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Prova 1 - Questão 2

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PROVA DESENVOLVIMENTO
1) Autores não falam de P&D. Queria ter um exemplo pra dar. Pré-requisito geral para fazer o P&D, o que vai surgir do outro lado que você quer? Professor não quer que procure sobre P&D dentro da obra destes autores.
2) Considerando a teoria do crescimento equilibrado, explique detalhadamente: i) A conexão entre os conceitos de descontinuidades, complementaridades e externalidades nas áreas atrasadas; ii) defina o que é a armadilha da pobreza; iii) explique como a divergência entre o retorno privado e o retorno social do investimento justifica a proposta de um “big push”.
Descontinuidade está nas primeiras aulas, função de produção não é contínua (de nenhuma atividade), vai ter um ponto que você não vai aguentar, você terá que duplicar a infraestrutura (lado da oferta). Descontinuidade = indivisibilities. Ex.: Poupança, resíduo que você não consume
Qual a ordem das coisas, pensar no que as pessoas pensam, pessoas não tomam decisões de poupança, tomam de gasto. O excedente (poupança), não cresce na mesma medida que o PIB. Decisão do empresário é diferente do simples consumidor, o do empresário é potencialmente investimento. Quando a renda aumenta, a propensão a poupar muda.
Big push: grande truste das empresas europeias ocidentais, bloco gigante de investimento ao mesmo tempo, plano de metas, plano Marshall, é nesse nível! Falta de complementaridade e existência de descontinuidade causa externalidades, daí vem o big push.
3) distintas racionalidades: lógica de decisão destes agentes, economicamente sólidas, baseadas em modelos (de decisão, investimento), têm uma lógica racional. Mercado pensa apenas no lucro, diferente do Estado. 
QUESTÃO 1:
Quanto as teorias do desenvolvimento econômico, é comumente estabelecido que a história dos países desenvolvidos mais adiantados traça a rota do desenvolvimento das nações mais atrasadas. Nesse sentido, o desenvolvimento tenderia a seguir o padrão estabelecido pelas nações já desenvolvidas. No entanto, percebe-se que em diversos casos históricos importantes, os processos de industrialização, entendidos como principal mecanismo atrelado ao desenvolvimento econômico moderno, ao serem lançados em países atrasados exibiram diferenças consideráveis se comparados às nações mais adiantadas. Isso ocorre de tal forma que o desenvolvimento de um país atrasado, em virtude de seu próprio atraso, pode ser muito diferente do desenvolvimento de um país adiantado, trazendo diferenças no tocante à velocidade do desenvolvimento e até mesmo às estruturas produtivas e organizacionais que posteriormente emergem desse processo. Em suma, o conceito de atraso relativo aborda a noção de que as especificidades e diferenças das nações são mais importantes que os fatores em comum quando se trata da análise do processo desenvolvimentista. Assim, o momento histórico e os diferentes níveis de desenvolvimento impactam a forma da industrialização nos países atrasados que, outrora, deveriam imitar o desenvolvimento dos países mais avançados. O sistema bancário pode ser utilizado como exemplo para ilustrar a importância do atraso relativo como condicionante do processo de desenvolvimento, no sentido que o caráter e a velocidade do desenvolvimento determinam a natureza do sistema bancário. Natureza essa que sofreu modificações nos diversos contexto da Europa, por exemplo, quebrando a ideia de uma imitação única no sistema que primordialmente atingiu sucesso ao inovar nos mecanismos de desenvolvimento.
Tendo em vista o impacto das especificidades do momento histórico e dos diferentes graus de desenvolvimento para o processo de industrialização, entende-se como importante o aumento dos gastos em P&D a fim de atingir o desenvolvimento pleno. Tal conceito é relacionável a ideia de que a industrialização dos países atrasados está atrelada a história de desenvolvimento dos países adiantados. Isso porque, devido as diferenças entre as realidades das nações, uma simples cópia das medidas desenvolvimentistas de uma nação adiantada não necessariamente resulta em crescimento pleno de uma economia atrasada. Existe, de certa forma, uma crítica ao fato de países não desenvolvidos imitarem os desenvolvidos, afinal, existe uma grande distância entre as potencialidades e as realidades na economia dos países atrasados. 
Dessa forma, o aumento de gastos em Pesquisa e Desenvolvimento se fazem, não só desejáveis, como necessários ao desenvolvimento. Imitar a evolução dos países adiantados é uma tendencia que parece combinar com elementos diferentes, determinados localmente. Assim como foi feito no exemplo dos bancos para o atraso relativo de diferentes países pela Europa, é necessário que as nações, mesmo quando escolherem seguir o trajeto de países adiantados, entendam, não só os fatores em comum, mas as especificidades de sua realidade. Assim, através de pesquisa e desenvolvimento, devem ser aptas a adaptar e utilizar de instrumentos de industrialização diferentes, adequados ao seu “estado de atraso’. De certa forma, temos que o investimento em P&D é um pré-requisito para a tingir a industrialização, utilizando a inovação como artifício para criar soluções similares as dos países desenvolvidos, de forma que se encaixem nas realidades diferentes dos países não desenvolvidos.
QUESTÃO 2:
Para responder a pergunta, primeiramente é importante abordar um contexto histórico para entender o surgimento da ideia de realizar um crescimento equilibrado. Desde épocas anteriores, haviam problemas com crescimento e desenvolvimento que tentavam ser solucionados por economistas clássicos, então, com o passar dos anos, diversas vertentes diferentes tentariam resolver tais problemas de acordo com seus ideais, como por exemplo os neoclássicos, que acreditavam que crises eram fases temporárias, e que se resolviam sozinhas, sem necessitar a intervenção humana. Entretanto, com o passar dos anos, diversos estudiosos continuaram estudando sobre tais fenômenos, e, obviamente, tendo opiniões diferentes sobre os assuntos. A partir dos conhecimentos obtidos pela leitura de Nurkse, Rosenstein e outros economistas, estudados em sala de aula, explicaremos os conceitos pedidos.
Primeiramente, o problema da descontinuidade se fundamenta na falta da continuidade de dados ao se estudar os impactos e mudanças que ocorreram na revolução industrial, ou seja, ao tentar entender como essa foi feita e o que causou para a sociedade, Rostow, por exemplo, apresenta dificuldades na obtenção de uma continuidade exata de dados, principalmente para aqueles países subdesenvolvidos, uma vez que a disponibilidade desses nestes países é ainda pior e sempre são apresentados em níveis, o que dificulta a comparação de uma forma mais relativa. Sendo assim, ao observar os dados apresentados, é impossível formular uma previsão para os anos seguintes, uma vez que a função de produção não é contínua, logo, a infraestrutura do local muda, dificultando a comparação com o período anterior.
Além disso, é importante entender o conceito de complementariedade, que, na visão de Nurkse se baseia na ideia de que as indústrias que abastecem o consumo das massas são, em sua maioria, complementares, já que ao mesmo tempo proporcionam um mercado e se sustentam mutuamente, tal complementação surge da ideia básica da diversidade dos desejos humanos, já que todos tem ideias diferentes em relação a suas vontades. Então, para realizar um crescimento equilibrado, um aumento na produção de um só bem não vai criar a demanda por ele, mas, o aumento da produção de um amplo setor de vários bens de consumo, equilibrado pra pode satisfazer os consumidores, pode sim criar sua própria demanda. Logo, para obter um crescimento equilibrado, basta aplicar um incentivo normal de preços para obtê-lo gradativamente, mesmo que as descontinuidades sejam um problema, entretanto, tal desenvolvimento deve ser conseguido de maneira rápida, e, para isso, realizando um planejamento governamental, ou, de acordo com Schumpeter, deveriam ser feitos investimentos por parte de empresários. Porconseguinte, surgem as externalidades, que são consequência da existência da descontinuidade, que atrapalhará o planejamento, mesmo que seja feito no meio público ou no meio privado, e da tentativa da tomada de ação para obter um crescimento econômico, como, por exemplo, quando Juscelino Kubitschek, em seu plano , criou estradas para interligar o Brasil, causando assim, a externalidade de haver menos ferrovias em território nacional, o que veio a ser um problema, visto que o custo para transportar bens e matéria prima em caminhões se mostra muito mais caro do que transportá-los por trens.
Agora tratando sobre outro ponto, Nurkse argumenta sobre a existência de uma armadilha da pobreza, que resumidamente seria o problema da influência da desigualdade e dos níveis de renda de um país subdesenvolvido em seu crescimento. De maneira mais detalhada, o autor diz que na teoria, com o crescimento de uma economia rica, toda a sua volta também se desenvolveria, como se um efeito de prosperidade compartilhada fosse vivido, entretanto, o autor estuda um efeito que mostraria o contrário, sendo assim, o crescimento de uma potência geraria uma certa pressão aos países mais pobres, gerando assim, um consumo maior do que o necessário em seus territórios. Além disso, já é mais difícil haver poupança em países com renda relativa mais baixa, mesmo que os cidadãos de lá não conheçam o padrão de vida de outros lugares, por conseguinte, cria-se um círculo vicioso, já que a propensão de poupança ali já é baixa, o que já prejudica o país e, deteriorando a situação, quando criam-se tais tensões em tais comparações. 
Havendo contato entre nações pobres e ricas, os cidadãos com renda menor dos países menos desenvolvidos serão condicionados a manterem seus gastos acima do que sua capacidade de produção lhes permite, por consequência, há aumento na inflação interna e uma constante tendência ao desequilíbrio do balanço de pagamentos. 
Sendo assim, podemos definir o subdesenvolvimento como consequência de dois ciclos viciosos citados anteriormente, sendo o primeiro se tratando da oferta, que, na presença baixas remunerações que ocorrem devido a baixas produtividades, há uma escassez de capital, que leva a uma menor capacidade de investir e de poupar, abaixando ainda mais o nível de renda. Enquanto isso, o segundo ciclo trata da demanda e se relaciona à oferta ao dizer que o investimento é limitado pois o país terá um mercado pequeno, já que este depende do nível de produtividade, que sofre influência do uso de capital, que, por sua vez, é limitado pelo baixo investimento.
Tratando agora de Roseinstein-Rodan, o mesmo, ao desenvolver o conceito de externalidades, conseguiu argumentar sobre a diferença existente entre o retorno social e o privado de um investimento, para ele, para haver um crescimento equilibrado, até em nações subdesenvolvidas, o Estado deveria atuar para diminuir os riscos e garantir um desenvolvimento em escala ampla. Para ele, a industrialização seria a solução, e para que esta fosse feita de maneira bem sucedida, o ambiente institucional que o país se encontrasse teria que ser completamente alterado, de modo que o conjunto industrial fosse tratado como um truste, e esta proposta de mudança, seria chamada de “big push”.
Para esta industrialização ocorrer de maneira correta, a mão de obra teria que ser treinada, transformando assim, os camponeses em operários industriais. Entretanto, para investidores privados, tal alternativa não seria viável, uma vez que não traria lucro, já que os funcionários, agora treinados, não seriam propriedade de quem os treinou, os permitindo buscar emprego em outras empresas, de maneira que desperdiçasse o valor investido nesta capacitação. Por outro lado, para o Estado, tal capacitação traz inúmeros benefícios, já que, se considerarmos um conjunto de indústrias como um todo, como pensado na ideia do “big push”, o conjunto inteiro estaria ganhando com uma mão de obra mais treinada, além de aumentar a renda dos trabalhadores, fazendo com que estes consumissem mais do próprio conjunto de empresas que trabalham, criando assim um mercado adicional e expandindo a produção mundial com pouquíssima perturbação no mercado internacional. Tal mercado adicional que foi criado mostra que não há mais tanto risco de falta de demanda, que por si só é um custo, e com a redução dos custos de investimento, geraria externalidades positivas para a economia.

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