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SUPREMA - ESTUDOS CONSTITUCIONAIS

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 j
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 2
02
2
v . 2 | n . 1 | j aneiro / junho 2022
ISSN 2763-8839ISSN 2763-7867
SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 1-512, jan./jun. 2022.
v. 2 | n . 1 | j aneiro / junho 2022
ISSN 2763-7867
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Supremo Tribunal Federal – Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal)
Os trabalhos estão licenciados com uma Licença Creative Commons – Atribuição 4.0 Internacional. É autorizada a 
reprodução total ou parcial desde que inserida a fonte e indicada a autoria do texto, no formato indicado na página 
inicial de cada artigo.
Endereço: Coordenadoria de Pesquisas Judiciárias – COPJ, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação 
– SAE, Supremo Tribunal Federal – STF, Praça dos Três Poderes, Ed. Anexo II, Cobertura, sala 613, Brasília, DF, CEP 
70175-900. Telefone: (61) 3217.3595/ (61) 3217.3500. E-mail: revistasuprema@stf.jus.br. Site: suprema.stf.jus.br/
Os conceitos e as opiniões expressos nos trabalhos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores.
Secretaria-Geral da Presidência
Pedro Felipe de Oliveira Santos
Gabinete da Presidência
Patrícia A. Neves Pertence
Diretoria-Geral
Edmundo Veras dos Santos Filho
Secretaria de Altos Estudos, 
Pesquisas e Gestão da 
Informação
Alexandre Reis Siqueira Freire
Coordenadoria de Pesquisas 
Judiciárias
Lívia Gil Guimarães
Bruna de Bem Esteves
Guilherme Enéas Vaz Silva
Márcio Pereira de Souza
José Carvalho Filho 
Maria José Fleury
Coordenadoria de Biblioteca
Luiza Gallo Pestano
Luciana Araújo Reis
Andréia Cardoso Nascimento
Gabriela Ayres Miranda Cunha
Coordenadoria de Difusão da 
Informação
Thiago Gontijo Vieira
Camila Penha Soares
David Duarte Amaral
Gabriela Alves Coimbra
Jorge Luís Villar Peres
Juliana Silva Pereira de Souza
Márcia Gutierrez A. Bemerguy
Rosa Cecilia Freire da Rocha
Coordenadoria de Gestão 
da Informação, Memória 
Institucional e Museu 
Ana Paula Alencar Oliveira
Assessoria de Assuntos 
Internacionais
Ricardo Neiva Tavares
André Nogueira R. V. Wollman
Assessoria de Cerimonial
Marco Aurélio M. Gonçalves
Flavia Siqueira de Carvalho
Secretaria de Tecnologia da 
Informação
Venício Glebson D. da Silva
Júlio César G. de Almeida
Klayton Rodrigues de Castro
Luiz Augusto da Silva Alves
Flávio Abreu Amorim
Secretaria de Comunicação 
Social
Mariana Araujo de Oliveira
Ana Gabriela Guerreiro Viola da 
Silveira Leite
Erica Cristine Hofmann
Renata Santiago M. Martinelli 
Bito Teles
Gabriela Arnt
Domingos Lessa
Delorgel Valdir Kaiser
Suprema [recurso eletrônico] : revista de estudos constitucionais / Supremo Tribunal 
Federal. – v. 1, n. 1 (jan./jun. 2021)- . – Brasília : STF, Secretaria de Altos Estudos, 
Pesquisas e Gestão da Informação, 2021- .
1 recurso online (v.)
Semestral.
Modo de acesso: https://suprema.stf.jus.br/ 
ISSN 2763-7867
1. Direito constitucional, periódico, Brasil. 2. Tribunal supremo, periódico, Brasil. I. Brasil. 
Supremo Tribunal Federal (STF).
CDDir-341.2
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Ministro 
LUIZ FUX
Presidente [3.3.2011]
Ministra 
ROSA MARIA PIRES WEBER
Vice-presidente [19.12.2011]
Ministro 
GILMAR FERREIRA MENDES
Decano [20.6.2002]
Ministro 
ENRIQUE RICARDO LEWANDOWSKI
[16.3.2006]
Ministra 
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA
[21.6.2006]
Ministro 
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI
[23.10.2009]
Ministro 
LUÍS ROBERTO BARROSO
[26.6.2013]
Ministro 
LUIZ EDSON FACHIN
[16.6.2015]
Ministro 
ALEXANDRE DE MORAES
[22.3.2017]
Ministro 
KASSIO NUNES MARQUES
[5.11.2020]
Ministro 
ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA
[16.12.2021]
PRESIDENTE DA REVISTA
Ministro Luiz Fux
EDITORES-CHEFES
Pedro Felipe de Oliveira Santos
Alexandre Reis Siqueira Freire 
Lívia Gil Guimarães
EDITORA-ADJUNTA
Bruna de Bem Esteves
ASSESSOR EDITORIAL
José Carvalho Filho
CAPA E PROJETO GRÁFICO
Flávia Carvalho Coelho 
DIAGRAMAÇÃO
Camila Penha Soares
Gabriela Alves Coimbra
REVISÃO DE NORMALIZAÇÃO (BIBLIOTECÁRIAS)
Luciana Araújo Reis
Andréia Cardoso Nascimento
Gabriela Ayres Miranda Cunha
Maria Tereza Machado Teles Walter
REVISÃO DE IDIOMAS DA POLÍTICA EDITORIAL
Ricardo Neiva Tavares
Juliana Rolim Nobre Maia
REVISÃO DE PROVAS EDITORIAIS
Juliana Silva Pereira de Souza
Márcia Gutierrez Aben-Athar Bemerguy
Rosa Cecilia Freire da Rocha
ESTAGIÁRIOS
Raquel Beutel Semenzato Proazzi
Alessa Sumie Nunes Noguchi Sumizono
Carolina Silva Nogueira
FOTO DA CAPA
Vismar Ravagnani
EQUIPE TÉCNICA
CONSELHO EDITORIAL INTERNACIONAL – Andrea Pozas-Loyo 
Universidad Nacional Autónoma de Mexico – Ciudad de México, México, 
Andreza Aruska de Souza Santos University of Oxford – Oxford, Inglaterra, 
Anne Levade Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne – Paris, França, Bruce 
Ackerman Yale University – New Haven, Estados Unidos, Christoph A. Kern 
Universität Heidelberg – Heidelberg, Alemanha, Eduardo Oteiza Universidad 
Nacional de La Plata – La Plata, Argentina, Ezequiel González Ocantos 
University of Oxford – Oxford, Inglaterra, Jaclyn Neo National University of 
Singapore – Queenstown, Singapura, Kendall Thomas Columbia University – 
New York, Estados Unidos, Lee Epstein Washington University – St. Louis, 
Estados Unidos, Murillo de Aragão – Columbia University – New York, 
Estados Unidos, Octávio Luiz Motta Ferraz King’s College London – London, 
Inglaterra, Paul Yowell University of Oxford – Oxford, Inglaterra, Paula Costa 
e Silva Universidade de Lisboa – Lisboa, Portugal, Remo Caponi Universitá 
degli Studi di Firenze – Firenze, Itália, Rosalind Dixon University of New 
South Wales – Sydney, Austrália, Ruth Rubío Marin Universidad de Sevilla – 
Sevilla, Espanha, Shylashri Shankar Centre for Policy Research – New Delhi, 
Índia, Siri Gloppen University of Bergen – Bergen, Noruega, Yaniv Roznai 
Interdisciplinary Center – Herzliya, Israel.
CONSELHO EDITORIAL NACIONAL – Ana de Oliveira Frazão Universidade 
de Brasília – Brasília/DF, Ana Luiza Pinheiro Flauzina Universidade Federal 
da Bahia – Salvador/BA, Ana Paula de Barcellos Universidade do Estado do Rio 
de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ, Antônio Gomes Moreira Maués Universidade 
Federal do Pará – Belém/PA, Beclaute Oliveira Silva Universidade Federal de 
Alagoas – Maceió/AL, Daniel Francisco Mitidiero Universidade Federal do 
Rio Grande do Sul – Porto Alegre/RS, Daniel Wunder Hachem Universidade 
Federal do Paraná – Curitiba/PR, Gustavo José Mendes Tepedino Universidade 
do Estado do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ, Heloisa Helena Gomes Barboza 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ, Hugo de Brito 
Machado Universidade Federal do Ceará – Fortaleza/CE, Joaquim Shiraishi 
Neto Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Manaus/AM, Judith 
Martins-Costa Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre/
RS, Lauane Braz Andrekowisk Volpe Camargo Universidade Católica Dom 
Bosco – Campo Grande/MS, Luciano Benetti Timm Escola de Direito da 
Fundação Getulio Vargas – São Paulo/SP, Misabel Abreu Machado Derzi 
Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte/MG, Nelson Juliano 
Cardoso Matos Universidade Federal do Piauí – Teresina/PI, Nelson Nery Jr. 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – São Paulo/SP, Oscar Vilhena 
Vieira Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas – São Paulo/SP, Otavio 
Luiz Rodrigues Jr. Universidade de São Paulo – São Paulo/SP, Teresa Arruda 
Alvim Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – São Paulo/SP, Vera Karam 
de Chueiri Universidade Federal do Paraná – Curitiba/PR, Vicente de Paulo 
Barretto – Universidade Estácio de Sá – Rio de Janeiro/RJ e Universidade do 
Vale do Rio dos Sinos – Porto Alegre/RS, Virgílio Afonso da Silva Universidade 
de São Paulo – São Paulo/SP.
CONSELHO CIENTÍFICO – Adilson José Moreira Universidade Presbiteriana 
Mackenzie – São Paulo/SP, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes Universidade 
do Estado do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ,Ana Elisa Liberatore Silva 
Bechara Universidade de São Paulo – São Paulo/SP, Ana Teresa Silva de Freitas 
Universidade Federal do Maranhão – São Luís/MA, André Gustavo Corrêa 
de Andrade – Universidade Estácio de Sá – Rio de Janeiro/RJ, André Ramos 
Tavares Universidade de São Paulo – São Paulo/SP, Caitlin Sampaio Mulholland 
Pontificia Universidade Católica do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ, Camilo 
Zufelato Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto/SP, Carina Barbosa 
Gouvêa – Universidade Federal de Pernambuco – Recife/PE, Catarina Helena 
Cortada Barbieri Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas – São Paulo/
SP, Claudia Lima Marques Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto 
Alegre/RS, Clemèrson Merlin Clève Universidade Federal do Paraná – Curitiba/
PR, Daniel Antônio de Moraes Sarmento Universidade do Estado do Rio de 
Janeiro – Rio de Janeiro/RJ, Diogo Rosenthal Coutinho Universidade de São 
Paulo – São Paulo/SP, Fayga Silveira Bedê Centro Universitário Christus – 
Fortaleza/CE, Gisele Fernandes Góes Universidade Federal do Pará – Belém/
PA, Gislene Aparecida dos Santos Universidade de São Paulo – São Paulo/
SP, Gustavo Binenbojm Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Rio de 
Janeiro/RJ, Heleno Taveira Torres Universidade de São Paulo – São Paulo/SP, 
Henderson Fürst de Oliveira Pontifícia Universidade Católica de Campinas 
– Campinas/SP, Heron José de Santana Gordilho Universidade Federal da 
Bahia – Salvador/BA, Humberto Dalla Bernardina de Pinho Universidade do 
Estado do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ, Ingo Wolfgang Sarlet Pontifícia 
Universidade Católica do Rio Grande do Sul – Porto Alegre/RS, Ives Gandra 
da Silva Martins Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo/SP, José 
Levi Mello do Amaral Jr. Universidade de São Paulo – São Paulo/SP, Juliana 
Cordeiro de Faria Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte/
MG, Katya Kozicki Universidade Federal do Paraná – Curitiba/PR, Leonardo 
Greco Universidade Federal do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ, Lia Carolina 
Batista Cintra Universidade Federal de São Paulo – Osasco/SP, Loiane da Ponte 
Souza Prado Verbicaro Universidade Federal do Pará – Belém/PA, Luciana 
Yeung Luk Tai Instituto de Ensino e Pesquisa – São Paulo/SP, Luciano Vianna 
Araújo Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/
RJ, Luiz Alberto Gurgel de Faria – Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte – Natal/RN, Luiz Henrique Volpe Camargo Universidade Federal de 
Mato Grosso do Sul – Campo Grande/MS, Luiz Rodrigues Wambier Instituto 
Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa – Brasília/DF, Marcelo 
Leonardo Tavares Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/
RJ, Marcus Lívio Gomes Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Rio de 
Janeiro/RJ, Marcus Vinícius Furtado Coelho Pesquisador independente – 
Brasília/DF, Margarida Lacombe Camargo Universidade Federal do Rio de 
Janeiro – Rio de Janeiro/RJ, Maria Celina Bodin de Moraes Universidade 
do Estado do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ, Néviton de Oliveira Batista 
Guedes Centro Universitário de Brasília – Brasília/DF, Nina Beatriz Stocco 
Ranieri Universidade de São Paulo – São Paulo/SP, Paulo Cezar Pinheiro 
Carneiro Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ, 
Pedro Miranda de Oliveira Universidade Federal de Santa Catarina – 
Florianópolis/SC, Pierpaolo Cruz Bottini Universidade de São Paulo – São 
Paulo/SP, Reynaldo Soares da Fonseca Universidade de Brasília – Brasília/
DF, Richard Paulro Pae Kim – Universidade de Santo Amaro – São Paulo/
SP, Rodrigo de Bittencourt Mudrovitsch Instituto Brasileiro de Ensino, 
Desenvolvimento e Pesquisa – Brasília/DF, Sheila Neder Cerezetti Universidade 
de São Paulo – São Paulo/SP, Silvio Luiz de Almeida Universidade Presbiteriana 
Mackenzie – São Paulo/SP, Suyene Monteiro da Rocha Universidade Federal 
do Tocantins – Palmas/TO, Thula Rafaela de Oliveira Pires Pontifícia 
Universidade Católica do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ, Trícia Navarro 
Xavier Cabral Universidade Federal do Espírito Santo – Vitória/ES, Valério 
de Oliveira Mazzuoli Universidade Federal de Mato Grosso – Cuiabá/MT, 
Valter Shuenquener de Araújo Universidade do Estado do Rio de Janeiro – 
Rio de Janeiro/RJ, Vinicius Gomes de Vasconcellos Universidade Estadual de 
Goiás – Goiânia/GO.
APRESENTAÇÃO
A Suprema – Revista de Estudos Constitucionais, periódico científico do 
Supremo Tribunal Federal, tem o propósito de valorizar a ciência e fomentar a 
produção de estudos e pesquisas qualificados.
Em seu primeiro ano, a Suprema lançou dois números, nos quais publicou 
vinte artigos de fluxo editorial contínuo; quatro artigos em dossiê temático 
sobre a atuação das instituições no enfrentamento da pandemia da Covid-19; 
uma resenha sobre o livro The Cycles of Constitutional Time, do professor Jack 
M. Balkin, da Universidade de Yale; e uma entrevista concedida pelo ilustre 
professor José Afonso da Silva.
Esses trabalhos foram disponibilizados, com acesso livre e gratuito, na 
página do periódico (www.suprema.stf.jus.br). Desde o lançamento da Revista em 
junho de 2021, foram mais de 9.000 acessos aos resumos e documentos publicados 
e mais de 9.000 downloads realizados.
O número de acessos, visualizações e downloads demonstra o relevante 
alcance da Suprema, que não só se consolida como ambiente de difusão de textos 
qualificados nas mais diversas áreas do Direito e disciplinas afins, como também 
se materializa como ferramenta de diálogo no meio acadêmico, estimulando 
reflexões sobre temas interessantes e atuais.
Nesta primeira edição de 2022, a Revista conta com uma entrevista com 
o professor Tercio Sampaio Ferraz Jr.; uma resenha sobre o livro Constitutional 
Erosion in Brazil, escrito pelo professor Emilio Peluso Neder Meyer, da 
Universidade Federal de Minas Gerais; e doze artigos.
A publicação deste número compõe-se de trabalhos submetidos por vinte 
autores e autoras, que abordam temas correlatos à atuação institucional do 
Supremo Tribunal Federal, como aspectos contemporâneos do contencioso 
constitucional e desafios do constitucionalismo na era digital.
Os artigos da Suprema passam por um processo editorial qualificado, com 
o uso do mecanismo de avaliação double-blind peer review (avaliação às cegas por 
http://www.suprema.stf.jus.br
pares), internacionalmente reconhecido. Por esse método, a identidade de autores 
e pareceristas é mantida em sigilo, a fim de garantir que a análise recaia exclu-
sivamente sobre o conteúdo do trabalho. Destarte, assegura-se a publicação de 
artigos com qualidade atestada por pesquisadoras, pesquisadores e especialistas 
nas áreas de conhecimento abordadas nos respectivos textos avaliados. 
Além de publicar os artigos aprovados pelo mecanismo do double-blind 
peer review, a Suprema visa à publicação de tradução de textos de impacto no 
âmbito internacional, de resenhas de livros atuais e relevantes para a comuni-
dade científica global, e de entrevistas com eminentes personalidades do mundo 
jurídico e áreas afins.
Com essa estrutura, a Suprema espera contribuir, cada vez mais, com as 
discussões sobre o sistema de justiça e todas as atividades e saberes que dele 
fazem parte ou extravasam. Faz parte da concepção desta Revista ser ferramenta 
capaz de valorizar a memória daquelas pessoas que deixaram suas marcas para 
a compreensão e a prática do mundo jurídico contemporâneo, ao mesmo tempo 
em que promove, em seus artigos, debates da vivência presente e dos desafios que 
se projetam no futuro. A construção desse espaço de diálogo somente é possível 
pela confiança que inúmeras autoras, autores, resenhistas e pessoas entrevistadas 
depositam no trabalho desempenhado pela Suprema.
Nesse contexto, ressalto, ademais, que todos os textos da Revista são 
regidos pela licença Creative Commons – Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 
4.0), que possibilita o livre uso e o compartilhamento dos textos, condicionados 
apenas à devida indicação da autoriae fonte. Esse tipo de compartilhamento do 
conhecimento garante que os múltiplos saberes veiculados na Suprema cheguem 
mais longe e sem grandes barreiras. 
Nessa esteira, registro que os textos publicados na Revista têm DOI (Digital 
Object Identifier), uma sequência alfanumérica de padrão internacional que iden-
tifica cada arquivo publicado. Como cada elemento identificador é exclusivo, 
garantem-se a singularidade e reforça-se a persistência na web do arquivo ao 
qual se relaciona. Esse mecanismo, extremamente valorizado na editoração da 
Suprema desde o seu nascimento, busca transmitir justamente a importância 
da facilitação dos procedimentos de citação dos trabalhos e de referenciação de 
artigos. Por ser a ciência feita de acúmulo de conhecimentos e práticas, garantir 
o DOI nos textos publicados é também uma forma de elevar o fazer científico.
A adoção dessa e de outras boas práticas reconhecidas nacional e inter-
nacionalmente é fruto de um compromisso destinado a honrar a excelência da 
publicação no âmbito do Supremo Tribunal Federal. 
Diante desse contexto, é possível afirmar que a criação da Suprema recrudes-
ceu o valor que esta Instituição dá aos saberes pautados na ciência e à liberdade de 
expressão acadêmica. Desde o seu lançamento, mantém-se o escopo de destacar 
a ideia de que as instituições públicas, inclusive este Tribunal, precisam estar 
sempre dispostas a um diálogo atento com os membros da comunidade científica.
Agora em seu segundo ano, a Revista continua a se consolidar como um 
espaço qualificado para publicação de estudos de temas insurgentes no âmbito 
do Direito e áreas afins, com a valorização de pesquisas originais e inéditas, 
baseadas em abordagens teóricas e empíricas. Com isso, objetiva-se que a Suprema 
seja capaz de gerar bons debates no campo do saber, de modo a proporcionar a 
oxigenação nos campos epistêmico e metodológico de forma perene e longeva.
A Suprema é uma revista que está, a todo momento, com as portas abertas 
para submissões de artigos acadêmicos. Com um fluxo de recebimento contínuo, 
quem se interessar em submeter sua produção acadêmica ao periódico poderá 
fazê-lo a qualquer instante. Dessa forma, além de garantir a participação de todas 
aquelas pessoas que pretendam enviar seus trabalhos para avaliação, a Suprema 
se mantém próxima às discussões emergentes que permeiam a sociedade.
Vale destacar que, para baixar gratuitamente a publicação, basta aces-
sar o site da Revista. Com isso, reafirma-se o compromisso da Suprema com a 
difusão de saberes dentro e fora da comunidade acadêmica. Quando se garante 
a livre circulação de ideias, propagam-se a educação e o conhecimento, de 
forma a endossar valores importantes de uma sociedade que preza pelo Estado 
Democrático de Direito.
Ademais, cumpre ainda ressaltar os estreitos laços desta Revista com as 
ideias contidas nos objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 
da ONU. Essa relação ocorre tanto no estímulo às publicações sobre as mais 
diversas temáticas engendradas na citada Agenda, como também no próprio 
modo de se produzir a Revista. Essa sintonia é mais uma faceta de destaque da 
Suprema, que tem também a Agenda 2030 como uma bússola.
Finalmente, é deveras importante agradecer aos colaboradores da Suprema, 
que desde a sua gênese conta com a participação ativa dos seus conselheiros e 
conselheiras. Este é um valor a ser cultivado por toda a sua existência: envolver 
e absorver as mais célebres e distintas contribuições e apresentar-se como um 
periódico desenvolvido em um espaço plural de ideias. Essa variedade de pers-
pectivas, que se repete na composição de nosso corpo de pareceristas, ocorre 
também em atendimento aos estritos critérios de exogenia da Capes, que preza 
pela atuação de professores, professoras, pesquisadores e pesquisadoras de todas 
as regiões do País e, também, claro, de filiação internacional. 
Também cabe agradecer aos servidores e servidoras deste Tribunal envol-
vidos neste projeto, em especial à Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão 
da Informação (SAE). São profissionais comprometidos com a excelência deste 
periódico, que, com dedicação, realizam a leitura e a análise criteriosa dos textos; 
produzem conteúdo para a publicação; avaliam a implementação e atualização de 
recomendadas práticas editoriais; promovem a comunicação com conselheiros, 
pareceristas e autores; apresentam sugestões de normalização dos textos; exe-
cutam a diagramação, a revisão de provas editoriais e a impressão do periódico; 
e realizam a divulgação e promoção da Revista.
Desejo que a Suprema continue a fomentar a produção científica, a pro-
mover a troca de ideias e, consequentemente, a instigar o aperfeiçoamento do 
campo jurídico e de suas instituições. 
Tenham uma boa e prazerosa leitura!
Ministro Luiz Fux
Presidente do Supremo Tribunal Federal 
e da Suprema – Revista de Estudos Constitucionais
SUMÁRIO
EDITORIAL ...................................................................................................................................................... 17
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a163
SUPREMA ENTREVISTA
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a161
Professor Tercio Sampaio Ferraz Jr. ...........................................................................................................29
ARTIGOS
Técnica decisória e diálogo institucional: decidir menos para deliberar melhor
Decisional technique and institutional dialogue: deciding less to deliberate better
Técnica decisoria y diálogo institucional: decidir menos para deliberar mejor
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a147
Luiz Guilherme Marinoni .............................................................................................................................49
O combate à Covid-19 e o papel do Supremo Tribunal Federal: entre direito à saúde e 
conflitos federativos
Combating Covid-19 and the role of the Brazilian Federal Supreme Court: between right 
to health and federal conflicts
La lucha contra el Covid-19 y el papel del Tribunal Supremo de Brasil: entre derecho a la 
salud y conflictos federales
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a148
Ingo Wolfgang Sarlet e Jeferson Ferreira Barbosa..................................................................................87
O direito à participação dos povos originários e o STF
The right to participation of indigenous peoples and the STF
El derecho a la participación de los pueblos indígenas y el STF
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a149
Alexandre Gustavo Melo Franco de Moraes Bahia e Diogo Bacha e Silva ...................................119
ADI 4.296 e liminar em mandado de segurança: uma proposta de compreensão de 
seu alcance
ADI 4.296 and temporary injunction in writ of mandamus: a proposal for understanding 
its scope
ADI 4.296 y tutela provisional en acción de amparo: una proposta para entender su alcance
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a150
Cassio Scarpinella Bueno .............................................................................................................................157
Litigantes repetitivos e modulação no controle de constitucionalidade
Repeat players and modulation of effects in the control of constitutionality
Litigantes reincidentes y modulación de efectos en el manejo de constitucionalidad
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a151
Susana Henriques da Costa e Marcos Rolim da Silva .........................................................................185
Consumismo, maquiagem publicitária e o dever de informação dos fornecedores
Consumption, misleading advertising and supplier information duty
Consumismo, publicidad engañosa y deber de información de los proveedores 
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a153
Dennis Verbicaro e Luiza Tuma da Ponte Silva ................................................................................... 225
Formalismo jurídico: ascensão, declínio e renascimentoLegal formalism: rise, decline and rebirth
Formalismo jurídico: ascenso, declive y renacimiento
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a154
Lucas Fucci Amato .........................................................................................................................................255
Enduring issues of digital exclusion, emerging pressures of internet regulation in Brazil
Problemas duradouros da exclusão digital, pressões emergentes da regulação da internet 
no Brasil
Problemas perdurables de la exclusión digital, presiones emergentes de la regulación de 
Internet en Brasil
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a156
Lílian M. Cintra de Melo ............................................................................................................................. 287
Exposição não consentida de conteúdos íntimos na perspectiva do Poder Judiciário 
brasileiro
Non-consented exposure of intimate content from the perspective of the Brazilian judiciary
Exposición no consentida de contenidos íntimos en la perspectiva de la justicia brasileña
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a157
Jhon Kennedy Teixeira Lisbino e Sónia Maria Martins Caridade ..................................................327
Controle da relevância e urgência em medidas provisórias pelo STF
Judicial review of provisional measures’ importance and urgency by Brazilian Federal 
Supreme Court
Control de relevancia y urgencia en las medidas provisionales por parte del STF
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a158
Lucas Custódio Santos, Guilherme Balbi e Guilherme Forma Klafke ......................................... 369
Redes sociais e limites da jurisdição estatal: análise sob as perspectivas da 
territorialidade e da efetividade
Social media and the scope of state jurisdiction: analysis from the perspectives of 
territoriality and effectiveness
Redes sociales y límites de la jurisdicción estatal: análisis desde las perspectivas de 
territorialidad y efectividad
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a159
Francisco de Mesquita Laux e Solano de Camargo ............................................................................ 407
A arguição de descumprimento de preceito fundamental como instrumento de 
controle de convencionalidade
The claim of non-compliance with a fundamental precept as an instrument of 
conventionality control
La alegación de incumplimiento de precepto fundamental como un instrumento de 
control de convencionalidad
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a160
Manuellita Hermes ........................................................................................................................................ 445
RESENHA
Capturing the complexity of constitutional erosion and resilience in Brazil
MEYER, Emilio Peluso Neder. Constitutional erosion in Brazil. Oxford: Hart 
Publishing, 2021.
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a162
Tom Gerald Daly .............................................................................................................................................479
POLÍTICA EDITORIAL ............................................................................................................. 495
Instruções Editoriais para Autores .......................................................................................................... 496
EDITORIAL POLICY ................................................................................................................. 503
Guidelines for Authors ................................................................................................................................. 504
EDITORIAL
Submissão de artigos científicos por mulheres: para além de vigiar, é 
preciso agir sobre as estruturas sociais desiguais1
Com muito entusiasmo, dando continuidade à promoção de um espaço 
qualificado para o diálogo com a comunidade científica e com a sociedade civil, 
publicamos o primeiro número do segundo volume da Suprema – Revista de 
Estudos Constitucionais, a primeira edição do ano de 2022. 
Neste volume, a Revista renova seu compromisso com valores como a 
democratização da informação e a diversidade, além de consolidar o seu enga-
jamento com a Agenda 2030 da ONU2, por meio da adesão aos Objetivos de 
Desenvolvimento Sustentável (ODS), dos quais destacamos o ODS 4, que preza 
pela educação de qualidade; o ODS 5, que defende a igualdade de gênero; e o ODS 
6, que busca a redução de desigualdades. Com esse intuito, a Suprema ratifica 
critérios de gênero, raça e pluralidade regional para a seleção e a publicação dos 
artigos a ela submetidos.
Justamente nesse contexto, haja vista os propósitos que norteiam a condu-
ção dos trabalhos editoriais deste periódico desde o seu nascimento, relatamos a 
nossa percepção sobre o impacto negativo na produção acadêmica, sobretudo de 
mulheres, causado pela pandemia da Covid-19. Ainda que seja uma constatação 
partilhada em outras publicações – algumas delas mencionadas a seguir –, é 
importante fazer coro à preocupação com a sobrecarga de atribuições que recai 
sobre as mulheres e as impede de, na carreira acadêmica, evoluir em igualdade 
de condições com os homens, especialmente quando se trata de submissão e 
publicação de artigo – métrica usualmente relevante para avaliar a progressão 
na carreira acadêmica3.
1 Agradecemos à estagiária Raquel Beutel Semenzato Proazzi, que auxiliou com o levantamento e a consolidação das 
informações apresentadas neste editorial.
2 NAÇÕES UNIDAS, 2015.
3 Para esta e demais métricas, consulte: UNESCO, 2022.
[ SUMÁRIO ]
ISSN 2763-7867
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a163
https://suprema.stf.jus.br/index.php/suprema/article
Uma pesquisa realizada pelo Parent in Science4 demonstrou a desigual con-
sequência da crise sanitária na produtividade acadêmica de homens e mulheres 
com as mesmas titulações. Em relação aos docentes consultados, o estudo apon-
tou que apenas 49,8% das mulheres conseguiram submeter artigos acadêmicos 
conforme haviam planejado, ao passo que 68,7% dos homens tiveram êxito em 
fazê-lo. Também foi constatada uma diferença significativa entre pesquisadores 
de pós-doutorado que submeteram artigos conforme o planejado: 41,5% das 
mulheres e 65% dos homens. 
É interessante notar, em ambos os casos, que menos da metade das mulhe-
res submeteram artigos científicos conforme haviam planejado, enquanto mais 
de 60% dos homens seguiram seus planejamentos acadêmicos. Em uma leitura 
interseccional dos dados, quando segregados por raça, percebemos que apenas 
47,3% das mulheres negras submeteram artigos científicos como haviam pro-
gramado, ao passo que 50,1% das mulheres brancas o fizeram, contra 63,2% dos 
homens negros e 70,4% dos homens brancos5.
Por serem as mulheres ainda majoritariamente (quando não exclusiva-
mente) responsáveis pelos deveres de cuidado em seus núcleos familiares – em 
relação a crianças ou mesmo a pessoas idosas –, não é difícil imaginar ou criar 
hipóteses sobre por que o número de artigos submetidos por autoras foi mais 
baixo que o apresentado por autores.
O relatório da ONU Gender Equality: How Global Universities are Performing, 
divulgado em março deste ano, reforça essa constatação sobre as autoras acadê-
micas e o baixo número de submissões. Segundo os dados apresentados, de fato 
o número de mulheres autoras é bastante reduzido (29%), e o período pandêmico 
também é apontado como um fator relevante e preocupante para a análise6.
 A atividade da escrita para a submissão de artigos exige tempo qualificado, 
com foco, silêncio e sem interrupções. Esse cenário foi bastante raro para quem 
passou por longos períodos de trabalho remoto durante a pandemia, parti-
cular mente para aquelas em quem recaíram os deveres do cuidado da casa, dos 
filhos/as e de idosos. Mais uma vez, os dados do relatório da pesquisa do Parent 
4 PRODUTIVIDADE..., 2020. Recomenda-se, também, STANISCUASKI et al., 2021.
5 PRODUTIVIDADE..., 2020.
6 Ver: UNESCO, 2022.18SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 17-28, jan./jun. 2022.
[ SUMÁRIO ]
19SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 17-28, jan./jun. 2022.
in Science segregados por parentalidade – um dos tipos de cuidado existentes 
no núcleo familiar – indicaram que somente 47,4% das mulheres com filhos/as 
(contra 56,4% das mulheres sem filhos/as) conseguiram submeter artigos cien-
tíficos como planejado, em comparação com os 65,5% dos homens com filhos/
as (contra 76% dos homens sem filhos/as) que tiveram o mesmo êxito7.
Confirmando essas estatísticas, a título de exemplo, os levantamentos 
apresentados pela DADOS: Revista de Ciências Sociais8, da Universidade Estadual 
do Rio de Janeiro, revelaram uma queda acentuada na quantidade de textos 
submetidos e assinados por mulheres como autoras ou coautoras. Constatou-se 
que, no início do ano de 2020, 40% dos artigos submetidos eram de autoria ou 
coautoria de mulheres, mas, no segundo trimestre do mesmo ano, esse quanti-
tativo caiu para 28%. Ainda mais intensa foi a redução no percentual de artigos 
em que as mulheres eram as primeiras autoras: enquanto, no primeiro trimestre 
de 2020, representavam 38% dos artigos submetidos; no segundo trimestre, esse 
percentual diminuiu para 13%.
Outra análise apresentada pela DADOS9 reforça a percepção do impacto 
da crise sanitária na produção acadêmica de mulheres. Ao longo dos anos, 
constatou-se uma crescente participação de autoras nos artigos publicados pela 
revista de ciências sociais, culminando em 42% entre os anos de 2010 e 2019. 
No entanto, em 2020, ano do início da pandemia da Covid-19, o percentual de 
artigos com participação de mulheres caiu para 38%, aumentando, portanto, 
para 62% aqueles escritos apenas por homens.
Assim é que a pandemia da Covid-19, responsável por impactos nas mais 
diversas áreas da vida social, também foi causa de considerável abalo na produção 
acadêmica das mulheres, como não poderia deixar de ser, já que a desigualdade 
de gênero é um fenômeno instalado e persistente nas estruturas das relações 
em sociedade.
Dessa forma, a despeito de a Suprema ter sido gestada e lançada durante 
uma crise sanitária, situação que prejudica qualquer análise comparativa 
dentro da realidade da própria Revista para os contextos pré e pós-pandemia 
7 PRODUTIVIDADE..., 2020.
8 CANDIDO; CAMPOS, 2020.
9 CANDIDO, 2022.
[ SUMÁRIO ]
especificamente, arriscamo-nos a afirmar que esse cenário negativo sobre o 
reduzido número de submissões de artigos escritos por mulheres tenha também 
recaído sobre este periódico.
O efeito colateral do cenário pandêmico foi percebido nesta edição da 
Suprema, em que há menos autoras e coautoras. Enquanto, no primeiro volume 
(que compreende a somatória dos dois números), houve uma participação paritária 
de homens e mulheres, neste primeiro número do segundo volume, verifica-
mos que a quantidade de autores e coautores se sobrepõe consideravelmente 
à quantidade de autoras e coautoras. Vale destacar que essa discrepância não 
decorreu da qualidade dos textos submetidos. A quase totalidade dos artigos 
com participação de mulheres submetidos ao processo de avaliação double blind 
peer review recebeu recomendação de publicação. A diferença no quantitativo 
teve origem na baixíssima submissão de textos por autoras ou coautoras. Dito 
em outras palavras: o déficit esteve desde já no pool de artigos submetidos.
O cenário sugere que os impactos negativos da pandemia na produção 
acadêmica de mulheres podem perdurar no tempo, com o risco de uma signi-
ficativa regressão de suas participações no meio científico. Essa diminuição da 
expressão de pessoas do gênero feminino nos ambientes de criação e discussão 
acadêmicos, além de prejudicar diretamente as mulheres, traz danos à própria 
evolução da ciência, que perde ao deixar de contar com a perspectiva de quem 
representa aproximadamente 50% da população mundial10.
Cabe a nós, como cidadãos e cidadãs, contribuir para a diminuição da 
sobrecarga das mulheres, estimulando sua atuação e seu crescimento nas mais 
diversas searas profissionais a todo o momento. O Supremo Tribunal Federal, 
na recente publicação Produção de Mulheres em Direito Constitucional11, destacou 
a situação de invisibilização pela qual as mulheres passam na produção do 
conhecimento no âmbito jurídico. A obra faz parte de uma teia de diagnósticos 
importantes, à qual se soma este editorial. É preciso vigiar para que a invisi-
bilização que usualmente ocorre com o conhecimento já publicado não passe 
10 Segundo dados da ONU sobre a população mundial, de 2019 a 2022, as mulheres representam 49,58% da população. 
Em termos de população brasileira, conforme dados do IBGE do primeiro trimestre de 2020, as mulheres equivalem 
a 51,74%. Para consultar, vide respectivamente: IBGE, 2022; NAÇÕES UNIDAS, [2019]. 
11 BRASIL, 2022. 
20SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 17-28, jan./jun. 2022.
[ SUMÁRIO ]
21SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 17-28, jan./jun. 2022.
também despercebida em etapa anterior12, qual seja, a de submissão de artigos 
científicos para avaliação e, posterior, publicação. É preciso, portanto, agir sobre 
as estruturas sociais de gênero que criam barreiras impeditivas à submissão dos 
textos autorais de pesquisadoras.
Municiados desse diagnóstico, é preciso que também voltemos sempre 
nossos olhos para esse cenário que a pandemia ratificou e piorou. A tomada de 
consciência pela sociedade como um todo e pelas mais diversas instituições que 
lidam diretamente com essa realidade é um passo importante, para que, em fase 
posterior, se possam criar diagnósticos e planos de ação que lidem com mais 
essa faceta da desigualdade de gênero13. 
Não podemos permitir a regressão da consolidação da participação das 
mulheres em ambientes que anteriormente eram exclusivos do universo mas culino. 
Muito pelo contrário. É necessário estimular, cada vez mais, a diversidade, fazendo 
do ambiente acadêmico-científico um lugar receptivo para todas as pessoas que 
com ele desejem contribuir. 
Ainda sobre o tema da diversidade, mas sob outro aspecto, reiteramos 
que a Suprema preza pela diversidade, e isso também se manifesta na variedade 
de temas e abordagens de seus artigos. Neste número são explorados múltiplos 
assuntos que dialogam com o direito constitucional: direitos humanos, democra-
cia, participação social, processo legislativo, dever de informação, violência de 
gênero e tecnologia.
Além dos artigos publicados nesta edição, há também a entrevista com o 
professor Tercio Sampaio Ferraz Júnior, notável jurista brasileiro e autor da reno-
mada obra Introdução ao Estudo do Direito14, essencial a milhares de acadêmicos do 
12 Para aprofundamento do conhecimento sobre as desigualdades de gênero no ensino jurídico, ver os estudos 
empíricos: e CEREZETTI , 2019; CAMPOS, 2021. 
13 O reconhecimento de que o exercício da maternidade nos primeiros meses de vida da criança pode impactar a 
produção científica e, consequentemente, a carreira acadêmica de mulheres pode também ser verificado pela recente 
permissão do CNPq de que pesquisadoras registrem, em seus currículos, o período de licença maternidade: “[...] a 
chegada dos filhos pode causar impacto significativo na produção dos pesquisadores, especialmente das mulheres, 
com desaceleração na elaboração de artigos, afetar o currículo e gerar desvantagem em relação a colegas.[...] Com a 
possibilidade de sinalizar o período da licença nessa nova versão do Currículo Lattes, recrutadores, universidades e 
agências de fomento à pesquisa poderão compreender o por quê da queda em sua produção”. Segundo a reportagem, 
50% do total de pesquisadores cadastrados são mulheres (BOEHM, 2021). Esse é um exemplo de medida possível de 
ser realizada após a tomada de consciência e de diagnóstico sobre a realidade.
14 FERRAZ JÚNIOR, 2019.
[ SUMÁRIO ]
Direito no Brasil.O professor conta sua rica trajetória profissional e acadêmica e 
suas relações com a filosofia, o ensino, as artes e sua família. Além disso, expõe 
suas reflexões sobre o atual cenário brasileiro e suas perspectivas para o futuro.
Neste primeiro número do segundo volume da Suprema, os doze artigos 
publicados são inéditos e passaram pelo sistema de avaliação às cegas por pares, 
isto é, foram submetidos ao double-blind peer review. 
A possibilidade de Cortes Supremas e Constitucionais decidirem a (in)consti-
tucionalidade de questões ainda em debate popular e parlamentar é o tema em 
discussão no artigo “Técnica decisória e diálogo institucional: decidir menos para 
deliberar melhor”, do professor Luiz Guilherme Marinoni. O autor apresenta e discute 
o second look, uma técnica do Direito estadunidense destinada a proferir decisões 
sem o completo aprofundamento teórico. O autor entende que o uso da técnica é 
um meio adotado pelas Cortes para permitir a continuidade da deliberação social, 
ou então efetivamente promovê-la, em respeito aos diálogos públicos que buscam 
interpretar a Constituição.
Voltado ao cenário pandêmico, no artigo “O combate à Covid-19 e o papel 
do STF: entre direito à saúde e conflitos federativos”, o professor Ingo Wolfgang 
Sarlet e Jeferson Ferreira Barbosa discorrem sobre os principais temas tratados 
pelo Supremo Tribunal Federal referentes ao direito à saúde e ao combate à 
pandemia. Na pesquisa, foi identificada uma quantidade expressiva de decisões 
e processos relacionados à pandemia e ao contexto federativo. Ante os dados, os 
autores entendem a intensa judicialização no contexto pandêmico como fruto 
das disfunções no sistema de saúde, da crise econômica e da má-governança, 
evidenciadas e intensificadas pela crise sanitária.
O artigo “O direito à participação dos povos originários e o STF”, do 
professor Alexandre Gustavo Melo Franco de Moraes Bahia e de Diego Bacha e 
Silva, dedica-se a compreender a aplicação da Convenção n. 169 da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT) no âmbito do Supremo Tribunal Federal. Os 
autores identificaram situações contraditórias em relação à obrigatoriedade 
de vinculação do consentimento dos povos tradicionais durante as consultas 
realizadas por ocorrências que lhes causam impacto direto.
Em diálogo com o direito processual civil, no artigo “ADI 4.296 e liminar em 
mandado de segurança: uma proposta de compreensão de seu alcance”, o professor 
Cassio Scarpinella Bueno discute a declaração de inconstitucionalidade do art. 7º, 
22SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 17-28, jan./jun. 2022.
[ SUMÁRIO ]
23SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 17-28, jan./jun. 2022.
§ 2º, da Lei 12.016/2009 e seus efeitos. O autor questiona a constitucionalidade 
da vedação de liminar em mandado de segurança e destaca a importância de o 
Supremo Tribunal Federal apresentar respostas estáveis, íntegras e coerentes, 
por meio de fundamentação unívoca.
Em seguida, o artigo “Litigantes repetitivos e modulação no controle de 
constitucionalidade”, da professora Susana Henriques da Costa e de Marcos 
Rolim da Silva, investiga a hipótese de que litigantes repetitivos apresentam 
vantagens no pleito de modulação de efeitos, no controle de constitucionalidade 
do Supremo Tribunal Federal. Para tanto, os autores realizam um estudo empí-
rico, com análise qualitativa dos casos julgados pelo STF sob a sistemática da 
repercussão geral, comparando a argumentação dos litigantes repetitivos e seus 
respectivos resultados. A partir disso, concluem pela confirmação da hipótese, 
ainda que de forma cautelosa. 
Após, no artigo “Consumismo, maquiagem publicitária e o dever de infor-
mação dos fornecedores”, o professor Dennis Verbicaro e Luiza Tuma da Ponte 
Silva exploram a temática do assédio de consumo, bastante presente na socie-
dade contemporânea. O estudo é desenvolvido a partir da análise do marketing 
de corporações sob as diretrizes da responsabilidade social corporativa. Os 
autores defendem a importância de o consumidor ter acesso a informações 
transparentes e de qualidade de seus fornecedores, conforme as disposições do 
Código de Defesa do Consumidor. 
Com uma abordagem mais teórica, o artigo “Formalismo jurídico: ascensão, 
declínio e renascimento”, do professor Lucas Fucci Amato, apresenta os modelos 
hermenêuticos presentes na estruturação do Direito e os relaciona aos contextos 
histórico, social e político a que estão vinculados. Nesse sentido, o autor analisa 
o formalismo jurídico clássico, o antiformalismo, a idealização interpretativa do 
direito e o formalismo jurídico contemporâneo. Além disso, destaca a retomada 
da tradição teórica do formalismo jurídico nas mais diversas correntes da teoria 
do direito contemporâneo.
O artigo em língua inglesa “Enduring issues of digital exclusion, emerging 
pressures of internet regulation in Brazil”, da professora Lílian Cintra de Melo, 
aborda a exclusão digital a partir de uma visão estrutural da internet, promove 
uma revisão histórica acerca da regularização das telecomunicações no Brasil e 
constata fragilidades na promoção da inclusão digital no País. A autora defende 
a importância da compreensão da exclusão digital de forma mais aprofundada, 
[ SUMÁRIO ]
com consideração aos fatores sociais e econômicos que a permeiam, especial-
mente no contexto brasileiro.
Adiante, o artigo “Exposição não consentida de conteúdos íntimos na 
perspectiva do poder jurídico brasileiro”, do professor Jhon Kennedy Teixeira 
Lisbino e da professora Sônia Maria Martins Caridade, apresenta o posiciona-
mento do Judiciário sobre a exposição não consentida de conteúdos íntimos no 
ambiente virtual. Os autores desenvolvem uma análise empírica sobre o perfil 
das vítimas e dos acusados, a motivação dos crimes e o tratamento dos casos na 
jurisprudência, e destacam os impactos das mudanças sociais na condução dos 
litígios e na interpretação do Direito.
O artigo “Controle de relevância e urgência em medidas provisórias pelo 
STF”, de Guilherme Balbi, do professor Guilherme Forma Klafke e de Lucas 
Custódio Santos, traz um robusto estudo empírico acerca das ações diretas 
de inconstitucionalidade (ADI) julgadas pelo Supremo Tribunal Federal entre 
1988 e 2018. A pesquisa analisa como a Corte controlou a discricionariedade 
do Executivo em relação aos pressupostos de relevância e urgência, necessários 
à edição de medidas provisórias, e identifica três principais teses presentes nos 
votos dos ministros.
A seguir, o artigo “Redes sociais e limites da jurisdição estatal: análise sob 
as perspectivas da territorialidade e da efetividade”, de Francisco de Mesquita 
Laux e Solano Camargo, discute os alcances e limites da eficácia das decisões 
judiciais estatais relacionadas à remoção de conteúdos na internet. Para tanto, 
são examinadas a amplitude e efetividade da jurisdição. A partir da análise, os 
autores sugerem a limitação territorial do alcance de decisões que bloqueiam 
postagens na internet a fim de mitigar posteriores discussões.
Em relação às Cortes Constitucionais e ao diálogo com o direito inter-
nacional, o artigo “A arguição de descumprimento de preceito fundamental 
como instrumento de controle de convencionalidade”, de Manuellita Hermes, 
tem enfoque no comportamento decisório do STF no tocante ao controle de 
convencionalidade. A autora analisa o uso da arguição de descumprimento de 
preceito fundamental (ADPF) como meio de promoção do uso da técnica pelo 
Supremo Tribunal Federal e destaca a importância da ampliação dessa classe 
processual à condição de instrumento integrativo. 
24SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 17-28, jan./jun. 2022.
[ SUMÁRIO ]
25SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 17-28, jan./jun. 2022.
Esta edição conta com um total de vinte autores/as e coautores/as, dos 
quais quatorze são doutores/as. Esses autores/as e coautores/asestão vincula-
dos/as a quatorze instituições de ensino superior, de quatro diferentes países: 
Brasil, Alemanha, Itália e Portugal. Os autores/as e coautores/as filiados/as 
às instituições brasileiras provêm de oito diferentes unidades da Federação, 
com representação de todas as cinco regiões do Brasil: Centro-Oeste (Distrito 
Federal), Nordeste (Piauí), Norte (Pará), Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro 
e São Paulo) e Sul (Paraná e Rio Grande do Sul). 
Um resumo das estatísticas do primeiro número do segundo volume da 
Suprema é apresentado no gráfico a seguir.
Gráfico 1 – Estatísticas do primeiro número 
do segundo volume da Suprema 
91,7 %
91,7 %
25,0 %
70,0 %
100,0 %
Exogenia dos autores/as e coautores/as
Ar�gos com ao menos um/a coautor/a doutor/a
Ar�gos com ao menos um/a coautor/a
afiliado/a a ins�tuição estrangeira
Autores/as e coautores/as doutores/as
Ar�gos subme�dos ao double-blind peer review
A Revista conta ainda com a publicação da resenha de autoria do professor 
Tom Gerald Daly, sobre o livro Constitutional Erosion in Brazil15, escrito pelo 
professor Emilio Peluso Neder Meyer. A resenha destaca a falta de produções 
acadêmicas em língua inglesa que tratem da democracia no Brasil. Em contra-
ponto, identifica vasta produção acerca de países como Estados Unidos, Hungria, 
Polônia, Venezuela e até mesmo Israel e Índia. Além de apresentar reflexões 
sobre o termo constitutional erosion, o texto enfatiza a existência de ensinamentos 
importantes que a experiência brasileira pode oferecer a outros países.
15 MEYER, 2021.
[ SUMÁRIO ]
A realização deste número não seria possível sem a confiança e o compro-
misso das autoras e dos autores, do entrevistado, do resenhista, das conselheiras 
e dos conselheiros, das pareceristas e dos pareceristas, das servidoras e dos 
servidores do Tribunal. Entendemos que a realização da Revista é um traba-
lho conjunto e, por isso, agradecemos a todas e todos que contribuíram para a 
publicação de mais um número da Suprema – Revista de Estudos Constitucionais.
Acreditamos que os doze artigos inéditos deste primeiro número do 
segundo volume da Suprema – Revista de Estudos Constitucionais, somados à 
inspiradora entrevista do professor Tercio Sampaio Ferraz Júnior e à instigante 
resenha de Tom Gerald Daly sobre o livro Constitutional Erosion in Brazil, escrito 
pelo professor Emilio Peluso Neder Meyer, oferecerão contribuições ao diálogo 
acadêmico e científico, no âmbito nacional e internacional.
Desejamos a todas e todos uma ótima leitura e, como sempre, excelentes 
reflexões e discussões!
Equipe Editorial
Pedro Felipe de Oliveira Santos
Editor-Chefe 
Secretário-Geral da Presidência do STF
Alexandre Reis Siqueira Freire
Editor-Chefe
Secretário de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação do STF
Lívia Gil Guimarães
Editora-Chefe 
Coordenadora de Pesquisas Judiciárias do STF
Bruna de Bem Esteves
Editora-Adjunta
Gerente de Altos Estudos do STF
26SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 17-28, jan./jun. 2022.
[ SUMÁRIO ]
27SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 17-28, jan./jun. 2022.
Referências
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constitucional: bibliografia, legislação e jurisprudência temática. Brasília: 
STF, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação, 
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o isolamento social relativo à Covid-19. Porto Alegre: Parent in Science, 2020. 
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LevantamentoParentinSciencePandemia.pdf. Acesso em: 24 jun. 2022.
STANISCUASKI, Fernanda et al. Gender, race and parenthood impact academic 
productivity during the COVID-19 pandemic: from survey to action. Frontiers 
in Psychology, 12 May 2021. DOI: 10.3389/fpsyg.2021.663252. Disponível em: 
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2021.663252/full. Acesso 
em: 24 jun. 2022.
UNESCO. International Institute for Higher Education in Latin America and 
the Caribbean. Gender equality: how global universities are performing: 
part 1. Caracas: IESALC;Washington: Times Higher Education, Mar. 2022. 
Disponível em: https://www.timeshighereducation.com/sites/default/files/
the_gender_equality_report_part_1.pdf. Acesso em: 24 jun. 2022.
28SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 17-28, jan./jun. 2022.
[ SUMÁRIO ]
https://population.un.org/wpp/dataquery/
https://www.ufrgs.br/ciencia/wp-content/uploads/2020/07/LevantamentoParentinSciencePandemia.pdf
https://www.ufrgs.br/ciencia/wp-content/uploads/2020/07/LevantamentoParentinSciencePandemia.pdf
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https://www.timeshighereducation.com/sites/default/files/the_gender_equality_report_part_1.pdf
https://www.timeshighereducation.com/sites/default/files/the_gender_equality_report_part_1.pdf
SUPREMA ENTREVISTA 
Professor Tercio Sampaio 
Ferraz Jr.1
Processo de escrita, artes e afetos
Suprema. Professor, o senhor é um dos mais notáveis juristas brasileiros. 
Entre suas principais obras, temos a renomada Introdução ao Estudo do Direito, 
fundamental para a formação de diversos acadêmicos do Direito em todo o 
Brasil. Quanto à construção da obra, como se desenvolveu seu processo de 
escrita? Quais foram suas principais motivações e referências? Em sua visão, 
qual é a maior contribuição desse trabalho?
TSF. A elaboração foi feita a partir de um convite da editora Atlas. Tomei por base 
as aulas que ministrava na Faculdade de Direito da USP. Mas o livro foi escrito 
em Lisboa, em cuja Universidade era professor convidado de filosofia do direito. 
Diante do grande número de obras conhecidas, tomei como um desafio escolher um 
enfoque diferente e original. Tinha em mente a Teoria Pura do Direito e a virada 
de foco que nela Kelsen trazia. Com Theodor Viehweg aprendera a importância da 
retórica para o direito. Mas aí também estava contido o linguistic turn da filosofia 
contemporânea, o que desenvolvi na perspectiva pragmática e comunicacional de 
meus estudos linguísticos. Talvez uma contribuição significativa tenha sido tornar 
visível como o estudo do direito pode e deve aliar o conhecimento dogmático 
com o zetético em cada um dos seus tópicos tradicionais.
1 FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. Suprema entrevista: Professor Tercio Sampaio Ferraz Jr. Suprema: revista de 
estudos constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 29-47, jan./jun. 2022.
Fonte: arquivo pessoal do entrevistado. 
[ SUMÁRIO ]
ISSN 2763-7867
https://doi.org/10.53798/suprema.2022.v2.n1.a161
https://suprema.stf.jus.br/index.php/suprema/article
Suprema. Em uma de suas entrevistas,2 o senhor menciona a sua admiração 
pelos poetas do Largo São Francisco e seu encanto pela velha e sempre nova 
Academia, como carinhosamente é denominada a Faculdade de Direito da USP. 
Quais são suas lembranças afetivas da faculdade? Há um poeta/uma poetisa e 
um poema presente em sua memória até os dias de hoje?
TSF. Quando terminava meu curso colegial, encantava-me a ligação de nossos 
poetas com a Faculdade do Largo São Francisco. Tinha também a presença da 
Revolução Constitucionalista de 1932, que meu pai, tendo nela lutado, nela me 
fazia pensar. Era a mostra do agasalho feito de amizade e mocidade, capaz de 
cobrir, sob um único teto, gente de tanta parte, do norte ao sul do País, de dentro 
e de fora, numa irmandade que Paulo Bomfim expressou com vibrante emoção:
Onde estais com vossos ponchos,
os fuzis sem munição,
os capacetes de aço,
os trilhos do trem blindado
o lema de vossas vidas,
a saga dos vossos passos,
ó jovens de 32!
Suprema. O senhor, que é membro da Academia Paulista de Letras, começou 
a escrever poesias desde a adolescência e, inclusive, tem um livro de poesias 
publicado, chamado Para sempre e sempre. Como foi o processo de escrita desse 
livro, que é também uma coletânea de cartas à sua esposa? O senhor ainda 
costuma escrever poesias? O que inspira o senhor durante a escrita literária? 
Pretende publicar outros livros dessa natureza?
TSF. Escrevo poesia desde meus doze anos, mas nunca publicara um livro. Até 
que, nos meus setenta anos, recebi como presente de minha mulher, Sonia, um 
envelope. Apalpei-o e perguntei: um livro? Sim, era tudo que para ela compusera 
durante quarenta anos. O título veio de uma dedicatória que lhe fizera em um 
livro publicado por volta de 1988. Continua a escrever. Sempre para Sonia, Dela 
depende uma eventual publicação. Sempre e sempre...
2 A entrevista, realizada pelo Professor Henderson Fiirst, Conselheiro Científico da Suprema, encontra-se disponível 
em http://genjuridico.com.br/2019/05/28/resenha-introducao-estudo-do-direito/. 
30SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 29-47, jan./jun. 2022.
[ SUMÁRIO ]
Professor Tercio Sampaio Ferraz Jr.
http://genjuridico.com.br/2019/05/28/resenha-introducao-estudo-do-direito/
31SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 29-47, jan./jun. 2022.
Suprema entrevista
Suprema. Durante o período em que cursava a graduação, o senhor chegou a 
atuar na novela A Cabeçuda, da TV Cultura (emissora dos Diários Associados),3 
no papel de um padre. Por que decidiu não continuar a carreira de ator? O que 
a atuação trouxe de ensinamentos ao senhor?
TSF. A TV foi um episódio que vinha ao cabo de experiências de meus tempos 
de estudante no Colégio São Luís. Nelas aprendi a empostar a voz, mostrar a 
emoção, dominar a gesticulação. Mas minha maior vocação era a docência. 
Nela podia me descobrir também como ator. O ensino me fez perceber o palco 
da vida, o que fui sentindo desde meus tempos de estudante na Faculdade de 
Filosofia, Ciências e Letras da USP, quando era chamado a apresentar seminários. 
E, da Faculdade de Direito, tinha os exemplos marcantes de Goffredo Telles Jr. 
e Miguel Reale, artistas da palavra. 
Suprema. Além da literatura, da atuação, sabemos também que o senhor é um 
apreciador da música clássica. Como as artes se fazem presente no seu cotidiano? 
O senhor acredita que o seu fascínio pelas artes de uma forma geral agrega algo 
de diferente na sua forma de enxergar sua vida no Direito? E fora dele? Como 
ambas as esferas coexistem?
TSF. Sempre estudei ouvindo música, desde criança. Acabei percebendo que 
a função significativa não é um privilégio da língua e da fala fonética. Há de 
se reconhecer, de todo modo, que o ouvir uma música transcende a audição no 
sentido fisiológico. Certamente é possível traçar um paralelo entre a capacidade 
orgânica do ouvido (altura do som, intensidade, velocidade etc.) e uma sequência 
musical, mas não seria isso que explicaria os efeitos na sensibilidade humana. 
A música, como o direito, é um mistério, o mistério do princípio e do fim da 
sociabilidade humana. 
Por essa via algumas curiosas aproximações entre música e direito merecem 
atenção. De que maneira o silêncio pode ser compreendido como um campo de 
possibilidades musicais ou uma pura manifestação comunicativa? Som e silêncio 
são elementos complexos da música e do direito. “Quem cala consente?” Eis uma 
indagação tipicamente jurídica. As pausas, as ausências, os vazios são prenhes 
de relevância. Num interrogatório, alguém pode recorrer ao direito de ficar em 
silêncio. E na música? Antes da música e para que haja música, deve haver silêncio. 
Nessa esteira, haveria na música, como no direito, gêneros e classes de silêncio. 
3 A primeira telenovela da TV Cultura foi A Cabeçuda, lançada no dia 2 de outubro de 1960. Produzida por Lúcia 
Lambertini, a novela ia ao ar todas as segundas e sextas-feiras, às 20:30. Diário de S. Paulo, São Paulo, 5 out. 1960. 1° 
Seção, p. 9. (Citado por Eduardo Amando de Barros Filho). Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/
handle/11449/93375/barrosfilho_ea_me_assis.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 23 maio 2022.
[ SUMÁRIO ]
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/93375/barrosfilho_ea_me_assis.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/93375/barrosfilho_ea_me_assis.pdf?sequence=1&isAllowed=yPrudentes, maliciosos, complacentes, inesperados, planejados, denunciantes, 
românticos, de desprezo, de admiração, de ódio, de amor?
Suprema. Sua esposa, Sonia, seus filhos e seus netos sempre estiveram muito 
presentes em sua vida. Qual o papel e a importância desempenhada por seus 
afetos (familiares, amigos) para o seu desenvolvimento profissional?
TSF. Com meus pais aprendi a ser como sou. De minha mãe, aprendi que o trato 
modesto das coisas da vida deveria ser o bom caminho para o convívio humano. 
De meu pai, que o apreço à cultura tanto mais dignificaria a existência quanto 
mais fosse recebida com humildade. Minha vida foi sempre como uma grande 
família. Philein, amar, tem muitas facetas. Meu encontro com os grandes filósofos 
gregos me ensinou que a palavra philos (amigo) expressa muitas relações. Philein, 
o verbo, ora se traduz por “sentir afeição”, ora “comportar-se de modo amigável”, 
mas também “ser hospitaleiro”, “dar o devido tratamento a um hóspede”, sentir 
que o outro é um outro, estranho que seja, mas a quem se deve acolhimento 
respeitoso. É nessa polissemia de significados que somos philos: na família, nas 
relações sociais, na comunidade.
Trajetória, estudos e docência
Suprema. Em seus tempos como aluno universitário, o senhor traçou uma 
trajetória interessante ao cursar Filosofia e Direito ao mesmo tempo. O que 
lhe motivou a estudar os dois cursos? Como, em sua experiência, a Filosofia 
contribuiu em seus estudos jurídicos e como o Direito contribuiu em seus 
estudos filosóficos? 
TSF. Foi no primeiro ano da Faculdade que o encantamento das aulas de Goffredo 
Silva Telles me levou a prestar o vestibular para a Faculdade de Filosofia, Ciências 
e Letras da USP. Não resisti ao apelo do mestre e decidi que os caminhos 
convergiam. Cursar duas Faculdades da USP, simultaneamente, podia ser um 
problema, me diziam. Mas em tempos de uma burocracia escriturária, própria 
ainda da era de Gutenberg, sem sistema informático, não resisti à vontade de 
enfrentá-lo. E a confluência dos caminhos, direito e filosofia, rendeu resultados.
O apelo filosófico que invoca um olhar para a ciência como paradigma do 
conhecimento, de certo modo, também remove o encontro entre o ser humano e 
o mundo. A ciência descobre e esconde. A ciência do direito parece toda norma, 
mas é preciso o olhar para a filosofia do direito, que funciona, assim, como um 
antagonista da doutrina, destruindo seu possível nimbus de auto-evidência e 
32SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 29-47, jan./jun. 2022.
[ SUMÁRIO ]
Professor Tercio Sampaio Ferraz Jr.
33SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 29-47, jan./jun. 2022.
Suprema entrevista
constantemente se esforçando para melhorar sua qualidade através da análise e 
da crítica. O direito, por sua vez, traz para a filosofia a experiência da vida. Foi 
nessa confluência que se abriu para mim a percepção de que a fonte imediata 
do direito era a capacidade humana de julgar. E que o julgar é, no fundo, um ato 
dramático: quem sou eu para dizer como deve ser o outro?
Suprema. Após concluir suas graduações no Brasil, o senhor embarcou em um 
novo desafio: o doutorado em Mainz, na Alemanha. Como foi para o senhor 
a vivência acadêmica em outro país tão distinto do Brasil? Quais dificuldades 
enfrentou? Alguém ou algo o incentivou a encarar esse desafio?
TSF. Sair do Brasil, estudar fora, era um desafio e uma aspiração legítima. 
Afinal, como dissera Álvares de Azevedo em um discurso pronunciado no dia 
11 de agosto de 1849, em sessão comemorativa da criação dos cursos jurídicos,
o desenvolvimento escolastico nas Universidades de além-mar, 
applica-se inteiramente a nós, pois ainda após do dia 11 de Agosto 
de 1827, éra das Academias Jurídicas Brasileiras, temos sido reflexos 
das praticas e usanças européas. Litteratura, sciencias, artes, tudo 
isso aprendemos lá. 
Nessa esteira, fui para a Alemanha, aprender, com Theodor Viehweg, a importância 
da retórica para o direito e, por essa via, o linguistic turn da filosofia contemporânea. 
Mas a língua, a princípio, pareceu-me um obstáculo intransponível. Levei pelo 
menos um ano para ultrapassá-lo. Mas valeu: quando cheguei, mal conseguia 
pedir um copo d’água. Ao final, após três anos, na entrevista tradicional de todo 
doutorando com o diretor da Faculdade, conversando sobre minha tese, ele me 
perguntou se eu pretendia seguir em Mainz uma carreira; respondi que me 
sentia no dever de voltar a meu país; ao que, surpreso, ele, pegando meu dossiê, 
me disse: ah desculpe-me, pensei que o senhor fosse alemão. O obstáculo virara 
um trampolim.
Suprema. Segundo manifestado em outras ocasiões, o senhor ingressou na 
faculdade de Direito motivado muito mais pelo que a Faculdade de Direito 
do Largo São Francisco representava do que pelo interesse em si no universo 
jurídico. O encantamento pelo Direito teria surgido somente após dez ou quinze 
anos de formado. A que o senhor atribui esse encantamento, ainda que tardio?
TSF. Sempre tive uma vocação filosófica. O direito era antes um objeto de 
contemplação e docência. A virada para o cotidiano jurídico foi fruto das 
dificuldades de sobreviver, no Brasil, como simples professor. E no exercício 
[ SUMÁRIO ]
profissional, o que era necessidade acabou se tornando encantamento, ao 
revelar-me no dia a dia o desafio concreto da justiça. Foi aí que aprendi que 
a justiça é um problema, mas um problema que ganha articulação a partir das 
decisões. O conteúdo está aberto, depende da decisão que vai ser tomada. Mas 
não aparecem separados, estão mutualmente em convergência, um provocando 
o outro. Justiça é problema e, como problema, ganha consistência conceitual a 
partir de tomadas de decisão que vão identificar o que é justo e o que é injusto, 
porém, de novo, de forma problemática! É problema cuja resposta paradigmática 
é, de novo, um problema a resolver.
Suprema. Além de professor, em sua trajetória profissional, destacam-se o 
desempenho de funções como Procurador-Geral da Fazenda Nacional, secretário 
executivo do Ministério da Justiça, chefe de departamento jurídico da Fiesp, 
diretor jurídico de empresa multinacional, árbitro de arbitragens nacionais 
e internacionais, parecerista e advogado. Como a Filosofia se manifestou e se 
manifesta nessas experiências tão diversas? O que a Filosofia do Direito tem a 
agregar nesses espaços?
TSF. Com Goffredo Silva Telles aprendi que quem sabe só o direito, referindo-se 
às suas técnicas, é uma triste coisa. Com isso me iniciei desde cedo nessa percepção 
afetiva do direito, como um braço que acolhe, que estreita fortemente, para ao 
final lançar-nos ao mundo em liberdade, liberdade de preservar as leis como são, 
para transformá-las em justas como devem ser. E isso exigia de mim um saber 
aberto, sem permanência especializada, mas sempre aurindo da especialidade 
tudo que precisava. 
Suprema. O início do exercício da advocacia lhe foi desafiador? Como o senhor 
enxerga a realidade da advocacia brasileira na atualidade? Considera que há 
muita diferença em relação ao período em que iniciou na profissão?
TSF. Quando me formei, advogado era um profissional, não um funcionário. 
O escritório era o lugar do seu exercício. Hoje tornou-se uma peça num grande 
empreendimento empresarial. Antes, sentado em sua banca, o desafio era ser 
procurado. Hoje, o mundo advocatício é um mercado a ser explorado.
34SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 29-47, jan./jun. 2022.
[ SUMÁRIO ]
Professor Tercio Sampaio Ferraz Jr.
35SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 29-47, jan./jun. 2022.
Suprema entrevista
Suprema. Entre suas preferências e ocupações, são nítidos o seu apreço e a sua 
paixão pelo ensino. Como se desenvolveu seu interesse pela docência? Poderia 
compartilhar conosco qual (e como) foi sua primeira experiência lecionando? Qual 
a importância que o ato de lecionar tem na sua trajetória profissionale pessoal? 
TSF. Quando estudava na Alemanha e me preparava para o doutorado em filosofia, 
meu pai me escreveu: um amigo seu, sabendo que eu estava por lá, recomendava 
que eu me dedicasse a um ramo jurídico que começava a ascender no Brasil: 
direito tributário. Esse amigo era Modesto Carvalhosa. Confesso que não segui 
o conselho. Doutorei-me em filosofia mesmo. Vencera a paixão pela docência.
Filosofia e ensino jurídico
Suprema. Em oportunidades anteriores, o senhor já mencionou que o que 
lhe encantou inicialmente no Direito foi a zetética. Essa, portanto, viria a ser 
justamente parte da premissa principal da sua obra Introdução ao Estudo do 
Direito, na qual o senhor se vale da dicotomia “dogmática x zetética” – pensada, 
inicialmente, pelo seu mestre na Universidade de Mainz, o Professor Theodor 
Viehweg –, para apresentar o Direito como uma experiência social concreta. O 
que lhe despertou tanto o interesse nessa dicotomia?
TSF. A distinção remonta ao ceticismo grego e pode ser encontrada, 
pronunciadamente, em Quintiliano. Quintiliano, ao falar dos objetivos da ars 
oratoria, distingue entre questões legais e racionais (quaestio legalis ac rationalis), 
define as primeiras como finitae (finitas) e as segundas como infinitae (infinitas). 
Essa distinção, na diferenciação entre pensamento dogmático e pensamento 
zetético, vem à tona mais tarde com Viehweg, quando se preocupa com a 
orientação funcional das formas de pensar. O pensamento zetético, próprio 
de pesquisa científica, diz ele, é de caráter sempre provisório. Elabora suas 
premissas em forma experimental, as modifica e, se necessário, as abandona. 
Tem uma função principalmente cognitiva, através da qual ele é estruturado 
e determinado. No pensamento dogmático, as respostas, uma vez obtidas, são 
isentadas de questionabilidade e definidas absolutamente, pelo menos por um 
determinado período de tempo (pense-se na noção de doutrina dominante e de 
jurisprudência pacífica), tendo por função orientar a ação.
Entre dogmática e zetética há uma constante correlação. Quando certas respostas 
dogmáticas são isentadas de uma discussão, suas respectivas formulações, em 
um dado momento, indicam apenas um estágio de argumentação para lidar com 
um problema determinado. Um sistema dogmático com efeito diretivo para a 
ação emerge de um sistema zetético que o critica e força sua superação em uma 
[ SUMÁRIO ]
nova perspectiva dogmática. Percebe-se, então, que o conceito de pensamento 
zetético é mais amplo em comparação com o dogmático, no conjunto do pensar 
jurídico (no seu sentido mais amplo), pois um pensamento zetético também é 
possível no campo das questões em que uma sistematização dedutiva e fechada 
vigora, sem perda, porém, da referência ao problema, como ocorre, por exemplo, 
no campo das ciências sociais. 
O maior interese veio dessa possibilidade de se compreender melhor a disciplina 
jurídica como um todo, mais precisamente, em termos de dogmática jurídica 
(direito privado, direito público, direito civil, direito penal etc.), mas também de 
pesquisa científica (como sociologia do direito, antropologia jurídica, história do 
direito) e filosofia do direito (teoria jurídica como pesquisa dos fundamentos). 
Suprema. Com a Filosofia do Direito, o senhor conseguiu unir dois dos seus 
grandes interesses: a Filosofia e o Direito. O senhor acredita que o Direito 
carece de maior intersecção com outras áreas das Ciências Humanas, como a 
sociologia, a economia, a política, etc.? Como as universidades podem promover 
uma formação mais interdisciplinar para o estudante de Direito?
TSF. Uma dogmática jurídica abrange os dogmas gerais de uma dogmata legal 
específica e que garantem sua uniformidade. É ela que confere sentido a noções 
fundamentais materiais como liberdade, igualdade, vida, segurança, propriedade, 
meio ambiente, consumo, concorrência, mas também formais, como validade, 
eficácia, hierarquia normativa, nulidade, revogação, direito adquirido, coisa 
julgada, ato perfeito etc. Dentro dos sistemas jurídicos atuais, a doutrina costuma 
estar ancorada constitucionalmente. Possibilita, desse modo, a manutenção do 
sistema dogmático como tal na alternância de situações, atuando como teoria 
geral de toda a criação jurídica (incluindo a criação jurídica judicial) e como 
teoria da interpretação para todas as interpretações. Como arcabouço extremo 
da dogmática jurídica, serve como regra de interpretação para todas as sentenças 
e termos nelas contidos.
Uma dogmática jurídica obviamente não pode desenvolver e cultivar qualquer 
opinião jurídica. Em vez disso, só pode cumprir sua função social de regular 
o comportamento se sua doutrina básica, a teoria nela contida, puder ser 
suficientemente apoiada por fundadas razões. Deve, portanto, ser legitimada 
de forma especial. Tal legitimação pode ser alcançada por meio de diferentes 
bases, sujeitas ao escrutíneo zetético. No entanto, se, diante de um fundamento, 
dificuldades necessariamente surgem, provocadas pela pesquisa zetética em face 
da insuficiência das respostas dogmáticas, é preciso deixar claro que a zetética 
não substitui a dogmática. Quanto mais exigente e crítico o pensamento zetético 
se torna, menos ele serve para orientar a ação: ele só pode oferecer conhecimento 
36SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 29-47, jan./jun. 2022.
[ SUMÁRIO ]
Professor Tercio Sampaio Ferraz Jr.
37SUPREMA – Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, p. 29-47, jan./jun. 2022.
Suprema entrevista
fragmentário, que está longe de ser suficiente para cumprir a função de um 
sistema dogmático. 
Seguindo essa consideração, pode-se definir as tarefas e limites das disciplinas 
jurídicas zetéticas (ciências sociais em sentido amplo), enquanto oferecem à 
dogmática jurídica uma doutrina básica. Teorias jurídicas devem ser consideradas 
a partir de uma atitude zetética, meros esboços para quaestiones infinitae, que 
são claramente distinguíveis em sua função e status de orientação para a ação. 
Referem-se, assim, a um importante papel: manter continuamente a pesquisa, 
fazendo da doutrina dogmatizada seu objeto de constante indagação crítica.
Suprema. Em sua opinião, o ensino da Filosofia do Direito sofreu alterações 
significativas desde a época em que o senhor se graduou? Se sim, quais? Como 
podemos incentivar os estudantes a se engajarem mais na disciplina? Em que 
aspectos o ensino da Filosofia do Direito e do Direito em geral, no Brasil, ainda 
precisa avançar?
TSF. Filosofia do Direito era uma disciplina de apoio, exigindo muito dos 
docentes para que fosse valorizada. Noto hoje uma significativa transformação 
particularmente no Brasil (lembro de um fato: no Congresso Internacional de 
Filosofia do Direito de 2011, em Frankfurt, de cuja abertura tive o prazer de 
participar, o maior contingente de inscritos, obviamente depois dos alemães, 
era de brasileiros). 
Não só a percebo como matéria de concursos públicos na área jurídica, como um 
interesse crescente enquanto instrumento crítico ou de inovação. Isso acontece 
em suas várias manifestações, por exemplo, na lógica (ver o crescente interesse 
pela inteligência artificial), na ética (o tema dos direitos humanos está presente 
na discussão dos sentidos de dignidade), na política (a delimitação e alcance da 
democracia no Estado Democrático de Direito), na metodologia (para além dos 
métodos dogmáticos, o papel da zetética na interpretação do direito) etc.
O incentivo ao estudante exige um professor engajado, isto é, que saiba mostrar 
na própria experiência jurídica os aspectos filosóficos relevantes sem ficar em 
monótonas reproduções de sistemas filosóficos. 
[ SUMÁRIO ]
Suprema. Como um dos alunos mais próximos aos professores Goffredo Telles 
Júnior e Miguel Reale, o senhor considera que eles tiveram alguma influência 
em sua decisão de exercer a docência? Há algum ensinamento ou lembrança da 
relação com esses professores que o senhor destacaria?
TSF. O encantamento

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