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CONHECIMENTOS E MÉTODOS DO CUIDAR AVA

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UNIDADE 1 
OLÁ! 
Você está na unidade A atenção e a percepção do profissional. Conheça aqui o conceito de cuidado, o desenvolvimento 
do conhecimento na área da enfermagem, os padrões de conhecimento e sua importância para o cuidado em enfermagem. 
O arcabouço teórico é fundamental para o desenvolvimento do profissional enfermeiro. O cuidado realizado de forma 
ética, baseado em conceitos e aprendizados teóricos a partir dos padrões de conhecimento pré-estabelecidos e 
consolidados teoricamente dentro da enfermagem, são determinantes para a qualidade do cuidado. 
Bons estudos! 
1 O cuidado 
O cuidado, por ser um conceito amplo, pode englobar diferentes significados, podendo ser considerado como 
solidariedade, remetendo a relacionamentos compartilhados entre pessoas, ou pode transmitir, a depender das 
circunstâncias, uma noção de obrigação, de dever e de compromisso social. Significando desvelo, solicitude, diligência, 
zelo e atenção, o cuidado substancializa a vida em sociedade (SOUZA et al, 2005). Por ser amplo, o cuidado também 
se trata de um fenômeno complexo, sistematizado por meio das múltiplas relações, interações e associações sistêmicas, 
com vistas a promover e recuperar a saúde do ser humano de forma integral e articulada com tudo que o cerca (BACKES 
et al, 2016). 
Se faz necessário a compreensão do significado do cuidado de modo a conhecer modelos e modos de cuidar dentro da 
enfermagem. Lembrar-se que os modos ou modelos de cuidar não são neutros, advindo de ideias teóricas e/ou filosóficas 
que norteiam sua execução. As dimensões que o cuidado abrange, tanto social, quanto política e as implicações na vida 
daqueles que recebem esse cuidado, não são questões unicamente instrumentais ou operacionais, mas que requerem 
reconhecimento de sua finalidade para a vida humana. 
Do ponto de vista humanístico, não podemos focar somente no biológico, nas morbidades e poderes de áreas distintas 
da saúde, que tentam exercer controle sobre ela do ponto de vista social, ideológico, político e econômico. Por este 
motivo, devemos pensar no cuidado em enfermagem a partir de um referencial teórico e filosófico com valores 
atribuídos no contexto social e político onde está inserido, visto que a enfermagem, como profissão historicamente 
filosófico-humana, promove a saúde e construção de cidadania. 
A valorização do cuidado em enfermagem leva à necessidade moral do respeito e dignidade com o próprio corpo junto 
ao corpo do outro, de tal modo que reafirme os valores, sentido e existência do cuidado que se preconiza como próprio 
desta prática profissional. 
O ato de cuidar implica em empatia, ou seja, colocar-se no lugar do outro, seja em situações de cunho pessoal ou social. 
O cuidado de enfermagem pressupõe uma visão ética em relação à vida começando por sua valorização. O cuidado em 
enfermagem, aproxima-se das ideias do humanismo latino ao identificar os seres humanos pela sua capacidade de 
solidariedade com o próximo, consistindo em uma virtude que integra os valores inerentes ao ser enfermeiro (SOUZA; 
SARTOR; PRADO, 2005). 
Precisamos pensar o cuidado em enfermagem, não de forma dissociada do contexto social, moral, político e cultural. Os 
próprios enfermeiros e enfermeiras estão em processo no mundo, e carregam tradições, valores, estruturações sociais 
que norteiam seu modo de viver em sociedade. São profissionais, que a partir desses substratos, compreendem e 
raciocinam como seres no mundo. 
1.1 Reflexão para um cuidado ético 
A partir da reflexão de que, além do viver em sociedade, o cuidar da enfermagem é técnico e científico do ponto de vista 
biológico, os julgamentos morais se encontram neste panorama biológico-cultural. Desta forma, podemos refletir acerca 
de alguns aspectos da ética em enfermagem sob a ótica da prática e da responsabilidade. Para tanto é preciso que 
tenhamos entendimento de que a ética se estabelece ao longo da vida e é reflexo histórico da humanidade com o passar 
do tempo. Ainda, apresenta-se em acordo com a consciência do homem com ele mesmo, enquanto ser que vive em 
sociedade (SOUZA; SARTOR; PRADO, 2005). 
A responsabilidade promove análise cuidadosa das circunstâncias concretas do cuidar e incentiva a tomada de decisões 
razoáveis, prudentes e equitativas, tão importantes para a ética em enfermagem. A ética da responsabilidade, no âmbito 
da enfermagem, precisa ser construída no contexto ético da sociedade, pautada nas responsabilidades de saúde de forma 
mais abrangente e social. Inclusive, sua responsabilidade se compromete com o processo de recuperação da saúde e está 
motivada pelo interesse recíproco. Pode-se relacionar, portanto, a reflexão ética da responsabilidade no campo da 
enfermagem às questões de Saúde Pública, principalmente, no que tange ao desenvolvimento de políticas públicas de 
saúde. 
Diante dos dilemas éticos internos e que entram em conflito com os sociais, o profissional de enfermagem deve alterar 
aspectos de sua tradição para torná-los consistentes com seus conhecimentos, a fim de transformar esses dilemas em 
uma ética ressignificativa a partir dos valores existentes. Não podemos simplesmente suprimir as tradições sociomorais, 
pois estas, em grande parte, definem nossa sensibilidade e sem nossa tradição. 
1.2 O cuidado advindo do conhecimento 
O cuidado expressa um “saber-fazer”, ou um conhecimento, embasado na ciência, na ética, na estética e na arte, 
direcionado às necessidades do indivíduo no cenário familiar e social (VALE; PAGLIUCA, 2011). 
Dentro deste saber-fazer, podemos nos deparar com o conhecimento intuitivo, que inserido no cuidado de enfermagem, 
posiciona a intuição também como conhecimento, visto que, todo conhecimento pode e deve ser discutido, refutado, 
ampliado, construído, desconstruído e reconstruído (SILVA; BALDIN; NASCIMENTO, 2003). 
Para haver formação dos sujeitos do conhecimento na área da enfermagem, necessita de coerência com o princípio da 
realidade da vida e das incertezas da ciência. Que o espírito científico seja capaz de abarcar os significados do 
conhecimento profissional coerentemente com a enfermagem-ciência e arte (CARVALHO, 2009). 
Desse modo, ao se considerar que a ciência se faz com teoria e método, o cuidado de enfermagem se faz com arte e 
ciência e, neste intento, o sentido da ciência da enfermagem encontra-se no saber-fazer, na prática do exercício de sua 
arte, campo de aplicação de seus conhecimentos (FERREIRA, 2011). 
2 O desenvolvimento do conhecimento na enfermagem 
O conhecimento na enfermagem enfrentou a indefinição da identidade profissional e a imagem que a sociedade tinha 
da profissão. Isso fica claro na década de 1980, onde as produções são marcadas pelo investimento de afirmação do 
status profissional, a definição do papel do enfermeiro e a busca de autonomia. Os Anais dos Congressos Brasileiros de 
Enfermagem (CBEns), ocorridos nessa década, refletem em parte o processo de construção do conhecimento, e 
evidenciam a crise em que a Enfermagem se encontrava (SILVA; PADILHA; BORENSTEIN, 2002). 
No entanto, as reflexões que se sucederam nos CBEns, contribuíram para apontar caminhos na ação profissional, 
enquanto disseminação no processo de construção do conhecimento de Enfermagem. Essa disseminação reflete o 
processo dinâmico e político na construção deste conhecimento que está diretamente relacionado às transformações 
globais, sejam sociais, econômicas e políticas. 
Sabe-se que o corpo de conhecimento em enfermagem não é estático, ele se transforma conforme os acontecimentos 
históricos na sua trajetória. Alguns desses acontecimentos são as próprias teorias de enfermagem, expressão formal do 
padrão empírico de conhecimento, ou da ciência da enfermagem (GARCIA; NOBREGA, 2004). 
A construção do conhecimento baseado nas teorias de enfermagem se deu pela identificação e definição de conceitos 
que representam fenômenos do campo de interesse da enfermagem, e a inter-relação dessesconceitos em proposições 
teóricas que refletem visões específicas desses fenômenos, determinando inovações, evoluções e/ou revoluções no saber 
e no fazer da enfermagem. 
2.1 As fases da enfermagem: do cuidado popular à construção de teorias 
Anterior às teorias de enfermagem, pôde-se identificar, para fins didáticos, quatro períodos profissionais, ou fases, que 
a enfermagem percorreu. O estudo de Gomes et al (2007) buscou identificar essas fases e relacionar às questões 
investigativas que incitaram a evolução do conhecimento científico. Ressalta-se que tais fases não aconteceram, 
necessariamente, em ordem cronológica, elas se sobrepuseram e ainda se sobrepõem. Desta forma temos as quatro fases 
a seguir: 
• Fase 1 - conhecida como “O QUE FAZER?”, concentrou seus esforços na identificação de quais ações, relativas 
ao paciente e ao ambiente, proporcionariam a manutenção e a recuperação da saúde. Também, nesta fase, há a 
necessidade de traçar o perfil do profissional de enfermagem a partir dos padrões morais. Foi a partir do 
conhecimento adquirido por Florence Nightingale que a enfermagem se tornou uma profissão respeitável. 
Florence procurou distinguir o saber da enfermagem do saber médico e mostrou que era possível e necessário 
formalidade e padronização na formação dos profissionais enfermeiros, para que esses profissionais adquirissem 
os conhecimentos oriundos ao campo da enfermagem. Dentre os conhecimentos produzidos por Florence, a 
ambientação dos hospitais, sua construção e reformas que trariam menores taxas de mortalidade. Este 
conhecimento está inserido na Teoria Ambientalista de Florence Nightingale, que se orientava por princípios 
relacionados ao ambiente físico, psicológico e social, essenciais para o bem-estar e recuperação dos pacientes 
internados. Dentro do controle ambiental, destaca-se a necessidade de troca de ar e de luz solar nos quartos dos 
hospitais, o destino adequado dos esgotos, bem como a importância de uma alimentação saudável. 
• Fase 2 - a enfermagem buscou a definição para o “COMO FAZER?”, centrado na conquista do domínio técnico. 
Nesta segunda fase, final do século XIX, a medicina teve grande avanço tecnológico no que diz respeito ao 
diagnóstico e tratamento de morbidades. É nesta mesma época que há um grande aumento no número de 
hospitais, demandando profissionais para atender ao número de pacientes. Por conta disso, o ensino da 
enfermagem ficou centrado na técnica, na habilidade, destreza, rapidez, postura e organização. Os saberes 
técnicos estavam subordinados à prática da medicina, onde a enfermagem era considerada como o braço direito 
do profissional médico, que detinha o conhecimento. A enfermagem não mais questionava suas ações, apenas 
realizava seus procedimentos técnicos, limitados às ações curativas, com foco nas doenças e na ideologia de sua 
cura. 
• Fase 3 - esta fase é relativamente curta, porém, importante para a cientificidade da enfermagem, onde a mesma, 
baseada em princípios científicos, investigou o “POR QUE FAZER?”. É na terceira fase que a enfermagem se 
aproxima do saber médico com mais intensidade, buscando, nos princípios de anatomia, fisiologia, 
microbiologia, dentre outras disciplinas, respaldar suas ações. Além do saber científico, se dá início ao trabalho 
em equipe e os primeiros passos no que tange à saúde do trabalhador. Neste período o foco é o paciente como 
um todo, não mais somente uma patologia, em que as necessidades psicológicas e sociais também se faziam 
importante. No entanto, mesmo com todo o suporte científico, a subordinação à classe médica ainda se 
mantivera. 
• Fase 4 - é onde nos encontramos atualmente. A enfermagem está aplicada na pesquisa científica, na tentativa 
de construir uma resposta para a questão “QUAL O SABER PRÓPRIO DA ENFERMAGEM?”. Para responder 
este questionamento, há a construção das teorias de enfermagem, nas quais inúmeras teóricas buscam 
consolidar o conhecimento produzido no campo da enfermagem, sendo a percursora da enfermagem 
moderna, Florence Nightingale, que realiza a primeira tentativa de separar os saberes da enfermagem dos 
saberes da medicina. Portanto, e relembrando o caráter científico com o qual Florence constrói seu 
conhecimento visto na primeira fase, ela é considerada a primeira teórica da enfermagem. No decorrer do 
século XX, outras teóricas assumiram a tarefa de construção do corpo de conhecimento para a enfermagem a 
fim de lhe conceder grau de ciência. 
2.2 As teorias de enfermagem 
As teorias dentro do campo da ciência cumprem funções ideológicas. Para a enfermagem, reconhecer o que confere ou 
não conhecimento dentro do campo científico é necessário para seu desenvolvimento enquanto ciência. Desta forma, é 
preciso discussões críticas acerca do conhecimento, das teorias e sua aplicabilidade nas investigações, possibilitando à 
profissão focar em suas problemáticas (GOMES et al, 2007). A seguir temos, como resultado da pesquisa de Schaurich 
e Crossetti (2010), em ordem de utilização na disseminação do conhecimento, uma síntese das teorias de enfermagem. 
• Teoria de enfermagem humanística de Paterson e Zderad 
Resgata a dimensão humanística do cuidado e possui fundamentação na epistemologia existencial-fenomenológica. 
Desta forma permite lançar um olhar ao homem como ser que vivencia situações existenciais únicas de saúde e de 
doença, olhar diferente daquele que o modelo biomédico perpetua na área da saúde. 
• Teoria do cuidado cultural de Leininger 
Permite a compreensão dos fenômenos de saúde e doença, individuais ou coletivos/populacionais, e apresenta sua 
relação com os hábitos cotidianos, crenças, costumes e demais aspectos culturais de onde demanda o cuidado. Ainda, 
este referencial conta com uma proposta metodológica própria, favorecendo o desenvolvimento de pesquisas. 
• Teoria do autocuidado de Orem 
Possibilita que ações educativas promovidas pelo enfermeiro possam desenvolver atitudes de autocuidado, individual 
ou coletivamente. Essas três teorias apresentadas foram as mais utilizadas para fundamentar produções científicas entre 
1997 e 2007. 
No entanto, o estudo promovido por MATOS et al. (2011), apontou que as teorias mais frequentemente estudadas, junto 
de teóricas suas, em cursos de graduação em enfermagem, no Estado do Paraná, são as enumeradas abaixo. 
• Teoria das necessidades humanas básicas de Wanda Horta 
Teórica brasileira, bastante conceituada por sua teoria fundamenta nas necessidades humanas básicas, desenvolvida a 
partir de conceitos da motivação humana, onde o não atendimento de necessidades geram desequilíbrio trazendo 
desconforto que, se prolongado, pode causar doenças. 
• Teoria humanística e humanitária de Martha Elizabeth Rogers 
Considera o paciente de maneira global e em constante desenvolvimento, não importando seu cenário, posição social, 
faixa-etária ou se está ou não doente. O papel do profissional de enfermagem é interagir com o “homem unitário”, 
ajudando-o no alcance do máximo bem-estar. 
• Teoria do cuidado transpessoal de Jean Watson 
Propõe que a enfermagem se concentre nos cuidados de perspectiva humanística combinados com a base de 
conhecimentos científicos, voltados à promoção da saúde. É preciso que profissional de enfermagem desenvolva 
filosofias humanísticas e sistemas de valores imprescindíveis à formação sólida da ciência do cuidado, adquirindo amplo 
conhecimento nas artes liberais, expandindo sua visão de mundo, além de desenvolver o pensamento crítico. 
• Teoria do alcance de objetivos de Imogenes King 
Descreve a atuação do profissional de enfermagem mediante a compreensão de que o ser humano deve ser visto a partir 
do pessoal, do interpessoal e do social. A interação do binômio enfermeiro-pessoa estabelece o alcance de metas de 
saúde, propiciando o desenvolvimento de potencialidades no cliente (pessoal), pessoa (interpessoal) e comunidade 
(social) (MOURA; PAGLIUCA, 2004). 
 
Embora as teoriasdetenham pouca aplicabilidade além do meio acadêmico e científico, elas possibilitam o 
desenvolvimento do pensamento crítico para o cuidado do ser humano. 
Portanto, as teorias de enfermagem, representam o saber dos profissionais enfermeiros, não devendo conceber sua 
formação sem o estudo das mesmas. Entretanto, o fato de sua pouca aplicabilidade na prática, dificulta seu uso no 
cotidiano dos profissionais. 
3 Os padrões de conhecimento da enfermagem 
Os padrões de conhecimento da enfermagem são dinâmicos e multidimensionais, não sendo sempre possível classificar 
o conhecimento utilizando apenas um padrão. Cada conhecimento pode subsidiar uma ação, porém, é a partir da 
interligação entre eles que se dá a realização do cuidar com excelência (LACERDA; ZAGONEL; MARTINS, 2006). 
Inicialmente, temos a descrição de quatro padrões de conhecimento: 
• o empírico, 
• o estético, 
• o conhecimento pessoal e 
• o ético. 
Posteriormente há a introdução e descrição de mais dois padrões: o desconhecimento e o conhecimento sociopolítico. 
A seguir serão conceituados os diferentes padrões de conhecimento da enfermagem. 
3.1 O padrão de conhecimento empírico 
Conhecido também como a ciência de enfermagem, esse padrão se caracteriza por sua sistematização e organização, 
advindo da pesquisa, considerado fonte preliminar do conhecimento para desenvolver o cuidado. Seu propósito é 
o de explicar e descrever os fenômenos, testando-os em situações práticas. É a aplicabilidade do conhecimento próprio 
da enfermagem promovendo o seu reconhecimento como ciência. Esse padrão é coerente com a visão tradicional, e seu 
conhecimento é baseado em fatos, sendo descritivo e fundamentalmente voltado para o desenvolvimento de 
explicações teóricas e abstratas (CESTARI, 2003). 
3.2 O padrão de conhecimento estético 
Denominado de arte da enfermagem, o padrão estético se manifesta por meio do processo de interação entre o 
profissional enfermeiro e o indivíduo que está sob seus cuidados. Se denomina arte no sentido de relacionar-se, de 
perceber o indivíduo, realizando as ações de cuidado de forma que reflitam significativa e positivamente, tornando o ser 
sob os cuidados coautor dessas ações;criando laços de cumplicidade. Esta percepção da ação de cuidar, integrando meios 
e fins, se torna extremamente visível a partir dos comportamentos, atitudes, condutas e interações entre o profissional e 
o paciente. 
3.3 O padrão de conhecimento pessoal 
Se dá através do conhecimento do próprio self, pois, somente a partir do autoconhecimento, é que a pessoa é capaz de 
conhecer outro ser humano como pessoa. O padrão pessoal é um processo dinâmico reconhecendo o outro em sua 
totalidade. É estar disposto e receptivo ao outro, e compreender suas necessidades, despindo-se de todo e qualquer juízo 
pessoal e de valor. Incentivar o indivíduo a assumir seu próprio cuidado, aceitando a liberdade e reconhecendo que cada 
pessoa não é uma entidade fixa. O profissional enfermeiro deve utilizar sua imparcialidade e permitir-se uma 
introspecção em suas experiências de vida para construir significados próprios. O padrão pessoal permite à enfermagem 
agregar competência profissional junto de sua contribuição pessoal, dando aporte para um cuidado genuíno, de forma 
ética, científica e ao mesmo tempo sensível. 
3.4 O padrão de conhecimento ético 
Este padrão é orientado pela responsabilidade, o julgamento sobre o que é bom ou não, se deve ou não ser realizado, 
perpassando a base de códigos de ética, normas e condutas, demandando do profissional conhecimento nesta área. Para 
intervir positivamente deve-se realizar a melhor escolha, o que é mais apropriado em determinada situação, utilizando-
se do bom senso, avaliando o contexto e circunstância. O padrão ético por si só, não descreve ou prescreve como deve 
ser a decisão, confrontando os profissionais com escolhas que não podem ser tomadas simplesmente recorrendo às 
determinações do código de ética. Estabelecer critérios de avaliação para este padrão de conhecimento é difícil e 
importante, tornando o desenvolvimento de um conhecimento ético cada vez mais necessário. 
4 Ampliação dos padrões 
Após esses quatro padrões de conhecimento, podemos dizer que eles foram ampliados. E eles acabam entrelaçando-se. 
Confira a seguir os dois novos padrões inseridos neste rol. 
4.1 O padrão de desconhecimento 
Compreende o reconhecimento do enfermeiro em perceber que não conhece o mundo do outro e sua subjetividade. Está 
atrelado ao saber ético e é capaz de promover prontidão a aprender como, quando e onde a teoria e a pesquisa podem 
ser usadas para produzir um resultado desejado, focalizando o outro, que se encontra muitas vezes fragilizado e 
necessitando de cuidados. O deixar-se de lado do enfermeiro faz emergir o outro através de seus pensamentos, anseios 
e perspectivas de vida. Colabora para uma compreensão maior, propiciando um relacionamento mais próximo, 
satisfatório e confiante entre enfermeiro e o ser cuidado, subsidiando o cuidado terapêutico. 
4.2 Padrão de conhecimento sociopolítico 
O padrão de conhecimento sociopolítico foca em um amplo contexto do processo de cuidado, que incluem o processo 
organizacional, cultural e político que influenciam o paciente, a família, o enfermeiro, outros profissionais da saúde, a 
profissão e outras estruturas que envolvem o processo de cuidar. O enfermeiro precisa prover um domínio crítico do 
meio social, da política e da economia e analisar como este domínio afeta a saúde das pessoas e das comunidades. Esses 
efeitos incluem a posição e a visibilidade da enfermagem no planejamento das políticas e decisões sobre as questões de 
saúde de forma crítica. A enfermagem necessita ter sua formação voltada para esse padrão do conhecimento a fim de 
desenvolver e/ou aperfeiçoar formas de enfrentar e superar entraves que dificultam seu cuidado. 
Apesar de buscarmos conhecer todos os padrões de conhecimento na enfermagem, o cuidar nos reserva inúmeras 
surpresas, pois como disserta Lacerda, Zagonel e Martins (2006): 
“ É preciso aceitar o inexplicável e não conhecido dos pacientes, enfermeiras, relacionamentos, processo saúde-doença, 
questões sociopolíticas que podem admitir exploração dos significados e caminhos nos quais algumas experiências 
vividas não podem ser declinadas ou explicadas porque nunca talvez tenhamos tido aquela experiência. ” 
5 Identidade profissional e autonomia da enfermagem 
A tentativa de definir a enfermagem, em um primeiro momento, parece algo bastante simples e direto. Geralmente o 
nosso pensamento nos leva a definir a enfermagem descrevendo-a pelo fazer do enfermeiro, pelo que ele exerce 
enquanto profissional. Isso ocorre pois o “fazer”, a arte da enfermagem, o padrão estético, é tão evidente e palpável que 
conseguimos enxergar a enfermagem a partir e somente por meio destas lentes. No entanto, precisamos de um olhar 
mais aprofundado e ampliado da enfermagem, se distanciando da singularidade do “fazer”, para consolidar-se por três 
grandes bases: disciplina, identidade e profissão (CHANES, 2018; TEODOSIO et al, 2017). 
5.1 Enfermagem enquanto disciplina 
Como já foi visto, a enfermagem tenta se impor enquanto ciência desde o início da enfermagem moderna a partir dos 
conhecimentos difundidos por Florence. Quando a definimos como a ciência do cuidado, estamos contribuindo para a 
consolidação de sua identidade. 
Enquanto disciplina a enfermagem necessita de duas vertentes para se estabelecer como tal, se apropriar 
de saberes e conhecimento e produzir o seu próprio conhecimento e saberes que irão guiar o pensamento e trabalho do 
profissional enfermeiro. 
Ao se apropriar de fatos, dados, conceitos, investigações e abordagens que a distinguem de outras disciplinas da saúde, 
a enfermagem define e delimita suas fronteiras do conhecimento. 
5.2 Reconhecimento da enfermagem enquanto profissão 
Quando pensamos na enfermagem compreendida como profissão,nos remetemos a algo mais palpável, tais como 
seus métodos e recursos profissionais, no entanto, nem sempre foi desta forma. Historicamente a imagem da 
enfermeira não tinha o status que tem hoje, de profissional respeitável por seu amplo conhecimento depositado no 
processo de cuidado. Novamente invocamos a precursora da enfermagem, Florence Nightingale, que iniciou este 
processo de profissionalizar esta ocupação. 
A enfermagem, anteriormente à Florence, era executada por pessoas leigas e marginalizadas, não havendo formação de 
nenhum tipo para execução de suas atividades. A partir da falta de um padrão de ensino de enfermagem, Florence 
elaborou um modelo de Escola de Enfermagem, ensinando raciocínio crítico, atenção às necessidades individuais e o 
respeito aos direitos do paciente. 
A sistematização do ensino transformou a enfermagem em uma das ocupações mais importantes dentro dos hospitais 
em sua época. Porém, ainda não havia alcançado o patamar de profissão, sendo reconhecida sua formação como um 
treinamento para uma ocupação. 
Alcançar o status de profissão, exigiu da enfermagem o estabelecimento de métodos e recursos, provenientes dos 
saberes da disciplina de enfermagem (conhecimento). A educação, treinamento, implementação e avaliação destes 
métodos e recursos só foi possível quando a enfermagem teve domínio de seu conhecimento. Desta forma, novos 
instrumentos e/ou métodos surgiram para fortalecer a enfermagem como profissão. 
Estabelecendo a enfermagem na qualidade de profissão, o Processo de Enfermagem (PE) e a Sistematização da 
Assistência de Enfermagem (SAE) surgem como tecnologias para o alcance das metas dos profissionais da área de 
enfermagem, auxiliando no processo do cuidado, visando qualidade na assistência, sendo ambas ferramentas de uso 
exclusivo da profissão. 
O PE e a SAE possuem características que enaltecem a enfermagem tanto como ciência, quanto arte, pois exige 
conhecimentos atualizados e cuidado executado de forma humana e ética. Assim, o olhar para Enfermagem como 
profissão e disciplina se consolida em um único conceito. 
A busca por ferramentas decorrentes do conhecimento e dos saberes oriundas da enfermagem como ciência só possível 
a partir da produção de Teorias de Enfermagem, vistas anteriormente. As teorias são essenciais para o reconhecimento 
da enfermagem como profissão, visto que elas tratam exatamente do objeto foco da profissão que é o cuidado e o 
processo de cuidar. 
A primeira teorista foi Florence Nightingale, que descreveu o papel do enfermeiro como alguém que deveria colocar o 
paciente na melhor condição possível para que a natureza pudesse restaurar ou preservar sua saúde. As teorias surgiram 
com a finalidade de atingir uma identidade própria, buscando um campo de conhecimento específico para dar significado 
às práticas da enfermagem, bem como conquistar um papel social para as enfermeiras, este último, bastante importante 
para o estabelecimento do status de profissão. 
A construção da imagem profissional para a enfermagem, também surge como um importante dispositivo para que a 
profissão não ficasse à sombra de outras ocupações da área da saúde. Portanto, o estabelecimento de saberes próprios, 
sua própria ciência e seus métodos, busca a não sobreposição e a não realização do trabalho de outras disciplinas e 
profissionais da área da saúde. Essa imagem da enfermagem como profissão só é possível se o próprio profissional 
entender seu papel enquanto enfermeiro, ou seja, sua identidade profissional. 
5.3 Identidade profissional 
A identidade profissional é um processo de significação a todo momento, é enxergar-se, reconhecer-se e aceitar-se com 
a possibilidade de afirmação como um sujeito de saberes, conceitos e espaços e que, ao possuir um autoconceito 
adequado, consegue alcançar melhores resultados profissionais. 
O autoconceito, inerente à identidade profissional, provém do seu papel na sociedade, sendo produto de mecanismos 
sociais, de características pessoais e do contexto. Assim, com um autoconceito bem definido, o enfermeiro consegue 
atuar em seu papel social de maneira consciente e preditiva, não se esquecendo de sua importância e relevância social. 
Para contribuir com o autoconceito e a identidade profissional, o PE e a SAE são, novamente, ferramentas promotoras 
de autonomia, gerando benefícios como o reconhecimento pela qualidade da assistência prestada permitindo, refletir 
acerca da importância social e da responsabilidade profissional do enfermeiro. Esta autonomia pode ser definida como 
habilidade de autodeterminação, de ser independente, isto é, o indivíduo tem o poder e a habilidade de decidir ou agir 
sobre si mesmo. 
A luta pela identidade e autonomia profissional do enfermeiro é histórica e incessante, tanto que essas questões ainda 
são bastante discutidas no meio acadêmico, profissional e político-social, pois perpassam por diversos fatores, como 
imagem profissional, salário, reconhecimento, espaço de trabalho, papel e saber/fazer próprios. 
Desta forma Teodosio et al (2017), conceitua a identidade profissional de enfermeiros como: 
um processo histórico, complexo, multidimensional e coletivo, se constituindo tanto de elementos da trajetória 
biográfica do indivíduo, quanto das suas relações sociais e profissionais, origina-se no processo de formação e é 
(re/des)construído pelo modo de ser e estar dos enfermeiros no cotidiano da prática profissional. 
Portanto, diante dessa descrição conceitual, conseguimos concluir que o tripé que engloba a disciplina, profissão e 
identidade, é importante para proteção da autonomia, caráter, competência e reconhecimento social da enfermagem, 
possibilitando a realização de um cuidado de qualidade. Esse tripé fica representado na imagem a seguir, onde podemos 
ver a “Interrelação da disciplina, profissão e identidade como pilares da enfermagem”. 
É ISSO AÍ! 
Nesta unidade, você teve a oportunidade de: 
• conhecer as noções e conceitos do cuidado em enfermagem; 
• compreender e refletir acerca do cuidado centrado na ética e na valorização da enfermagem enquanto detentora 
de conhecimento; 
• aprender que o cuidado é proveniente de conhecimento científico; 
• estudar sobre o desenvolvimento do conhecimento na enfermagem a partir de um resgate histórico e teórico que 
abrangeu algumas teorias de enfermagem; 
• conhecer os padrões de conhecimento através de seus conceitos; 
• desenvolver pensamento crítico e reflexivo acerca da identidade profissional e autonomia da enfermagem. 
REFERÊNCIAS 
BACKES, D. S. et al. Interatividade sistêmica entre os conceitos interdependentes de cuidado de 
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UNIDADE 2 
OLÁ! 
Você está na unidade Teorias nos processos do cuidado. Nesta unidade, destacam-se os teorias e suas concepções 
acerca do fazer e do ser da enfermagem, visando estabelecer como o indivíduo-paciente é concebido, tratado, significado 
com relação aos processos do cuidado. 
Bons estudos!! 
1 O protagonismo 
O modo de fazer e para quem é esse fazer da enfermagem compreende as muitas relações que se estendem com os 
avanços científicos, o desenvolvimento de habilidades e competências, a aquisição de conhecimentos, mas, 
principalmente, a própria concepção de postura e empatia do profissional de enfermagem, dentro de um contexto, um 
cenário em que há protagonistas e fatores antagônicos a serem observados, compreendidos e, assim, estabelecidos. 
A importância de se estabelecer teorias de enfermagem se justifica em virtude de que, conforme dispõe o Conselho 
Federal de Enfermagem - COFEN (2020), o número de enfermeiros dispostos nas unidades federativas brasileiras 
alcança a soma de cerca de 2.249.362 profissionais, divididos em auxiliares, técnicos, enfermeiros e obstetrizes 
(BRASIL, 2020). Logo, um número crescente e que, já na formação acadêmica, precisa compreender sua importância, 
postura, ética, criticidade e finalidade. 
1.1 Conceito 
Conforme disposto no Dicionário Online de Português (2020), enfermagem é considerada como a função de quem é 
responsável pelo tratamento de pessoas enfermas, providenciando remédios, fazendo curativos, cuidando da higiene do 
paciente. E, para Horta (1974), a enfermagem não surgiu do acaso, uma vez que tem como propósito o homem e sua 
finalidade é o homem, existe para servir pessoas e tem responsabilidade com a sociedade. 
Evidentemente, nas ações pertinentes à enfermagem, há uma gama complexa e indexada de intervenções, dentro de um 
cenário, um contexto, no qual há protagonistas e fatores antagônicos. 
Nesse sentido, assinalam Vale e Pagliuca (2011) que, “o foco da atenção da enfermagem é o ser humano, com suas 
necessidades biopsicosocioespirituais, e a função precípua do enfermeiro é o cuidado de enfermagem, cujo objetivo 
centra-se na promoção da saúde, na prevenção de doenças e na recuperação e reabilitação da saúde”. 
De tal forma, fica evidente que há muitas interfaces ou inter-relações que ligam e implicam na área de enfermagem, em 
suas ações, suas intervenções, rotinas e demandas. E, nesse cenário, o conhecimento e o desenvolvimento de habilidades, 
por parte do profissional em saúde, revela mais do que um modelo fundamentado numa experiência terapêutica que 
parte do ser, independente do ser-paciente ou do ser-enfermeiro, sobretudo, num partilhar, numa co-ação entre aquele 
que é alvo do cuidado e daqueles que o cuidam. 
Logo, questões emergem visando alcançar como desempenhar o cuidado terapêutico na área de enfermagem. Em que 
se fundamenta o fazer do enfermeiro, o que norteia as ações e intervenções em enfermagem? De quais teorias a 
enfermagem lança mão? 
Vale lembrar aquilo que o Dicionário Online de Português (2020) define como teorias: princípios, doutrinas, ideias, 
conjunturas, ensinamentos, fundamentos, generalidades. 
1.2 Fundamentos da enfermagem 
Historicamente, essa sistematização teórica foi formulada visando fundamentar os cuidados de enfermagem e 
possibilitar autonomia e independência quando da atuação junto ao paciente, surgindo, então, as primeiras teorias de 
enfermagem. 
2 Teorias da enfermagem 
Santos et al. (2018, p. 595) destacam que, “ao longo do tempo, o “saber” e o “ser” da enfermagem eram constituídos a 
partir dos modelos religiosos do cuidado que perduraram até o final do século XIX. Esses modelos eram baseados em 
procedimentos caseiros e executados por grupos voluntários de igrejas e mesmo escravos. O objeto do cuidado eram os 
mais necessitados”. 
Você pode estar se perguntando: quem deu início à teorização da enfermagem? Confira. 
2.1 Teoria ambiental 
De acordo com Santos et al. (2018, p. 594), até a década de 1910, tal teorização partiu da construção do processo do 
pensamento científico da enfermagem proposto por Florence Nightingale, com a Teoria Ambiental, que, em sua 
“trajetória, realizou a identificação do conhecimento e conteúdos necessários para a tomada de decisão da área. 
Delimitou padrões morais para o perfil de profissional e os relacionou com a doença e o ambiente na manutenção da 
saúde. O foco da época, denominada “enfermagem moderna”, permeou o “o que fazer?””. 
Para Florence Nightingale, a saúde do paciente estaria atrelada a um ambiente com condições de higiene e aspectos 
sanitários adequadas (aeração, luz, aquecimento, silêncio e nutrição adequada). Logo, o foco era o ambiente, uma vez 
que este exercia influência na saúde do indivíduo. A saúde visava a um processo de reparar danos que o ambiente 
causara. Cabendo à enfermagem o papel de alocar o paciente em posição que culminasse num bom cuidado e, 
consequentemente, na sua melhora (CARVALHO, 2013). 
2.2 Teoria do autocuidado 
Carvalho (2013) aponta que, em 1914, Dorothea Orem definiu a teoria do autocuidado,fundamentada nas 
necessidades (biológicas, psicológicas sociais ou de desenvolvimento) do autocuidado enquanto atividade aprendida e 
orientada por metas estabelecidas pelo próprio indivíduo para a manutenção da vida, da saúde e do seu bem-estar. Nesta 
teoria, a enfermagem auxilia o indivíduo a maximizar, progressivamente, suas metas de autocuidado. 
Segundo define Albuquerque (2015), esta teoria postulada por Orem, focada no autocuidado, seria executada através da 
prática de atividades que os indivíduos desempenham em seu próprio benefício para manter a vida, saúde e bem-estar. 
Estando o indivíduo com o poder/competência/potencial para se engajar no autocuidado, entendendo suas necessidades 
individuais para a manutenção desse tripé. 
2.3 Teoria da adaptação 
Outra teoria proposta surge, então, em 1939, por Sister Calista Roy, a chamada teoria da adaptação, levava em conta 
o auxílio ao paciente (ser social, mental, espiritual e físico, afetado por estímulos do ambiente interno e externo) em 
adaptar-se às mudanças enquanto em estado de enfermidade. As intervenções em enfermagem só aconteceriam quando 
o paciente não conseguisse ou pudesse se adaptar às demandas internas ou externas (estas determinadas pela 
enfermagem que, então, determina os cuidados necessários) (CARVALHO, 2013). 
Albuquerque (2015) salienta ainda acerca da teoria proposta por Roy que, a adaptação se daria sobre quatro aspectos: 
• necessidades fisiológicas (exercício/repouso, nutrição/alimentação, fluido/eletrólito, oxigênio/circulação; 
regulação da temperatura, regulação dos sentidos e do sistema endócrino; 
• autoconceito (integridade psicológica do indivíduo); 
• função no papel (regras ou limites de comportamento para ocupar uma série de posições na sociedade); e 
• interdependência (o homem está em constante relação com os outros). 
2.4 Teoria das relações interpessoais em enfermagem 
Carvalho (2013) aponta que, em 1952, Hildegard Peplau postulou a Teoria das relações interpessoais em 
enfermagem. Esta com foco nas relações interpessoais entre o enfermeiro e o paciente. Dessa relação, quando da 
confiança expressa pelo paciente ao enfermeiro, se estabeleceria quais seriam os problemas e quais as soluções 
potenciais. Logo, ambos lutariam para as tensões advindas das necessidades. Nascendo, assim, uma enfermagem 
fundamentada na empatia, significativa, terapêutica, interpessoal, na qual o enfermeiro observa, reconhece a necessidade 
do paciente e reage a ela. 
Logo, com os avanços nas ciências física e química e das tecnologias, estas com determinantes impactos na medicina, 
além do fato de que, cresceu o número de instituições hospitalares, a proposição de práticas médicas e de enfermagem 
gerando, de tal modo, o modelo de assistência biomédico na prática de enfermagem (SANTOS et al., 2018). 
2.5 Teoria holística 
Myra Levine, em 1967, define os pressupostos da Teoria Holística, que concebe o paciente enquanto ser dinâmico que 
interage num ambiente também dinâmico. Conforme Levine, o ambiente estimula fisiologicamente os níveis de resposta 
do organismo e, neste, a enfermagem conservaria as energias do paciente avaliando as respostas que este dá diante desse 
estímulo (CARVALHO, 2013). 
2.6 Teoria do modelo conceitual do homem 
Em 1970, Martha Rogers postula a Teoria do modelo conceitual do homem. Parte do foco de que o homem, enquanto 
ser unificado, íntegro, continuamente interage com o meio, e, o enfermeiro entende essa interação e dela extrai o máximo 
de bem-estar para o paciente. Para Rogers, a enfermagem seria para todos: ricos ou pobres, saudáveis ou doentes, 
independentemente do local: em casa, na escola, no trabalho, hospital ou asilo. Visava conceituar cientificamente a 
enfermagem como ciência e como prática, para que, assim, a enfermagem se efetivasse de forma crítica, fundamentada 
e segura (CARVALHO, 2013). 
2.7 Teoria das necessidades humanas básicas 
No Brasil, segundo destacam Silva et al. (2017), já na década de 1960, através dos pressupostos definidos e propagados 
pela enfermeira Wanda de Aguiar Horta nasce a Teoria das necessidades humanas básicas - NHB. A preocupação 
estava voltada para a prática não reflexiva e dicotomizada da enfermagem, bem como, numa tentativa de unificar o 
conhecimento científico da enfermagem para proporcionar-lhe autonomia e independência. Teoria esta embasada na 
teoria de motivação humana, de Abraham Maslow. Além de precursores, os estudos de Horta motivaram, em 1979, o 
fazer da enfermagem por processos. No entender de Horta (1974, p. 1) a NHB: 
Desenvolve-se [enquanto] uma teoria que procura explicar a natureza da enfermagem, seu campo especifico 
e sua metodologia de trabalho. Fundamenta-se na teoria de Maslow para explicar ser a enfermagem um serviço 
prestado ao Homem visando assisti-lo no atendimento de suas necessidades básicas e desta maneira contribuir 
para mantê-lo em equilíbrio no tempo e espaço, seja prevenindo desequilíbrios, ou revertendo estes em 
equilíbrio. Da teoria proposta inferem-se os conceitos de enfermagem, assistir, assistência e cuidados em 
enfermagem. Algumas proposições e princípios também são expostos. Tendo a Teoria das Necessidades 
Humanas Básicas por fundamento, estabelece-se a metodologia ou Processo de Enfermagem em 6 fases: 
histórico, diagnóstico, plano assistencial, plano de cuidados, evolução e prognóstico. Salienta-se a importância 
do desenvolvimento de habilidades denominadas instrumentos básicos, para a execução do Processo de 
Enfermagem. 
Para melhor ilustrar as cinco categorias de necessidades humanas propostas por Horta, observe a hierarquia das 
necessidades humanas compostas na Pirâmide de Maslow. 
 
 Figura 1 - Hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: Elaborada pela autora, adaptada de Albuquerque (2015). 
#PraCegoVer: A imagem mostra um triângulo, indicando a fisiologia (respiração, comida, água, sexo, sono, 
homeostase e excreção) na base na cor vermelha, aí mais pra cima tem a segurança (segurança do corpo, do emprego, 
de recurso, da moralidade, da família, da saúde, da propriedade) na cor laranja, em seguida tem o amor/relacionamento 
(amizade, família, intimidade sexual) em amarelo. Na sequência, a estima (em verde), com a autoestima, confiança, 
conquista, respeito dos outros, respeito aos outros. E, por fim, no topo da pirâmide, a realização pessoal na cor lilás 
(moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceitos e aceitação dos fatos. 
A década de 1970, fora tão marcante para a área de Enfermagem que, nos Estados Unidos, o processo de enfermagem 
consistia nas seguintes fases: assessment (avaliação), diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação. Aquele 
crescimento incorreu na padronização de linguagem dos diagnósticos de enfermagem sendo introduzida pela NANDA 
- North American Nursing Diagnosis Association (SANTOS et al., 2018). 
Aprofundando um pouco mais acerca da Teoria das NHBs, Souza (2013) assinala ainda as percepções dessa metodologia 
segundo João Mohana que a considera descritiva, sequencial, com caráter didático, sob a égide filosófica de que o 
“homem é um todo indivisível” e suas necessidades estão intimamente ligadas, ainda, classifica as Necessidades 
Humanas Básicas em três níveis: 
• necessidade psicobiológicas; 
• necessidades psicossociais; e 
• necessidades psicoespirituais. 
Para Souza (2013), Mohana considera que os aspectos psicológicos do indivíduo estão intimamente relacionados com 
o seu próprio corpo físico, com o seu contexto social e com a sua espiritualidade (normalmente manifestada por uma 
religião por ele eleita), e, nesta visão, os dois primeiros níveis, as necessidades psicobiológicas e as psicossociais são 
comuns a todos os seres vivos, com prevalência das psicoespirituais, pois são do terceiro nível, logo, característica 
exclusiva dos seres humanos. 
Destaca-se que, de tal forma que, todo esse avanço no planejamento e nateorização das ações e intervenções do campo 
da Enfermagem foram extremamente profícuos, pois, naquela década (1970), as teorias de enfermagem corroboraram 
para o advento de um planejamento da assistência de enfermagem por meio do arcabouço conceitual construído sobre 
os fenômenos do cuidado, prática consolidada pelo processo de enfermagem (SANTOS et al., 2018). 
Santos et al. (2018) assinalam ainda que, em meados de 1980, acontece, no Brasil, via promulgação de resolução do 
COFEN (Conselho federal de enfermagem), a SAE (sistematização da assistência de enfermagem) enquanto atividade 
privativa do enfermeiro, implementada no contexto em que existe atendimento de enfermagem, com o emprego do 
método científico e embasamento nas teorias da área. 
As teorias de enfermagem proporcionam a oportunidade de reflexão para que o graduando faça relações entre 
as atividades reais do trabalho e os conceitos elaborados na área. Isso permite a atribuição de significado às 
ações e avaliação da prática. A compreensão do potencial de suporte teórico subsidiado pelas teorias gera 
oportunidades para que o aluno possa ressignificar o cenário didático e apreender dele um potencial 
transformador em suas ações do cuidado (SANTOS et al., 2018, p. 595). 
Outras teorias propuseram uma sistematização da enfermagem em diferentes visões acerca do foco, da saúde, do 
ambiente, da enfermagem desde então. 
Como exemplos, ainda, há como teorias do cuidado a Teoria da Enfermagem Transcultural de Madeleine M. 
Leninger, fundamentada nos cuidados da enfermagem. Estes, variam de cultura para cultura em suas expressões, 
processos e padrões, tais como estrutura social, religião, tradição, em que as pessoas expressam cuidado de acordo com 
seus valores. Logo, o cuidado seria um construto social (uma relação construída ativamente) (CARVALHO, 2013). 
Há também, segundo ressalta Carvalho (2013), a Teoria da Ciência Filosófica do Cuidado de Jean Watson e a Teoria 
do Alcance dos Objetivos de Imogenes King. 
Albuquerque (2015) destaca ainda outras teoristas da Enfermagem, tais como: Lydia E. Hall, Virgínia Henderson, Faye 
Abdellah, e, Ida Orlando. Pois, para Albuquerque (2015, p. 4) “cada uma das teoristas descreve a natureza do homem 
oferecendo uma visão abrangente de um humanismo pluridimensional que engloba indivíduo e pessoa, corpo, mente e 
alma - soma psique - em constante interação com o meio ambiente formando um todo integrado ou sistema”. 
De acordo com Carvalho (2013), embora cada uma das teorias da Enfermagem tenha peculiaridades, a maior parte 
dessas teorias de enfermagem têm quatro fundamentos como pilares básicos: 
• o ser humano (pessoa receptora do cuidado da enfermagem, desde indivíduos a família, comunidade e grupos); 
• a saúde; 
• o meio ambiente (físico, social e simbólico que exercem influência sobre as pessoas, cenário em que se prestam 
os serviços de cuidados às pessoas); e 
• a enfermagem. 
Para resumir e ilustrar algumas das teorias de Enfermagem, observe o quadro a seguir. 
Teórica Teoria Fundamentação Básica 
Florence Nightingale Teórica ambientalista 
O enfermeiro deve manipular o ambiente do paciente para facilitar os “processos 
reparadores do corpo". 
Wanda Horta 
Teórica da Necessidades 
Humanas Básicas (NHB) 
Baseado nas necessidades psicossociais e psicoespirituais, propõe uma metodologia para 
o processo de enfermagem focando o ser humano integral, na busca do equilíbrio 
biopsicossocial. 
Virgínia Henderson 
Teorias das Necessidades 
Básicas 
Função da enfermagem é assistir o paciente, ajudando-o a ganhar independência. 
Hildegard Peplau 
Teorias das Relações 
Interpessoais 
Desenvolver interação enfermeiro - paciente. 
Imogene King Teorias do alcance dos objetivos 
Focaliza o processo de interação enfermeiro-paciente com a ideia objetivos central que 
há um sistema social, interpessoal e pessoal. 
Lydia Hall 
Teoria da Pessoa, do Cuidado e 
da Cura 
Afirmou que o cuidado individual pode ser visto em três diferentes áreas: cuidados (o 
corpo): núcleo (a pessoa); e cura (a doença). 
Ida Jean Orlando 
Teoria do Processo de 
Enfermagem 
Focado nos cuidados das necessidades dos clientes propondo uma relação dinâmica 
entre enfermeiro e paciente. Utilizou pela primeira vez a expressão Processo de 
Enfermagem. 
Myra Levine 
Teoria da conservação da 
energia e da Enfermagem 
Holística 
Entendia o paciente como corpo-mente, ou seja, um todo com interação com o meio. A 
finalidade da intervenção de enfermagem era a conservação da energia, da integridade 
estrutural, pessoal e social 
Dorothea Orem Teoria do Autocuidado 
Sistema de ajuda para o autocuidado. Quando o paciente apresenta um déficit de 
autocuidado ou não possui condições de realizá-lo, a enfermagem relaciona a educação 
em saúde a fim de tornar o paciente independente. 
Marha Rogers 
Teorias do Seres Humanos 
Unitários ou Teoria do Modelo 
Conceitual do Homem 
Interação harmoniosa entre paciente e ambiente para maximizar a saúde, ambos são 
campos de energia de quatro dimensões. 
Sister Calista Roy Teoria da Adaptação 
Identificar tipos de demanda colocados sobre o paciente, analisar a adaptação às 
demandas e ajudar o paciente a se adaptar. 
Madeleine Leninger Teoria do Cuidado Transcultural A enfermagem deve considerar os valores culturais e as crenças das pessoas. 
Jean Watson Teorias do Cuidado Humano 
O cuidado é a essência da enfermagem, e a interação entre enfermeiro e cliente ocorre 
através de sentimentos, emoções, troca de energia e afeto. 
Margaret Newman 
Teorias de Saúde como 
Consciência Expandida 
 
Fay Abdellah Teoria Centrada nos problemas 
Usava o método de resolução de problemas (21 problemas) para sustentação, 
restauração, prevenção, autoajuda, déficit ou excesso de necessidades. 
Patterson Teoria Humanista A enfermagem é uma experiência existencial de cuidar. 
Betty Neuman 
Teoria dos Sistemas / Teorias da 
relação - educação-trabalho 
Desenvolveu o modelo dos sistemas holísticos, com foco nos aspectos psicológicos, 
fisiológicos, socioculturais e desenvolvimentistas dos seres humanos. 
Joyce Trevelbee Teoria da Relação Interpessoal 
Foca as relações interpessoais com o objetivo de auxiliar o indivíduo e a família a 
enfrentar a doença e sofrimento propondo um cuidar holístico. 
Ernestine 
Wiedenbach 
Teoria prescritiva do Cuidado 
O foco é a necessidade do paciente e a enfermagem desempenha processo nutridor, 
apresentando 4 elementos de assistência : a filosofia, o propósito, a prática e a arte. 
 Quadro 1 - Teorias da enfermagem Fonte: Elaborada pela autora, adaptada de Tapia (2014). 
#PraCegoVer: A imagem mostra um quadro com teorias que tanto fundamentam o fazer do enfermeiro quanto apontam 
para as interfaces ou inter-relações que a área de enfermagem apresenta quando do cuidado do outro. 
Como resultado da necessidade de reconhecer o significado do mundo da enfermagem, as teorias têm extrema 
relevância, uma vez que propõem identificar, descrever e explicar os fenômenos da enfermagem, solidificando os 
conceitos que fundamentam a profissão. 
Sobretudo porque, conforme apontam Mororó et al. (2017, p. 328), ainda que perjure um paradigma que evidencie uma 
prática gerencial “do enfermeiro voltada para as atividades administrativas burocráticas, pouco articulada ao cuidar, [há 
muitos outros estudos] que apresentaram a articulação e integração como características essenciais da gestão desse 
cuidado, bem como, a liderança, o trabalho em equipe, a comunicação, a articulação e a cooperação exercida pelo 
enfermeiro com os integrantes da equipe de enfermagem, demais profissionais de saúde e usuário”. 
Percebe-se, então, que há mais do que adquirir conhecimentos acerca de curativos ou aferições a serem executadas por 
parte do enfermeiro diante de quadros de enfermidades. 
No entender de Mororó et al. (2017), o enfermeiro ao desenvolver suas habilidades e competências enquanto adquire 
conhecimentos, precisa compreender seu papel,determinar sua atitude no sentido de desempenhar o cuidado com o 
outro enquanto cuida de si. Uma vez que, exerce o cuidado em enfermagem primando pela assistência integral e 
humanizada, centrada, principalmente, nas necessidades do usuário (alguém que participa de sua experiência 
terapêutica, não um ser passivo). 
Mororó et al. (2017) apontam que, nesse cenário em que o ser-paciente e o ser-enfermeiro são protagonistas e o quadro 
de enfermidade seria o antagonista, o enfermeiro precisa lançar mão das tecnologias relacionais e por meio do 
acolhimento interagir com o paciente e sua família, visando estabelecer vínculo, mediante a concepção de que essa 
vinculação lhe possibilitará o estabelecimento de afetividade e confiança (interfaces imprescindíveis e essenciais para 
gerir o cuidado). 
De tal forma, através da utilização do processo de enfermagem sistematiza uma assistência humanizada, 
verdadeiramente terapêutica, que identifica as necessidades do paciente, delineia os diagnósticos de enfermagem, 
planeja e realiza a prescrição de enfermagem, implementa as intervenções voltadas para o cuidado integral e avalia os 
cuidados prestados. 
Assim sendo, o papel da Enfermagem em se tratando dos processos de cuidado parte das Necessidades Humanas Básicas 
(NHB), estas enquanto aquelas necessidades comuns a qualquer ser humano, logo, universais. Considerando que, o que 
varia de um indivíduo para o outro seria a sua manifestação e a adequada maneira de satisfazê-las ou atendê-las. Isto 
entendendo-se que, se o organismo humano está em equilíbrio dinâmico (homeostasia), as NHBs não se manifestam 
(SOUZA, 2013). 
Portanto, conforme assinala Souza (2013), processo de assistência de enfermagem (SAE) pode ser caracterizado a partir 
da teoria proposta por Horta, em 1979, enquanto o conjunto de ações sistematizadas e relacionadas entre si, visando 
principalmente a assistência ao cliente-paciente a partir de fases tais como: 
• histórico; 
• exame físico e sinais vitais; 
• diagnóstico e prescrição; e 
• evolução. 
Acerca de como se dá o Sae a partir da metodologia do cuidado em Enfermagem é o que será abordado no tópico a 
seguir. 
3 Metodologia do cuidado em enfermagem 
Após visto as teorias de enfermagem, evidencia-se que, o processo de cuidado se estabelece por meio de formas, meios 
ou modos de fazer esse cuidado para com o outro. Contudo, por que há teorias, metodologia que ensine o homem a 
cuidar? Por que na sociedade contemporânea seria preciso humanizar o cuidado para com o outro? 
No entender de Santos et al. (2017) esta necessidade advém do fato de que, vivenciamos um contexto em que há a 
hegemonia da economia e da tecnologia. Estas se sobrelevaram à política, à religião e, principalmente, às relações 
humanas. Embora com o advento da industrialização tenha se originado a modernização, o avanço tecnológico e a 
supervalorização da ciência, a sociedade atual encontra-se imersa em exacerbado processo de mudança, ocasionando, 
assim, dispersão e carência de referenciais, um vazio racional e ontológico fundamental (este relativo às noções de 
existência, realidade e natureza do ser). 
Sendo assim, faz-se necessário o entendimento de que, embora haja este contexto que evoca um abandono das relações 
existenciais, segundo apontam Santos et al. (2017, p. 1) “a enfermagem, como profissão da área da saúde, tem 
historicamente, seu conhecimento disciplinado no cuidado humano. É, pois, incoerente e inaceitável que esse cuidado 
seja desempenhado por meio de ações consideradas 'robotizadas'”. 
O fazer da enfermagem não parte somente do modo como é preciso que se faça. É compreender que, o que se faça, 
precisa ser feito de forma precisa, segura, orientada, postulado por dois princípios: o respeito ao outro, e, a mutualidade 
como ponto de equilíbrio, sem paternalismos, mas, sim, autonomia de todos os envolvidos no processo de cuidado, no 
momento doença-saúde. 
De tal forma, conforme postulam Vale e Pagliuca (2011, p. 107), esse entendimento do fazer por meio de um modo ou 
metodologia fundamentada no processo do cuidar, focado no ser humano já precisa emergir quando da formação 
acadêmica do profissional de saúde, culminando em enfermeiros “aptos a intervirem no processo saúde-doença por meio 
da utilização de cuidados competentes”. 
Sobretudo, segundo assinala Costa (2014, p. 234), adotar a metodologia do cuidado se faz necessária em virtude de que, 
“a procura de níveis cada vez mais elevados da qualidade do desempenho profissional e dos cuidados prestados, aliados 
aos problemas quotidianos decorrentes da escassez de recursos humanos e financeiros, afetam os enfermeiros de todo o 
mundo e tem motivado a exploração de vias alternativas, surgindo novas concepções de cuidados de enfermagem e de 
novos modelos de organização da prestação dos mesmos cuidados”. 
Logo, ações como o cuidar como função primeira do enfermeiro visando promover saúde, prevenir doenças, recuperar 
e reabilitar a saúde do outro emergem como pilares do fazer da enfermagem. 
“ Ao posicionar o cuidado de enfermagem no contexto de um agir solidário na vida e na morte, a Enfermagem 
respeita as razões morais de cada cidadão ao mesmo tempo em que convive com dores e alegrias advindas da 
relação interpessoal. Ao operar nesta dimensão, às vezes extremas, o cuidado orientado pela solidariedade 
busca a simetria e o equilíbrio nas suas múltiplas atividades enquanto função cuidadora (SANTOS et al., 2005, 
p. 267). ” 
Antes, compreende-se que, o cuidar é mais do que um ato. Tem relação com a atitude de quem cuida para quem é o alvo 
do cuidar, dentro de um contexto que envolve aspectos sociais, econômicos, emocionais, individuais, dentre outros. 
Então, envolve mais do que atenção e zelo, envolvendo, primeiramente, atitude de ocupação, preocupação, 
responsabilização e envolvimento afetivo com o outro (GRAÇAS; SANTOS, 2009). 
3.1 Atitude de cuidado 
O que seria, afinal, o cuidar em enfermagem? Um ato técnico? Procedimentos? Intervenções? Técnicas? 
Nas concepções de Graças e Santos (2009, p. 201), cuidar estaria para um “fenômeno que dá possiblidade à existência 
humana como humana. Nesse sentido, o homem é um ser de cuidado que é um modo de ser, particular, do homem. Sem 
cuidado, deixamos de ser humanos”. É parte integrante do processo de sobrevivência e manutenção da vida, é parte dos 
valores da humanidade. 
“ O cuidado manifesta-se na preservação do potencial saudável dos cidadãos e depende de uma concepção 
ética que contemple a vida como um bem valioso em si. Por ser um conceito de amplo espectro, pode 
incorporar diversos significados. Ora quer dizer solidarizar-se, evocando relacionamentos compartilhados 
entre cidadãos em comunidades, ora, dependendo das circunstâncias e da doutrina adotada, transmite uma 
noção de obrigação, dever e compromisso social. O cuidado significa desvelo, solicitude, diligência, zelo, 
atenção e se concretiza no contexto da vida em sociedade. Cuidar implica colocar-se no lugar do outro, 
geralmente em situações diversas, quer na dimensão pessoal, quer na social. É um modo de estar com o outro, 
no que se refere a questões especiais da vida dos cidadãos e de suas relações sociais, dentre estas o nascimento, 
a promoção e a recuperação da saúde e a própria morte (SANTOS et al., 2005, p. 267). ” 
Então, como fazer esse cuidado? Pois, de acordo com Graças e Santos (2009), há teorias de enfermagem que norteiam 
o fazer no campo da aquisição do conhecimento. Contudo, dessas teorias disponíveis, poucas são de natureza prescritiva, 
ou seja, que elencam instrumentos para a prática, o fazer do enfermeiro. 
3.2 Sistematização do cuidado 
No entender de Santos et al. (2005), a ação do cuidar em enfermagem consiste em empenhar esforços transpessoais de 
um ser humano para o outro, nos quais tarefas como proteger, promover e preservar a humanidade, ajudar pessoas a 
encontrar significados na doença, no sofrimento e na dor, bemcomo, na existência sejam parte da rotina do profissional 
em saúde, o enfermeiro. Além de ajudar outra pessoa a obter autoconhecimento, controle e auto cura. 
Vale lembrar que, conforme postulam Trindade et al. (2016, p. 76), PE (processo de cuidado) tem como conceito que, 
“constitui-se em um método de trabalho utilizado por enfermeiros para guiar a prática assistencial. Este organiza-se de 
forma sequencial e sistemática, que contribui para auxiliar na organização e promoção de estratégias de atenção 
específicas para a clientela assistida, incluindo as diretrizes para o cuidado humanizado e a segurança do paciente”. 
Principalmente, enquanto método, o processo de cuidado organiza-se em cinco fases inter-relacionadas que direcionam 
tanto o enfermeiro quanto o paciente-ativo para que, juntos, usando do princípio da mutualidade, realizem a investigação 
da busca e determinação das necessidades de cuidados a serem efetivados quando do quadro doença-saúde, bem como 
na determinação dos diagnósticos de enfermagem para problemas de saúde reais ou potenciais, na identificação dos 
resultados esperados, quando do planejamento e da implementação do cuidado e da avaliação dos resultados, 
possibilitando, ainda, ao enfermeiro avaliar sua prática assistencial (TRINDADE et al., 2016). Evitando, de tal modo 
que, 
“ a enfermagem tem procurado compreender o ser humano em sua totalidade, deixando de lado aquele ser 
fragmentado que, muitas vezes, revela-se apenas como depositário de seu fazer. Um fazer que se respalda no 
conhecimento objetivo, técnico-científico, numa relação sujeito-objeto, esvaziada de qualquer ação de 
natureza expressiva (GRAÇAS; SANTOS, 2009, p. 201). ” 
Assim, a adoção da metodologia do cuidado configuraria mais do que mera utilização do modelo teórico de enfermagem, 
uma vez que, o uso de tal metodologia precisa, antes de tudo, refletir e contemplar a demanda do cenário, do contexto 
em que há a necessidade do processo de cuidado. 
Para Santos et al. (2017, p. 1) esta adoção precisa acontecer de forma efetiva, sobretudo porque, “há a necessidade de 
se refletir que a crescente cultura tecnológica não pode e não deve afastar o cuidado, a relação, o diálogo, as trocas e 
empatias entre profissionais e sujeitos do cuidado. Elas devem ser incorporadas para dinamizar, facilitar e guiar condutas 
de melhoria da saúde das pessoas e das condições do trabalho no setor saúde”. 
De tal modo, o enfermeiro tem a disposição teorias, modelos de enfermagem que o conduz no fazer da enfermagem. O 
que vai diferir entre os vários modelos é o modo como a base de dados será organizada, abrangendo as diferentes 
abordagens para o cuidado, pois os diferentes modelos de enfermagem conduzem às formas diversas de cuidado, 
devendo sempre primar para um fazer mais humanizado e qualificado (SANTOS et al., 2019). 
Vê-se, assim que, há a possibilidade de que aconteça nas rotinas em enfermagem a prática do enfermeiro, com tendência 
à adesão a práticas rotineiras do que à aplicação de práticas reflexivas por parte dos profissionais. Possiblidade esta que 
precisa ser revista e aprimorada de forma a perjurar as práticas reflexivas, empáticas e humanizadas. 
“ A práxis do enfermeiro deve envolver o seu conhecimento a respeito das transformações e inovações adaptadas às 
novas tendências do cuidado, buscando a promoção da saúde e bem-estar do ser humano. Necessariamente, devido às 
mudanças sociais, políticas e econômicas, o corpo de conhecimento de enfermagem deve ser aprimorado para 
acompanhar e propor um cuidado avançado (SANTOS et al., 2019, p. 596). ” 
Então, o enfermeiro precisa buscar construir seu fazer a partir de uma base do conhecimento científico postulado para a 
área da enfermagem. Este conhecimento advindo das concepções das teorias de enfermagem. Sobretudo, o enfermeiro 
tem como exigência a incorporação de novos conhecimentos para o desenvolvimento não apenas quando do cuidado 
com o paciente, mas também, de tecnologias a nível de educação, investigação, assistência e gestão (SANTOS et al., 
2019). 
De acordo com Rodrigues (2019, p. 1), a SAE (sistematização da assistência de enfermagem) configura-se em uma 
metodologia desenvolvida “a partir da prática do enfermeiro para sustentar a gestão e o cuidado no processo de 
enfermagem. O método é organizado em cinco etapas, que ajudam a fortalecer o julgamento e a tomada de decisão 
clínica assistencial do profissional de enfermagem”. 
Nesse sentido, o profissional enfermeiro consegue agir de acordo com as fases como: 
• a priorização; 
• a delegação; 
• a gestão do tempo; e 
• a contextualização do ambiente cultural do cuidado prestado. 
Principalmente porque, com a utilização da SAE enquanto metodologia, fica possível analisar as informações obtidas 
quando da observação e inferência junto ao paciente e seu quadro doença-saúde, definindo, assim, padrões e resultados 
decorrentes das condutas disponíveis. Lembrando sempre que, todos os dados observados e levantados deverão ser 
devidamente registrados no prontuário do paciente-cliente. 
4 O cuidado como processo 
O processo do cuidado, conforme assinala Rodrigues (2019, p. 1), nestes termos, passa a ser organizado em cinco etapas 
relacionadas, interdependentes e recorrentes. Confirma a seguir. 
4.1 Coleta de dados de enfermagem ou histórico de enfermagem 
Rodrigues (2019) define que, neste primeiro passo para o atendimento de um paciente faz-se a busca por informações 
básicas que definem os cuidados a serem efetivados pela equipe de enfermagem. Vale lembrar que, esta etapa não é 
aleatória nem sem fundamentos, pois, faz parte de um processo deliberado, sistemático e contínuo, na qual a coleta 
de dados e as informações podem ser alcançadas do próprio paciente, da família ou então, por outras pessoas envolvidas. 
Assim, a importância dessa etapa está nas informações obtidas, uma vez que proporcionarão maior precisão 
de dados ao processo de enfermagem dentro da metodologia da SAE. E, o que se busca? Desde informações sobre 
alergias, histórico de doenças e até mesmo questões psicossociais, como, por exemplo, a religião, lembrando que, o 
ambiente interno e externo tem influência sobre o quadro doença-saúde do paciente e pode alterar de forma contundente 
os cuidados prestados ao paciente (RODRIGUES, 2019). 
Entende-se que o processo de cuidado pode ser otimizado por meio da utilização de PEP (prontuário eletrônico do 
paciente); também há a possibilidade do uso de formulários específicos que direcionem o questionamento do 
profissional enfermeiro e possibilitem até o registro on-line dos dados, que podem ser acessados por todos da instituição 
de saúde, inclusive de forma remota. Tornando, dessa forma, possível a realização das intervenções necessárias para a 
prestação dos cuidados ao paciente, isto com maior segurança e agilidade para ambos os protagonistas deste cenário 
(RODRIGUES, 2019). 
4.2 Diagnóstico de enfermagem 
Para Rodrigues (2019), esta etapa efetiva um processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados que conduz 
à tomada de decisão sobre os diagnósticos de enfermagem, que irão representar as ações e intervenções, para alcançar 
os resultados esperados. 
Nesse sentido, faz-se, então, uso de bibliografias específicas que possuam a taxonomia adequada, bem como as 
definições e as causas prováveis dos problemas levantados quando da etapa 1 no levantamento do histórico de 
enfermagem. Dessa forma, se faz a elaboração de um plano assistencial adequado e único para cada pessoa. Portanto, 
tudo que for definido deve ser registrado no prontuário do paciente, revisitado e atualizado sempre que necessário 
(RODRIGUES, 2019). 
4.3 Planejamento de enfermagem 
Rodrigues (2019) destaca que, com a adoção da SAE, há uma organização do trabalho profissional quanto ao método, 
pessoal e instrumentos, dando aos enfermeiros a possibilidade de atuar para prevenir, controlar ou resolver os problemas 
de saúde.Nesta terceira etapa, define Rodrigues (2019) que, ocorre o planejamento de enfermagem, no qual são determinados os 
resultados esperados e quais ações serão necessárias, sendo realizado a partir dos dados coletados e diagnósticos de 
enfermagem com base dos momentos de saúde do paciente e suas intervenções. Informações esta que, igualmente, 
devem ser registradas no prontuário do paciente, incluindo as prescrições checadas e o registro das ações que foram 
executadas, por exemplo. 
4.4 Implementação 
Segundo assinala Rodrigues (2019), uma vez efetivada a busca e coleta das informações obtidas e focadas na abordagem 
da SAE, a equipe de profissionais de enfermagem realiza as ações ou intervenções determinadas e definidas na etapa 
do planejamento de enfermagem. Estas são aquelas atividades que podem ir desde uma administração de medicação 
até auxiliar ou realizar cuidados específicos, como os de higiene pessoal do paciente, ou mensurar sinais vitais 
específicos e acrescentá-los no prontuário, por exemplo. 
Neste momento do fazer da enfermagem, pode o enfermeiro lançar mão do uso de dispositivos que otimizam o registro 
destas informações para dentro do prontuário eletrônico do paciente, citando como exemplo o aplicativo Beira-
Leito, que permite que os dados sejam registrados assim que mensurados ou executados ainda à beira leito do paciente, 
assim, ajudando na coleta de dados, aferindo os dados vitais do paciente, checando as prescrições e medicações, dentre 
outros. Isso sendo possível por meio de smartphones e tablets (RODRIGUES, 2019). Evidenciando-se que: 
“ Segundo a resolução do Conselho Federal de Medicina CFM 1638/2002, prontuário é o “documento único 
constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos, 
acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e 
científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da 
assistência prestada ao indivíduo”. O prontuário do paciente pode ser em papel ou digital. Contudo, a 
metodologia em papel não garante uniformidade nas informações e permite possíveis quebras de condutas, 
além de ser oneroso na questão do seu armazenamento, bem como na questão da sustentabilidade 
(RODRIGUES, 2019, p. 1). ” 
Rodrigues (2019) defende também que, o emprego de aplicativos de auxílio nos processos de cuidado tais como o beira-
leito incidem em menos erros das equipes médicas. Fator este que figuram entre as principais causas de morte no Brasil 
e no mundo. Aplicativos de auxílio evitariam falhas como trocas de medicação até falhas na identificação e registro dos 
dados, citando como exemplos. Esses problemas são ainda maiores quando pensamos em hospitais lotados, com 
profissionais que atendem um grande fluxo de pacientes por dia e realizam vários processos manuais. 
Logo, aplicativos como o beira-leito serviriam para auxiliar ações como tipo, horário e quantidade da medicação, 
alterações no estado clínico, sinais vitais, se a medicação foi aplicada ou não, dentre outros. 
4.5 Avaliação de enfermagem (evolução) 
Por fim, Rodrigues (2019) aponta como última etapa o registrar dos dados no prontuário eletrônico do paciente de forma 
deliberada, sistemática e contínua. Nele, deverá ser registrado a evolução do paciente para determinar se as ações ou 
intervenções de enfermagem alcançaram o resultado esperado. 
De tal maneira, com todas essas informações, o profissional enfermeiro tem a possibilidade de verificar a necessidade 
de mudanças ou adaptações nas etapas do processo de enfermagem, bem como a possiblidade de proporcionar 
informações que irão auxiliar as demais equipes multidisciplinares na tomada de decisão de condutas, como no próprio 
processo de alta. 
Rodrigues (2019, p. 1) salienta ainda o uso da tecnologia no processo de cuidado da enfermagem em todas as etapas da 
metodologia SAE, uma vez que, “os recursos tecnológicos prestam suporte para que a metodologia seja realizada com 
efetividade. A integração dos dados e a possibilidade de estar a par de todo atendimento ao paciente de forma remota, 
auxiliam o processo, aumentam a segurança e o cuidado com o paciente”. 
Nas concepções de Trindade et al. (2016, p. 76), o maior desafio para a consolidação da metodologia do cuidado através 
da SAE estaria “no pouco conhecimento sobre este método, resistência dos profissionais em realizá-lo e a carência de 
recursos humanos para seu desenvolvimento. Destaca-se ainda o ensino incipiente sobre tal metodologia durante a 
graduação”. 
Assim sendo, verifica-se que há modos e mecanismos que norteiam o fazer da enfermagem para uma prática assistencial 
efetiva, segura e de qualidade, focado no cuidado, mesmo que a metodologia do cuidado ainda esteja em implementação 
em muitas instituições de saúde, e, ainda persistam alguns apresenta desafios para a sua consolidação em todas as suas 
fases, os enfermeiros podem desde sua formação acadêmica procurar meios para a superação de tais obstáculos quando 
do cuidar. 
5 Raciocínio em enfermagem 
Conforme assinalam Santos et al. (2019, p. 596) em decorrência de a enfermagem “estar inserida em cenários 
caracterizados por assistência biomédica, hospitalocêntrica, fragmentada e tecnicista, podem ocorrer influência nos 
perfis de atuação dos enfermeiros com divergências de modelos conceituais da profissão que estruturam o raciocínio 
clínico do enfermeiro”. 
A prática assistencial de enfermagem e a ampliação da autonomia profissional dependem da consolidação do saber 
próprio da profissão. Esse “saber” relaciona-se com o “ser”, sustentado pelas teorias da área. Tal compreensão da função 
e do papel social do enfermeiro para o pleno exercício legal, ético e moral da profissão caracteriza a postura e atitude 
do enfermeiro (SANTOS et al., 2019). 
5.1 Habilidades do profissional 
Conforme definem Carvalho, Oliveira-Kumakura e Morais (2017) o raciocínio em enfermagem é uma habilidade a ser 
desenvolvida pelo profissional enfermeiro, isto porque é essencial para um processo de cuidado seguro e eficaz. É 
também um desafio, uma vez que, o enfermeiro precisa buscar e desenvolver, por meio de estratégias e experiências, o 
aprimoramento de tal habilidade. Todo o processo começando pelos processos de pensamento que são: conceber, julgar, 
raciocinar. Estes auxiliam o alcance dos dados junto ao paciente quando do quadro doença-saúde. 
Tendo o enfermeiro optado por uma metodologia do cuidado, realiza a seleção das melhores intervenções de assistência, 
e, então, julgando a melhor estratégia de cuidado, efetiva a tomada de decisão. 
Para melhor ilustrar essa definição de Carvalho, Oliveira-Kumakura e Morais (2017) acerca do raciocínio crítico e do 
julgamento clínico do enfermeiro, observe a figura a seguir. 
 
 
 Quadro 2 - Processos do pensamento Fonte: Carvalho, Oliveira-Kumakura e Morais (2017, p. 691). 
#PraCegoVer: A imagem mostra os processos do pensamento, apoiados nas habilidades para o pensamento crítico, que 
compõem o raciocínio clínico, subsidiando a tomada de decisão clínica (diagnóstica ou terapêutica). 
Logo, deve o enfermeiro reconhecer os significados conceituais das teorias de enfermagem desde a sua formação. 
Teorias e modos que contribuem para dar sentido à sua prática assistencial, podendo esta postura e atitude por parte do 
enfermeiro diferenciar-se na construção do raciocínio e do julgamento clínico, além de interferir na escolha das melhores 
intervenções de enfermagem, na identificação dos fenômenos pelos quais é responsável. Dessa forma, poderá alcançar 
os melhores resultados (SANTOS et al., 2019). 
No entender de Peixoto e Peixoto (2017, p. 126) “o pensamento crítico em enfermagem pode ser definido como o 
processo de julgamento intencional e reflexivo sobre problemas de enfermagem, onde o foco é a tomada de decisões 
clínicas, a fim de prestar cuidados seguros e eficazes”.

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