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Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG Tutoria Tutoria Objetivos: 1. Caracterizar o recém nascido a termo quanto ao peso, comprimento e idade gestacional (PIG, GIG, AIG, etc) e suas principais causas? 2. Como definir o APGAR, descrever seus critérios e interpretá-los 3. Compreender as alterações fisiológicas- adaptativas dos sistemas cardiovascular e respiratório que ocorrem no período neonatal em recém-nascido a termo. 4. Reconhecer os princípios da perda de peso fisiológica no período neonatal em recém-nascido a termo e prematuro. 5. Descrever os mecanismos de termo regulação no recém-nascido, as estratégias para garantir a manutenção da temperatura corporal. 6. Reconhecer as causas da icterícia própria do RN, exames diagnósticos e tratamento. 7. Identificar a importância da realização de triagem neonatal. 8. Reconhecer a importância do estabelecimento do vínculo mãe-filho e identificar os programas governamentais de atenção à saúde perinatal e de incentivo ao vínculo mãe-criança-família. 9. Reconhecer a importância da família, rede de apoio pessoal (pai da criança, amigos, familiares) da sociedade no processo anterior e posterior ao parto, inclusive na divisão do trabalho doméstico e cuidado com o concepto (Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua – PNAD) Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG Objetivo 1: Caracterizar o recém-nascido a termo quanto ao peso, comprimento e idade gestacional (PIG, GIG, AIG, etc) e suas principais causas. CLASSIFICAÇÃO DO RECÉM-NASCIDO Para estimarmos com maior precisão o risco do RN apresentar determinadas patologias ou morrer, torna-se necessária a análise de duas grandes variáveis em conjunto, que são a idade gestacional e o peso. AVALIAÇÃO DA IDADE GESTACIONAL A idade gestacional é o tempo transcorrido desde a concepção até o momento do nascimento, que pode ser determinada de forma indireta pela data da última menstruação (DUM), sendo impossível de ser determinada por métodos clínicos. A confiabilidade na determinação da idade gestacional pela DUM depende principalmente da capacidade da mãe recordar as datas das últimas menstruações e da regularidade dos ciclos dessas mulheres. Quando a mulher não sabe a DUM, ou tem dúvidas sobre a data certa, podemos calcular essa idade gestacional de outras duas formas: - Durante a gestação: medição do fundo de útero, medição do tamanho do feto pela ecografia no caso de abaixo de 20 semanas; - Ao nascer: exame clínico-neurológico do RN: para os recém-nascido com idade gestacional maior que 28 semanas, o método de Capurro tem sido amplamente empregado, podendo ser realizado logo ao nascer (método somático). Para os RN saudáveis e com mais de 6 horas de vida, é feito o somático e neurológico, ambas formas têm apresentado alta correlação com DUM, sendo menor para os RN pequenos para a idade. Nestes RN tem sido observada uma subestimação da idade gestacional a partir da 35a semana. Idade Gestacional: a) Somático: Somatório dos pontos em A, B, C, D , E + 204 /7 b) Somático-neurológico: Somatória dos pontos em B, C, D , E , F e G + 200 / 7 Observação! Para os RN com peso de nascimento abaixo de 1500 g, utiliza-se o método New Ballard. Correlacionaram com a D.U.M. 3 métodos clínicos na determinação da idade gestacional dos RN de baixo peso (critérios físicos, neurológicos. Ele é feito até as 96 horas de vida através da análise de seis parâmetros neurológicos e físicos. Qualquer dos métodos usados para obter a idade gestacional permite classificar os R.N. em: - Pré-termos: idade gestacional inferior a 37 semanas - A termo: idade gestacional entre 37 e 41 semanas e 6 dias - Pós-termo: idade gestacional igual ou maior que 42 semanas Quando associamos o peso à idade gestacional, o R.N. é classificado segundo o seu crescimento intra-uterino em: - RN Grande para a Idade Gestacional (GIG): Peso acima do percentil 90 - RN Adequado para a Id. Gestacional (AIG): Peso entre o percentil 10 e 90 - RN Pequeno para a Idade Gestacional (PIG): Peso abaixo do percentil 10 O crescimento sofre influência de condições patológicas, como é o caso de hipertensão arterial, que gera uma vasoconstrição ds vasos uterinos e com isso uma baixa no fluxo de nutrientes e O2 para o feto. Outros fatores: toxoplasmose congênita e rubéola, nutrição materna, que desempenha um papel fundamental para o crescimento normal do RN. Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG Método de Capurro Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG Método New Ballard (NBS) Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG Objetivo 2: Como definir o APGAR, descrever seus critérios e interpretá-los? No Brasil, tem-se observado uma grande redução da mortalidade infantil nas últimas décadas devido principalmente a adoção de estratégias que contempla a população desde a avaliação pré-concepcional, o pré-natal, a assistência ao parto e o puerpério, fazendo o acompanhamento da criança até os dois anos. É por meio desse acompanhamento que se consegue prevenir mortes decorrentes de causas evitáveis com ações dos serviços de saúde na atenção ao pré-natal, ao parto e recém-nascido. Mundialmente, os recém-nascido são avaliados segundo o índice de Apgar, método introduzido em 1953 pela anestesista Virginia Apgar, que tem objetivo de avaliar as condições fisiológicas e de resposta do neonato. O Apgar considera: frequência cardíaca, esforço respiratório tônus muscular coloração da pele irritabilidade reflexa. (reflexo a aspiração das narinas com seringa de tubo) Cada parâmetro tem alternativas de resposta com pontuações que variam de 0 a 2, e o somatório das respostas será um valor entre 0 e 10. É recomendado que a avaliação seja feita no primeiro e no quinto minutos de vida. Isso ocorre devido ao fato de que pode acontecer pontuação inferior que 7 em algumas situações, como: após gravidez de risco, cesárea, complicação de parto e antes das 37 semanas Para bebês com somatório menor que 7 no quinto minuto, o Ministério da Saúde recomenda reavaliações a cada cinco minutos, até os 20 minutos de vida. Quanto maior o valor do Apgar, melhores são as condições fisiológicas do recém-nascido. - Esse índice entre 8 e 10 é encontrado em 90 % dos neonatos com um minuto de vida e é a faixa considerada adequada pelos pesquisadores em neonatologia. - Pontuação entre 0 e 3 é considerada como sinal de anóxia grave (ou seja, privação de oxigênio grave) e entre 4 e 7 como anóxia moderada.Historicamente, o índice de Apgar é considerado um marco na neonatologia e cabe ressaltar que, até hoje, não foi criado outro método sistemático para a avaliação da vitalidade do neonato. Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG Objetivo 3: Compreender as alterações fisiológicas-adaptativas dos sistemas cardiovascular e respiratório que ocorrem no período neonatal em recém-nascido a termo. O período de transição compreende o período em que o feto passa a assumir as suas funções fisiológicas antes dependente da mãe por meio da placenta nas próximas horas de vida após o nascimento, sendo que muitos conseguem realizar essa transição nas primeiras 4 – 6 hrs de vida. O período imediato após o nascimento representa um dos mais difíceis do ciclo de vida humano, uma vez que 50% da mortalidade infantil acontece no período neonatal e a metade dos óbitos ocorridos do 28° dia de vida até um ano são reflexos de problemas sofridos também nesse período. Após o nascimento, ocorrem ajustes fisiológicos em praticamente todos os sistemas corporais do recém-nascido, sendo a vida dele dependente da capacidade rápida e adequada de adaptação à vida extrauterina, em que as principais adaptações de transição estão no sistema respiratório, circulatório e térmico. As principais adaptações do recém-nascido à vida extra-uterina são favorecidas por alguns fatores, como o trabalho de parto que pode causar modificações nos sistemas e órgãos do feto. A porcentagem de bebê com problemas respiratórios nascidos por cesariana é bem maior quando comparados por via vaginal, isso por que ocorre a diminuição da liberação de catecolaminas devido à ausência de compressão torácica. Eles podem apresentar má adaptação pulmonar, infecção, aspiração de mecônio e pneumotórax. Além disso, o sistema cardiovascular também é atingido pelo tipo de parto, uma vez que a frequência cardíaca e os níveis de pressão sistólica e diastólica são bem maiores no parto vaginal nas primeiras 2 horas de vida. Além disso, o estresse ao nascimento também é um fator considerável por que se percebeu que nesse período que ocorre um grande aumento dos níveis sanguíneos de catecolaminas (epinefrina e norepinefrina) que estão associados a algumas alterações que ocorrem durante o período de transição, como aumento do débito cardíaco e da contractilidade miocárdica, liberação de surfactante pulmonar, inibição da secreção de líquido pulmonar e promoção de sua reabsorção, estimulação da glicogenólise e indução da lipólise. Adaptação cardiovascular Durante o período de transição, a circulação fetal necessita sofrer alterações para se tornar uma circulação neonatal. Primeiramente, sabe-se que a circulação fetal e materna é diretamente interligada, porém, logo após o nascimento, o cordão umbilical é clampeado para retirada da placenta. Após esse clampeado, a geléia de Wharton devido a exposição ao frio começa a se contrair e, assim, causando a constrição dos três vasos que antes eram ligados a placenta, as duas artérias umbilicais e a veia umbilical. Isso faz com que a resistência nesses vasos aumente em comparação ao que era antes quando, uma vez que a placenta apresenta pouca resistência. Devido a alta resistência, o sangue que antes fluía através da veia umbilical não existe mais, o que acaba fazendo com que o sangue coagule, fazendo com que fluxo no ducto venoso de sangue oxigenado vindo da placenta não exista mais. Logo depois, esse ducto desaparece nos primeiros dias de vida. O sangue venoso continua subindo pela veia cava inferior até o átrio direito, mas dessa vez sem oxigênio antes oferecido pela troca com o sangue vindo do ducto venoso. Ele passa para o ventrículo direito e depois para as artérias pulmonares. Devido à diminuição da resistência nos pulmões por consequência da entrada de ar, saída de fluído e, assim, dilatação das arteríolas, o sangue venoso passa a entrar no pulmão, que antes era impedido por conta da alta resistência dele, recebendo oxigênio. O sangue oxigenado passa para o átrio esquerda por meio das veias pulmonares dos dois pulmões, fazendo com que a pressão do lado direito se reduza e aumente a do lado esquerdo. Isso faz com que o forame oval feche uma vez que a pressão no lado esquerdo vai ser maior que no direito, isso logo nos primeiros minutos em que o bebê está fora da mãe. Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG Antigamente, o sangue se movia da artéria pulmonar para aorta pelo ducto arterial por que as pressões eram muito altas na artéria pulmonar. Porém, como ocorre uma redução das pressões no pulmão, a pressão da aorta se torna muito maior que a pulmonar agora e com isso, nas primeiras horas de vida, o músculo liso do canal arterial começa a sofrer constrição em decorrência da presença dos altos níveis de oxigênio. Além disso, com a falta da placenta ocorre uma diminuição no nível de prostaglandina antes produzida pela placenta que influencia diretamente também no fechamento do canal arterial. Adaptações Respiratórias Durante a gravidez, as trocas respiratórias eram realizadas por meio da placenta já que os pulmões permaneciam inativos. Após o nascimento, as adaptações surgem em torno principalmente do fato de que o recém- nascido deve passar a respirar sozinho com a utilização dos alvéolos, fazendo a troca do líquido pulmonar por o ar atmosférico no primeiro minuto de vida. A primeira respiração ocorre 20 segundos após o parto. No decorrer da 24° e 30° semana de gestação, é produzido surfactante pelas células alveolares, que reduz a tensão superficial, evitando o colabamento dos alvéolos ao término da expiração. Esse surfactante faz com que as trocas gasosas sejam facilitadas, diminui a pressão para insuflação necessária para abertura das vias respiratórias e a complacência pulmonar melhorada e o esforço reduzido. - Antes do nascimento, o pulmão permanece com líquido e recebe apenas de 10 a 15% do débito cardíaco total, somente alguns minutos de vida, ocorre a expulsão e reabsorção do líquido dos pulmões. Trocando todo aquele líquido por ar. O início da função respiratória é estabelecido por estímulos químicos, térmicos, físicos e sensoriais, como dor e a luminosidade. Além disso, quando se tem o parto pelo canal vaginal, ocorre a compressão torácica e cerca de 1/3 do líquido pulmonar é expelido pela boca e pelo nariz, sendo o restante absorvidos pela circulação pulmonar e sistema linfático em cerca de 6 a 24 horas após o nascimento. Após essa compressão expulsão do líquido pulmonar, ocorre uma descompressão do tórax criando uma pressão negativa que traz o ar para dentro dos pulmões. A completa expansão pulmonar e distribuição do ar pelos alvéolos ocorre quando o recém-nascido chora, por que o choro cria uma pressão intratorácica positiva, que faz os alvéolos continuarem abertos, para que seja expulso o resto do líquido pulmonar para os capilares pulmonares e sistema linfático. A principal mudança na fisiologia do recém- nascido está no fechamento das estruturas cardíacas fetais: forame oval, canal arterial e ducto venoso). Esse processo acontece progressivamente e se completa com mais ou menos um a dois dias de vida, sendo que o fechamento anatômico pode durar semanas. Por causa do fato de essas estruturas se fecharem primeiro funcionalmente e depois anatomicamente pode ocorre ainda a passagem de sangue oxigenado do lado direito do coraçãopara o lado esquerdo, o que pode levar o recém- nascido a apresentar uma cianose transitória e com choro, além do aumento da pressão na veia cava e átrio direito, que pode levar ao aparecimento de sopro. Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG Objetivo 4: Reconhecer os princípios da perda de peso fisiológica no período neonatal em recém-nascido a termo e prematuro. Objetivo 5: Descrever os mecanismos de termo regulação no recém-nascido, as estratégias para garantir a manutenção da temperatura corporal. A temperatura fetal depende da mãe, uma vez que o calor é transferido para o feto através da placenta e do útero, fazendo com que a temperatura fique 0,3 ℃ a 0,5 ℃ mais alta que a da mãe. Ao nascer, o recém-nascido esfria rapidamente em resposta ao ambiente extrauterino relativamente frio, o que faz com que a temperatura neonatal cai rapidamente logo após o nascimento. - Logo após o nascimento e com o objetivo de evitar as perdas de calor, a criança deve ser levada para um berço de calor radiante quando tem um peso menor que 1.000 g. Enquanto os que tem peso maior que 1.000g podem ser colocados já numa incubadora aquecida e manter no saco e colchão até seu aquecimento. Além disso, deve se observar a temperatura em 1/1 hora até que a adequação esteja aumentando de 1 em 1°C. A importância do controle de temperatura do recém-nascido reside em grande parte principalmente para que se evite a mortalidade e morbidade por hipotermia neonatal, uma vez que o frio em excesso pode ocasionar alterações fisiológicas significativas. Um exemplo disso é que quando o bebê está apresentando hipotermia, a taxa metabólica tende a aumentar para gerar mais calor para aquecê-lo, o que pode ocasionar problemas como um ganho lento de peso, hipoglicemia. Além disso, a necessidade de calor faz com que aumente o metabolismo de gordura com uma liberação maior de ácidos graxos na corrente sanguíneo, que pode evoluir para um quadro de acidose metabólica, podendo causar angústia metabólica. A principal ferramenta de regulação da temperatura do recém-nascido acontece pela produção de calor via termogênese sem tremores(NST) acoplada à lipólise do tecido adiposo marrom. Em que as crianças nascidas a termo possuem um depósito de gordura marrom localizado principalmente no pescoço, na região interescapular, mediastino e ao redor dos rins e das suprarrenais. Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG Na presença de um estímulo externo, como o frio, ocorre um aumento da produção de noradrenalina, que vai atuar nesses depósitos, estimulando a lipólise e gerando calor pela oxidação de ácidos graxos na mitocôndria, utilizando proteína desacopladora. Além disso, o neonato também pode controlar essa regulação temporal por outros processos, como o controle vasomotor, em que ocorre vasoconstrição periférica, conservando o calor e a atividade muscular que aumenta a produção de calor. O recém-nascido pode perder calor de, principalmente, quatro formas, condução, convecção, evaporação e radiação. O mecanismo de perda de calor por condução, está relacionada ao contato com superfícies de baixa temperatura, que pode ser evitado por meio do aquecimento das mãos e dos instrumentos antes de encostar na criança, além de forrar superfícies em que o bebê terá contato. A evaporação vai ser decorrente principalmente do suor e das águas por diferença de umidade, sendo essencial que o bebê seja seco ao nascer e que se deixe o ambiente em que ele se encontra mais úmido, uma vez que quanto mais seco for o ambiente, maior será a perde de calor do neonato por evaporação. Esse tipo de perde de calor corresponde a cerca de 25% em neonato. O mecanismo de perda de calor por convecção ocorre da superfície da pele para o ar do ambiente e depende principalmente da velocidade do ar e temperatura ambiente. Isso por que quanto mais resfriado for o ambiente, maior será a perda de calor por convecção. Em recém-nascidos, o ar que é expirado na respiração e a movimentação do ar sobre a pele aumentam a perda de calor por convecção, sendo necessário que se umedeca e aqueça o oxigênio passado para o bebê e no transporte da criança, ela seja envolvida em coeiros ou usar uma incubadora para transporte. A transferência de calor da pele do recém- nascido para o ambiente devido a diferença de temperatura ocorre principalmente por radiação. Isso ocorre principalmente em áreas de grande superfície, como a cabeça, sendo por esse motivo que se deve sempre manter a criança vestida, envolvida por coeiros e de preferência de touca. Os recém-nascidos prematuros são os mais prejudicados pela exposição a temperaturas mais baixas devido a sua dificuldade de termorregulação. Eles possuem grande superfície de contato em relação ao peso, menor quantidade de tecido subcutâneo e de gordura marrom, fazendo com que não seja possível se utilizar as calorias por termogênese. Além disso, muitos tem problemas pulmonares, fazendo com que a produção de oxigênio seja limitada. Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG Objetivo 6: Reconhecer as causas da icterícia própria do RN, exames diagnósticos e tratamento. A icterícia é a coloração amarelada da pela e das mucosas causada pelo acúmulo de pigmento billirubínico não conjugado (lipossolúvel) ou, menos frequente, bilirrubina conjugada (Hidrossolúvel). Ela está presente em 60% dos recém-nascidos a termo e em 80% dos recém-nascidos pré-termo durante a primeira semana de vida. Ela também pode se encontrar em 100% dos recém-nascidos prematuros com idade gestacional menor que 35 semanas. É de grande importância o diagnóstico da icterícia, pois quando a bilirrubina indireta se encontra em níveis muito elevados, pode atravessar a barreira hematoencefálica e levar ao desenvolvimento de encefalopatia bilirrubínica, em que a doença crônica é chamada de Kernicterus e é caracterizada por uma série de sequelas neurológicas. No Brasil, na década de 2000, a icterícia e/ou doença hemolítica ou kernicterus foram notificados anualmente como causa básica de óbito em cerca de 200 a 280 recém-nascidos. Desses óbitos, entre 100 e 130 neonatos eram de termo, dos quais metade nascidos na região Nordeste e um terço na região Norte, ocorrendo 70% das mortes até o 6º dia de vida - Metabolismo da bilirrubina Primeiro a hemoglobina das hemácias é degradada em grupo Heme que com a ação da hemeoxigenase se converte em Biliverdina, que também sofre alteração com a Biliverdina redutase, gerando a Bilirrubina indireta. Essa bilirrubina indireta se liga a albumina plasmática na circulação sanguínea, perdendo esse composto somente quando é captada pelo hepatócito, que vai fazer a conversão da bilirrubina indireta em bilirrubina direta com a combinação do ácido glucorônico.Essa bilirrubina direta só agora pode ser excretada pela via biliar. Através da bile, ela consegue chegar ao intestino delgado, e lá será reduzida a estercobilina, no adulto e na criança maior, devido à presença de bactérias da flora intestinal, e uma pequena quantidade será desconjugada pela enzima betaglicuronidase, que formará novamente de bilirrubina indireta, podendo ser reabsorvida pela circulação êntero- hepática. - Adaptação do metabolismo da bilirrubina No período fetal, ele produzia bilirrubina indireta que era eliminada pela placenta por ser lipossolúvel. Depois do nascimento, o sistema fisiológico sofre adaptações para que ele consiga eliminar essa bilirrubina através da conversão em bilirrubina direta que é hidrossolúvel para ser eliminada pelo sistema biliar e pelo trato gastrointestinal. No entanto, as enzimas responsáveis por sua conjugação hepática têm baixa atividade durante o nascimento e principalmente nos primeiros dias de vida. Icterícia Fisiológica A icterícia fisiológica é uma condição comum, benigna e autolimitada que aparece no período neonatal. Isso por que, nesse período, há uma produção de 2 a 3 vezes maior de bilirrubina indireta no recém- nascido devido a maior quantidade de hemoglobina e de menor meia vida das hemácias, que chega a ser de 70 – 90 dias no recém-nascidos, enquanto nos adultos de 100- 120 dias. Além disso, há uma menor reabsorção entérica de bilirrubina indireta, que faz com que essa bilirrubina aumente muito mais, não sendo ela toda conjugada e convertida, uma vez que os Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG sistemas enzimáticos do recém-nascido ainda se encontra imatura. Em um recém-nascido a termo, essa icterícia é observada entre o 2° e 3° dia de vida, tendo um palco entre o 3° e 4° dia. • Sinais que servem de alerta e necessitam de investigação do pediatra: - Icterícia nas primeiras 24 a 36 horas de vida - Níveis de bilirrubina que aumentam numa taxa maior do que 5 mg/kg/dia - Níveis séricos de bilirrubina > 12 mg/dl no recém- nascido a termo ou > 14 mg/dl no recém-nascido pré-termo. - Icterícia que persiste por mais do que 10 a 14 dias. - Aumento nos níveis de bilirrubina direta. Investigação diagnóstica A icterícia neonatal tem progressão cefalocaudal, sendo avaliada, principalmente, pelas zonas de Kramer em que há áreas ictéricas no corpo do neonato que quando avaliadas sob luz natural, são correlacionadas com valores médios de bilirrubina. Além disso, ela também pode ser visualmente dectada atrvés da digitopressão na pele do RN. A avaliação por meio das zonas de Kramer é importante, porém não permite dizer a gravidade da elevação dos níveis de bilirrubina, além de poder sofrer alterações de acordo com a cor da pele. - Bilirrubina total sérica Esse exame é realizado por meio da coleta do sangue do beber para que se possa confirmar os níveis de bilirrubina evidenciados através da avaliação visual ou da bilirrubina transcutânea. A hiperbilirrubinemia pode ser classificada como indireta, diagnosticada com níveis de Bilirrubina indireta maiores que 1,5 mg/dl, ou direta com valores de Bilirrubina direta maior que 2mg/dl quando representa mais que 15% do valor de Bilirrubina total. Icterícia não fisiológica Na icterícia não fisiológica, há alguns fatores que se tornam de maiores risco para o desenvolvimento de uma hiperbilirrubinemia significativa. Como o surgimento de icterícia nas primeiras 24 horas de vida, incompatibilidade sanguínea ou outras doenças hemolíticas conhecidas. - Doenças hemolíticas Pode ocasionar hiperbilirrubinemia em decorrência do aumento da concentração de bilirrubina por hemólise nas primeiras 24 a 36 horas de vida por quadros imunomediados ou por quadros não imunomediados. O mais comum são o quadro imunomediadores em que anticorpos maternos passam pela placenta para o feto e se liga as hemácias fetais, levando a destruição delas. No caso da incompatibilidade sanguínea Rh, incompatibilidade ABO e antígenos eritrocitários irregulares. Investigção diagnóstica O diagnóstico pode ser feito pela fração de bilirrubina que se encontra aumentada. Se houver aumento de bilirrubina indireta, avaliar níveis de hemoglobina, hematócrito, contagem de reticulócitos, tipagem sanguínea da mãe e do recém nascido (sistemas ABO e Rh), e prova de Coombs direto. Se houver aumento de bilirrubina direta, avaliar hemograma, AST e ALT, fosfatase alcalina, glicose, coagulograma, dosagem de alfa-1- antitripsina, pesquisa de substâncias redutoras na urina e ultrassonografia hepática. Hoje em dia já há outras formas confiáveis de avaliar os níveis de bilirrubina de forma não invasivo, como a medida de bilirrubina transcutânea através do bilirrubinômetro. Ela faz essa medição por meio de um aparelho que usa uma reflexão espectral em vários comprimentos de onda através da pele na parte do esterno Esse equipamento é considerado de triagem para definir quais RN devem ser puncionado para a dosagem dos níveis séricos de bilirrubina. Isso por que esse aparelho ainda tem um custo Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG - Icterícia do aleitamento materno É a forma precoce de icterícia. Pode acontecer nos primeiros dias de vida, 2° e 3° dia, quando ocorre a ingestão insuficiente de leite, e consequentemente menor eliminação de mecônio, aumentando a circulação êntero hepática de bilirrubina. Nos primeiros dias, o recém-nascido ainda não está habituado à amamentação, apresentando dificuldades nesse processo, como, por exemplo, dificuldade na pega do seio, posicionamento incorreto do bebê durante as mamadas, perda de peso acentuada nos primeiros dias de vida. - Icterícia do leite materno Aparece após os primeiros 5 a 7 dias de vida, com pico por volta de 2 semanas. Admite-se que seja causada pelo aumento da concentração da beta-glucuronidase no leite do peito, causando aumento da desconjugação e reabsorção da bilirrubina. Tratamento Icterícia fisiológica costuma não ser clinicamente significativa e se resolve em 1 semana. Fórmulas usadas na alimentação podem reduzir a incidência e a gravidade da hiperbilirrubinemia, porque aumentam a motilidade GI e a frequência das evacuações, minimizando portanto a circulação êntero- hepática da bilirrubina. O tipo da fórmula não parece ser importante para o aumento da excreção de bilirrubina. Icterícia do leite do peito pode ser prevenida ou reduzida aumentando-se a frequência das mamadas. Em recém-nascidos a termo com icterícia precoce associada ao leite materno, se o nível de bilirrubina continuar a subir > 18 mg/dL (> 308 mcmol/L), a troca temporária do leite materno por fórmulas pode ser apropriada; em níveis mais elevados, pode-se indicar a fototerapia. A suspensão do aleitamento materno é necessária por apenas 1 ou 2 dias, e a mãe deve ser encorajada a continuar estimulando a secreção do leite do peito regularmente, para que ela possa reassumir a amamentação assim que os níveis de bilirrubina do neonato começarem a diminuir. Ela também deve assegurar-se de que a hiperbilirrubinemia não provoca qualquer prejuízo e que ela pode reassumir a amamentação com segurança. Não é aconselhável suplementar com água ou glicose, o que pode interromper a produção do leite materno. O tratamento definitivo da hiperbilirrubinemia envolve • Fototerapia • Exsanguinotransfusão • Fototerapia Esse tratamento vem se mantendo como padrão, usando mais comumente luz branca fluorescente.(Luz azul, comprimento de onda de 425 a 475 nm, é mais eficiente para fototerapia intensiva.) Fototerapia é o uso da luz para fotoisomerizar bilirrubina não conjugada, transformando-a em formas mais hidrossolúveis e que possam ser excretadas rapidamente pelo fígado sem glucuronidação. Fornece um tratamento definitivo da hiperbilirrubinemia neonatal e evita icterícia nuclear. Para lactentes nascidos ≥ 35 semanas de gestação, a fototerapia é uma opção quando a: - bilirrubina não conjugada for > 12 mg/dL - a bilirrubina não conjugada for > 15 mg/dL em 25 a 48 h, 18 mg/dL em 49 a 72 h e 20 mg/dL em > 72 h ( Risco de hiperbilirrubinemia em neonatos ≥ 35 semanas de gestação). A fototerapia não é indicada na hiperbilirrubinemia conjugada. Para lactentes nascidos em < 35 semanas de gestação, os níveis limiares de bilirrubina para o tratamento são mais baixos porque prematuros https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-eletrol%C3%ADticos-e-t%C3%B3xicos-em-rec%C3%A9m-nascidos/hiperbilirrubinemia-neonatal#v1087755_pt https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-eletrol%C3%ADticos-e-t%C3%B3xicos-em-rec%C3%A9m-nascidos/hiperbilirrubinemia-neonatal#v1087755_pt Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG têm maior risco de neurotoxidade. Quanto mais prematuro, mais baixo é o limiar ( Limiares sugeridos* para iniciar fototerapia ou exsanguinotransfusão em lactentes < 35 semanas de gestação). Durante a fototerapia, a icterícia visível pode desaparecer, ainda que a bilirrubina sérica permaneça elevada, a cor da pele não pode ser utilizada para avaliar a gravidade da icterícia. A coleta do sangue para bilirrubina deve ser feita protegida da luz, porque a bilirrubina no interior do tubo de coleta pode ser rapidamente foto-oxidada. Exsanguinotransfusão Esse tratamento pode remover a bilirrubina da circulação rapidamente e é indicado para hiperbilirrubinemia grave, que mais frequentemente ocorre com hemólise por processo imunitáro. Com um cateter inserido, ou outro acesso disponível, na veia umbilical, são retiradas e repostas pequenas quantidades de sangue, para remover hemácias parcialmente hemolisadas e envoltas por anticorpos, bem como imunoglobulinas circulantes. O sangue é reposto com eritrócitos não revestidos de doadores que não têm o antígeno da membrana de eritrócitos que estão ligados aos anticorpos circulantes. Isto é, utiliza-se o tipo sanguíneo O se o recém- nascido está sensibilizado aos antígenos AB e usa-se sangue Rh-negativo se o recém-nascido está sensibilizado ao antígeno Rh. Como os eritrócitos de doadores adultos têm mais locais de antígenos ABO do que as células fetais, a transfusão de tipo específico intensificará a hemólise. Apenas hiperbilirrubinemia não conjugada pode causar icterícia nuclear, portanto, se a bilirrubina conjugada está elevada, o nível da não conjugada, em vez de bilirrubina total, será utilizado para determinar a necessidade de exsanguinotransfusão. Para recém-nascidos a termo, as indicações específicas são bilirrubina sérica ≥ 20 mg/dL nas 24 a 48 h ou ≥ 25 mg/dL (≥ 428 mcmol/L) em > 48 h e impossibilidade da fototerapia após 4 a 6 h de seu início baixar 1 a 2 mg/dL (17 a 34 mcmol/L) ou, ainda, aos primeiros sinais clínicos de icterícia nuclear, independentemente dos níveis de bilirrubina. Se os níveis de bilirrubina sérica forem > 25 mg/dL (≥ 428 mcmol/L) no momento em que o recém-nascido é inicialmente examinado, deve-se preparar a exsanguinotransfusão para o caso de a fototerapia intensiva não conseguir baixar os níveis de bilirrubina. Sugeriram-se limiares para recém-nascidos com < 35 semanas de gestação (ver tabela Limiares sugeridos* para iniciar fototerapia ou exsanguinotransfusão em lactentes com 35 semanas de gestação). Anteriormente, alguns médicos utilizavam critérios com base unicamente no peso do paciente, mas esses critérios foram substituídos pelas diretrizes mais específicas descritas acima. Mais frequentemente, 160 mL/kg (2 vezes o volume de sangue total do lactente) de papa de hemácias são trocados em 2 a 4 h; uma alternativa é fornecer 2 alíquotas sucessivas de 80 mL/kg a cada 1 ou 2 h. Para efetuar uma troca, um volume de sangue é tirado e imediatamente reposto pelo sangue transfundido. O volume de cada um pode variar dependendo do tamanho do lactente, mas os volumes normalmente são próximos de 20 mL para o lactente a termo médio. Esse procedimento é repetido até que o volume total desejado seja trocado. Para prematuros criticamente enfermos, são utilizadas alíquotas de 5 a 10 mL para evitar uma troca de volume grande e súbita. O objetivo é reduzir por volta de 50% da bilirrubina, lembrando-se de que a https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-eletrol%C3%ADticos-e-t%C3%B3xicos-em-rec%C3%A9m-nascidos/hiperbilirrubinemia-neonatal#v21453508_pt https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-eletrol%C3%ADticos-e-t%C3%B3xicos-em-rec%C3%A9m-nascidos/hiperbilirrubinemia-neonatal#v21453508_pt https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-eletrol%C3%ADticos-e-t%C3%B3xicos-em-rec%C3%A9m-nascidos/hiperbilirrubinemia-neonatal#v21453508_pt https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-eletrol%C3%ADticos-e-t%C3%B3xicos-em-rec%C3%A9m-nascidos/hiperbilirrubinemia-neonatal#v21453508_pt https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-eletrol%C3%ADticos-e-t%C3%B3xicos-em-rec%C3%A9m-nascidos/hiperbilirrubinemia-neonatal#v21453508_pt https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-eletrol%C3%ADticos-e-t%C3%B3xicos-em-rec%C3%A9m-nascidos/hiperbilirrubinemia-neonatal#v21453508_pt https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-eletrol%C3%ADticos-e-t%C3%B3xicos-em-rec%C3%A9m-nascidos/hiperbilirrubinemia-neonatal#v21453508_pt https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-metab%C3%B3licos-eletrol%C3%ADticos-e-t%C3%B3xicos-em-rec%C3%A9m-nascidos/hiperbilirrubinemia-neonatal#v21453508_pt Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG hiperbilirrubinemia pode retornar a 60% do nível pré-transfusional em 1 ou 2 h. É também habitual baixar os níveis-alvo para até 1 a 2 mg/dL em condições de risco do icterícia nuclear (p. ex., jejum, sepse, acidose). Pode ser necessário repetir a exsanguinotransfusão se os níveis de bilirrubina continuarem elevados. Finalmente, esse procedimento também apresenta riscos e complicações, e o sucesso da fototerapia tem reduzido a frequência das exsanguinotransfusões. Objetivo 7: Identificar a importância da realização de triagem neonatal. Programa Nacional de Triagem neonatal - PNTN A triagem neonatal é um programa que tem fundamental importância na prevenção de doenças futuras, reduzindo a morbimortalidade e melhorando a qualidade de vida do recém- nascido. A missão é promover, implantar e implementar a triagem neonatal no âmbito do SUS, visando ao acesso universal, integral e equânime, com foco na prevenção, na intervenção precoce e no acompanhamento permanente das pessoas com as doenças do Programa Nacional de Triagem Neonatal. Teste do pezinho A triagem neonatal contempla o diagnóstico presuntivo, o diagnóstico de certeza, o tratamento, o acompanhamento dos casos diagnosticados e a incorporação e usode tecnologias voltadas para a promoção, prevenção e cuidado integral. Evita: Fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, hiperplasia andrenal congênita, deficiência de biotinidase, fibrose cística e doença falciforme e outras hemoglobinopatias. Período de coleta: recomenda-se que seja compreendido entre o 3° e 5° dia de vida devido as especificidades das doenças diagnosticadas atualmente. Crianças que não tenham realizado o “teste do pezinho” no período neonatal, devem ser avaliadas pelo serviço médico, para orientação e investigação diagnóstica específica, se necessário. Essa investigação será considerada com a finalidade de um diagnóstico tardio e, nessas condições, a criança detectada se beneficiará com o acesso ao tratamento/acompanhamento especializado e, consequentemente, a uma melhor qualidade de vida. Deve ser feita nas regiões laterais da região plantar. Observação: é recomendado que a coleta seja feita somente após 48 horas do nascimento, pois, para o aumento da FAL possa ser detectado, é fundamental que a criança tenha ingerido uma quantidade suficiente de proteína por meio do leite materno. Porém, se houver necessidade do recém-nascido receber transfusão sanguínea é necessário que o teste seja feito antes dessa transfusão, não importando a data. No caso de crianças prematuras (Idade Gestacional < 37 semanas), a coleta de sangue Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG deve ser realizada preferencialmente no final da 1a semana de vida. Para estas crianças, o teste deve também ser repetido quando elas completam 1 mês de vida, o que será comunicado no resultado de exame da 1a coleta. Teste do olhinho O teste do olhinho ou teste do reflexo vermelho é um exame baseado na percepção do reflexo vermelho no olho do recém-nascido. Deve ser realizado no próprio berçário sempre antes da alta do bebê, nos primeiros 30 dias de vida. Sem contraindicações, o exame deve ser feito em todas as crianças recém-nascidas (inclusive prematuras) com o objetivo de identificar casos precoces de cegueira, catarata congênita, retinoblastoma e outras alterações visuais. É rápido, sem dor, e é feito iluminando os olhos do recém-nascido por meio de um aparelho chamado oftalmoscópio, sem a necessidade de colírios, posicionada a 30 cm do olho de preferência em sala escura. É importante que se repita o teste do olhinho regularmente até os 5 anos. O normal é que nos dois olhos seja visto o reflexo na cor vermelho-alaranjado, quando há coloração esbranquiçada há indicação de alguma alteração. Além disso, na ausência do reflexo vermelho ou em casos de assimetria, a criança deve ser encaminhada ao oftalmologista para a realização de outra exames e iniciar tratamento. Teste da orelhinha O teste da orelhinha (triagem auditiva neonatal) ou “exame de emissão de otoacústica evocadas” tem como objetivo detectar deficiências auditivas nos recém-nascidos. Ele é feito ainda no hospital a partir das 48 horas de vida quando o neném está dormindo. O teste é simples e indolor. O médico utiliza um aparelho que emite ondas sonoras e analisa a resposta do ouvido a esse estímulo. Uma lei de 2010 determina que nenhum recém- nascido saia da maternidade sem ter realizado o exame, sendo obrigatório. Ele é de grande importância, pois a perda da audição pode ocasionar deficiências na fala e no aprendizado. Mas quando o tratamento tem início antes dos seis meses, as crianças podem desenvolver a linguagem e apresentar melhor adaptação psicossocial, sem a necessidade de escolas especiais. Teste do coraçãozinho O teste do coraçãozinho é realizado para ajudar a detectar algum tipo de cardiopatia congênita, ou seja, anormalidades na estrutura ou função do coração. O exame, realizado por meio de uma oximetria de pulso, mede a oxigenação do sangue e os batimentos cardíacos do bebê com o auxílio de um sensor de saturação – uma espécie de pulseira – colocado nos primeiros dias de vida no pulso e no pé do recém-nascido. https://www.medicina.ufmg.br/observaped/deficiencia-visual/ https://www.medicina.ufmg.br/observaped/catarata-congenita/ https://www.medicina.ufmg.br/observaped/catarata-congenita/ https://www.medicina.ufmg.br/observaped/retinoblastoma/ Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG Teste de linguinha O teste da linguinha deve ser realizado por um profissional da área da saúde qualificado, como por exemplo, o fonoaudiólogo. Ele deve elevar a língua do bebê para verificar se a língua está presa, e também observar o bebê chorando e sugando. O exame não tem contraindicações. Recomenda-se que a avaliação do frênulo da língua seja inicialmente realizada na maternidade. A avaliação precoce é ideal para que os bebês sejam diagnosticados e tratados com sucesso. Quanto mais cedo, melhor. É importante que seu bebê faça o exame o mais cedo possível, preferencialmente no primeiro mês de vida, para que se descubra, com a maior antecedência, se tem língua presa, evitando dificuldades na amamentação, possível perda de peso e, principalmente, o desmame precoce, com introdução desnecessária da mamadeira. Quando um bebê nasce com o frênulo lingual alterado, normalmente parentes próximos podem apresentar o mesmo problema. Por falta de informação, muitos sofrem em silêncio as várias dificuldades que essa alteração pode causar. Há bebês com dificuldades para mamar, causando estresse tanto para ele quanto para a mãe; crianças, jovens e adultos com dificuldades na mastigação/deglutição e alterações na fala, afetando a comunicação, o relacionamento social e o desenvolvimento profissional Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG Objetivo 8: Reconhecer a importância do estabelecimento do vínculo mãe-filho e identificar os programas governamentais de atenção à saúde perinatal e de incentivo ao vínculo mãe-criança-família. A gravidez é formada por um período de muitas expectativas não só para a gestante, mas para toda sua família, que se prepara para a chegada de um novo membro. Nesse sentido, a criança não é um ser isolado, mas como parte de seu contexto familiar, com características e funcionamento próprio, que influenciarão a formação dessa criança e seu desenvolvimento. Um instrumento útil e facilitador para uma melhor compreensão da família no ciclo de vida é o genograma. Além de proporcionar visão clara e ampla dos membros da família e de como se relacionam, o genograma retrata graficamente a história e o padrão familiar. Dados de um estudo demonstraram que os fatores encontrados como determinantes da saúde mental de crianças estão relacionados, em sua maioria, a fatores familiares. Os exemplos são: - história de doença mental materna - níveis elevados de ansiedade materna - Interação limitada entre a criança e a mãe - chefe de família sem ocupação qualificada, baixa escolaridade materna - famílias de grupos étnicos minoritários. O profissional de saúde, desde o pré-natal, deve estar atento às mudanças e às necessidades de adaptação que ocorrem nas famílias diante do nascimento de um novo ser. De igual forma, o profissional de saúde deve saber que não é uma tarefa fácil uma família adaptar-se a uma nova realidade,especialmente quando se trata do primeiro filho. Neste caso, os pais necessitam ajustar seu sistema conjugal, criando um espaçopara os filhos. Além disso, é preciso aprender a unir as tarefas financeiras e domésticas com a educação dos filhos. Um estudo evidencia que o bom relacionamento do casal está associado a um maior apoio do pai à lactação e uma maior participação dele nos cuidados com a criança. E é dentro do referido contexto familiar ou por intermédio de seu substituto (instituições ou pessoas que exerçam a função de cuidadores) que acontecerão as primeiras relações da criança, tão importantes para o seu desenvolvimento psicossocial. O apego, vínculo emocional recíproco entre um bebê e seu cuidador, constrói-se baseado em relacionamentos preliminares estabelecidos ainda com o feto e com a criança imaginada pelos pais, antes mesmo do seu nascimento. Após o nascimento, o bebê, para sobreviver, precisa de alguém que cuide dele e que assegure que suas necessidades físicas (alimentação, limpeza, cuidado, proteção, entre outras) e psicossociais (de se sentir seguro, amado, protegido, valorizado) sejam atendidas. Qualquer atividade por parte do bebê que provoque uma resposta do adulto pode ser considerada um comportamento de busca de apego: sorrir, chorar, sugar e olhar nos olhos. Os laços afetivos formados, em especial entre pais e filhos, influenciam o desenvolvimento saudável do bebê e determinam modos de interação positivos, que possibilitam o ajustamento do indivíduo aos diferentes ambientes de que ele irá participar A prática da amamentação favorece a formação de vínculo entre mãe e filho e deve ser estimulada. Entretanto, a amamentação não é um comportamento inato, mas sim um hábito que se adquire e se aperfeiçoa com a prática, que depende de aprendizado e da interação positiva entre os fatores culturais e sociais. Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG Política públicas de incentivo ao aleitamento materno Em 1981 foi lançado o Programa de Incentivo ao Aleitamento Materno , o qual recebeu destaque internacional pela sua diversidade de ações, incluindo campanhas na mídia, treinamento de profissionais de saúde, aconselhamento em amamentação individualizado, produção de material educativo, estabelecimento de grupos de apoio à amamentação na comunidade, aprovação de leis que protegem a amamentação e o controle do marketing de leites artificiais. Desde então, diversas intervenções visando à promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno vêm sendo implementadas, muitas delas normatizadas e implementadas nas três esferas de gestão do SUS: federal, estadual e municipal. - A Política Nacional de Aleitamento Materno atual está organizada em diversos braços, como o incentivo ao aleitamento materno na Atenção Básica em que é feito por intermédio da Rede Amamenta Brasil. Esse incentivo é feito por meio de oficinas, muitas vezes, com as próprias equipes da atenção básica de saúde para que se discuta sobre a práticas de aleitamento materno, retire dúvidas e as mulheres compartilhem experiências sobre os temas. - Além disso, há o incentivo ao aleitamento na atenção hospitalar por meio de duas iniciativas, como o Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) e o Método Canguru. A IHAC está inserida na Estratégia Global para Alimentação de Lactentes e Crianças de Primeira Infância da OMS e do UNICEF, tendo o objetivo de resgatar o direito da mulher de aprender e praticar a amamentação com sucesso por meio de mudanças nas rotinas nas maternidades para o cumprimento dos Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno. O Método Canguru é um modelo de assistência perinatal voltado para o cuidado humanizado do recém-nascido de baixo peso, que além de promover maior apego entre mãe e filho, influencia positivamente as taxas de aleitamento materno nessa população. - Entre as principais estratégias da política governamental de promoção do aleitamento materno se tem a: Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (BLH), sendo uma da maior e mais complexa do mundo, com 271 unidades. Os seus serviços estão em grande expansão: entre 2003 e 2008 a coleta de leite aumentou 56%, o número de doadoras praticamente dobrou, chegando a 113 mil e o número de crianças beneficiadas cresceu 50%. Além de coletar, processar e distribuir leite humano, os bancos de leite prestam assistência às lactantes cujos filhos estão hospitalizados ou que tenham dificuldades com a amamentação em qualquer momento. Programa Mães Unidas O “Mães Unidas” tem como objetivo proporcionar apoio relacional às gestantes e às mães de crianças com até 2 (dois) anos de idade, por meio da formação de uma rede de voluntárias. Ele tem o objetivo principal de promover o fortalecimento de vínculos familiares, a saúde, a cidadania e o acesso à justiça de mulheres e crianças assistidas. O “Mães Unidas” contempla: • Cursos de capacitação para voluntárias; • Formação de rede de mães voluntárias; • Atendimento individual humanizado; • Realização de rodas de conversas envolvendo mães, especialistas e voluntárias; • Oferta da “Caixa do Bebê” - trata-se de uma caixa em formato de mini berço com enxoval, materiais de higiene, fraldas e roupas. Todo o material foi pensando para as primeiras semanas de vida da criança; e • E-book com informações básicas para gestantes e mães Gabrielle Nogueira – med 3° semestre UniFG Objetivo 9: Reconhecer a importância da família, rede de apoio pessoal (pai da criança, amigos, familiares) da sociedade no processo anterior e posterior ao parto, inclusive na divisão do trabalho doméstico e cuidado com o concepto (Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua – PNAD) Participação paterna A participação paterna em todas as fases de desenvolvimento da criança é um elemento importante para o seu crescimento saudável, pois representa um relevante fator protetivo para a saúde de todos os envolvidos. Geralmente, nos serviços de saúde da Rede SUS, observa-se ainda um baixo engajamento dos pais nas decisões e ações relacionadas à saúde infantil. Inclusive, fala-se muito em saúde materno-infantil, mas pouco ainda em saúde paterno-infantil (relacionada ao vínculo físico, psicológico e afetivo que as crianças estabelecem com aqueles que exercem a função paterna em suas vidas). No entanto, estudos indicam que a maior parte dos homens gostaria de participar das consultas e de receber informações sobre ações de prevenção e promoção relacionadas à saúde de seus filhos. Por isso é de tão importante diminuir este tipo de exclusão, que gera, muitas vezes, um grande sentimento de frustração e que reforça ainda mais o distanciamento masculino das questões relativas à saúde dos filhos. A participação masculina indica que ela constitui um fator que reforça os vínculos familiares e contribui para a diminuição da ansiedade durante a chegada da criança, reduzindo a depressão materna no pós-parto e colaborando para a melhoria dos aspectos gerais de saúde da criança. - Depressão pós-parto O nascimento de um filho é um evento importante para a mulher, tendo em vista que diferentes sentimentos transcorrem uma vida cheia de significados. Por outro lado, a transição para a maternidade pode ser descrita como uma época de desordem e desequilíbrio, na qual a mãe precisa de apoio de sua família para se adaptar à maternidade. A mulher se vê cercada de fantasias, alterações e mudanças no seu dia a dia como trabalhadora, esposa e mãe. No âmbito doseio familiar, a mulher muda seu estilo de vida para se adequar também às necessidades do bebê, as quais podem trazer dificuldades no relacionamento familiar e social. Estudos revelam que entre 15 e 29% das mulheres durante a fase de pós-parto apresentam alguma psicopatologia, sendo a depressão pós-parto (DPP) predominante em uma de cada oito mulheres após a gestação. A depressão pós-parto (DPP) é um transtorno mental que provoca alterações emocionais, cognitivas, comportamentais e físicas. Inicia-se de maneira insidiosa, a partir das primeiras quatro semanas após o parto, alcançando usualmente sua intensidade máxima nos seis primeiros meses. Os sintomas mais comuns são desânimo persistente, sentimento de culpa, alterações do sono, ideias suicidas, temor de machucar o filho, diminuição do apetite e da libido, diminuição do nível de funcionamento mental e presença de ideias obsessivas ou supervalorizadas. A depressão é considerada a doença que mais causa incapacidades entre as mulheres tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. A depressão puerperal ocorre em 10 a 15% das puérperas em países desenvolvidos. No Brasil, estudos transversais apontam para uma prevalência de 16% a 39%, sendo considerada um problema sério de saúde pública, muitas vezes precedida por esses eventos vitais marcantes, como a gestação, o parto e o período pós-parto. Além das sérias consequências para sua própria saúde, as síndromes depressivas que acometem mulheres nos primeiros meses após o parto afetam diretamente toda a família.
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