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CURSO DE PROGRAMAÇÃO CNC Curso de programação CNC 1 CNC COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO INTRODUÇÃO TEÓRICA Prof. Claudimir Rebeyka, M.Sc. Agosto / 2008 CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 2 1. CNC E O AMBIENTE DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL ................................... 3 1.1. Comparativo entre usinagem convencional e usinagem com CNC ..... 4 2. DEFINIÇÃO DO COMANDO NUMÉRICO E SEUS DIFERENTES TIPOS .... 6 3. COMPONENTES DE UMA MÁQUINA CNC .................................................... 9 4. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE UM CNC ......................................... 13 5. INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS AO FUNCIONAMENTO DO CNC ....... 14 5.1. Pontos de referência utilizados nas máquinas CNC................................. 14 5.2. Eixos e sentidos de movimento .................................................................... 16 5.3. Determinação do zero peça ....................................................................... 18 5.4. Dados de ferramentas para usinagem ...................................................... 20 5.5. Gerenciamento de ferramentas e métodos de medição ...................... 21 6. TRANSFERÊNCIA DE DADOS PARA O CNC ................................................ 26 6.1. Transferência de dados de ferramentas para os CNC ............................ 27 7. BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 30 CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 3 1. CNC E O AMBIENTE DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL O desenvolvimento na indústria mecânica é determinado pela busca de processos de fabricação mais rápidos e automáticos, onde a produção possa ser feita com a melhor relação entre custo e qualidade. Para a execução das tarefas são desenvolvidas máquinas e formas de controle, como por exemplo, o CNC, bem como metodologias de trabalho que diminuam a intervenção do homem, facilitando o trabalho e garantindo a repetibilidade do produto. A automação se desenvolve com a aplicação de sistemas mecânicos, eletrônicos e computacionais na operação e controle da produção. Desta forma, a automação é relacionada com as atividades físicas da fábrica. Os sistemas de produção automatizados são projetados para executar o processamento, montagem, manuseio de materiais e atividades de inspeção com pequena senão nenhuma participação humana. Já o termo CIM (Computer Integrated Manufacturing), foi proposto devido ao extensivo uso de computadores no projeto de produtos, planejamento da produção, controle de operações e execução de várias tarefas comuns às empresas de manufatura, e está relacionado com as funções de processamento das informações necessárias à produção. O CNC utiliza um programa de instruções que é transmitido eletronicamente ao equipamento de produção para regular suas funções e sua operação. A capacidade de mudança no programa é que faz do CNC uma tecnologia flexível e apropriada para produção de baixo e médio volume. É muito mais fácil escrever novos programas do que modificar o equipamento de produção. Isto faz com que as máquinas CNC sejam elementos do CIM executando funções da produção de forma automatizada. O CNC é hoje o mais dinâmico processo de fabricação de peças, constituindo um dos maiores desenvolvimentos para a automação de máquinas para usinagem. Ele representa investimento inicial maior, porém quando a sua aplicação é bem estruturada, o investimento é compensado devido às vantagens do processo, ao produzir peças com menor tempo fabricação, aumentar a qualidade do produto, produzir com maior eficiência e desta maneira aumentando também a produtividade. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 4 Os primeiros esforços para a aplicação de comando numérico em máquinas operatrizes tiveram início em 1949, no Laboratório de Servo Mecanismo do Instituto de Tecnologia de Massachussets (M.I.T), associado a U.S. Air Force e Parsons Corporation of Traverse City, de Michigan. A primeira linguagem de programação de máquinas foi o APT (Automatically Programed Tool) pelo MIT em 1956. Já no final de 1962, todos os maiores fabricantes de máquinas ferramentas estavam empenhados na fabricação de máquinas com comando numérico. Os principais fatores que induziram à pesquisa, aparecimento e introdução do uso de máquinas operatrizes comandadas numericamente foram: O avanço tecnológico durante e após a segunda guerra mundial. A necessidade de adaptação dos equipamentos aos conceitos de fabricação como baixo custo em pequenos lotes. Produtos de geometria complexa e alta precisão. Menor tempo entre projeto do produto e início da fabricação do mesmo. 1.1. Comparativo entre usinagem convencional e usinagem com CNC A forma de trabalho na usinagem com CNC é diferente da forma de trabalho na usinagem convencional. Na usinagem convencional todas as operações são comandadas manualmente ou mecanicamente, sendo que o controle das operações é feito diretamente pelo operador da máquina. Já na usinagem com CNC, o comando da máquina é efetuado por um computador incorporado na máquina e o controle das operações é efetuado por sensores eletrônicos. Figura ilustrativa de uma máquina controlada por CNC CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 5 Usinagem convencional: Na usinagem convencional o operário é o principal elemento do sistema de produção, pois cabem a ele as decisões sobre a execução do trabalho. Diante da máquina o operador irá receber: A ordem de produção O desenho da peça Os dispositivos de fixação e instrumentos de medição As peças em bruto ou semi-acabadas As ferramentas a serem utilizadas Com base nestas informações, cabem ao operador as tarefas de: interpretar, decidir, executar, controlar e informar sobre o trabalho a ser realizado. Desta forma, a eficiência do processo produtivo dependerá diretamente da experiência do operador. Operadores de máquina mais experientes farão o trabalho com maior facilidade que operadores iniciantes. Usinagem com CN: Já na usinagem com CN, o número de informações é bem maior, pois o operador recebe: A ordem de produção Toda a documentação da peça a ser usinada, desenhos, planos de fixação e listas de ferramentas Os dispositivos de fixação e instrumentos de medição As peças em bruto ou semi-acabadas O programa CN preparado no escritório, com todos os dados de corte, seqüência de movimentos da máquina e funções auxiliares As ferramentas montadas e posicionadas no porta ferramentas da máquina. Estas ferramentas são trocadas automaticamente pela máquina CN, comandadas pelo programa CN Assim, na usinagem com CN, cabem ao operador as tarefas de: executar e informar sobre o serviço. As tarefas de interpretação e decisão são realizadas antes da usinagem, pelo programador de CN. A tarefa de controle pode ser feita pela própria máquina, e em casos específicos pelo controle de qualidade da empresa, reduzindo o tempo de preparação da máquina. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 6 2. DEFINIÇÃO DO COMANDO NUMÉRICO E SEUS DIFERENTES TIPOS DEFINIÇÃO O comando numérico é um equipamento eletrônico capaz de receber informações por meio de entrada própria, compilar estas informações e transmiti-las em forma de comando à máquina, de modo que esta, sem a intervenção do operador, realize as operações na seqüência programada. COMANDO NUMÉRICO PONTO A PONTO Neste tipo de comando, para alcançar umadeterminada posição programada, a máquina se desloca com movimentos independentes, sem uma trajetória pré-definida e controlada. Nenhum tipo de operação de fabricação pode ocorrer durante este deslocamento, somente depois que a máquina alcance completamente a posição programada. Este comando é simples e barato, e é utilizado em máquinas onde sejam necessárias rapidez e precisão de posicionamento final, independente da trajetória percorrida. COMANDO NUMÉRICO CONTÍNUO - CN Neste tipo de comando a movimentação da máquina é controlada individualmente e continuamente, com uma exata relação entre os eixos da máquina, para que a trajetória seja perfeitamente definida, na sua forma de deslocamento bem como em sua velocidade de avanço. A coordenação dos movimentos é controlada através de um componente chamado de interpolador. O interpolador calcula os pontos a serem alcançados e controla o movimento relativo dos eixos assegurando que o ponto final programado seja alcançado simultaneamente em todos os sentidos de movimento. No comando numérico contínuo muitas funções da máquina são predeterminadas exclusivamente pela estrutura rígida dos circuitos elétricos / eletrônicos que formam a unidade de comando sendo que o nível de flexibilidade está ligado à introdução de programas novos ou modificados. O comando é desenvolvido especificamente para controle de um certo tipo de máquina, não havendo flexibilidade de aplicação em outros tipos de equipamentos. Para se fazer uma mudança deste porte seria necessária fazer a troca do comando numérico. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 7 COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO - CNC O comando numérico computadorizado também é um equipamento eletrônico que traduz informações para as máquinas. A diferença é que esta tradução é feita através de um microcomputador interno. As informações do perfil da peça, ou das operações de usinagem são programadas através de um arquivo de programa. Devido à sua capacidade de processamento, os CNC podem controlar máquinas mais complexas, com diversos tipos de usinagem e ferramentas e executar perfis de usinagem mais complexos. A tarefa do interpolador é realizada por um programa de computador (software), permitindo interpolações lineares, circulares, parabólicas e do tipo spline (curva suave que passa por um conjunto de pontos). Alguns CNC dispõem de interfaces gráficas para testes de programa. Em máquinas com este tipo de recurso é possível fazer a programação em um computador comum, depois transmitir o programa para a máquina, executar o teste para verificar o percurso da ferramenta antes da usinagem. Isto evita erros de sintaxe na programação, erros de posicionamento de ferramentas, entre outros. No comando numérico computadorizado (CNC), várias funções da máquina passam a ser flexíveis graças à introdução de um computador na unidade de comando graças à estrutura lógica da unidade de comando, que pode ser modificada sem alterar o sistema físico dos circuitos eletrônicos (hardware). Também é possível executar programas de diagnóstico, no objetivo de controlar componentes da máquina, evitando falhas e reduzindo o tempo de reparo. Na figura abaixo, pode-se observar duas máquinas diferentes operadas por CNC. O mesmo tipo de CNC pode controlar diferentes tipos de máquinas CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 8 COMANDO NUMÉRICO ADAPTATIVO - CNA Possui as funções normais dos CNC e a função adaptativa. A função adaptativa permite o controle de processo através da medição em tempo real das variáveis do processo. Podem ser medidas: Velocidade de corte Velocidade de avanço Potência consumida Dimensões da peça Nível de vibrações Com base nestas medições, o comando calcula e ajusta os parâmetros de usinagem para atingir um desempenho otimizado no processo, durante o processo. Apesar das vantagens oferecidas, este sistema ainda custa caro e apresenta menor confiabilidade, pois existem muitas variáveis para controlar. Por isto é necessária uma análise criteriosa de viabilidade prática para implementação em cada caso. COMANDO NUMÉRICO DISTRIBUÍDO - DNC Um computador central armazena os programas CNC, e gerencia o fluxo de informações para várias máquinas CNC, conforme a necessidade. Os programas podem ser enviados automaticamente, conforme a solicitação do CNC, ou pelo operador da máquina através de um meio de comunicação. Existem vários níveis de sistemas DNC, que podem variar desde o simples armazenamento de dados, até o controle total de um conjunto de máquinas. Em sistemas bem estruturados, é possível que as máquinas funcionem independentemente do computador central, aumentando a flexibilidade em casos de falhas. Este tipo de comando dispensa o uso de equipamentos locais de leitura de dados, pois os programas são enviados diretamente através da rede. A estrutura permite ao operador maior rapidez e facilidade de acesso aos programas CNC, e permite ao programador fazer a programação off-line. Como os programas CNC são armazenados em um computador da rede DNC, isto é, no servidor, o procedimento de cópia de segurança (backup) pode ser feito automaticamente, evitando a perda de dados. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 9 Guias com esferas recirculantes 3. COMPONENTES DE UMA MÁQUINA CNC As máquinas controladas por CNC seguem basicamente a mesma concepção de projeto mecânico das máquinas de controle convencional em relação aos processos de usinagem. Porém são necessários alguns cuidados na sua construção que estão relacionados a seguir: 1. Uso de guias temperadas e associação de materiais que assegurem o mínimo desgaste. A produção é aumentada de várias vezes pelo uso do CNC, o que implica em maior número de movimentos e maior desgaste. 2. Posicionamento e forma adequados do barramento (principalmente nos tornos) de forma a evitar que os cavacos, carregando grande quantidade de calor, fiquem acumulados sobre as guias o que provocaria deformações alterando a precisão da máquina. 3. A redução do atrito para melhorar o rendimento e reduzir aquecimento, com emprego de guias com roletes, guias com esferas, guias hidrostáticas, fusos com esferas recirculantes, guias com revestimento para redução do atrito. 4. Maior rigidez estática e dinâmica da máquina para assegurar precisão de execução e grande capacidade de remoção de material. 5. Estudo das condições de trabalho de sistemas servo-comandados, análise dos efeitos de folga e deformação elástica. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 10 Servo motor Servo Driver - Converte os sinais eletrônicos emitidos pelo comando da máquina em impulsos elétricos que acionam o servo motor. Servo Motor - Motor de velocidade variável, responsável pelo movimento da mesa da máquina. Para tornos, o servo motor aciona os eixos de movimento da ferramenta. Tacômetro - Instrumento de medição responsável pelo monitormento dos valores de avanço e rotação dos eixos da máquina. O tacômetro fornece informação para o conversor ou o servo driver da necessidade ou não de realimentação dos seus respectivos motores. 6. Utilização de um sistema de medição dos deslocamentos normalmente eletro- indutivo ou ótico, robustos e de alta precisão, capaz de resistir ao ambiente industrial e às vibrações. Sensores de posição lineares Similares ao que se pode ver na figura ao lado. São fabricados em comprimentos até 3000mm apresentam-se em diversos formatos construtivos como noformato de haste sendo inclusive adequado para a montagem internamente em cilindros hidráulicos. Podem ficar alojados em um perfil de alumínio com cursor em forma de carrinho ou livre, sendo excelente substituto para os potenciômetros lineares. Sensor de posição linear CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 11 Os sensores de posição absolutos lineares utilizam-se do princípio magneto-estritivo para obtenção da posição do cursor. Uma onda de torção é gerada pela passagem da corrente através dos campos dos imãs do cursor. O tempo de propagação da onda caracteriza a posição do cursor, ao qual é associado um sinal de saída. 7. As maiores velocidades de deslocamento das partes móveis exigem um estudo criterioso dos momentos e das forças de inércia, com cuidado especial na redução do peso das massas móveis. 8. Motor de acionamento da árvore principal de elevada potência e capacidade de variação contínua de velocidade. Os motores CC eram os mais utilizados no passado, mas atualmente os motores de CA são mais empregados, pois são mais baratos e de baixa manutenção. 9. Previsão de local para colocação da esteira para remoção automática de cavacos que saem em grande quantidade. Conversor - Converte os impulsos eletrônicos emitidos pelo comando em impulsos elétricos que acionam o motor principal da máquina. Encoder - Transdutor, responsável pela medição de posição dos eixos. Para eixos lineares, o encoder mede a posição linear, para eixos de rotação o encoder mede a posição angular. O encoder fornece os dados de posição dos eixos para o comando da máquina. Princípio de funcionamento de um sensor de posição linear CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 12 Princípio de funcionamento de um Encoder Trocador de ferramentas 10. Existência de trocadores automáticos de ferramentas e estrados porta-peça para alcançar maior produtividade com a redução dos tempos improdutivos de troca, tanto das peças como das ferramentas, além de reduzir o tempo de preparação da máquina. 11. Sistema de medição das ferramentas (pre- setting). Este tipo de sistema auxilia na medição da ferramenta na própria máquina CNC. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 13 Princípio de funcionamento de um CNC Dispositivo de entrada de dados CNC – Comando Numérico Computadorizado Mesa da máquina E Convesor Motor AC T Eixo da máquina E Servo-driver Servo motor T 4. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE UM CNC Na composição eletrônica, definida como unidade de comando, são introduzidos os dados da peça e do processo de fabricação, que determinam as tarefas dos acionamentos, enquanto os sinais dos transdutores constituem os dados de controle dos elementos acionados. Assim, pode-se afirmar que o CNC funciona em circuito fechado de malha de controle. Ou seja, o CNC dispara ordens de acionamento e recebe o sinal de resposta dos elementos acionados. Isto constitui o comando. Pode-se dizer que é numérico devido ao fato de que toda instrução de processo vem sempre acompanhada de seu respectivo valor numérico. E o fato de ser computadorizado é porque que todo processamento ocorre em uma unidade de comando independente da máquina. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 14 5. INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS AO FUNCIONAMENTO DO CNC A introdução das informações de comando para o CNC ocorre através de uma interface de entrada de dados. Como o CNC é um equipamento destinado à produção, torna-se necessário o armazenamento destas informações, seja no próprio comando ou em cópias de segurança para posterior aplicação. Para o seu correto funcionamento, o CNC deve armazenar dados tecnológicos sobre o processo de fabricação, formas geométricas, pontos de referência, dimensões de ferramentas, entre outros que possibilitem a execução do produto de forma automatizada. A programação CNC é baseada na norma ISO 6983 de 1982, sendo cada que função da máquina é associada a um código específico. Também conhecida como “código G”, esta norma estabelece um relacionamento de texto entre os códigos de comando e as funções da máquina. Já a norma ISO 14649 é baseada em informações da descrição da tarefa a ser executada na máquina CNC, bem como especificação das ferramentas, condições tecnológicas de execução e informações sobre as formas geométricas do produto. Esta nova forma de programação, também chamada de STEP – NC propõe uma interface de integração entre o CAM – Computer Aided Manufacturing e o CNC. 5.1. Pontos de referência utilizados nas máquinas CNC Para programar uma máquina CNC é necessário estabelecer sistemas de referência nos quais possam ser descritas posições relativas entre as ferramentas de fabricação e as peças a serem fabricadas. A referência da máquina também pode ser chamada de ponto zero máquina e sua posição é definida pelo fabricante. A referência da peça pode ser chamada de ponto zero-peça, e sua posição é escolhida pelo programador CNC. O ponto zero-máquina e o ponto zero-peça indicados na figura a seguir possibilitam o CNC identificar a posição relativa da peça na mesa da máquina. O ponto zero-peça é a origem do sistema de coordenadas da peça, que é definido pelo programador e servirá como referência para usinagem e programação. A partir deste ponto é que serão programados os caminhos e posicionamentos das ferramentas e todas as funções de usinagem.A mudança do sistema de referência é feita no programa e ajustada pelo operador da máquina. A distância entre o zero-máquina e o zero-peça é determinada diretamente na máquina pelo operador. Existe uma área no painel de comando onde o operador informa a posição do zero peça. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 15 Sistemas de referência (adaptado de Siemens, 1997) a) b) a) Ponto zero máquina b) Ponto zero peça Sistemas de referência (adaptado de Siemens, 1997) a) b) a) ponto zero ferramenta em ferramentas de diferentes comprimentos b) Localização do ponto zero ferramenta na ferramenta e no eixo da máquina Nos processos de usinagem executados em máquinas controladas por CNC é comum o uso de ferramentas de corte de geometria definida sendo que a montagem destas deve ocorrer fora da máquina, no intuito de reduzir o tempo de preparação e aumentar o tempo de produção. Para as ferramentas também é aplicado um sistema de referência, chamado ponto zero-ferramenta, a partir do qual são medidas as dimensões das ferramentas (Erro! Fonte de referência não encontrada.). Os valores dimensionais das ferramentas são de extrema importância para o processo de usinagem CNC, pois baseado nestas informações é que o comando da máquina irá calcular a trajetória da ponta da ferramenta, de forma a produzir corretamente a peça usinada. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 16 Sistemas de coordenadas O propósito destes sistemas de referência é o de prover um meio de localização da ferramenta em relação à peça. Considerando o ponto zero ferramenta o CNC consegue aplicar determinados conjuntos de ferramentas para confecção da peça de acordo com as especificações do projeto, atendendo a qualidade necessária para o produto. O ponto zero ferramenta é localizado no eixo que contém a ferramenta, próximo da entrada do alojamento do cone porta ferramenta. Este ponto é fixo e normalizado e coincide com o ponto localizado na parte maior do diâmetrodo cone porta ferramenta, quando a mesma está montada. Durante o processamento do programa o controle tira os dados de correção necessários da página de correção de ferramentas e corrige individualmente, para cada ferramenta diferente, o percurso que a máquina irá percorrer. Com duas ferramentas diferentes, a máquina executará percursos diferentes para produzir peças iguais. 5.2. Eixos e sentidos de movimento Eixo é uma direção segundo a qual podem ser programados os movimentos relativos entre a ferramenta e a peça de forma contínua e controlada. Os eixos principais determinam um sistema de coordenadas retangulares, de rotação à direita. Neste sistema de coordenadas são programados movimentos da ferramenta. Na programação CNC, os eixos principais são classificados como eixos geométricos. Para cada eixo cartesiano, foi associado um eixo de rotação, a saber: Eixo A Rotação em torno do eixo X Eixo B Rotação em torno do eixo Y Eixo C Rotação em torno do eixo Z CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 17 Regra da mão direita Os eixos de movimento coincidem com os eixos dos sistemas de coordenadas cartesianas (X, Y e Z), sendo que os sentidos dos eixos são determinados pela regra da mão direita. Foi adotada internacionalmente a convenção de orientar o EIXO "Z" em sentido paralelo ao eixo -árvore da máquina, contendo o movimento principal de corte. O sentido positivo do eixo "Z" é aquele na qual a ferramenta se afasta da peça. No caso especifico do torno, todo trabalho se processa em um plano que passa pelo eixo de simetria da peça. Portanto, temos apenas dois eixos: o Longitudinal por convenção o eixo "Z" e o transversal que será o eixo "X" (diâmetro ou raio). Para fresadoras, aplicam-se os eixos geométricos X, Y e Z. Para máquinas mais complexas, podem ser controlados até mais de cinco eixos de movimento. Cada um associado a um elemento da máquina. Existem máquinas com eixos paralelos aos eixos X, Y e Z. Neste caso suas denominações passam a ser U, V e W, respectivamente. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 18 Sistemas de coordenadas e zero-peça 5.3. Determinação do zero peça Normalmente na programação CNC, não se trabalha com coordenadas relativas ao zero máquina. Isto se deve ao fato de que a mesma peça pode ser fabricada em diferentes máquinas. Neste caso, não importa para o programador qual é a posição que a peça irá ocupar na máquina, e sim apenas as suas dimensões geométricas. Uma prática comum na programação CNC é a de estabelecer a origem do eixo Z na face da peça. Desta forma, para usinar a peça será necessário trabalhar no programa com valores negativos de coordenadas, sendo que as coordenadas positivas indicarão que a ferramenta não está "dentro" da peça. Para torneamento, é comum utilizar a face da peça como referência para o eixo Z, e o centro de simetria como referência para o eixo X. Para fresamento e mandrilamento, é comum a utilização de uma das arestas da peça como referência para X e Y. Também é comum utilizar a face da peça como referência para o eixo Z. Em todos os casos, porém, é importante que sejam indicados os pontos zero peça para o operador através do plano de set-up. É importante que o ponto zero peça seja de fácil localização para operador, pois este precisará informar para a máquina sua posição relativa ao sistema de coordenadas da máquina. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 19 Direct Numerical Control (Adaptado de Quinx, 2005) Também é interessante fazer comentários dentro do programa CNC sobre a localização do ponto zero peça. Estes comentários serão utilizados pelo operador da máquina CNC para determinar a posição do ponto zero peça. Os dados relativos à execução de movimentos durante o processo de fabricação, bem como as condições tecnológicas e funções de máquina associadas para execução da usinagem são estabelecidas no programa CNC. Este programa é escrito em linguagem de programação, geralmente seguindo o padrão ISO, diretamente no painel do CNC, ou em um computador externo ao CNC. Quando o programa é feito diretamente no painel do CNC, não há necessidade de uma forma de transferência de dados, a não ser para criação de cópias de segurança. Por outro lado, quando a programação é feita em um computador externo, há necessidade de uma forma de transferência de dados. Os métodos mais comuns utilizados para transferência de programas CNC incluem a utilização de meios magnéticos portáteis (disquete ou CD), computadores ligados aos CNC através de conexões seriais, e a rede DNC (Direct Numerical Control). Alguns fabricantes citam o uso de comunicação através de uma rede com padrão Ethernet em suas máquinas. AS redes DNC normalmente são utilizadas unicamente para transferência de programas CNC. Na rede DNC um computador central distante da máquina CNC armazena os programas de fabricação e gerencia o fluxo de informações para várias máquinas, conforme a demanda. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 20 Dimensões da ferramenta utilizadas no CNC (adaptado de Siemens, 1997 e Traubomatic, 1984) Conforme o esquema da Erro! Fonte de referência não encontrada., os dados são enviados automaticamente através de um meio físico de conexão. A tarefa de programação CNC pode ser realizada em um outro computador evitando a parada da máquina. Segundo Robb (1998) a rede DNC evoluiu para um sistema de gerenciamento de programas CNC, com supervisão de revisão de programa e distribuição automática para o comando das máquinas. É possível transmitir programas em blocos, permitir a edição de arquivos diretamente no servidor, comparar dados, permitir o monitoramento remoto da máquina CNC. Outro ponto importante na rede DNC é a capacidade de permitir que usuários tenham acesso a outros dados relacionados com programas CNC, tais como dimensões de ferramentas, desenhos e outras informações sobre a produção. De acordo com a literatura consultada, somente Robb (1998) e Kochan e Cowan (1986) citam a utilização da rede DNC com o propósito de transferir dados de ferramentas para as máquinas CNC. Entre os demais autores, esta forma de transferência de dados é aplicada ao envio de programas CNC, sendo muitas vezes tratada de forma superficial. 5.4. Dados de ferramentas para usinagem Para usinagem, os dados de ferramentas mais comuns para o processo CNC são: o seu diâmetro (ou raio) e seu comprimento, além de um número que a identifique no programa CNC (Siemens, 1997; Traubomatic, 1984). CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 21 Formas de medir ferramentas para máquinas CNC Segundo Linch (2003), estes dados são tratados pelo CNC geralmente como uma tabela que fica armazenada em uma área específica da memória da máquina. O comprimento da ferramenta, medido desde o assentamento no eixo-árvore da máquina até a aresta de corte, é associado a um valor no endereço Z e o raio ou diâmetro é associado ao endereço X. O operador CNC pode fazer ajustes na medida em que as ferramentas desgastam, garantindo a qualidade da peça produzida. 5.5. Gerenciamento de ferramentas e métodos de medição De acordo com Boehs et al. (2002), o gerenciamento de ferramentas deve focar o planejamento estratégico, logístico e técnico da empresa. Cada conjunto de ferramentas para uma determinada etapa de fabricação deve ser definido durante o planejamento de processos e deve ser conhecido antes da etapa de montagem das ferramentas (Boehset al., 2002). As ferramentas são montadas de acordo com uma lista de montagem, onde são atribuídos números para cada ferramenta, que serão necessários no programa CNC de modo a associar as operações de fabricação que foram a elas estabelecidas. Assim, a medição de ferramentas é uma tarefa intrínseca ao trabalho executado pelas máquinas controladas por CNC, e para o seu controle, é necessário um código único para cada ferramenta. Segundo Kief e Waters (1992), o propósito da medição de ferramentas é a localização precisa da aresta de corte e um ponto de referência no corpo da ferramenta. As formas mais usuais de medição de ferramentas de corte são apresentadas na figura abaixo. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 22 Medição por contato da aresta de corte da ferramenta Medição com usinagem de uma superfície de referência Segundo Simon et al (2002), uma das formas utilizadas para medição de ferramentas das máquinas CNC é a usinagem de uma superfície de referência, com posterior medição da peça e correção dos dados de ferramenta. Neste caso são introduzidos valores aproximados das dimensões das ferramentas no comando da máquina e após a usinagem a peça resultante é medida. Os desvios de medidas determinados em relação às dimensões do desenho são introduzidos no CNC, como dados de correção para a respectiva ferramenta. Este tipo de procedimento é bastante utilizado para ajuste do diâmetro de barras de mandrilar e ferramentas de torneamento montadas diretamente na máquina CNC, sobretudo quando a máquina não dispõe de suportes padronizados de ferramentas. Medição por contato da aresta de corte da ferramenta Uma forma simples de medição do comprimento das ferramentas é a utilização do próprio CNC para cálculo do comprimento. Para isto basta encostar a aresta da ferramenta em uma superfície de referência da peça ou da máquina (Romi, 1987). Para efetuar a medição por esta técnica, o operador aproxima a ferramenta e controla o contato da aresta sobre a superfície de referência geralmente utilizando uma folha de papel conforme a figura abaixo. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 23 Dispositivo de medição incorporado (DMI) (Marposs,2004) Medição de ferramentas com o auxílio de dispositivos especiais (Adaptado de Mapal, 2004) Medição com dispositivos de medição incorporados Algumas máquinas CNC dispõem de dispositivos de medição incorporados (DMI) dedicados à medição de ferramentas. Estas máquinas necessitam de funções específicas no CNC para controle destes dispositivos e, apesar da medição ser mais rápida que nas opções anteriores, ainda utilizam tempo que poderia ser destinado à produção. O dispositivo de medição é local e serve apenas à máquina que o contém. Este tipo de tecnologia proporciona a medição da ferramenta, eliminando erros de montagem e de localização da aresta, pois a ferramenta é medida na posição de trabalho, conforme pode ser visto na figura ao lado (Marposs, 2004). Medição com auxílio de dispositivos especiais Algumas operações de usinagem podem utilizar ferramentas especiais que são montadas sempre nas mesmas dimensões, como exemplo quando são produzidos grandes lotes de peças (Kief e Waters, 1992). Para este tipo de ferramentas podem ser desenvolvidos dispositivos especiais para conferência da posição da aresta de corte, conforme pode ser observado na figura ao lado. A medição pode ser efetuada com a aplicação de sensores de contato e mostradores analógicos (Mapal, 2004). CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 24 Máquina de medir ferramentas (MMF) (adaptado de Zoller, 1995) Medição com auxílio das Máquinas de Medir Ferramentas Outra forma bastante comum é a utilização de Máquinas de Medir Ferramentas – MMF, também chamadas de presetter. De acordo com alguns autores, estas máquinas permitem a fixação da ferramenta na máquina CNC, localizando corretamente o ponto de referência da ferramenta (Hanson, 1999; McCarthy, 1996; Zoller, 2002 e Parlec, 2004). A partir desta posição, entendida como zero ferramenta é medida a posição da aresta de corte. Em algumas MMF, a medição da ferramenta é feita por comparação visual, conforme pode ser visto na figura da página seguinte. Neste caso, o preparador de ferramentas posiciona a máquina de forma que a sombra da aresta de corte da ferramenta seja projetada e coincida com a referência do anteparo de visualização (Zoller, 1995). A máquina apresenta as dimensões da ferramenta em seu mostrador eletrônico, sendo que algumas máquinas possuem opção de impressão dos dados de ferramentas. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 25 Projeção da aresta de corte, mostrador digital e impressora) (adaptado de Zoller, 1995) Uma variação da forma medição de ferramentas com auxílio da MMF tem como base o estabelecimento das dimensões das ferramentas durante o planejamento de processos. Toda vez que for produzida determinada peça, a ferramenta apropriada deverá ser montada, nas dimensões indicadas e de acordo com sua tolerância de montagem específica para aquele processo, sendo que a MMF é utilizada apenas para conferência destas dimensões. Neste caso, para uma determinada etapa da fabricação, o diâmetro e o comprimento de montagem para um mesmo tipo de ferramenta deve ser idêntico de acordo com as dimensões de montagem indicadas pelo planejamento de processos. Este tipo de procedimento é apropriado para a produção de grandes lotes de peças com pequena variabilidade de ferramentas ou para máquinas multifuso. (Kief e Waters, 1992). CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 26 6. TRANSFERÊNCIA DE DADOS PARA O CNC Antigamente, a transferência de dados era realizada através de fitas perfuradas com as instruções dos dados da peça e condições de usinagem, definidas pelo programador. Estas fitas podiam ser criadas tanto pelo sistema manual como através do auxílio do computador. Uma leitora ótica acoplada na máquina fazia a leitura da fita e passava a instrução de comando à máquina. A programação manual também podia, e em boa parte das máquinas atuais ainda pode, ser feita através de teclados alfanuméricos presentes ou conectados as máquinas de comando numérico, principalmente onde a simplicidade do trabalho a ser feito e a natureza da operação, não justificam gastos com sofisticados métodos de programação. Por outro lado, a programação feita com auxílio do computador, proporciona, além da rapidez, maior segurança contra erros. Já nos anos 70 foram introduzidas as máquinas CNC que passaram a depender menos da parte de “hardware”, essencial nos circuitos das anteriores dos anos 60, e ter seu funcionamento baseado muito mais no “software”. Os avanços substituíram a entrada manual de dados e as fitas perfuradas por armazenamento em disquete dos programas ou comunicação remota. Em casos de programas longos, é possível particionar o programa, reduzindo a capacidade de memória da máquina. Além disso, é possível fazer o controle dos tempos de fabricação, tempos de usinagem, tempos de preparação, permitindo a avaliação do desempenho da máquina. Formas de transferência de dados para um CNC CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 27 Etiquetas adesivas indicando as dimensões da ferramenta (adaptado de Zoller, 1995) Atualmente é possível inserir dados na máquina a partir de uma grande variedadede programas e linguagens dentre os quais destacam-se os seguintes métodos de transferência de dados: Programação direta no próprio comando da máquina Transferência de arquivos via DNC Comunicação ON-LINE via microcomputador Placa de rede (padrão ethernet) 6.1. Transferência de dados de ferramentas para os CNC A transferência de dados de ferramentas para os CNC depende diretamente da forma de medição destas ferramentas. As medições de ferramentas efetuadas diretamente na máquina CNC dispensam a necessidade de transferência de dados, pois o próprio comando executa a função de memorização das dimensões da ferramenta. Já em medições efetuadas fora da máquina CNC há a necessidade de uma forma de transferência de dados para o comando (Leatham-Jones, 1986). Na montagem com dispositivos especiais de medição, a transferência de dados de ferramentas é efetuada somente na primeira preparação da máquina CNC, geralmente por digitação no painel do CNC. Nas repetições posteriores a montagem será efetuada na mesma dimensão, bastando efetuar a troca da ferramenta. Neste caso o comprimento e o diâmetro são estabelecidos com valores de montagem tolerados, determinados no planejamento de processos (Mapal, 2005). CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 28 Formas de envio de dados para os CNC (adaptado de Parlec, 2004) Na montagem feita na MMF, o preparador de ferramentas indica as dimensões de montagem numa lista que acompanha as ferramentas até a máquina. Em alguns casos observa-se a impressão de etiquetas adesivas que são fixadas nas ferramentas para indicar suas dimensões. Neste caso, o operador da máquina CNC é o responsável pelo gerenciamento das informações de ferramentas, fazendo a digitação dos valores medidos diretamente no painel do CNC. Segundo Kief e Waters (1992), alguns sistemas possibilitam o armazenamento da identificação da ferramenta e dos valores das dimensões em um micro-chip, incorporado no suporte da ferramenta. Estes sistemas representam o atual estado da arte da medição de ferramentas, pois constituem uma solução integrada para a tarefa de medição e não reduzem a flexibilidade do CNC visto que não é necessário parar a produção para transferir os dados das ferramentas. Entretanto, a aplicação deste tipo de sistema implica na necessidade de MMF especiais e CNC especiais que tenham as funções de gravação e leitura das informações dos micro-chips. CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 29 De acordo com Parlec (2004) existem várias maneiras pelas quais o CNC receba os dados de ferramentas gerados em uma MMF, conforme pode ser observado na figura anterior. É possível acrescentar valores relativos ao ponto zero ferramenta ou ponto zero da peça para de correção dos valores de medição das ferramentas. As MMF podem enviar dados diretamente para a impressora através de uma interface serial ou USB. Através de uma rede Ethernet, os dados de ferramentas podem ser enviados da MMF para o controle de célula e em seguida para o CNC, diretamente para o sistema CAD/CAM ou para o servidor de rede. Ainda as MMF podem acionar o controlador de micro-chip, onde as informações sobre ferramentas são armazenadas em um micro-chip para transferência posterior ao CNC. De acordo com Zoller (2002), a transferência de dados pode utilizar uma rede DNC, rede ethernet, disquete ou com o auxílio de um programa que faz o pós-processamento das informações geradas na MMF. A existência de máquinas integradas ao sistema da manufatura é proposta pelos fabricantes das MMF (Parlec, 2005; Zoller, 2005), sendo sua implementação condicionada à análise técnica. A Zoller dispõe de uma biblioteca com arquivos de mais de 2000 CNC diferentes para serem integrados em suas MMF de modelos recentes (Zoller, 2005). CNC – COMANDO NUMÉRICO COMPUTADORIZADO Comando Numérico Computadorizado Prof. Claudimir Rebeyka 30 7. BIBLIOGRAFIA BOEHS, L.; XAVIER, F.A.; DE BORTOLO, M.A.; GONÇALVES, M.A. Gerenciamento de ferramentas de corte na teoria e na prática. Revista Máquinas e Metais. São Paulo, Ano XXXVIII, Nr. 430 – Aranda Editora. Setembro 2002 GROOVER, M. P. Automation, production systems and computer integrated manufacturing, 2nd Edition, New Jersey, Prentice Hall, 2001, 856p. 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