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Ensaios de Dureza Vickers e Microdureza – Revisão 04 Profa. Lucia Barbosa Página 1 FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA Centro:________ Disciplina:___________________________ Turma:_______ Data:___/___/___ Aluno(a):____________________________________________ Matrícula:__________________ ENSAIOS MECÂNICOS – ENSAIO DE DUREZA VICKERS E MICRODUREZA 1-4 Dureza Vickers (HV) a) Introdução O ensaio desenvolvido por Smith e Sandland, em 1925, ficou conhecido como ensaio de dureza Vickers porque a empresa que fabricava as máquinas mais difundidas para operar com este método chamava-se Vickers-Armstrong. Este método leva em conta a relação ideal entre o diâmetro da esfera do penetrador Brinell e o diâmetro da calota esférica obtida, e vai além porque utiliza outro tipo de penetrador, que possibilita medir qualquer valor de dureza, incluindo desde os materiais mais duros até os mais moles. Isso não quer dizer que o ensaio Vickers resolva todos os problemas de avaliação de dureza dos materiais. Mas, somado aos outros dois métodos já estudados, é um bom caminho para atender às necessidades de processos industriais cada vez mais exigentes e sofisticados. b) Técnica do ensaio O princípio do ensaio é semelhante aos demais, ou seja, aplica-se uma carga pré- estabelecida através de um penetrador de forma e dimensões conhecidas sobre a superfície da peça a ensaiar. A dureza Vickers se baseia na resistência que o material oferece à penetração de uma pirâmide de diamante de base quadrada e ângulo entre faces de 136°, sob uma determinada carga, como pode ser visto na Figura 1. Figura 1 – Penetrador e impressão Vickers O valor da dureza Vickers (HV) é o quociente da carga aplicada (F) pela área de impressão (A) deixada no corpo de prova ensaiado. Essa relação, expressa em linguagem matemática é a seguinte: Ensaios de Dureza Vickers e Microdureza – Revisão 04 Profa. Lucia Barbosa Página 2 A máquina de dureza Vickers não fornece o valor da área de impressão da pirâmide, mas permite obter, por meio de um microscópio acoplado, as medidas das diagonais (d1 e d2), formadas pelos vértices opostas da base da pirâmide, como pode ser visto na Figura 2. Figura 2 – Visualização da impressão da dureza Vickers Conhecendo as medidas das diagonais, é possível calcular a área da pirâmide de base quadrada (A), utilizando a fórmula: Voltando à fórmula para cálculo da dureza Vickers e substituindo A pela fórmula acima, tem-se: ����Como Q é dada em kgf e d em mm, a dimensão da dureza Vickers é N/mm2 ou kgf/mm2. • Penetrador utilizado Pirâmide de diamante de base quadrada, com um ângulo de 136o entre as faces opostas (produz valores de dureza semelhantes). • Cargas utilizadas A carga varia de 1 até 120 kgf. A mudança da carga é necessária para se obter uma impressão regular, sem deformação e de tamanho compatível para a medida de suas dimensões no visor da máquina. ����Por uma questão de padronização, as cargas recomendadas são: 1, 2, 3, 4, 5, 10, 20, 30, 40, 60, 80, 100 e 120 kgf. Como o penetrador é praticamente indeformável e como todas as impressões são semelhantes entre si, não importando o seu tamanho, a dureza Vickers é independente da carga, isto é, o número de dureza obtido é o mesmo qualquer que seja a carga utilizada (para materiais homogêneos). Ensaios de Dureza Vickers e Microdureza – Revisão 04 Profa. Lucia Barbosa Página 3 c) Defeitos de impressão Uma impressão perfeita, no ensaio Vickers, deve apresentar os lados retos. Entretanto, podem ocorrer defeitos de impressão, devidos ao afundamento ou à aderência do metal em volta das faces do penetrador como pode ser visto na Figura 3. Figura 3 – Defeitos de impressão da dureza Vickers Souza, 1982 • (a) Impressão perfeita • (b) Impressão defeituosa: afundamento L’ > L ⇒ Dureza menor que a real Ocorre em materiais recozidos (moles) • (c) Impressão defeituosa: aderência L’’ < L ⇒ Dureza maior que a real Ocorre em metais encruados (duros) Como o cálculo do valor de dureza Vickers utiliza a medida da média de duas diagonais, esses erros afetam o resultado da dureza: tem-se um valor de dureza maior do que o real nos casos de afundamento e um valor de dureza menor do que o real, nos casos de aderência. É possível corrigir esses defeitos alterando-se o valor da carga do ensaio para mais ou para menos, dependendo do material e do tipo de defeito apresentado. d) Vantagens • Fornece uma escala contínua de dureza, medindo toda a gama de valores de dureza numa única escala; • As impressões são extremamente pequenas e não inutilizam as peças, mesmo as acabadas; • O penetrador, por ser de diamante, é praticamente indeformável; • Aplica-se a materiais de qualquer espessura além de poder medir durezas superficiais. e) Desvantagens • Ensaio mais demorado; • Necessidade de preparação cuidadosa da superfície da amostra; • Ensaio globalmente menos econômico. f) Representação dos resultados A dureza Vickers é representada pelo valor de dureza, seguido do símbolo HV e de um número que indica o valor da carga aplicada. A representação 440HV 30 indica que o valor da dureza Vickers é 440 e que a carga aplicada foi de 30 kgf. O tempo normal de aplicação da carga varia de 10 a 15 segundos. Quando a duração da aplicação da carga é diferente, indica-se o tempo de aplicação após a carga. Por exemplo, na Ensaios de Dureza Vickers e Microdureza – Revisão 04 Profa. Lucia Barbosa Página 4 representação: 440 HV 30/20, o último número indica que a carga foi aplicada por 20 segundos. 1-5 Microdureza a) Introdução O ensaio de microdureza usualmente se refere a penetrações (endentações) estáticas provocadas por cargas menores que 1 kg. O penetrador pode ser a pirâmide de diamante Vickers ou a pirâmide alongada de Knoop. O procedimento de ensaio é muito semelhante ao do ensaio padrão Vickers, exceto que é feito numa escala microscópica, com instrumentos de precisão mais alta. A superfície a ser testada geralmente requer um acabamento metalográfico. Quanto menor a carga de ensaio, maior o grau de acabamento superficial necessário. Microscópios são usados para medir as impressões. Eles normalmente permitem aumentos de 500X e medem com precisão de ± 0,5 µm. 1-5-1 Microdureza Vickers a) Aplicação A microdureza Vickers é utilizada na determinação das profundidades de superfície carbonetada, temperada, nitretada, etc (muito duras). Também é utilizada na determinação de dureza de peças muito pequenas, extremamente finas ou microconstituintes individuais de uma microestrutura (grão de ferrita, perlita, etc). b) Técnica do ensaio A microdureza Vickers usa a mesma técnica utilizada pela dureza Vickers convencional. A microdureza produz uma impressão microscópica no material, empregando uma carga menor que varia de 10 gf a 1 kgf e o mesmo penetrador de diamante. Na microdureza, como a carga aplicada é muito pequena, a impressão produzida é microscópica, como pode ser visto na Figura 4. Figura 4 – Impressão microscópica ampliada da microdureza Vickers ����Deve-se multiplicar o resultado obtido na fórmula da dureza Vickers por 1000 porque nesse caso a carga Q é dada em gf e a diagonal L em µm. 1-5-2 Microdureza Knoop (HK) a) Introdução O método Knoop é utilizado para medição de microdureza com cargas também inferiores a 1 kg. Utiliza o mesmo equipamentoda dureza Vickers, diferenciando-se em relação ao penetrador. Ensaios de Dureza Vickers e Microdureza – Revisão 04 Profa. Lucia Barbosa Página 5 b) Técnica de ensaio A microdureza Knoop possui um penetrador de diamante em forma piramidal que produz uma impressão em forma de pirâmide, com uma relação entre diagonais de 7:1, conforme pode ser visto na Figura 5. A profundidade da penetração é a metade da obtida com um penetrador Vickers para uma mesma carga. Para determinação da dureza Knoop, somente a diagonal maior da impressão é medida. Por apresentar uma impressão mais estreita é indicada para medida de camadas eletrodepositadas ou endurecidas. Também é utilizada para medida de dureza de vidros e de camadas de tinta. Figura 5 – Visualização do penetrador Knoop 1-5-3 Comparação entre impressões das microdurezas Vickers e Knoop A Figura 6 mostra a comparação entre as impressões obtidas com as microdurezas Vickers e Knoop. Figura 6 – Comparações das impressões das microdurezas Vickers e Knoop 1-6 Conversão entre tipos de dureza É possível fazer conversões ou comparações entre escalas distintas de dureza. No entanto, os valores obtidos são usados simplesmente para comparação, devendo-se sempre usar o método de dureza mais adequado ao material, produto ou processo testado. Medir com um tipo de dureza inadequado e converter o resultado é um erro grave. Nas tabelas de dureza existentes nem todos os valores são comparáveis e alguns são listados entre parênteses, indicando que os valores estão fora da faixa recomendada. Referências SENAI - Telecurso 2000 Profissionalizante. São Paulo. SOUZA, S.A. Ensaios mecânicos de materiais metálicos. Edgar Blücher, São Paulo, 1982. www.cimm.org.br/portal/noticia/material_didatico (acesso em 03/10/2012) www.slideshare.net/alexleal3270/aula-de-dureza (acesso em 21/10/2012)
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