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CQ130 – Espectroscopia I Profa. Ana Luísa Lacava Lordello Cronograma de Atividades Introdução Compostos Orgânicos de Origem Natural Há mais de 150 anos, os periódicos químicos têm reportado diversas substâncias químicas presentes em: Organismos vivos: plantas e animais Fósseis: carvão mineral, petróleo, gás natural. Síntese Orgânica Metade da década 1970 Mais de 5 milhões de compostos Cada ano: milhares novos compostos Indústria Química Produzidos 6.000 a 10.000 compostos Eastman Organic Chemicals: 4.000 compostos Aldrich Chemical Company: 9.000 compostos Fórmula Molecular : O que se pode aprender com elas? Métodos Quantitativos (Clássicos e Modernos) para determinação da Fórmula molecular Clássicos: Análise elementar qualitativa e quantitativa (microanálise) → Fórmula empírica. Modernos: Espectrometria de Massas → Fórmula Molecular (juntando com os dados da microanálise) Determinação de Fórmula Empírica A primeira etapa envolvida na caracterização de um composto orgânico, refere-se a determinação de sua fórmula empírica. A fórmula empírica mostra a número relativo ou a proporção dos átomos presentes na molécula. A fórmula empírica da glicose é: CH2O, informando que os átomos estão na proporção de 1:2:1. A determinação da fórmula empírica necessita inicialmente das porcentagens dos constituintes C, H, N, O e S presente na molécula, o que pode ser feito utilizando-se um analisador elementar. Determinação da fórmula empírica Inicialmente deve-se conhecer a composição percentual em massa, isto é, a massa de cada elemento expressa como uma porcentagem da massa total: Porcentagem de massa = [m do elemento na amostra x 100]/m total da amostra Exemplo: Por séculos pessoas usaram as folhas do eucalipto para dores de garganta, devido a presença do eucaliptol. A análise de 3,16g de eucaliptol apresentou a presença de 2,46g de carbono, 0,373g de hidrogênio e 0,329g de oxigênio. Quais as porcentagens em massa de C, H e O? Resposta: 77,8% C, 11,8%H e 10,4%O Em 100 g temos: 77,8 g de C, 11,8 g de H e 10,4 g de O Assim, Número de mols de átomos de C = 77,8/12,01 = 6,48 Número de mols de átomos de H = 11,8/1,0 = 11,8 Número de mols de átomos de O = 10,4/16 = 0,65 Para obter a fórmula empírica dividimos cada número pelo menor valor: C = 6,48/0,65 = 9,96 = 10 H = 11,8/0,65 = 18,1 O = 0,65/0,65 = 1 Portanto: a razão entre os átomos C:H:O é: 10:18:1 Assim, a fórmula empírica é: C10H18O e a fórmula molecular ???? Qual o número de mols de C, H e O presente em 100g de Eucaliptol? Fórmula Empírica X Fórmula Molecular A fórmula empírica nos fornece as razões inteiras entre os átomos presentes na molécula. Para determinar a fórmula molecular é necessário saber a massa molecular da substância. Este valor pode ser obtido através da espectrometria de massas !!! C10H18O (154,249 g/mol) ou C20H36O2 (308,498 g/mol) ou C30H54O3 (462,747 g/mol) Terminologia Espectroscopia: É a parte da ciência que estuda o fenômeno relacionado à interação da matéria com a radiação eletromagnética. Espectrometria: É a técnica (aplicação prática /método) pela qual os fenômenos espectroscópicos são estudados. IUPAC: Compendium of Chemical Terminology, Gold Book, 2012. Espectroscopia Radiação Eletromagnética Espectro Electromagnético Radiações electromagnéticas são caracterizadas pelo Comprimento de onda (λ): distância entre dois pontos na mesma fase da onda. Frequência (n): número de ciclos que passam num ponto fixo, por segundo. Energia do Fóton = hn (ev ou J) Energia da Radiação Eletromagnética Todos os comprimentos de onda do espectro eletromagnético têm associados uma certa quantidade de energia, dada por: Onde: h = constante de Plank; c = velocidade da luz, l = comprimento de onda. l n c h hE Aspecto Ondulatório da R.E. Radiação Eletromagnética • Raios-X são as radiações mais energéticas e que causam ionização; • Radiações UV-Vísivel causam transições eletrônicas dentro das moléculas; • Radiações IV causam vibrações moleculares • Radiações rádio (são de muito baixa energia) causam transições de spin nuclear. São usadas no RMN. Espectroscopia Processos de Absorção A radiação eletromagnética pode interagir com a matéria, sendo assim absorvida. Exemplo: Transição eletrônica (radiação uv/visível) Princípios da Espectroscopia no UV-Vis # Transições Eletrônicas Estado Fundamental Estado Excitado # Cromóforo – Grupo de átomos responsáveis por transições eletrônicas Espécies contendo elétrons , e n Transições Eletrônicas Cromóforos Comuns Alcenos Absorção E → Cromóforos Duplas ligações conjugadas Conjugação abaixa a energia da transição * Absorção e Ressonância Estrutura de Ressonância diminui a energia, aumenta λ da absorção. b-Caroteno Conjugação de Cromóforos Relação entre absorção e concentração Lei de Lambert-Beer 31 Espectroscopia no IV Espectroscopia Vibracional Processo de adsorção no IV Modos de Estiramento e Dobramento Próxima aula.... Transições moleculares E n er g ia NÍVEIS ELETRÔNICOS ROTACIONAIS NÍVEIS ELETRÔNICOS VIBRACIONAIS MOLÉCULAS DIATÔMICAS Orbitais moleculares y 1 - 2 y 1 + 2 1 2 * ligante anti-ligante ORBITAIS LIGANTES E ANTI-LIGANTES E n er g ia Funções de onda definem a região do espaço onde há maior probabilidade de se encontrar os elétrons, ligantes ou anti-ligantes Transições moleculares 165 nm * 135 nm * * * p CC C=C E n er g ia Transições moleculares TRANSIÇÃO * TRANSIÇÃO * E n er g ia Transições moleculares E n er g ia O C C=O 270 nm n * * * n 135 nm * 170 nm * Transições moleculares TRANSIÇÃO n * TRANSIÇÃO n * E n er g ia Orbitais moleculares y 1 - 2 y 1 + 2 1 2 * ligante anti-ligante função de onda com sinal negativo função de onda com sinal positivo COMBINAÇÃO LINEAR DE ORBITAIS ATÔMICOS (CLOA) E n er g ia Efeito da conjugação y1 * y31+2+1+2 y2 COMBINAÇÃO LINEAR DE ORBITAIS ATÔMICOS y1 * y2 * y41+2-(1+2) y3 *1-2-(1-2) y4 *1-2+1-2 E n er g ia Efeito da conjugação y31+2+1+2 CLOA y41+2-(1+2) y3 *1-2-(1-2) y4 *1-2+1-2 y31+2+1+2 y41+2-1-2 y3 *1-2-1+2 y4 *1-2+1-2 função de onda com sinal negativo função de onda com sinal positivo E n er g ia Transições moleculares TRANSIÇÕES PROIBIDAS baixa probabilidade de ocorrência sob condições normais E * * n 200 300 400 l (nm) l max < 190 nm max muito baixo Definição CROMÓFORO Grupo funcional isolado, capaz de absorver radiação no ultravioleta ou visível (200-800 nm). Exemplos: aromaticidade, duplas ligações (C=C), carbonila (C=O), nitrilas (C=N), etc. Transições moleculares C=C C=CC=C-C=C butadieno 214 nm * 165 nm * 165 nm * E n er g ia Transições moleculares C=C C=OC=C-C=O crotonaldeído 320 nm 218 nm * 170 nm * 165 nm * n * 290 nm n * E n er g ia Atribuições de bandas SOLVENTES E SISTEMAS OLEFÍNICOS EXEMPLO TRANSIÇÃO lmax (nm) max (L/cm.mol) BANDA etano ®* 135 - água n®* 167 7000 metanol n®* 183 500 iodeto de n-butila n®* 257 486 etileno ®* 165 10000 acetileno ®* 173 6000 acetona ®* 150 - n®* 188 1860 n®* 279 15 R 1,3-butadieno ®* 217 21000 K 1,3,5-hexatrieno ®* 258 35000 K acroleína ®*210 11500 K n®* 315 14 R 0 20 40 60 80 100 200 220 240 260 280 300 320 340 Comprimento de onda (nm) T ra n s m it â n c ia ( % T ) ÓXIDO DE MESITILA em Etanol 95% Espectro de enonas C C CH3 CH3C H O CH3 * [c] = 6,29.10-5 mol/L n * [c] = 6,29.10-3 mol/L Espectro de enonas Atribuições de bandas EXEMPLO TRANSIÇÃO lmax (nm) max (L/cm.mol) BANDA benzeno ®* 180 60000 E1 ®* 200 8000 E2 ®* 255 215 B estireno ®* 244 12000 K ®* 282 450 B tolueno ®* 208 2460 E2 ®* 262 174 B acetofenona ®* 240 13000 K ®* 278 1110 B n®* 319 50 R fenol ®* 210 6200 E2 ®* 270 1450 B SISTEMAS AROMÁTICOS O Espectro Um espectro no ultravioleta/visível é um gráfico que relaciona o comprimento de onda (l) de absorção versus a intensidade da absorção (em transmitância ou absorbância). Comprimentos de onda na região do ultravioleta-visível são geralmente expressos em nanometros (1 nm = 10-9 m). A região do ultravioleta próximo é especialmente interessante e estende-se de 190 a 350 nm. A atmosfera é transparente nesta região, o que a torna facilmente acessível com o uso de ótica de quartzo. A absorção atmosférica começa a ser importante abaixo de 200 nm e a região passa a ser acessível apenas sob condições especiais (vácuo). O Espectro As principais características de uma banda de absorção são a sua posição e a sua intensidade. A posição da absorção corresponde ao comprimento de onda da radiação cuja energia é igual à necessária para que ocorra a transição eletrônica. Já a intensidade de absorção depende de dois fatores: a probabilidade de interação entre a energia radiante e o sistema eletrônico, de modo a permitir a passagem do estado fundamental a um estado excitado, e a polaridade do estado excitado. A probabilidade de ocorrência da transição é proporcional ao quadrado do momento de transição, ou momento de dipolo da transição, que é, por sua vez, proporcional à variação da distribuição de carga eletrônica que ocorre durante a excitação. Espectro da 2-pentanona 200220240260280300320 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 lmax Absorbância Comprimento de onda (nm) Espectro do furfural O CHO 200 240 280 320 0 0,5 1 1,5 2 2,5 Comprimento de Onda (nm) A b so rb ân ci a A B 200 240 280 320 0 0,5 1 1,5 2 2,5 Comprimento de Onda (nm) A b so rb ân ci a A B Interpretação Caracterização de grupos funcionais com base em seus lmax max Interpretação Definição CROMÓFORO Grupo funcional isolado, capaz de absorver radiação no ultravioleta ou visível (200-800 nm). Exemplos: aromaticidade, duplas ligações (C=C), carbonila (C=O), nitrilas (C=N), etc. AUXÓCROMO Grupo funcional que não absorve radiação com lmax acima de 200 nm, mas que, ligado a um cromóforo, altera o valor do(s) seu(s) lmax Definição CROMÓFOROS & AUXÓCROMOS BENZENO lmax = 254 nm max = 204 L/mol.cm Cromóforo: núcleo aromático Auxócromo: grupamento hidroxila FENOL lmax = 270 nm max = 1450 L/mol.cm HO Definição DESLOCAMENTO BATOCRÔMICO Aumento de lmax devido ao efeito do solvente ou de um grupamento substituinte (deslocamento para o vermelho) DESLOCAMENTO HIPSOCRÔMICO Redução de lmax devido ao efeito do solvente ou de um grupamento substituinte (deslocamento para o azul) EFEITO HIPERCRÔMICO Aumento de max EFEITO HIPOCRÔMICO Diminuição de max Definição Em geral, DESLOCAMENTOS BATOCRÔMICOS (aumento de lmax) geram EFEITOS HIPERCRÔMICOS (aumento de max), enquanto que DESLOCAMENTOS HIPSOCRÔMICOS resultam em EFEITOS HIPOCRÔMICOS. ANILINA lmax = 280 nm max = 1400 L/mol.cm CLORIDRATO lmax = 254 nm max = 160 L/mol.cm FENOL lmax = 270 nm max = 1450 L/mol.cm FENÓXIDO DE SÓDIO lmax = 286 nm max = 3200 L/mol.cm Devido a efeitos tanto indutivos quanto de ressonância (efeitos mesoméricos), a polaridade do solvente interfere com a propriedade espectrométrica de compostos orgânicos polares. Efeito do solvente C C CH3 CH3C H O CH3 ÓXIDO DE MESITILA lmax (nm) DA TRANSIÇÃO SOLVENTE ®* n®* Isooctano 230,6 321 Clorofórmio 237,6 314 Água 242,6 oculta pela banda K Ao serem comparados espectros de compostos polares, uma atenção especial deve ser orientada aos solventes nos quais foram efetuadas as análises. Efeito do solvente Solvente Correção (nm) Etanol 0 Metanol 0 Dioxano + 5 Clorofórmio +1 Éter +7 Água -8 Hexano +11 Ciclohexano +11 C CO C ENONAS, banda * lmax Exemplo: l EtOH Análise Quantitativa Lei de Beer I cubeta contendo solução-problema b passo ótico Io Transmitância T = I/Io I é a intensidade da energia radiante depois de ter passado através da amostra Io é a intensidade inicial da energia Lei de Beer Io I A = - log T “A” ou Absorbância Lei de Beer A = log Io/I = - log I/Io = - log T T = I/Io T = transmitância A = absorbância Io = intensidade da radiação incidente I = intensidade da radiação transmitida Io I A = - log T Lei de Beer Absorbância Transmitância percentual (%T) CORRESPONDÊNCIA ENTRE AS ESCALAS LINEAR E LOGARÍTMICA DA TRANSMITÂNCIA E DA ABSORBÂNCIA Io I A = - log T Validade da Lei de Beer HÁ UM LIMITE A PARTIR DO QUAL A CORRESPONDÊNCIA ENTRE ABSORBÂNCIA E CONCENTRAÇÃO DEIXA DE EXISTIR LINEARIDADE APENAS NO SEGMENTO ab a b Concentração 1,52,02,53,03,54,0 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 Equação da reta: y = ax + b R2 > 0,98 Absorbância no lmax Concentração (g/L) Curva de calibração Fluorescência Fosforescência A = absorção do fóton F = fluorescência (emissão) P = fosforescência S = estado singlete T = estado triplete IC = conversão interna ISC = cruzamento entre sistemas