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CONSTITUCIONAL - Esquematizado

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CONSTITUCIONAL Comentado- Eremita Concurseiro
JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL
1. Natureza Jurídica
a. Política - Função de Legislador Negativo; retira a norma do ordenamento jurídico; o Juiz Constitucional é uma instância política suprema, ou segunda câmara; não analisa casos concretos, mas apenas à norma em tese.
b. Jurisdicional - O Juiz Constitucional possui a função de resolver o conflito. Kelsen defende a função jurisdicional, mas chama de “função de legislador negativo”. Há quem interprete Kelsen, assim, como uma posição intermediária. Canotilho diz que a função é jurisdicional, mas possui especificidades metódicas em relação aos demais órgãos jurisdicionais
2. Especificidades Metódicas (J. J. Canotilho)
a. Dimensão Política - resolve temas de poder; regulador político
b. Dimensão Interpretativa 
i. Primazia da Constituição; 
ii. Competência Decisória em Última Instância; 
iii. Falta de Cânones Metódicos Indiscutíveis.
3. Tensão entre Estado de Direito e Democracia 
Enquanto o Estado de Direito busca a juridicização do poder e a sua limitação, a democracia é a soberania da maioria. 
Contudo, analisando a perspectiva da vontade da maioria, se a maioria decide tal caminho, essa decisão é democraticamente legítima. 
Logo, há dois caminhos a seguir: ou considero a soberania popular ilimitada, ou admito que ela possui certos limites. Se, contudo, eu digo que essa soberania da maioria possui limites, haverá um momento de tensão e, no final das contas, os limites se sobrepõem à democracia.
A função do constitucionalismo é encontrar o ponto de equilíbrio, em prol de um Estado Democrático de Direito. A Jurisdição Constitucional é como o “árbitro” do jogo político entre todos os agentes políticos (lato sensu).
Ressalte-se que, neste contexto, os direitos fundamentais são limites instituídos pelo povo, em favor do povo e, ocasionalmente, contra o próprio povo. Isto porque deve-se evitar que contextos de comoção formem maiorias ocasionais que violem direitos fundamentais.
Na ADI 5316, o Ministro Fux reconheceu este ponto de tensão, em especial, quando do controle de Emendas Constitucionais pelo STF.
4. Legitimidade da Jurisdição Constitucional
Há uma crítica em relação à legitimidade da Jurisdição Constitucional tendo em vista a ausência de Controle Democrático das Decisões e a não eletividade dos julgadores (déficit de representatividade popular).
Neste sentido, argumenta-se que a Jurisdição Constitucional é sim contramajoritária; contudo, tendo em vista o sentido contemporâneo da democracia, isso não a torna antidemocrática, pois há limites à própria democracia; as maiorias devem deferência ao direito às minorias.
Outra questão que garante a legitimidade da Jurisdição Constitucional é a possibilidade de emendas constitucionais reprogramadoras (reação legislativa). Contudo, essas emendas também possuem limites.
Há quem argumente que o Ministro do STF possui uma certa representatividade, tendo em vista que é indicado por eleitos do povo. Embora esse aspecto atenue o problema, não o resolve.
Problemas adicionais de Legitimidade da Jurisdição Constitucional:
· Posição Institucional que não se encaixa, em tese, em nenhum dos 3 poderes;
· Plasticidade do texto constitucional; textura aberta; ductilidade - isto aumenta muito a dificuldade de interpretação e, de certa forma, dá muito poder ao intérprete, caindo no risco da ditadura do judiciário
	PODER LEGISLATIVO
	JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL
	REPRESENTANTES DO POVO
	NÃO SÃO ELEITOS PELO POVO
4.1. Hans Kelsen: Positivismo Jurídico e Hierarquia normativa
A ideia central do positivismo jurídico está na superioridade da Constituição em relação às demais normas. A sua superioridade advém de sua rigidez, posto que a alteração da Constituição possui procedimentos diferentes e mais rigorosos. Fora isso, a Constituição e a Lei são ontologicamente iguais. A Constituição, assim, não possui conteúdo próprio mas, na forma, é superior hierarquicamente às demais.
O juiz não possui poder criativo; ele apenas revela a norma. Nesta visão, a atuação do Juiz Constitucional não é uma ameaça à democracia, pois atua nos limites da própria Constituição. A legitimidade do Juiz Constitucional advém da neutralidade e do formalismo hermenêutico.
A Norma Hipotética Fundamental, assim, deve ser destituída de valor, consubstanciando-se em uma ordem: “Cumpra-se a Constituição”.
O Aplicador do Direito pode escolher qualquer alternativa, desde que dentro da moldura normativa. Dentro da moldura normativa, o juiz possui plena discricionariedade. 
Assim, a decisão judicial é um ato cognitivo, de conhecer a solução, mas também volitivo, de escolher dentre as soluções válidas.
Críticas: o ordenamento jurídico nem sempre é um sistema completo e perfeito. Outrossim, a aplicação formal e mecânica da lei pode trazer resultados teratológicos e contrários à própria intenção da norma.
4.2. Ronald Dworkin: Leitura Moral da Constituição
A Constituição é composta de princípios que possuem valoração moral. Essa valoração moral deve ser levada em consideração pelo juiz.
Como a Constituição possui um fundo moral, há um construtivismo interpretativo por parte do Judiciário. Virada Neokantiana. Há um imperativo categórico que advém da própria razão. Este imperativo categórico é uma espécie de regra universal que determinada que o homem deve agir de tal forma que a sua conduta seja uma conduta universalmente aceita. O objetivo é elevar a própria conduta a uma máxima universal. Em sentido inverso, essas regras morais universalmente aceitas levariam a condutas universalmente aceitas, de modo que pode se falar em uma espécie de imperativo categórico jurídico. O Direito não é um fim em si mesmo. O ser humano é o fundamento do direito. O princípio que melhor traduz essa ideia é o princípio da dignidade da pessoa humana. Os direitos fundamentais possuem uma carga principiológica.
Logo, os princípios são manifestados através do Direito, e não em virtude do Direito. O Direito não cria princípios, apenas os manifesta.
A consequência disso é que estes princípios não podem ser relativizados em prol de uma maioria ocasional. O ser humano é um agente moral, regido por valores morais. Vivemos em uma comunidade de princípios.
ARGUMENTOS DE PRINCÍPIOS X ARGUMENTOS DE POLÍTICA. A Jurisdição Constitucional lida com argumentos de princípios, que são insensíveis à escolha popular. Na democracia constitucional, os direitos fundamentais são condições de legitimidade de uma decisão política, são uma exigência democrática e não uma limitação à democracia. Assim, a jurisdição constitucional é democrática, ainda que contramajoritária.
Os direitos fundamentais representam uma desconfiança em relação ao legislador.
A principal crítica à Dworkin é a possibilidade de uma ditadura do Judiciário, que poderia validar ou invalidar qualquer decisão popular com base em valores que ele mesmo decide o conteúdo.
Foi uma visão muito popular na Era Warren da Suprema Corte Americana (1953-1986)
4.3. John Rawls: Consenso sobreposto e razão pública
“Liberalismo igualitário”. John Rawls possui uma visão contratualista e kantiana.
Segundo Rawls, a partir do uso da razão, é possível chegar a elementos constitucionais essenciais, que seriam princípios fundamentais e direitos fundamentais.
Os princípios fundamentais seriam aqueles princípios estruturantes para o Estado e para o processo político.
Os direitos fundamentais seriam inalienáveis, formando um sistema coerente que existe em função do indivíduo e de suas liberdades.
Pelo uso público da razão, Rawls imagina uma situação hipotética chamada de “posição original”, na qual os indivíduos estariam despojados de seus próprios vieses (“véu da ignorância”), através do qual chegariam a princípios universais de justiça.
O pluralismo reside nas mundividências distintas. Rawls não ignora esse pluralismo, pela qual cada indivíduo pode ter sua concepção de bem e de justiça; contudo, através do uso público da razão, pode ser obtido um consenso entre os sujeitos racionais. Este consensose sobreporia às visões individuais (Consenso sobreposto ou overlaping consensus).
Logo, Rawls possui uma visão de minimalismo constitucional; uma concepção garantista da Constituição. Deste modo, a Jurisdição Constitucional é a sede do uso da razão pública; é lá que se desenvolverá o consenso sobreposto. A jurisdição constitucional é antidemocrática. A legitimidade da jurisdição constitucional está em ser o local em que se formula o consenso sobreposto. O juiz terá que se despir de seus vieses pré-definidos para alcançar o consenso sobreposto. A jurisdição constitucional atua como articuladora do debate público.
4.4. John Hart Ely: Autocontenção judicial (“judicial restraint)
O ponto central do pensamento de John Hart está em proteger a lisura do procedimento democrático. A Jurisdição Constitucional deve proteger, e apenas proteger, esta lisura.
Assim, se o processo legislativo que levou a promulgação de determinada norma é válido, então o resultado deste processo também é legítimo e a norma é legítima. Não cabe ao Juiz Constitucional analisar as escolhas substantivas ou morais que o legislador fez. Cabe ao juiz constitucional analisar apenas o procedimento. O juiz deve se conter de adentrar no conteúdo normativo.
E o que torna um procedimento democraticamente legítimo? Segundo Hart, o procedimento é legítimo se houver participação política das minorias. Se os direitos fundamentais de participação política das minorias foi respeitado, o procedimento é legítimo.
A Constituição não é patrimônio dos mortos; é patrimônio dos vivos. Não se pode submeter as escolhas passadas às gerações futuras. O juiz constitucional não pode subordinar a geração atual à vontade da geração passada. 
Em uma sociedade extremamente plural, não há como se admitir que o juiz defina qual o sistema objetivo de valores, porque não há consenso sobre isso.
Contudo, não seria legítimo ao Legislador simplesmente adentrar nas escolhas originais, pois a sociedade é extremamente plural, sendo quase impossível chegar a um novo sistema de valores. Desta forma, a solução está na autocontenção judicial: se as condições democráticas foram observadas, o legislador pode atuar.
Há três critérios importantes que o juiz deve seguir em sua decisão: 
A) O juiz deve se ater, tanto quanto possível, ao texto constitucional;
B) O juiz deve analisar se os canais de participação política estão abertos;
C) O juiz deve verificar se houve violação de direitos dos grupos sub representados
Se a lei passar por esses três critérios, a lei é legítima. A essência da Jurisdição Constitucional é a disciplina do processo democrático.
Dworkin concorda que as decisões políticas cabem aos representantes do povo; contudo critica a visão de Hart na medida em que não há consenso sobre o que é um procedimento democrático, pois a sociedade é plural. Devolve a crítica “na mesma moeda”. No final das contas, o juiz deve fazer uma escolha moral de qualquer forma.
4.5. Habermas: Democracia deliberativo-comunicativa
A teoria de Habermas é uma teoria procedimentalista tanto em relação à democracia quanto em relação aos direitos fundamentais. Os direitos fundamentais se constituem em condições viabilizadoras da democracia e das decisões democráticas.
Assim, a legitimidade da Jurisdição Constitucional para Habermas também está nos direitos fundamentais; porém, Habermas percorre um caminho próprio para chegar a tal conclusão.
Isto porque a legitimação da vontade democrática não está em nenhum valor transcendental. A legitimação está em construir a vontade democrática através dos melhores argumentos desenvolvidos em um processo deliberativo-comunicativo
Nesta democracia deliberativa, há um processo que inclui o indivíduo não apenas como participante, mas simultaneamente como autor e destinatário dos próprios direitos fundamentais.
O Princípio Discursivo é o que fundamenta o Direito. A moral não fundamenta o Direito, pois a própria moral deriva deste princípio discursivo. Direito e moral são co-originários.
Os direitos fundamentais, dessa forma, são os instrumentos que viabilizam a participação do indivíduo na construção da própria democracia.
Para Habermas, a própria liberdade não é um valor moral, sendo construída pelo princípio discursivo. Assim, a autonomia privada não antecede a autonomia pública e ambas são condições necessárias para a formação deliberativa de qualquer decisão, inclusive do próprio Direito.
A Jurisdição Constitucional deve analisar as condições do processo de formação das leis. 
Habermas vê os direitos fundamentais como condições do processo deliberativo e Dworkin como valores morais gerais válidos e aceitos por todos.
Autonomia Privada: a esfera de liberdade individual na vida privada 
Autonomia Pública: a liberdade dentro do espaço público 
INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
1. CONCEITO DE INTERPRETAÇÃO - É a atividade intelectual empreendida na atribuição do sentido e alcance de algo. No caso, da norma constitucional. Deve-se responder três perguntas: Interpretar o quê? Interpretar como? Quem interpreta?
A hermenêutica é a ciência da interpretação. Quais são as ferramentas que o intérprete possui para interpretar? Em relação à interpretação constitucional, há vários métodos, inexistindo um “cânone” unânime.
Aplicação é decidir o conjunto normativo que incidirá no caso concreto.
2. INTERPRETAÇÃO x CONCRETIZAÇÃO – concretização é a construção de uma norma jurídica mediante um processo de densificação de princípios e regras. Assim, embora sejam fenômenos distintos, são indissociáveis.
3. METÓDICA CONSTITUCIONAL – investiga os procedimentos de realização, concretização e cumprimento das normas constitucionais. Metodologia específica dentro da metodologia em geral, voltada à constituição.
Dificuldades apontadas por Canotilho:
Teoreticismo (academicismo), que é levar a interpretação constitucional a um grau de abstração quase estéril, desconectada da realidade.
Epigonismo positivista: epigonismo seria uma “imitação” da geração nova da geração anterior, em um sentido pejorativo. Significa usar um discurso principiológico mas, na prática, adotar a mesma hermenêutica positivista.
4. PRINCÍPIOS INSTRUMENTAIS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
I. Força Normativa - toda norma constitucional possui eficácia. A CF não é mera carta de intenções. Deve ser assegurada a força normativa da norma durante sua interpretação. A CF gera uma conformação da realidade. Na solução de problemas concretos que geram repercussões no âmbito constitucional (problemas jurídico-constitucionais) deve-se dar prioridade a solução que se traduza em maior normatividade constitucional.
II. Máxima Efetividade - Alguns autores usam como sinônimo de força normativa. Trata-se de interpretar a norma jurídica de modo a lhe proporcionar a máxima eficácia possível, sem violar, todavia, o seu conteúdo. Na realização da interpretação, deve-se buscar o sentido que dê a maior aplicação à norma.
III. Unidade da Constituição - a Constituição deve ser interpretada como sendo um sistema unitário de normas.
IV. Efeito Integrador - o intérprete deverá sempre que possível buscar soluções que propiciem a integração social e a unidade política.
V. Concordância Prática/Harmonização - havendo colisão de princípios, deve haver harmonização sem que um aniquile o outro.
VI. Convivência das Liberdades/ Relatividade - os direitos fundamentais não são ilimitados, encontrando os seus limites nos demais direitos assegurados na CF.
VII. Conformidade Funcional/Justeza - o intérprete não pode, na interpretação da norma, deturpar o sistema organizatório-funcional da Constituição, violando regras de competência e separação de poderes.
VIII. Proporcionalidade - vetor interpretativo que assume três dimensões: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
5. 	MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL - Não excludentes; há complementaridade. 
Segundo Paulo de Barros Carvalho, os métodos podem ser divididos em três grandes planos:
Sintático: relação de uma norma com outras normas.
Semântico:relação entre a norma e os fatos e condutas que ela descreve
Pragmático: efetiva aplicação e suas consequências.
I. JURÍDICO/HERMENÊUTICO CLÁSSICO/POSITIVISTA – Forsthoff – a CF é ontologicamente igual a lei, portanto o seu método de interpretação é igual. A interpretação pode ser gramatical (filológico), histórica, lógico-sistemática ou teleológica. As ferramentas derivam da escola de Savigny.
II. TÓPICO-PROBLEMÁTICO – Viehweg – Há preferência pela discussão do problema. Inverte a ordem de interpretação silogística usual, passando-se a uma forma indutiva no qual primeiro parte-se do problema para depois achar uma solução. Fundamenta-se na textura aberta das normas constitucionais. O intérprete se vale de topoi (argumentos, pontos de vista) para construir a solução ideal. O processo de argumentação também é aberto, tendo em vista que há um pluralismo de intérpretes constitucionais. Críticas: pode conduzir a um casuísmo ilimitado, esvaziando a força normativa da norma constitucional. PALAVRA-CHAVE: PROBLEMA
III. CIENTÍFICO-ESPIRITUAL/VALORATIVO/SOCIOLÓGICO – Rudolf Smend – O Direito é uma ciência humana (de espírito), influenciado pela realidade social. Não há como dissociar a norma constitucional da realidade em que inserida. Deve-se captar o conteúdo axiológico da Constituição através do sistema de valores que lhe é subjacente. A Constituição integra a norma com a realidade social. A sociedade não é estática. A interpretação também não. A Constituição é integradora e deve preservar a unidade social que lhe é subjacente. A crítica ao método é a possibilidade de esvaziar o conceito do indivíduo em prol de uma integração da sociedade. PALAVRA-CHAVE: REALIDADE.
IV. HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR – Hesse – O intérprete possui função criadora. Deve haver comunicação entre norma e fato. Há um fluxo entre texto-contexto. Há primado do texto sobre o problema, diferentemente do método tópico, mas já há uma formação de juízo antecipado sobre a norma constitucional com base no contexto e nas visões de mundo do intérprete. A leitura do texto constitucional inicia-se pela pré-compreensão (pressuposto subjetivo) do aplicador do direito, a quem compete efetivar a norma, a partir de uma situação histórica. Há um círculo hermenêutico. A crítica é a de que este método pode levar a interpretações fora da razão. PALAVRA-CHAVE: COMUNICAÇÃO
V. NORMATIVO-ESTRUTURANTE – Friedrich Muller – Não há identidade entre norma e texto normativo. Para se obter a norma, existem dois elementos de concretização: o texto (programa normativo) e os fatos (domínio normativo). Os fatos referem-se a realidade a qual o texto se refere. A norma é construída através do resultado dessa interpretação. É o ponto de chegada, o resultado da interpretação do texto e da investigação do domínio. A normatividade é o efeito global da norma num processo estrutural e dinâmico entre o programa normativo e o sector normativo. PALAVRA-CHAVE: CONSTRUÇÃO
VI. MÉTODO COMPARATIVO – Heterointegração. Utilização do Direito Comparado para a formação de standards na solução de controvérsias constitucionais.
Curso de Direito Constitucional - Uadi Lammêgo Bulos - 8ª ed. Saraiva, pagina 213/2014 - Leis estrangeiras inconstitucionais: Do Ministro do Supremo Tribunal Federal ao juiz de primeiro grau de jurisdição, todos, sem exceção, devem negar, no caso concreto, a aplicação de lei ou ato normativo estrangeiro incompatível com a Constituição brasileira. Isso porque as normas constitucionais logram uma amplitude internacional, impedindo a eficácia de atos legislativos, executivos e jurisprudenciais que as contrariarem. Leis estrangeiras inconstitucionais sujeitam-se ao controle difuso
Curso de Direito Constitucional - Uadi Lammêgo Bulos - 8ª ed. Saraiva, pagina 213/2014 - Seria possível os juizes pátrios declararem, no caso concreto, a inconstitucionalidade de leis estrangeiras, tomando como parâmetro as constituições que lhes são originárias? Cremos que sim. Quaisquer membros do Poder Judiciário, até os do Supremo Tribunal Federal, podem declarar, no caso concreto, a inconstitucionalidade de lei estrangeira em face da constituição em que se originaram. Para tanto, é necessário que haja reciprocidade, firmada por tratado ou ato internacional de que o Brasil seja signatário. E se, no país estrangeiro, já existir sentença sobre a constitucionalidade do ato alienígena questionado, não há dúvida de que o magistrado brasileiro deve segui-la. Contudo, inexistindo elo de reciprocidade não é dado ao Poder Judiciário, seja qual for o grau de jurisdição, declarar a inconstitucionalidade da lei estrangeira perante a carta magna alienígena.
VII. MÉTODO DA ABERTURA DA INTERPRETAÇÃO– PETER HABERLE. Interpretação como um processo público. Sociedade de intérpretes. Pensamento jurídico do possível: deve-se estar aberto há alternativas de pensamento. Há uma indagação constante.
 I. SOCIEDADE FECHADA DA INTERPRETAÇÃO – São os intérpretes em sentido estrito: juízes, legisladores, administradores
II. SOCIEDADE ABERTA DA INTERPRETAÇÃO – São todos os agentes conformadores da realidade constitucional, aqueles que vivenciam e influenciam a realidade constitucional. Não há um rol taxativo de intérpretes. A norma é, em última análise, criada pela sociedade que a interpreta. Há legitimidade democrática das decisões. Ex: amicus curiae
6. 	INTERPRETATIVISMO x NÃO-INTERPRETATIVISMO
	A preocupação central é com a democracia. O Poder Judiciário, como força contramajoritária, deve interpretar a Constituição da forma mais próxima possível do texto constitucional, pois não cabe à jurisdição constitucional adentrar nas escolhas morais e substantivas dos eleitos pelo povo. Negam o ativismo judicial. O rule of law não pode se tornar o law of judges.
	A Constituição é um projeto em construção, não sendo patrimônio dos mortos para os vivos. Nâo é uma imposição da geração passada, engessada. É obra viva, Living Constitution. É papel do Poder Judiciário atualizar a Constituição através dos valores substantivos e morais de cada geração. Há uma postura proativa, ativista, construtiva
SENTENÇAS INTERMEDIÁRIAS
As sentenças intermediárias estão alocadas nas chamadas situações constitucionais imperfeitas, que são justamente aquelas situações que medeiam a zona da constitucionalidade plena e a zona da inconstitucionalidade absoluta.
 "compreende uma diversidade de tipologia de decisões utilizadas pelos Tribunais Constitucionais e/ou Cortes Constitucionais em sede de controle de constitucionalidade, com o objetivo de relativizar o padrão binário do direito (constitucionalidade/inconstitucionalidade)". (FERNANDES, Bernardo. Curso de Direito Constitucional. 9a. ed. Salvador: Juspodivm. 2017, p. 1.578).
	A) SENTENÇAS NORMATIVAS. Nessas espécies de decisões normativas, o Tribunal empreende a criação de uma norma geral e vinculante.
a1) Sentença normativa aditiva. Nestas, há um alargamento da abrangência do texto legal em virtude da criação de uma regra pela própria decisão.
a2) Sentença normativa aditiva de princípios. O tribunal adiciona um princípio deixando a criação da regra pelo legislador.
a3) Sentença normativa substitutiva. O tribunal declara a inconstitucionalidade de uma norma na parte em que contém uma prescrição em vez de outra ou profere uma decisão que implica em substituição de uma disciplina contida no preceito constitucional.
a4) Sentença de Interpretação. Ocorre na presença de normas polissêmicas ou plurissignificativas e se divide em duas:
A)SENTENÇA INTERPRETATIVA DE RECHAÇO: A corte adota a interpretação conforme a CF e repudia qualquer outra que a contrarie
B) SENTENÇA INTERPRETATIVA DE ACEITAÇÃO: A corte ANULA (caráter definitivo e erga omnes) uma decisão de instancia ordinária que adotou interpretação ofensiva à CF. A interpretação tida como conforme a Constituição, oriunda da exegese da Corte Constitucional, é imposta à aceitação dos Tribunais subalternos
	B) SENTENÇAS TRANSACIONAIS/ TRANSITIVAS. Nelas há uma espécie de transação com supremacia da Constituição. Há intuitode se evitar a retirada da lei ou ato normativo do ordenamento declarado inconstitucional, “salvando” a norma.
b1) sentença transitiva sem efeito ablativo: a declaração de inconstitucionalidade não se faz acompanhar da extirpação da norma do ordenamento jurídico, se houver possibilidade de se criar uma situação jurídica insuportável ou de grave perigoso orçamentário.
b2) sentença transitiva com efeito ablativo. Nesse caso, a decisão que declara a inconstitucionalidade com possibilidade extirpar a norma ou seus efeitos do ordenamento jurídico, mas efetuando a modulação temporal dos efeitos da decisão.
b3) sentença transitiva apelativa. Trata-se de declarar a constitucionalidade da norma, mas assentando um apelo ao legislador para que adote providências necessárias destinadas que a situação venha a se adequar, com a mudança de fatos, aos parâmetros constitucionais.
b4) sentença transitiva de aviso. Nesse tipo de decisão há um prenúncio de uma mudança de orientação jurisprudencial que não será aplicado ao caso em análise.
CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
CAPÍTULO IV
Do Poder Judiciário
SEÇÃO I
Disposições Gerais
Artigo 54 - São órgãos do Poder Judiciário do Estado: (NR)
- "Caput" com redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
I - o Tribunal de Justiça; (NR)
- Inciso I com redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
II - o Tribunal de Justiça Militar; (NR)
- Inciso II com redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
III - os Tribunais do Júri; (NR)
- Inciso III com redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
IV - as Turmas de Recursos; (NR)
- Inciso IV com redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
V - os Juízes de Direito; (NR)
- Inciso V com redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
VI - as Auditorias Militares; (NR)
- Inciso VI com redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
VII - os Juizados Especiais; (NR)
- Inciso VII com redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
VIII - os Juizados de Pequenas Causas. (NR)
- Inciso VIII com redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
IX - Revogado.
- Inciso IX revogado pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
Artigo 55 - Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia financeira e administrativa.
Parágrafo único - São assegurados, na forma do artigo 99 da Constituição Federal, ao Poder Judiciário, recursos suficientes para manutenção, expansão e aperfeiçoamento de suas atividades jurisdicionais, visando ao acesso de todos à Justiça.
Artigo 56 - Dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias, o Tribunal de Justiça, pelo seu Órgão Especial, elaborará proposta orçamentária do Poder Judiciário, encaminhando-a, por intermédio de seu Presidente, ao Poder Executivo, para inclusão no projeto de lei orçamentária. (NR)
- Artigo 56 com redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
Artigo 57 - À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda Estadual ou Municipal e correspondentes autarquias, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação de precatórios e à conta dos respectivos créditos, proibida a designação de casos ou pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para esse fim.
§1º - É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente. (NR)
- § 1º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
§2º - As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal de Justiça proferir a decisão exequenda e determinar o pagamento segundo as possibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento do credor, e exclusivamente para o caso de preterimento de seu direito de precedência, o sequestro da quantia necessária à satisfação do débito. (NR)
- § 2º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
§3º - Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude de sentença transitada em julgado. (NR)
- § 3º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
§4º - O disposto no "caput" deste artigo, relativamente à expedição dos precatórios, não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Estadual ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. (NR)
- § 4º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
§5º - São vedados a expedição de precatório complementar ou suplementar de valor pago, bem como fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução, a fim de que seu pagamento não se faça, em parte, na forma estabelecida no § 4º deste artigo e, em parte, mediante expedição de precatório. (NR)
- § 5º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
§6º - A lei poderá fixar valores distintos para o fim previsto no § 4º deste artigo, segundo as diferentes capacidades das entidades de direito público. (NR)
- § 6º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
§7º - Incorrerá em crime de responsabilidade o Presidente do Tribunal de Justiça se, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatório. (NR)
- § 7º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
Artigo 58 - Ao Tribunal de Justiça, mediante ato de seu Presidente, compete nomear, promover, remover, aposentar e colocar em disponibilidade os juízes de sua Jurisdição, ressalvado o disposto no artigo 62, exercendo, pelos seus órgãos competentes, as demais atribuições previstas nesta Constituição. (NR)
- "Caput" com redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
Parágrafo único - Caberá ainda ao Presidente do Tribunal de Justiça, observadas as disponibilidades orçamentárias, indeferir as férias de quaisquer de seus membros por necessidade de serviço, ou determinar a reassunção imediata de magistrado no exercício de seu cargo, cabendo a este, nas hipóteses aqui previstas, o direito à correspondente indenização das férias no mês subsequente ao indeferimento, ou a anotação para gozo oportuno, a requerimento do interessado. (NR)
- Parágrafo único acrescentado pela Emenda Constitucional nº 32, de 09/12/2009.
Artigo 59 - A Magistratura é estruturada em carreira, observados os princípios, garantias, prerrogativas e vedações estabelecidas na Constituição Federal, nesta Constituição e no Estatuto da Magistratura.
Parágrafo único - O benefício da pensão por morte deve obedecer o princípio do artigo 40, § 7º, da Constituição Federal. (NR)
- Parágrafo único com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
Artigo 60 - No Tribunal de Justiça haverá um Órgão Especial, com vinte e cinco Desembargadores, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais de competência do Tribunal Pleno, inclusive para uniformizar a jurisprudência divergente entre suas Seções e entre estas e o Plenário.
Artigo 61 - O acesso dos Desembargadores ao Órgão Especial, respeitadas a situação existente e a representação do quinto constitucional, dar-se-á pelos critérios de antiguidade e eleição, alternadamente.
Parágrafo único - Pelo primeiro critério, a vaga será preenchida pelo Desembargador mais antigo, salvo recusa oportunamente manifestada. Pelo segundo, serão elegíveis pelo Tribunal Pleno. (NR)
- Parágrafo único com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
Artigo 62 - Declaradoinconstitucional, em controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal.
- "Caput" declarado inconstitucional, em controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADI nº 3976.
§ 1º - Declarado inconstitucional, em controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal.
- § 1º declarado inconstitucional, em controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADI nº 3976.
§ 2º - Declarado inconstitucional, em controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal.
- § 2º declarado inconstitucional, em controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADI nº 3976.
Artigo 63 - Um quinto dos lugares dos Tribunais de Justiça e de Justiça Militar será composto de advogados e de membros do Ministério Público, de notório saber jurídico e reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional ou na carreira, indicados em lista sêxtupla, pela Seção Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil ou pelo Ministério Público, conforme a classe a que pertencer o cargo a ser provido. (NR)
- "Caput" com redação dada pela Emenda Constitucional nº 25, de 12/05/2008.
§ 1º - Revogado.
- § 1º revogado pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
§ 2º - Transfomado em parágrafo único.
- § 2º transformado em parágrafo único pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
§ 3º - Revogado.
- § 3º revogado pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
Parágrafo único - Dentre os nomes indicados, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça formará lista tríplice, encaminhando-a ao Governador do Estado que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para o cargo e o nomeará. (NR)
- § 2º transformado em parágrafo único pela Emenda Constitucional nº 8, de 20/05/1999.
- Parágrafo único com redação dada pela Emenda Constitucional nº 25, de 12/05/2008.
- Expressão “depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta da Assembleia Legislativa”, anteriormente constante deste parágrafo único, declarada inconstitucional, em controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADI nº 4150.
Artigo 64 - As decisões administrativas dos Tribunais de segundo grau serão motivadas e tomadas em sessão pública, sendo as de caráter disciplinar tomadas por voto da maioria absoluta dos membros do Tribunal de Justiça, ou de seu Órgão Especial, salvo nos casos de remoção, disponibilidade e aposentadoria de magistrado, por interesse público, que dependerão de voto de dois terços, assegurada ampla defesa. (NR)
- Artigo 64 com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
Artigo 65 - Aos órgãos do Poder Judiciário do Estado competem a administração e uso dos imóveis e instalações forenses, podendo ser autorizada parte desse uso a órgãos diversos, no interesse do serviço judiciário, como dispuser o Tribunal de Justiça, asseguradas salas privativas, condignas e permanentes aos advogados e membros do Ministério Público e da Defensoria Pública, sob a administração das respectivas entidades.
Artigo 66 - Os processos cíveis já findos em que houver acordo ou satisfação total da pretensão não constarão das certidões expedidas pelos Cartórios dos Distribuidores, salvo se houver autorização da autoridade judicial competente.
Parágrafo único - As certidões relativas aos atos de que cuida este artigo serão expedidas com isenção de custos e emolumentos, quando se trate de interessado que declare insuficiência de recursos.
Artigo 67 - As comarcas do Estado serão classificadas em entrâncias, nos termos da Lei de Organização Judiciária.
Artigo 68 - O ingresso na atividade notarial e registral, tanto de titular como de preposto, depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga sem abertura de concurso por mais de seis meses.
Parágrafo único - Compete ao Poder Judiciário a realização do concurso de que trata este artigo, observadas as normas da legislação estadual vigente.
SEÇÃO II
Da Competência do Tribunal de Justiça (NR)
- Denominação da Seção II com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
Artigo 69 - Compete privativamente ao Tribunal de Justiça: (NR)
- "Caput" com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
I - pela totalidade de seus membros, eleger os órgãos diretivos, na forma de seu regimento interno; (NR)
- Inciso I com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
II - pelos seus órgãos específicos:
a) elaborar seu regimento interno, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos; (NR)
- Alínea “a” com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares, velando pelo exercício da respectiva atividade correcional;
c) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros, e aos servidores que lhes forem subordinados;
d) prover, por concurso público de provas, ou provas e títulos, ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 169 da Constituição Federal, os cargos de servidores que integram seus quadros, exceto os de confiança, assim definidos em lei, que serão providos livremente.
Artigo 70 - Compete privativamente ao Tribunal de Justiça, por deliberação de seu Órgão Especial, propor à Assembleia Legislativa, observado o disposto no artigo 169 da Constituição Federal:
I - a alteração do número de seus membros e dos membros do Tribunal de Justiça Militar; (NR)
- Inciso I com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
II - a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, incluído o Tribunal de Justiça Militar; (NR)
- Inciso II com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
III - a criação ou a extinção do Tribunal de Justiça Militar; (NR)
- Inciso III com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
IV - a alteração da organização e da divisão judiciária.
Artigo 71 - Revogado.
- Artigo 71 revogado pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
Artigo 71-A - O Tribunal de Justiça poderá funcionar de forma descentralizada, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. (NR)
- "Caput" acrescentado pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
Parágrafo único - O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. (NR)
- Parágrafo único acrescentado pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
Artigo 72 - A Lei de Organização Judiciária poderá criar cargos de Juiz de Direito Substituto em Segundo Grau, a serem classificados em quadro próprio, na mais elevada entrância do primeiro grau e providos mediante concurso de remoção.
§1º - A designação será feita pelo Tribunal de Justiça para substituir seus membros ou nele auxiliar, quando o acúmulo de feitos evidenciar a necessidade de sua atuação. (NR)
- § 1º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
§2º - Em nenhuma hipótese haverá redistribuição ou passagem de processos, salvo para o voto do revisor.
SEÇÃO III
Do Tribunal de Justiça
Artigo 73 - O Tribunal de Justiça, órgão superior do Poder Judiciário do Estado, com jurisdição em todo o seu território e sede na Capital, compõe-se de Desembargadores em número que a lei fixar, providos pelos critérios de antiguidade e de merecimento, em conformidade com o disposto nos artigos 58 e 63 deste Capítulo.
Parágrafo único - O Tribunal de Justiça exercerá, em matéria administrativa de interesse geral do Poder Judiciário, direção e disciplina da Justiça do Estado.
Artigo 74 - Compete ao Tribunal de Justiça, além das atribuições previstas nesta Constituição, processar e julgar originariamente:
I - nas infraçõespenais comuns, o Vice-Governador, os Secretários de Estado, os Deputados Estaduais, o Procurador-Geral de Justiça, o Procurador-Geral do Estado e os Prefeitos Municipais; (NR)
- Expressão "o Defensor Público-Geral", anteriormente constante deste inciso, declarada inconstitucional, em controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADI nº 6517, com efeitos "ex nunc".
II - nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os juízes do Tribunal de Justiça Militar, os juízes de Direito e os juízes de Direito do juízo militar, os membros do Ministério Público, exceto o Procurador-Geral de Justiça, o Delegado-Geral da Polícia Civil, o Comandante-Geral da Polícia Militar e o Diretor Geral da Polícia Penal; (NR)
- Inciso II com redação dada pela Emenda Constitucional nº 51, de 30/06/2022.
III - os mandados de segurança e os “habeas data” contra atos do Governador, da Mesa e da Presidência da Assembleia, do próprio Tribunal ou de algum de seus membros, dos Presidentes dos Tribunais de Contas do Estado e do Município de São Paulo, do Procurador-Geral de Justiça, do Prefeito e do Presidente da Câmara Municipal da Capital;
IV - os “habeas corpus”, nos processos cujos recursos forem de sua competência ou quando o coator ou paciente for autoridade diretamente sujeita a sua jurisdição, ressalvada a competência do Tribunal de Justiça Militar, nos processos cujos recursos forem de sua competência;
V - os mandados de injunção, quando a inexistência de norma regulamentadora estadual ou municipal, de qualquer dos Poderes, inclusive da administração indireta, torne inviável o exercício de direitos assegurados nesta Constituição;
VI - a representação de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal, contestados em face desta Constituição, o pedido de intervenção em Município e ação de inconstitucionalidade por omissão, em face de preceito desta Constituição;
VII - as ações rescisórias de seus julgados e as revisões criminais nos processos de sua competência;
VIII - Revogado.
- Inciso VIII revogado pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
IX - os conflitos de atribuição entre as autoridades administrativas e judiciárias do Estado;
X - a reclamação para garantia da autoridade de suas decisões;
XI - a representação de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo municipal, contestados em face da Constituição. (NR)
- Expressão “Federal”, anteriormente constante deste inciso, declarada inconstitucional, em controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADI nº 347.
Artigo 75 - Compete, também, ao Tribunal de Justiça:
I - provocar a intervenção da União no Estado para garantir o livre exercício do Poder Judiciário, nos termos desta Constituição e da Constituição Federal;
II - requisitar a intervenção do Estado em Município, nas hipóteses previstas em lei.
Artigo 76 - Compete, outrossim, ao Tribunal de Justiça, processar e julgar, originariamente ou em grau de recurso, as demais causas que lhe forem atribuídas por lei complementar.
§1º - Cabe-lhe, também, a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada, em qualquer fase do processo, a delegação de atribuições.
§2º - Cabe-lhe, ainda, processar e julgar os recursos relativos às causas que a lei especificar, entre aquelas não reservadas à competência privativa do Tribunal de Justiça Militar ou dos órgãos recursais dos Juizados Especiais. (NR)
- § 2º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
Artigo 77 - Compete, ademais, ao Tribunal de Justiça, por seus órgãos específicos, exercer controle sobre atos e serviços auxiliares da justiça, abrangidos os notariais e os de registro.
SEÇÃO IV
Revogada
SEÇÃO V
Da Justiça Militar do Estado (NR)
- Seção V com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
Artigo 79-A - A Justiça Militar do Estado será constituída, em primeiro grau, pelos juízes de Direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo Tribunal de Justiça Militar. (NR)
- Artigo 79-A acrescentado pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
Artigo 79-B - Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares do Estado, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ainda decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. (NR)
- Artigo 79-B acrescentado pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
Artigo 80 - O Tribunal de Justiça Militar do Estado, com jurisdição em todo o território estadual e com sede na Capital, compor-se-á de sete juízes, divididos em duas câmaras, nomeados em conformidade com as normas da Seção I deste Capítulo, exceto o disposto no artigo 60, e respeitado o artigo 94 da Constituição Federal, sendo quatro militares Coronéis da ativa da Polícia Militar do Estado e três civis.
Artigo 81 - Compete ao Tribunal de Justiça Militar processar e julgar:
I - originariamente, o Chefe da Casa Militar, o Comandante-Geral da Polícia Militar, nos crimes militares definidos em lei, os mandados de segurança e os “habeas corpus”, nos processos cujos recursos forem de sua competência ou quando o coator ou coagido estiverem diretamente sujeitos a sua jurisdição e às revisões criminais de seus julgados e das Auditorias Militares;
II - em grau de recurso, os policiais militares, nos crimes militares definidos em lei, observado o disposto no artigo 79-B. (NR)
- Inciso II com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
§1º - Compete ainda ao Tribunal exercer a correição geral sobre as atividades de Polícia Judiciária Militar, bem como decidir sobre a perda do posto e da patente dos Oficiais e da graduação das praças.
§2º - Compete aos juízes de Direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência do juiz de Direito, processar e julgar os demais crimes militares. (NR)
- § 2º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
§3º - Os serviços de correição permanente sobre as atividades de Polícia Judiciária Militar e do Presídio Militar serão realizados pelo juiz de Direito do juízo militar designado pelo Tribunal. (NR)
- § 3º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
Artigo 82 - Os juízes do Tribunal de Justiça Militar e os juízes de Direito do juízo militar gozam dos mesmos direitos, vantagens e subsídios e sujeitam-se às mesmas proibições dos Desembargadores do Tribunal de Justiça e dos juízes de Direito, respectivamente. (NR)
- "Caput" com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
Parágrafo único - Os juízes de Direito do juízo militar serão promovidos ao Tribunal de Justiça Militar nas vagas de juízes civis, observado o disposto nos artigos 93, III e 94 da Constituição Federal. (NR)
- Parágrafo único com redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/02/2006.
SEÇÃO VI
Dos Tribunais do Júri
Artigo 83 - Os Tribunais do Júri têm as competências e garantias previstas no artigo 5º, XXXVIII da Constituição Federal. Sua organização obedecerá ao que dispuser a lei federal e, no que couber, a Lei de Organização Judiciária.
SEÇÃO VII
Das Turmas de Recursos
Artigo 84 - As Turmas de Recursos são formadas por juízes de direito titulares da mais elevada entrância de Primeiro Grau, na Capital ou no Interior, observada a sua sede, nos termos da resolução do Tribunal de Justiça, que designará seus integrantes, os quais poderão ser dispensados, quando necessário, do serviço de suas varas.
§1º - As Turmas de Recursos constituem-se em órgão de segunda instância, cuja competência é vinculada aos Juizados Especiais e de Pequenas Causas.
§2º - A designação prevista neste artigo deverá ocorrer antes da distribuição dos processos de competência da Turma de Recursos.
SEÇÃO VIII
Dos Juízes de Direito
Artigo 85 - Os juízes de Direito integram a carreirada Magistratura e exercem a jurisdição comum estadual de primeiro grau, nas comarcas e juízos, segundo a competência determinada por lei.
Artigo 86 - O Tribunal de Justiça, através de seu Órgão Especial, designará juízes de entrância especial com competência exclusiva para questões agrárias.
§1º - A designação prevista neste artigo só pode ser revogada a pedido do juiz ou por deliberação da maioria absoluta do órgão especial.
§2º - No exercício dessa jurisdição, o juiz deverá, sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, deslocar-se até o local do litígio.
§3º - O Tribunal de Justiça organizará a infraestrutura humana e material necessária ao exercício dessa atividade jurisdicional.
SEÇÃO IX
Dos Juizados Especiais e dos Juizados de Pequenas Causas
Artigo 87 - Os Juizados Especiais das Causas Cíveis de Menor Complexidade e das Infrações Penais de Menor Potencial Ofensivo terão sua composição e competência definidas em lei, obedecidos os princípios previstos no artigo 98, I, da Constituição Federal.
Artigo 88 - A lei disporá sobre a criação, funcionamento e processo dos Juizados de Pequenas Causas a que se refere o artigo 24, X, da Constituição Federal.
SEÇÃO X
Da Justiça de Paz
Artigo 89 - A Justiça de Paz compõe-se de cidadãos remunerados, eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos, e tem competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
SEÇÃO XI
Da Declaração de Inconstitucionalidade e da Ação Direta de Inconstitucionalidade
Artigo 90 - São partes legítimas para propor ação de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estaduais ou municipais, contestados em face desta Constituição ou por omissão de medida necessária para tornar efetiva norma ou princípio desta Constituição, no âmbito de seu interesse:
I - o Governador do Estado e a Mesa da Assembleia Legislativa;
II - o Prefeito e a Mesa da Câmara Municipal;
III - o Procurador-Geral de Justiça;
IV - o Conselho da Seção Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil;
V - as entidades sindicais ou de classe, de atuação estadual ou municipal, demonstrando seu interesse jurídico no caso;
VI - os partidos políticos com representação na Assembleia Legislativa, ou, em se tratando de lei ou ato normativo municipais, na respectiva Câmara.
§1º - O Procurador-Geral de Justiça será sempre ouvido nas ações diretas de inconstitucionalidade.
§2º - Quando o Tribunal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Procurador-Geral do Estado, a quem caberá defender, no que couber, o ato ou o texto impugnado.
§3º - Execução suspensa pelo Senado Federal, na forma do art. 52, X, da Constituição Federal.
- § 3º com execução suspensa pela Resolução do Senado Federal nº 46, de 28/06/2005.
§4º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma desta Constituição, a decisão será comunicada ao Poder competente para a adoção das providências necessárias à prática do ato que lhe compete ou início do processo legislativo, e, em se tratando de órgão administrativo, para a sua ação em trinta dias, sob pena de responsabilidade.
§5º - Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou de seu órgão especial poderá o Tribunal de Justiça declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal, como objeto de ação direta.
§6º - Nas declarações incidentais, a decisão dos Tribunais dar-se-á pelo órgão jurisdicional colegiado competente para exame da matéria.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
 
PREÂMBULO
 
 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.
 
TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
Conceito amplo de direito a ter direitos (HANNA ARENDT), o pertencimento do indivíduo a determinada ordem jurídica qualificada que lhe garanta a posição de sujeito de direitos.
III - a dignidade da pessoa humana;
ORIGEM E CONCEITOS
já no pensamento estoico, a dignidade era tida como a qualidade que, por ser inerente ao ser humano, o distinguia das demais criaturas, no sentido de que todos os seres humanos são dotados da mesma dignidade, noção esta que se encontrava intimamente ligada à noção da liberdade pessoal de cada indivíduo (o Homem como ser livre e responsável por seus atos e seu destino), bem como à ideia de que todos os seres humanos, no que diz com a sua natureza, são iguais em dignidade” (SARLET. Ingo. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais, p. 30-1.)
O filósofo que provavelmente mais contribuiu para a delimitação do conceito da dignidade da pessoa humana foi IMMANUEL KANT ao definir o homem como fim em si mesmo e não como meio ou instrumento de outrem: “O homem, e duma maneira geral, todo o ser racional, existe como um fim em si mesmo, não só como meio para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas acções, tanto nas que se dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem a outros seres racionais, ele tem sempre de ser considerado simultaneamente como um fim”. Em outras palavras, o homem é o parâmetro ou, como já afirmava PROTÁGORAS: “o homem é a medida de todas as coisas”. (RAMOS TAVARES, 2020)
A dignidade humana consiste não apenas na garantia negativa de que a pessoa não será alvo de ofensas ou humilhações, mas também agrega a afirmação positiva do pleno desenvolvimento da personalidade de cada indivíduo. (LUÑO, Perez., Derechos Humanos, Estado de Derecho y Constitución, p. 318. Grifos do original. Trad. livre)
PONDERAÇÃO
Dignidade humana como princípio absoluto? Embora haja doutrina nesse sentido, prevalece que ela é ponderável em caso de colisão de direitos
ALEXY. O jurista alemão, conforme mencionado acima, conclui que “há que partir de duas normas da dignidade da pessoa, é dizer, uma regra da dignidade da pessoa e um princípio da dignidade da pessoa” . E que “Absoluto não é o princípio senão a regra que, devido a sua abertura semântica, não necessita de uma limitação com referência a nenhuma relação de preferência relevante”. Mister frisar, porém, que o autor não está a dizer que a regra da dignidade humana é absoluta, mas sim que esta é tão só formalmente absoluta, pois, “não há que introduzir nenhuma cláusula restritiva. Mas o conteúdo da regra da dignidade da pessoa, por sua vez, poderá sim sofrer restrições (RAMOS TAVARES, 2020)
CONSUBSTANCIALIDADE
A consubstancialidade implica a ideia de unidade de substância, a verificar-se entre as ocorrências aqui estudadas. Assim, o que se procura perscrutar é se a dignidade do Homem é substratum básico de todo e qualquer direito fundamental (PERSPECTIVA ESTÁTICA DO DIREITO, rechaçada por KELSEN).O entendimento de que o princípio da dignidade está presente nas demais manifestações de direitos fundamentais, sem sombra de dúvida, encontra-se assente em parcela da doutrina (...) Entretanto, impõe-se, aqui, a ressalva de INGO WOLFGANG SARLET, para quem há a “possibilidade de existirem direitos fundamentais sem um conteúdo aferível em dignidade”. Dessa possibilidade impõe-se, desde logo, o reconhecimento, em um primeiro nível, da CONSUBSTANCIALIDADE PARCIAL. Ao menos em princípio, em cada direitofundamental se faz presente um conteúdo ou, pelo menos,alguma projeção da dignidade da pessoa; mas essa presença poderá ser mínima, atendendo-se à não absolutização desta (parcialidade). (RAMOS TAVARES, 2020)
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
Desenvolvimento nacional significa uma mudança qualitativa no uso dos recursos e distribuição do capital (KANE e SAND, 2010). Desenvolvimento NÃO leva em conta apenas crescimento de PIB, mas a melhoria da qualidade de vida como combate ao analfabetismo, mortalidade infantil e consumo real (NOGAMI E PASSOS, 1945).
“O crescimento econômico não pode sensatamente ser considerado um fim em si mesmo. O desenvolvimento tem de estar relacionado sobretudo com a melhoria da vida que levamos e das liberdades que desfrutamos”.AMARTYA SEN (2000: 29)
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
Tema 944, STF - Os atos ilícitos praticados por Estados estrangeiros em violação a direitos humanos não gozam de imunidade de jurisdição. Controvérsia inédita no âmbito desta Suprema Corte, estando em questão a derrotabilidade de regra imunizante de jurisdição em relação a atos de império praticados por Estado soberano, por conta de graves delitos ocorridos em confronto à proteção internacional da pessoa natural , nos termos do art. 4º, II e V, do Texto Constitucional 
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
 
TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
RUI BARBOSA já distinguia entre, de um lado, os direitos, e, de outro, as garantias dos direitos. E isto porque é imperioso separar “as disposições meramente declaratórias, que são as que imprimem existência legal aos direitos reconhecidos, e as disposições assecuratórias, que são as que, em defesa dos direitos, limitam o poder. Aquelas instituem os direitos; estas, as garantias: ocorrendo não raro juntar-se, na mesma disposição constitucional, ou legal, a fixação da garantia, com a declaração do direito 
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
VIDA
“Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção (art. 4, n. 1, Pacto de San José da Costa Rica)
O conteúdo do direito à vida assume duas vertentes. Traduz-se, em primeiro lugar, no direito de permanecer existente, e, em segundo lugar, no direito a um adequado nível de vida. (RAMOS TAVARES, 2020)
No Brasil, não se tolera a chamada “liberdade à própria morte”. Não se pode impedir que alguém disponha de seu direito à vida, suicidando-se, mas a morte não é, por isso, um direito subjetivo do indivíduo, a ponto de poder exigi-la do Poder Público (...) Em uma palavra, a eutanásia é considerada homicídio. Há, aqui, uma prevalência do direito à vida, em detrimento da dignidade. (RAMOS TAVARES, 2020)
Interrupção autorizada da gestação: ABORTO TERAPÊUTICO; ABORTO SENTIMENTAL; ABORTO DE ANAENCÉFALO (ADPF 54). O aborto eugênico não possui proteção jurídica inequívoca, embora alguns Tribunais invoquem o princípio da dignidade da pessoa humana para autorizá-lo em casos nos quais há sérios riscos para a prole, por predisposição hereditária, ou pela ocorrência de doenças maternas durante a gravidez que comprometam o feto
CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DE BIOSSEGURANÇA. IMPUGNAÇÃO EM BLOCO DO ART. 5º DA LEI Nº 11.105, DE 24 DE MARÇO DE 2005 (LEI DE BIOSSEGURANÇA). PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DIREITO À VIDA. CONSITUCIONALIDADE DO USO DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS EM PESQUISAS CIENTÍFICAS PARA FINS TERAPÊUTICOS. DESCARACTERIZAÇÃO DO ABORTO. NORMAS CONSTITUCIONAIS CONFORMADORAS DO DIREITO FUNDAMENTAL A UMA VIDA DIGNA, QUE PASSA PELO DIREITO À SAÚDE E AO PLANEJAMENTO FAMILIAR. DESCABIMENTO DE UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE INTERPRETAÇÃO CONFORME PARA ADITAR À LEI DE BIOSSEGURANÇA CONTROLES DESNECESSÁRIOS QUE IMPLICAM RESTRIÇÕES ÀS PESQUISAS E TERAPIAS POR ELA VISADAS. IMPROCEDÊNCIA TOTAL DA AÇÃO. I - O CONHECIMENTO CIENTÍFICO, A CONCEITUAÇÃO JURÍDICA DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS E SEUS REFLEXOS NO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE BIOSSEGURANÇA. A potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é meritória o bastante para acobertá-la, infraconstitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas de obstar sua natural continuidade fisiológica. Mas as três realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Donde não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de pessoa humana. O embrião referido na Lei de Biossegurança ("in vitro" apenas) não é uma vida a caminho de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe faltam possibilidades de ganhar as primeiras terminações nervosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade como projeto de vida autônoma e irrepetível. (ADI 3510 / DF - DISTRITO FEDERAL, 29/05/2008)
LIBERDADE
a liberdade, inicialmente referida neste estudo (condições de autonomia), não significa tão somente uma permissão jurídica; BOBBIO, com a perspicácia que lhe é peculiar, diz que “Por liberdade positiva, entende-se — na linguagem política — a situação na qual um sujeito tem a possibilidade de orientar seu próprio querer no sentido de uma finalidade, de tomar decisões, sem ser determinado pelo querer dos outros. Essa forma de liberdade é também chamada de autodeterminação ou, ainda mais apropriadamente, de autonomia”
IGUALDADE
Segundo a clássica fórmula de ARISTÓTELES, a igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. Contudo, trata-se de regra hipotética que não satisfaz. E isto porque não é capaz de informar quando ou como distinguir os desiguais dos iguais. A FÓRMULA LÓGICO-JURÍDICA DO RESPEITO À IGUALDADE deve respeitar a correlação entre o traço diferencial eleito como ponto de apoio da desigualação e a desigualdade de tratamento sugerida.A desigualdade (CRITÉRIO DISCRIMINATÓRIO) tem de estar em relação direta com a diferença observada. Não se pode tratar diversamente em função de qualquer diferença observada. Do contrário, todos os tratamentos discriminatórios estariam, em última instância, legitimados (RAMOS TAVARES)
AS AÇÕES AFIRMATIVAS
Os Estados Unidos da América somente rechaçaram a escravidão após o término da Guerra Civil, com o advento da Décima Terceira Emenda Constitucional (1865). A Décima Terceira Emenda foi responsável pela abolição da escravidão. O passo seguinte seria a igualdade entre brancos e negros. Não tardou muito para que a almejada igualdade fosse alcançada, aindaque formalmente, com a promulgação da Décima Quarta Emenda, em 1868. Diz-se que se alcançou formalmente a igualdade, pois tais emendas traçaram, apenas, o equal treatment, o qual, no mundo fático, dava margem às desigualdades. O direito ao equal treatment, segundo DWORKIN, é o direito “à mesma distribuição de bens e oportunidades a que todos possuem ou foram concedidos”. Ainda que a Décima Quarta e a Décima Quinta Emendas representassem um grande passo no combate à discriminação, a teoria do equal treatment não resolvia, por efetivo, esta problemática, culturalmente enraizada. O período conhecido como Doutrina Separate but Equal (1896-1954) demonstrou a força da discriminação na sociedade americana. Em 1954, finalmente, assinala-se a derrocada dessa doutrina, através do célebre case Brown v. Board of Education of Topeka. Nele se julgou que instalações educacionais separadas (como ocorria à época) são intrinsecamente desiguais. Assim como em Roberts v. City of Boston, a questão posta sob análise da Suprema Corte era a possibilidade de negar acesso às crianças negras em escolas para brancos. Entretanto, diametralmente oposto ao caso de 1859, a Corte Suprema entendeu pela inconstitucionalidade de tal ato denegatório, pois “separá-los de outros de idade e qualificação similar, em razão de sua raça, gera um sentimento de inferioridade aos seus status na comunidade que poderá afetar suas mentes e corações de forma a nunca ser remediado”. Mais um passo era dado em favor da integração social: a teoria do equal treatment restava ultrapassada e sepultada no passado.JOHN KENNEDY assumiu, em janeiro de 1961, a presidência do país. A tomada do poder por KENNEDY, ajudado por seu vice, LYNDON JOHNSON, foi essencial para auxiliar no combate à segregação racial, assumida, até aquele momento, tão somente pelo Poder Judiciário, cujas manifestações, conforme pontualmente lembra MENEZES, “em cada caso concreto, seriam insuficientes para combater o imenso preconceito que estava arraigado no país e, consequentemente, diminuir a crescente tensão social” . Para tanto, seria necessário adotar medida pública que viesse a contornar, de vez, a existência de discriminação. O encarregado para elaborar as linhas mestras da política pública a ser adotada foi HOBERT TAYLOR JR., um jovem advogado negro que, com a assistência de dois futuros Justices, ABE FORTAS e ARTHUR GOLDBERG, deu corpo à Executive Order 10.925 1188. Mas a comissão criada por KENNEDY não possuía poder algum. Tal situação, no entanto, mudou com o advento da Executive Order 11.246, de 24 de novembro de 1965, editada pelo então presidente LYNDON JOHNSON. A principal medida dessa nova ordem executiva foi extinguir o comitê criado pela 10.925 e transferir as funções que deveriam ser exercidas pelo comitê abolido ao Departamento do Trabalho, que, ao contrário dos comitês acima tratados, possuía, de fato, poderes, como o de dar início a investigações, requisitar das empresas planos de contratação e até cancelar contratos de trabalho. A ação afirmativa passou a ser real e eficaz e LYNDON JOHNSON, finalmente, chegou ao que almejava, conforme seu discurso proferido na Howard University: “Nós procuramos... não apenas igualdade como um direito e uma teoria, mas igualdade como um fato e igualdade como um resultado”
CONCEITO: segmento da sociedade que se busca beneficiar seria todo aquele que sofreu discriminação ou ainda a sofre, quer seja minoria, quer maioria (como ocorre na África do Sul, onde os negros, a serem alcançados pelas ações afirmativas, em virtude do regime de apartheid implantado por décadas, são a maioria). Em síntese, a política sob estudo visa a “eliminar os ‘lingering effects’, i. e., os efeitos persistentes (psicológicos, culturais e comportamentais) da discriminação do passado, que tendem a se perpetuar”, os quais “se revelam na chamada ‘discriminação estrutural’, espelhada nas abismais desigualdades sociais entre grupos dominantes e grupos marginalizados” E, para isso, tem como principal instrumento o estabelecimento de quotas a serem destinadas às minorias (afrodescendentes, principalmente) no momento da admissão de candidatos ou contratação de funcionários. Embora o sistema de quotas seja o mais adotado e aquele que naturalmente surge à mente, quando se menciona ação afirmativa, não se pode reduzir este instituto ao sistema de quotas. Inúmeras são as medidas aplicadoras da ação afirmativa. Tem-se, por exemplo, além da fixação de um sistema de quotas, o sistema de metas, com “a implantação de uma certa ‘diversidade’ e de uma maior ‘representatividade’ dos grupos minoritários nos mais diversos domínios de atividade pública e privada” 1195 ; a oferta de treinamentos específicos e gratuitos para certas porções da sociedade etc. Poder-se-ão considerar como medidas de ação afirmativa aquelas de “conteúdo ‘redistributivo’, ‘positivo’, ‘promocional’, de ‘renivelamento’ e ‘restauração’ de determinado segmento social minoritário discriminado
SEGURANÇA JURÍDICA
A segurança jurídica decorre diretamente do Estado Constitucional de Direito. Como primeira “densificação” do princípio da segurança jurídica, tem-se: i) a necessidade de certeza, de conhecimento do Direito vigente, e de acesso ao conteúdo desse Direito; ii) a calculabilidade, quer dizer, a possibilidade de conhecer, de antemão, as consequências pelas atividades e pelos atos adotados; iii) a estabilidade da ordem jurídica.
A proteção à segurança jurídica, implícita ao Estado de Direito, exige, igualmente, uma “proteção contra medidas retrocessivas, mas que não podem ser tidas como propriamente retroativas, já que não alcançam as figuras dos direitos adquiridos, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada”. Não basta a proteção contra a irretroatividade, já que medidas prospectivas podem trazer um retrocesso que deve ser combatido. o exemplo mais ilustrativo será justamente o da implementação, por meio de lei, dos direitos sociais e uma eventual lei posterior revogadora, que promova um retrocesso, uma diminuição, no grau de implementação e concretização dos direitos sociais já alcançado pela lei revogada. A tanto estará vedado o legislador por força do princípio da proibição do retrocesso.
PROPRIEDADE
Dentre os povos da idade antiga, constata-se que os babilônios regulamentaram a propriedade, no Código de Hammurabi, datado de 2300 a.C. Entre o povo hebreu da Antiguidade também há expressa preocupação com o instituto, encontrando-se no livro do Pentateuco (Êxodo) o tratamento do tema.Entre os gregos e os romanos, como se sabe, presidia as relações particulares a ideia de sociedade gentílica. Nesse contexto, a “propriedade” era considerada comum, pertencente à totalidade dos cidadãos. A circunstância de na Idade Moderna identificar-se o período das grandes navegações e descobertas de terras teve implicações diretas no âmbito do instituto da propriedade, pois as novas terras, descobertas no novo mundo, foram consideradas de propriedade dos reis de Espanha e Portugal. Ademais, com a revolução industrial, e o triunfo do capitalismo, enfatiza-se a propriedade privada (além da liberdade de iniciativa). Durante a época mais recente da História da Humanidade, constata-se que o direito de propriedade assumiu uma conotação que se tem designado como social, em oposição à característica essencialmente individualista de que desfrutara outrora
LEON DUGUIT: “A propriedade implica, para todo detentor de uma riqueza, a obrigação de empregá-la em acrescer a riqueza social, e, mercê dela, a interdependência social. Só ele pode cumprir certo dever social. Só ele pode aumentar a riqueza geral, fazendo valer a que ele detém. Se faz, pois, socialmente obrigado a cumprir aquele dever, a realizar a tarefa que a ele incumbe em relação aos bens que detenha, e não pode ser socialmente protegido se não a cumpre, e só na medida em que a cumpre”
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
É inconstitucional, por transgressão ao princípio da isonomia entre homens e mulheres[Constituição Federal (CF), art. 5º, I], a exigência de requisitos legais diferenciados para efeito de outorga de pensão por morte de ex-servidores públicos em relação a seus respectivos cônjuges ou companheiros/companheiras (CF, art. 201, V) TEMA 457 STF, RE 659424/RS, relatorMin. Celso de Mello, julgamento virtual em 9.10.2020"
	Licença à gestante (art. 7º, XVIII),
	traumas físicos da gestação
	Proteção ao mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos próprios (art. 7º, XX),
	contexto histórico-social de opressão
	Prazo, menor, para obter a aposentadoria por tempo de serviço (arts. 40, III, a e b, e 201, § 7º, I e II).
	contexto histórico-social de dupla jornada
Três são as hipóteses em que há tratamento privilegiado da mulher em função de sua condição. Interessante notar, nestes casos, como bem lembra PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA, que todas as três distinções partem de elementos outros que não apenas a questão do sexo.
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
A própria noção de lei como ato jurídico geral e abstrato apresenta-se como uma exigência contra o arbítrio. Traduz-se, pois, a garantia da legalidade no primado da vontade geral, consubstanciada na lei. Portanto, não se pode ignorar seu conteúdo, que também há de corresponder aos valores consubstanciados no ordenamento jurídico. Pelo postulado da constitucionalidade exige-se que toda lei e ato normativo de um Estado seja praticado em consonância com a Constituição e, pois, que perante esta seja controlável (Zagrebelsky, Diritto Costituzionale, p. 57.) Abandona-se, pois, como se vê, a noção puramente formal de lei, para ir mais longe e exigir que a lei corresponda, em seus mandamentos, à ideia de justiça encampada pela ordem constitucional, com o respeito à dignidade da pessoa humana, da liberdade etc.
BOBBIO: Uma coisa é exercer o governo mediante a edição de leis (governo per leges), e outra é exercê-lo nos termos das leis editadas (governo sub lege)
Princípio da preferência da lei: sempre que em face de uma norma regulamentar se encontra uma lei, aquela cede a esta. Em outras palavras, o regulamento deve ser compatível com a lei. 
Enquanto a exigência constitucional da legalidade envolve uma questão de hierarquia das fontes jurídicas, o enunciado da “reserva de lei” envolve uma questão de competências (José Afonso da Silva)
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
O termo liberdade de expressão não se reduz ao externar sensações e sentimentos. A liberdade de expressão é composta tanto de uma dimensão substantiva como de uma instrumental: “A dimensão substantiva compreende a actividade de pensar, formar a própria opinião e exteriorizá-la. A dimensão instrumental traduz a possibilidade de utilizar os mais diversos meios adequados à divulgação do pensamento”
JÓNATAS E. M. MACHADO é categórico ao anotar que “(...) a liberdade de expressão não é vista como um fim em si mesma
A liberdade de expressão não alcança a prática de discursos dolosos, com intuito manifestamente difamatório, de juízos depreciativos de mero valor, de injúrias em razão da forma ou de críticas aviltantes. Pet 8242 AgR/DF, relator Min. Celso de Mello, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgamento em 3.5.2022. 
se a liberdade de expressão encontra-se tutelada para, dentre outras finalidades, assegurar a formação da personalidade individual (ainda que não seja, evidentemente, responsável pela totalidade dessa formação), seria insuportável que seu exercício engendrasse justamente o desrespeito a direitos da personalidade. Assim, A existência de limitações ao direito à liberdade de expressão se explica tanto (i) pela necessidade de harmonia entre os direitos individuais como (ii) por questão de coerência, visto que seria, no mínimo, contraditório se a liberdade de expressão, que é um direito engendrado pelo homem para assegurar e possibilitar sua autodeterminação individual, estivesse em contradição com essa mesma finalidade, atentando contra o desenvolvimento da personalidade individual e desrespeitando direitos essenciais à própria personalidade (RAMOS TAVARES)
oito critérios de ponderação do STF:
 a) veracidade do fato;
b) licitude do meio empregado na obtenção da informação;
c) personalidade pública ou privada da pessoa objeto da notícia;
d) local do fato;
e) natureza do fato;
f) existência de interesse público na divulgação em tese (presumido);
g) existência de interesse público na divulgação de fatos relacionados com a atuação de órgãos públicos; (presumido) e
h) preferência por sanções a posteriori, que não envolvam a proibição prévia da divulgação". Rcl 22.328 rel. min. Roberto Barroso 1ª Turma DJE de 10-5-2018 Informativo STF 893
O direito fundamental à liberdade de expressão é passível de sofrer restrições por meio de lei, inclusive em hipóteses não previstas de modo expresso na CF
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
Inexiste decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em controle concentrado de constitucionalidade e sobre a regulamentação adequada para o exercício do direito de resposta, não sendo cabível reclamação. STF Rcl 24.459 AgR rel. min. Edson Fachin 1ª Turma DJE de 5-9-2017 Informativo STF 851
A medida própria para a reparação do eventual abuso da liberdade de expressão é o direito de resposta e não a supressão liminar de texto jornalístico, antes mesmo de qualquer apreciação mais detida quanto ao seu conteúdo e potencial lesivo. Rcl 28.747 AgR red. p/ o ac. min. Luiz Fux 1ª Turma DJE de 12-11-2018 Informativo STF 905
Magistrado integrante de tribunal pode decidir monocraticamente sobre a concessão de efeito suspensivo a recurso interposto em face de decisão proferida segundo o rito especial do direito de resposta. ADI 5415/DF, relator Min. Dias Toffoli, julgamento finalizado em 11.3.2021ADI 5418/DF, relator Min. Dias Toffoli, julgamento finalizado em 11.3.2021ADI 5436/DF, relator Min. Dias Toffoli, julgamento finalizado em 11.3.2021
A retratação ou a retificação espontânea, ainda que a elas sejam conferidos os mesmos destaque, publicidade, periodicidade e dimensão do agravo, não impedem o exercício do direito de resposta pelo ofendido nem prejudicam a ação de reparação por dano moral. ADI 5415/DF, relator Min. Dias Toffoli, julgamento finalizado em 11.3.2021ADI 5418/DF, relator Min. Dias Toffoli, julgamento finalizado em 11.3.2021ADI 5436/DF, relator Min. Dias Toffoli, julgamento finalizado em 11.3.2022
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
Incluir a liberdade: i) de opção em valores transcendentais (ou não); ii) de crença nesse sistema de valores; iii) de seguir dogmas baseados na fé e não na racionalidade estrita 1233 ; iv) da liturgia (cerimonial), o que pressupõe a dimensão coletiva da liberdade; v) do culto propriamente dito, o que inclui um aspecto individual; vi) dos locais de prática do culto; vii) de não ser o indivíduo inquirido pelo Estado sobre suas convicções; viii) de não ser o indivíduo prejudicado, de qualquer forma, nas suas relações com o Estado, em virtude de sua crença declarada. (RAMOS TAVARES, 2020)
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado

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