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Detecção e avaliação do potencial doador

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Detecção e avaliação do potencial doador – 
Doação de órgãos 
Detecção do potencial doador 
Como barreira no suprimento da demanda 
destacam-se as falhas no reconhecimento ou no 
diagnóstico da morte encefálica, ou na entrevista 
familiar, ou na manutenção clínica do doador 
falecido ou ainda em contraindicações mal 
atribuídas. 
• Não identificação de potenciais doadores; 
• Dificuldades no diagnóstico de morte 
encefálica; 
• Problemas na manutenção do potencial 
doador; 
• Entrevista com familiares mal conduzida; 
• Avaliação inadequada do potencial doador; 
Entre as causas de não identificação e consequente 
não abertura do protocolo de morte encefálica, 
estão: 
• Desconhecimento do conceito de morte 
encefálica; 
• Falta de credibilidade dos benefícios reais 
da doação e do transplante; 
• Temor de complicações legais; 
• Dificuldades logísticas para a manutenção 
do potencial doador e para a realização do 
diagnóstico de morte encefálica; 
 
 
 
 
Sistematização da identificação de possíveis 
potenciais doadores: 
1. Estabelecer os locais em que possíveis 
doadores normalmente são identificados, todas as 
unidades hospitalares em que possa haver 
pacientes em ventilação mecânica invasiva, com 
ênfase em unidades de pacientes críticos. 
. 2. Identificar e notificar a CIHDOTT e a 
CNCDO do Estado todos os possíveis doadores 
que preencham os seguintes critérios: ventilação 
mecânica; lesão encefálica catastrófica e 
irreversível de origem conhecida; escala de coma 
de Glasgow 3; ausência de um ou mais reflexos de 
tronco; e todos os pacientes que preencham os 
critérios de morte encefálica definidos pelo CFM. 
 3. Estabelecer a frequência mínima para a 
realização da busca: duas vezes ao dia. 4. Identificar 
lideranças da UTI e da coordenação de transplante 
que tenham condições de realizar a sistematização 
da identificação desses indivíduos. A busca ativa 
por possíveis doadores pode ser realizada pelo 
coordenador de transplante, ou, na sua falta, por 
profissional experiente no manejo do paciente 
neurocrítico. 
 
Conceitos sobre a morte encefálica 
A morte encefálica é definida pela perda 
irreversível das funções do cérebro e tronco 
encefálico, manifestada por coma aperceptivo, 
ausência de reflexos de tronco e apneia. 
As principais causas de morte encefálica são 
o traumatismo craniano e os acidentes vasculares 
encefálicos, compreendendo 90% dos casos, outras 
menos comuns incluem tumores cerebrais, 
infecções do sistema nervoso central e anoxia pós-
parada cardiorrespiratória. 
Antes de evoluir para morte encefálica, 
muitos pacientes apresentam-se na condição de 
morte encefálica iminente e podem evoluir para o 
status de possível doador de órgãos. 
 
 
Atualmente no Brasil, cerca de 70% das mortes 
encefálicas são identificadas, resultado inferior ao 
encontrado em muitos países desenvolvidos. O 
diagnóstico de morte encefálica está bem 
sistematizado e deve ser realizado em pacientes 
que apresentem as pré-condições: 
• coma de causa conhecida; 
• coma Glasgow 3; 
• no respirador; 
e que não tenham os fatores tratáveis que podem 
ocasionar o coma: 
• Distúrbio hidroeletrolítico, ácido-básico, 
metabólico e intoxicação exógena grave e 
não corrigido; 
• Hipotermia severa (temperatura corporal 
deve ser superior a 35ºC); 
Distúrbios metabólicos graves envolvendo 
glicemia, distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-
básicos, assim como insuficiência renal e hepática 
podem ocasionar coma, apesar de não haver 
evidência de abolirem os reflexos do tronco. No 
entanto, quando o distúrbio aparece após o 
estabelecimento do coma aperceptivo, não deve ser 
considerado como diagnóstico diferencial para 
morte encefálica. 
Quando se utilizam medicamentos 
depressores do SNC, deve-se aguardar de 4 a 5 
vezes a meia-vida deles, após a suspensão, sempre 
que usados em infusão contínua e em suas doses 
usuais. Em casos de insuficiência renal ou hepática 
deve-se individualizar cada caso conforme a 
gravidade da disfunção renal/hepática. 
A hipotermia também pode mimetizar 
morte encefálica, uma vez que temperaturas entre 
28 e 32ºC resultam em perda do reflexo fotomotor, 
assim como outros reflexos de tronco tornam-se 
ausentes com temperaturas menores que 28º C. A 
hipotensão grave, independentemente da causa, 
também pode levar ao coma, idealmente devendo-
se manter uma pressão arterial média (PAM) de 
60mmHg ou maior ou pressão arterial sistólica 
(PAS) de 100 mmHg ou maior. 
Outros diagnósticos, como síndrome do 
encarceramento, trauma raquimedular alto, ou 
ação dos bloqueadores neuromusculares ou 
toxinas paralisantes, entram no diagnóstico 
diferencial da não responsividade motora, embora 
não completem os critérios para abertura do 
protocolo de morte encefálica. 
 
Coma aperceptivo 
O coma aperceptivo constata a ausência de 
resposta motora supraespinal através de estímulos 
dolorosos padronizados, como: 
• pressão sobre o nervo supraorbital; 
• articulação temporomandibular; 
• leito ungueal; 
 
Após constatação do coma aperceptivo, todos 
os reflexos dependentes dos pares nervosos 
cranianos devem ser testados (pupilar, córneo-
palpebral, óculocefálico, vestíbulo-ocular, reflexo 
de tosse), assim como o teste de apneia, por duas 
vezes, com intervalo de acordo com a idade do 
paciente. Os exames devem ser realizados por dois 
médicos, um deles neurologista ou neurocirurgião, 
que não participam das equipes de remoção e/ou 
de transplante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Coma 
aperceptiv
o
Ausência de 
causas 
reversiveis do 
coma
Ausência de 
atividade 
motora 
supraespinhal
Ausência de 
reflexos de 
tronco
Apneia
Morte 
encefálica 
Nomenclaturas recomendadas pela OMS 
 
Possível 
doador 
•Paciente que apresenta lesão encefálica grave e necessita de ventilação 
mecânica.
Potencial 
doador
•Paciente em que se inicia o protocolo de morte encefálica.
Elegível para 
doação
•Paciente em que o diagnóstico de morte encefálica foi confirmado e não há 
contraindicação conhecida à doação.
Doador 
efetivo
•Quando se inicia a cirurgia para a remoção de órgãos.
Doador efetivo com 
órgãos 
transplantados
•Quando pelo menos um dos órgãos removidos é transplantado.

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