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CRIMINALÍSTICA-SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA-LIVROS

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***CRIMINALÍSTICA-SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA-2º PERÍODO
INSTITUIÇÕES E SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL
LIVRO 01-UNIDADE 01-AULA 01
Aula 1 -ESTADO E SEGURANÇA PÚBLICA
Iniciaremos o estudo relacionado às Instituições e ao Sistema de Segurança Pública no Brasil,
especificamente ao Estado e Segurança Pública.
INTRODUÇÃO :Iniciaremos o estudo relacionado às Instituições e ao Sistema de Segurança Pública no
Brasil, especificamente ao Estado e Segurança Pública. Inicialmente, conceituaremos segurança pública,
com a sua definição, importância e objeto. Após, o nosso estudo se voltará para a prevenção delitiva e
para as medidas de prevenção de infrações penais e da relação do Estado com a criminalidade. O nosso
estudo abordará, ainda, as noções básicas de criminologia e das contribuições da Escola de Chicago e da
Teoria das Janelas Quebradas. Por fim, veremos a aplicação dos institutos estudados no ordenamento
jurídico brasileiro, com a explanação do entendimento doutrinário e jurisprudencial dos tribunais superiores
sobre o tema, de modo a compreender as repercussões práticas da aplicação do instituto.
NOÇÕES PRELIMINARES SOBRE A SEGURANÇA PÚBLICA E A PREVENÇÃO DE INFRAÇÕES
PENAIS PELO ESTADO
Inicialmente, trataremos da segurança pública e a prevenção de infrações penais pelo estado.
O tema segurança pública está disciplinado na Constituição de 1988, no Capítulo III do Título V, que trata
da defesa do Estado e das Instituições Democráticas.
A segurança pública pode ser definida como a preservação do respeito às leis e a manutenção da
incolumidade dos indivíduos e de seu patrimônio, mantendo-os livres de qualquer lesão ou ameaça de
lesão (MOTTA, 2021).
A segurança pública é de grande relevância para a sociedade, sendo, conforme determinação do texto
constitucional, um dever do Estado e direito e responsabilidade de todos.
O seu objetivo é a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e de seus patrimônios.
Para tanto, o texto constitucional estabelece os órgãos públicos competentes e suas atividades.
Além disso, a Constituição prevê que a lei complementar irá disciplinar a organização e o funcionamento
dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de modo a garantir a eficiência de suas atividades
(BRASIL, 1988).
A partir da noção de segurança pública, é importante estudarmos a prevenção delitiva, que consiste no
conjunto de ações no sentido de evitar que infrações penais venham a ocorrer.
As medidas de prevenção da ocorrência de infrações penais e a manutenção da harmonia e da paz social
ocorre por meio de duas espécies: a prevenção direta e a prevenção indireta.
A prevenção indireta se relaciona com a causa do crime, sem que ele seja imediatamente atingido,
enquanto as medidas de prevenção direta se relacionam com a própria infração penal (FILHO; PENTEADO, 2021).
O crime sempre esteve presente na sociedade e, por essa razão, tornou-se necessário o seu estudo de
forma aprofundada e sistematizada, o que veio a ocorrer por meio da criminologia, que consiste na ciência
do que tem por objeto o estudo do crime, do criminoso, da vítima, dos controles da sociedade e das formas
de prevenção do crime (GOMES, 2021).
Com isso, a partir da contribuição da criminologia, desenvolveram-se inúmeros marcos teóricos, também
chamados de escolas, na tentativa de compreender o crime e tudo aquilo que o permeia.
Dentre as principais escolas, destaca-se a contribuição da Escola de Chicago.
A Escola de Chicago, direciona os seus estudos a partir da ecologia e analisa a arquitetura da cidade
como formadora do comportamento criminoso (GOMES, 2021).
A principal obra da Escola de Chicago é a Delinquency Areas,de Clifford Shaw (1929),que a partir da coleta
de dados sobre a delinquência juvenil em Chicago,no sentido de mapear a criminalidade da cidade,verifi-
cou-se que o surgimento das infrações penais estava relacionado com o crescimento desordenado da
cidade e que os mais diversos problemas sociais,econômicos,culturais e a ausência de mecanismos de
controle social criavam um ambiente favorável para o desenvolvimento e para a prática de infrações
penais.
A partir dos estudos da Escola de Chicago, James Wilson e George Kelling formularam a Teoria das
Janelas Quebradas, pensada em uma situação de ausência do Estado e difusão do crime em razão da
referida ausência, levando-se em consideração que a periferia seria marcada pelo grande número de
infrações penais (GOMES, 2021).
APROFUNDANDO OS ESTUDOS SOBRE A SEGURANÇA PÚBLICA E A PREVENÇÃO DE
INFRAÇÕES PENAIS PELO ESTADO
É importante aprofundarmos os estudos sobre os temas estudados. A segurança pública é um dever do
Estado e um direito e responsabilidade de todos. Ela será preservada por meio do Estado, no sentido de
garantir a paz e a tranquilidade social, mantendo incólumes as pessoas e o seu patrimônio.
A sua preservação é de extrema importância, tendo em vista que a Constituição admite a decretação de
Estado de Defesa para sua preservação e seu restabelecimento em locais em que a paz social e a
tranquilidade estiverem ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional. A Constituição permite,
ainda, que seja decretado Estado de Sítio, caso o Estado de Defesa não seja suficiente para sua
preservação e restabelecimento (MORAES, 2021).
Relacionada à preservação e à manutenção da segurança pública, está a prevenção da prática de
infrações penais, que pode ocorrer por medidas indiretas e diretas.
As medidas indiretas se relacionam com as causas do crime, sem que este fosse atingido de maneira
direta. Indiretamente existe a prevenção, uma vez que cessada a causa do crime, cessam-se os seus
efeitos. Essas medidas se relacionam com o indivíduo e com o meio que ele vive.
As medidas diretas, por sua vez, se relacionam com a própria infração penal, com as medidas de punição
e repressão à prática de crimes graves, atuação policial repressiva e ostensiva, repressão
jurídico-processual e medidas administrativas e elevação de princípios morais e cívicos (FILHO; PENTEADO, 2021).
A prevenção na criminologia pode se revelar por três ordens: primária, secundária e terciária.
• Prevenção primária - busca prevenir o crime em suas origens, com o estabelecimento de políticas
públicas no sentido de evitar o surgimento do crime.
• Prevenção secundária - ocorre após a falha da primária, manifestando-se após o surgimento do crime,
com o seu combate no local em que surgiu, o que ocorre com maior frequência nas periferias e
comunidades carentes.
• Prevenção terciária - pressupõe a falha das duas anteriores, é a prevenção voltada para o criminoso, no
sentido de evitar que ele volte a praticar novas infrações por meio de sua neutralização e ressocialização
(GOMES, 2021).
Visando compreender as raízes da criminalidade, a Escola de Chicago direcionou seus estudos a partir da
Teoria dos Três Círculos ou Teoria das Bases Concêntricas.
O primeiro círculo seria o centro cívico, em que estaria toda a proteção do Estado, com a ausência da
prática de infrações penais. O segundo círculo seria o do subúrbio, que consiste no local em que as
pessoas que trabalham no centro cívico residem. No subúrbio, há a prática de infrações penais, entretanto,
o número de infrações praticadas não é tão grande quanto no terceiro círculo, que consiste nos guetos, e
periferias, onde não há a presença do Estado, o que permite a prática de infrações penais mais graves de
forma livre (GOMES, 2021).
Tudo isso leva à conclusão da Teoria das Janelas Quebradas, que foi desenvolvida a partir de um
experimento em duas regiões distintas da cidade, uma com maior presença do Estado e outra com menor,
ou quase inexistente.
O experimento consistiu no seguinte: foi deixado um veículo nas duas regiões. Após alguns dias, o veículo
que estava na região com menor presença do Estado teve suas janelas quebradas. Justamente por conta
da inexistência do Estado, nada foi feito com o autor do dano. Nos dias seguintes, o veículo foi cada vez
mais danificado, até que restasse apenas a sua carcaça. O outro veículo, deixado na regiãocom a
presença maior do Estado, não sofreu nenhum tipo de dano, tendo em vista a presença estatal.
A conclusão da teoria é no sentido de que a desordem tem relação direta com a criminalidade, sendo que
haverá um estímulo ao crime com a ausência do Estado e dos órgãos de segurança pública (GOMES, 2021).
REPERCUSSÕES PRÁTICAS SOBRE NOÇÕES PRELIMINARES SOBRE A SEGURANÇA PÚBLICA E
A PREVENÇÃO DE INFRAÇÕES PENAIS PELO ESTADO
Aprofundando os nossos estudos, é hora de verificar a aplicação do instituto estudado na aula de hoje no
campo prático, com a apresentação do entendimento doutrinário e jurisprudencial dos tribunais superiores
sobre o tema, de modo a compreender as repercussões práticas da aplicação do instituto.
A Escola de Chicago deu origem a Teoria dos Testículos Despedaçados, na qual os excluídos da
sociedade quanto estavam em situação de mendicância ou na prática de pequenas infrações penais no
centro cívico, eram expulsos por meio de chutes nos testículos, o que, em razão da grande humilhação e
dor, eram obrigados a retornar para a periferia.
Embora não tenha sido pensada para a atualidade, é possível verificar resquícios de sua aplicação, vez
que não é raro que pessoas ou famílias em situações de rua sejam expulsas pela polícia ou por
seguranças particulares das regiões mais nobres dos grandes centros (GOMES, 2021).
A Teoria das Janelas Quebradas já foi mencionada pelo Superior Tribunal de Justiça em diversos julgados.
No julgamento do habeas corpus 714520/SP, foi proferida decisão monocrática, em que foi negado o
reconhecimento do crime continuado, utilizando como fundamento que, pelas conclusões da referida
teoria, o perfil geográfico possui grande importância no incentivo e no sucesso das atividades criminosas
(BRASIL, 2022).
No julgamento do Agravo em Recurso Especial 1.697.296/SE, o Superior Tribunal de Justiça utilizou-se da
Teoria das Janelas Quebradas para afastar a possibilidade de reconhecimento do princípio da
insignificância, de modo que tanto a microcriminalidade quanto a macrocriminalidade devem ser reprimidas
para demonstrar a presença do Estado, uma vez que pequenos crimes, se não forem devidamente
punidos, levam à prática de crimes maiores e mais graves (BRASIL, 2020).
No julgamento do habeas corpus 394.343/SP, o Superior Tribunal de Justiça também entendeu pelo não
reconhecimento do princípio da insignificância com base na teoria estudada, uma vez que o seu
reconhecimento seria um estímulo à criminalidade, em razão da sensação de impunidade e da sua crença
(BRASIL, 2018).
Em decorrência da Escola de Chicago, surgiu de modo a se contrapor à Teoria das Janelas Quebradas,
instituiu-se em Nova York a política da tolerância zero que consagra o Direito Penal máximo, na qual não
deve ser afastada de punição das infrações penais menores, de modo a evitar o crescimento da
criminalidade, a prática de crimes mais graves e, por consequência, a colocação em risco da segurança
pública, tendo em vista que a desordem gera mais desordem (NUCCI, 2021).
Embora seja comum relacionar a Teoria das Janelas Quebradas às classes sociais menos favorecidas,
este não é o fator que fomenta a criminalidade. Assim, não é a posição social ocupada pelo infrator e sim a
ausência do Estado e da repressão de infrações penais. O que se verifica é que, nas regiões menos
favorecidas, a presença é menor do que nas outras regiões. A partir de tais considerações, Christiano
Gonzaga Gomes cita como exemplo a prática de crimes em massa durante a greve dos policiais militares
no Estado do Espírito Santo, em que foi instaurado um estado de caos em virtude da ausência de
repressão às infrações penais. Pessoas que nunca estiveram relacionadas com a prática de infrações
penais o fizeram, estimuladas pelo fato de não serem presas, em razão da ausência estatal (GOMES, 2021).
Saiba mais(video aula)
Para permitir um aprofundamento do que foi exposto na aula de hoje, é importante a leitura do Capítulo I
do Livro Antimanual de Criminologia, do autor Salo de Carvalho, que faz reflexões sobre o aprendizado
das ciências criminológicas no século XXI.
CARVALHO, S. de. Antimanual de Criminologia. São Paulo: Editora Saraiva, 2022. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555596687/. Acesso em: 22 abr. 2022.
LIVRO 01-UNIDADE 01-AULA 02
ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA
Veremos a aplicação dos institutos estudados no ordenamento jurídico brasileiro, com a explanação do
INTRODUÇÃO:Prezado estudante, bem-vindo à aula da disciplina de Criminalística, Segurança Pública e
Privada. Na aula de hoje, continuaremos o estudo relacionado às Instituições e ao sistema de segurança
pública no Brasil, especificamente aos órgãos de segurança pública. Inicialmente, eles serão conceituados
a de acordo com as suas respectivas características e funções. Em seguida, o nosso estudo será voltado
para o detalhamento das atribuições de cada órgão de segurança pública. Por fim, veremos a aplicação
dos institutos estudados no ordenamento jurídico brasileiro, com a explanação do entendimento doutrinário
e jurisprudencial dos tribunais superiores sobre o tema, de modo a compreender as repercussões práticas
da aplicação do instituto. Vamos lá?!
NOÇÕES PRELIMINARES SOBRE OS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA
Caro estudante, inicialmente, trataremos dos órgãos de segurança pública.
Como vimos na aula anterior, a segurança pública pode ser definida como a preservação do respeito às
leis e a manutenção da incolumidade dos indivíduos e de seu patrimônio, mantendo-os livre de qualquer
lesão ou ameaça de lesão (MOTTA, 2021).
O seu objetivo é a preservação da ordem púbica e da incolumidade das pessoas e de seus patrimônios.
Para tanto, o texto constitucional estabelece os órgãos públicos competentes e suas atividades:
O Art. 144 da Constituição prevê que a segurança pública será exercida por meio dos seguintes órgãos
policiais:
• Polícia federal.
• Polícia rodoviária federal.
• Polícia ferroviária federal.
• Polícias civis.
• Polícias militares e corpo de bombeiros militares.
• Polícias penais federal, estaduais e distrital.
O Art. 144, §8º, da Constituição prevê, ainda, que os municípios poderão constituir as suas respectivas
guardas municipais, no sentido de proteger seus bens, serviços e instalações (BRASIL, 1988).
O rol de órgãos previstos é taxativo, não podendo a lei infraconstitucional criar órgãos policiais, sendo
possível apenas por meio de emenda constitucional. Entretanto, nada impede que a Constituição dos
estados ou leis estaduais criem órgãos de polícia-técnico científica, desde que não possuam função de
atuar na segurança pública (LENZA, 2020).
A atividade policial pode ser dividida em duas espécies: polícia administrativa em sentido amplo e polícia
de segurança. A polícia de segurança é dividida entre polícia administrativa em sentido estrito e polícia
judiciária (MOTTA, 2021).
A polícia administrativa em sentido amplo é aquela exercida pela administração pública, no cuidado de
bens, serviços e atividades. A polícia de segurança é exercida pela polícia administrativa em sentido
estrito, que atua de maneira preventiva ou ostensiva, evitando que a infração penal ocorra, e pela polícia
judiciária, também chamada de polícia de investigação, que atua de maneira repressiva na investigação,
na repressão e na apuração de infrações penais já cometidas (MOTTA, 2021).
A polícia administrativa em sentido estrito possui como característica principal a identificação visual, uma
vez que possui carros caracterizados e que seus agentes utilizam uniforme. A sua atividade é
desempenhada, em regra, pela polícia militar (MORAES, 2021).
A polícia judiciária, por sua vez, em razão de sua atividade ser repressiva e investigativa, a sua atuação é
descaracterizada e seus agentes raramente utilizam uniformes e veículos caracterizados. A polícia
judiciária, em regra, é exercida pela polícia civil estadual e pela polícia federal (MOTTA, 2021).
A Constituição ainda determina que haverá a regulamentação por lei dos órgãos responsáveis pela
segurança pública de modoa garantir a eficiência de suas atividades (BRASIL, 1988).
Neste sentido, a Lei nº 13.675/2018 criou a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, o
Sistema Único de Segurança Pública, o Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social (BRASIL, 2018).
Há, ainda, o Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social 2021-2030 criado pelo Decreto
10.822/2021 (BRASIL, 2021).
Além disso, em nível federal há a Secretaria Nacional de Segurança Pública. Já em âmbito estadual,
existem as Secretarias de Segurança Pública.
APROFUNDANDO OS ESTUDOS SOBRE OS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA
È importante aprofundarmos os estudos sobre os temas estudados.Como visto,a segurança pública é um
dever do Estado e será exercida por meio da polícia federal; da polícia rodoviária federal; da polícia
ferroviária federal; das polícias civis, militares e do corpo de bombeiros militares; além das polícias penais
federal, estaduais e distrital. Cada um dos órgãos possui as suas respectivas atribuições.
Em relação à polícia federal, o Art. 144, §1º da CR/88 prevê que ela será instituída por lei como órgão
permanente e organizada e mantida pela União. Além disso, ela deve ser estruturada em carreira e terá a
finalidade de investigar as infrações penais contra a ordem política e social. Ações em detrimento de bens,
serviços e interesses da União ou de suas autarquias e empresas públicas; além de outras infrações
penais que tenham repercussão interestadual ou internacional que exijam repressão uniforme também
serão investigadas pela polícia federal.
Além disso, cabe a essa polícia prevenir e reprimir o tráfico de drogas, o contrabando e o descaminho,
sem prejuízo da atuação dos demais órgãos públicos.
Por fim, ela exerce, ainda, as funções de polícia marítima, aeroportuária, de fronteiras, e, com
exclusividade, a função de polícia judiciária da União (BRASIL, 1988).
A polícia rodoviária federal e a polícia ferroviária federal, nos termos do Art. 144, §2º e §3º da CR/88, são
órgãos permanentes, organizados e mantidos pela União, estruturados em carreira, que se destinam,
respectivamente, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais e das ferrovias federais (BRASIL, 1988).
As polícias civis estaduais, conforme prevê o Art. 144, §4º da CR/88, possuem a função de polícia
judiciária e são responsáveis pela apuração de infrações penais, menos aquelas de competência da União
e das polícias militares (BRASIL, 1988).
As polícias militares, por sua vez, são responsáveis pela polícia ostensiva e pela preservação da ordem
pública, enquanto o corpo de bombeiros militares, além das atribuições previstas em lei, executam as
atividades de defesa civil (BRASIL, 1988).
As polícias penais possuem a função de preservar a segurança dos estabelecimentos penais e serão
vinculadas ao órgão que administra o sistema penal da unidade da federação a que fazem parte, conforme
determina o Art. 144, §5º-A da CR/88 (BRASIL, 1988).
A guarda municipal, por sua vez, poderá ser instituída pelos municípios, com o objetivo de proteger seus
bens, serviços e atividades.
As polícias militares, o corpo de bombeiros militares, as polícias civis e penais estaduais e distritais estão
subordinadas aos Governadores de Estados, do Distrito Federal e de territórios da federação (BRASIL, 1988).
A apuração das infrações penais caberá, em regra, à polícia judiciária, polícia federal ou civil estadual,
composta por agentes de segurança que realizam a investigação e atuam de maneira repressiva, ou seja,
após a prática do crime.
Excepcionalmente, a atribuição para a investigação será da polícia administrativa ou ostensiva, é o que
ocorre nos crimes militares, situação em que, praticado um crime militar, caberá a polícia militar exercer a
função investigativa (LOPES JR., 2021).
REPERCUSSÕES PRÁTICAS SOBRE OS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA
Aprofundando os nossos estudos, é hora de verificar a aplicação do instituto estudado na aula de hoje no
campo prático, com a apresentação do entendimento doutrinário e jurisprudencial dos tribunais superiores
sobre o tema, de modo a compreender as repercussões práticas da aplicação do instituto.
O Supremo Tribunal Federal, por meio do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 2861/SP,
firmou entendimento no sentido de que as Constituições estaduais podem criar órgãos ou entidades para o
desempenho de funções auxiliares às atividades policiais, sem atribuições de segurança pública.
O Supremo Tribunal Federal, por meio do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 2861/SP,
firmou entendimento no sentido de que as Constituições estaduais podem criar órgãos ou entidades para o
desempenho de funções auxiliares às atividades policiais, sem atribuições de segurança pública.
A carreira da polícia federal está regulamentada pelo Decreto-Lei nº 2.251/1985 e foi reorganizada por
meio da Lei 9.266/1996.
A carreira da polícia rodoviária federal está regulamentada pela Lei nº 9.654/1998.
A polícia penal foi criada pela Emenda Constitucional 104/2019 e pode ser federal ou estadual. A polícia
penal federal está vinculada ao Departamento Penitenciário Nacional, enquanto a estadual está vinculada
ao órgão que administra o sistema prisional em cada estado.
Em relação à polícia militar, corpo de bombeiros militares e polícia penal do Distrito Federal, há a
subordinação ao Governador do Distrito Federal, entretanto sua organização e manutenção são feitas pela
União, criando-se, portanto, um regime jurídico híbrido (LENZA, 2020).
A súmula vinculante 39 do Supremo Tribunal Federal determina que compete privativamente à União
legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do
Distrito Federal (BRASIL, 2015).
A Lei nº 12.830/2013 disciplina a investigação conduzida pelo delegado de polícia (BRASIL, 2013).
A Lei nº 10.446/2002 dispõe sobre infrações penais de repercussão interestadual ou internacional que
exigem repressão uniforme e que terão a investigação presidida pela polícia federal (BRASIL, 2002).
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Agravo em Recurso Extraordinário de número 654432,
firmou tese de repercussão geral no sentido de que a atividade policial é imprescindível para a
manutenção da segurança pública, sendo impossível a sua substituição por segurança privada. Assim,
analisando o interesse público – manutenção da segurança pública – e o interesse particular – direito de
greve dos servidores públicos, conclui-se que o interesse público se sobressai sobre o particular, de modo
que há a impossibilidade do direito à greve por parte de carreiras policiais e de todos os servidores
públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. Além disso, é obrigatória a participação do
poder público em mediações classistas das carreiras de segurança pública (BRASIL, 2017).
A Lei nº 13.022/2014 dispõe sobre o Estatuto Geral das Guardas Municipais. A competência geral da
guarda municipal é a proteção de bens, serviços, logradouros públicos municipais e instalações do
município (BRASIL, 2014).
O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário 658.570, firmou entendimento no sentido
de ser possível atribuir à guarda municipal a atividade de lavrar auto de infração de trânsito. O
entendimento do tribunal foi no sentido de que a fiscalização de trânsito decorre do poder de polícia
administrativa em sentido amplo, a qual pode ser exercida por órgãos não policiais, não sendo atribuição
exclusiva da polícia ostensiva (BRASIL, 2015).
Em decisão monocrática proferida no julgamento da Medida Cautelar em habeas corpus de número HC
203.070 MC/SP, o Supremo Tribunal Federal entendeu que a guarda municipal não é dotada de atribuição
de polícia ostensiva, entretanto, é possível que, em situação de flagrante delito, possa efetuar prisão em
flagrante e apreensão de objetos do crime que se encontrem com o autor da infração (BRASIL, 2021).
Saiba mais (Vídeo Aula):::::Para permitir um aprofundamento do que foi exposto na aula de hoje, é
importante a leitura do Capítulo 13, item 3.1 do LivroDireito Constitucional do autor Alexandre de Moraes,
que faz reflexões sobre vedação ao direito de greve aos servidores públicos integrantes das carreiras de
segurança pública.
MORAES, A. de. Direito Constitucional. São Paulo: Grupo GEN, 2021. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597027648/. Acesso em: 21 abr. 2022.
LIVRO 01-UNIDADE 01-AULA 03
ATIVIDADE POLICIAL
Estudo relacionado às Instituições e ao Sistema de Segurança Pública no Brasil, especificamente em
relação à atividade policial. Inicialmente, conceituaremos a investigação policial e o seu objeto.
INTRODUÇÃO:Continuaremos o estudo relacionado às Instituições e ao Sistema de Segurança Pública
no Brasil, especificamente em relação à atividade policial. Inicialmente, conceituaremos a investigação
policial e o seu objeto. Em seguida, o nosso estudo se voltará para a inteligência policial e para os
métodos extraordinários de obtenção de provas admitidos no ordenamento jurídico. Por fim, veremos a
aplicação dos institutos estudados no ordenamento jurídico brasileiro, com a explanação do entendimento
doutrinário e jurisprudencial dos tribunais superiores sobre o tema, de modo a compreender as
repercussões práticas da aplicação do instituto.
NOÇÕES PRELIMINARES SOBRE INVESTIGAÇÃO E INTELIGÊNCIA POLICIAL
Inicialmente, trataremos da investigação e da inteligência policial.
A atuação policial é de extrema importância para a apuração de uma infração penal. A polícia possui a
função de ter um contato imediato com a infração penal após a sua prática, com os atos de repressão e
investigação.
Ao tomar conhecimento da prática de uma infração penal,a autoridade policial deve adotar as providências
necessárias para a identificação do autor da infração e a preservação de todos os elementos de
materialidade da infração penal.
O Art. 6º do Código de Processo Penal prevê um rol de diligências a serem desenvolvidas pela autoridade
policial, com a referida finalidade. Esse rol é exemplificativo, podendo a autoridade policial escolher outras
diligências que entender necessárias, tendo em vista a discricionariedade para a condução das
investigações (BRASIL, 1941).
Ocorre que nem sempre as diligências previstas no referido rol são suficientes para a investigação de
determinada infração penal.
A investigação policial é um conjunto de procedimentos que devem ser adotados para a apuração dos
fatos e levamentos dos elementos informativos que irão subsidiar a ação penal, portanto, a atuação da
polícia na investigação é reativa, no sentido de atuar apenas após a prática do fato. A inteligência policial,
por sua vez, é uma atividade proativa, no sentido de uma busca constante de informações sobre a prática
de infrações penais (PEREIRA et al, 2017).
Enquanto a investigação policial busca elementos para a repressão de uma infração penal consumada, a
inteligência policial serve tanto para ações preventivas quanto para repressivas.
É necessário que haja o compartilhamento dos dados obtidos de modo a criar um sistema de informação
sobre as diversas modalidades da atividade criminosa e sua expansão, tanto em nível nacional quanto em
nível internacional (PEREIRA et al, 2017).
Inúmeros órgãos podem auxiliar as forças de segurança pública na obtenção dos dados de inteligência,
como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, a Receita Federal, os Tribunais de Contas, o
Ministério do Trabalho, a Agência Brasileira de Inteligência, entre outros.
A Lei nº 9.883/1999 instituiu o Sistema Brasileiro de Inteligência, responsável pelo processo de obtenção,
análise e disseminação da informação necessária ao processo decisório do Poder Executivo, bem como
pela salvaguarda da informação contra o acesso de pessoas ou órgãos não autorizados. Além disso, criou
a Agência Brasileira de Inteligência, que é responsável por:
• Planejar e executar ações de obtenção e análise de dados para a produção de conhecimentos
destinados a assessorar o Presidente da República.
• Proteger conhecimentos sensíveis, relativos aos interesses e à segurança do Estado e da sociedade.
• Avaliar as ameaças, internas e externas, à ordem constitucional e promover o desenvolvimento da
inteligência e seu aprimoramento (BRASIL, 1999).
O COAF foi criado por meio da Lei nº 9.296/1996, para auxiliar no fornecimento de dados de operações
financeiras suspeitas que sirvam como indícios para crimes financeiros.
Além de tais órgãos, há alguns meios para a obtenção dos dados e elementos informativos da prática de
infrações penais que são colocados à disposição das polícias judiciárias, como a interceptação telefônica,
a infiltração de agentes, a ação controlada, a quebra do sigilo bancário e fiscal e o compartilhamento de
dados entre órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de
interesse da investigação ou da instrução criminal.
Inicialmente, a previsão de obtenção de tais dados e elementos informativos estava disciplinada pela Lei
nº 9.034/1995, que dispunha sobre a utilização de meios operacionais para a prevenção e repressão de
ações praticadas por organizações criminosas. Posteriormente, a referida lei foi revogada pela Lei nº
12.850/2013 (modificada pela Lei nº 13.964/2019), que define organização criminosa e dispõe sobre a
investigação criminal, sobre os meios de obtenção da prova, sobre as infrações penais correlatas e sobre
o procedimento criminal.
APROFUNDANDO OS ESTUDOS SOBRE A INTELIGÊNCIA POLICIAL E OS MÉTODOS
EXTRAORDINÁRIOS DE OBTENÇÃO DE PROVAS
Meu caro estudante, é importante aprofundarmos os estudos sobre os temas estudados.
A polícia judiciária, como vimos, é a responsável pela persecução de infrações penais.
Tendo em vista a crescente estruturação do crime organizado e a modernização das práticas criminosas,
tornou-se necessário atualizar também os métodos investigativos, no sentido de reprimir e prevenir a
prática de infrações penais.
Com isso, surge o papel da inteligência policial, que além de fornecer dados da criminalidade,
mapeamento das infrações e modos de execução, fornece subsídio para investigação e persecução de
infrações penais (PEREIRA et al., 2017).
Assim, além das diligências e dos meios de obtenção de elementos informativos ordinários previstos no
Código de Processo Penal, a legislação especial aperfeiçoa a produção de tais elementos, fornecendo
meios extraordinários de produção de elementos informativos para a subsidiar o início de uma ação penal,
diligências que serão realizadas pelos serviços de inteligência dos órgãos de segurança pública, de modo
a auxiliar o trabalho da polícia judiciária na atividade investigativa (PEREIRA et al., 2017).
A Lei nº 12.850/2013, ao atualizar as disposições sobre as organizações criminosas, apresenta e disciplina
os meios de obtenção de provas para a investigação de organizações criminosas e crimes relacionados. O
Art. 3º da referida lei dispõe que, em qualquer fase da persecução penal, além dos meios de obtenção de
provas ordinários, é possível eu haja:
• Colaboração premiada.
• Captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos.
• Ação controlada.
• Acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, de dados cadastrais em bancos de dados
públicos ou privados e informações eleitorais ou comerciais.
• Interceptação telefônica e telemática.
• Quebra de sigilo bancário e fiscal.
• Infiltração de agentes de polícia.
• Cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais e municipais na busca de informações que
interessem às investigações (BRASIL, 2013).
A Lei nº 11.343/2006 prevê, ainda, em seu Art. 53, a infiltração de agentes de polícia em tarefas de
investigação, constituída por órgãos especializados, e a inação policial sobre os portadores de drogas,
seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua fabricação que se encontrem no território
nacional com a finalidade de identificar e responsabilizar o maior número de integrantes de operações de
tráfico e distribuição (BRASIL, 2006).
A Lei nº 13.441/2017 alterou a Lei nº 8.069/1990 –Estatuto da Criança e do Adolescente – para prever a
infiltração de agentes de polícia na internet com a finalidade de investigar crimes contra a dignidade sexual
de crianças e adolescentes (BRASIL, 2017).
A Lei nº 9.613/1998, que dispõe sobre os crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, com
as modificações promovidas pela Lei nº 13.964/2019, prevê em seu Art. 1º, §6º, a possibilidade de
infiltração de agentes e ação controlada para apurar as referidas infrações (BRASIL, 1998).
É possível, ainda, verificar que, no sentido de obter dados sobre criminosos, a Lei nº 12.037/2009, que
dispõe sobre a identificação criminal, com as modificações promovidas pela Lei nº 12.654/2012, passou a
prever a coleta de perfil genético como forma de identificação criminal, disposições que posteriormente
foram modificadas pela Lei nº 13.964/2019 (BRASIL, 2009).
Além de prever inúmeros instrumentos legislativos internos, o Brasil se tornou obrigado internacionalmente
a adotar técnicas especiais de investigação a partir da adoção da Convenção das Nações Unidas contra o
Crime Organizado Transnacional, promulgada na ordem interna brasileira por meio do Decreto nº
5.015/2004.
REPERCUSSÕES PRÁTICAS SOBRE A INTELIGÊNCIA POLICIAL E SEUS MÉTODOS
Aprofundando os nossos estudos, é hora de verificar a aplicação do instituto estudado na aula de hoje no
campo prático, com a apresentação do entendimento doutrinário e jurisprudencial dos tribunais superiores
sobre o tema, de modo a compreender as repercussões práticas da aplicação do instituto.
A Lei nº 9.296/1996 permite a interceptação telefônica quando presentes os requisitos previstos em seu
Art. 2º, quais sejam, indícios razoáveis de autoria e provas da suposta infração penal; que a prova não
pode ser feita por outros meios disponíveis e que o fato investigado constitui infração penal punida com
pena de reclusão (BRASIL, 1996).
O Superior Tribunal de Justiça já se posicionou no sentido de que a culpabilidade do agente, circunstância
judicial utilizada para a fixação da pena base, pode ser analisada de forma negativa em razão da
necessidade de infiltração policial para a investigação das infrações penais previstas no Art. 241-A e 241-B
do Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 2019).
A ação controlada prevista no Art. 8º, §1º, da Lei nº 12.850/2013 não exige de autorização judicial.
Entretanto, é necessária a comunicação prévia ao Poder Judiciário, com a finalidade de proteger a
investigação e afastar possível crime de prevaricação ou infração administrativa do agente infiltrado, que
responderá por abusos cometidos durante a ação (BRASIL, 2020).
O Superior Tribunal de Justiça já se posicionou no sentido de que a gravação ambiental realizada por um
dos interlocutores do diálogo prescinde de autorização judicial prévia (BRASIL, 2019a).
A ação controlada prevista no Art. 53, I da Lei nº 11.343/2006, exige prévia oitiva do Ministério Público e
autorização judicial, diferentemente da mesma medida prevista na Lei nº 12.850/2013, que exige apenas a
comunicação prévia ao juízo (BRASIL, 2017a).
O Art. 9º-A, da Lei de Execução Penal – Lei nº 7.210/1984, prevê que os condenados por crimes dolosos,
com violência de natureza grave contra pessoa, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do
perfil genético, mediante extração do DNA (BRASIL, 1984).
No âmbito do Supremo Tribunal Federal houve o reconhecimento de Repercussão Geral no Recurso
Extraordinário 973.837/MG, que se encontra pendente de julgamento no Supremo Tribunal Federal, que
diz respeito à produção de provas invasivas com a criação do banco de dados com perfil genético de DNA
de agentes condenados por crimes dolosos, com violência contra a pessoa ou crimes hediondos, prevista
no Art. 9º-A da Lei nº 7.210/84.
O Superior Tribunal de Justiça absolveu um acusado do crime de estupro em razão da realização de
exame de DNA no qual não se verificou a coincidência de material genético encontrado na vítima e no
suposto autor dos fatos. Na decisão, o referido tribunal ressaltou a importância das provas científicas
produzidas pela polícia judiciária para o esclarecimento de infrações penais e a identificação de deus
autores (BRASIL, 2021).
O STJ entende, ainda, que a quebra do sigilo de dados telefônicos, como histórico de chamadas, dados
cadastrais e extratos de ligações, não se submete à disciplina da Lei 9.296/1996, que trata exclusivamente
da interceptação das comunicações telefônicas (BRASIL, 2017b).
No âmbito do Supremo Tribunal Federal houve o reconhecimento de Repercussão Geral no Recurso
Extraordinário 1055941, que diz respeito à possibilidade de compartilhamento pela UIF e RFB com o
Ministério Público dos dados bancários de operações suspeitas.
O STF concedeu Medida Cautelar na ADI 6.529, no sentido de que o compartilhamento de dados entre os
órgãos componentes do Sistema Brasileiro de Inteligência e a ABIN podem ocorrer quando comprovado o
interesse público da medida, afastada qualquer possibilidade desses dados atenderem a interesses
pessoais ou privados. As solicitações devem ser fundamentadas; os dados não podem ser compartilhados
de modo a expor direitos fundamentais; é imprescindível o procedimento formalmente instaurado e a
existência de sistemas eletrônicos de segurança e de registro de acesso, inclusive para efeito de
responsabilização, em caso de eventual omissão desvio ou abuso (BRASIL, 2020a).
Saiba mais (Video Aula)
Para permitir um aprofundamento do que foi exposto na aula de hoje, é importante a leitura da Parte 1,
Capítulo 1, do Livro Curso de Investigação Criminal do autor Marcelo Batlouni Mendroni, que apresenta
uma síntese da evolução da investigação criminal.
MENDRONI, M. B. Curso de investigação criminal, 3ª edição. São Paulo: Grupo GEN, 2013. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522476947/. Acesso em: 22 abr. 2022.
LIVRO 01-UNIDADE 01-AULA 04
CRIME ORGANIZADO
Inicialmente, trataremos dos conceitos de Direito Penal do inimigo e das velocidades do direito penal.
INTRODUÇÃO:Prezado estudante, bem-vindo à aula da disciplina de Criminalística, Segurança Pública e
Privada. Na aula de hoje, continuaremos o estudo relacionado ao Crime Organizado. Inicialmente,
trataremos dos conceitos de Direito Penal do inimigo e das velocidades do direito penal. Após, o nosso
estudo se volta para a repressão ao crime organizado, com o estudo da Lei de Organização Criminosa, da
Lei Antiterrorismo e da Lei Anticorrupção. Por fim, veremos a aplicação dos institutos estudados no
ordenamento jurídico brasileiro, com a explanação do entendimento doutrinário e jurisprudencial dos
tribunais superiores sobre o tema, de modo a compreender as repercussões práticas da aplicação do
instituto.
NOÇÕES PRELIMINARES – DIREITO PENAL DO INIMIGO E DIREITO PENAL DE TERCEIRA
VELOCIDADE
Trataremos da Teoria do Direito Penal do Inimigo, das Velocidades do Direito Penal e da repressão ao
crime organizado.
O Direito Penal se desenvolve por meio de velocidades, segundo definição de Jesus-Maria Silva Sanchez,
sendo na concepção clássica, três velocidades. O Direito Penal de primeira velocidade é o modelo
tradicional de direito penal, que utiliza de maneira preferencial a pena privativa de liberdade com a máxima
observância dos direitos e garantias individuais (NUCCI, 2021).
A segunda velocidade do direito penal se distancia da pena privativa de liberdade, com a possibilidade de
medidas alternativas à prisão e a flexibilização de direitos e garantias fundamentais (NUCCI, 2021).
A terceira velocidade do Direito Penal compreende características das duas velocidades anteriores, utiliza
da primeira velocidade a pena privativa de liberdade e da segunda velocidade, a flexibilização de direitos e
garantias fundamentais, em que há um Direito Penal sem garantias fundamentais, com penas mais
drásticas que ultrapassam os limites do Direito Penal tradicional. A terceira velocidade do Direito Penal se
aproxima do Direito Penal do Inimigo (NUCCI, 2021).
A Teoria do Direito Penal do Inimigo foi desenvolvidapor Günther Jakobs, que prevê que determinados
indivíduos devem ser considerados como inimigos, em distinção aos demais indivíduos que devem ser
considerados como cidadãos. A partir dessa divisão, o autor estabelece o Direito Penal do Inimigo, que se
contrapõe ao Direito Penal do Cidadão (NUCCI, 2021).
O Direito Penal do Cidadão se relaciona com a definição de ilícitos praticados por indivíduos de forma
incidental, considerados como simples abusos nas relações sociais em que participam como cidadãos. O
Direito Penal do Inimigo se relaciona com o indivíduo que demonstra que seu comportamento não é de
maneira incidental próprio de um cidadão. Nesse sentido, destina-se àqueles que se mostram como um
inimigo da sociedade e do Direito, uma vez que o seu comportamento criminoso é duradouro e não apenas
ocasional, o que não garante a segurança do seu comportamento (NUCCI, 2021).
O indivíduo se afasta do conceito de cidadão para o de inimigo a partir da reincidência, da habitualidade
delitiva e da integração em organizações criminosas estruturadas.
O Direito Penal do Inimigo é um Direito Penal de exceção que se afasta da finalidade do Direito Penal,
uma vez que consiste em uma guerra contra o inimigo e que a finalidade seria a sua exclusão, pois, por
conta da insegurança de seu comportamento como cidadão, ele não pode ser tratado como tal, tendo em
vista o risco de violar a segurança dos verdadeiros cidadãos (NUCCI, 2021).
Com isso, o tratamento conferido ao inimigo deve ser o mais rigoroso possível, com a supressão de
direitos e garantias durante toda a aplicação da lei penal, uma vez que ele rompeu de maneira permanente
com o ordenamento jurídico, deve ser considerado uma não pessoa, a qual o direito não se aplica (NUCCI, 2021).
A partir da Teoria do Direito Penal do Inimigo e da Terceira Velocidade do Direito Penal, surgiram
instrumentos legislativos de modo a perseguir as condutas praticadas por aqueles considerados inimigos
do Estado, como a Lei nº 12.850/2013, que trata das organizações criminosas; a Lei nº 12.846/2013,
também chamada de Lei Anticorrupção; e a Lei nº 12.260/2016, a Lei Antiterrorismo.
APROFUNDANDO OS ESTUDOS SOBRE A REPRESSÃO AO CRIME ORGANIZADO
Caro estudante, é importante aprofundarmos os estudos sobre os temas estudados.
O crime organizado é um grande problema das sociedades atuais. O crescimento das organizações
criminosas é uma ameaça para a sociedade e para o Estado Democrático de Direito.
Os antecedentes históricos do crime organizado de forma estruturada no Brasil indicam o seu surgimento
dentro de estabelecimentos prisionais em São Paulo e Rio de Janeiro, com a criação do Primeiro
Comando da Capital e do Comando Vermelho (MASSON; MARÇAL, 2021).
Com isso, tornou-se necessária a repressão a tais organizações, o que aconteceu primeiramente por meio
da Lei nº 9.034/1995, posteriormente revogada pela Lei nº 12.850/2013, que define a organização
criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais
correlatas e o procedimento criminal.
Pela referida lei, organização criminosa é a associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente
organizada e marcada pela divisão de tarefas, com o objetivo de obter, de maneira direta ou indireta,
vantagem de qualquer natureza, por meio da prática de infrações penais com pena máxima superior a
quatro anos, ou que sejam de caráter transnacional (BRASIL, 2013).
Com a entrada em vigor da referida lei, a organização criminosa deixa de ser uma forma de praticar
infrações penais e passa a ser crime autônomo. Assim, torna-se possível a punição do agente pela
organização criminosa e pelas infrações penais praticadas pela organização.
Com a necessidade de repressão às organizações criminosas, tornou-se necessário aperfeiçoar os
métodos investigativos, com a adoção de meios extraordinários de obtenção de provas, desde que
previstos em lei, que haja autorização legal em regra e que um juízo de proporcionalidade indique
(MASSON; MARÇAL, 2021).
O Art. 3º da referida lei dispõe que além dos meios de obtenção de provas ordinários, é possível que haja,
em qualquer fase da persecução penal, a colaboração premiada; a captação ambiental de sinais
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; a ação controlada; o acesso de registro de ligações telefônicas e
telemáticas, dados cadastrais em bancos de dados públicos ou privados, informações eleitorais ou
comerciais; a interceptação telefônica e telemática; a quebra de sigilo bancário e fiscal; a infiltração de
agentes de polícia e a cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais e municipais na busca de
informações que interessem às investigações (BRASIL, 2013).
A Lei nº 13.260/2016 decorre de um mandado de criminalização feito a partir do Art. 5º, XLIII, da CR/88.
Antes da referida lei, não havia a previsão do referido crime no ordenamento jurídico brasileiro, o que
ocorreu com seu Art. 2º, que define o terrorismo como a prática, por um ou mais indivíduos, dos atos
previstos em seus incisos, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e
religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, com a exposição a
perigo de pessoas, patrimônio, paz pública ou incolumidade pública (BRASIL, 2016).
A lei ainda pune os atos preparatórios de terrorismo, o de organização terrorista e o de financiamento ao
terrorismo e às organizações terroristas (BRASIL, 2016).
Nesse trilhar, há, ainda, a Lei nº 12.846/2013, também chamada de Lei Anticorrupção, que dispõe sobre a
responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração
pública, nacional ou estrangeira (BRASIL, 2016).
A lei prevê os atos lesivos à administração pública nacional ou estrangeira, o processo administrativo de
responsabilização da pessoa jurídica, o acordo de leniência e a responsabilização judicial da pessoa
jurídica (BRASIL, 2016).
REPERCUSSÕES PRÁTICAS A REPRESSÃO AO CRIME ORGANIZADO
Caro estudante, aprofundando os nossos estudos, é hora de verificar a aplicação do instituto estudado na
aula de hoje no campo prático, coma apresentação do entendimento doutrinário e jurisprudencial dos
tribunais superiores sobre o tema, de modo a compreender as repercussões práticas da aplicação do
instituto.
O Superior Tribunal de Justiça entendeu pela manutenção de um preso em penitenciária federal, em razão
da periculosidade do agente, que possui papel de liderança em organização criminosa, com o objetivo de
formar célula do Estado Islâmico no Brasil e a disseminação de ideias terroristas em estabelecimento
prisional estadual (BRASIL, 2021).
O Superior Tribunal de Justiça já se posicionou no sentido de que o crime de organização criminosa só
passou a ser tipicamente previsto após a Lei nº 12.850/2013 e, por se tratar de lei penal mais gravosa, não
é possível a sua aplicação para condutas praticadas antes do início de sua vigência. Entretanto, por se
tratar de crime permanente, é possível a sua aplicação nos casos em que, embora o agente tenha
constituído a organização antes da vigência da nova lei, se a permanência ocorreu na sua vigência,
conforme de determina a Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal (BRASIL, 2020b).
O Supremo Tribunal Federal, indiretamente se posicionou no sentido de que, até a Lei nº 13.260/2016, não
havia a tipificação do crime de terrorismo, sendo que a previsão vaga de ‘atos de terrorismo’, contida no
Art. 20, da Lei nº 7.170/1983, não era suficiente para determinar a punição para esse tipo de crime
(BRASIL, 2014).
O Superior Tribunal de Justiça entende que o tipo penal do crime de terrorismo, previsto no Art. 2º da Lei
nº 13.260/2016, necessita de uma motivação específica e de uma finalidade qualificada do agente,
elementos sem os quais, não há ocorrência do crime (BRASIL, 2019).
O tribunal entendeu, ainda, que a punição dos atos preparatórios para terrorismo consiste em um soldado
de reserva em relação ao crime de terrorismo, destinando a aplicação da lei à prática dos atos
preparatórios doterrorismo, exigindo, para aplicação, uma motivação específica e uma finalidade
qualificada do agente, elementos sem os quais não há ocorrência do crime (BRASIL, 2019).
É necessário que a Teoria do Direito Penal do Inimigo seja aplicada com cautela e não contamine o
restante da legislação penal e processual penal, uma vez que a sua aplicação viola direitos e garantias
fundamentais, o que não pode ser admitido no Estado Democrático de Direito. O Superior Tribunal de
Justiça entendeu que a utilização de fundamento da gravidade abstrata do crime e a suposição, sem
qualquer fundamento concreto, de que os agentes que praticaram o crime de tráfico de drogas seriam
integrantes do crime organizado, consiste em uma aplicação indevida da Teoria do Direito Penal do Inimigo
(BRASIL, 2021a).
O Superior Tribunal de Justiça manteve a sanção de dissolução compulsória de pessoa jurídica,
condenada em ação civil pública, por ato previsto na Lei nº 12.846/2013 (BRASIL, 2020a).
O Superior Tribunal de Justiça entende que não é necessário a instauração de procedimento
administrativo para a apuração de infração contida na Lei nº 12.846/2013, entendendo pela independência
entre a instância administrativa e a judicial (BRASIL, 2020a).
O Superior Tribunal de Justiça entende que se enquadra no Art. 5º, capítulo V, da Lei nº 12.846/2013, a
conduta de dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou agentes públicos,
que abrange a constituição das chamadas empresas de fachada com o fim de frustrar a fiscalização
tributária (BRASIL, 2020a).
Saiba mais(VIDEO AULA)
Para permitir um aprofundamento do que foi exposto na aula de hoje, é importante a leitura da Parte 3,
Capítulo 5 do Livro Curso de Investigação Criminal, do autor Renato de Mello Jorge Silveira, que
apresenta reflexões sobre o acordo de leniência e mecanismos de denúncia, previstos na Lei
Anticorrupção.
SILVEIRA, R. de M. J. Compliance, Direito Penale lei anticorrupção, 1ª edição. São Paulo: Editora Saraiva,
2015. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502622098/. Acesso em: 21
abr. 2022.
LIVRO 02-UNIDADE 02-AULA 01
A SEGURANÇA PRIVADA E SEU DESTAQUE NO CENÁRIO BRASILEIRO
A SEGURANÇA PRIVADA NO BRASIL
Iniciaremos o estudo relacionado à segurança privada e seu destaque no cenário brasileiro.
INTRODUÇÃO:Prezado estudante, bem-vindo à aula da disciplina de Criminalística, Segurança Pública e
Privada. Na aula de hoje, iniciaremos o estudo relacionado à segurança privada e seu destaque no cenário
brasileiro. Inicialmente, conceituaremos segurança privada com as suas características mais relevantes.
Após, será feita a análise do histórico da segurança privada no Brasil e a sua evolução na sociedade
brasileira. Adiante, estudaremos as disposições preliminares da Lei nº 7.102/1983 e da Portaria nº
3.233/2012, do Departamento de Polícia Federal, e os principais instrumentos normativos da atividade. Por
fim, veremos a aplicação dos institutos estudados no ordenamento jurídico brasileiro, com a explanação do
entendimento doutrinário e jurisprudencial dos tribunais superiores sobre o tema, de modo a compreender
as repercussões práticas da aplicação do instituto. Vamos lá?
NOÇÕES PRELIMINARES SOBRE A SEGURANÇA PRIVADA NO BRASIL
Olá, caro estudante! Inicialmente, trataremos da segurança privada no Brasil.
A segurança privada consiste nas atividades desenvolvidas por empresas especializadas em prestação de
serviços com a finalidade de proceder à vigilância e segurança patrimonial das instituições financeiras e de
outros estabelecimentos, sejam públicos ou particulares; garantir a incolumidade física de pessoas;
realizar transporte de valores ou garantir o transporte de qualquer outro tipo de carga; recrutar, selecionar,
formar e reciclar o pessoal a ser qualificado e autorizado a exercer essas atividades.
Ainda, entende-se como os serviços de segurança desenvolvidos por empresas que tenham objeto
econômico diverso da vigilância ostensiva e do transporte de valores, que utilizem pessoal de quadro
funcional próprio para a execução dessas atividades.
Os antecedentes históricos indicam que a prestação de serviço de segurança no Brasil surgiu no século
XVII, nos idos dos anos de 1626, quando a sociedade brasileira já possuía elevados índices de violência e
impunidade (MORETTI, 2020). Com isso, o Ouvidor-Geral Luiz Nogueira de Brito criou um grupo de
seguranças, conhecidos como quadrilheiros, os quais eram escolhidos entre os moradores das cidades
para desenvolver o serviço de proteger e bem servir à sociedade.
Com o desenrolar da sociedade,a segurança evoluiu dos quadrilheiros para os serviços de segurança
pública-exercida pelas diversas polícias- e privada – exercida pelas empresas de segurança patrimonial.
Como a segurança pública foi estudada nas aulas anteriores, nossos estudos a partir de agora se voltam
para a segurança privada (MORETTI, 2020). A atividade, inicialmente, passou a ser regulamentada pelo
Decreto-Lei nº 1.034/1969, que dispunha sobre medidas de segurança para instituições bancárias, Caixa
Econômica e cooperativas de créditos. Posteriormente, o referido diploma legal foi modificado pelo
Decreto-Lei nº 1.103/1970.
Os instrumentos normativos foram os responsáveis por criar as empresas de segurança e vigilância
armada privada, sendo o marco inicial da atividade no país. Assim, a atividade passou a ser
regulamentada, com a previsão de que os estabelecimentos financeiros fossem protegidos por seus
próprios funcionários ou por meio de empresas especializadas. Com isso, criou-se a segurança orgânica –
exercida pelos próprios funcionários do estabelecimento financeiro – e a segurança contratada – exercida
por meio de empresas especializadas (MORETTI, 2020).
Inicialmente, a atividade tinha como objetivo inibir as ações de grupos políticos de esquerda que buscavam
recursos em assaltos a estabelecimentos bancários para financiamento de revoluções (MORETTI, 2020).
A necessidade pela segurança privada aumentou com o decorrer dos anos, e a prestação de serviços
deixou de ser exclusividade em instituições financeiras e passou a ter importância em órgãos públicos e
empresas particulares.
Dessa forma, tornou-se necessário atualizar a normatização sobre o tema, o que ensejou a edição da Lei
nº 7.102/1983, que dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros e estabelece normas para
constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de
transporte de valores.
Posteriormente, foram editadas a Lei nº 9.017/1995 e a Lei nº 8.863/1994, que alteraram a Lei nº
7.102/1983, a qual, dentre outras modificações, determinou que a fiscalização da atividade de segurança
privada será do Departamento de Polícia Federal, e não mais dos órgãos estaduais.
O Departamento de Polícia Federal editou a Portaria nº 992/1995, que estabeleceu os parâmetros para a
realização de cursos de vigilantes e da atuação da segurança privada no Brasil.
Adiante, foi publicada a Portaria nº 387/2006, que foi revogada pela Portaria nº 3.233/2012, sendo esta
última modificada pela Portaria nº 3.258/2013.
Neste sentido, verifica-se que a segurança privada é regida pela Lei nº 7.102/1983 e pela Portaria nº
3.233/2012, com as respectivas alterações posteriores.
Concluída esta etapa, podemos passar para o próximo tópico de nossa aula. Vamos lá?
APROFUNDANDO OS ESTUDOS SOBRE A SEGURANÇA PRIVADA
Caro estudante, é importante aprofundarmos os estudos sobre os temas estudados.
A Lei nº 7.102/1983, que dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros e estabelece normas
para a constituição e o funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de
transporte de valores, é a grande responsável por regulamentar a atividade de segurança privada. Além
disso, a Portaria nº 3.233/2012, que dispõe sobre as normas relacionadas às atividades de segurança
privada, também é responsável pela regulamentação da atividade.
A Lei nº 7.102/1983 prevê para os estabelecimentos financeiros em que houver a guardaou
movimentação de valores a existência de Sistema de Segurança Privado. Tais estabelecimentos podem
ser os bancos oficiais ou privados, Caixa Econômica, sociedades de crédito, associações de poupança e
suas agências, postos de atendimento e subagências, cooperativas singulares de crédito e suas
dependências (BRASIL, 1983).
O Sistema de Segurança Privado deve ser exercido por meio de vigilantes, alarme com comunicação a
outras agências, empresa de vigilância ou órgão policial mais próximo, e com ao menos um dispositivo
dentre equipamentos elétricos e eletrônicos de filmagem que permitam a identificação de eventuais
criminosos; mecanismos retardantes da atividade criminosa; cabine blindada com permanência ininterrupta
de vigilante enquanto houver movimentação de valores no interior do estabelecimento (BRASIL, 1983).
A vigilância ostensiva e o transporte de valores serão exercidos por empresa especializada contratada ou
pelo estabelecimento financeiro por meio de profissional próprio, desde que aprovada em curso de
formação e exista parecer favorável do Ministério da Justiça. No caso de estabelecimento financeiro
estadual, o serviço de vigilância poderá ser exercido pela Polícia Militar. Ainda, o transporte de valores em
valor superior a 20.000 UFIR deverá ser feito em veículo especial da própria instituição ou de empresa
especializada, enquanto o valor entre 7.000 e 20.000 UFIR será feito por meio de veículo comum com a
presença de dois vigilantes (BRASIL, 1983).
Considera-se ainda como segurança privada a prestação de serviços com finalidade de vigilância
patrimonial de instituições financeiras e de outros estabelecimentos públicos ou privados, segurança de
pessoas físicas, transporte de valores ou garantia de transporte de qualquer tipo de carga (BRASIL, 1983).
No mesmo sentido, as empresas especializadas na prestação de serviços de segurança, vigilância e
transporte poderão se prestar ao exercício das atividades de segurança privada a pessoas; a
estabelecimentos comerciais, industriais, de prestação de serviços e residências; a entidades sem fins
lucrativos e órgãos e empresas públicas (BRASIL, 1983).
A referida lei define vigilante como o empregado contratado para a execução das atividades previstas nos
incisos I e II e nos §§ 2º, 3º e 4º do art. 10 da Lei nº 7.102/1983 (BRASIL, 1983).
A Portaria nº 3.323/2012 disciplina a atividade de segurança privada, armada ou desarmada, desenvolvida
por empresas especializadas, empresas que prestam serviço orgânico de segurança e profissionais que
atuam nela. Para a referida legislação, são atividades de segurança privada: vigilância patrimonial,
transporte de valores, escolta armada, segurança pessoal e curso de formação (BRASIL, 2012).
Em relação às referidas atividades, a Portaria nº 3.233/2012 define como vigilância patrimonial a atividade
exercida em eventos sociais e dentro de estabelecimentos, urbanos ou rurais, públicos ou privados, cujo
objetivo é a garantia da incolumidade física das pessoas e a integridade do patrimônio; transporte de
valores, como a atividade exercida no transporte de numerário, bens ou valores, mediante a utilização de
veículos, comuns ou especiais; escolta armada, por sua vez, consiste na atividade que visa à garantia do
transporte de qualquer tipo de carga ou de valor, incluindo o retorno da equipe com o respectivo
armamento e demais equipamentos, com os pernoites estritamente necessários; segurança pessoal como
a atividade de vigilância exercida com a finalidade de garantir a incolumidade física de pessoas, incluindo
o retorno do vigilante com o respectivo armamento e demais equipamentos, com os pernoites estritamente
necessários; curso de formação como a atividade de formação, extensão e reciclagem de vigilantes
(BRASIL, 2012).
Concluída esta etapa, podemos passar para o próximo tópico de nossa aula e verificar a aplicação do
tema no campo prático do instituto estudado. Vamos lá?
REPERCUSSÕES PRÁTICAS SOBRE OS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA
Caro estudante, aprofundando os nossos estudos, é hora de verificar a aplicação dos institutos estudados
na aula de hoje no campo prático, com a apresentação do entendimento doutrinário e jurisprudencial dos
tribunais superiores sobre o tema, de modo a compreender as suas repercussões práticas.
A Lei nº 7.102/1983 foi modificada pela Lei nº 13.654/2018, que passou a prever a exigência de
equipamentos que inutilizem cédulas de caixas eletrônicos colocados à disposição do público, no caso de
arrombamento, movimento brusco ou submissão à alta temperatura. Os mecanismos podem ser: tinta
especial colorida, pó químico, ácidos insolventes, pirotecnia ou qualquer outra substância que não coloque
em risco os usuários e funcionários que utilizam os caixas eletrônicos (BRASIL, 1983).
O entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) é no sentido de que a vigilância por monitoramento
eletrônico ou por segurança privada, embora dificulte a prática delitiva, não torna impossível o crime
patrimonial. (BRASIL, 2020). O STJ compreende que os profissionais de segurança privada não possuem
legitimidade para a realização de busca domiciliar ou pessoal, atribuição que cabe somente às autoridades
judiciais, policiais ou seus agentes. Neste sentido, o referido tribunal entendeu por ser nula a busca
pessoal realizada por agente de segurança privada da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos
(CPTM) (BRASIL, 2019).
O Supremo Tribunal Federal (STF) possui entendimento no sentido de que a atividade policial é
imprescindível para a manutenção da ordem pública, não sendo possível a sua substituição por atividade
privada (BRASIL, 2017).
No julgamento do Agravo Regimental no Recurso Extraordinário de número 668565, o STF entendeu que
a competência para legislar sobre empresas prestadoras de serviços de segurança privada, autorização de
funcionamento, controle e fiscalização de armamentos, munições e demais atividades é da União, nos
termos do inciso XXI do art. 22 da CR/88 (BRASIL, 2018).
Os Decretos-Leis nº 1.034, de 21 de outubro de 1969, e nº 1.103, de 6 de abril de 1970, foram revogados
pela Lei nº 7.102/1983 (BRASIL, 1983).
A Lei nº 13.654/2018, com a finalidade de reprimir a prática de crime de furto e roubo mediante o uso de
explosivo ou artefatos análogos a caixas eletrônicos e transportadoras de valores, inseriu o § 4º-A ao art.
155 do Código Penal e o inciso II do § 2ª-A ao art. 157 do Código Penal (BRASIL, 1940).
Conforme determina o inciso III do § 2º do art. 157 do Código Penal, o crime de roubo será majorado se a
vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância (BRASIL, 1940).
A Portaria nº 3.233/2012, do Departamento de Polícia Federal, apresenta as seguintes terminologias:
empresa especializada, empresa possuidora de serviço orgânico de segurança, vigilante e plano de
segurança. Empresa especializada é a pessoa jurídica de direito privado que possui autorização para
exercer as atividades de vigilância patrimonial, transporte de valores, escolta armada, segurança pessoal e
cursos de formação. Empresa possuidora de serviço orgânico de segurança é a pessoa jurídica de direito
privado autorizada a constituir seu próprio setor vigilância patrimonial ou de transporte de valores. O
vigilante é o profissional devidamente capacitado em curso de formação, empregado de empresa
especializada ou empresa possuidora de serviço orgânico de segurança, registrado no Departamento de
Polícia Federal, e responsável pela execução de atividades de segurança privada. O plano de segurança é
a documentação das informações que detalham os elementos e as condições de segurança dos
estabelecimentos financeiros (BRASIL, 2012).
Saiba mais (VIDEO AULA)
Para permitir um aprofundamento do que foi exposto na aula de hoje, é importante a leitura do Capítulo 2
da Dissertação de Mestrado de Mathaus Viana Campos, intitulada A influência das empresas de
segurança privada para a construção do discurso da segurança, no qual o autor faz reflexões sobre a
segurança no plano internacional.
CAMPOS, M.V. A influência das empresas de segurança privada para a construção do discurso da
segurança. 2020. Dissertação (Mestrado em Relações Internacionais) – Universidade Federal de
Uberlândia, Uberlândia, 2020. Disponível em:
https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/29952/1/AInfluenciadasEmpresas.pdf. Acesso em:13/05/22
LIVRO 02-UNIDADE 02-AULA 02
POLÍTICA DE SEGURANÇA PRIVADA
Retomaremos o estudo relacionado à segurança privada e seu destaque no cenário brasileiro, com a
análise da Política de Segurança Privada.
INTRODUÇÃO:Prezado estudante, bem-vindo à aula da disciplina de Criminalística, Segurança Pública e
Privada. Na aula de hoje, retomaremos o estudo relacionado à segurança privada e seu destaque no
cenário brasileiro, com a análise da Política de Segurança Privada. Inicialmente, conceituaremos os
órgãos de controle e fiscalização da atividade e as empresas especializadas na prestação do serviço de
segurança privada com as suas características mais relevantes. Após, aprofundaremos a competência dos
órgãos de fiscalização e controle da atividade. Por fim, veremos a aplicação dos institutos estudados no
ordenamento jurídico brasileiro, com a explanação do entendimento doutrinário e jurisprudencial dos
tribunais superiores sobre o tema, de modo a compreender as repercussões práticas da aplicação do
instituto. Vamos lá?
NOÇÕES PRELIMINARES SOBRE A POLÍTICA DE SEGURANÇA PRIVADA
Olá, caro estudante! Inicialmente, trataremos da Política de Segurança Privada.
A Portaria nº 3.233/2012, que dispõe sobre as normas relacionadas às atividades de segurança privada no
Brasil, estabelece as unidades de controle e fiscalização das atividades de segurança privada.
O art. 3º da referida legislação estabelece que o controle e a fiscalização das atividades de segurança
privada serão exercidos pela Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP),
Coordenação-Geral de Controle de Segurança Privada (CGCSP), Delegacias de Controle de Segurança
Privada (DELESP) e Comissões de Vistoria (CVs) (BRASIL, 2012).
A partir da publicação da Lei nº 7.102/1983 e das portarias publicadas pelo Departamento de Polícia
Federal, a atividade de segurança privada deixou de ser restrita apenas aos serviços prestados nas
instituições financeiras, sendo ampliado o campo de atuação para outras atividades.
A Portaria nº 3.233/2012 estabelece as empresas especializadas para a prestação do serviço de
segurança privada. São empresas especializadas aquelas que desenvolvem serviço de vigilância
patrimonial, transporte de valores, escolta armada, segurança pessoal e curso de formação.
No âmbito empresarial, é comum a utilização dos seguintes conceitos: segurança patrimonial e segurança
empresarial.
A segurança patrimonial consiste no conjunto de atividades do ramo da segurança que possui como objeto
a prevenção e a redução de perdas relacionadas ao patrimônio de determinada empresa e se relaciona
com as atividades da vigilância e impõe a necessidade de estar de acordo com a legislação da segurança
privada (MORETTI, 2020b).
As empresas de segurança privada podem ser classificadas em duas espécies: as chamadas empresas de
segurança orgânica e as empresas de segurança especializadas. As empresas de segurança orgânica são
aquelas que os funcionários da segurança também são funcionários da empresa na qual prestam serviços,
desta forma, somente poderão prestar serviços na empresa em que são contratados. Já as empresas se
segurança especializadas são aquelas cuja finalidade é a prestação de serviços para terceiros. Eles
poderão prestar serviços em qualquer outra empresa ou seguimento (MORETTI, 2020b).
Segurança empresarial, por sua vez, consiste no conjunto de medidas a serem adotadas para a
preservação de incolumidade dos interesses mais relevantes de uma organização em relação a ameaças
internas ou externas. Não se restringe apenas à proteção patrimonial, seu campo de atuação é mais
amplo, protegendo a segurança da informação, atuando na gestão de riscos, da inteligência e dos planos
de negócio (MORETTI, 2020b).
As atividades desenvolvidas pelas empresas de segurança exigem a presença de um gestor de
segurança, o qual deverá gerenciar as atividades de segurança em geral, elaborar planos e políticas de
segurança, realizar a análise de risco, adotar as medidas preventivas e corretivas para a proteção de
vidas, patrimônio e restauração das atividades normais das empresas, gestão de equipe, coordenação de
serviços de inteligência empresarial, consultoria e assessoria (MORETTI, 2020b).
Além disso, toda empresa de segurança especializada ou orgânica deve possuir autorização de
funcionamento e certificado de segurança expedido pelo Departamento de Polícia Federal, o qual impõe a
necessidade de cumprimento de inúmeros requisitos (BRASIL, 1983).
Concluída esta etapa, podemos passar para o próximo tópico de nossa aula. Vamos lá?
APROFUNDANDO OS ESTUDOS SOBRE A POLÍTICA DE SEGURANÇA PRIVADA
Caro estudante, é importante aprofundarmos os estudos sobre os temas estudados.
Conforme determina a Portaria nº 3.233/2012, o controle e a fiscalização das atividades de segurança
privada serão exercidos por determinados órgãos e unidades.
O art. 3º da referida legislação estabelece que o controle e a fiscalização das atividades de segurança
privada serão exercidos pela Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP),
Coordenação-Geral de Controle de Segurança Privada (CGCSP), Delegacias de Controle de Segurança
Privada (DELESP) e Comissões de Vistoria (CVs) (BRASIL, 2012).
A Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada é um órgão colegiado de natureza consultiva
e deliberativa. É presidido pelo Diretor-Executivo do Departamento de Polícia Federal, e, subsidiariamente,
pelo Coordenador-Geral de Controle de Segurança Privada (BRASIL, 2012).
A CGCSP é uma unidade vinculada à Diretoria-Executiva do Departamento de Polícia Federal. É
responsável pela coordenação das atividades de segurança privada e pela orientação técnica e
acompanhamento das atividades desenvolvidas pelas DELESP e CVs (BRASIL, 2012).
As DELESP são unidades regionais vinculadas às Superintendências de Polícia Federal nos estados e no
Distrito Federal. São responsáveis pela fiscalização e pelo controle das atividades de segurança privada.
Além disso, cabe à DELESP a orientação técnica e a uniformização de procedimentos, em observância à
normatização realizada pela Coordenação-Geral de Controle de Segurança Privada; o contato com as
Comissões de Vistoria; os esclarecimentos em assuntos de controle de segurança privada e, quando
necessário, o auxílio às Comissões de Vistoria, seguindo as normas e orientações gerais expedidas pela
Coordenação-Geral de Controle de Segurança Privada (BRASIL, 2012).
Cabe ao Chefe da Delegacia de Controle de Segurança Privada propor, coordenar e monitorar operações
de âmbito regional para fiscalização, realização de vistorias e combate às atividades não autorizadas de
segurança privada, contando, se necessário, com o auxílio da Coordenação-Geral de Controle de
Segurança Privada (BRASIL, 2012).
As Comissões de Vistoria são unidades vinculadas às Delegacias de Polícia Federal descentralizadas,
responsáveis pela fiscalização e pelo controle das atividades de segurança privada em suas
circunscrições. Serão presididas por um Delegado de Polícia Federal e compostas por, ao menos, mais
dois membros titulares e respectivos suplementes. As Comissões de Vistoria deverão encaminhar ao
Chefe da Delegacias de Controle de Segurança Privada e da Delegacia que for subordinada, ao final de
cada ano, informações sobre as operações de fiscalização, vistorias e atividades de combate às atividades
não autorizadas de segurança privada em sua circunscrição (BRASIL, 2012).
A segurança patrimonial consiste em um meio de repressão à criminalidade e da violência. A atividade
exige um gestor para sua administração. Deve-se observar ainda se a empresa possui a qualificação
necessária exigida pela Departamento de Polícia Federal, de modo a evitar a contratação de empresasclandestinas.
Ainda, o art. 14 da Lei nº 7.102/1983 prevê as condições necessárias para que as empresas
especializadas prestem o serviço de segurança privada, sendo a autorização para funcionamento,
concedida pelo Ministério da Justiça, por meio do Departamento de Polícia Federal, e a comunicação à
Secretaria de Segurança Pública do Estado ou Distrito Federal (BRASIL, 1983).
Concluída esta etapa, podemos passar para o próximo tópico de nossa aula e verificar a aplicação do
tema no campo prático instituto estudado. Vamos lá?
REPERCUSSÕES PRÁTICAS SOBRE A POLÍTICA DE SEGURANÇA PRIVADA
Caro estudante, aprofundando os nossos estudos, é hora de verificar a aplicação dos institutos estudados
na aula de hoje no campo prático, com a apresentação do entendimento doutrinário e jurisprudencial dos
tribunais superiores sobre o tema, de modo a compreender as suas repercussões práticas.
A Política de Segurança Privada é importante para o combate às empresas clandestinas. Moretti (2020b)
define empresa de segurança privada clandestina como aquela que não possui autorização para
funcionamento e seu respectivo certificado de segurança, ambos emitidos pelo Departamento de Polícia
Federal. As empresas clandestinas também contratam pessoas que não estão habilitadas a exercer a
função de vigilante, uma vez que, conforme será visto adiante, é necessário o preenchimento de inúmeros
requisitos para o exercício da referida função. Os vigilantes que trabalharem em empresas clandestinas de
segurança, ainda que possuam o curso de vigilante, não estarão amparados pelas leis que regulam a
atividade, podendo, inclusive, ser responsabilizados pela atuação ilegal, por exemplo, porte ilegal de arma
de fogo.
O combate à atuação irregular é uma tarefa tortuosa, em razão da falta de efetivo e da quantidade de
serviços prestados de forma clandestina. Além disso, embora haja regulamentação da atividade pela Lei nº
7.102/1983 e pela Portaria nº 3.233/2012 do Departamento de Polícia Federal, falta uma previsão
específica para a responsabilização da empresa clandestina e seus funcionários e daqueles que contratam
os serviços clandestinos (MORETTI, 2020b).
O Superior Tribunal de Justiça, por meio do julgamento do Recurso Especial nº 347.603/RS, entendeu que
não se exige a autorização para funcionamento e seu respectivo certificado de segurança, emitidos pelo
Departamento de Polícia Federal, e sim autorização da Secretaria de Segurança Pública local para
empresas particulares desarmadas que exploram o serviço de vigilância em geral, excluído o de valores
(BRASIL, 2006).
Para a atividade de segurança privada, existem certificações, no sentido de atualizar a atuação da
empresa com o avanço da criminalidade e da atuação dos criminosos.
No Brasil, há a Associação Brasileira dos Profissionais em Segurança Orgânica (ABSO) e a Associação
Brasileira de Profissionais de Segurança (ABSEG).
Tais associações possuem dois certificados de segurança, sendo que a ABSO possui o Certificado de
Especialista em Segurança, o qual deve ser renovado a cada cinco anos, e a ABSEG possui o Certificado
de Analista de Segurança Empresarial, o qual é renovado a cada três anos.
A certificação ou a renovação da certificação exige do especialista a atualização frequente e a sua
participação no mercado de segurança privada e consiste em uma referência para a empresa de
segurança privada, uma vez que os profissionais, em razão das novas práticas da criminalidade e da sua
área de atuação, serão exigidos para as mudanças da sociedade (MORETTI, 2020a).
O Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo entendeu pela ocorrência de falta disciplinar grave à
conduta do policial militar que exerceu atividade extracorporação voltada à segurança privada (SÃO PAULO, 2018).
Saiba mais
Para permitir um aprofundamento do que foi exposto na aula de hoje, é importante a leitura do Capítulo 4 da Dissertação de
Mestrado de Matheus Viana Campos, intitulada A influência das empresas de segurança privada para a construção do discurso da
segurança, no qual o autor faz reflexões sobre a influência e a atuação das empresas de segurança privada nos serviços de
inteligência e na contenção de ameaças.
CAMPOS, M. V. A influência das empresas de segurança privada para a construção do discurso da segurança. 2020. Dissertação
(Mestrado em Relações Internacionais) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2020. Disponível em:
https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/29952/1/AInfluenciadasEmpresas.pdf. Acesso em: 13 maio 2022
LIVRO 02-UNIDADE 02-AULA 03
SEGURANÇA PRIVADA E SUA ATIVIDADE
Retomaremos o estudo relacionado à segurança privada e seu destaque no cenário brasileiro, com a
análise da segurança privada e sua atividade.
INTRODUÇÃO:
retomaremos o estudo relacionado à segurança privada e seu destaque no cenário brasileiro, com a
análise da segurança privada e sua atividade. Inicialmente, conceituaremos as empresas que possuem
serviço orgânico de segurança e as empresas especializadas. Adiante, estudaremos os equipamentos que
cada uma das respectivas empresas poderá utilizar na atividade e o procedimento de aquisição deles. Por
fim, veremos a aplicação dos institutos estudados no ordenamento jurídico brasileiro, com a explanação do
entendimento doutrinário e jurisprudencial dos tribunais superiores sobre o tema, de modo a compreender
as repercussões práticas da aplicação do instituto. Vamos lá?
NOÇÕES PRELIMINARES SOBRE A SEGURANÇA PRIVADA E SUA ATIVIDADE
Olá, caro estudante! Inicialmente, trataremos da segurança privada e sua atividade.
Como visto nas aulas anteriores, as empresas de segurança privada podem ser classificadas em duas
espécies: as empresas de segurança orgânica e as empresas de segurança especializadas.
As empresas de segurança orgânica são aquelas que os funcionários da segurança também são
funcionários da empresa na qual prestam serviços, desta forma, somente poderão prestar serviços na
empresa em que são contratados.
As empresas de segurança especializadas são aquelas cuja finalidade é a prestação de serviços para
terceiros, e eles poderão prestar serviços em qualquer outra empresa ou seguimento.
A Portaria nº 3.233/2012 prevê os produtos controlados e acessórios a serem utilizados pelas referidas
empresas.
As empresas de segurança especializadas e as que possuem serviço orgânico de segurança poderão
utilizar somente as armas, a munição, os coletes de proteção balística e outros equipamentos previstos na
Portaria nº 3.233/2012, conforme determina o seu art. 114. Excepcionalmente e de forma individual,
mediante autorização do Coordenador-Geral de Controle de Segurança Privada, é possível a aquisição e o
uso pelas referidas empresas de outras armas e equipamentos, de acordo com as características
estratégicas da atividade ou a importância para o interesse nacional (BRASIL, 2012).
A Portaria nº 3.233/2012 prevê quais equipamentos poderão ser utilizados por cada uma das empresas.
Sendo assim, há previsão específica para as empresas de vigilância patrimonial, empresas de transporte
de valores, empresas que exercerem a atividade de segurança pessoal, empresas de curso de formação e
empresas com serviço orgânico de segurança.
A aquisição de armas, munição, coletes à prova de bala e outros produtos é controlada por parte das
empresas de segurança especializadas e de prestação de serviço orgânico de segurança, se estiverem
com autorização de funcionamento e o certificado de segurança válidos. Sendo a empresa de segurança
de transporte de valores ou de serviço orgânico de transporte de valores, ela poderá adquirir apenas
armas, munições e coletes à prova de balas para uso em veículo especiais se os certificados de vistoria
estiverem válidos (BRASIL, 2012).
O requerimento de aquisição dos referidos equipamentos, salvo em relação às empresas de curso de
formação, poderá ser formulado de forma simultânea ao requerimento de autorização para funcionamento.
A análise dos requerimentos de aquisição de equipamentos, com exceção das empresas de curso de
formação, será feita de

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