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INVENÇÃO ÉTICA PARA OS DIREITOS HUMANOS.
· O artigo discute a importância de se problematizar os fundamentos históricos, filosóficos e políticos das produções relacionadas aos direitos humanos, especialmente quando se comemoram os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
· O autor(a) argumenta que é comum perceber esses direitos como conquistas da civilização moderna em contraste com a barbárie do mundo antigo, como frutos de uma evolução em direção ao progresso do gênero humano.
· No entanto, o autor(a) considera importante analisar esses termos, que são muitas vezes percebidos como verdades tácitas, inquestionáveis e atribuídos a determinadas essências. O texto destaca a importância de se problematizar termos como barbárie, civilização, evolução, progresso, direitos e humano, entre outros.
· Este trecho apresenta a crítica de Michel Foucault à história clássica e oficial ensinada nas escolas, que é concebida como uma marcha contínua em direção a uma teleologia que representa o progresso, a civilização ou o fim da história. Segundo Foucault, isso leva ao etnocentrismo histórico, onde o mundo burguês nos faz acreditar nas qualidades da civilização moderna, desqualificando tudo o que a precedeu.
· José Carlos Rodrigues confirma que o presente no mundo ocidental julga e hierarquiza as diferentes histórias dos povos, e que a referência a algo ou alguém medieval é quase como uma categoria de acusação, uma vez que esse tempo é considerado como uma época de bárbaros.
· Este trecho discute como o conceito de barbárie é frequentemente percebido como um corpo estranho à civilização, uma espécie de herança maldita que persiste e cria uma dicotomia entre a civilização e a barbárie. 
· O autor(a) argumenta que essa dicotomia é um produto do nosso tempo, pois nunca se utilizou tanto esses dois conceitos, especialmente em um momento em que a segurança se torna a palavra de ordem. Com a segurança, vem o controle, a punição e a tutela, embora uma das funções da segurança seja dissimulá-los e naturalizá-los.
HISTORICIZANDO OS DIREITOS HUMANOS
· O autor argumenta que a dicotomia entre civilização e barbárie é uma construção histórica e ideológica que serve aos interesses do poder dominante na sociedade. Ele questiona a noção de progresso e evolução da civilização, que tem sido construída sobre a negação e a desqualificação do passado e de outras culturas tidas como bárbaras.
· O autor aponta para a sociedade disciplinar em que vivemos, que produz a morte e o extermínio de muitos em nome da sobrevivência de outros, sob a lógica do biopoder racista que sustenta o sistema capitalista. Por fim, ele defende a importância de reconhecer a interdependência entre opostos e de superar as problemáticas dessa lógica binária e excludente.
· Argumenta-se que os direitos humanos são uma construção histórica e ideológica que atende aos interesses da elite burguesa, garantindo seus privilégios, incluindo o direito à propriedade. A ideia de igualdade, liberdade e fraternidade, fundamentos dos direitos humanos, foi criada pela burguesia em sua luta contra a nobreza e o clero, bem como contra as massas pobres que desejavam uma república livre, igualitária e fraterna. 
· A perspectiva histórica de Foucault é utilizada para entender que as coisas são objetivações de práticas sociais determinadas e que o fazer se explica pelo que foi feito em cada momento da história.
· O autor argumenta que os direitos humanos sempre serviram para dar aos grupos subalternizados a ilusão de participação e que aqueles que são pobres e marginalizados sempre foram excluídos desses direitos. Esses direitos construíram subjetividades que definem a quais humanos os direitos devem ser direcionados. 
· Os marginalizados nunca fizeram parte do grupo que teve sua humanidade e direitos garantidos. Certos tipos de direitos foram defendidos dentro de certos modelos que se restringem a certos territórios e parâmetros que não podem ser ultrapassados.
· Este trecho destaca a ideia de que os direitos humanos e a concepção de homem são construções históricas que emergem em determinados momentos e contextos sociais, ao invés de serem essências universais e intemporais. Essas construções podem variar e ter diferentes formas em diferentes momentos da história, dependendo das práticas sociais, valores e ideologias em vigor.
· O autor sugere que uma abordagem alternativa para pensar sobre os direitos humanos seria considerá-los como diferentes modos de sensibilidade e de viver, em vez de uma essência universal. Essa abordagem reconhece a diversidade cultural e histórica na qual os direitos humanos são formulados e implementados, e permite a inclusão de outras formas de vida e experiências que não são tradicionalmente contempladas pelos modelos convencionais de direitos humanos.
· Por fim, o trecho destaca a importância de compreender a história e as contingências sociais que moldam a emergência dos conceitos de direitos humanos e de homem, e como essa compreensão pode ajudar a questionar e desafiar ideias pré-concebidas sobre esses temas.
· Destaca como a concepção de normalidade e anormalidade é essencial para a construção da noção de humano e, consequentemente, dos direitos humanos. Foucault mostra como a psiquiatria, ao buscar identificar e tratar os indivíduos considerados anormais, contribuiu para a criação de uma nova forma de ordenação social, baseada na normalização das populações.
· O normal é definido pela negação do anormal e a norma é o efeito da execução do projeto normativo. Assim, a construção da noção de humano e dos direitos humanos está intrinsecamente relacionada à definição do que é considerado normal ou anormal na sociedade.
· A norma é um conjunto de regras morais que existem pela possibilidade de sua infração. De acordo com Alain Badiou, a experiência do inumano é clara, mas a do humano é obscura, uma vez que o humano delimita o ponto de aplicação dos direitos do homem, sendo uma dupla negação, aquele que não é inumano. Dessa forma, a tendência é pensar sempre a partir da negação e do território da falta.
· O texto defende a afirmação de direitos e humanidade como processos imanentes e não garantidos apenas pelas leis normativas. A desnaturalização desses conceitos requer a reinvenção constante da humanidade e a produção de novas práticas.
· Os autores afirmam que a construção da humanidade se dá a partir das experiências de cada indivíduo na coletividade e na imanência das práticas e lutas históricas. Deleuze potencializa a ideia problematizando conceitos e incentivando a formação do novo e emergente.
· Este trecho defende a ideia de que os direitos humanos e a noção de humanidade não são objetos naturais, mas sim construções históricas e sociais em constante transformação. Assim, é possível produzir novos modelos de direitos humanos, que não sejam universais e contínuos, mas sim locais, fragmentários e processuais. A jurisprudência é proposta como uma alternativa à lei nesse contexto.
· No Brasil, a luta pelos direitos humanos surgiu durante a ditadura militar e foi impulsionada pelos novos movimentos sociais da década de 1970. Esses movimentos politizaram o cotidiano e inventaram novas formas de fazer política, lutando por melhores condições de vida, pela democracia e pela democratização da sociedade.
· Esses movimentos surgiram dos restos estilhaçados da oposição à ditadura e das crises da igreja, da esquerda e do movimento operário. Eles forjaram novas práticas que substituíram as tradicionais e deram origem a novos rostos e novas facetas das lutas pelos direitos humanos. 
· Apesar de sua potência, no entanto, eles não desafiaram ou mudaram a lógica do poder e as racionalidades do Estado, que exigem uma nova ética afirmativa de direitos que corre o risco de uma mudança revolucionária.
ESTADO PENAL E ESTADO DE EXCEÇÃO
· O estado de exceção atingiu seu máximo desdobramento global, permitindo que o governo ignore o direito internacional e estabeleça um estado de exceção permanente, sem deixar de aplicar a lei.· Apesar das boas intenções, a concepção e as práticas hegemónicas dos direitos humanos são dominadas pelo “problema do Mal e pela figura da vítima”, levando à proliferação de leis e intervenções apresentadas como humanitárias. Isso alimentou o crescimento dos movimentos punitivos e a maximização do estado penal. 
· O sistema prisional continua sendo uma robusta instituição de sequestro e controle que emergiu das práticas de controle social e se tornou o principal instrumento de punição. As práticas judiciais complexas e a busca constante por penas mais duras levam a um cotidiano judicializado e a uma cultura da punição.
PRECISAMOS DE UMA INVENÇÃO ÉTICA PARA OS DIREITOS HUMANOS
· O texto defende que a ética, que envolve uma tipologia de modos de existência imanentes, substitui a moralidade, que sempre relaciona a existência com valores transcendentes.
· A ética desarticula o sistema de julgamento e substitui a oposição de valores (bem/mal) pela diferença qualitativa dos modos de existência (bom/mau). O texto levanta questões sobre a necessidade de transcendência em nossas práticas cotidianas e como nos tornarmos sujeitos éticos sem nos reduzirmos aos códigos e restrições existentes. 
· Discute também a dificuldade de discernir entre atitudes passivas de submissão e atitudes ativas de liberdade, bem como estabelecer relações de cuidado de si e do outro em meio a relações opressivas de poder. 
· O texto defende que a Declaração dos Direitos Humanos pode ser utilizada como estratégia de transformação, em vez de simplesmente uma celebração de uma conquista passada. 
· Por fim, o texto conclui que acreditar no mundo significa criar eventos que fogem ao controle e engendrar novos espaços e tempos, exigindo tanto criação quanto pessoas.

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