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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 DEFICIÊNCIA MULTIPLA (DM) e DEFICIÊNCIA INTELECTUAL (DI) ....... 4 2.1 Deficiência Intelectual (DI) .................................................................... 6 3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA ............................................................................ 9 4 AS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS ............................................................ 13 5 TECNOLOGIA ASSISTIVA (TA) EM COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA .......................................................................................................... 16 6 ALFABETIZAÇÃO E INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL .......................................................................................................... 21 6.1 Comunicação alternativa e deficiência intelectual .............................. 23 7 CARACTERIZAÇÃO DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) ...................................................................................................................28 7.1 Comunicação alternativa para pessoas com TEA .............................. 29 8 PARALISIA CEREBRAL: DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO ............................................................... 33 8.1 Uso de Comunicação Suplementar e/ou Alternativa: impactos positivos na comunicação da criança com paralisia cerebral com seus interlocutores ........ 35 9 A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA TÁTIL: SÍMBOLOS TÁTEIS, SÍMBOLOS TEXTURIZADOS E SÍMBOLOS TANGÍVEIS ........................................ 40 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 52 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 DEFICIÊNCIA MULTIPLA (DM) E DEFICIÊNCIA INTELECTUAL (DI) Fonte: institutoneurosaber.com A deficiência é uma característica presente na condição humana. De acordo com um levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011), estima-se que um bilhão de pessoas em todo o mundo vive com algum tipo de deficiência. Desse montante, 23,9% corresponde à população brasileira que declarou viver com algumas das condições apontadas pelo Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010), no que se refere às deficiências: visual, auditiva, motora, mental ou intelectual (MOREIRA, 2021). Segundo o autor, no Censo Demográfico de 2010 não houve menção alguma sobre as pessoas que apresentam deficiência múltipla. Esse fato pode ser notado também na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei Nº 9.394/96, onde encontramos o seguinte: Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Esse trecho permite inferir que o termo “educandos com deficiência” se refere às diferentes necessidades específicas de aprendizagem enfrentadas pelos alunos 5 que apresentam alguma limitação, seja visual, auditiva, intelectual, motora e, inclusive, com múltiplos comprometimentos (MOREIRA, 2021). O paradigma da educação inclusiva contribuiu para o avanço de diversas discussões, como o da educação especial, por exemplo. Desde então, várias pesquisas têm sido realizadas para abordar os desafios, as conquistas e possibilidades do processo inclusivo, na área educacional. Nesse contexto, reconhecemos os avanços, ao mesmo tempo que ressaltamos a necessidade de maiores discussões teóricas e práticas, sobre temas importantes que podem contribuir significantemente para a inclusão. Essa necessidade também se faz presente na inclusão escolar das pessoas com deficiência múltipla (DM) e deficiência intelectual (DI) (LEITE et al, 2019). Segundo autores, a literatura nacional e internacional indica que não existe uma concordância em relação ao conceito da DM, o que implica na dificuldade de sua compreensão, definição e nas próprias características da deficiência. Contudo, pode- se dizer que DM “é uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social”. No Brasil, a definição mais recente de DM adotada pelo Ministério da Educação considera as pessoas com deficiências múltiplas aquelas que têm “[...] duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social” (BRASIL, 2006, p.11). Todavia, não é o somatório dessas alterações que definem a sua ocorrência, “[...] mas sim o nível de desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas” (BRASIL, 2006, p.11 apud LEITE et al, 2019). Considerando a definição apresentada, destacamos que a DM abrange um grupo heterogêneo de pessoas, que incluem características e condições motoras, sensoriais, intelectuais e até mesmo psicológicas distintas. Dessa maneira, os comprometimentos de cada pessoa vão resultar em demandas específicas para o desenvolvimento e desempenho de atividades, o que requer do processo educativo, ações e um planejamento individualizado capaz de atender as necessidades de cada estudante no decorrer do processo de ensino e aprendizagem (LEITE et al, 2019). 6 2.1 Deficiência Intelectual (DI) Na Antiguidade os deficientes intelectuais eram abandonados ou assassinados; na idade média foram considerados filhos de satanás, sendo queimados em fogueiras. Durante o Cristianismo foram protegidos como inocentes de Deus já que apresentavam inocência e pureza (NOGUEIRA et al, 2021). Segundo o autor, a doutrina cristã pode trazer demasiadas melhorias em relação ao tratamento proporcionado as pessoas com deficiência intelectual, a sociedade da época começou a ter melhores perspectivas sobre elas e consequentemente passaram a aceita-las melhor, mas ainda assim mantendo essas pessoas longe da inserção social. Pessoas com deficiência já não eram vistas como “aberrações” e mesmo ainda descriminadas, passaram a ser ajudadas e solidarizadas por uma minoria. Segundo o autor, desde o surgimento da humanidade que a deficiência intelectual é uma questão a ser refletida, pois para cada época, os contextos histórico e social se mostram inerentes ao comportamento que as pessoas tinham frente aos deficientes, por se tratar de um assunto desconhecido resultou em concepções e exclusão, além de questionamentos que levaram a considerar as pessoas com deficiência como ignorantes, maldosas epreconceituosas, somente a partir do século XIX é que passaram a ser considerados hábeis de serem educados. Somente em 13 de dezembro de 1975, que os deficientes passaram a ter seus direitos estabelecidos por lei, conforme o artigo 4º da declaração dos direitos dos deficientes aprovados pela ONU, lê-se que: “O deficiente tem os mesmos direitos civis e políticos dos demais seres humanos”. Na história da humanidade, a deficiência sempre se fez presente das mais diversas formas: preconceituosa, omissa, escondida, ignorada, repreendida, julgada, condenada, parcialmente aceita, ou seja, de uma maneira ou de outra a deficiência sempre fez parte da história do homem, estando presente em suas concepções e preocupações, seja no sentindo de aceitação ou de negação” (BATISTA; MANTOAN, 2007 apud NOGUEIRA et al, 2021). O que se pode perceber segundo o autor, é que atualmente mesmo com os avanços relevantes, no que diz respeito às questões sociais, políticas e legais, os indivíduos portadores de deficiência permanecem à margem do corpo social, sendo tidos como sendo inaptos, ineficientes e ainda popularmente denominados de pobrezinhos, coitadinhos e entre tanto outros adjetivos de inferioridade. Dessa 7 maneira, começa-se um trabalho de conscientização global na sociedade com o intuito de incluir e integra o deficiente intelectual, de modo que o mesmo desenvolva autonomia e capacidade de socialização para exercer uma ou mais atividades da vida diária. A deficiência intelectual ou mental sempre esteve atrelada a ideia de incapacidade e improdutividade, ou seja, ligada a uma imagem negativa das pessoas que compõem esse grupo. Várias áreas do conhecimento científico têm se dedicado à pesquisa com o objetivo de estabelecer um conceito único que defina essa deficiência (ROSSATO; LEONARDO, 2011 apud NOGUEIRA et al, 2021). Define-se que deficiência intelectual corresponde a presença de déficits cognitivos concomitantes ao funcionamento adaptativo, em pelo menos duas das seguintes áreas: comunicação, cuidados pessoais, vida doméstica, habilidades sociais / interpessoais, uso de recursos comunitários, independência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança. Sendo que, a mesma, deve ser detectada antes dos 18 anos de idade. Anamnese consiste no histórico de todos os sintomas narrados pelo aluno sobre determinado caso de como se sente de forma global em diferentes ambientes. Também pode ser considerada uma lembrança incompleta ou a reminiscência de uma recordação. Estes relatos são vitais sendo um dos pontos mais importantes do diagnóstico (NOGUEIRA et al, 2021). É através dela que podemos buscar as raízes que impedem o aluno de progredir no processo de aprendizagem. A busca da reconstrução do passado e da vida presente nos dará sustentação para um trabalho seguro e efetivo. Conforme Paim (1985 p. 43-45 apud Nogueira et al, 2021), “A família é o ponto principal, pois é ela quem, nos fornecerá dados imprescindíveis sobre a vida do aluno”. O diagnóstico é vinculado a diversos fatores: biomédicos, etiológicos, comportamentos sociais e educacionais e a cargo de uma equipe especializada: médicos, psicológicos clínicos, professores da educação especial com especialização na área; profissionais esses habilitados que possam determinar a causa e um tratamento. Todavia, um dos maiores desafios é estabelecer a origem e a causa. Pesquisas afirmam que em até 50% dos casos não é possível determinar exatamente a causa (NOGUEIRA et al, 2021). De acordo com o autor, normalmente a deficiência intelectual manifesta-se antes dos 18 anos de idade e caracteriza-se, sobretudo por alterações no 8 desenvolvimento das funções cognitivas (raciocínio, memória, atenção, juízo), da linguagem, das habilidades motoras e da socialização. Causas de tais deficiências podem ser diversas e decorrente de múltiplos fatores. Existem causas genéticas e causas relacionadas a problemas no parto e na gestação como: complicações durante a gravidez (rubéola, uso de drogas, abuso de álcool, desnutrição materna), problemas ao nascimento (prematuridade, falta de oxigênio, traumatismos) e ainda doenças e condições que afetam a saúde, como sarampo, meningite, desnutrição, exposição a metais pesados como chumbo e mercúrio, entre outras. As principais características da deficiência intelectual são a falta de concentração, a dificuldade em interagir e se comunicar e a baixa capacidade de compreensão linguística (não compreendem a escrita ou precisam de um sistema de aprendizado especial). Em relação à área motora, há crianças que tem a deficiência intelectual em um nível leve e assim sendo, não apresentam quase diferenças significativas em comparação com crianças sem deficiência, porém é possível que elas apresentem alguma alteração na motricidade fina. Agora já nos casos mais graves, é possível que haja uma dificuldade motora mais notável, como dificuldades na coordenação, ao manipular objetos e também no equilíbrio do seu corpo, podendo inclusive começar a andar tardiamente (FLETCHER, 2009 apud NOGUEIRA et al, 2021). Já na área cognitiva, as crianças com deficiência intelectual podem mostrar uma certa dificuldade ao aprender conceitos abstratos, em ter a atenção voltada para o ensino, em memorizar o que é pedido e em resolver problemas em geral. Mesmo com essas dificuldades, os alunos com DI conseguem alcançar os mesmos objetivos que os outros alunos, porém, em alguns casos, com um pouco mais de lentidão. As maiores dificuldades estão na concentração, memória e solução de problemas, o que torna o aprendizado mais lento, mas não os impede de atingir os objetivos. Quanto à área da comunicação, alguns alunos com deficiência intelectual tem uma certa dificuldade na comunicação, fazendo com que seja um pouco mais difícil suas relações, apresentando dificuldades para se expressar, dificultando assim que sejam compreendidas (NOGUEIRA et al, 2021). 9 3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA Fonte: institutoitard.com A maior conquista da UNESCO na área da deficiência foi, sem dúvida, a Conferência de Salamanca, na Espanha, de 1994 que resultou na Declaração de Acompanhamento e Quadro de Ação. A Inclusion International declarou explicitamente que os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio não podem ser cumpridos até 2015 a menos que as crianças com deficiência sejam incluídas na educação (NOGUEIRA et al, 2021). Esta declaração subsidiou a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Básica no Brasil, lei de nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. A partir deste momento foi elaborado um novo conceito de escola e educação: “uma escola com propostas curriculares adaptadas às necessidades dos alunos e aberta à diversidade”. Essa perspectiva ainda não é plenamente atingida, ela vem redefinindo o papel da escola, juntamente com as mudanças de atitudes dos professores e da comunidade em geral (OLIVEIRA, 2018). As atuais políticas educacionais defendem o princípio da “inclusão”, segundo o qual o aluno deve ser inserido no meio social, independentemente de suas limitações, pautado pela igualdade, que só pode ser assegurada em uma sociedade democrática que reconheça e respeite às diversidades, fornecendo o suporte necessário para que todos tenham acesso à vida em comunidade (SOUZA, 2013 apud OLIVEIRA, 2018). Considerando que todo sujeito é singular em suas características, como desafio surge à prática pedagógica objeto de estudo que respeita e considera as diferenças atuando de maneira interventora. Tal intervenção se faz necessária na evolução, e inclusão contínua dos indivíduos que apresentem transtornos de prejuízo na interação social e intelectual com seus pares (NOGUEIRA et al, 2021). 10 Segundo Nogueira et al (2021), a Deficiência intelectual é uma menor capacidade de compreender, aprender e aplicar informações e tarefas novas ou complexas.Pessoas com deficiência intelectual têm um funcionamento mental abaixo da média esperada para a idade, o que provoca um atraso na aprendizagem e no desenvolvimento desses indivíduos. É necessário orientar os pais e irmãos a reconhecerem as dificuldades e a lidar com seus filhos, ensinando-lhes técnicas de interação com a criança e provendo informações sobre suas dificuldades de modo a facilitar a convivência e tornando o ambiente saudável para a criança. Além disso, buscar formas de atendimento que garantam a inclusão de qualidade dos Deficientes Intelectuais na rede de ensino regular Neste contexto, a Tecnologia Assistiva (TA) configura-se como recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência. Os recursos são, todo e qualquer item, equipamento ou parte dele, produto fabricado em série ou sob-medida, que é imprescindível às propostas de formação, reorientação de novos processos e perspectivas. Já tudo o que auxilia diretamente, a pessoa com deficiência, a selecionar, comprar ou usar os recursos, é considerado como serviço (OLIVEIRA, 2018). De acordo com o autor, diante da identificação de pessoas que apresentam grandes dificuldades de se expressarem por meio da fala, surgem outros meios que podem auxiliar esses indivíduos no processo de comunicação. Um desses processos é conhecido como Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA). A comunicação entre as pessoas se dá por meio da fala ou da expressão verbal, mas também acontece através de expressões faciais e gestos que possuem vários significados, chamados de meios não verbais. Segundo autor, a comunicação não verbal qualifica a interação humana, imprime sentimentos, emoções e qualidades em um contexto que permite ao indivíduo perceber e compreender o significado das palavras e os sentimentos do interlocutor (OLIVEIRA, 2018). De acordo com a American Speech Language Hearing Association (ASHA), a CAA, propõe-se a compensar e facilitar, permanentemente ou não, prejuízos e incapacidades dos sujeitos com graves distúrbios da compreensão e da comunicação expressiva (gestual, falada e/ou escrita) causada por patologias diversas, onde há comprometimento da expressão verbal e não verbal. Crianças e adultos são beneficiados pelo seu uso. É uma área que envolve práticas clínicas, educacionais e 11 de pesquisa, incorporando um conjunto de procedimentos que visam maximizar a comunicação, complementando ou substituindo a fala e/ou a escrita (OLIVEIRA, 2018). Segundo o autor, a CAA é uma área da TA que atende pessoas sem fala, sem escrita funcional ou em defasagem entre as necessidades comunicativas e suas habilidades em falar e/ou escrever. Engloba o emprego de gestos manuais, posturas corporais, expressões faciais, uso de miniaturas, de símbolos gráficos, fotografias, gravuras e desenhos, voz digitalizada ou sintetizada, por meio dos quais, pessoas sem fala articulada devido a fatores psicológicos, neurológicos, emocionais, físicos e/ou cognitivos, podem efetuar a comunicação face a face. Os principais benefícios alcançados através da TA pelos usuários da CAA, conforme autor, são a melhora da autoestima, a maior independência para realização das atividades, o aumento do poder de decisão, o aumento do número de interlocutores, a melhor qualidade de vida para o sujeito e para os envolvidos. A TA para CAA vem sendo cada vez mais requisitada na inclusão educativa, pois auxilia e cria mecanismos de interlocução entre os alunos e os profissionais da educação, no sentido de melhorar o processo de ensino e aprendizagem. O período escolar é uma importante fase para o desempenho ocupacional do estudante. O ingresso à escola faz com que este seja reconhecido pela sua capacidade de realizar tarefas valorizadas em seu meio. Na fase escolar, os contextos físico e social ampliam-se e as expectativas do meio social tornam-se mais exigentes (OLIVEIRA, 2018). De acordo com o relatório do Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apresentado anualmente, evidencia-se um progressivo aumento no número de matrículas no atendimento aos estudantes com deficiência, entre os anos de 2008 e 2016; na educação infantil passou de 30.000 para 59.000, no ensino fundamental de 300.000 para 600.000, no ensino médio de 20.000 para 72.000 (Inep, 2016 apud OLIVEIRA, 2018). Estes números revelam a crescente demanda existente no sentido de se incrementar ações de desenvolvimento e concessão dos recursos de TA, que são fundamentais à inclusão das pessoas com deficiência, seja na educação, na inserção no mercado de trabalho e na vida em sociedade. Ocorreu também um aumento de 198% no número de professores com formação em educação especial, de acordo com 12 dados presentes no portal do MEC, (BRASIL, 2014), em 2003 eram 3.691 docentes, em 2014 esse número aumentou para 97.459 docentes. Por este ângulo, observando o aumento da demanda pela educação inclusiva no país nos últimos anos, a atuação do professor é essencial (OLIVEIRA, 2018). De acordo com o autor, a formação inicial e continuada de professores, o emprego de planos educacionais individualizados e a introdução da TA, são elementos facilitadores da inclusão de alunos com deficiência, onde o professor deve incorporar em sua prática as novas tecnologias educacionais. O Atendimento Educacional Especializado (AEE), realizado nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRMs), foram providas por um kit de recursos de TA, na tentativa das escolas terem acesso aos recursos e aumentarem o uso com os alunos alvo da educação inclusiva. O programa de implantação das SEM’s instituído pelo MEC, por meio da Portaria Ministerial nº 13/2007, integrou o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência no contexto da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que objetivou: Apoiar a organização da educação especial na perspectiva da educação inclusiva; assegurar o pleno acesso dos estudantes público alvo da educação especial no ensino regular em igualdade de condições com os demais estudantes; disponibilizar recursos pedagógicos e de acessibilidade às escolas regulares da rede pública de ensino; promover o desenvolvimento profissional e a participação da comunidade escolar (BRASIL, 2007 apud OLIVEIRA, 2018). Para atingir tais objetivos, o MEC realizou as seguintes ações: Aquisição dos recursos para as salas; informação sobre a disponibilização das salas e critérios adotados; monitoramento da entrega e instalação dos itens às escolas; orientação aos sistemas de ensino para a organização e oferta do AEE; cadastro das escolas com SRMs implantadas; promoção da formação continuada de professores para atuação no AEE; publicação dos termos de doação; atualização das SRMs implantadas pelo programa; apoio financeiro, por meio do PDE Escola Acessível para adequação arquitetônica, tendo em vista a promoção de acessibilidade nas escolas, com salas implantadas (OLIVEIRA, 2018). 13 4 AS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS Fonte: novaescola.org.br Em 2004, o Governo Brasileiro lançou o decreto de número 5.296 (BRASIL, 2004), que definiu “Ajudas Técnicas” como produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida. Criou também o Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), que se concretizou em 2006, e este comitê assim definiu a TA, como: Uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidadesou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (OLIVEIRA, 2018). Tecnologia assistiva é um termo ainda muito novo; segundo Silva (2012, p. 36) apud Nascimento et al. (2021), "pode ser definida como suporte, equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas e aplicadas para minimizar as dificuldades a que as pessoas com deficiências estão sujeitas". No Brasil, a sistematização do conceito de TA ainda é muito recente e está em fase de constituição e designa "todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e consequentemente promover vida independente e 14 inclusão" (BERSCH, 2008, BORGES, 2015, P. 38 apud NASCIMENTO et al, 2021). Diante do excerto, se faz necessário entender o que são esses recursos e serviços para melhor compreensão das tecnologias assistivas. Segundo Bersch (2009, apud Nickel, 2012, p. 47-48 apud NASCIMENTO et al, 2021). Recursos: podem variar de uma simples bengala a um complexo sistema computadorizado. Estão incluídos brinquedos e roupas adaptadas, computadores, softwares e hardwares especiais, que contemplam questões de acessibilidade, dispositivos para adequação da postura sentada, recursos para mobilidade manual e elétrica, equipamentos de comunicação alternativa, chaves e acionadores especiais, aparelhos de escuta assistida, auxílios visuais, materiais protéticos e milhares de outros itens confeccionados ou disponíveis comercialmente. Serviços: são aqueles prestados profissionalmente à pessoa com deficiência visando selecionar, obter ou usar um instrumento de tecnologia assistiva. Como exemplo, podemos citar avaliações, experimentação e treinamento de novos equipamentos. Os serviços de tecnologia assistiva são normalmente transdisciplinares, envolvendo profissionais de diversas áreas, tais como: Fisioterapia; Terapia Ocupacional; Fonoaudiologia; Educação; Psicologia; Enfermagem; Medicina; Engenharia; Arquitetura; Design; e técnicos de muitas outras especialidades (Bersch, 2009, apud Nickel, 2012, p. 47-48 apud NASCIMENTO et al, 2021). O avanço tecnológico vem facilitando a vida dos humanos e possibilitando sua interação com o mundo à sua volta; logo, se tornou necessário pensar as formas como essa tecnologia poderia ajudar as pessoas com algum tipo de deficiência a ter o mesmo direito de interação; segundo o autor "os recursos de tecnologia assistiva podem ser situados como mediações instrumentais para a constituição da pessoa com deficiência, como sujeito dos seus processos, a partir da potencialização da sua interação social no mundo" NASCIMENTO et al, 2021). Segundo Borges (2015, p. 34 apud Nascimento et al, 2021), "é possível, por meio do desenvolvimento tecnológico, propiciar a esses indivíduos a ampliação funcional de habilidades deficitárias ou a realização de funções almejadas que se encontram impedidas devido à deficiência". 15 As tecnologias assistivas impactam tanto qualitativa como quantitativamente na vida das pessoas com deficiência. Assim, a tecnologia assistiva é um recurso que contribui de forma qualitativa, ou quantitativa, às pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, pois promove maior independência pessoal, qualidade de vida, inclusão social, ampliação de comunicação, mobilidade e integração social. (SILVA, 2012, p.37 apud Nascimento et al, 2021). A disposição destes recursos e serviços de tecnologia assistiva, "seria uma maneira concreta de neutralizar as barreiras causadas pela deficiência e inserir esse indivíduo nos ambientes ricos para a aprendizagem e desenvolvimento, proporcionados pela cultura". Quanto ao cenário político em relação as tecnologias assistivas no Brasil, destaca que, para a atual política, a intervenção em tecnologia assistiva se faz pela prática do atendimento educacional especializado, não se restringindo aos recursos tecnológicos em si, mas implicando uma ação educacional que promove a autonomia, a independência no exercício de atividades e a inclusão dos alunos com deficiência (NASCIMENTO et al, 2021). De acordo com o autor, tal concepção é importante de ser destacada, pois o termo tecnologia assistiva pode confundir os profissionais, conduzindo-os ao erro de enxergar o termo como tecnologias digitais. As tecnologias assistivas na escola servem para os alunos com quaisquer necessidades educativas especiais, assim como aos professores que atuam no AEE e nas salas de aula regulares. De acordo com Fogarolo (2009, apud Bersch, 2009, p. 50 apud Nascimento et al, 2021), "ao aluno elas servirão como recurso específico, como ferramenta compensativa, ferramenta de acesso, como mediador de comunicação e facilitador. Para o professor, será um suporte didático e uma ferramenta para produção de material formativo que servirá às necessidades de seu aluno". Ainda no contexto da Educação, destaca que "as tecnologias assistivas na educação se referem à igualdade de oportunidades para aprender e à escolarização, independente das diferenças sociais, intelectuais, físicas, sensoriais, motoras, entre outras"; ou seja, é a garantia do direito à educação (NASCIMENTO et al, 2021). 16 5 TECNOLOGIA ASSISTIVA (TA) EM COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA Fonte: civiam.com A comunicação é um processo complexo de troca de informação, utilizado pelas pessoas como um meio de influenciar o comportamento umas das outras, resultando na transmissão de mensagens, pensamentos, ideias, desejos e sentimentos. Comunicar-se é expressar pensamentos, sensações e experiências, mediante recursos verbais e não verbais (NASCIMENTO et al, 2021). Segundo o autor, a linguagem é considerada uma das razões da singularidade cognitiva humana, sendo apontada como a representação do pensamento, expresso por meio da fala. A maioria dos alunos da educação especial apresentam severos distúrbios na comunicação. O processo de interação acaba ficando comprometido e o professor não consegue estabelecer estratégias que permitam o andamento do processo de ensino e aprendizagem. Dar voz às pessoas com dificuldades de comunicação, permitindo sua participação educacional e social é o princípio para a construção de uma sociedade inclusiva (NASCIMENTO et al, 2021). De acordo com a American Speech-Language-Hearing Association — ASHA (2010), a Comunicação Alternativa ou Suplementar objetiva compensar, temporária ou permanentemente, as dificuldades de pessoas com distúrbios severos de expressão, isto é, severos prejuízos de fala, de linguagem e de escrita. Trata-se de 17 uma abordagem clínica e educacional que objetiva que as pessoas com dificuldade de comunicação possam se expressar e compreender o que os outros dizem e assim interagir de modo funcional com o meio social. Em função de sua grande versatilidade, a comunicação alternativa pode ser usada de diferentes formas, sendo adequada àquela que melhor satisfizer as necessidades de cada um, como o seu nível cognitivo, seu tempo de atenção, sua intenção comunicativa, entre outros (MOREIRA, 2021). Segundo o autor, uma das principais características da Comunicação Alternativa certamente é a flexibilidade para utilizar diversos recursos, tais como símbolos (objetos reais, desenhos, figuras, fotos, entre outros) capazes de representar outros objetos, ações, interesses ou conceitos. Esses símbolos servem para representar o pensamento e podem ser: acústicos (fala natural, voz digitalizada, voz sintetizada), gráficos (fotografias, desenhos, figuras, logotipos, palavra escrita), gestuais, expressões faciais e movimentos corporais e/ou táteis. Ainda conforme a referido autor, a Comunicação Alternativa envolve uma variedade de recursos, estratégias e técnicas voltadas para complementar ou substituir a linguagem oral comprometida ou ausente, e sua estruturaçãoé composta por gestos manuais, expressões faciais e corporais, símbolos gráficos (bidimensionais, como a fotografia, as gravuras , os desenhos e a linguagem alfabética; e tridimensionais, como os objetos reais e as miniaturas), voz digitalizada ou sintetizada e muitos outras formas de estabelecer a comunicação face a face de pessoas que não fazem uso da linguagem oral. Pode-se dizer que os recursos de Comunicação Alternativa se referem a todos os equipamentos utilizados para transmitir mensagens e, suas propriedades funcionais aplicam-se tanto aos que não apresentam tecnologia como aos que contam com baixa tecnologia e aos que têm suporte da alta tecnologia (MOREIRA, 2021). A TA em comunicação alternativa e aumentativa (CAA), consoante com o autor, tem o objetivo de facilitar a comunicação das pessoas com deficiência. Reúne desde recursos simples ou de baixa tecnologia, como: pranchas, catálogos que contenha símbolos gráficos, tal como: fotos, figuras, desenhos, letras, palavras e sentenças, até recursos de alta tecnologia ou sofisticados sistemas computadorizados e softwares específicos, além de adaptações em mobiliários, computadores, tablets, mouses, equipamentos de auxílio para déficits sensoriais, adaptações de postura, de jogos de 18 atividades e de brincadeiras, proporcionando à possibilidade de inclusão social e escolar. A comunicação é aumentativa quando o sujeito utiliza outro meio de interação para complementar ou compensar deficiências que a fala apresenta, porém, sem substituí-la completamente. Logo a comunicação é alternativa quando se utiliza outro meio para se comunicar, no lugar da fala, devido à impossibilidade de articular ou produzir sons adequadamente (SANTAROSA, 2010 apud (OLIVEIRA, 2018).). A interdisciplinaridade na organização dos serviços e recursos de TA colabora para avaliação e seleção dos mesmos. O ensino do usuário sobre sua utilização e a incorporação de vários profissionais, como educadores, engenheiros, arquitetos, designers, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, médicos, assistentes sociais, psicólogos, entre outros, favorece o emprego dos serviços e recursos. Todo esse trabalho deve envolver o usuário em seu contexto de vida, suas intenções, necessidades funcionais e identificação de habilidades, e deve contribuir com a avaliação do seu potencial físico, sensorial e cognitivo, bem como, levá-lo à autonomia (OLIVEIRA, 2018). De acordo com o autor, os sistemas de CAA podem ser organizados em recursos que não necessitam de auxílio externo (sinais, manuais, gestos, apontar, piscar dos olhos, sorrir, vocalizar) e os que necessitam de auxílio externo (objeto real, miniatura, retrato, símbolo gráfico, letras e palavras, dispostos em recursos de baixa e de alta tecnologia). Seu uso fundamenta-se pelas estratégias e técnicas comunicativas utilizadas para promoção do desenvolvimento e não pelo recurso em si. Os sistemas de CAA disponíveis no mercado são conhecidos internacionalmente. Dentre eles, os mais utilizados são: o Blissymbolics, o Pictogram Ideogram Comunication Symbol (PIC) e o Picture Communication Symbols (PCS), (CHUN 2009 apud OLIVEIRA, 2018). O Sistema Blissymbolics emprega basicamente símbolos ideográficos, que são organizados sintaticamente em pranchas de comunicação, tendo cada grupo sintático uma cor específica (OLIVEIRA, 2018). Exemplo de símbolos do sistema Blissymbolics: 19 Fonte: Oliveira, 2018. O Pictogram Ideogram Communication (PIC) é um sistema basicamente pictográfico. Os símbolos constituem-se de desenhos estilizados em branco sobre um fundo preto. Exemplo de símbolos do sistema PIC: Fonte: Oliveira, 2018. A Picture Communication Symbols (PCS) é um sistema simbólico composto por aproximadamente 8 mil caracteres, retratando uma grande variedade de vocabulário, facilmente reconhecível, assim sendo muito utilizado por crianças ou indivíduos que apresentam dificuldades em compreender representações mais abstratas. É basicamente pictográfico e beneficia indivíduos de qualquer idade. Os PCS podem ser encontrados em livros (Combination Book) e em programas de computador (Boardmaker e Escrevendo com Símbolos), disponíveis comercialmente no Brasil (OLIVEIRA, 2018). Exemplo de símbolos do sistema PCS: 20 Fonte: Oliveira, 2018. Os sistemas computacionais podem ser explorados com a finalidade de desenvolver pranchas de comunicação. Alguns desses sistemas são softwares específicos para CAA, como o Amplisoft, elaborado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, disponibilizado gratuitamente na web para download, e o software proprietário Boardmaker, produzido pela empresa Mayer Johnson (OLIVEIRA, 2018). Segundo o autor, softwares como pacote Office/BrOffice, com os quais, a partir de editores de texto e de apresentação, podem ser confeccionadas pranchas de comunicação. Softwares para a confecção de pranchas de comunicação vêm sendo desenvolvidos para rodarem em dispositivos como tablets e telefones celulares, com inúmeros estudos de aplicação e avaliação da usabilidade. Fonte: Santos, 2020. 21 6 ALFABETIZAÇÃO E INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Fonte: institutoitard.com Quando falamos em educação, e mais especificamente na apropriação de leitura e escrita de sujeitos com deficiência intelectual (DI), sabemos que são altos os índices de analfabetismo, e isso se dá como consequência do processo histórico desses sujeitos, os quais, por muito tempo, estiveram à margem da sociedade sem direito de acesso à escolarização (SANTOS, 2020). Conforme autor, saber ler e escrever se tornou o principal índice de medida e testagem da eficiência da escola pública, laica e gratuita e com diferentes finalidades, de diferentes formas e com diferentes conteúdos, visando a enfrentar as dificuldades das crianças em aprender a ler e escrever. Ainda segundo a autora, decorrente da complexidade e multifacetação do processo escolar envolvido, a história da alfabetização no Brasil se caracteriza, portanto, como um movimento também complexo, marcado pela recorrência discursiva da mudança, indicativa da tensão constante entre permanências e rupturas, diretamente relacionadas às disputas pela hegemonia de projetos políticos e educacionais e de um sentido moderno para a alfabetização. É importante frisar que o público-alvo da Educação Inclusiva é variado; e dentre ele estão as crianças com DI, as quais também começaram a ter acesso às classes regulares de ensino. Alguns termos utilizados para nominar o que atualmente 22 conhecemos como DI; termos esses influenciados pelas convenções sociais e/ou científicas de cada época: “idiotia (século XIX), debilidade mental e infradotação (início do século XX), imbecibilidade e retardo mental (com seus níveis: leve, moderado, severo e profundo) e déficit intelectual/cognitivo (final século XX)” (SANTOS, 2020). Ainda conforme a autora, o termo deficiência mental vem sendo substituído por deficiência intelectual, disseminado durante a Conferência Internacional sobre deficiência Intelectual, realizada no Canadá, em 2001, evento que originou a Declaração Internacional de Montreal sobre Inclusão, em 2002. Para autora, a mudança na terminologia, infelizmente não mudou ainda as concepções estigmatizantes acerca do desenvolvimento das pessoas com deficiência no cotidiano escolar. A autora não defende o termo “mais acertado”; para ela, “há uma complexidade do fenômeno da deficiência, e acredita que deve ser revisto e reelaborado constantemente, incorporando os resultados das pesquisas em andamento no mundo todo”. Ela acredita que a mudança na concepção de classificação e definição da deficiência mental, proposta pela Associação Americana de Retardo Mental (sigla em Inglês AAMR) foi importante, ao passar de uma concepção baseada noaspecto quantitativo, arraigada nos testes de QI, para uma concepção de valorização do meio onde o sujeito está inserido. Segundo Santos (2020), a pessoa com DI possui condições estruturais e funcionais que comprometem a adaptação ao ambiente e a ampla aquisição de informações. Nesse caso, o processo de ensino e aprendizagem tradicional das escolas passa a ser insuficiente para a promoção educacional do estudante, de modo que estratégias especializadas se fazem altamente necessárias. As pessoas com DI têm sua capacidade de generalização e abstração comprometidas; apresentam um ritmo mais lento em relação às crianças sem deficiência e por isso, é de suma importância que o ensino seja apoiado em recursos visuais, visto que os mesmos poderão auxiliar na memória e na compreensão dos conteúdos ensinados pelo professor. Um dado importante é que as crianças com DI são capazes de serem alfabetizadas, aprenderem a ler, a escrever e a desenvolver o conceito lógico matemático, e ainda, conforme afirma Pletsch “[...] superando conceitos meramente espontâneos ou elementares e chegando a conceitos científicos ou superiores, que se constituem na interação social e escolar” (2011, p. 255 apud Santos, 2020). 23 Com a chegada desse público à escola, o professor enfrenta um novo desafio que é de buscar subsídios para efetivar uma prática pedagógica inclusiva que garanta a aprendizagem de todos os estudantes, sobretudo quando estes estão em processo de alfabetização. Por isso, a importância que os professores façam as adequações curriculares, inovações pedagógicas, objetivando a participação das crianças com e sem deficiência em todas as atividades planejadas em classe e/ou extraclasse (SANTOS, 2020). Há estratégias diversas que os professores podem utilizar para potencializar o estímulo à aprendizagem da criança com DI, e uma delas é fazer uso de recursos de Tecnologia Assistiva de alto ou de baixo custo, como por exemplo, a Comunicação Alternativa - CA. Os recursos de CA podem auxiliar aos professores no processo de alfabetização de seus alunos com DI e sem deficiência, desenvolvendo um planejamento que esteja orientado pelo Desenho Universal para Aprendizagem- DUA. O DUA surgiu inspirado no conceito de Desenho Universal (DU), originado com Ronald Mace. Ele introduziu o DU, em 1997, na concepção de produtos e de ambientes para que o maior número de pessoas pudesse utilizá-los sem a necessidade de adaptações (SANTOS, 2020). Já o DUA é definido segundo autor, da seguinte forma: Uma possibilidade no processo de desenvolvimento de ambientes educacionais organizados para o enfrentamento e a eliminação de barreiras na escolarização de todas as pessoas, dentre elas aquelas com deficiência. Ainda para o autor supracitado, no campo da educação, a perspectiva do DUA “surge como uma alternativa aos modelos que pensam a inclusão a partir do diagnóstico da deficiência do sujeito”, rompendo, portanto, com a ideia muito comum nas turmas onde se tem estudantes com deficiência, de um planejamento para a turma e outro para o estudante. 6.1 Comunicação alternativa e deficiência intelectual A comunicação é um direito que todos os indivíduos têm para se relacionar com os outros; é uma “competência comunicativa [...] e uma capacidade fundamental para o desenvolvimento global do indivíduo e para a conquista da sua autonomia” (DELIBERATO, NUNES; GONÇALVES, 2017, p. 9 apud SANTOS, 2020). 24 No entanto, há pessoas que, por não terem a comunicação oral preservada enfrentam a dificuldade da barreira comunicacional, imposta pelo próprio contexto social. É preciso refletirmos sobre os direitos que todo tem de estabelecer a comunicação, de dialogar, e de interagir com seus pares; é necessário a efetivação das políticas públicas já em vigor que são direcionadas a esses sujeitos com deficiência (por exemplo, a LBI, 2015), visando a eliminação de quaisquer tipos de barreiras, nesse caso específico, a barreira comunicacional (SANTOS, 2020). Segundo o autor, quando falamos em impedimentos de comunicação oral, não estamos nos referindo, nesse caso específico, às pessoas Surdas; os Surdos têm seu aparelho fonador preservado, no entanto, o prejuízo auditivo os impossibilita de manter um diálogo pela via oral, ou seja, os Surdos não falam porque não ouvem. Há por outro lado, pessoas com deficiência que não usam a linguagem oral para se comunicarem, prevalecendo o uso de gestos, como é o caso de crianças com Transtorno do Espectro Autista- TEA, Síndrome de Down, Deficiência Intelectual, Paralisia Cerebral. O não desenvolvimento da linguagem oral nessas crianças pode ocorrer por motivos decorrentes da deficiência, ou pode ser causado por fatores externos ao indivíduo. Os aspectos genéticos, psicossociais e condições ambientais podem alterar quantitativa e qualitativamente o processo de comunicação, levando a atrasos no desenvolvimento. Esse atraso pode ser evidenciado tanto na linguagem oral quanto na escrita. No caso de crianças em idade escolar, problemas de comunicação presentes nos primeiros anos da Educação básica resultam em impactos diretos em seu aproveitamento, progressão escolar e processo inclusivo (SANTOS, 2020). Para Santos (2020), propiciar o desenvolvimento da comunicação dos aprendizes passa a ser uma das principais metas de qualquer proposta de ensino e aprendizagem, seja ela direcionada aos indivíduos sem alterações na comunicação oral, ou àqueles com impedimentos comunicacionais, em decorrência de uma deficiência. A utilização de recursos de CA pode vir a compensar essa linguagem oral que está em desenvolvimento ou que ainda não foi estimulada na criança. Além do uso da CA para fins de trocas comunicativas, também pode ser uma estratégia didática para ensino e aprendizagem das crianças com deficiência. A CA, além de “um objeto de apoio à construção do signo”, também é um instrumento psicológico de 25 mediação (signo) não humano, que possibilita outra forma de interação do sujeito com o meio, atuando nas estruturas cognitivas (pensamento) e linguísticas (linguagem). Para autor, “o fato de proporcionar uma forma de CA às crianças e aos adultos que não podem expressar-se através da fala tem como consequência melhorar a sua qualidade de vida [...]”. Os elementos que constituem os sistemas alternativos de comunicação são signos gestuais, gráficos e tangíveis. O termo “sistema de signos” pode ser usado para descrever conjuntos destes signos que são segundo Santos (2020): Os signos gestuais incluem a língua gestual dos surdos e outros signos realizados com as mãos. A língua gestual só se refere aos signos gestuais usados por surdos. Os signos gráficos incluem todos os signos produzidos graficamente (Bliss, SPC, PIC, Rebus, etc.). Os signos tangíveis são geralmente feitos de madeira ou plástico. Alguns signos tangíveis são elaborados para cegos ou pessoas com deficiência visual e podem ser designados como “signos tácteis”. Para autor, uma diferença importante entre os signos gestuais e os signos gráficos é o fato de os primeiros serem selecionados; enquanto os últimos, produzidos, exigindo uma maior memória para a expressão e compreensão dos usuários com DI. “Não há nada de mágico em nenhum deles que obrigue as pessoas a limitaremse apenas um sistema”. Uma das grandes vantagens dos signos gestuais é a de o indivíduo poder levar para todos os lugares, visto que é uma comunicação sem ajuda, os signos são produzidos pelo próprio usuário, ele tem que criar as suas próprias expressões de linguagem, não necessitando de ferramentas externas para se comunicar. Os sistemas de signos gráficos estão caracterizados em signos pictográficos, ideográficos e lexigramas. Os pictográficos são os que apresentam uma semelhança figurativa com aquilo que representam; é de fácil assimilação e mais concreta(imagem); os ideográficos são representações abstratas; não apresentam essa semelhança pictográfica, mas reproduzem um objeto ou um ato que está vulgarmente associado ao conceito representado; e há também os sistemas gráficos com pouco ou nenhuma iconicidade, ou seja, sem semelhança entre a execução ou aparência de 26 um signo e os traços característicos dos objetos ou ações a que o signo se refere, como por exemplo, os lexigramas (SANTOS, 2020). Segundo autor, o primeiro sistema utilizado formalmente no Brasil foi o Bliss, mas hoje o Picture Communication Symbols - PCS é mais utilizado. “Por sua natureza figurativa, os signos do PCS são fáceis de compreender; crianças pequenas conseguem identificar os significados com maior facilidade do que conseguiriam no caso do Bliss”. Exemplo de Sistema Bliss Fonte: Costa, 2011. Exemplo de Sistema PIC (Pictogram Ideogram Communication) Fonte: Costa, 2011. Exemplo de Sistema SPC (Símbolos Pictográficos para a comunicação) 27 Fonte: Costa, 2011. Exemplo de Sistema PECS (Picture Exchange Communication System) Fonte: Costa, 2011. Exemplo de Lexigramas 28 7 CARACTERIZAÇÃO DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) Fonte: progene.ib.usp De acordo com a American Psychiatry Association (APA), o transtorno do espectro autista é uma desordem do neurodesenvolvimento com início precoce e curso crônico, não degenerativo. De etiologia ainda desconhecida, o TEA abrange prejuízos na interação social, alterações importantes na comunicação verbal e não verbal e padrões limitados ou estereotipados de comportamentos e interesses, dentre outros sinais e sintomas (NASCMENTO et al, 2021). Segundo o autor, o TEA é caracterizado por desconformidades do indivíduo e sua interação social, pela dificuldade no uso da linguagem e por padrões estereotipados de comportamentos, o transtorno do espectro autista é uma síndrome de início precoce, caracterizada por alterações marcantes no desenvolvimento da linguagem e da interação social. Há também a presença de comportamentos estereotipados e repetitivos, rituais, alterações sensoriais e interesses restritos. Essas características são essenciais para que ocorra o diagnóstico e estão presentes em todos os indivíduos com o transtorno, em maior ou menor grau. Segundo Bó (2019, p. 17 apud Nascimento et al, 2021), "a gravidade do transtorno do espectro autista é determinada pelos prejuízos na comunicação social e nos padrões restritos e repetitivos do comportamento e podem variar com o contexto ou oscilar com o tempo", Algumas características comportamentais são comuns em todos os níveis do TEA: Com grande frequência, essas crianças também possuem 29 comprometimentos comportamentais, a exemplo da hiperatividade ou passividade incomum, resistência para mudanças de ambientes, execução de atividades repetitivas, estereotipias motoras, episódios de nervosismo ou risos sem causa aparente, agitação psicomotora, capacidade de atenção e concentração restritas, além de capacidade de manter a atenção restrita a partes específicas, ao invés do todo, atitudes impulsivas, agressivas, autodestrutivas e perturbadoras. A fala com dificuldade ou a ausência total dela é uma das características que se notam desde muito cedo e compromete a vida social da pessoa com autismo, dificultando o processo educacional dela e sua inserção no mercado de trabalho. É possível também ocorrer variação quanto às alterações de linguagem compatíveis, associadas com o grau de severidade do quadro clínico, ocorrendo situações de crianças serem desprovidas de linguagem oral, não terem necessidade de se comunicar ou apresentarem "atipicidades, como ecolalia, inversão pronominal e dificuldades na prosódia" (NASCMENTO et al, 2021). Uma característica do TEA é sua incidência ser maior entre os meninos, conforme mencionam autores, "afetando cerca de quatro meninos para cada menina acometida", mas também vale destacar que "casos de autismo em meninas costumam ser mais graves, comprometedores e incapacitantes"; portanto, quando descobrem que, entre as pessoas com autismo, "os meninos apresentam melhor desempenho com relação ao quociente de inteligência". (NASCMENTO et al, 2021). 7.1 Comunicação alternativa para pessoas com TEA A área da tecnologia assistiva que se dedica especialmente à ampliação de habilidades de comunicação é denominada comunicação aumentativa e alternativa (CAA). A dedicação a essa área de estudos se deu desde o final da década de 1950, conforme explicita Lima (2008, p. 18 apud Nascimento et al, 2021): "no final da década de 50, início da década de 60 surgiu a necessidade de aprimorar a eficiência do atendimento a pacientes que, apesar de frequentarem terapia fonoaudiológica, não desenvolviam suas habilidades comunicativas". Para vários autores "a comunicação suplementar e alternativa é uma área que tem por objetivo substituir e/ou desenvolver habilidades de comunicação de maneira permanente ou temporária". Uma das formas de comunicação alternativa mais 30 utilizadas na atualidade é a Pictográfica, descrita da seguinte forma: Pictográficos, em que sua representação é muito próxima da realidade, com o uso de desenhos mais ou menos realistas e fotos. Esse seu alto grau de iconicidade (representação bem perto da realidade) torna fácil seu aprendizado e memorização. Sua desvantagem é a pouca flexibilidade na criação de novos significados, a partir da combinação de seus símbolos (NASCIMENTO et al, 2021). Essa forma de comunicação alternativa utiliza pranchas de comunicação alternativa, que podem ser de baixa e de alta tecnologia, como mostra a Figura: Fonte: NASCIMENTO et al, 2021. As diferenças entre as pranchas de comunicação alternativa de baixa tecnologia e as de alta tecnologia são: como "exemplo de baixa tecnologia, têm-se os signos gráficos que constituem as pranchas de comunicação em papel. Já os recursos de alta tecnologia são aqueles mediados por artefatos tecnológicos computadorizados". A estrutura dependerá da possibilidade financeira de cada indivíduo. Para entender como se dá o uso das pranchas de comunicação alternativa. O processo de comunicação por meio de pranchas consiste em apontar para aquilo que se deseja expressar, comunicando através das imagens, palavras contidas na prancha, ou até mesmo formando palavras a partir do alfabeto, no caso de sujeitos letrados ou em processo de letramento. O ato de apontar pode variar segundo o grau de comprometimento motor do usuário da prancha. Em alguns casos utiliza-se CAA aliada a outras tecnologias assistivas, como apontadores, vocalizadores etc (NASCIMENTO et al, 2021). 31 Os sistemas de CAA são os mais diversos, como: Sistema de Símbolos Bliss; Peabody Rebus Reading Program – Sistema Rebus; Pictogram Ideogram Communication System – PIC; Picture Communication Symbols – PCS. Cada sistema de comunicação alternativa/ampliada atende uma clientela específica. É importante destacar uma diferença básica do termo comunicação aumentativa e alternativa: a comunicação aumentativa se dá pela necessidade de ampliar as possibilidades de comunicação; a comunicação alternativa deve ser ensinada e/ou disponibilizada quando as formas tradicionais de comunicação estão comprometidas, sendo necessário criar alternativas para que a comunicação ocorra. Para trabalhar os símbolos gráficos com indivíduos que não possuem recursos financeiros favoráveis, se faz necessária a criatividade do profissional para confeccionar material similar às pranchas de CAA. É importante salientar que as pranchas não são o único recurso para se trabalhar com símbolos gráficos: podem ser confeccionados também cartões de comunicação, agendas, álbuns de fotografias e tantos outros acessórios que venham a se adequar ao contexto comunicacional do sujeito (NASCIMENTOet al, 2021). Vale frisar que a CAA não se dá apenas através das PCA. A comunicação alternativa inclui o uso de gestos manuais, expressões faciais e corporais, símbolos gráficos como fotografias, desenhos, figuras e alfabeto, assim como computadores, vocalizadores de voz digitalizada ou sintetizada, como meios de efetuar a comunicação face a face de indivíduos incapazes de usar a linguagem oral Ou seja, todas as formas de comunicação que se pode utilizar para aproximar os indivíduos do que desejam expressar são consideradas CAA. Uma forma de comunicação alternativa para pessoas com transtorno do espectro autista é o uso do PECS (Picture Exchange Communication System), em que se utilizam as trocas de figuras para indicar o que se deseja, como observado na Figura (NASCIMENTO et al, 2021). 32 Fonte: NASCIMENTO et al, 2021 Quando se trata de pessoas com TEA, esse método deve respeitar algumas fases durante seu aprendizado, conforme Nascimento et al (2021): Fazer pedidos através da troca de figuras pelos itens desejados; Ir até a tábua de comunicação, apanhar uma figura, ir a um adulto e entregála em sua mão; Discriminar entre as figuras; Solicitar itens utilizando várias palavras em frases simples, fixadas na tábua de comunicação; Responder à pergunta "o que você quer?"; Emitir comentários espontâneos. Os profissionais que atendem a pessoas com TEA necessitam aprender as formas de CAA, pois, segundo autor 70 a 80% dos indivíduos autistas não demonstram qualquer tipo de comunicação verbal ou fala com funções comunicativas"; portanto, o aprendizado das ferramentas disponíveis para se comunicar com essas pessoas se mostra imprescindível. 33 8 PARALISIA CEREBRAL: DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO Fonte: cmjornal.pt/sociedade Nos últimos dez anos, pesquisas nacionais e internacionais tanto da área da educação quanto da área da saúde tem investindo em questões relacionadas à paralisia cerebral (MANZINI, 2017). Esse avanço científico reflete uma modificação de paradigma onde o foco não é mais o diagnóstico, mas o impacto funcional na vida dessas pessoas e sua relação com o ambiente (MANCINI, 2011; MANCINI et al.,2012 apud MANZINI, 2017). A literatura apresenta lacunas nos estudos relacionados à incidência e prevalência da paralisia cerebral no cenário nacional. Acredita-se que nos países em desenvolvimento podem ser diagnosticadas com paralisia cerebral sete crianças para cada mil nascidos vivos. Nos países desenvolvidos, a prevalência encontrada varia de 1,5 a 5,9 para mil nascidos vivos. No cenário mundial podem ser diagnosticadas duas crianças a cada mil nascidos vivos (MANZINI, 2017). Paralisia Cerebral é descrita como um grupo de desordens permanentes do desenvolvimento da postura e movimento, causando limitação em atividades, que são atribuídas a um distúrbio não progressivo que ocorre no desenvolvimento encefálico fetal ou na infância. As desordens motoras na paralisia cerebral são frequentemente acompanhadas por distúrbios de sensação, percepção, cognição, comunicação e comportamento (ROSENBAUM et al., 2007, p.9 apud MANZINI, 2017). 34 As causas da paralisia cerebral podem ser divididas em: pré-concepcionais, pré-natais, intraparto ou pós-natais. Segundo Manzini, 2017: Pré-concepcionais: o tratamento para infertilidade e a história familiar de doença neurológica ou de convulsões. Pré-natais: baixo peso ao nascer, infecções virais (toxoplasmose, rubéola, citamegalovirose), uso de drogas e malformação cerebral congênita. Intrapartos ou perinatais: descolamento prematuro da placenta, prolapso de cordão umbilical, complicações obstétricas, prematuridade e choque hipovolêmico materno. Pós-natais: infecções do sistema nervoso central, hemorragia craniana associada a distúrbio de coagulação e traumatismo crânio-cefálico, malformações vasculares, meningite, encefalite, desnutrição. A literatura mostra que essas desordens neuromotoras podem promover alterações no (a): Sistema respiratório, digestivo, cardiovascular; Funções neurovegetativas; Órgãos fonoarticulatórios (laringe, faringe, palato mole/duro, língua, dentes e fossas nasais); Sistema digestivo; Deglutição; Fonação; Sistema cardiovascular; Audição; Visão; Cognição; Linguagem. Essas alterações podem prejudicar a produção de comunicação dessas crianças provocando súbitos aumentos do volume da voz, voz aspirada, voz rouca, fala lenta e ininteligível. Dessa forma, quanto maior o comprometimento motor, mais a altura, a intensidade e a qualidade da voz e da fala encontram-se comprometidas. Além das alterações sensório-motoras as crianças com paralisia cerebral podem 35 apresentar impossibilidades não só na expressão verbal, mas também nas vocalizações, gritos, choros, risos, expressões faciais e corporais (MANZINI, 2017). Segundo o autor, a dificuldade na comunicação das crianças com paralisia cerebral pode acarretar ansiedade, gasto energético, desorganização do tônus- postural e, consequentemente, dificuldades específicas no desempenho motor (ao andar, ao usar as mãos para comer, ao escrever, no controle de tronco, limitação na realização de movimentos finos, precisos e ordenados). Estes comprometimentos no curso do desenvolvimento da criança com paralisia cerebral podem impactar negativamente a realização das atividades de vida diária (AVD) que fazem parte do cotidiano infantil, ou seja, atividades relacionadas ao banho, vestuário, alimentação, uso do banheiro, higiene oral e comunicação. A limitação nessas atividades dificulta a criança para conseguir satisfazer suas necessidades básicas e não participar ativamente do contexto familiar, escolar, clínico e demais ambientes sociais (MANZINI, 2017). Nesta perspectiva, os recursos de comunicação suplementar e/ou alternativa (CSA) podem proporcionar ganhos notáveis e significativos na comunicação das crianças com paralisia cerebral, pois oferecem estratégias de intervenção funcionais e potentes com o objetivo de promover melhoras na qualidade de vida e na interação social e maximizar o poder de comunicação para indivíduos com necessidades de comunicação complexas em todo o tempo de vida (MANZINI, 2017). 8.1 Uso de Comunicação Suplementar e/ou Alternativa: impactos positivos na comunicação da criança com paralisia cerebral com seus interlocutores A comunicação suplementar e/ou alternativa - CSA constitui-se como uma área de caráter multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar que abrange profissionais de diferentes campos de conhecimento, entre eles podem-se destacar os profissionais da educação, saúde, linguagem, arte, engenharia e informática, os quais desfrutam dos recursos alternativos de comunicação com pessoas que apresentam comprometimentos diversos de oralidade, escrita ou gestualidade e que podem se beneficiar desses recursos. A CSA caracteriza-se pelo uso de gestos, expressões faciais, movimentos corporais, uso de figuras e fotos, voz sintetizada e digitalizadas, 36 dentre outros recursos que permitem a pessoa com severos distúrbios na comunicação oral e escrita efetuar a comunicação face a face (MANZINI, 2017). Para qualquer procedimento de intervenção em comunicação alternativa é necessário realizar uma avaliação que englobe a criança e o contexto que ela está inserida. Autores destacam a relevância para realizar avaliação dos aspectos físicos, clínicos, ocupacionais e desenvolvimentais. A literatura supracitada possibilitou realizar um levantamento dos itens que devem ser levados em consideração durante uma avaliação para usuários de comunicação alternativa segundo Manzini, (2017): 1. Idade, diagnóstico, história social e cultural da criança; 2. Habilidades motoras da criança (flexão/ extensão de membros superiores, pronosupinaçãode antebraço, reflexos e espasmos, tipo de preensão, controle postural, amplitude de movimento, coordenação motora grossa e fina, força e resistência); 3. Habilidades comunicativas da criança (a criança consegue comunicar: dor, alegria, tristeza, vontade de ir ao banheiro, beber água e comer; a criança faz uso de: gestos, expressões faciais, olhares, movimentos corporais, vocalizações, verbalizações, choro, sorriso; repertório linguístico); 4. Habilidades perceptivas e cognitivas da criança (compreensão, expressão, nível de escolaridade, fase de alfabetização; complexidade, tamanho e coloração da figura; disposição da figura na folha/prancha; necessidade da utilização de objetos concretos); 5. Local onde o recurso será utilizado (casa, escola, supermercado, igreja, atendimento de fisioterapia/ terapia ocupacional/ fonoaudiologia); 6. Características do recurso (tamanho do recurso; prancha de rotina, coletiva, individual, fixa, desmontável, temática; recursos de baixa ou alta tecnologia assistiva); 7. Tipos de materiais a serem utilizados (EVA, papel cartão, papel contact, velcro, placa de madeira ou metal, ímã); 8. Com quem a criança utilizará o recurso (pais, professores, amigos, comunidade em geral) e com qual objetivo o recurso será utilizado (ensino em sala de aula, comunicação entre amigos, comunicação entre familiares, atividades de rotina); 9. Desejos, vontades, capacidades, potencialidades e necessidades da criança e dos interlocutores; 37 10. Rotina, papel ocupacional, atividades de lazer e significativas e o brincar. De modo geral, o processo avaliativo é destacado como um momento importante, pois por meio dele se dará a elaboração, confecção e implementação dos recursos de comunicação alternativa. Para o autor a elaboração, confecção e implementação dos recursos de comunicação alternativa demandam um treinamento das pessoas envolvidas e ainda para Manzini (2013) este treinamento deve ser estendido para a clínica, familiares, profissionais da saúde/educação e comunidade. Todos podem se constituir como potenciais interlocutores e colaborar durante a implementação da comunicação alternativa. Essa parceria pode proporcionar a manutenção, o reforço, a generalização e propagação de novas habilidades comunicativas em diferentes contextos e com diversificados interlocutores. Atualmente, as pesquisas apresentam novas perspectivas e diferentes olhares para a CSA, as quais investem em programas de intervenção voltados para as questões de funcionalidade, participação social ativa e inclusão nos diferentes contextos sociais. A CSA é definida como uma área de aproximação entre a prática e a teoria, a qual vem ocupando diversos territórios, como o clínico, domiciliar, escolar e hospitalar e ampliando a abordagem do foco de intervenção para os diferentes atores sociais, ou seja, usuários de CSA e os “não usuários” (familiares e profissionais de diferentes áreas que se relacionam com as pessoas usuárias) (CHUN et al., 2013 apud MANZINI, 2017). Por meio de um panorama teórico sobre os trabalhos de CSA publicados é possível descrever as evidências científicas e os efeitos benéficos da intervenção do uso da CSA, socializar experiências, estratégias e reflexões atuais bem como identificar que os recursos de CSA podem impactar positivamente as atividades realizadas no cotidiano, proporcionar aquisição e desenvolvimento de novas habilidades comunicativas. A CSA ajuda a estabelecer e manter relações sociais; amplia as trocas comunicativas, permite a inclusão em ambientes sociais e proporciona interação durante as atividades do cotidiano; proporciona elevação da autoestima e oportunidade de se sentir em igualdade social; propicia desenvolvimento da linguagem, cognição, organização da pessoa no tempo e no espaço; concretiza a condição humana, proporcionando uma constante troca de informações, mesmo quando não existe a intenção de fazê-la; promove melhoras na qualidade de vida podendo ser utilizada de forma prática e funcional; propicia participação ativa na comunidade ; potencializa a participação nas atividades que fazem parte do cotidiano 38 tais como as atividades de falar, escrever, ouvir, ver, comer, beber e usar o telefone; possibilita melhoras na comunicação e na qualidade de vida; propicia o desenvolvimento de habilidades comunicativas funcionais, participação nas atividades sociais e a expressão de necessidades, desejos e troca de informações (MANZINI, 2017). Música do sapo não lava o pé 39 Fonte: Manzini, 2017. Exemplo de Adaptação do conteúdo de Ciências Fonte: Modesto, 2018 40 9 A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA TÁTIL: SÍMBOLOS TÁTEIS, SÍMBOLOS TEXTURIZADOS E SÍMBOLOS TANGÍVEIS Fonte: ibc.gov. A comunicação envolve muitas modalidades e as pessoas se comunicam de várias maneiras. Por isso, a realidade está intrinsecamente relacionada à capacidade de perceber o mundo, seja por meio da visão, do paladar, da audição, do olfato ou do toque. Para muitos, a capacidade de se comunicar é tão comum que raramente as pessoas param para apreciar o seu valor em interagir com outras pessoas para transmitir e receber mensagens. No entanto, quando a pessoa apresenta necessidades complexas de comunicação e o uso da fala não é capaz de suprir tudo o que ela precisa expressar, pode ser útil incentivar, e até mesmo ensinar a ela, várias formas de comunicação. No caso das crianças com deficiência visual e outros comprometimentos associados, os professores devem recorrer a estratégias alternativas de ensino para fornecer instrução eficaz e acessível, e uma das formas viáveis pode ser a utilização da Comunicação Alternativa Tátil (MOREIRA, 2021). Segundo o autor, para muitas dessas crianças, um dos desafios mais significativos é o desenvolvimento da comunicação expressiva e receptiva. É muito importante esclarecer que não existem dois tipos de Comunicação Alternativa. A Comunicação Alternativa é multimodal, envolvendo inclusive a utilização de recursos táteis. Nesse sentido, a utilização do termo “Comunicação Alternativa Tátil” é empregado para representar um conjunto de recursos, técnicas e estratégias que se 41 concentram em modalidades táteis destinadas favorecer a comunicação funcional e oferecer significado às diversas situações diárias por meio de elementos discriminados pelo toque. Os recursos correspondem aos equipamentos ou materiais utilizados para transmitir uma mensagem, tais como: pranchas de comunicação, comunicadores, símbolos tangíveis, símbolos texturizados ou símbolos táteis, por exemplo. As estratégias referem-se ao modo como os recursos da comunicação alternativa serão utilizados. No que diz respeito à técnica, é a forma como o aluno receberá e transmitirá as mensagens; pode ser por meio do olhar, do apontar, pegando ou explorando tatilmente um símbolo (MOREIRA, 2021). Os três recursos da Comunicação Alternativa Tátil: símbolos táteis, símbolos texturizados e símbolos tangíveis. Símbolos táteis Os símbolos táteis. Embora não sejam tradicionalmente considerados como uma forma de alfabetização, o uso de símbolos táteis tornou-se amplamente funcional entre estudantes surdocegos, com deficiência visual e outros comprometimentos adicionais. Símbolos táteis são representações concretas destinadas a pessoas cegas ou com funcionamento visual muito comprometido. Para alguns, esse recurso pode ser um trampolim para compreender e utilizar o braille; para outros, pode ser uma alternativa ao braille (MOREIRA, 2021). Segundo o autor, representacionalmente, os símbolos táteis assumem a mesma finalidade que as imagens para as pessoas com visão, além de serem padronizados e baseados na linguística. Seu fundo é codificado por uma cor, um formato para representar diferentes categorias e uma textura com alguma pista perceptível, isto é, representaçõescom tinta relevo, pequenos objetos ou partes de objetos presos a esse fundo. Em função de tais características, os símbolos táteis diferem dos símbolos texturizados descritos por Jamie Murray-Branch e Brent R. Bailey (1998). São ao todo 12 categorias referentes a tempo, eventos, locais, pessoas, emoções, objetos, comida, ações, palavras diversas/miscelânea, símbolos de ginásio, funções matemáticas e animais (MOREIRA, 2021). 42 De acordo com autor, os símbolos táteis podem ser utilizados por meio de estratégias de ensino com a intenção de potencializar a comunicação de alunos que, por não se expressarem de forma clara, nem sempre seus atos comunicativos ou suas ações comunicativas são adequadamente compreendidos. Mediante isso, os seus objetivos consistem em: incentivar habilidades comunicativas, favorecer a organização e o sequenciamento de tarefas, oferecer condições para que a pessoa compreenda conceitos de linguagem e incentivar a pessoa a interagir de forma comunicativa com os outros. Alguns alunos podem utilizá-los como uma forma de comunicação alternativa; outros, devido às suas limitações motoras e dificuldades, para entender sinais ou comunicação verbal. E há quem os utilize como principal forma de comunicação para interagir com colegas e demais pessoas, seja na escola, seja em outros ambientes. A referida autora também considera que esses símbolos podem fazer parte dos quadros de rotina diária, servindo para organizar em etapas as atividades que serão realizadas ao longo do dia, em livros ou pranchas de comunicação ou integrados a dispositivos eletrônicos, tais como vocalizadores ou acionadores (MOREIRA, 2021). De acordo com o autor, quanto ao uso dos símbolos táteis, é importante mencionar que, inicialmente, esses recursos foram elaborados para serem utilizados pelos alunos cegos e surdocegos do Programa do Departamento de Habilidades de Vida. Atualmente, sua utilização é feita por todos os alunos dessa escola. Embora ainda não sejam considerados como um meio de alfabetização, o uso dos símbolos táteis tornou-se amplamente funcional para alunos surdocegos, com deficiência visual e comprometimentos adicionais. O desenvolvimento de símbolos táteis pela Texas School for the Blind and Visually Impaired tem sido um processo sistemático que exigiu muito esforço e o envolvimento ativo de um grande número de professores que se reúnem regularmente para ampliar as padronizações e avaliar o progresso dos alunos para associar os símbolos aos seus referentes e, a partir daí, modificar ou adicionar outros símbolos. Ainda segundo a professora Linda Hagood (1997), os interessados em utilizar os símbolos táteis devem considerar questões relacionadas aos materiais de baixo custo e a estratégias que serão abordadas, conforme as seguintes orientações segundo Moreira (2021): 43 primeiramente, os materiais devem ser baratos e fáceis de achar; há de se considerar também a criação de uma biblioteca de símbolos e proceder com avaliações constantes quanto ao entendimento dos alunos ao utilizarem os símbolos; símbolos concretos (objetos) devem ser utilizados principalmente com os alunos mais comprometidos e que ainda estão no nível pré-simbólico; a introdução de novos símbolos deve acontecer no contexto de uma atividade, antes de usá-lo fora da atividade durante o calendário; os símbolos devem ficar em locais acessíveis para os alunos que os utilizam; Antes de fazer a transição dos símbolos concretos (objetos) para os símbolos táteis, uma estratégia deve ser desenvolvida: na Texas School for the Blind and Visually Impaired, os professores usam os símbolos pregados aos objetos e só depois que o aluno compreende que o símbolo representa aquele objeto é que ocorre a transição. Por exemplo: um aluno retira da cesta do começo uma caixinha de suco vazia, para indicar que o lanche acontecerá em breve; o aluno repete isso todos os dias até entender que a caixinha de suco representa o lanche; em seguida, o símbolo tátil do lanche é pregado na caixinha; o aluno usará o símbolo pregado na caixinha até compreender que símbolo e caixinha representam o lanche; por fim, o aluno usará somente o símbolo tátil e não mais o símbolo concreto (a caixinha de suco) (MOREIRA, 2021). A Figura, a seguir, apresenta um kit com conexões táteis. Fonte: Moreira, 2021. 44 Símbolos texturizados Os símbolos texturizados encontram-se descritos no livreto Texture as communication, de autoria de Jamie Murray-Branch e Brent R. Bailey (1998). De acordo com esses autores, muitas pessoas com deficiência múltipla sensorial, incluindo aquelas com severos comprometimentos, enfrentam contínuos desafios de comunicação. Assim, encontrar maneiras eficazes de auxiliálas a interagir com os outros é essencial para sua qualidade de vida geral. Nesse processo, essas pessoas podem utilizar diferentes modalidades comunicativas a todo momento ao longo de um continuum comunicativo e podem expressar uma forma ou outra, ou ainda mais de uma forma de comunicação (MOREIRA, 2021). Por exemplo, o choro e as expressões faciais. De acordo com Rowland (1996; 2004 apud Moreira, 2021), a comunicação pode envolver sete níveis, os quais se encontram descritos a seguir: I. Comportamentos pré-intencionais: o choro e as expressões faciais encontram-se neste nível, isto é, o comportamento da criança não está sob seu controle, mas reflete seu estado geral como “estou com fome, troque minha fralda, estou como sono”. A família pode interpretar o significado desses comportamentos a partir do choro, da irritação ou até mesmo pelo silêncio da criança; II. Comportamentos intencionais: referem-se àqueles que estão sob o controle da criança, mesmo que ela ainda não entenda que “se eu agir assim, a mamãe e o papai farão aquilo por mim”, pois ainda não se comunica intencionalmente. Por isso, os pais continuam a interpretar seus comportamentos a partir do seu choro, da irritação ou de expressões faciais; III. Comunicação não convencional: referem-se aos comportamentos que não envolvem qualquer tipo de símbolo, por isso são chamados de pré- simbólicos. São usados para expressar as necessidades e os desejos da criança para as outras pessoas. Por serem representados por comportamentos peculiares e elementares, tais como vocalizações, expressões faciais ou gestos naturais, por exemplo, são considerados como não convencionais; 45 IV. Comunicação convencional: incluem comportamentos socialmente determinados para representar expressões usualmente convencionais, como apontar, acenar com a mão para dizer “tchau”, ou balançar com a cabeça para indicar “sim” ou “não”, por exemplo. O significado dos gestos é determinado pela cultura local onde são usados. Esses gestos continuam a ser usados na idade adulta, no entanto, alguns deles, como o apontar, não pode ser imitado por uma criança com deficiência visual grave, pois requer uma boa habilidade visual; V. Símbolos concretos: a criança pode usar os símbolos concretos que se assemelham fisicamente com aquilo que pretendem representar ou mantém uma significativa relação com os elementos representativos. Esses símbolos podem incluir as miniaturas, os objetos, os símbolos texturizados, os símbolos táteis e os símbolos tangíveis, cartões com imagens, gestos icônicos, como bater em uma porta para que alguém abra, e sons, como emitir um zumbido para imitar uma abelha; VI. Símbolos abstratos: a criança pode usá-los ao falar (palavras soltas), ao usar a linguagem de sinais, palavras escritas em tinta ou em braille. Esses símbolos não se assemelham fisicamente ao que eles pretendem representar e são usados um de cada vez; VII. Linguagem: a criança pode usar uma combinação de dois ou mais símbolos, tal como a construção de uma frase simples: eu quero suco. A criança entende o sentido
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