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CONSTRUÇÃO-DA-POLÍTICA-SOCIAL-ESTADO-DEMOCRÁTICO-E-SOCIEDADE-CIVIL-(3)

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1 
 
 
 
CONSTRUÇÃO DA POLÍTICA SOCIAL ESTADO 
DEMOCRÁTICO E SOCIEDADE CIVIL 
1 
 
 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA..................................................................................................... 2 
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 
ORIGEM, CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES DAS POLÍTICAS SOCIAIS ..... 4 
O DESENVOLVIMENTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL .................. 7 
AS INSTÂNCIAS PÚBLICAS DE CONTROLE DEMOCRÁTICO E ............... 11 
OS DESAFIOS NA ATUAL CONJUTURA ............................................................... 11 
ESTADO POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS .................................................. 16 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 22 
REFERÊNCIAS: ............................................................................................ 24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Neste contexto tem por intencionalidade explicitar a contribuição dos 
assistentes sociais nas instâncias públicas de controle democrático, com destaque 
aos conselhos de políticas e de direitos. Os assistentes sociais podem ter uma dupla 
inserção nesses espaços: uma essencialmente política, quando participam 
enquanto conselheiros, e outra que caracteriza um novo espaço sócio-ocupacional, 
quando desenvolvem ações de assessoria aos conselhos ou a alguns de seus 
segmentos (usuários, trabalhadores e poder público). 
Vai-se ressaltar, portanto, a segunda inserção em face das demandas 
colocadas na atual conjuntura. Pensar o trabalho profissional dos assistentes sociais 
nessas instâncias supõe uma dupla dimensão: analisar o controle democrático no 
contexto macrossocietário, que vem alterando as políticas sociais com retração dos 
direitos sociais, e as respostas técnicoprofissionais e ético-políticas dos agentes 
profissionais. 
 A temática é abordada em três itens. No primeiro, será caracterizada a 
importância das instâncias de controle democrático na atual conjuntura, tendo por 
referência a defesa da Seguridade Social e das demais políticas públicas na garantia 
dos direitos sociais. Serão ressaltados os principais desafios frente às mudanças 
efetivadas na relação Estado-sociedade, orientadas pelo neoliberalismo, traduzidas 
nas políticas de ajuste recomendadas pelos organismos multilaterais nos marcos do 
“Consenso de Washington”. 
4 
 
 
O segundo se deterá no trabalho do assistente social nesses espaços, 
considerado como uma nova demanda ao profissional. Vai-se refletir sobre as 
possibilidades do profissional de Serviço Social contribuir para o fortalecimento e 
organização política dos conselhos e/ou dos seus diversos segmentos com destaque 
para os usuários e trabalhadores através da defesa da democracia e dos direitos 
humanos e sociais. 
Nesta inserção, cabe ressaltar também a importância da articulação dos 
conselhos e/ou conselheiros com os movimentos sociais. Pretende-se colocar a 
relevância dessa temática para a intervenção profissional. No terceiro item, procurar-
se-á levantar algumas reflexões com relação à assessoria aos conselhos e 
movimentos sociais, bem como explicitar os desafios postos para a formação 
profissional e para o exercício da profissão de Serviço Social. 
 
 
 
ORIGEM, CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES DAS POLÍTICAS 
SOCIAIS 
Neste contexto foram abordadas algumas reflexões sobre o trabalho do Serviço 
Social, em políticas sociais. A partir dos anos 80 (século XX), a profissão passou a ter 
uma consistente produção sobre o tema. A análise das políticas sociais tem muitos 
caminhos a percorrer. 
As políticas sociais no Brasil estão relacionadas diretamente às condições 
vivenciadas pelo País em níveis econômico, político e social. 
5 
 
 
 São vistas como mecanismos de manutenção da força de trabalho, em alguns 
momentos, em outros como conquistas dos trabalhadores, ou como doação das elites 
dominantes, e ainda como instrumento de garantia do aumento da riqueza ou dos 
direitos do cidadão (Faleiros, 1991, p.8). 
Tendo a profissão inserida na divisão sociotécnica, o Serviço Social, deve ser 
entendido a partir das configurações expressas pelas relações de classe 
estabelecidas pelo modelo societário, o capitalismo. 
 Assim, o Serviço Social como uma das profissões responsáveis pela mediação 
entre Estado, burguesia e classe trabalhadora na implantação e implementação das 
políticas sociais destinadas a enfrentar a “questão social”, que emergiu na primeira 
metade do século XIX, com o surgimento do pauperismo, na Europa Ocidental 
(Pastorini, 2007, p.16), é que ganha hoje, novos contornos a partir do complexo 
cenário formado pelos monopólios e pelo ideário neoliberal. 
O estudo das políticas sociais, na área de Serviço Social, vem ampliando sua 
relevância na medida em que estas têm-se constituído como estratégias 
fundamentais de enfrentamento das manifestações da questão social na sociedade 
capitalista atual. 
Capitalismo concorrencial fase do capitalismo que 
teve início com aparecimento de máquinas movidas por 
energia não-humana. Inicia-se na Inglaterra com a máquina a 
vapor, por volta de 1746 e finda com o início dos monopólios 
(Behring, 2000, p.32). 
De acordo o autor, sua origem relacionam-se aos movimentos de massa 
socialmente democratas e à formação dos estados-nação na Europa Ocidental do 
final do século XIX, porém sua generalização situa-se na transição do capitalismo 
concorrencial para o capitalismo monopolista, especialmente em sua fase tardia, após 
a Segunda Guerra Mundial (Behring & Boschetti, 2006, p.47). 
Sobre o estudo das políticas sociais historicamente, será marcado pela 
necessidade de pensar as políticas sociais como “concessões ou conquistas”, na 
perspectiva marxista (Pastorini, 1997, p.85), a partir de uma ótica da totalidade. 
6 
 
 
Sendo assim, as políticas sociais são entendidas como fruto da dinâmica 
social, da inter-relação entre os diversos atores, em seus diferentes espaços e a partir 
dos diversos interesses e relações de força. 
Aparece como “[...] instrumentos de legitimação e 
consolidação hegemônica que, contraditoriamente, são 
permeadas por conquistas da classe trabalhadora” (Montaño, 
2007, p.39). 
 
 
De acordo Vieira E. (1995, p.15), a acumulação é o “[...] sentido de 
concentração e de transferência da propriedade dos títulos representativos de 
riqueza”. As transformações ocorridas nas revoluções industriais acarretaram uma 
sociedade com um vasto exército de proletários. 
 Assim, política social surge no capitalismo com as mobilizações operárias e a 
partir do século XIX com o surgimentodesses movimentos populares, é que ela é 
compreendida como estratégia governamental. 
Entre o século XVIII e XIX, com a Revolução Industrial na Inglaterra, que trouxe 
consequências com a urbanização exacerbada, o crescimento da taxa de natalidade, 
fecunda o germe da consciência política e social, organizações proletárias, sindicatos, 
cooperativas na busca de conquistar o acolhimento público e as primeiras ações de 
política social. 
 Ainda nesta recente sociedade industrial, inicia-se o conflito entre os 
interesses do capital e os do trabalho. 
7 
 
 
Segundo Vieira E. (1992, p.81), a história do capitalismo testemunha 
contradição fundamental, de um lado, ininterrupto crescimento do mercado e do 
consumo e de outro, sua gradativa monopolização. 
Dessa forma, pode-se afirmar que não há política social desligada das lutas 
sociais. Porém, o Estado assume algumas das reivindicações populares, ao longo de 
sua existência histórica. 
 Os direitos sociais dizem respeito inicialmente à consagração jurídica de 
reivindicações dos trabalhadores. Certamente, não se estende a todas as 
reivindicações, mas na aceitação do que é conveniente ao grupo dirigente do 
momento (Vieira, E., 1992, p.23). 
Conforme Faleiros (1991, p.8), pode-se afirmar que: 
As políticas sociais ora são vistas como mecanismos de manutenção da força 
de trabalho, ora como conquista dos trabalhadores, ora como arranjos do 
bloco no poder ou bloco governante, ora como doação das elites dominantes, 
ora como instrumento de garantia do aumento da riqueza ou dos direitos do 
cidadão. 
 
Sendo assim entre o século XIX e os anos 1930, foi marcado neste período 
predominantemente pelo liberalismo e sustentado pela concepção do trabalho como 
mercadoria e sua regulação pelo livre mercado. 
 
O DESENVOLVIMENTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO BRASIL 
 
No Brasil as Políticas sociais têm a sua origem fortemente influenciada pelo 
desenvolvimento urbano industrial no qual o Estado redefiniu as suas funções e 
passou a utilizar diversos mecanismos institucionais de controle das forças populares, 
até então fora de sua esfera de intervenção. 
8 
 
 
Neste processo o desenvolvimento industrial, aliado a expansão urbana das 
grandes cidades, agravou-se a “questão social” em virtude do desenvolvimento de 
aglomerados em torno das cidades, atestaram o crescimento do índice de pobreza, 
de desemprego e da 
exclusão com 
privações social, 
econômica, cultural e 
política para a classe 
social que vive do 
trabalho. 
 
“A obra marxiana nos mostra os insumos teóricos para a 
compreensão da “questão social” como a expressão mais 
desenvolvida de um tipo de exploração diferenciada “que efetiva num 
marco de contradições e antagonismos que a tornam, pela primeira 
vez na história registrada, suprimível sem a supressão das condições 
nas quais se cria exponencialmente a riqueza social” (NETTO apud 
GUERRA; ORTIZ; VALENTE e FIALHO, 2007). 
 
De acordo a expressão marxiana ,a „‟questão social”, considerando como 
mais desenvolvida de um tipo de exploração diferenciada “que efetiva num marco de 
contradições e antagonismos que a tornam, pela primeira vez na história registrada, 
suprimível sem a supressão das condições nas quais se cria exponencialmente a 
riqueza social” (NETTO apud GUERRA; ORTIZ; VALENTE e FIALHO, 2007). 
Tentando compreender, os autores buscam acerca do processo do capital 
pode-se apreender como bem afirmam GUERRA; ORTIZ; VALENTE e FIALHO 
(2007), que a “questão social” como “fenômeno datado a partir do século XIX, 
período no qual era clara a extensão do pauperismo a um espectro cada vez maior 
de indivíduos, não mais limitados aos doentes, inválidos, órfãos, idosos ou viúvas, 
mas principalmente aqueles aptos para o trabalho”. 
Sendo assim, com o avanço do capital, as múltiplas expressões da “questão 
social” compreendem “novos” sujeitos sociais para além daqueles que vivem bem 
abaixo da linha de pobreza. 
9 
 
 
Devido as mudanças enfrentadas no Brasil, o Estado é requisitado para o 
enfrentamento das expressões da “questão social”. 
 Entendeu-se que a sua atuação no campo das desigualdades sociais não 
podia mais ser enfrentada com força policial, e passou a ser reconhecida como função 
política. 
Assim, o autor comenta, em tais descontentamentos, foram criadas a políticas 
sociais, compreendidas como o “conjunto de programas e ações continuadas no 
tempo, que afetam simultaneamente várias dimensões das condições básicas de vida 
da população” (DRAIBE, 1997, p. 14). 
Historicamente as políticas sociais – surgem para subsidiar os trabalhadores 
no campo da proteção social que passa a ser promovida pelo Estado, para 
“apaziguar” as discrepâncias nocivas apontadas pelo capital. 
 Particularmente no tocante ao Serviço Social, a “questão social” surge como 
um elemento fundamental para o entendimento do papel e sentido desta profissão na 
ordem burguesa. Mas não se deve compreender “a relação Serviço Social e „questão 
social‟ sem as necessárias mediações do Estado e das políticas sociais, estas como 
a modalidade sócio histórica através da qual o Estado enfrenta a „questão social‟ em 
momentos historicamente determinados visando a manutenção da ordem burguesa” 
(GUERRA; ORTIZ; VALENTE e FIALHO, 2007). 
Neste contexto histórico, o Serviço Social no Brasil, vem enfrentando a 
questão social em sua conjuntura, nos anos de 1930 do século XX, a revolução 
liderada por Getúlio Vargas (1883-1954) que mudou o bloco do poder e direcionou a 
política no sentido de transformar as relações Estado/sociedade para a integração do 
mercado interno e desenvolvimento da industrialização. 
 Vargas governou sob ditadura 
(Estado Novo), após o golpe de 1937 até 
1945 quando foi derrubado militarmente, 
através de sua política trabalhista, 
buscava simultaneamente minimizar as 
10 
 
 
greves e os movimentos operários e estabelecer um sistema de seguro social. 
 
 Explicitamente falava em substituir a luta de classe pela colaboração das 
mesmas e dessa forma, se observava que o presidente oferecia uma resposta de 
cima, aos movimentos de baixo. 
O modelo de proteção social no governo de Vargas se redefinia como 
fragmentos em categorias e, se materializava-se de forma limitada e desigual na 
implementação dos benefícios, em troca de controlar as classes trabalhadoras. 
No período de 1964, ano do golpe militar, a 1988, ano da promulgação da 
constituição democrática, o país se desenvolveu economicamente com expansão da 
produtividade, modernização da economia e entrada do capital estrangeiro em 
parceria com o Estado, onde as políticas sociais apresentavam um caráter 
assistencialista e clientelista. 
Segundo afirma Vianna (1990, p.8), “[...] no pós-64, a 
intervenção social do Estado ganhou dimensões e características 
bastante nítidas, definindo um perfil específico de política social, regido 
por princípios „simples‟ e coerentes com o padrão excludente e 
conservador de desenvolvimento econômico”. 
 
Assim, a ditadura se caracterizou pela censura, ausência de eleições, controle 
do Congresso Nacional pelo poder militar, então no executivo e repressão violenta 
aos que se apresentavam como opositores. 
11 
 
 
De acordo Faleiros (2000), nesse contexto de relações do Estado com a 
sociedade, sem legitimidade política, embora houvesse uma falsa democracia, o 
bloco militar-tecnocrático-empresarial presente no poder obteve o apoio social da 
população ao aplicar certas medidas sociais. 
A conjuntura econômica brasileira já se demarcava pela inflação/dívida pública 
acentuada, no entanto a sociedade encontrou forças diante a repressão vivida, 
manifestando-se e lutando em busca de seus interesses. Faleiros (2000), novamente 
destaca que “[...] a sociedade emergiu com força inusitada dos porões da repressão 
com manifestações de rua, formação de comitês, articulação de organismos,estruturação de abaixo-assinados e organização de lobbies”. 
Sendo assim, a pressão dos grupos populares, as buscas fervorosas por 
soluções políticas, econômicas e sociais, levaram a sociedade a instaurar a 
Assembleia Nacional Constituinte em 1986, que resulta em 1988 na Constituição 
Federal. Contudo, a promulgação da Constituição Federal brasileira foi possível a 
efetivação de mudanças nas leis e a efetivação, ainda que na lei, na relação como 
assistência social como direito e na universalização do direito a saúde e outros. 
 
 
 
AS INSTÂNCIAS PÚBLICAS DE CONTROLE DEMOCRÁTICO E 
OS DESAFIOS NA ATUAL CONJUTURA 
 
 
12 
 
 
A análise dos principais mecanismos de controle democrático, na atual 
conjuntura, exige uma reflexão entre o momento de sua proposição – anos 80 – e o 
da sua implementação – anos 90 – bem como das questões enfrentadas na atual 
conjuntura. Destaca-se que esses mecanismos foram propostos num contexto de 
mobilização da sociedade civil, do processo Constituinte e promulgação da 
Constituição de 1988, que introduziu avanços que buscaram corrigir as históricas 
injustiças sociais acumuladas secularmente, mas incapaz de universalizar direitos 
tendo em vista a longa tradição de privatizar a coisa pública pelas classes dominantes. 
Importantes dispositivos foram definidos com relação à descentralização do 
poder federal e a democratização das políticas no sentido da criação de um novo 
pacto federativo, sendo o município reconhecido como ente autônomo da federação, 
transferindo-se, para o âmbito local, novas competências e recursos públicos capazes 
de fortalecer o controle social1 e a participação da sociedade civil nas decisões 
políticas. 
Essas concepções precisam ser qualificadas, pois ambas têm sido 
influenciadas por diferentes matrizes teóricas o que lhes atribui antagônicos 
conteúdos. A concepção de participação, defendida nos anos 1980, é a gestão nas 
políticas através do planejamento e fiscalização pela sociedade civil organizada. 
 Ou seja, a interferência política das entidades da sociedade civil em órgãos, 
agências ou serviços do Estado responsáveis pela elaboração e gestão das políticas 
públicas na área social. Está relacionada à ampliação dos sujeitos sociais na 
democratização do Estado brasileiro, 
tendo no horizonte uma nova relação 
Estado-Sociedade com a ampliação 
dos canais de participação direta. 
 O controle social enquanto 
direito conquistado pela Constituição 
Federal de 1988, mais precisamente 
do princípio “participação popular”, 
pretende ampliar a democracia representativa para a democracia participativa, de 
base. Estão previstas duas instâncias de participação nas políticas sociais: os 
conselhos e as conferências. 
13 
 
 
Os conselhos são espaços paritários em que a sociedade civil (50%) e os 
prestadores de serviços públicos, privados e filantrópicos discutem, elaboram e 
fiscalizam as políticas sociais das diversas áreas: saúde, educação, assistência 
social, criança e adolescência, idoso, entre outras. 
São baseados na concepção de participação social, que tem sua base na 
universalização dos direitos, pautada por uma nova compreensão do caráter e papel 
do Estado (CARVALHO, 1995). A sua novidade é a ideia do controle exercido pela 
sociedade através da presença e da ação organizada de diversos segmentos. 
Os Conselhos devem ser visualizados como lócus do fazer político, como 
espaços contraditórios, orientados pela democracia participativa, tendo no horizonte 
a construção da democracia de massas. Os Conselhos nos três níveis: nacional, 
estadual e municipal foi criados no início da década de 1990, após as Leis Orgânicas 
das diversas políticas sociais. 
As conferências são eventos que devem ser realizados periodicamente para 
discutir as políticas sociais de cada esfera e propor diretrizes de ação. As deliberações 
das conferências devem ser entendidas enquanto norteadoras da implantação das 
políticas e, portanto, influenciar as discussões travadas nos diversos conselhos. 
Destaca-se, entretanto, que esses não são os únicos espaços de ação para o 
exercício do controle social apesar de, sem dúvida, serem mecanismos fundamentais, 
já que estão previstos em lei federal (BARROS, 1994, p. 35) 4. Os mecanismos de 
controle democrático, entretanto, foram implementados a partir dos anos 1990, num 
cenário de regressão dos direitos sociais, de globalização e mundialização do capital, 
que tem na financeirização da economia um novo estágio de acumulação capitalista. 
As estratégias do grande capital passam a ser: acirrada crítica às conquistas 
sociais da Constituição de 1988 – com destaque para a concepção de Seguridade 
Social – e a construção de uma cultura persuasiva para difundir e tornar seu projeto 
consensual e compartilhado. 
Na atual conjuntura brasileira, o debate das políticas sociais públicas tem 
privilegiado a focalização em oposição à universalização, enfatizando a 
despolitização e a tecnificação dos interesses sociais. As forças majoritárias da 
14 
 
 
sociedade brasileira precisam debater a opção política a ser tomada, pois a questão 
de fundo está relacionada aos valores em que a mesma se estruturará, ou seja, se 
em valores individualistas, como os da sociedade norte-americana, ou em valores 
solidários, universalistas, impasses estão colocados, cabendo destacar a 
comunicação estabelecida com a sociedade brasileira; a fragilidade das lutas 
empreendidas pela sociedade civil em defesa das políticas públicas, seja nos espaços 
de controle democrático, como também em outras esferas e movimentos sociais 
organizados, bem como o papel desmobilizador dos governos na sua relação com a 
sociedade. 
Vianna (2001)” destaca que três mitos sobre a política social 
têm sido plantados pela Mota (1995) ressalta que esta cultura 
tem como eixo a crise e procura naturalizar a objetividade da 
ordem burguesa, tendo como base o novo conformismo social, 
visando o consentimento das classes subalternas a partir dos 
seguintes argumentos: a crise afeta toda a sociedade, 
desqualifica as posições antagônicas das classes, constroi um 
modo de integração passiva à ordem do capital, desmobilizando 
e despolitizando as lutas sociais e políticas. “Vianna (2001) 
Na atualidade, com as condições objetivas explicitadas de fragilização das 
lutas coletivas, considera-se como uma estratégia importante o fortalecimento da 
organização popular, tais como os conselhos, conferências e movimentos sociais, 
tendo como um dos objetivos o questionamento da cultura política da crise gestada 
pelo grande capital. 
Assim, precisa-se ter conhecimento das principais questões que esses 
mecanismos de Controle Social da Sociedade sobre o Estado têm, como também, 
atentar para alguns desafios a serem enfrentados. Diversos autores têm abordado 
Esta questão tem que ser politizada com os movimentos organizados e nos 
espaços públicos de controle democrático para que se fortaleça a concepção de 
Seguridade Social Pública 
Essa nã o é uma 
tarefa fácil, pois vários 
15 
 
 
esses espaços, tanto no Serviço Social como nas outras áreas do conhecimento, 
ressaltando seus limites e possibilidades. 
Várias pesquisas também têm sido realizadas em diversas áreas das políticas 
sociais. 
 Os conselhos têm sido objeto de estudo entre setores liberais e da esquerda 
com diferentes matizes. Pelos liberais, eles são pensados como instrumentos ou 
mecanismos de colaboração, e pela esquerda como vias ou possibilidades de 
mudanças sociais, no sentido de democratização das relações de poder. Ressalta-se 
que os conselhos podem ser espaços de fortalecimento da gestão democrática, mas 
podem, também, ser transformados em estruturas burocráticas de aprovação de 
políticas sociais ou, ainda, em instrumentos que amenizam os conflitos (GOHN, 
2001). 
Os conselhos podem ser espaços de legitimaçãodo poder dominante e de 
cooptação dos movimentos sociais ou se constituir em mecanismos de participação 
e controle social na perspectiva de ampliação da democracia direta (CORREIA, 
2005). 
 Cortes (1998) apresenta como determinantes que influenciam o caráter da 
participação social nos conselhos: as mudanças recentes na estrutura institucional do 
sistema brasileiro de saúde; a organização dos movimentos sociais e sindical na 
cidade; a aliança entre trabalhadores e lideranças populares ou sindicais; as posições 
dos gestores municipais sobre a participação dos usuários no sistema e a dinâmica 
de funcionamento dos conselhos. 
Campos e Maciel (1997) ressaltam como fundamental a eleição das entidades 
representativas dos segmentos dos usuários. A escolha dessas entidades nem 
sempre tem levado em consideração 
critérios como tradição política, base de 
sustentação, interesses representados, 
organização e dinâmica de 
funcionamento. A inobservância a esses 
critérios tem incentivado a participação 
elitista, burocrática e os representantes 
16 
 
 
têm atuado de forma pessoal, subjetiva e arbitrária, não debatendo com as bases de 
sua entidade as temáticas tratadas nos conselhos. 
 Tendo por referência as análises desses espaços de controle democrático na 
atual conjuntura, considera-se, entretanto, que eles são importantes para a 
democratização do espaço público e para a mudança da cultura política presente ao 
longo da história brasileira, pautada no favor, no patrimonialismo, no clientelismo e 
populismo. 
Todas essas práticas não permitiram a criação de mecanismos de participação 
no processo de gestão das políticas sociais públicas diante do autoritarismo do 
Estado brasileiro. Um aspecto importante de ser reforçado é a afirmação de Dagnino 
(2002), que considera como equívoco atribuir aos espaços de participação da 
sociedade o papel de agentes fundamentais na transformação do Estado e da 
Sociedade. 
Eles têm que ser visualizados como uma das múltiplas arenas em que se trava 
a disputa hegemônica no país. Os autores citados, quando ressaltam os limites, 
também têm levantado as possibilidades que vão depender do nível de organização 
da sociedade civil, bem como do investimento através de assessoria dos profissionais 
e/ou entidades. Esse aspecto será ressaltado no próximo item, ao referir-se à 
contribuição dos assistentes sociais para o fortalecimento do controle democrático. 
ESTADO POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS 
 
 
17 
 
 
 
Para melhor compreensão e avaliação das políticas públicas sociais 
implementadas por um governo, é fundamental a compreensão da concepção de 
Estado e de política social que sustentam tais ações e programas de intervenção. 
 Ou seja, visões diferentes de sociedade, Estado, política educacional geram 
projetos diferentes de intervenção nesta área. 
Formando na produção elementos sofismado em sua construção, 
instrumentos de avaliação de programas, projetos e mesmo de políticas 
públicas é fundamental se referir às chamadas “questões de fundo”, as quais 
informam, basicamente, as decisões tomadas, as escolhas feitas, os caminhos de 
implementação traçados e os modelos de avaliação aplicados, em relação a uma 
estratégia de intervenção governamental qualquer. 
Neste contexto é fundamental que estabeleça entre Estado e políticas sociais, 
ou melhor, entre a concepção de Estado e a(s) política(s) que este implementa, em 
uma determinada sociedade, em determinado período histórico. 
 Na análise e avaliação de políticas implementadas por um governo, fatores 
de diferentes natureza e determinação são importantes. Especialmente quando se 
focaliza as políticas sociais (usualmente entendidas como as de educação, saúde, 
previdência, habitação, saneamento etc.) os fatores envolvidos para a aferição de 
seu “sucesso” ou “fracasso” são complexos, variados, e exigem grande esforço de 
análise. 
As Políticas públicas são entendidas como o “Estado em ação” (Gobert, Muller, 
1987); é o Estado implantando um projeto de governo, através de programas, de 
ações voltadas para setores 
específicos da sociedade. 
 
 
18 
 
 
Estado não pode ser reduzido à burocracia pública, aos organismos 
 estatais que conceberiam e implementariam as políticas públicas. As políticas 
públicas são aqui compreendidas como as de responsabilidade do Estado – quanto 
à implementação e manutenção a partir de um processo de tomada de decisões que 
envolve órgãos públicos e diferentes organismos e agentes da sociedade 
relacionados à política implementada. Neste sentido, políticas públicas não podem 
ser reduzidas a políticas estatais. 
No desenvolvimento do processo de acumulação capitalista – e nas crises do 
capitalismo – as formas de utilização tradicionais da força de trabalho se deterioram, 
são até mesmo destruídas, escapando à competência dos próprios indivíduos a 
decisão quanto à sua utilização. 
Relacionado a isto, funções tradicionalmente não sujeitas ao controle estatal e 
circunscritas às esferas privadas da sociedade – inclusive a educação – passam a 
ser desempenhadas pelo Estado. 
Sendo assim o Estado atua como regulador a serviço da manutenção das 
relações capitalistas em seu conjunto. 
Ou seja, esta função reguladora através da política social é claramente 
colocada por Offe: “(...) a política social é a forma pela qual o Estado tenta resolver o 
problema da transformação duradoura de trabalho não assalariado em trabalho 
assalariado” (Lenhardt & Offe, 1984, p. 15). 
 O Estado capitalista moderno cuidaria não só de qualificar permanentemente 
a mão-de-obra para o mercado, como também, através de tal política e programas 
sociais, procuraria manter sob controle parcelas da população não inseridas no 
processo produtivo. 
O sistema de acumulação capitalista engendra em seu desenvolvimento 
problemas estruturais relativos à constituição e reprodução permanente da força de 
trabalho e à socialização desta através do trabalho assalariado. 
Assim, o Estado deve “responder” a estes problemas, ou em outros termos, 
deve assegurar as condições materiais de reprodução da força de trabalho – inclusive 
19 
 
 
visando uma adequação quantitativa entre a força de trabalho ativa e a força de 
trabalho passiva – e da reprodução da aceitação desta condição. 
“Offe & Lenhardt colocam em questão dois esquemas de 
argumentação da ciência política: a) a explicação da gênese da política 
social estatal baseada na teoria dos interesses e das necessidades, a 
partir de exigências políticas dos trabalhadores assalariados 
organizados; b) a explicação da gênese da política social a partir dos 
imperativos do processo de produção capitalista, das exigências 
funcionais da produção capitalista “(Offe, 1984, p. 3237). 
 
A concorrência de fatores advindos de diferentes esferas e organismos da 
sociedade em seu conjunto para a gênese e desenvolvimento do Estado tem sido 
sistematicamente apontada por Offe em seus trabalhos. Respondendo à uma 
pergunta sobre um “novo pacto social”, o autor assinala: 
“os problemas de um país não vão ser resolvidos apenas pela 
ação do Estado ou do mercado. É preciso um novo pacto, que resolve 
o dever do Estado de dar condições básicas de cidadania, garanta a 
liberdade do mercado e da competição econômica e, para evitar o 
conflito entre esses dois interesses, permita a influência de entidades 
comunitárias.” (entrevista publicada em Veja, abril de 1998) 
Por tanto as ações empreendidas pelo Estado não se implementam 
automaticamente, têm movimento, têm contradições e podem gerar resultados 
diferentes dos esperados. Especialmente por se voltar para e dizer respeito a grupos 
diferentes, o impacto das políticas sociais implementadas pelo Estado capitalista 
sofrem o efeito de interesses diferentes expressos nas relações sociais de poder. 
Tendo em vista que, as teorias políticas liberais concebem asfunções do 
Estado essencialmente voltadas para a garantia dos direitos individuais, sem 
interferência nas esferas da vida pública e, especificamente, na esfera econômica da 
sociedade. 
 Entre os direitos individuais, destacam-se a “propriedade privada como direito 
natural” (Locke, 1632-1704), assim como o direito à vida, à liberdade e aos bens 
necessários para conservar ambas. 
20 
 
 
 Na medida em que o Estado, no capitalismo, não institui, não concede a 
propriedade privada, não tem poder para interferir nela. Tem sim a função de arbitrar 
– e não de regular – conflitos que possam surgir na sociedade civil, onde proprietários 
e trabalhadores estabelecem relações de classe, realizam contratos, disputam 
interesses etc. 
As teses neoliberais, absorvendo o movimento e as transformações da história 
do capitalismo, retomam as teses clássicas do liberalismo e resumem na conhecida 
expressão “menos Estado e mais mercado” sua concepção de Estado e de governo. 
 Voltadas fundamentalmente para a crítica às teses de Keynes (1883-1946), 
que inspiraram o Estado de Bem-Estar Social, defendem enfaticamente as liberdades 
individuais, criticam a intervenção estatal e elogiam as virtudes reguladoras do 
mercado. Estas ideias ganharam força e visibilidade com a grande crise do 
capitalismo na década de 1970, apresentada como possíveis saídas para a mesma. 
Assim, para os neoliberais, as políticas (públicas) sociais – ações do Estado na 
tentativa de regular os desequilíbrios gerados pelo desenvolvimento acumulação 
capitalista – são consideradas um dos maiores entraves a este mesmo 
desenvolvimento e responsáveis, em grande medida, pela crise que atravessa a 
sociedade. 
 A intervenção do Estado constituiria uma ameaça aos interesses e liberdades 
individuais, inibindo a livre iniciativa, a concorrência privada, e podendo bloquear os 
mecanismos que o próprio mercado é capaz de gerar com vistas a restabelecer o seu 
equilíbrio. 
Sendo uma vez livre, o mercado é apontado pelos neoliberais como o grande 
equalizador das relações entre os indivíduos e das oportunidades na estrutura 
ocupacional da sociedade. 
Coerentes com estes postulados, os neoliberais não defendem a 
responsabilidade do Estado em relação ao oferecimento de educação pública a todo 
cidadão, em termos universalizantes, de maneira padronizada. 
21 
 
 
 Um sistema estatal de oferta de escolarização compromete, em última 
instância, as possibilidades de escolha por parte dos pais em relação à educação 
desejada para seus filhos. 
 
 
 
Ou seja, uma administração pública – informada por uma concepção crítica de 
Estado – que considere sua função atender a sociedade como um todo, não 
privilegiando os interesses dos grupos detentores do poder econômico, deve 
estabelecer como prioritários programas de ação universalizantes, que possibilitem a 
incorporação de conquistas sociais pelos grupos e setores desfavorecidos, visando à 
reversão do desequilíbrio social. 
Mais do que oferecer “serviços” sociais – entre eles a educação – as ações 
públicas, articuladas com as demandas da sociedade, devem se voltar para a 
construção de direitos sociais. 
 Numa sociedade extremamente desigual e heterogênea como a brasileira, a 
política educacional deve desempenhar importante papel ao mesmo tempo em 
relação à democratização da estrutura ocupacional que se estabeleceu, e à formação 
do cidadão, do sujeito em termos mais significativos do que torná-lo “competitivo 
frente à ordem mundial globalizada”. 
Ou seja, a frustração – ou não – destas expectativas se coloca em relação 
direta com os pressupostos e parâmetros adotados pelos órgãos públicos e 
organismos da sociedade civil com relação ao que se concebe por Estado, Governo 
e Educação Pública. 
 
22 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Identificam-se, no Serviço Social, a partir dos anos 1990, diversas produções 
que analisam os mecanismos de controle democrático construídos nos anos 1980, no 
processo de redemocratização da sociedade brasileiro, e implementado nos anos 
1990, período de crise e aprofundamento da política de ajuste, que têm impactos na 
organização e mobilização dos sujeitos sociais, conforme já explicitado neste texto. 
Essas produções, entretanto, não têm como preocupação central a análise do 
trabalho do assistente social nessas instâncias. Algumas pontuam questões a serem 
enfrentadas, demandas para o profissional, mas não se detêm nessa análise. 
As publicações que tratam dessa temática são produzidas a partir do ano 2000, 
sendo resultado da inserção dos profissionais em diversos espaços de controle 
democrático, como conselhos, conferências, fóruns, plenárias, comitês, orçamento e 
planejamento participativo, bem como de projetos de extensão que articulam ensino 
e pesquisa das universidades. As proposições apresentadas abrem a possibilidade 
para que os assistentes sociais passem de meros executores das políticas para 
atuarem na formulação e assessoria aos diversos sujeitos coletivos e movimentos 
sociais participantes deste processo. Sabe-se, entretanto, que essa produção é ainda 
muito restrita. 
 A maioria dos autores do Serviço Social que estão estudando os conselhos 
tem sua fundamentação em Gramsci e apreendem a contradição de classes como 
questão central desses mecanismos, analisando-os como arena de conflitos, onde 
estão em jogo interesses antagônicos. Nas outras áreas, identifica-se um número 
significativo de estudos que concebem os conselhos enquanto espaços de consenso, 
de pacto, onde os diferentes interesses sociais convergem para o interesse de todos. 
Com relação à ação do assistente social, podem-se identificar duas direções. 
A primeira tem sido desenvolvida pelos profissionais como apoio-técnico ou 
técnicoadministrativo, ou seja, os profissionais dão suporte aos conselhos exercendo 
as seguintes atividades: elaboração da pauta e de relatórios da reunião, convocação 
das reuniões, organização da documentação. Esse tipo de trabalho tem sido exercido 
por funcionários das prefeituras e que, muitas vezes, ocupam o lugar de secretário 
executivo dos conselhos. Este tipo de atividade precisa de reflexão, pois a atuação 
23 
 
 
profissional está reduzida à atividade administrativa, de suporte legal aos conselhos, 
não estabelecendo relação com o projeto ético-político da categoria. 
A segunda caracteriza as ações técnico-políticas, desenvolvidas pelos 
assistentes sociais, junto aos conselhos e/ou segmentos dos conselhos que envolvem 
a democratização e socialização da informação, realização de pesquisas, ação 
socioeducatica. Elas configuram um trabalho de assessoria que, conforme foi 
sinalizado por alguns autores, não deve ser pontual, mas estar articulada com 
diversas ações. É importante, nesta atividade, a colaboração da Universidade para 
garantir uma relativa autonomia na análise com relação às políticas sociais. 
Outra questão importante refere-se ao desafio posto aos profissionais de 
Serviço Social vinculados à Universidade para retomar a articulação ensinopesquisa 
e extensão. Nos anos 1980, houve um dinamismo das experiências de extensão 
articuladas ao estágio. Estas, entretanto, tiveram um recuo a partir de 1990. A 
extensão também tem sofrido mutações. 
 
A concepção que se defende pauta-se na universidade compromissada com a 
sociedade e com as transformações necessárias para o fortalecimento da democracia 
de massas, e não na prestação de serviços, com viés privatista. Ressalta-se que as 
entidades da categoria, principalmente o conjunto CFESS/CRESS, têm estimulado a 
inserção dos assistentes sociais nos espaços de controle democrático desde 1998. 
movimentos sociais é um espaço de trabalho que os assistentes sociais podem 
contribuir para o fortalecimento dos sujeitos políticos na perspectiva da garantia e/ou 
ampliação dos direitos sociais, tendo no horizonte a emancipação humana.A partir das 
indicações pontuadas, 
considera - se que a 
assessoria às 
instâncias públicas de 
controle democráticas 
articuladas aos 
24 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
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participação e da construção democrática. Serviço Social & Sociedade. São Paulo: 
Cortez, n. 55, 1997. 
CORREIA, Maria Valéria da Costa. Que controle social? Os conselhos de 
saúde como instrumento. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2000. 
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conselheiros de saúde. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005. 
 
GUERRA, Yolanda; ORTIZ, Fátima da silva Grave; VALENTE, Joana; 
FIALHO, Nádia. O debate contemporâneo da “questão social”. IN: III Jornada 
Internacional de políticas Públicas. São Luís – MA, 28 a 30 de agosto 2007. 
FALEIROS, Vicente de Paula. Natureza e desenvolvimento das políticas 
sociais no Brasil. IN: Capacitação em Serviço Social e Política Social. Módulo 3 p. 
43-56, 2000. 
NETTO, José Paulo. Democracia e Transição Socialista: escritos de teoria e 
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Social e Política Social. Módulo 1. Brasília, CEAD, 1999. 
OFFE, Claus. Algumas contradições do Estado Social Moderno. Trabalho & 
Sociedade: Problemas estruturais e perspectivas para o futuro da sociedade do 
trabalho, vol. 2, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1991. 
 OFFE, Claus. Problemas estruturais do Estado capitalista. Rio de Janeiro: 
Tempo Brasileiro, 1984. 
25 
 
 
VIANNA, Maria Lucia Teixeira Werneck. O Silencioso Desmonte da Seguridade 
Social no Brasil. In: BRAVO, Maria Inês Souza; PEREIRA, Potyara A. P. 
(Org.). Política Social e Democracia. São Paulo: Cortez; Rio de Janeiro: UERJ, 2001.

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