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27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 1/26 DIREITO CONSTITUCIONAL CAPÍTULO 4 - O QUE SÃO E COMO SE APLICAM OS REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS? Guilherme Aparecido da Rocha INICIAR Introdução Neste capítulo, você estudará sobre o controle principal de constitucionalidade, conhecendo a ação declaratória de constitucionalidade, a ação direta de inconstitucionalidade interventiva e a arguição de descumprimento de preceito fundamental. Você aprendeu que, em alguns casos, leis são publicadas em violação formal ou material à Constituição e que, para essas situações, existe a ação direta de inconstitucionalidade. Agora, se a inconstitucionalidade ocorrer em decorrência da ausência de uma lei? Isso é possível? Você também já aprendeu que ação direta de inconstitucionalidade somente pode ser ajuizada pelos legitimados constitucionais. Mas, no caso de uma omissão inconstitucional, há algum instrumento que você, isoladamente, possa utilizar para ser protegido pelo poder Judiciário? Neste capítulo, você encontrará essa resposta, precisamente no segundo tópico de estudo. 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 2/26 Nesse contexto, você já ouviu falar em remédios constitucionais? Sabe o que isso significa? O terceiro tópico deste capítulo explora esses instrumentos constitucionais que são imprescindíveis para a proteção dos direitos humanos. A organização da ordem econômica e social também é objeto de estudo neste capítulo. Você já parou para pensar quais são os objetivos da atividade econômica no Brasil? E da ordem social? A Constituição Federal de 1988 prevê esses assuntos de maneira detalhada, conforme você aprenderá no último tópico deste material. 4.1 Controle principal de constitucionalidade (Parte II) Prosseguindo os estudos sobre a organização do poder Judiciário, você estudará outras ações que são utilizadas no controle principal de constitucionalidade, iniciando pela ação declaratória de constitucionalidade. Aliás, se há uma ação direta de inconstitucionalidade, por que a Constituição também previu uma que serve ao objetivo inverso? Você compreenderá a razão dessa ação durante o desenvolvimento deste tópico. Você também estudará a ação direta de inconstitucionalidade interventiva, que não possui um amplo rol de legitimados, como a ação direta de inconstitucionalidade propriamente dita ou como a ação declaratória de constitucionalidade. Conforme você estudará, essa é uma ação para momentos de crise institucional e de rara utilização. Por fim, estudará a arguição de descumprimento de preceito fundamental. Você sabe o que significa preceito fundamental da Constituição? Essa e outras respostas você obterá a seguir. 4.1.1 Ação declaratória de constitucionalidade; ação direta de inconstitucionalidade interventiva; arguição de descumprimento de preceito fundamental Além da ação direta de inconstitucionalidade, a Constituição Federal de 1988 prevê outros mecanismos destinados ao controle de constitucionalidade, como a ação declaratória de constitucionalidade, a ação direta de inconstitucionalidade interventiva e a ação de arguição de descumprimento de preceito fundamental. 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 3/26 A ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade são ações de sinais trocados. A primeira serve à eliminação de uma lei ou ato normativo inconstitucional do ordenamento jurídico e a última à declaração de compatibilidade com a Constituição Federal, objetivando eliminar eventuais dúvidas que pairem acerca da sua interpretação em relação ao texto constitucional. Diferente da ação direta de inconstitucionalidade, prevista desde a redação original da Constituição Federal de 1988, a ação declaratória de constitucionalidade foi inserida por meio da Emenda Constitucional n.° 3/1993. Ela visava a suprir uma lacuna específica do ordenamento, que recaía sobre a necessidade de apresentar uma interpretação definitiva sobre a compatibilidade de determinada lei ou ato normativo em face da Constituição. CASO Publicada determinada lei sobre tratamento tributário diferenciado e favorecido para micro e pequenas empresas, surgiu dúvida sobre a constitucionalidade da sua interpretação em relação à preferência para participação dessas empresas em licitações. A dúvida surgiu em virtude da diferenciação em relação às demais empresas, notadamente porque elas foram impedidas de participar de licitações de pequeno valor, reservadas a micro e pequenas empresas. Depois da propositura de algumas ações judiciais em diferentes Estados brasileiros, alguns proferiram decisões pela inconstitucionalidade da lei, e outros decidiram em sentido oposto. Para afastar as dúvidas e a insegurança, o presidente da República propôs ação declaratória de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal. A opção por essa ação, ao invés da ação direta de inconstitucionalidade, é clara: objetiva-se manter a lei mediante a declaração da sua constitucionalidade e não o contrário. Com a procedência da ação declaratória de constitucionalidade encerra-se o problema e estabiliza- se a situação diferenciadora, que foi julgada definitivamente pelo órgão de cúpula do poder Judiciário brasileiro. A ação direta de inconstitucionalidade interventiva tem um objetivo específico, que é viabilizar a intervenção federal. Essa medida constitucional extrema tem aplicação nos casos previstos pelo art. 34 da Constituição Federal, como manter a integridade nacional (inciso I), repelir invasão estrangeira ou de um ente federativo em outro (inciso II), encerrar grave comprometimento da ordem pública (inciso III), garantir a liberdade de qualquer dos Poderes da República (inciso IV), reorganizar as finanças de ente federativo nas hipóteses constitucionais (inciso V), prover a execução da lei 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 4/26 federal, de ordem ou de decisão judicial (inciso VI) ou para assegurar a obediência aos princípios constitucionais sensíveis (inciso VII). Mas é apenas a violação dos princípios constitucionais sensíveis que interessa à ação direta de inconstitucionalidade interventiva. Veja quais são: Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: [...] VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. No caso do inciso VII do art. 34, a intervenção deve ser precedida de uma ação direta de inconstitucionalidade interventiva, que somente pode ser ajuizada pelo procurador-geral da República. Note, portanto, que há um legitimado exclusivo para essa ação, diferente da ação direta de inconstitucionalidade geral, que pode ser proposta por qualquer um dos legitimados enumerados no artigo 103 da Constituição. VOCÊ SABIA? A intervenção federal foi utilizada pela primeira vez em 2018, pelo presidente Michel Temer, em relação ao Estado do Rio de Janeiro. A medida foi utilizada para corrigir problemas de segurança pública e, como foi pontual, não afastou o governador de todas as suas atribuições, mas apenas daquelas relacionadas à segurança. 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 5/26 Se o Supremo Tribunal Federal julgar procedente a ação direta de inconstitucionalidade interventiva, requisitará ao presidente da República que decrete a intervenção. Recebida a requisição do STF, o presidente emitirá Decreto quesuspenderá o ato impugnado, mas, se a medida não for suficiente, aí sim será decretada a intervenção federal com todos os seus efeitos, inclusive com afastamento da autoridade responsável. (LENZA, 2017) A intervenção federal é um mecanismo excepcional que se destina a remediar uma grave crise. O artigo “A intervenção federal no Direito Constitucional brasileiro”, de autoria de Ana Cláudia Silva Scalquette, aborda aspectos importantes desse instrumento que serve à superação das situações de crise. Acesse: <http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/rmd/article/view/7270 (http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/rmd/article/view/7270)>. A arguição de descumprimento de preceito fundamental, assim como a ação direta de inconstitucionalidade, está presente no texto da Constituição Federal de 1988 desde a sua redação original (parágrafo primeiro do artigo 102), além de regulamentada pela Lei n.º 9.882/99, que prevê o seu rito processual. Contudo, nem a Constituição nem a Lei n.º 9.882/99 definiram o que é preceito fundamental. O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, também não apresentou uma definição da expressão, transferindo o encargo à doutrina (LENZA, 2017). Para André Ramos Tavares (2017, p. 324), A arguição é ação (podendo assumir a feição de incidente constitucional), de competência originária do Supremo Tribunal Federal, que desencadeia o denominado processo objetivo com eficácia final ampliada em relação aos tradicionais mecanismos de controle abstrato, cujo fundamento é o descumprimento de preceito constitucional consagrador de valores basilares para o Direito pátrio, descumprimento este perpetrado por ato de natureza estatal, quando direta a modalidade, ou por atos normativos, quando se tratar de arguição na modalidade incidental, aplicando-se, por força de lei, o critério da subsidiariedade (sendo referencial, para este, a possibilidade de sanar plenamente a lesão a preceito fundamental). VOCÊ QUER LER? http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/rmd/article/view/7270 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 6/26 Ao analisar atos normativos proibitivos da importação de pneus usados, por exemplo, o STF considerou atingidos os preceitos fundamentais da saúde e do meio ambiente. Na ocasião, considerou constitucional tais atos proibitivos e admitiu a arguição de descumprimento de preceito fundamental diante da insegurança jurídica que existia no País, em virtude de decisões divergentes proferidas pelos Tribunais e da ausência de outro instrumento processual para solucionar especificamente o problema. VOCÊ SABIA? Em razão do julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n.° 54, admitiu-se o aborto de fetos anencefálicos, ou seja, fetos com ausência parcial ou total do cérebro. A ação foi julgada procedente por nove votos a dois e gerou muita discussão entre grupos pró e contra o aborto. Além dos instrumentos estudados, a Constituição também prevê formas de correção de omissões inconstitucionais. Assunto do próximo tópico. 4.2 Controle das omissões inconstitucionais Em relação às omissões inconstitucionais, você já aprendeu que a Constituição pode ser violada por uma lei ou ato normativo, e que essa violação pode ser formal ou material. Mas é possível que a Constituição seja violada pela ausência de uma lei ou de um ato normativo? Por exemplo, se o texto constitucional assegura determinado direito, que depende de uma lei, a omissão do poder Legislativo em produzir essa lei gera uma inconstitucionalidade? A Constituição previu importantes instrumentos às pessoas atingidas por omissões inconstitucionais, que você estudará a partir de agora. 4.2.1 Ação direta de inconstitucionalidade por omissão 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 7/26 A lei ou ato normativo pode contrariar formal ou materialmente a Constituição Federal. Nesses casos, você aprendeu quais os instrumentos disponibilizados pela própria Constituição para manutenção da sua supremacia. Agora, você aprenderá que a ausência de algumas normas também pode violar a Constituição e, para esses casos, também existem instrumentos disponíveis. A ação direta de inconstitucionalidade por omissão viabiliza que o poder Judiciário analise a ausência da medida e identifique se ela gera, ou não, alguma inconstitucionalidade. O Supremo Tribunal Federal é o órgão competente para apreciar a omissão inconstitucional de autoridades federais. A omissão que pode gerar a inconstitucionalidade não é apenas de uma lei que deveria ter sido elaborada e não foi. Isso porque o § 2º do artigo 103 da Constituição se refere à “omissão de medida” que impeça a eficiência de norma constitucional, o que pode ser praticado por qualquer poder da República (Legislativo, Executivo e Judiciário), assim como por órgãos administrativos. (LENZA, 2017) Os Tribunais de Justiça são competentes para apreciar omissões inconstitucionais em face das respectivas Constituições Estaduais. Figura 1 - A falta de legislação pode violar a Constituição. Fonte: garagestock, Shutterstock, 2018. 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 8/26 Os legitimados à propositura da ação direta de inconstitucionalidade por omissão são os mesmos da ação direta de inconstitucionalidade, previstos no artigo 103 da Constituição Federal. Quando o Supremo Tribunal Federal reconhece que há omissão inconstitucional em sentença proferida na ação direta de inconstitucionalidade, deve adotar, como ato contínuo, diferentes medidas, a depender de quem é o responsável pela omissão. Se for um poder da República, deve apenas cientificá-lo da decisão para que as providências necessárias possam ser adotadas. Nota-se, nesse caso, uma recomendação para que se mantenha a independência e harmonia entre os poderes. Por outro lado, se o responsável pela omissão for um órgão administrativo, este será cientificado para suprir a omissão em 30 dias, caso em que se constata uma efetiva ordem. 4.2.2 Mandado de injunção Assim como o cidadão não pode ir ao poder Judiciário discutir, em tese, a constitucionalidade de uma lei ou ato normativo no bojo de uma ação direta de inconstitucionalidade, também não pode fazê-lo em relação às omissões inconstitucionais. Para que ela possa receber uma resposta do poder Judiciário, deve demonstrar qual é o prejuízo que está suportando em face da ausência da norma. Para isso, deve utilizar o mandado de injunção. Diferente da ação direta de inconstitucionalidade por omissão, que somente pode ser ajuizada pelos legitimados constitucionais do artigo 103 da Constituição Federal, o mandado de injunção pode ser ajuizado por qualquer pessoa, desde que presentes os requisitos exigidos pelo texto constitucional. O mandado de injunção está previsto no artigo 5°, inciso LXXI da Constituição Federal. Veja: Art. 5°. [...] LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Se você estiver privado de algum direito porque o legislador ainda não o regulamentou, em descumprimento de mandamento constitucional, pode impetrar mandado de injunção para corrigir o problema. Note, porém, que há uma dupla 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 9/26 exigência: você deve estar impedido de exercer algum direito ou liberdade e o legislador deve descumprir o dever de regulamentá-lo, o qual deve estar previsto constitucionalmente. Nesse sentido, veja o entendimento do Supremo Tribunal Federal: O direito à legislação só pode ser invocado pelo interessado, quando também existir – simultaneamente imposta pelo próprio texto constitucional – a previsão do dever estatal de emanar normaslegais. Isso significa que o direito individual à atividade legislativa do Estado apenas se evidenciará naquelas estritas hipóteses em que o desempenho da função de legislar refletir, por efeito de exclusiva determinação constitucional, uma obrigação jurídica indeclinável imposta ao poder público. (BRASIL, 2014) Esse é o caso do direito à greve dos servidores públicos, que, diante da ausência de regulamentação, em desrespeito ao que prevê o artigo 37, inciso VII da Constituição, foi levado ao poder Judiciário por meio de mandado de injunção (precisamente, por meio dos mandados de injunção n.º 670, n.º 708 e n.º 712). Figura 2 - A greve é um direito de todos os trabalhadores, conforme prevê a Constituição. Fonte: Sinan Niyazi KUTSAL, Shutterstock, 2018. 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 10/26 Mas o que, exatamente, o poder Judiciário pode fazer quando reconhece que a omissão do poder Legislativo (ou do Executivo, quando for o caso) viola a Constituição Federal? Ele pode criar a lei ou o ato normativo? Evidente que não, pois ao Judiciário não foi concedido o poder de produzir leis, mas ele deverá decidir como viabilizar o direito enquanto a lei não for elaborada. No caso da greve dos servidores públicos, o poder Judiciário decidiu pela aplicação, ao poder Público, da lei que disciplina a greve na iniciativa privada (ou seja, da Lei n.º 7.783/89). Note que o Judiciário não criou regras legais, apenas utilizou o próprio ordenamento jurídico para estender os efeitos de uma lei, aplicável a determinada categoria, a outra. A solução provisória é razoável e evita a privação de direitos dos servidores públicos. Há divergência, no entanto, sobre os limites de uma decisão do Supremo Tribunal Federal nos casos do mandado de injunção. Até que ponto o poder Judiciário pode autorizar o gozo de um direito sem lei que o tenha regulamentado? Esses questionamentos são polêmicos e continuam em pauta. Para conhecer os diferentes posicionamentos sobre os limites das decisões do poder Judiciário em sede de mandado de injunção, leia o artigo “Decisão e efeitos do mandado de injunção e a posição concretista do Supremo Tribunal Federal”, de Thaís Vandresen e Juliana Pavesi. Acesse: <http://periodicos.unifebe.edu.br/index.php/revistaeletronicadaunifebe/article/view/545 (http://periodicos.unifebe.edu.br/index.php/revistaeletronicadaunifebe/article/view/545)>. O mandado de injunção serve ao controle das omissões inconstitucionais e, ao mesmo tempo, é um remédio constitucional. Mas você sabe o que isso significa? No próximo tópico você compreenderá essa definição. VOCÊ QUER LER? 4.3 Controle de constitucionalidade e remédios constitucionais http://periodicos.unifebe.edu.br/index.php/revistaeletronicadaunifebe/article/view/545 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 11/26 Neste tópico, você estudará os remédios constitucionais. Você sabe o que isso significa? Esses instrumentos são previstos na Constituição para assegurar a proteção de direitos fundamentais e são determinantes para casos que demandam uma resposta célere do poder Público. Você já ouviu falar em habeas corpus? Qual é a relação desse remédio constitucional com a liberdade? E em habeas data, você já ouviu falar? Esse instrumento também serve para a proteção de um direito constitucional específico. Já o mandado de segurança, remédio constitucional que você provavelmente já ouviu falar e que pode ser impetrado de forma individual ou coletiva, serve para proteger diversos direitos constitucionais. 4.3.1 Habeas corpus, habeas data e mandado de segurança Ao lado dos direitos fundamentais, a Constituição previu alguns instrumentos destinados à garantia desses direitos. São mecanismos processuais que asseguram o gozo dos direitos sempre que eles sofrerem ou estiverem na iminência de sofrer alguma lesão. Nesse contexto, a doutrina distingue entre direitos e garantias nos seguintes termos: Assim, os direitos são bens e vantagens prescritos na norma constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos através dos quais se assegura o exercício dos aludidos direitos (preventivamente) ou prontamente os repara, caso violados. Por fim, diferenciar as garantias fundamentais dos remédios constitucionais. Estes últimos são espécie do gênero garantia. Isso porque, uma vez consagrado o direito, a sua garantia nem sempre estará nas regras definidas constitucionalmente como remédios constitucionais (ex.: habeas corpus, habeas data etc.). Em determinadas situações a garantia poderá estar na própria norma que assegura o direito (LENZA, 2017, p. 669). Quando a Constituição prevê a inviolabilidade da liberdade de crença, estipula um direito (art. 5º, VI). Quando garante a proteção aos locais de culto (no mesmo art. 5º, VI), prevê uma garantia para aquele direito. Há casos, no entanto, que o direito não está acompanhado da respectiva garantia, e também há casos de violação completa, ou seja, do direito e da garantia. Para essas situações, existem os remédios constitucionais. São chamados de Remédios porque servem para “curar doenças” geradas pela lesão a direitos fundamentais previstos na Constituição. 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 12/26 O habeas corpus, o habeas data e o mandado de segurança são instrumentos processuais ágeis, previstos diretamente na Constituição como uma solução rápida para afastar a lesão ao direito à liberdade (por meio do habeas corpus), ao acesso a informações pessoais (por meio do habeas data) e a outros (combatíveis por meio do mandado de segurança). A previsão do habeas corpus está contida no inciso LXVIII do artigo 5° da Constituição Federal. Veja: Art. 5°. [...] LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. O habeas corpus é instrumento para prevenir e também para remediar situação de ameaça ou lesão à liberdade de locomoção. Quando uma pessoa se encontra indevidamente privada da sua liberdade de locomoção pode impetrá-lo. Mas também é possível ajuizá-lo de modo preventivo, para evitar que uma prisão na iminência de ocorrer se consume. 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 13/26 Também é possível que o habeas corpus seja impetrado em nome de terceiro, ou seja, você pode ajuizá-lo para salvaguardar o direito a liberdade de outrem. Essa possibilidade existe em razão da grandeza do direito à liberdade, que não pode ser indevidamente tolhido de ninguém. O habeas data está previsto no inciso LXXII do artigo 5° da Constituição Federal, que prevê: Art. 5°. [...] LXXII - conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; [...] Figura 3 - A privação da liberdade é a mais grave das sanções do Direito Penal brasileiro. Fonte: Mopic, Shutterstock, 2018. 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 14/26 São duas as opções de utilização do habeas data. A primeira serve para assegurar o acesso a informações de caráter pessoal que estejam armazenadas em bancos de dados públicos (como o do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, por exemplo) ou de caráter público (como o de serviços de proteção ao crédito – SPC, por exemplo). A segunda, serve para obrigar a retificação de dados quando há prévia negativa do órgão público ou de caráter público. O mandado de segurança é uma figura residual em relação ao habeas corpus e ao habeas data. Ele é utilizável quando essas ações nãoforem cabíveis, ou seja, se aplica para a proteção de outros direitos. Veja o teor do dispositivo constitucional que o prevê: Art. 5°. [...] LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Figura 4 - A transparência nos bancos de dados públicos é um dever que não pode ser violado. Fonte: Marta Design, Shutterstock, 2018. 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 15/26 O direito violado, para que possa ser protegido pelo mandado de segurança, deve ser líquido e certo. Para Sérgio Ferraz (1993, p. 19), “líquido será o direito que se apresenta com alto grau, em tese, de plausibilidade; e certo, aquele que se oferece configurado preferencialmente de plano, documentalmente sempre, sem recurso a dilações probatórias”. O mandado de segurança pode ser impetrado de forma individual ou coletiva. No último caso, somente pode ser impetrado por partido político que tenha representação no Congresso Nacional (art. 5°, LXX, “a”, da CF/88) ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses dos seus membros ou associados (art. 5°, LXX, “b”, da CF/88). Não é possível, portanto, que um mero agrupamento de pessoas ajuíze, conjuntamente, um mandado de segurança coletivo. 4.4 Ordem econômica e social Você estudará a ordem econômica e a social de acordo com a Constituição Federal de 1988. Você já se questionou sobre quais são os objetivos da atividade econômica brasileira? Sabia que a Constituição estipula esses objetivos e prevê mecanismos para assegurar que eles sejam observados? Os princípios que orientam a ordem econômica são objeto de abordagem neste tópico, assim como outros assuntos relacionados. Embora a livre iniciativa seja a regra da economia brasileira, existem alguns setores monopolizados pela União. Por que isso ocorre? Você também estudará a ordem social, que abrange setores indispensáveis do Estado, como a seguridade social, a educação, a cultura, o desporto, a ciência, tecnologia e inovação, a comunicação social, o meio ambiente, a família, as crianças, os adolescentes, os jovens, os idosos e os índios. 4.4.1 Princípios da intervenção e da regulação do Estado no domínio econômico e social A partir do artigo 170 da Constituição constata-se a disciplina normativa da Ordem Econômica e Social do Estado brasileiro. A ordem econômica é disciplinada, precisamente, do artigo 170 até o artigo 192, enquanto a ordem social é tratada do 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 16/26 artigo 193 até o artigo 232 do texto constitucional. Depois, você encontrará apenas as disposições constitucionais gerais e o ato das disposições constitucionais transitórias. A atividade econômica no Brasil se desenvolve a partir dos princípios consignados no artigo 170 da Constituição Federal. Veja: Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente [...]; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. O caput do artigo 170 da Constituição estabelece que os fundamentos da ordem econômica são a valorização do trabalho humano e a livre iniciativa. Também é claro ao estipular que a finalidade da ordem econômica é assegurar dignidade (existência digna), conforme as balizas da justiça social e de nove princípios explícitos, apresentados nos incisos que você acabou de identificar. O primeiro princípio que baliza a ordem econômica é a soberania nacional. O Brasil possui a supremacia das decisões que impactam a economia interna do País, não estando sujeito às ordens de nenhum outro Estado. Com a globalização e a evolução dos meios de comunicação, no entanto, é cada vez maior a relativização desse princípio, haja vista a impossibilidade de controlar completamente as relações estabelecidas entre brasileiros e pessoas de outros Estados. 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 17/26 Fundamental à iniciativa privada e assegurado no inciso II do artigo 170 da Constituição, a propriedade privada viabiliza que qualquer pessoa obtenha o domínio sobre quantos bens móveis e imóveis quiser, o que também inclui a participação em atividades empresárias. Uma pessoa pode, por exemplo, ser proprietária de 10 (ou mais) diferentes negócios, se quiser. Na sequência da previsão do princípio da propriedade, constata-se o da função social da propriedade. Esse princípio limita aquele, ou seja, impede que a pessoa desfrute do direito à propriedade ao seu modo, independente dos efeitos que o uso possa gerar a terceiros. Se outrora a propriedade poderia ser considerada um direito Figura 5 - O Brasil é soberano em relação à sua política econômica. Fonte: michal812, Shutterstock, 2018. 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 18/26 absoluto, isso não se aplica desde o início da vigência da Constituição Federal de 1988. Agora, fica claro no texto constitucional que a propriedade deve ser utilizada de modo a não prejudicar terceiros. Você deve interpretar o uso da propriedade privada, portanto, com as finalidades da ordem econômica previstas no caput do artigo 170 (assegurar existência digna a todos, conforme os ditames da justiça social). A livre concorrência, prevista no inciso IV do artigo 170, é fundamental à ordem econômica que preza pela livre iniciativa. Só há liberdade de empreender quando o Estado assegura a liberdade de concorrência. Do contrário, de que adiantaria assegurar a liberdade de iniciar uma atividade empresarial se o Estado permitisse que as grandes empresas dominassem todos os setores? É por isso que a legislação prevê mecanismos voltados a coibir práticas que visem à dominação dos mercados. O inciso V do artigo 170 prevê a defesa do consumidor como princípio da ordem econômica. Trata-se de relevante dispositivo, que ordena o respeito às regras de proteção do consumidor no contexto das relações empresariais. O consumidor, enquanto parte presumivelmente mais frágil na relação de consumo, tem direitos que devem ser observados pelos empresários, sob pena de sanções de natureza civil e criminal. Figura 6 - A proteção do consumidor é um dever dos empresários, conforme determina a Constituição. 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 19/26 A defesa do meio ambiente, prevista no inciso VI do artigo 170, garante a conjugação entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental, da qual decorre o desenvolvimento sustentável. “Fica certo, dessa forma, que a exploração dos recursos ambientais necessários ao desenvolvimento econômico do país deve ser pautada pelas diretrizes do chamado desenvolvimento sustentável, opondo-se à devastação ambiental inconsequente e desmedida” (TAVARES, 2011, p. 185-186, grifo do autor). O documentário Home – Nosso Planeta, Nossa Casa tem por objetivo conscientizar as pessoas sobre a fragilidade do planeta Terra e sobre os impactos do consumo excessivo. Ele foi filmado de um ponto de vista aéreo, é dirigido por Yann Arthus-Bertrand e está disponível em: <https://www.youtube.com/watch? v=xQBDN3zuw0U (https://www.youtube.com/watch?v=xQBDN3zuw0U)>.Mas a sustentabilidade não decorre apenas do exercício econômico com a preservação do meio ambiente. Ela demanda, também, a proteção social. Por isso entende-se que a sustentabilidade depende, necessariamente, de um tripé que conjuga os setores econômico, ambiental e social. (ELKINGTON, 1999) John Elkington é um sociólogo britânico muito conceituado. É fundador de uma importante empresa de consultoria que desenvolveu importantes noções sobre sustentabilidade e consumo consciente. Publicou vários livros, como o “Guia do Consumidor Verde”, que se tornou best-seller. Fonte: Shutterstock, 2018. VOCÊ QUER VER? VOCÊ O CONHECE? https://www.youtube.com/watch?v=xQBDN3zuw0U 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 20/26 A atividade econômica também deve ser desenvolvida para que as desigualdades existentes do Estado sejam reduzidas, tanto as sociais, presentes em todo o território nacional, como as regionais, que relacionam as diferenças de desenvolvimento entre determinadas localidades do Brasil. O emprego, fundamental à autonomia da pessoa humana e à busca pelo seu desenvolvimento pessoal e familiar, foi expressamente consignado como princípio da ordem econômica brasileira. Compete ao Estado, bem como às empresas, buscar, com o máximo de esforços, que a maior quantidade possível de pessoas esteja atuando no mercado de trabalho. O tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte, previsto no inciso IX do artigo 170, se combina diretamente com a livre concorrência. Como assegurar a existência de pequenas empresas no mercado se as grandes puderem explorar a atividade econômica por qualquer meio? É para viabilizar a concorrência que a Constituição prevê benefícios às micro e pequenas empresas, que constituem tratamento favorecido em relação às demais. Tais benefícios viabilizam que essas empresas se mantenham no mercado, o que não seria possível se tivessem que arcar com os mesmos custos de grandes empresas. Como regra, o Estado não explora a atividade econômica. Mas a própria Constituição prevê os casos de exceção, quais sejam: quando necessário aos imperativos da segurança nacional; por relevante interesse público. A exploração do domínio econômico, no Brasil, é livre. Isso não significa, no entanto, liberdade plena, ou seja, livre de regulamentação do Estado. O artigo 174 da Constituição, aliás, não deixa margens às dúvidas em relação a isso. Veja: “Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado”. Como exemplo de regulações específicas, veja o setor de saúde, regulado pela Agência Nacional de Saúde (ANS), o setor de telefonia, regulado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), ou o setor de energia elétrica, regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Note, no entanto, que a existência de uma agência reguladora para determinado setor não significa que apenas este sofre a intervenção do Estado. A atividade interventiva do Estado se faz por diversas maneiras, como mediante a utilização da 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 21/26 lei para criar tributos ou incentivos fiscais, ou de algumas estruturas públicas, como bancos, para destinação de créditos que fomentem o crescimento de determinadas atividades. Ainda assim, há atividades que são monopolizadas pelo Estado brasileiro, conforme previsão constitucional expressa do artigo 177: Art. 177. Constituem monopólio da União: I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores; IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem; V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal. Há uma ressalva no parágrafo primeiro do mencionado artigo, o qual permite que a União contrate empresas públicas ou privadas para a execução das atividades previstas nos incisos I a IV, de acordo com os limites estabelecidos pela legislação. Isso não altera o fato, no entanto, de que tais atividades somente podem ser executadas mediante o monopólio da União. Em relação à ordem social, a Constituição prevê que ela possui o primado do trabalho como base e o bem-estar e a justiça social como objetivo (art. 193). A ordem social inclui a disciplina dos seguintes assuntos: seguridade social (artigos 194 a 204); educação, cultura e desporto (artigos 205 a 217); ciência, tecnologia e inovação (artigos 218 a 219-B); comunicação social (artigos 220 a 224); meio ambiente (artigo 225); família, criança, adolescente, jovem e idoso (artigos 226 a 230); 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 22/26 índios (artigos 231 a 232). A seguridade social abrange três áreas fundamentais do Estado: a saúde; a previdência social; a assistência social. A saúde é prestada a todos, independente de prévia contribuição ou de condição social. Ela é universal. A previdência social é prestada apenas aos que tenham com ela previamente contribuído, ou para os dependentes destes. Já a assistência social é prestada independente de prévia contribuição, mas somente aos mais necessitados, conforme critérios estabelecidos pela legislação. O Brasil é um Estado Social. Isso significa que as prestações fornecidas pelo Estado à sociedade são uma marca característica, diferente de outros Estados, nos quais se constata uma pequena parcela de participação em relação à outorga de prestações, sejam elas de caráter mínimo ou não. Há Estados que são menos prestacionais que o Brasil, ou seja, que não fornecem gratuitamente tantos benefícios, mas isso decorre de diferentes razões e, principalmente da história de cada local. O artigo 6º da Constituição, por exemplo, Figura 7 - A saúde é prestada a todos, independe de qualquer condição. Fonte: chippix, Shutterstock, 2018. 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 23/26 prevê o rol de direitos sociais assegurados aos brasileiros. Veja: “Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”. Na redação original da Constituição não constavam os direitos à moradia, à alimentação e ao transporte, os quais foram inseridos por meio das Emendas n.º 26/2000, n.º64/2010 e n.º 90/2015, respectivamente. As três alterações reforçam o caráter prestacional do Estado brasileiro, que age de modo a satisfazer as necessidades dos cidadãos por meio de uma intensa participação do setor público. O estudo do Direito Constitucional abrange a disciplina normativa de uma vasta quantidade de assuntos, que vão desde a organização do Estado (mediante a estruturação dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário) até a previsão de uma extensa lista de direitos. Síntese Concluímos o quarto Capítulo da disciplina Direito Constitucional. Agora, você concluiu os estudos sobre o poder Judiciário. Você conheceu todos os instrumentos do controle de constitucionalidade e também os remédios constitucionais.Além disso, você estudou a ordem econômica e social e identificou a quantidade de setores disciplinados pela Constituição. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: identificar que o sistema principal de controle de constitucionalidade também é integrado pela ação declaratória de constitucionalidade, pela ação direta de inconstitucionalidade interventiva, pela ação direta de inconstitucionalidade por omissão e pela arguição de descumprimento de preceito fundamental; aprender que a ação declaratória de constitucionalidade é uma ação de sinal trocado em relação a ação direta de inconstitucionalidade, pois visa ao objetivo oposto; compreender que a ação direta de inconstitucionalidade interventiva possui apenas um legitimado: o procurador-geral da República; aprender que remédios constitucionais são soluções para a violação de direitos previstos pela Constituição, ou seja, servem para “curar” o 27/09/22, 01:24 Direito Constitucional https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=26146§ion=3 24/26 desrespeito a direitos; identificar que o habeas corpus serve para evitar ou remediar a violação ao direito à liberdade; aprender que o habeas data serve para que o cidadão obtenha acesso ou imponha a retificação de dados pessoais que constem em bancos de dados públicos ou de caráter público; compreender que o mandado de segurança é um remédio constitucional residual, que serve para proteger direitos não abrangidos pelo habeas corpus ou pelo habeas data; entender que a ordem econômica brasileira está fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, objetivando assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social; aprender que a ordem social brasileira abrange uma variedade de assuntos, desde a seguridade social até a proteção dos índios . 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