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classificaao-jazigos-minerais-ist-2006

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Classificação 
de 
Jazigos Minerais 
 
 
 
 
 
IST 2006 
Índice 
 
1. Introdução ................................................................................................................. 3 
2. Breve história da classificação de depósitos minerais ........................................ 3 
2.1. Classificação morfológica ................................................................................... 3 
2.2. Classificação utilitária ......................................................................................... 5 
2.3. Classificação genética ........................................................................................ 6 
3. Vantagens e inconvenientes da classificação genética ....................................... 8 
4. Classificações actualmente mais utilizadas na Europa........................................ 9 
4.1. Classificação de Niggli ........................................................................................ 9 
4.2. Classificação de Schneiderhöhn....................................................................... 10 
5. A classificação de Lindgren revista...................................................................... 12 
5.1. Variáveis fulcrais. Temperatura e pressão. Geotermometria............................ 13 
5.2. Descrição detalhada ......................................................................................... 14 
5.2.1. Depósitos puramente magmáticos (I.A.1) ................................................. 16 
5.2.2. Pegmatitos (I.A.2)...................................................................................... 16 
5.2.3. Depósitos epigenéticos em rochas (I.B.1)................................................. 16 
5.2.4. Depósitos singenéticos em rochas (I.B.2) ................................................. 18 
5.2.5. Depósitos de origem vulcânica em corpos aquosos (I.C.1) ...................... 19 
5.2.6. Depósitos em corpos aquosos por interacção de soluções (I.C.2) ........... 19 
5.2.7. Depósitos de evaporação - solventes em corpos aquosos (I.C.3) ............ 19 
5.2.8. Depósitos de origem mecânica (II)........................................................... 19 
5.3. Principais vantagens e inconvenientes............................................................. 19 
6. Outras classificações genéticas ........................................................................... 21 
6.1. Classificação de Stanton .................................................................................. 21 
6.2. Classificação de Routhier ................................................................................. 22 
6.3. Classificação de Bateman ................................................................................ 23 
6.4. Classificação de Park ....................................................................................... 23 
6.5. Classificação de Tatarinov................................................................................ 24 
6.6. Classificação de Raguin ................................................................................... 25 
 6.7 Meyer's Classification …………………………………………………...................26 
7. Conclusão ............................................................................................................... 27 
8. Bibliografia .............................................................................................................. 29 
1. Introdução 
Quer para o Engenheiro de Minas, quer para o metalúrgico, quer para o economista 
ou para qualquer outro indivíduo relacionado com a decisão em assuntos relacionados 
com depósitos minerais, a sua classificação torna-se uma ferramenta de grande utilidade, 
já que facilita a descrição de um determinado jazigo (através das características gerais da 
classe a que pertence). Para além disso, a tentativa de os classificar deverá acarretar 
mais conhecimentos sobre a génese dos jazigos e a sua localização (facilitando também 
a sua exploração). 
Qualquer classificação deverá ser simples e adaptável, sobretudo para ter utilidade 
prática no trabalho de campo (por exemplo no exame, no mapeamento e na programação 
da exploração da mina). 
Existem vários métodos de classificação, utilizados hoje em dia e ao longo das 
várias tentativas de sistematização dessa classificação. No decurso do presente trabalho 
serão abordados vários desses métodos, dando-se mais ênfase à classificação genética 
por ser esta considerada como superior do ponto de vista teórico. 
Não se faz um estudo das classificações geológicas por, para grande parte dos 
casos práticos, serem semelhantes às genéticas ou pouco indicadas para o trabalho de 
campo ou para o projecto. 
Assim, no segundo capítulo, faz-se uma breve história de algumas das mais 
importantes tentativas de classificação de jazigos, fazendo-se no seguinte capítulo um 
estudo comparativo entre eles, do qual sobressai a mencionada superioridade da 
classificação genética. 
Optou-se por realizar este trabalho em torno de uma análise detalhada de três 
classificações específicas. Assim, os principais métodos usados na Europa são 
abordados no quarto capítulo e o principal método usado nos Estados Unidos da América 
(classificação de Lindgren) é estudado em pormenor no quinto capítulo. Dá-se especial 
ênfase a este método por parecer apresentar vantagens (sobretudo práticas) sobre os 
seus congéneres europeus. 
No sexto capítulo apresentam-se de forma reduzida outra classificações genéticas 
e finalmente, no sétimo e último capítulo, tecem-se algumas breves conclusões sobre o 
tópico em estudo. 
2. Breve história da classificação de depósitos minerais 
Desde que se começou a realizar a exploração sistemática de jazigos minerais, 
tornou-se evidente a necessidade de agrupar esses jazigos em famílias com algumas 
características comuns - classificação de jazigos. Historicamente muitas tentativas foram 
feitas (desde o tempo de Agricola) e a maioria delas foi rapidamente abandonada. 
O método de classificação varia consoante a característica usada para agrupar os 
jazigos. Assim pode-se falar de classificação segundo a substância, a forma ou a génese 
do depósito, consoante se considera como factor determinante para a classificação a 
utilização a dar ao minério (qual a principal substância presente), a forma (regular ou 
irregular, etc.) ou o modo como se formou o jazigo. 
É mais ou menos evidente que este último tipo de classificação é mais abrangente 
que os anteriores já que o conhecimento da génese do jazigo oferece informação quer 
sobre a sua forma quer sobre a substância que o forma maioritariamente. No entanto, 
como se verá mais adiante, este tipo de classificação é muito mais difícil de realizar 
devido aos imperfeitos dados geológicos que é possível obter a partir de sondagens e 
observações (e também ao facto de a Geologia ainda ter bastante para evoluir até atingir 
suficiente conhecimento teórico para uma tal classificação completa). 
Note-se também que frequentemente não é possível classificar um jazigo numa só 
classe, devendo-se nesse caso classificá-lo na classe que melhor o representa. 
Apresentam-se, seguidamente algumas das primeiras tentativas de classificação, 
divididas nas três grandes classes referidas. 
 
2.1. Classificação morfológica 
Este tipo de classificação ainda não foi completamente abandonado. Entre as 
primeiras tentativas deste tipo registam-se as realizadas por Bernhard von Cotta (1859) – 
Tabela 1. Esta classificação revela, logo de base, uma das dificuldades que existe na 
realização de uma classificação baseada exclusivamente na forma, que é a forma 
depender necessariamente da génese: para definir filão, é utilizado o termo "fenda 
preenchida", o que revela uma clara dependência de conceitos genéticos. 
 
 3
⎩⎪
⎨
⎪⎧
A. irregulares 
⎩
⎨
⎧1. impregnações
2. com limites definidos 
⎩
⎨
⎧i. horizontais
ii. verticais
B. regulares⎩⎪
⎨
⎪⎧
1. leitos
2. filões 
⎩
⎨
⎧i. filões puros (filões em fendas)ii. filões em camadas
iii. filões de contacto
iv. filões lenticulares
 
Tabela1: Classificação de von Cotta 
A mesma classificação, com mudanças de pouca monta, foi utilizada por J.A. 
Phillips (mais tarde actualizada, novamente com poucas diferenças, por H. Louis em 
1896). 
Hoje em dia a classificação por forma encontra-se mais sistematizada e, apesar de 
se lhe reconhecerem as limitações, ainda é usada pela informação que pode dar quanto 
ao método de lavra. 
Passemos à definição rigorosa de alguns termos relacionados com a forma e 
usados hoje em dia: 
- massa é um grande corpo mineralizado de forma irregular; 
- filão é um corpo mineralizado de forma tabular ou lenticular, isto porque existe 
diferença muito grande entre os valores do comprimento e da largura e o valor da 
espessura; 
- define-se pendor como sendo a inclinação do eixo do filão em relação à 
horizontal. Quanto ao pendor os filões podem ser: 
 
Pendor Designação
90 a 75° Verticais e subverticais 
75 a 45° Inclinados 
45 a 15° Subinclinados 
15 a 0° Deitados ou subhorizontais 
- denomina-se amas a zona do filão em que a espessura é apreciável por 
comparação com a extensão; 
- a um jazigo exógeno de forma tabular chama-se camada; 
- um veio é um filão de pequena extensão e fraca espessura; 
 4
- sistema filoniano é definido como um conjunto de filões mais ou menos 
paralelos entre si formando uma rede de filões com a mesma idade; 
- chama-se stockwork a uma rede densa de filões finos; 
- entende-se por chaminé mineralizada um corpo mineralizado com a forma de 
coluna vertical, de secção elíptica, preenchida em geral por material brechóide; 
- coluna mineralizada é um corpo mineralizado semelhante ao filão em que a 
mineralização é concentrada em zonas restritas (chamadas bonanzas, ninhos ou 
bolsadas), não sendo, portanto, uniforme. 
 
2.2. Classificações utilitárias e por substância 
Este tipo de classificações ainda são utilizadas actualmente, devido à sua enorme 
utilidade para o Mineiro, o Químico ou o Metalúrgico. Apresenta-se uma classificação 
deste tipo na Tabela 2. 
 
materiais estruturais 
pedra 
areia 
cimento 
argila 
asfalto 
 
combustíveis 
carvão 
petróleo 
gás natural 
turfa 
abrasivos coríndo 
granada 
fertilizantes sais potássicos 
fosfatos 
 
pedras preciosas 
diamante 
opala 
turmalina 
 
usos diversos 
grafite 
barita 
bórax 
asbestos 
enxofre 
 
minérios metálicos 
minérios ferrosos 
minérios de cobre 
minérios de ouro e prata 
minério de estanho 
minério de alumínio 
etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela2. Classificação por usos 
 5
Uma aproximação correspondente foi feita por L. de Launay que classificou os 
jazigos através, muito simplesmente, da substância preponderante no minério (1913). 
Outras tentativas foram feitas, mas na verdade as classificações por substância e uso 
acabam por reduzir-se a uma das apresentadas (com mais ou menos pormenor). 
 
2.3. Classificação genética 
As primeiras classificações genéticas surgem através de von Groddeck e Stelzner, 
numa altura em que a geologia ainda estava pouco desenvolvida, o que tornou 
impossível a implantação das suas ideias. No entanto, parecem evidentes hoje em dia as 
concepções destes dois geólogos que afirmavam que só o conhecimento da génese do 
jazigo permite ao mineiro a segurança necessária para descer ao fundo de um poço ou 
alongar-se em túneis, vários metros no interior do subsolo. 
Intimamente ligado com a classificação genética encontra-se o conceito de 
paragénese. Entende-se por paragénese de um jazigo mineral o conjunto dos minerais 
(minérios e gangas) que o constituem e resultam de um mesmo processo geológico ou 
geoquímico. 
Entre as primeiras tentativas de elaboração de uma classificação genética dos 
jazigos encontram-se as de von Groddeck, Stelzner (já anteriormente referidas), 
Posepny, Wadsworth, Monroe, Kemp, Crosby, Hoefer, Spurr, Van Hise e Weed, umas 
mais bem conseguidas que outras. 
Para os dois primeiros (e ainda para Beck) a primeira distinção era entre depósitos 
singenéticos (formados em conjunto com a rocha) ou epigenéticos (introduzidos 
posteriormente na rocha). 
Na classificação segundo J. F. Kemp, os depósitos dividem-se em: 
⎩
⎨
⎧origem ígnea
precipitados de soluções
depósitos de suspensões ou resíduos de decomposição de rochas
 
Numa primeira versão Beck utilizou como determinante o facto de o depósito ser 
singenético ou epigenético (como foi anteriormente referido). No entanto, numa fase 
posterior (1909) reavaliou o seu trabalho e elaborou uma classificação baseada nas 
diferentes fases da história genética dos jazigos: 
 6
 Segregações magmáticas 
 Depósitos de metamorfismo de contacto de minérios 
 Filões em fendas* 
 Depósitos em camadas* 
 Depósitos irregulares com limites definidos 
 Alterações secundárias 
 Depósitos sedimentares de minérios 
 Depósitos detríticos 
 
*Nota: Na verdade estes tipos podem corresponder a fácies morfológicos diferentes 
de um só grupo genético. 
Apesar desta classificação genética já ser mais refinada que as referidas 
anteriormente, ainda padece da limitação de juntar depósitos geneticamente distintos no 
mesmo grupo. 
Por seu lado, Weed (1903) utiliza a origem das soluções a partir quais se formam 
os minérios como elemento de classificação. Assim, forma quatro classes: 
⎩
⎨
⎧depósitos ígneos segregados num magmaemanações ígneas*
depósitos pneumático-hidrogenéticos**
massas minerais formadas por águas superficiais***
 
Notas: 
* inclui depósitos de contacto e veios de estanho 
** formados por águas magmáticas misturadas com águas dos solos 
*** é a classe com menos divisões 
Tendo em vista o processo geológico que deu origem ao jazigo Van Hise (1904) 
propôs a seguinte classificação: 
⎩
⎨
⎧sedimentares
ígneos
metamórficos
 
Esta classificação peca pelo excesso de generalização pois tem muito poucas 
classes, incluindo na última todos os filões, pois Van Hise considerava-os como tendo 
sido depositados pelas águas do solo. 
Mais tarde (1914), Beyschlag, Krusch, and Vogt, apresentam uma tentativa de 
classificação que, apesar de ser assumida como genética, não tem características 
verdadeiramente genéticas. Dividem os jazigos nas quatro classes seguintes 
 7
⎩
⎨
⎧magmáticosde contacto (contacto-metamórficos)
filões, recheios de cavidades e depósitos metasomáticos
 leitos de minério (geralmente sedimentares)
 
Como se pode constatar agrupam-se jazigos com origem genética perfeitamente 
distinta, o que retira a esta classificação o cariz genético, tornando-a, assim, menos 
válida. 
Em 1922 Beck apresenta uma nova classificação em conjunto com Berg mas esta 
não difere significativamente da anteriormente apresentada pelo primeiro. Finalmente em 
1925, Niggli e Schneiderhöhn apresentam as suas classificações, as quais serão 
expostas mais detalhadamente no capítulo 4, uma vez que são das mais usadas hoje em 
dia na Europa. 
Em 1913, Lindgren apresentou uma classificação que provou ser bastante 
adequada e ganhou muitos adeptos. Essa classificação será discutida (juntamente com 
as suas versões revistas) no capítulo 5 por ser a mais usada nos E.U.A. e ser 
considerada como uma das melhores para utilização em trabalhos de campo. 
 
3. Vantagens e inconvenientes da classificação genética 
Como já foi anteriormente focado, parece óbvio que uma boa classificação dos 
jazigos deveria ter sempre em conta a sua génese já que desta depende a forma do 
jazigo e as substâncias que o formam. 
É, no entanto, conveniente salientar que quer a classificação geométrica quer a 
segundo o uso ou substância ainda são usadas hoje em dia e que não são totalmente 
sem atractivos. Nomeadamente, quando só interessa o uso a dar ao minério ou a decisão 
de qual o método a usar para a extracção, qualquer uma delas pode ser aliciante. 
Usando para classificação princípios genéticosmas tendo o cuidado de obter 
classificações suficientemente práticas para serem usadas em campo, podem obter-se 
sistemas bastante bons (o de Lindgren, por exemplo) que têm bons fundamentos teóricos 
e contêm informação prática. Na verdade, como já foi referido, só um profundo 
conhecimento genético do depósito pode garantir a segurança de uma exploração, 
bem como maximizar a sua rentabilidade. 
 8
Existe quem aponte como inconveniente de uma classificação genética o, ainda 
hoje, imperfeito conhecimento da Geologia e dos seus mecanismos mas a verdade é que 
essa falta de conhecimento vai certamente reflectir-se em qualquer tipo de classificação 
que seja suficientemente útil. 
Alguns autores pensaram em rodear os inconvenientes da classificação genética 
tentando usar como princípio orientador o modo de deposição (substituição ou 
enchimento de cavidades abertas) mas as suas tentativas lograram-se, pois os dois 
processos estão demasiado associados de modo a permitir uma separação eficiente. 
Acrescente-se ainda o facto de a maioria das classificações utilizadas 
(nomeadamente as três tratadas em mais detalhe neste trabalho) ter sido desenvolvida 
há já bastante tempo, o que faz com que tenham sofrido revisões, quer por uma mudança 
do tipo de explorações mais comuns quer por avanços significativos na teoria da génese 
de depósitos. 
 
4. Classificações actualmente mais utilizadas na Europa 
Como se indicou no capítulo 2, as classificações mais usadas na Europa, mesmo 
hoje em dia, são as de Niggli (1929) e de Schneiderhöhn (1941). Seguidamente 
discutem-se, mais em detalhe, essas classificações. 
 
4.1. Classificação de Niggli 
É habitual chamar-se à classificação de Niggli vulcânica-plutónica, pois ele divide 
os depósitos de minerais em duas grandes famílias: os plutónicos (ou intrusivos) e os 
vulcânicos (ou extrusivos). Seguidamente usa como chave* o facto de os minérios serem 
formados a partir de líquidos ou gases ou por cristalização directa no seio do magma, 
sendo a classificação de pormenor feita em termos de associações químicas e de 
minérios. Desse modo propõe a classificação da Tabela 3: 
 
* utiliza-se chave no sentido da teoria da classificação: variável discriminativa para 
classificação 
 9
 
 
I. Ortomagmáticos 
1. Diamantes, platina-crómio 
2. Titânio-ferro-níquel-cobre 
 
II. Pneumatolíticos 
 a pegmatíticos 
1. Metais pesados-terras alcalinas-fósforo-titânio 
2. Silício-alcalis-fluorite-boro-estanho-molibdénio-tungsténio 
3. Turmalina-quartzo 
 
 
 
 
A. Plutónicos 
(ou intrusivos) 
 
III. Hidrotermais 
1. Ferro-cobre-ouro-arsénio 
2. Chumbo-zinco-prata 
3. Níquel-cobalto-arsénio-prata 
4. Carbonatos-óxidos-sulfatos-fluoretos 
 
 
B. Vulcânicos 
(ou extrusivos) 
I. Estanho-prata-bismuto 
II. Metais pesados 
III. Ouro-prata 
IV. Antimónio-mercúrio 
V. Cobre nativo 
VI. Depósitos subaquático-vulcânicos e bioquímicos 
Tabela3. Classificação de Niggli 
Esta classificação baseia-se na génese e na composição dos jazigos. Um bom 
exemplo de que a génese toma um papel fundamental é o facto de, por exemplo, a prata 
pertencer a quatro classes distintas: A.III.2, A.III.3, B.1 e B.3. 
Note-se que a distinção entre pneumatolíticos e hidrotermais não faz sentido para 
minérios formados a pressões muito altas, pois são fluidos supercríticos. A classificação 
tem, também, a limitação de não ser fácil distinguir entre um minério que foi formado a 
partir de materiais transportados por gases e um formado por materiais transportados por 
líquidos. 
Apesar de não ser uma classificação exclusivamente genética é compreensível que 
seja de grande aceitação pois dá indicações sobre o tipo de substâncias, o que é muito 
útil para quem se dedica à exploração. Não é contudo fácil utilizar esta classificação em 
trabalho de campo pois é difícil estabelecer a que classe pertence cada depósito. 
 
4.2. Classificação de Schneiderhöhn 
Segundo Schneiderhöhn os depósitos de minerais podem ser classificados 
segundo o tipo de fluido do qual provem o minério, as associações minerais, a 
profundidade do jazigo e o tipo de depósito, de hospedeiro ou de ganga. 
Segundo as duas primeiras chaves, as principais classes encontradas por 
Schneiderhöhn são: 
 
 10
I. Intrusivos e de imiscibilidade líquido-magmática 
 
II. Pneumatolíticos 
1. filões pegmatíticos 
2. filões pneumatolíticos e impregnações 
3. substituições pneumatolíticas de contacto 
 
 
 
III. Hidrotermais 
1. associações de ouro e prata 
2. associações de cobre e pirite 
3. associações chumbo-prata-zinco 
4. associações prata-cobalto-níquel-bismuto-urânio 
5. associações estanho-prata-tungsténio-bismuto 
6. associações antimónio-mercúrio-arsénio-selénio 
7. associações não sulfuretadas 
8. associações não metálicas 
IV. Depósitos exalativos 
Tabela4. Classificação de Schneiderhöhn simplificada 
Posteriormente, este número de classes teve que ser aumentado para incluir os 
diferentes tipos de jazigos, obtendo-se as seguintes famílias de classes (utilizando só a 
primeira chave): 
Série magmática 
⎩⎪
⎨
⎪⎧
I. líquido-magmáticos
II. líquido magmático-pneumatolíticos
III. pegmatítico-pneumatolíticos
IV. pneumatolítico-hidrotermais
V. hidrotermais
VI. de exalação
VII. exalativos sedimentares
 
Série sedimentar 
⎩⎪
⎨
⎪⎧
I. de oxidação e de cementação
II. detríticos
III. residuais
IV. de precipitação em águas continentais e oceânicas
V. evaporitos marinhos
VI. combustíveis
VII. de infiltração
 
Série metamórfica 
⎩
⎨
⎧I. metamorfizados nos xistos cristalinos
II. complexos polimetamórficos 
 11
Por outro lado uma descrição com as quatro chaves ficaria demasiado extensa e 
exaustiva, razão pela qual se apresenta em detalhe apenas uma possível classificação 
dos elementos pertencentes à classe III.1 da tabela 4: 
 
 
A. série 
hipabissal 
(profunda) 
a. filões de ouro-quartzo catatermais (T e P elevadas) 
b. depósitos com impregnações contendo ouro em rochas silicatadas 
c. depósitos com substituições contendo ouro em rochas carbonatadas 
d. depósitos mesteirais ouro-chumbo-selénio 
D
ep
ós
ito
s 
hi
dr
ot
er
m
ai
s 
A
ss
oc
ia
çõ
es
 
de
 o
ur
o 
e 
pr
at
a 
 
B. série 
subvulcânica 
(pouco 
profunda) 
a. filões propilíticos epitermais ouro-quartzo e filões ouro-prata 
b. filões epitermais ouro-telúrio 
c. filões epitermais ouro-selénio 
d. depósitos de ouro aluníticos 
e. depósitos de prata epitermais 
 
Tabela5. Pormenor da classificação de Schneiderhöhn 
A classificação de Schneiderhöhn apresenta uma desvantagem peculiar que é o 
facto de, por construção, sempre que um depósito não encaixa numa das associações 
existentes (2ª chave) ou uma das suas subdivisões (3ª chave), se criar uma nova 
associação ou subdivisão. Assim, o número de divisões e subdivisões tem tendência a 
aumentar desproporcionadamente o que retira utilidade à classificação. Por essa razão a 
sua aplicabilidade em trabalho de campo varia inversamente com o número de divisões 
necessárias para acomodar todos os filões em estudo. 
No entanto, existe quem considere esta classificação como a melhor pelo facto de 
as associações de minerais representarem associações metálicas nos fluidos que dão 
origem ao minério. 
 
5. A classificação de Lindgren revista 
A classificação de Lindgren foi proposta pelo próprio em 1913. É intrinsecamente 
genética e facilmente aplicável em trabalho de campo o que a torna, simultaneamente, 
teoricamente consistente e de utilização prática. Talvez por essa razão é a mais utilizada 
nos E.U.A. e tem muitos defensores na Europa. 
Mais tarde foi revista pois uma das suas características interessantes é a sua 
adaptabilidade (como deve ser apanágio de qualquer classificação de jazigos). 
 12
 
5.1. Variáveis fulcrais. Temperatura e pressão. Geotermometria 
Não é possível estabelecer uma classificação que seja agradável para todos ou que 
seja óptimaem todos os casos, mas é possível estabelecer alguns princípios que uma 
"boa" classificação genética deve satisfazer. Dado que se pretende uma teoria genética é 
conveniente separar os jazigos consoante o processo de formação se deve a 
concentração mecânica de minerais pré-existentes ou pelo contrário a reacções físico-
químicas em soluções. 
Por outro lado, ao contrário do que fizeram muitos autores, uma classificação 
genética deve preocupar-se com mais do que indicar se o depósito se formou 
simultaneamente ou posteriormente à rocha circundante, ou indicar qual o agente e o 
meio de deposição. 
Em última instância, visto tratarem-se de transformações físicas e/ou químicas, 
devem tomar-se para variáveis fulcrais e descritivas das diversas classes a temperatura e 
a pressão (aquando da formação do depósito). 
Note-se, também, que uma classificação ideal necessitaria de um conhecimento 
total sobre a formação de cada depósito (incluindo outras variáveis para além da pressão 
e temperatura: concentrações, tempo, interacções das massas envolvidas, etc.). Na 
realidade, utilizam-se os dados que é possível recolher, como pressões mínimas e 
temperaturas mínimas de formação de alguns materiais, etc. 
Dado não se poderem, obviamente, medir as temperaturas existentes quando da 
formação dos depósitos, estas têm que ser obtidas (aproximadamente) por métodos 
indirectos. É por isso que a Geotermometria é considerada como uma "ciência" autónoma 
que se dedicada exclusivamente à avaliação das temperaturas de formação. 
Apesar de alguns minerais surgirem a temperaturas que variam grandemente, 
existem outros que só surgem em temperaturas muito menos variáveis. Estes podem ser 
utilizados para medir a temperatura quando da formação do jazigo - geotermómetros. 
Assim, se num jazigo existe um mineral que se forma num domínio restrito de 
temperatura, pode afirmar-se que a temperatura existente aquando da formação do 
jazigo se enquadra dentro desse intervalo. 
 13
Por outro lado, existem outros minerais que sofrem alterações próprias e 
identificáveis para certas temperaturas, podendo, também, estes podem ser usados para 
determinar intervalos de variação para a temperatura geológica em estudo. Por exemplo: 
- as temperaturas de fusão (se um mineral aparece na forma cristalina então o 
jazigo formou-se a uma temperatura inferior ao ponto de fusão); 
- os pontos de inversão (se uma estrutura cristalina sofre uma inversão a uma 
determinada temperatura então através do estudo dessa estrutura pode determinar-
se se o depósito se formou acima ou abaixo do termo de inversão); 
- pontos de mudança de cor para alguns minerais (se um mineral muda de cor a 
certa temperatura, a sua cor permite estabelecer intervalos de variação para a 
temperatura de formação do jazigo); 
- a relação entre as formas líquida e cristalina de intrusões ou a existência de 
misturas de diferentes formas de certos minerais. 
Em 1931 Ramdohr indicou uma lista de 49 minerais que podiam fornecer dados 
geotermométricos importantes. Esta área do conhecimento geológico encontra-se ainda 
em expansão pois com o avanço da geoquímica e da geofísica, será possível encontrar 
cada vez mais métodos de aferir a temperatura geológica. 
 
5.2. Descrição detalhada 
Lindgren apresentou (1913) uma classificação genética em que separou os jazigos 
formados por processos mecânicos dos formados por processos químicos, indicando 
para cada subclasse encontrada os limites de pressão e temperatura correspondentes. 
De uma forma esquemática apresenta-se, em seguida, uma tabela com essa 
classificação: 
 
 
 
 
 14
I. DEPÓSITOS PRODUZIDOS POR PROCESSOS QUÍMICOS DE CONCENTRAÇÃO 
A. em magmas por processos de diferenciação 
 
1. puramente magmáticos, depósitos por segregação, depósitos por injecção 
(temperatura entre 700° C e 1500°C, pressão muito alta) 
 
2. pegmatitos (temperatura alta ou moderada (±575°C), pressão muito alta) 
 
B. em rochas 
1. concentração por introdução de substâncias estranhas à rocha (epigenéticos) 
 
a. origem dependente da erupção de rochas ígneas 
 
i. vulcanogénicos (T entre 100°C e 600°C, pressões moderadas ou atmosféricas) 
ii. de corpos efusivos, sublimados, fumarolas (T entre 100°C e 600°C, pressões moderadas ou 
atmosféricas) 
iii. de corpos intrusivos (metamórficos ígneos) (T entre 500°C e 800°C, pressão muito alta) 
 
b. por águas quentes ascendentes de origem desconhecida, possivelmente 
magmática, metamórfica, oceânica, "connate-waters" ou meteóricas 
 
i. depósitos hipotermais, deposição e concentração a grande profundidade ou a temperatura e 
pressão altas (T de 300°C a 500°C, pressão muito alta) 
ii. depósitos mesotermais, deposição e concentração a profundidade intermédia (T de 200°C a 
300°C, pressão alta) 
iii. depósitos epitermais, deposição e concentração a pouca profundidade (T de 50°C a 200°C, 
pressão moderada) 
iv. depósitos teletermais, deposição a partir de soluções quase gastas (T e pressão baixas - 
limite superior dos hidrotermais) 
v. depósitos xenotermais, deposição e concentração a muito pouca profundidade mas a 
temperaturas altas (T variável, pressão moderada ou atmosférica) 
 
c. com origem na circulação de águas atmosféricas a profundidade baixa ou 
moderada (temperatura na ordem de 100°C, pressão moderada) 
 
2. por concentração de substâncias contidas no próprio corpo geológico 
 
a. concentração por metamorfismo regional e dinâmico (temperatura na ordem 
de 400°C, pressão alta) 
 
b. concentração por água do solo de circulação profunda (temperatura entre 
0°C e 100°C, pressão moderada) 
 
c. concentração por decomposição da rocha e acção dos elementos ambientais 
perto da superfície (temperatura entre 0°C e 100°C, pressão moderada a 
atmosférica) 
 
C. em corpos aquosos 
 
1. vulcanogénicos, nascentes subaquáticas associadas com vulcanismo (temperatura 
moderada a alta, pressão baixa a moderada) 
 
2. por interacção de soluções (temperatura de 0°C a 70°C, pressão moderada) 
 
3. por evaporação dos solventes 
 
II. DEPÓSITOS FORMADOS POR PROCESSOS MECÂNICOS DE CONCENTRAÇÃO 
(TEMPERATURAS E PRESSÕES BAIXAS OU MODERADAS) 
 15
No seguimento faz-se um estudo um pouco mais aprofundado de cada uma destas 
classes. 
 
5.2.1. Depósitos puramente magmáticos (I.A.1) 
São o tipo de depósitos formados a maior pressão e temperatura. Incluem óxidos 
ou os sulfuretos segregados nos magmas (minério de ferro, minério de titânio-ferro ou 
minério de cobre-níquel, por exemplo). 
 Formam-se por processos químicos de diferenciação (segregação ou injecção) 
realizados a pressão muito alta e temperaturas entre 700°C e 1500°C. 
 
5.2.2. Pegmatitos (I.A.2) 
Estes depósitos contêm muitas gemas e metais raros e são encarados como 
segregações de magmas graníticos enquanto arrefecem. São formados a temperaturas 
mais baixas que os depósitos da classe anterior (entre 500°C e 800°C) se bem que as 
pressões também sejam muito altas. 
 
5.2.3. Depósitos epigenéticos em rochas (I.B.1) 
São formados pela introdução na rocha de substâncias que lhe são estranhas e 
são, talvez, o tipo de jazigos mais comuns (basta ver que a esta divisão pertencem a 
maioria dos depósitos metálicos). Geralmente ocorrem em fendas ou formam 
substituições ao longo destas ou ainda em qualquer outro lugar onde haja possibilidade 
de forte circulação de águas (formações porosas). 
O mecanismo propriamente dito pode variar bastante obtendo-se algumas 
subdivisões e classes distintas. Pode estar directamente relacionado com a erupção de 
rochas ígneas (vulcanogénicos (I.B.1.a.i), efusões (I.B.1.a.ii), corpos intrusivos (I.B.1.a.iii)) 
ou com a circulação de águas. 
No caso das águas, estas podem ser ascendentes, geralmente de origem 
magmática, metamórfica, oceânica, "connate-waters", ou meteórica. Consoante a 
temperatura e pressão a que foram formados, os depósitos dividem-se em: 
 16
- depósitos hipotermais (I.B.1.b.i): estes depósitos encontram-sea altas 
profundidades e incluem filões e depósitos por substituição. Formaram-se a alta 
temperatura (300°C a 500°C) mas geralmente abaixo da temperatura de inversão 
cristalográfica do quartzo (575°C). Exemplos são filões de cassiterite, ouro-quartzo, 
turmalina-cobre; 
- depósitos mesotermais (I.B.1.b.ii): formam-se a partir de águas ascendentes a 
profundidades moderadas (entre cerca de 1.5Km e 3Km), a temperaturas entre os 
200°C e os 300°C e pressões altas (aumentando com a profundidade). Os jazigos 
afloram, geralmente, devido à erosão e surgem, também geralmente, junto a corpos 
intrusivos. Como exemplos podem apontar-se filões de ouro-quartzo e depósitos 
piritosos; 
- depósitos epitermais (I.B.1.b.iii): são depósitos formados a baixa profundidade, a 
temperaturas relativamente baixas (entre 50°C e 200°C) e a pressões moderadas 
(muito raramente excederão as 100 atmosferas). Exemplos são filões de ouro e de 
prata; 
- depósitos teletermais (I.B.1.b.iv): formados a partir de soluções de águas 
ascendentes já quase consumidas e, portanto, perto da superfície (constituem o 
limite menos profundo dos depósitos hidrotermais). Como é óbvio surgem a 
temperaturas e pressões baixas; 
 - depósitos xenotermais (I.B.1.b.v): quer esta subdivisão quer a anterior surgem 
por necessidade de classificar depósitos hidrotermais que não se inserem em 
nenhuma das outras. O termo xenotermal surge para agrupar jazigos formados a 
baixa profundidade mas a alta temperatura. 
Águas atmosféricas circulando a baixa ou moderada profundidade podem trazer 
substâncias de estratos vizinhos que são depositados em rochas fracturadas onde 
sofrem a concentração originando jazigos da classe I.B.1.c, a pressões moderadas e 
temperaturas não muito elevadas (da ordem dos 100°C). Estes depósitos são, de uma 
forma geral, pobres em ouro e prata. 
 17
 
5.2.4. Depósitos singenéticos em rochas (I.B.2) 
No caso em que a concentração é feita a partir de materiais contidos na própria 
rocha classificam-se os jazigos como singenéticos. Nem sempre é fácil determinar se um 
depósito é epigenético ou singenético mas, com o avanço da Geologia, é cada vez mais 
fácil diferenciar os dois tipos. 
Os jazigos singenéticos em rochas podem ser formados de várias formas distintas. 
Numa primeira análise, o agente pode ser o metamorfismo regional ou dinâmico (I.B.2.a). 
Nesse caso, a concentração dá-se na presença de muito pouca água e, geralmente, não 
se obtêm grandes concentrações de metais. Formam-se, no entanto, outras substâncias 
tais como granadas, cianite ou grafite. No caso do metamorfismo regional, a 
transformação dá-se a temperaturas relativamente altas (da ordem dos 400°C) e a 
pressões elevadas. Por vezes, este metamorfismo pode misturar-se com metamorfismo 
ígneo. 
Outro processo de concentração passível de ser encontrado nos jazigos 
singenéticos é pela acção de águas circulantes a profundidade (I.B.2.b). Sob a sua 
influência formam-se depósitos a temperaturas que variam entre os 0°C e os 100°C e a 
pressões moderadas. Exemplos podem ser encontrados em jazigos de hematite, barita, 
magnesite e enxofre. 
Finalmente, podem considerar-se a acção da decomposição das rochas e dos 
agentes atmosféricos (I.B.2.c). Quando se dá a decomposição das rochas, é normal que 
os seus constituintes reajam formando concentrações de um minério. Alguns 
constituintes são precipitados ou concentrados, podendo os seus detritos ser 
transportados e os seus constituintes solúveis depositados e precipitados em várias 
formas. Outros depósitos sedimentares podem ser formados directamente a partir de 
constituintes da atmosfera (ex.: carbono), cinzas vulcânicas ou exalações de magmas 
eruptivos. Nesta classe os jazigos formam-se a temperaturas que variam entre os 0°C e 
os 100°C e a pressões que variam da pressão atmosférica a pressões moderadas. 
 18
 
5.2.5. Depósitos de origem vulcânica em corpos aquosos (I.C.1) 
Este tipo de jazigo forma-se a temperaturas moderadas a altas e a pressões baixas 
a moderadas. Surge, geralmente, em zonas oceânicas de reconhecido passado de 
actividade sísmica. 
 
5.2.6. Depósitos em corpos aquosos por interacção de soluções (I.C.2) 
Quando duas (ou mais) soluções interagem em meio aquoso pode ter lugar a 
formação de um depósito mineral. Estas soluções podem ser de origem orgânica ou 
inorgânica, estando, geralmente, os depósitos assim formados misturados com material 
detrítico. Podem também ser enriquecidos por processos secundários ou por agentes 
atmosféricos e formam-se a temperaturas entre os 0°C e os 70°C e a pressões 
moderadas. Exemplos são jazigos de ferro e de fosfatos. 
 
5.2.7. Depósitos por evaporação dos solventes em corpos aquosos (I.C.3) 
Outro tipo de jazigos pode ser formado em massas aquosas superficiais por 
evaporação do solvente em soluções e consequente precipitação dos sais dissolvidos. 
Este tipo de depósitos costumam ser denominados por resíduos salinos e como 
exemplos podem apontar-se o sal vulgar, o gesso e boratos. 
 
5.2.8. Depósitos de origem mecânica (II) 
Estes são geralmente depósitos detríticos tais como os jazigos de quartzo e são 
formados a temperaturas e pressões baixas ou moderadas. 
 
5.3. Principais vantagens e inconvenientes 
Qualquer classificação genética assenta num pressuposto que, apesar de ser 
aceitável para muitos casos, não é em princípio correcto: o facto de os jazigos não 
sofrerem alterações posteriores à sua formação. Na verdade, as transformações 
químicas não cessam com a conclusão da formação do jazigo, mas continuam ao longo 
do tempo. Isso é particularmente verdade para depósitos sedimentares pois a 
 19
cimentação, o endurecimento e as reacções químicas começam imediatamente a seguir 
à deposição. 
Muitos minerais sofrem grandes alterações após a formação dos jazigos: podem ter 
sido atingidos por metamorfismo térmico (ex.: uma camada de carvão transformada em 
antracite ou uma camada de limonite em magnetite), podem ter sido esmagados durante 
metamorfismo regional ou podem, simplesmente ter sido alterados por águas superficiais 
(oxidando-se, produzindo mudanças peculiares e frequentemente enriquecimentos 
importantes). 
Outra crítica frequentemente feita a esta classificação é o facto de as classes de 
Lindgren serem baseadas nos minerais presentes sem ter em atenção a sua estabilidade. 
Por exemplo, a pirrotite é, geralmente, considerada um mineral de alta temperatura, no 
entanto sabe-se que ela também existe nas formas monoclínicas e hexagonais e que as 
condições de deposição variam grandemente. Visto que a classificação não é rígida, é de 
supor que este dado juntamente com outros coligidos na prática, venham a alterar a 
classificação de muitos jazigos e a mudar os limites das classes. 
Existe quem, com bastante razão, critique também a falta de precisão praticada 
quando, ao enunciar as classes, se utilizam termos com pressão moderada ou altas 
temperaturas. Para esta classificação ganhar rigor científico é necessário precisar e 
quantificar estas grandezas. 
Refira-se ainda, que Lindgren não tomou em consideração a química das rochas 
nas quais se forma o jazigo, o que pode ser uma falta grave já que esta pode precipitar 
ou atrasar a formação de depósitos em zonas de profundidade-temperatura que não são 
as normais para esse minério (sob esta perspectiva, a classificação de Schneiderhöhn 
parece mais apropriada). 
Apesar de tudo o que foi dito, a classificação de Lindgren continua a parecer a mais 
utilizável em trabalho de campo e em geral a mais adequada (sobretudo nos casos em 
que a formação é realmente controlada pela pressão e pela temperatura). 
Um facto curioso é não surgirem, na maioria das classificações, as transições entre 
estados, ao contrário do que seria de esperar (sobretudo nas transições de epitermais 
para mesotermais e de pegmatitos para hipotermais). Isso não é facilmente explicável, 
uma vez que existemmuitas evidências destas transições nos mesmos corpos. 
 20
Como observações finais, note-se que: 
- mesmo em locais onde se aplica a classificação de Lindgren, não é invulgar 
classificar também os jazigos por substância; 
- a classificação genética está intimamente relacionada com a paragénese e com a 
distribuição dos minerais por zonas, não podendo ser separadas uma das outras, o 
que constitui um argumento a favor da classificação de Lindgren; 
- já foram propostos novos termos para a classificação como por exemplo 
diplogenético que se referiria a um depósito que fosse parcialmente singenético e 
parcialmente epigenético ou litogenético que se referiria a um depósito criado por 
mobilização de elementos de uma rocha sólida e pelo seu transporte e deposição 
noutro local. 
 
 
6. Outras classificações genéticas 
De seguida apresentam-se outras classificações genéticas 
 
6.1. Classificação de Stanton 
 
Segundo Stanton, os jazigos dividem-se em grandes grupos segundo a sua constituição 
e a sua filiação (génese): 
 
A. Jazigos em rochas ígneas 
 I. associações máficas e ultramáficas 
 II. associações félsicas 
B. Concentrações ferríferas de filiação sedimentar 
C. Concentrações manganesíferas de filiação sedimentar 
D. Sulfuretos estratiformes em associações sedimentares ou vulcano-
sedimentares 
E. Jazigos 'strata-bound' de filiação sedimentar 
F. Jazigos filonianos 
G. Jazigos de filiação metamórfica 
 21
 
6.2. Classificação de Routhier 
 
A classificação de Routhier aplica-se principalmente em jazigos metálicos, não sendo 
muito indicada para os restantes. 
 
A. Jazigos formados na litosfera (mais ou menos endógenos) 
 I. ligados aos granitos 
 1. pirometassomáticos 
 2. pneumatolíticos 
 3. hidrotermais plutónicos 
 4. pegmatitos graníticos 
 II. ligados a rochas alcalinas e carbonatadas 
 III. associados a formações vulcânicas e subvulcânicas 
 IV. ligados a rochas básicas e ultrabásicas 
 V. relacionados com o metamorfismo geral 
 1. metamorfizados 
 2. metamórficos 
 
B. Jazigos formados à superfície da litosfera (exógenos) 
 I. residuais 
 II. de oxidação e cementação 
 III. detríticos 
 IV. químicos e bioquímicos 
 V. sulfurados de cobertura (ou de substituição, teletermais ou regenerados) 
 22
6.3. Classificação de Bateman 
 
A. Jazigos de concentração magmática 
 I. magmáticos precoces 
 1. por disseminação 
 2. por segregação 
 3. por infecção 
B. Jazigos de sublimação 
C. Jazigos por metassomatismo de contacto 
D. Jazigos hidrotermais 
 I. de enchimento 
 II. de substituição 
E. Jazigos sedimentares não de evaporação 
F. Jazigos sedimentares de evaporação 
G. Jazigos de concentração 
 I. residuais 
 II. detríticos 
H. Jazigos de oxidação e cementação 
I. Jazigos de metamorfismo 
 I. metamorfizados 
 II. metamórficos 
 
 
6.4. Classificação de Park 
 
Esta classificação só considera os jazigos metálicos, não se aplicando nos restantes 
casos. 
 
A. Jazigos de segregação magmática 
B. Jazigos de pegmatitos 
C. Jazigos de metamorfismo de contacto 
D. Jazigos hidrotermais 
 I. hipotermais 
 II. mesotermais 
 III. epitermais 
 IV. teletermais 
 V. xenotermais 
E. Jazigos sedimentares 
 I. de origem química 
 II. de origem mecânica 
F. Jazigos de meteorização 
G. Jazigos de cementação 
 23
 
 
 
6.5. Classificação de Tatarinov 
 
A. Jazigos endógenos 
 I. magmáticos propriamente ditos 
 1. ortomagmáticos (segregações) 
 2. magmáticos recentes e tardios 
 3. de imiscibilização líquido-magmática 
 II. pegmatíticos 
 III. pós-pegmatíticos 
 1. pneumatolíticos 
 a. de exalação 
 b. de escarnitos (metassomáticos de contacto) 
 2. hidrotermais 
 a. de profundidade média a grande - T elevadas, médias e baixas 
 b. de fraca profundidade 
B. Jazigos exógenos 
 I. de alteração 
 1. de concentração (eluviais e aluviais) 
 2. residuais 
 a. argilas, lateritos 
 b. chapéus de ferro 
 3. de infiltração 
 II. sedimentares 
 1. mecânicos 
 a. minerais aluvionares e conglomeráticos 
 b. reconstituídos a partir de produtos de erosão finamente dispersos 
 2. químicos 
 a. provenientes de soluções verdadeiras 
 b. provenientes de soluções coloidais 
 c. bioquímicos 
C. Jazigos metamorfogénicos 
 I. metamorfizados 
 II. metamórficos 
 24
 
6.6. Classificação de Raguin 
 
A. Jazigos endógenos 
 
 I. com afinidades plutónicas 
 1. de inclusão 
 2. de segregação 
 3. pegmatíticos 
 4. pneumatolíticos 
 5. pirometassomáticos 
 II. hidrotermais 
 1. filonianos hipotermais 
 2. filonianos mesotermais 
 3. filonianos epitermais 
 4. impregnações e massas de sulfuretos 
 
B. Jazigos exógenos 
 
 I. relacionados com as águas subterrâneas de pequena profundidade 
 1. detríticos 
 2. químicos 
 a. sem influência vulcânica 
 b. de sedimentação vulcânica 
 3. bioquímicos 
 25
 Meyer's Classification of Ore Deposits 
 
Ores in mafic igneous rocks 
Chromite 
Stratiform in layered complexes 
Pods in Alpine peridotites 
Nickel-sulfide ores 
Kambalda type 
In amphibolites 
Sudbury type 
Insizwa type 
Titanium with anorthosite 
Stratiform in layered complexes 
Ilmenite in massifs 
Volcanogenic massive sulfides in volcanic assemblages 
Cyprus-type in ophiolite suites 
Noranda-type in andesite-rhyolite suites 
Kuroko and allied types 
Ores in sediments 
Sediment-hosted sulfide deposits 
Copper in shales and sandstone 
Lead-zinc in clastic sediments 
Mississippi Valley type 
Iron ores 
Banded iron formations 
Clinton-Minette ores 
Stratabound deposits 
Uranium deposits 
Unconformity vein type 
Sandstone and calcrete type 
Gold ores 
Gold in iron formations 
Gold-quartz veins 
Gold-uranium conglomerates 
Granodiorite-quartz monzonite, hydrothermal 
Porphyry coppers 
Tin-tungsten deposits 
 
A pragmatic classification of ore deposits by geologic association, 
genetic type, and commodity. 
From Meyer (1981). 
 26
 
7. Conclusão 
Do que foi exposto resulta que, apesar de ser patente uma superioridade em 
termos teóricos das classificações genéticas e de estas também serem aplicáveis em 
trabalho de campo, as classificações por substância permanecem atractivas para 
algumas utilizações, o mesmo se passando com as classificações por forma. 
Outro facto que ressalta imediatamente é a futilidade de tentar isolar 
completamente os tipos de classificação. Como se viu existe uma parte de classificação 
por substância ou por forma ou mesmo geológica nas classificações genéticas o mesmo 
se passando em sentido contrário (talvez com possível excepção de classificações muito 
simplificadas). Não faz portanto sentido declarar uma classificação como puramente 
genética. 
Também se observa que existem um número muito grande de classificações 
utilizáveis em muitos casos. O facto de se ter dado preferência à classificação de 
Lindgren prende-se com o facto de esta ser a mais usada em muitos locais (E.U.A., por 
exemplo) e ao facto de se possuírem boas referências bibliográficas sobre esta 
específica classificação, o que torna possível uma abordagem mais cuidada. 
Para terminar, convém dizer que, apesar de não ser sempre aparente, por trás de 
todo o interesse na classificação de jazigos e toda a discussão de qual o melhor tipo, está 
sempre uma preocupação de índole prática: como maximizar a produtividade e a 
segurança na exploração de um jazigo mineral. É por causa disso que existem mais 
classificações dirigidas aos jazigos metálicos pois são estes os mais explorados 
comercialmente. 
 27
8. Algumas referências bibliográficas 
 
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 29

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