), de autoria de Scarlett e Houpt (2004), em que foram estudados 3.442 animais entre cães e gatos, submetidos à esterilização cirúrgica precoce, para se avaliar a melhor idade para este procedimento, chegando-se à conclusão de que mesmo havendo riscos, os benefícios os superam, afirmando então que veterinários podem seguramente aconselhar os abrigos de animais e seus clientes a castrar precocemente seus animais. Contudo um estudo realizado em Beagles jovens após a ovariohisterectomia, mostrou que as fêmeas apresentaram perda de trabeculação óssea e desenvolvimento de osteoporose. Isso está 16 sugiro usar isso no início da revisão sugiro deixar no início da revisão Isso não seria desvantagem? Sugiro colocar na parte das desvantagens sugiro que deixe esse tópico dividido entre os tópicos anteriores de vantagens e desvantagens. Citando as raças. Não vejo necessidade de fazer um tópico específico para as raças. relacionado à menor secreção de calcitonina após a castração, pois ocorre diminuiçãodo estímulo do estrogênio (ROMAGNOLI, 2008). Hart (2020), observou que as ocorrências de distúrbios articulares e cânceres, na maioria das raças, não estão totalmente relacionadas com a idade em que ocorreu a esterilização. Descobriu ainda que as doenças articulares que possam estar associadas à castração geralmente estão relacionadas ao porte do animal. Cães de pequeno porte como, Boston Terrier, Cavalier King Charles Spaniel, Chihuahua, Corgi, Dachshund, Maltês, Pomeranian, Poodle-Toy, Pug, Shih Tzu, Yorkshire Terrier, não parecem ter um risco aumentado de distúrbios articulares com a castração em relação às raças de maior porte. Foi constatado que o fator raça contribui muito para o desenvolvimento de problemas articulares e incidência de cânceres associados a esterilização em várias idades. Um exemplo disso foi notado com o Boston Terrier, onde a ovariohisterectomia na idade padrão de 6 meses não aumentou os riscos de distúrbios articulares ou câncer em relação a fêmeas intactas. O efeito oposto aconteceu com o Cocker Spaniel, onde a técnica aos 6 meses foi associada a um aumento de distúrbios articulares ou câncer. (HART,2020). Por seu turno, Macedo (2011) diz que há uma predisposição nas raças de cães como Poodles, Dachshunds, Boston Terriers e Boxers ao desenvolvimento de tumores destas glândulas após a ovariohisterectomia. Contudo, alerta que pode ocorrer em qualquer raça. Foi realizado um estudo nos Estados Unidos com 99.600 cães fazendo um comparativo entre os que passaram pela esterilização cirúrgica depois do primeiro ano de vida e pela esterilização precoce, por oito anos, e como resultado, ambos apresentaram as mesmas incidências de problemas comportamentais e físicos, sendo assim, é de inteira responsabilidade do veterinário, de acordo com cada caso, estipular a idade e a técnica a ser empregada.É importante ressaltar que para animais errantes, o objetivo principal da esterilização cirúrgica é reduzir a superpopulação (ANDRADE, 2013). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A esterilização cirúrgica de cadelas, como todo procedimento médico-cirúrgico, pode acarretar em complicações e riscos. Porém, com base neste compilado da literatura, observa-se que, entre vantagens e desvantagens como critério, não há um que se sobressaia, visto que cada 17 cadela deve ser analisada como um caso isolado, onde o médico veterinário deve levar em consideração todo o histórico do animal, bem como exames e indicações para a realização da ovariohisterectomia. Nota-se que a literatura ainda é muito carente sobre o assunto, pois não há estudos especializados suficientes, que abordem o aspecto esterilização pediátrica. Nota-se que grande parte dos médicos veterinários se mostram a favor da esterilização cirúrgica, isso se deve a grande disseminação da técnica que já vem de bastante tempo, quando o problema era o descontrole populacional e disseminação de zoonoses, onde em países como Estados Unidos a prática se mostrou bastante eficaz na resolução dos mesmos. Contudo, é necessário que sejam observadas também as complicações da retirada definitiva de um órgão que tem seu papel dentro de um sistema vivo. No Brasil não há legislação específica que normatize a guarda responsável, que requer, além da vigilância e companhia do animal, cuidado constante, assistência afetiva e material. Campanhas isoladas ou esporádicas não diminuem as taxas de abandono, pois esse resultado depende principalmente da responsabilização para com os animais. Por conseguinte, o manejo dos cães não deve se restringir tão somente ao controle da reprodução, pois, conforme visto, há outros critérios que precisam ser observados. Contudo, nesta revisão integrativa de literatura é possível observar que a ovariohisterectomia é um método seguro e eficaz no controle de natalidade e de patologias do trato reprodutivo. 4 REFERÊNCIAS ADIN, C.A. Complications of Ovariohysterectomy and Orchiectomy in Companion Animals. 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Agradeço a minha mãe Jura, que sempre foi meu alicerce, alguém que nunca mediu esforços para me ver feliz, proporcionando-me apoio financeiro e emocional durante toda a minha formação acadêmica. Agradeço a minha irmã Lorena, que sempre me encorajou em minha trajetória, foi minha escudeira e cúmplice, sempre me dando forças, encorajando, aumentando minha autoestima, para ela sou a melhor veterinária do mundo. Agradeço muito ao meu marido Marcos Vinícius, pois quando eu tinha medo de mergulhar no mundo da Medicina Veterinária, ele encorajou-me a largar tudo que eu fazia antes, para adentrar no mundo da saúde animal, algo que eu não sabia que era tão intrínseco a mim, e hoje estar chegando ao fim deste curso. Agradeço infinitamente ao meu eterno cão Napoleão, por ter sido meu melhor amigo nessa vida toda, além de ter muitas vezes sido cobaia para meu aprendizado, especialmente nos anos finais de sua vida, estará para sempre em meu coração. Ao meu filho Rafael, por ter vindo ao mundo para me trazer maturidade, alegria e muito amor. E a todos os meus amigos e familiares, que sempre me incentivam e acreditam no meu potencial. Meu Muito Obrigada! 22 23
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