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Sigmund Freud - Teorias da Personalidade

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Sigmund Freud ....................................................................................... 2 
Consciente, Pré-Consciente e Inconsciente ......................................................... 2 
Pulsões ou Instintos.............................................................................................. 3 
Instintos Básicos............................................................................................................................... 4 
Libido e Energia Agressiva ............................................................................................................. 5 
Catexia................................................................................................................................................ 5 
Estrutura da Personalidade .................................................................................. 6 
O Id .................................................................................................................................................... 6 
O Ego................................................................................................................................................. 7 
O Superego........................................................................................................................................ 7 
Relações entre os Três Subsistemas ..................................................................... 8 
Obstáculos ao Crescimento .................................................................................. 8 
Ansiedade.............................................................................................................. 8 
Mecanismos de Defesa ......................................................................................... 9 
Repressão........................................................................................................................................... 9 
Negação ........................................................................................................................................... 10 
Racionalização................................................................................................................................. 10 
Formação Reactiva ......................................................................................................................... 11 
Projecção.......................................................................................................................................... 12 
Regressão ......................................................................................................................................... 12 
Sublimação....................................................................................................................................... 13 
Deslocamento ................................................................................................................................. 13 
Referência ............................................................................................................13 
Transtornos de Personalidade ............................................................... 14 
Aspectos Psicobiológicos e Transtornos de Personalidade ................................16 
Transtorno Paranóide de Personalidade ..................................................................................... 16 
Transtorno Esquizóide de Personalidade ................................................................................... 18 
Transtorno Histriónico da Personalidade ................................................................................... 20 
Transtorno Ansioso da Personalidade ........................................................................................ 22 
Transtorno Obsessivo-Compulsivo da Personalidade (Anancástico) .................................... 23 
 
1 
Sigmund Freud 
 
 
Freud inicia seu pensamento teórico assumindo que não há nenhuma 
descontinuidade na vida mental. Ele afirmou que nada ocorre ao acaso e 
muito menos os processos mentais. Há uma causa para cada pensamento, 
para cada memória revivida, sentimento ou acção. 
Cada evento mental é causado pela intenção consciente ou inconsciente 
e é determinado pelos fatos que o precederam. Uma vez que alguns eventos 
mentais "parecem" ocorrer espontaneamente, Freud começou a procurar e 
descrever os elos ocultos que ligavam um evento consciente a outro. 
O ponto de partida dessa investigação é o facto da consciência. 
 
 
 
 
Consciente, Pré-Consciente e Inconsciente 
Segundo Freud, o consciente é somente uma pequena parte da 
mente, incluindo tudo do que estamos cientes num dado momento. O 
interesse de Freud era muito maior com relação às áreas da consciência 
menos expostas e exploradas, que ele denominava Pré-Consciente e 
Inconsciente. 
Inconsciente. A premissa inicial de Freud era de que há conexões 
entre todos os eventos mentais e quando um pensamento ou sentimento 
parece não estar relacionado aos pensamentos e sentimentos que o 
precedem, as conexões estariam no inconsciente. Uma vez que estes elos 
inconscientes são descobertos, a aparente descontinuidade está resolvida. 
"Denominamos um processo psíquico inconsciente, cuja existência somos 
obrigados a supor - devido a um motivo tal que inferimos a partir de seus 
efeitos - mas do qual nada sabemos" (1933, livro 28, p. 90 na ed. bras.). 
No inconsciente estão elementos instintivos não acessíveis à 
consciência. Além disso, há também material que foi excluído da 
consciência, censurado e reprimido. Este material não é esquecido nem 
perdido mas não é permitido ser lembrado. O pensamento ou a memória 
ainda afectam a consciência, mas apenas indirectamente. 
O inconsciente, por sua vez, não é apático e inerte, havendo uma 
vivacidade e imediatismo em seu material. Memórias muito antigas quando 
liberadas à consciência, podem mostrar que não perderam nada de sua 
força emocional. "Aprendemos pela experiência que os processos mentais 
inconscientes são em si mesmos intemporais. Isto significa em primeiro 
2 
lugar que não são ordenados temporalmente, que o tempo de modo algum 
os altera, e que a idéia de tempo não lhes pode ser aplicada" (1920, livro 13, 
pp. 41-2 na ed. bras.). 
Assim sendo, para Freud a maior parte da consciência é inconsciente. 
Ali estão os principais determinantes da personalidade, as fontes da energia 
psíquica, as pulsões e os instintos. 
Pré-consciente. Estritamente falando, o Pré-Consciente é uma parte 
do Inconsciente, uma parte que pode tornar-se consciente com facilidade. 
As porções da memória que nos são facilmente acessíveis fazem parte do 
Pré-Consciente. Estas podem incluir lembranças de ontem, o segundo 
nome, as ruas onde moramos, certas datas comemorativas, nossos 
alimentos predilectos, o cheiro de certos perfumes e uma grande 
quantidade de outras experiências passadas. O Pré-Consciente é como uma 
vasta área de posse das lembranças de que a consciência precisa para 
desempenhar suas funções. 
Pulsões ou Instintos 
Instintos são pressões que dirigem um organismo para determinados 
fins particulares. Quando Freud usa o termo, ele não se refere aos 
complexos padrões de comportamento herdados dos animais inferiores, 
mas aos seus equivalentes humanos. Tais instintos são "a suprema causa de 
toda actividade" (1940, livro 7, p. 21 na ed. bras.). Freud reconhecia os 
aspectos físicos dos instintos como necessidades, enquanto denominava 
seus aspectos mentais de desejos. Os instintos são as forças propulsoras 
que incitam as pessoas à acção. 
Todo instinto tem quatro componentes: uma fonte, uma finalidade, 
uma pressão e um objecto. A fonte é quando emerge uma necessidade, 
podendo ser uma parte ou todo corpo. A finalidade é reduzir essa 
necessidade até que nenhuma acção seja mais necessária, é dar ao 
organismo a satisfação que ele deseja no momento. A pressão é a 
quantidade de energia ou força que é usada para satisfazero instinto e é 
determinada pela intensidade ou urgência da necessidade subjacente. O 
objecto de um instinto é qualquer coisa, acção ou expressão que permite a 
satisfação da finalidade original. 
Tomamos como exemplo uma pessoa com sede. O corpo desidrata-
se até o ponto em que precisa de mais líquido, portanto, a fonte é a 
necessidade crescente de líquidos. À medida que a necessidade se torna 
maior, torna-se consciente como a sensação de sede. Enquanto esta sede 
não for satisfeita, torna-se mais pronunciada e, ao mesmo tempo em que 
aumenta sua intensidade, também aumenta a pressão ou energia disponível 
para fazer algo no sentido de aliviar a sede. 
3 
A finalidade é reduzir a tensão e o objecto não é simplesmente um 
líquido, seja leite, água ou cerveja, mas todo o ato que busca reduzir essa 
tensão. Isto inclui levantar-se, ir a um determinado lugar, escolher entre 
várias bebidas, preparar uma delas e bebê-la. 
Enquanto as reacções iniciais de busca podem ser instintivas, o 
ponto crítico a ser lembrado é que há a possibilidade de satisfazer o 
instinto de várias maneiras. A capacidade de satisfazer necessidades nos 
animais é via de regra limitada a um padrão de comportamento 
estereotipado de cada espécie. Os instintos humanos servem apenas para 
iniciar a acção. Mas esta, por sua vez, não é predeterminada pela biologia 
de nossa espécie e nem se caracteriza sempre numa determinada acção 
particular. 
O número de soluções possíveis para um ser humano satisfazer uma 
finalidade instintiva é uma soma de sua necessidade biológica inicial, mais 
seu desejo mental (que pode ou não ser consciente) e mais uma grande 
quantidade de ideias anteriores, hábitos e opções disponíveis. 
Freud assume que o modelo mental e comportamental normal e 
saudável tem a finalidade de reduzir a tensão a níveis previamente 
aceitáveis. Uma pessoa com certa necessidade continuará buscando 
actividades que possam reduzir esta tensão original. O ciclo completo de 
comportamento que parte do repouso para a tensão e a actividade, e volta 
para o repouso, é denominado modelo de tensão-redução. As tensões são 
resolvidas pela volta do corpo ao nível de equilíbrio que existia antes da 
necessidade emergir. 
Ao examinar analiticamente um determinado comportamento, Freud 
considerava que a pessoa procurava satisfazer, por essa actividade, suas 
pulsões psicofísicas subjacentes. Se observarmos pessoas comendo, 
supomos que elas estão satisfazendo sua fome, da mesma forma como se 
estão chorando será provável que algo as perturbou. O trabalho analítico 
envolve a procura das causas dos pensamentos e comportamentos, de 
modo que se possa lidar de forma mais adequada com uma necessidade 
que está sendo imperfeitamente satisfeita por um pensamento ou 
comportamento particular. 
No entanto, vários pensamentos e comportamentos parecem não 
reduzir esta tensão. De fato, eles aparecem para criar mais tensão ou 
ansiedade. Estes comportamentos podem indicar que a expressão direta de 
um instinto pode ter sido bloqueada. Embora seja possível catalogar uma 
série ampla de instintos, Freud tentou reduzir esta diversidade a alguns 
instintos que chamou de básicos. 
Instintos Básicos 
 
4 
Num primeiro momento Freud descreveu duas forças instintivas opostas, a 
sexual (erótica ou fisicamente gratificante) e a agressiva ou destrutiva. Suas 
últimas descrições, mais globais, encararam essas forças ou como 
mantenedoras da vida ou como incitadoras da morte. Essas formulações 
supõem dois conflitos instintivos básicos, biológicos, contínuos e não-
resolvidos. Tal antagonismo básico não costuma ser visível ou consciente, e 
a maioria de nossos pensamentos e acções são evocados por estas ambas 
forças instintivas em combinação. 
Freud impressionou-se com a diversidade e complexidade do 
comportamento que emerge da fusão das pulsões básicas. Por exemplo, ele 
escreve: "Os instintos sexuais fazem-se notar por sua plasticidade, sua 
capacidade de alterar suas finalidades, sua capacidade de se substituírem, 
permitindo uma satisfação instintiva ser substituída por outra, e por sua 
possibilidade de se submeterem a adiamentos . . . " (1933, livro 28, p. 122 
na ed. bras.). Os instintos seriam então, canais através dos quais a energia 
pudesse fluir. 
Libido e Energia Agressiva 
Cada um destes instintos gerais teria uma fonte de energia separadamente. 
Libido (da palavra latina para "desejo" ou "anseio") é a energia aproveitável 
para os instintos de vida. "Sua produção, aumento ou diminuição, 
distribuição e deslocamento devem propiciar-nos possibilidades de explicar 
os fenómenos psicossexuais observados" ( 1905a, livro 2, p. 113 na ed. 
bras.). Outra característica importante da libido é sua mobilidade, ou a 
facilidade com que pode passar de uma área de atenção para outra. 
A energia do instinto de agressão ou de morte não tem um nome 
especial, como tem o instinto da vida (Libido). Ela supostamente apresenta 
as mesmas propriedades gerais que a Libido, embora Freud não tenha 
elucidado este aspecto. 
Catexia 
Catexia é o processo pelo qual a energia libidinal disponível na psique é 
vinculada a ou investida na representação mental de uma pessoa, ideia ou 
coisa. A libido que foi catexizada perde sua mobilidade original e não pode 
mais mover-se em direcção a novos objectos. Está enraizada em qualquer 
parte da psique que a atraiu e segurou. 
Tomando a Libido como exemplo de uma dada quantidade de 
dinheiro, a Catexia seria o processo de investir esse dinheiro. Digamos, 
então, que uma porção do dinheiro foi investida (catexizada), 
permanecendo nessa hipotética aplicação e deixando algo a menos do 
montante original para investir em outro lugar. 
5 
Estudos psicanalíticos sobre luto, por exemplo, interpretam o 
desinteresse das ocupações normais e a preocupação com o recente finado 
como uma retirada de Libido dos relacionamentos habituais e uma extrema 
Catexia na pessoa perdida. 
A teoria psicanalítica se interessa em compreender onde a libido foi 
catexizada inadequadamente. Uma vez liberada ou redireccionada, esta 
mesma energia ficará disponível para satisfazer outras necessidades 
habituais. A necessidade de liberar energias presas também se encontra nos 
trabalhos de Rogers e Maslow, assim como no Budismo. Cada uma dessas 
teorias chega a diferentes conclusões a respeito da fonte da energia 
psíquica, mas todos concordam com a alegação freudiana de que a 
identificação e a canalização dessa energia são uma questão importante na 
compreensão da personalidade. 
Estrutura da Personalidade 
As observações de Freud revelaram uma série interminável de conflitos e 
acordos psíquicos. A um instinto opunha-se outro. Eram proibições sociais 
que bloqueavam pulsões biológicas e os modos de enfrentar situações 
frequentemente chocavam-se uns com os outros. 
Ele tentou ordenar este caos aparente propondo três componentes 
básicos estruturais da psique: o Id, o Ego e o Superego. 
O Id 
O Id contém tudo o que é herdado, que se acha presente no nascimento e 
está presente na constituição, acima de tudo os instintos que se originam da 
organização somática e encontram expressão psíquica sob formas que nos 
são desconhecidas (1940, livro 7, pp. 17-18 na ed. bras.). O Id é a estrutura 
da personalidade original, básica e central do ser humano, exposta tanto às 
exigências somáticas do corpo às exigências do ego e do superego. 
As leis lógicas do pensamento não se aplicam ao Id, havendo assim, 
impulsos contrários lado a lado, sem que um anule o outro, ou sem que um 
diminua o outro (1933, livro 28, p. 94 na ed. bras.). O Id seria o 
reservatório de energia de toda a personalidade. 
O Id pode ser associado a um cavalo cuja força é total, mas que 
depende do cavaleiro para usar de modo adequado essa força. Os 
conteúdos do Id são quase todos inconscientes, eles incluem configurações 
mentais que nunca se tornaram conscientes, assim como o material que foi 
considerado inaceitável pela consciência. Um pensamento ou uma 
lembrança,excluído da consciência mas localizado na área do Id, será capaz 
de influenciar toda vida mental de uma pessoa. 
6 
O Ego 
 
O Ego é a parte do aparelho psíquico que está em contacto com a 
realidade externa. O Ego se desenvolve a partir do Id, à m edida que a 
pessoa vai tom ando consciência de sua própria identidade, vai aprendendo 
a aplacar as constantes exigências do Id. Com o a casca de um a árvore, o 
Ego protege o Id, m as extrai dele a energia suficiente para suas realizações. 
Ele tem a tarefa de garantir a saúde, segurança e sanidade da personalidade. 
Uma das características principais do Ego é estabelecer a conexão 
entre a percepção sensorial e a acção muscular, ou seja, comandar o 
movimento voluntário. Ele tem a tarefa de auto-preservação. Com 
referência aos acontecimentos externos, o Ego desempenha sua função 
dando conta dos estímulos externos, armazenando experiências sobre eles 
na memória, evitando o excesso de estímulos internos (mediante a fuga), 
lidando com estímulos moderados (através da adaptação) e aprendendo, 
através da actividade, a produzir modificações convenientes no mundo 
externo em seu próprio benefício. 
Com referência aos acontecimentos internos, ou seja, em relação ao 
Id, o Ego desempenha a missão de obter controle sobre as exigências dos 
instintos, decidindo se elas devem ou não ser satisfeitas, adiando essa 
satisfação para ocasiões e circunstâncias mais favoráveis ou suprimindo 
inteiramente essas excitações. O Ego considera as tensões produzidas pelos 
estímulos, coordena e conduz estas tensões adequadamente. A elevação 
dessas tensões é, em geral, sentida como desprazer e a sua redução como 
prazer. O ego se esforça pelo prazer e busca evitar o desprazer (1940, no. 7, 
pp. 18-19 na cd. bras.). 
Assim sendo, o ego é originalmente criado pelo Id na tentativa de 
melhor enfrentar as necessidades de reduzir a tensão e aumentar o prazer. 
Contudo, para fazer isto, o Ego tem de controlar ou regular os impulsos do 
Id, de modo que a pessoa possa buscar soluções mais adequadas, ainda que 
menos imediatas e mais realistas. 
O Superego 
Esta última estrutura da personalidade se desenvolve a partir do Ego. O 
Superego actua como um juiz ou censor sobre as actividades e 
pensamentos do Ego, é o depósito dos códigos morais, modelos de 
conduta e dos parâmetros que constituem as inibições da personalidade. 
Freud descreve três funções do Superego: consciência, auto-observação e 
formação de ideais. 
Enquanto consciência pessoal, o Superego age tanto para restringir, 
proibir ou julgar a actividade consciente, porém, ele também pode agir 
7 
inconscientemente. As restrições inconscientes são indirectas e podem 
aparecer sob a forma de compulsões ou proibições. 
O Superego tem a capacidade de avaliar as actividades da pessoa, ou 
seja, da auto-observação, independentemente das pulsões do Id para 
tensão-redução e independentemente do Ego, que também está envolvido 
na satisfação das necessidades. A formação de ideais do Superego está 
ligada a seu próprio desenvolvimento. O Superego de uma criança é, com 
efeito, construído segundo o modelo não de seus pais, mas do Superego de 
seus pais; os conteúdos que ele encerra são os mesmos e torna-se veículo 
da tradição e de todos os duradouros julgamentos de valores que dessa 
forma se transmitiram de geração em geração (1933, livro 28, p. 87 na ed. 
bras.). 
Relações entre os Três Subsistemas 
A meta fundamental da psique é manter e recuperar, quando perdido, um 
nível aceitável de equilíbrio dinâmico que maximiza o prazer e minimiza o 
desprazer. A energia que é usada para accionar o sistema nasce no Id, que é 
de natureza primitiva, instintiva. 0 ego, emergindo do id, existe para lidar 
realisticamente com as pulsões básicas do id e também age como mediador 
entre as forças que operam no Id e no Superego e as exigências da 
realidade externa. O superego, emergindo do ego, actua como um freio 
moral ou força contrária aos interesses práticos do ego. Ele fixa uma série 
de normas que definem e limitam a flexibilidade deste último. 
O id é inteiramente inconsciente, o ego e o superego o são em parte. 
"Grande parte do ego e do superego pode permanecer inconsciente e é 
normalmente inconsciente. Isto é, a pessoa nada sabe dos conteúdos dos 
mesmos e é necessário despender esforços para torná-los conscientes" ( 
1933, livro 28, p. 89 na ed. bras.). 
Nesses termos, o propósito prático da psicanálise "é, na verdade, 
fortalecer o ego, fazê-lo mais independente do superego, ampliar seu 
campo de percepção e expandir sua organização, de maneira a poder 
assenhorear-se de novas partes do id" (1933, livro 28, p. 102 na ed. bras.). 
Obstáculos ao Crescimento 
Ansiedade 
Para Freud, o principal problema da psique é encontrar maneiras de 
enfrentar a ansiedade. Esta é provocada por um aumento, esperado ou 
previsto, da tensão ou desprazer, podendo se desenvolver em qualquer 
situação (real ou imaginada), quando a ameaça a alguma parte do corpo ou 
da psique é muito grande para ser ignorada, dominada ou descarregada. 
8 
As situações prototípicas que causam ansiedade incluem as seguintes: 
1. Perda de um objecto desejado. Por exemplo, uma criança privada de um 
dos pais, de um amigo íntimo ou de um animal de estimação. 
2. Perda de amor. A rejeição ou o fracasso em reconquistar o amor, por 
exemplo, ou a desaprovação de alguém que lhe importa. 
3. Perda de identidade. É o caso, por exemplo, daquilo que Freud chama de 
medo de castração, da perda de prestígio, de ser ridicularizado em público. 
4. Perda de auto-estima. Por exemplo a desaprovação do Superego por actos 
ou tracções que resultam em culpa ou ódio em relação a si mesmo. 
A ameaça desses ou de outros eventos causa ansiedade e haveria, 
segundo Freud, dois modos de diminuir a ansiedade. O primeiro modo 
seria lidando diretamente com a situação. Resolvemos problemas, 
superamos obstáculos, enfrentamos ou fugimos de ameaças, e chegamos a 
termo de um problema a fim de minimizar seu impacto. Desta forma, 
lutamos para eliminar dificuldades e diminuir probabilidades de sua 
repetição, reduzindo, assim, as perspectivas de ansiedade adicional no 
futuro. 
A outra forma de defesa contra a ansiedade deforma ou nega a 
própria situação. O Ego protege a personalidade contra a ameaça, 
falsificando a natureza desta. Os modos pelos quais se dão as distorções 
são denominados Mecanismos de Defesa. 
Mecanismos de Defesa 
Os principais Mecanismos de Defesa psicológicos descritos são: repressão, 
negação, racionalização, formação reactiva, isolamento, projecção, 
regressão e sublimação (Anna Freud, 1936; Fenichel, 1945). Todos estes 
mecanismos podem ser encontrados em indivíduos saudáveis, e sua 
presença excessiva é, via de regra, indicação de possíveis sintomas 
neuróticos. Freud não pretendeu que suas observações sobre Mecanismo 
de Defesa fossem inteiramente originais. Ele citava outras observações 
sobre o tema. 
A presença dos mecanismos é frequente em indivíduos saudáveis, 
mas, em excesso é indicação de sintomas neuróticos ou, em alguns casos 
extremos, o excesso indicaria até sintomas psicóticos, como por exemplo e 
principalmente, o excesso dos mecanismos de projeção, negação da 
realidade e clivagem do ego (Dr. Vasco Soares). 
Repressão 
A essência da Repressão consiste em afastar uma determinada coisa do 
consciente, mantendo-a à distância (no inconsciente) (1915, livro 11, p. 60 
na ed. bras.). A repressão afasta da consciência um evento, ideia ou 
percepção potencialmente provocadoras de ansiedade e impede, dessa 
9 
forma, qualquer "manipulação" possível desse material. Entretanto, o 
material reprimido continua fazendo parte da psique, apesar de 
inconsciente, e que continua causando problemas. 
Segundo Freud, a repressão nunca é realizada de uma vez por todas e 
definitivamente, mas exige um continuado consumo de energia para se 
manter o material reprimido. Para ele os sintomas histéricos com 
frequência têm sua origemem alguma antiga repressão. Algumas doenças 
psicossomáticas, tais como asma, artrite e úlcera, também poderiam estar 
relacionadas com a repressão. Também é possível que o cansaço excessivo, 
as fobias e a impotência ou a frigidez derivem de sentimentos reprimidos. 
Negação 
Negação é a tentativa de não aceitar na consciência algum fato que 
perturba o Ego. Os adultos têm a tendência de fantasiar que certos 
acontecimentos não são, de fato, do jeito que são, ou que na verdade nunca 
aconteceram. Este voo de fantasia pode tomar várias formas, algumas das 
quais parecem absurdas ao observador objectivo. A seguinte estória é uma 
ilustração da negação: 
Uma mulher foi levada à Corte a pedido de seu vizinho. Esse vizinho 
acusava a mulher de ter pego e danificado um vaso valioso. Quando 
chegou a hora da mulher se defender, sua defesa foi tripla: "Em primeiro 
lugar, nunca tomei o vaso emprestado. Em segundo lugar, estava lascado 
quando eu o peguei. Finalmente, Sua Excelência, eu o devolvi em perfeito 
estado". 
A notável capacidade de lembrar-se incorrectamente de fatos é a 
forma de negação encontrada com maior frequência na prática 
psicoterápica. O paciente recorda-se de um acontecimento de forma vívida, 
depois, mais tarde, pode lembrar-se do incidente de maneira diferente e, de 
súbito, dar-se conta de que a primeira versão era uma construção defensiva. 
Para exemplificar a Negação, Freud citou Darwin, que em sua 
autobiografia dizia obedecer a uma regra de ouro: sempre que eu deparava 
com um fato publicado, uma nova observação ou pensamento, que se 
opunha aos meus resultados gerais, eu imediatamente anotava isso sem 
errar, porque a experiência me ensinou que tais fatos e pensamentos fogem 
da memória com muito maior facilidade que os fatos que nos são 
totalmente favoráveis. 
Racionalização 
Racionalização é o processo de achar motivos lógicos e racionais aceitáveis 
para pensamentos e acções inaceitáveis. É o processo através do qual uma 
pessoa apresenta uma explicação que é logicamente consistente ou 
10 
eticamente aceitável para uma atitude, acção, ideia ou sentimento que causa 
angústia. Usa-se a Racionalização para justificar comportamentos quando, 
na realidade, as razões para esses actos não são recomendáveis. 
A afirmação quotidiana de que "eu só estou fazendo isto para seu 
próprio bem" pode ser a Racionalização do sentimento ou pensamento de 
que "eu quero fazer isto para você, eu não quero que me façam isto ou até 
mesmo, eu quero que você sofra um pouco". Também pode ser 
Racionalização a afirmação de que "eu acho que estou apaixonado por 
você". Na realidade poderia estar sentido que "estou ligado no teu corpo, 
quero que você se ligue no meu". 
Racionalização é um modo de aceitar a pressão do Superego, de 
disfarçar verdadeiros motivos, de tornar o inaceitável mais aceitável. 
Enquanto obstáculo ao crescimento, a Racionalização impede a pessoa de 
aceitar e de trabalhar com as forças motivadoras genuínas, apesar de menos 
recomendáveis. 
Formação Reactiva 
Esse mecanismo substitui comportamentos e sentimentos que são 
diametralmente opostos ao desejo real. Trata-se de uma inversão clara e, 
em geral, inconsciente do verdadeiro desejo. Como outros mecanismos de 
defesa, as formações reactivas são desenvolvidas, em primeiro lugar, na 
infância. As crianças, assim como incontáveis adultos, tornam-se 
conscientes da excitação sexual que não pode ser satisfeita, evocam 
consequentemente forças psíquicas opostas a fim de suprimirem 
efectivamente este desprazer. Para essa supressão elas costumam construir 
barreiras mentais contrárias ao verdadeiro sentimento sexual, como por 
exemplo, a repugnância, a vergonha e a moralidade. 
Não só a ideia original é reprimida, mas qualquer vergonha ou auto-
reprovação que poderiam surgir ao admitir tais pensamentos em si próprios 
também são excluídas da consciência. 
Infelizmente, os efeitos colaterais da Formação Reactiva podem 
prejudicar os relacionamentos sociais. As principais características 
reveladoras de Formação Reactiva são seu excesso, sua rigidez e sua 
extravagância. O impulso, sendo negado, tem que ser cada vez mais 
ocultado. 
Através da Formação Reactiva, alguns pais são incapazes de admitir 
um certo ressentimento em relação aos filhos, acabam interferindo 
exageradamente em suas vidas, sob o pretexto de estarem preocupados 
com seu bem-estar e segurança. Nesses casos a superprotecção é, na 
verdade, uma forma de punição. O esposo pleno de raiva contra sua esposa 
pode manifestar sua Formação Reactiva tratando-a com formalidade 
exagerada: "não é querida..." A Formação Reactiva oculta partes da 
11 
personalidade e restringe a capacidade de uma pessoa responder a eventos 
e, dessa forma, a personalidade pode tornar-se relativamente inflexível. 
Projecção 
O ato de atribuir a uma outra pessoa, animal ou objecto as qualidades, 
sentimentos ou intenções que se originam em si próprio, é denominado 
projecção. É um mecanismo de defesa através do qual os aspectos da 
personalidade de um indivíduo são deslocados de dentro deste para o meio 
externo. 
A ameaça é tratada como se fosse uma força externa. A pessoa com 
Projecção pode, então, lidar com sentimentos reais, mas sem admitir ou 
estar consciente do fato de que a ideia ou comportamento temido é dela 
mesma. 
Alguém que afirma textualmente que "todos nós somos algo 
desonestos" está, na realidade, tentando projectar nos demais suas próprias 
características. Ou então, dizer que "todos os homens e mulheres querem 
apenas uma coisa, sexo", pode reflectir uma Projecção nos demais de estar 
pessoalmente pensando muito a respeito de sexo. Outras vezes dizemos 
que "inexplicavelmente Fulano não gosta de mim", quando na realidade 
sou eu quem não gosta do Fulano gratuitamente. 
Sempre que caracterizamos algo de fora de nós como sendo mau, 
perigoso, pervertido, imoral e assim por diante, sem reconhecermos que 
essas características podem também ser verdadeiras para nós, é provável 
que estejamos a projectar. 
Pesquisas relativas à dinâmica do preconceito mostraram que as 
pessoas que tendem a estereotipar outras também revelam pouca 
percepção de seus próprios sentimentos. As pessoas que negam ter um 
determinado traço específico de personalidade são sempre mais críticas em 
relação a este traço quando o vêem nos outros. 
Regressão 
Regressão é um retorno a um nível de desenvolvimento anterior ou a um 
modo de expressão mais simples ou mais infantil. É um modo de aliviar a 
ansiedade escapando do pensamento realístico para comportamentos que, 
em anos anteriores, reduziram a ansiedade. Linus, nas estórias em 
quadrinhos de Charley Brown, sempre volta a um espaço psicológico 
seguro quando está sob tensão. Ele se sente seguro quando agarra seu 
cobertor, tal como faria ou fazia quando bebé. 
A regressão é um modo de defesa bastante primitivo e, embora 
reduza a tensão, frequentemente deixa sem solução a fonte de ansiedade 
original. 
12 
Sublimação 
A energia associada a impulsos e instintos socialmente e pessoalmente 
constrangedores é, na impossibilidade de realização destes, canalizada para 
actividades socialmente meritórias e reconhecidas. A frustração de um 
relacionamento afectivo e sexual mal resolvido, por exemplo, é sublimada 
na paixão pela leitura ou pela arte. 
Deslocamento 
É o mecanismo psicológico de defesa onde a pessoa substitui a finalidade 
inicial de uma pulsão por outra diferente e socialmente mais aceita. 
Durante uma discussão, por exemplo, a pessoa tem um forte impulso em 
socar o outro, entretanto, acaba deslocando tal impulso para um copo, o 
qual atira ao chão. 
Referência 
Ballone GJ - Alfred Adler, in. PsiqWeb, internet, disponível em 
http://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2005 
• - baseado no livro "Teorias da Personalidade"- J. Fadiman, R. Frager - 
Harbra - 1980 para saber mais: Tipos Psicológicos - C.G.Jung - Zahar 
Editores - RJ - 1980 
13 
Transtornos de Personalidade 
Os Transtornos da Personalidade caracterizampessoas que não têm 
uma maneira absolutamente normal de viver (do ponto de vista estatístico e 
comparando com a média das outras pessoas) mas não chegam a preencher 
os critérios para um transtorno mental franco. 
Estas alterações quando permanentes, diferem das alterações 
patológicas que podem surgir de um momento para outro, constitui o que 
poderíamos chamar de Ego Patológico ou Transtorno de Personalidade 
(Ey). 
De acordo com Henri Ey, entendendo o Ego como equivalente à 
Personalidade, a liberdade e a individualidade características da 
personalidade normal estariam comprometidas em determinadas alterações 
permanentes da maneira de existir no mundo, como se ap pessoa fosse 
refém de seus próprios traços, inflexíveis e permanentes. 
O Transtorno de Personalidade seria uma maneira de actuar 
permanente, continuada e duradoura de um Ego não-normal, ao contrário 
das alterações francamente patológicas que podem ocorrer durante a vida, à 
partir de um momento definido (tal qual as crises, os surtos, os processos 
patológicos). 
Em psicopatologia, as anormalidades da personalidade se reportam, 
principalmente, à possibilidade que se tem de classificar determinada 
personalidade como sendo desta ou daquela maneira de existir, enquanto o 
normal seria a pessoa ser "um pouco de tudo", ou seja, ter um pouco de 
cada característica humana sem prevalecer patologicamente nenhuma delas. 
Desta forma, diante da possibilidade de se destacar um traço 
marcante, específico e característico numa determinada pessoa, ou seja, 
diante do fato desta personalidade ser caracterizada por um determinado 
traço, torna-se possível sua classificação. 
Caso ainda esta característica responsável por sua classificação, 
prejudique a liberdade desta personalidade ser livre e desimpedida de 
qualquer estigma limitador de sua maneira de ser, caso ainda essa 
característica faça sofrer seu portador ou outras pessoas, aí então, ao invés 
de estarmos diante de apenas um certo tipo de personalidade, ou de um 
certo traço, estaremos diante de um Transtorno de Personalidade. 
Karl Jaspers afirma serem anormais as personalidades que fazem 
sofrer tanto o indivíduo quanto aqueles que o rodeiam. Para ele as 
personalidades anormais representam variações não-normais da natureza 
humana e que, na eventualidade de superpor-se à elas algum processo, 
tornar-se-iam personalidades propriamente mórbidas (doentias). Jaspers 
aborda o tema sob a ótica das variações do existir humano de origem 
constitucional (que fazem parte da pessoa). 
14 
Assim sendo, podemos considerar a maneira própria das 
Personalidades Anormais de ser no mundo como uma apresentação do 
indivíduo diante da vida situada nas extremidades da faixa de tolerância de 
sanidade pelo sistema cultural. Estas personalidades anormais seriam 
alterações perenes do caráter caracterizando não apenas a maneira de 
ESTAR no mundo mas, sobretudo, a maneira do indivíduo SER no 
mundo. 
A Organização Mundial de Saúde trata o assunto sob o titulo de 
Transtornos da Personalidade e de Comportamentos, especificando-os nos 
títulos de F60 até F69 na Classificação Internacional das Doenças (CID-
10). Descreve tais transtornos da seguinte maneira: 
“Estes tipos de condição (Transtornos de Personalidade) abrangem padrões de 
comportamento profundamente arraigados e permanentes, manifestando-se como respostas 
inflexíveis a uma ampla série de situações pessoais e sociais. Eles representam desvios 
extremos ou significativos do modo como o indivíduo médio, em uma dada cultura, 
percebe, pensa, sente e, particularmente, se relaciona com os outros. Tais padrões de 
comportamento tendem a ser estáveis e a abranger múltiplos domínios de comportamento 
e funcionamento psicológico. Eles estão frequentemente, mas não sempre, associados a 
graus variados de angústia subjetiva e a problemas no funcionamento e desempenho 
sociais”. 
Os Transtornos de Personalidade, segundo ainda o CID-10, são 
condições do desenvolvimento da personalidade, aparecem na infância ou 
adolescência e continuam pela vida adulta. Esta condição diferencia o 
Transtorno da Alteração da Personalidade. Esta última (Alteração), sucede 
durante a vida como consequência de algum outro transtorno emocional 
ou mesmo seguindo-se à stress grave. 
O Transtorno de Personalidade, conforme esta classificação diz, ao 
tratar dos Transtornos Específicos (uma subdivisão dos Transtornos em 
geral), são perturbações graves da constituição do carácter e das tendências 
comportamentais, portanto, não são adquiridas do meio. Desta forma, os 
Transtornos de Personalidade seriam modalidades incomuns do indivíduo 
interagir com sua vida, de se manifestar socialmente, de experimentar 
sentimentos (ou não experimentá-los). A CID-10 apresenta entre os títulos 
F60 e F69 uma grande variedade de subtipos de Transtornos de 
Personalidade. Procuraremos aqui compatibilizá-los todos com outras 
classificações de forma a abordar os tipos sinónimos com a mesma 
descrição. 
O DSM-III-R falava sobre o que deve ser entendido dos Distúrbios 
da Personalidade de maneira muito próxima ao que a O.M.S. considera 
válido para seus Transtornos da Personalidade; 
"Características de personalidade são padrões duradouros de percepção, relação e 
pensamento acerca do ambiente e de si mesmo, e são exibidos numa ampla faixa de 
15 
contextos sociais e pessoais importantes. É somente quando as características de 
personalidade são inflexíveis e inadaptadas, e causam um comprometimento funcional 
significativo é que elas constituem os Transtornos da Personalidade. As manifestações 
dos Transtornos da Personalidade são, freqüentemente, reconhecíveis na adolescência ou 
mais cedo, e continuam por quase toda a vida adulta, embora elas muitas vezes se 
tornem menos óbvias nas faixas médias ou extremas de idade". 
O DSM-IV fala dos Transtornos da Personalidade da seguinte forma: 
"Um Transtorno da Personalidade é um padrão persistente de vivência íntima ou 
comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é 
invasivo e inflexível, tem seu início na adolescência ou começo da idade adulta, é estável 
ao longo do tempo e provoca sofrimento ou prejuízo." 
Aspectos Psicobiológicos e Transtornos de Personalidade 
As diferenças biológicas individuais têm sido há muito tempo relacionadas 
à diversos tipo de temperamento e de personalidade e cada avanço da 
ciência torna mais clara a interacção dos factores genéticos e ambientais na 
determinação da constituição da pessoa. 
Modernamente considera-se que o estudo dos Transtornos da 
Personalidade se estrutura sobre quatro domínios psicobiológicos. São eles: 
1. A regulação dos impulsos; 
2. A modulação afectiva; 
3. A organização cognitiva e; 
4. O controle da ansiedade. 
E estudo dessas, digamos, funções psíquicas, extremamente 
relacionadas às alterações da personalidade, tem recebido substancial 
contribuição pelos modernos métodos de avaliação bioquímica, pelos 
exames neuropsicológicos e pelas imagens computadorizadas das 
tomografias e dos aparelhos de emissão de pósitrons. 
Transtorno Paranóide de Personalidade 
A característica essencial deste distúrbio é uma tendência global e 
injustificável para interpretar as ações das pessoas como deliberadamente 
humilhantes ou ameaçadoras. Tem normalmente início no final da 
adolescência ou no começo da idade adulta. Quase invariavelmente há uma 
crença de estar sendo explorado ou prejudicado pelos outros de alguma 
forma e, por causa disso, a lealdade e fidelidade das pessoas estão sendo 
sempre questionadas. Muitas vezes o portador deste Transtorno é 
patologicamente ciumento e questionador da fidelidade do cônjuge, ao 
ponto de causar situações francamente constrangedoras. 
O portador deste distúrbio de personalidade pode interpretar 
acontecimentos triviais e rotineiros como humilhantes e ameaçadores, 
desde um erro casual no saldo bancário, até um cumprimento não efusivo 
16 
podem significar atitudes premeditadamentemaldosas. Há uma 
sensibilidade exagerada às contrariedades ou a tudo que possa ser 
interpretado como rejeição, uma tendência para distorcer as experiências, 
interpretando-as como se fossem hostis ou depreciativas, ainda que neutras 
e amistosas (pensamento paranóide). Estas pessoas podem sentir-se 
irremediavelmente humilhadas e enganadas, consequentemente agressivas e 
insistentemente reivindicadoras de seus direitos. 
Sobrevalorizam sua própria importância, as suas ideias são as únicas 
correctas e seus pontos de vistas não devem ser contestadas, daí a 
facilidade em conquistar inimigos e a tendência em pensamentos auto-
referentes. São desconfiadas, teimosas, dissimuladoras e obstinadas, vivem 
numa solidão frequentemente confundida com timidez, como se não 
houvesse no mundo pessoas com quem pudessem partilhar sua 
prodigalidade, dignidade e seus sentimentos superiores. 
As pessoas com Transtorno Paranóide da Personalidade são 
extremamente sarcásticas em suas críticas, irónicas ao extremo nos 
comentários e contornam as eventuais situações constrangedoras 
recorrendo a artimanhas teatrais e chantagens emocionais. Não toleram 
críticas dirigidas à sua pessoa e qualquer comentário neste sentido é 
entendido como declaração de inimizade. 
Pelo entusiasmo com que valorizam suas ideias, sempre as únicas 
corretas, podem ser vistos como fanáticos nas várias áreas do pensamento; 
seja religioso, político, ético ou profissional. Gostam de fantasiar mas tem 
dificuldades em distinguir a fantasia da realidade. Pessoas com estes 
distúrbios são hiper-vigilantes e tomam precaução contra qualquer ameaça 
percebida. 
A afectividade, nestes casos, é muitas vezes restrita e pode parecer 
fria, dado ao gosto destas pessoas em serem sempre objectivas, racionais e 
pouco emocionais. 
Recomenda-se, como critérios para este Transtorno, que sejam 
caracterizados por: 
a) sensibilidade exagerada à contratempos e rejeições; 
b) tendência a guardar rancores persistentemente, isto é, recusam à perdoar 
aquilo que julgam como insultos ou desfeitas: 
c) desconfiança e tendência à interpretar erroneamente as experiências 
amistosas ou neutras; 
d) obstinado senso de direitos pessoais em desacordo com a situação real; 
e) suspeitas injustificáveis em relação à fidelidade (conjugal ou de amigos); 
f) autovalorização excessiva; 
g) pressuposições quanto à conspirações 
17 
Transtorno Esquizóide de Personalidade 
Este tipo de distúrbio é verificado em pessoas que exibem um 
padrão de afastamento social persistente, um constante desconforto nas 
interações humanas, uma excentricidade de comportamento e pensamento, 
isolamento e introversão. O esquizóide nos dá a impressão de desinteresse, 
reserva e falta de envolvimento com os acontecimentos cotidianos e com 
as preocupações alheias, normalmente ele tem pouca necessidade de 
vínculos emocionais. 
Este tipo de personalidade reflecte interesses na solidão, em 
trabalhos solitários e em actividades não competitivas. Por outro lado, estas 
pessoas são capazes de investir grande energia afectiva em interesses que 
não envolvam seres humanos e podem ligar-se muito aos animais. 
Normalmente são os últimos a aceitarem as variações da moda popular, 
mas normalmente mantém-se algo excêntricos. 
Frequentemente absorvem-se em certas obsessões acerca de dietas 
esdrúxulas, programas de saúde alternativos, movimentos religiosos e 
filosóficos incomuns, esquemas de aperfeiçoamento sócio-culturais, 
associações mais ou menos secretas de assuntos esotéricos. Embora 
pareçam absortos em devaneios fantasiosos e fantásticos, não perdem a 
capacidade de reconhecer a realidade. Não obstante os Esquizóides podem 
oferecer ao mundo idéias realmente criativas e originais. 
Juntando os critérios estabelecidos pelo DSM-IV e pelo CID-10 para 
o diagnóstico deste tipo de transtorno podemos recomendar o seguinte: 
a) um padrão de indiferença às relações sociais e uma variação pobre 
da expressão emocional; 
b) indiferença aos sentimentos alheios; 
c) questionamento, indisposição e desrespeito às normas e 
obrigações sociais; 
d) pouco interesse em relações sexuais; 
e) preferência quase invariável por atividades solitárias; 
f) preocupação excessiva com fantasias e introspecção; 
g) falta de amigos íntimos, relacionamentos confidentes e a falta de 
desejo de tais relacionamentos; 
h) raramente vivenciam emoções fortes, como raiva e alegria; 
i) indiferença à elogios e críticas. 
As pessoas Esquizóides sentem-se frequentemente incompreendidas, 
o que reforça a tendência ao isolamento e ao afastamento dos mortais 
comuns. Este ausente sentimento de companheirismo normalmente é 
compensado pelo zelo apaixonado pela leitura, pelos animais ou alguma 
outra expressão artística de difícil compreensão. 
Transtorno Explosivo da Personalidade 
18 
Na CID-10 o Transtorno Explosivo da Personalidade aparece como 
Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável. Aqui, a 
característica mais marcante é uma tendência a agir impulsivamente, 
desprezando as eventuais consequências do ato impulsivo, juntamente com 
instabilidade afectiva. Os frequentes acessos de raiva podem levar à 
violência ou à explosões comportamentais. Tais crises de agressividade e 
explosividade podem ser desencadeadas mais facilmente quando as atitudes 
impulsivas são criticadas ou impedidas pelos outros. 
Estes distúrbios são caracterizados pela instabilidade do estado de 
ânimo com possibilidades de explosões de raiva, ódio, violência ou afeição. 
A agressão pode ser expressada fisicamente ou verbalmente e as explosões 
fogem ao controle das pessoas afectadas. Entretanto, tais indivíduos não 
tem conduta anti-social e, pelo contrário, são simpáticas, bem falantes, 
sociáveis e educadas quando fora das crises. 
A extrema sensibilidade aos aborrecimentos causados pelos pequenos 
estímulos ambientais produz, nos explosivos, respostas de súbita violência 
e incontida agressividade. Normalmente chamamos estas pessoa de pavio-
curto ou de cinco-minutos. No DSM-III-R a caracterização mais 
compatível com esta personalidade era o denominado de Distúrbio 
Explosivo Intermitente. 
De acordo com o DSM-III-R, estes indivíduos apresentam episódios 
de perda de controle sobre os impulsos agressivos resultando em agressões 
ou destruição de propriedade e, normalmente, a agressividade expressada é 
totalmente desproporcional aos estressores ambientais que possam tê-la 
desencadeado. Estes episódios geralmente são seguidos de 
arrependimentos ou auto-reprovação, os quais são capazes de produzir 
variados graus de depressão como uma espécie de ressaca moral pelos 
procedimentos cometidos. 
A instabilidade na escolha de objectivos, valores e aspirações 
profissionais em constante mudança é responsável pela acentuada 
inconstância no ritmo e estilo e tipo de vida dessas pessoas. O indivíduo 
pode exibir súbitas mudanças de opiniões e planos acerca da carreira, dos 
valores e dos tipos de amigos desejáveis. 
O Transtorno da Personalidade Borderline (tipo Explosivo) favorece 
a instabilidade afectiva em consequência à uma acentuada reactividade do 
humor. Este humor disfórico básico dos indivíduos com Transtorno da 
Personalidade Borderline é caracterizado por períodos de raiva, pânico ou 
desespero. Esses episódios podem reflectir a extrema reactividade do 
indivíduo a stresses interpessoais. Subjectivamente essas pessoas com 
Transtorno da Personalidade Borderline podem ser incomodadas por 
sentimentos crónicos de vazio. Facilmente entediados, podem estar sempre 
procurando algo para fazer. 
19 
Os indivíduos com este transtorno frequentemente expressam raiva 
intensa e inadequada ou têm dificuldade para controlar essa raiva. São 
constantes também o extremo sarcasmo, a persistente amargura ou 
explosões verbais. A raiva frequentemente vem à tona quando uma pessoa 
de sua simpatia é tida por eles como negligente, omisso, indiferente ou 
prestes a abandoná-lo. Durante períodos de extremo stress, podem ocorrer 
ideação paranóideou sintomas dissociativos transitórios (por ex., 
despersonalização) mas estes, em geral, têm gravidade ou duração 
insuficiente para indicarem um outro diagnóstico psiquiátrico. 
Transtorno Histriónico da Personalidade 
A Personalidade Histérica, referida na CID-10 como Transtorno 
Histriónico de Personalidade ou Histérica, conforme denominação mais 
antiga, é caracterizada por um comportamento colorido, dramático e 
extrovertido que se apresenta sempre exuberantemente. É um dos únicos 
distúrbios de personalidade mais frequentes no sexo feminino, onde os 
pacientes apresentam uma tendência de comportamento em busca de 
atenção. 
Os histriónicos tendem a exagerar seus pensamentos e sentimentos, 
apresentam acessos de mau humor, lágrimas e acusações sempre que 
percebem não serem o centro das atenções ou quando não recebem elogios 
e aprovações. Frequentemente animados e dramáticos, tendem a chamar a 
atenção sobre si mesmos e podem, de início, encantar as pessoas com 
quem travam conhecimento por seu entusiasmo, aparente franqueza ou 
capacidade de sedução. Tais qualidades, contudo, perdem sua força à 
medida que esses indivíduos continuamente exigem o papel de "dono da 
festa". 
Manifestam pronunciados traços de vaidade, egocentrismo, 
exibicionismo e dramaticidade. No afã de representar um papel que lhes é 
negado pela vida ou por suas próprias limitações pessoais, os histriónicos 
fazem teatro para si e para todos os demais, a sua grande plateia. Pode 
haver fases onde eles já não sabem onde termina a realidade e começa a 
fantasia, passando a acreditar em seus próprios mitos e em suas próprias 
encenações. 
Às vezes, devido sua excepcional teatralidade, esta tendência em 
polarizar as atenções é perfeitamente dissimulada sob o papel de 
coitadinho(a), ou de um retraimento social tão lamentável que é capaz de 
chamar mais a atenção que uma participação mais normal. As mães com 
esta personalidade podem idealizar manobras que objectivam fazer seus 
20 
filhos se compadecerem de seu estado "lastimável" e provocar 
arrependimentos vários. São pessoas que estão sempre a se queixar de 
incompreensão mas jamais tentam compreender os outros ou entender que 
os outros não têm obrigação de compreendê-los. 
Essas pessoas glorificam a doença, as queixas somáticas e atribuem 
todos eventuais fracassos ou limitações à eventuais transtornos orgânicos 
que os independem de sua sempre presente boa vontade. A somatização, 
dissociação e repressão são os mecanismos de defesa mais intensamente 
utilizados por eles. Tão intensos são estes mecanismos de defesa que 
reconhecerem seus próprios sentimentos e suas tendências de 
personalidade torna-se praticamente impossível. 
Sexualmente, a personalidade histriónica determina nas mulheres um 
comportamento sedutor, provocante, coquete e com tendência a erotizar as 
relações não sexuais do dia-a-dia. As fantasias sexuais com as pessoas pelas 
quais estão envolvidos são comuns e, embora volúveis, o arremate final do 
jogo sexual costuma não ser satisfatório. 
O DSM-IV e o CID-10 recomendam como critérios para o 
diagnóstico do Transtorno Histriónico da Personalidade, um padrão 
generalizado de excessiva emotividade e busca de atenção, indicado pelas 
seguintes características: 
a) busca constante ou exigência de afirmação, aprovação ou elogios; 
b) autodramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções; 
c) alta sugestionabilidade, facilmente influenciada pelos outros ou por 
certas circunstâncias; 
d) sedução inapropriada em aparência ou comportamento; 
e) preocupação excessiva com a atractividade física; 
f) expressão de emoções exageradamente; 
g) expressão de emoções rapidamente mutável; 
h) egocentrismo nas satisfações; 
i) intolerância severa às frustrações e à não-satisfação; 
j) discurso impressionista e superficial. 
O Transtorno da Personalidade Histriónica proporciona um alto 
grau de sugestionabilidade. Suas opiniões e sentimentos são facilmente 
influenciados pelos outros e por tendências do momento. Há uma certa 
perda da inibição social nessas pessoas. Isso faz com que, muitas vezes, 
considerem os relacionamentos mais íntimos do que são de fato, dirigindo-
se à, praticamente, qualquer pessoa conhecida recentemente como "meu 
querido, meu amigo" ou chamando um médico por seu prenome mesmo 
na primeira consulta. 
21 
Uma das marcas mais características das pessoas com Transtorno da 
Personalidade Histriónica é tentar controlar as pessoas através da 
manipulação emocional ou sedução. Por causa disso eles tendem afastar os 
amigos com suas exigências de constante atenção. 
Estes indivíduos em geral manifestam intolerância ou frustração por 
situações que envolvem um adiamento da gratificação, sendo que suas 
acções frequentemente são voltadas à obtenção de satisfação imediata, ou 
seja, têm extrema dificuldade em esperar ou contemporizar situações. 
Transtorno Ansioso da Personalidade 
A marca característica deste Transtorno de Personalidade é a persistência e 
continuidade de tensão e apreensão. Como consequência disso o portador 
deste tipo psicológico experimenta a crença frequente de ser socialmente 
inepto, desinteressante e desagradável, portanto, inferior aos demais. Na 
realidade, a ansiedade aparece com maior exuberância sempre que tais 
pessoas vislumbrem a possibilidade de serem objecto de apreciação por 
parte dos demais. 
Normalmente, devido aos sentimentos supra-referidos, há 
isolamento social e, como o próprio nome do transtorno diz, uma 
constante evitação social. O que, de fato, eles evitam é a possibilidade de 
experimentarem sentimentos desagradáveis de desapreço ao se submeterem 
ao jugo público. Com frequência se utilizam de mentiras com a intenção de 
dissimularem sua real situação existencial, pois, de qualquer forma, acham 
que se os interlocutores souberem como eles são realmente, perderão todo 
interesse em suas pessoas. 
Assim sendo, a pessoa com este transtorno está sempre dissimulando 
sua verdadeira performance social, interpessoal ou psicológica, procurando 
aparentar aquilo que, decididamente, não é. Isso tudo por que, como 
dissemos, tem uma preocupação excessiva em estar sendo criticada ou 
rejeitada em quase todas situações sociais. Há também, aqui, uma severa 
relutância no envolvimento com outras pessoas, sempre motivada pelo 
medo da crítica, como dissemos. Poderão envolver-se caso tenham certeza 
absoluta de sua apreciação. 
Os critérios do DSM.IV para o diagnóstico são: 
a) sentimentos persistentes e invasivos de tensão e apreensão; 
b) crença constante de ser socialmente inepto, pessoalmente 
desinteressante ou inferior aos demais; 
c) preocupação excessiva em ser criticado ou rejeitado em situações sociais; 
d) relutância em se envolver com pessoas, a não ser quando absolutamente 
certo de ser apreciado; 
e) restrições ao estilo de vida devida à necessidade de segurança física; 
22 
f) evitação de actividades sociais e ocupacionais que envolvam contacto 
interpessoal significativo por medo de opiniões a seu respeito. 
Transtorno Obsessivo-Compulsivo da Personalidade (Anancástico) 
Há, neste Transtorno de Personalidade, um padrão generalizado de 
perfeccionismo e inflexibilidade. As pessoas assim preocupam-se com a 
observância das normas, das regras, com a organização e com os detalhes. 
Normalmente são escravizados pelo simétrico, pelo limpo e pela ordem das 
coisas, desde a arrumação de seus pertences pessoais (guarda-roupas, 
gavetas, mesas), até a organização extremamente cuidadosa de coisas 
relacionadas à ocupação e profissão. 
A preocupação com a origem geral das coisas é tanta que, não raras 
vezes, é impossível conciliar o sono se lhes vier à mente a impressão de que 
os chinelos estão desarrumados, ou que há uma gaveta semi-aberta, ou que 
talvez a porta não esteja trancada e assim por diante. Evidentemente, 
observamos também um zelo exagerado para com a arrumação do 
banheiro, havendo desconforto se este se encontrar respingado, com uma 
torneira gotejante oucom algo fora de lugar. 
Estas pessoas são incapazes de suportar tudo aquilo que consideram 
como infracção às suas próprias determinações de organização, por isso 
são inflexíveis consigo próprios e com os que lhes são mais próximo na 
observância de suas leis. O exagerado perfeccionismo, a precisão 
meticulosa na arrumação das coisas e a constante repetição para que tudo 
saia da forma obsessivamente idealizada tornam estes indivíduos muito 
enfadonhos. 
Estas características de obsessão rigidamente voltadas para a 
perfeição, somadas ao medo de que algo pode não estar perfeito fazem 
com que estas pessoas tenham muita dificuldade para terminarem aquilo 
que começaram. Não importa quão boa esteja a realização em pauta mas 
sim a obsessiva impressão de que algo esteja faltando, algo não esteja 
correcto ou imperfeito. 
Os obsessivos têm dificuldade em expressar sentimentos de ternura, 
compaixão e compreensão aos sentimentos e comportamentos dos outros. 
Quando eles se dão ao luxo do lazer e recreação, fazem isso com tanto 
planejamento e meticulosidade a ponto de sacrificarem o próprio prazer 
em benefício das regras e normas para que tenham prazer. 
Os critérios para diagnóstico deste Transtorno de Personalidade 
Obsessivo-Compulsivo podem ser agrupados da seguinte forma: 
a) sentimentos de dúvida e cautela exagerados; 
b) preocupação com detalhes, regras listas, ordem, organização e esquemas; 
c) perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas; 
23 
24 
d) escrupulosidade excessiva com a produtividade, concomitante à quase 
exclusão do prazer; 
e) aderência excessiva à algumas convenções sociais; 
f) inflexibilidade, rigidez e teimosia; 
g) insistência para que os outros se submetam aos seus conceitos de valor 
em relação à maneira de fazer as coisas; 
h) evitam tomar decisões acreditando haver sempre outras prioridades; 
i) falta de generosidade e de sentimentos de compaixão e tolerância para 
com os outros; 
j) dificuldade em descartar-se de objectos usados. 
Ballone GJ - Transtornos da Personalidade, PsiqWeb, internet, disponível em 
www.psiqweb.med.br, revisto em 2005. 
	0B0B0BSigmund Freud
	2B2B2BConsciente, Pré-Consciente e Inconsciente
	3B3B3BPulsões ou Instintos
	11B11B11BInstintos Básicos
	12B12B12BLibido e Energia Agressiva
	13B13B13BCatexia
	4B4B4BEstrutura da Personalidade
	14B14B14BO Id
	15B15B15BO Ego
	16B16B16BO Superego
	5B5B5BRelações entre os Três Subsistemas
	6B6B6BObstáculos ao Crescimento 
	7B7B7BAnsiedade
	8B8B8BMecanismos de Defesa
	17B17B17BRepressão
	18B18B18BNegação
	19B19B19BRacionalização
	20B20B20BFormação Reactiva
	21B21B21BProjecção
	22B22B22BRegressão
	23B23B23BSublimação
	24B24B24BDeslocamento
	9B9B9BReferência
	1B1B1BTranstornos de Personalidade
	10B10B10BAspectos Psicobiológicos e Transtornos de Personalidade
	25B25B25BTranstorno Paranóide de Personalidade
	26B26B26BTranstorno Esquizóide de Personalidade
	27B27B27BTranstorno Histriónico da Personalidade
	28B28B28BTranstorno Ansioso da Personalidade
	29B29B29BTranstorno Obsessivo-Compulsivo da Personalidade (Anancástico)

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