Prévia do material em texto
1 NEAD – Núcleo de Educação a Distância ROTAS DE APRENDIZAGEM Técnicas de Entrevista e Interrogatório II | Aula 05 Onde Chegar • Continuidade do conteúdo abordado com relação a Vedação de determinados métodos de interrogatório • Nesta Rota da Aprendizagem serão abordados sobre a legislação internacional que veda alguns métodos de interrogatório como a tortura; O que Aprender • Aprender sobre as Convenções de direitos humanos que versam sobre a tortura e a legislação interna • Os conhecimentos que o aluno irá absorver nesta Rota de Aprendizagem e nos slides da Aula 05, será identificar quais as principais formas de tortura, bem como quem pode promover a tortura e a sua responsabilização AULA 05 Técnicas de Entrevista e Interrogatório II 2 NEAD – Núcleo de Educação a Distância ROTAS DE APRENDIZAGEM Técnicas de Entrevista e Interrogatório II | Aula 05 Desenvolvimento Este Guia de Aprendizagem tem o objetivo de direcionar os seus estudos ao longo do desenvolvimento da disciplina e o seu olhar para os conteúdos disponibilizados. Na Aula 04, foram abordados os principais aspectos sobre o direito ao silencio e a vedação de alguns métodos de interrogatório. Pela Convenção Americana de Direitos Humanos, o art. 5 preconiza que: 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral. 2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade inerente ao ser humano. (grifo nosso) Bem como, a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, obriga os Estados que internalizam a referida Convenção, a adotar medidas para prevenir e proibir a tortura durante interrogatórios, por exemplo: ARTIGO 7 Os Estados Partes tomarão medidas para que, no treinamento de agentes de polícia e de outros funcionários públicos responsáveis pela custódia de pessoas privadas de liberdade, provisória ou definitivamente, e nos interrogatórios, detenção ou prisões, se ressalte de maneira especial a proibição do emprego da tortura. Cabe destacar, que a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura elenca os elementos que configuram a tortura. O art. 2 da Convenção amplia os efeitos da tortura no âmbito da personalidade da vítima, com uso da tortura psicológica: ARTIGO 2 Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por tortura todo ato pelo qual são infligidos intencionalmente a uma pessoa penas 3 NEAD – Núcleo de Educação a Distância ROTAS DE APRENDIZAGEM Técnicas de Entrevista e Interrogatório II | Aula 05 ou sofrimentos físicos ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de intimidação, como castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ou com qualquer outro fim. Entender-se-á também como tortura a aplicação, sobre uma pessoa, de métodos tendentes a anular a personalidade da vítima, ou a diminuir sua capacidade física ou mental, embora não causem dor física ou angústia psíquica. Não estarão compreendidos no conceito de tortura as penas ou sofrimentos físicos ou mentais que sejam unicamente consequência de medidas legais ou inerentes a elas, contato que não incluam a realização dos atos ou aplicação dos métodos a que se refere este Artigo. Aliás, o art. 3 da Convenção inclui terceiros que estejam a mando do Estado, não somente funcionários públicos. ARTIGO 3 Serão responsáveis pelo delito de tortura: a) Os empregados ou funcionários públicos que, atuando nesse caráter, ordenem sua comissão ou instiguem ou induzam a ela, cometam-no diretamente ou, podendo impedi-lo, não o façam; b) As pessoas que, por instigação dos funcionários ou empregados públicos a que se refere a alínea a, ordenem sua comissão, instiguem ou induzam a ela, comentam-no diretamente ou nela sejam cúmplices. Sendo que o Estado brasileiro internalizou a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, pelo Decreto No 98.386, de 9 de dezembro de 1989 e, a Convenção Contra a Tortura da ONU, internalizado pelo Decreto No 40, de 15 de Fevereiro de 1991. Isso influenciou a criação de legislações com o intuito de se evitar a ocorrência de tortura. Uma das leis criadas, foi a Lei Nº 9.455, de 7 de Abril de 1997. Ela tipificou a conduta de tortura no nosso ordenamento, conforme o art. 1º: Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 4 NEAD – Núcleo de Educação a Distância ROTAS DE APRENDIZAGEM Técnicas de Entrevista e Interrogatório II | Aula 05 c) em razão de discriminação racial ou religiosa; A referida legislação possibilita condenar a pessoa por tortura com base no Elemento material (dores, sofrimentos físicos/psicológicos), no objetivo da tortura (obtenção da confissão mediante tortura), a necessidade de ter um agente público ou alguém que está subordinado ao agente público e a tortura dependente da intenção do torturador. E o questionamento para próxima aula fica, a prova mediante tortura é uma prova ilícita? Vá mais Longe Capítulo Norteador: Capítulo 7. VARELLA, Marcelo Dias ; MONEBHURRUN, N. ; GONTIJO, Andre Pires . Proteção Internacional dos Direitos Humanos. 1. ed. Rio de Janeiro: Processo, 2019. v. 1. 373p . [livro eletrônico] Agora é sua Vez! Interação: Quando é considerado tortura durante o interrogatório? Questão para Simulado 1 -Sobre a vedação de determinados métodos de interrogatório, é correto afirmar: a) Os Estados Partes tomarão medidas para que, no treinamento de agentes de polícia e de outros funcionários públicos responsáveis pela custódia de pessoas privadas de liberdade, provisória ou definitivamente, e nos interrogatórios, detenção ou prisões, se ressalte de maneira especial o emprego da tortura. b) A intimidação e o castigo pessoal não são considerados tortura; c) Apenas os empregados ou funcionários públicos podem ser condenados por tortura; 5 NEAD – Núcleo de Educação a Distância ROTAS DE APRENDIZAGEM Técnicas de Entrevista e Interrogatório II | Aula 05 d) Os empregados ou funcionários públicos não podem ser condenados por tortura; e) Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam conseqüência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram; Resposta: Letra E Comentário: Conforme o art.1 da Convenção Contra a Tortura da ONU, internalizado pelo Decreto No 40, de 15 de Fevereiro de 1991, ele é claro no trecho final de que: [...] Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam conseqüência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram. REFERÊNCIAS JOAQUIM, R. M.. Neuropsicologia forense e detecção de mentiras: enfrentando os crimes contra a administração da justiça. 1. ed. São Paulo: Pearson Clinical Brasil, 2019. v. 1. 416p MELO, Felipe Pereira de. Técnicas de Entrevista e Interrogatório. [livro eletrônico] Felipe Pereira de Melo, Luiz Renato Blanchet, José César Bittencourt. Curitiba: Intersaberes, 2019. E-book. RAMIDOFF, MÁRIO LUIZ. Elementos de Processo Penal. 1. ed. Curitiba: Intersaberes, 2017. [livro eletrônico] QUEIJO, Maria Elizabeth. O direito de não produzir prova contra si mesmo - O princípio nemo tenetur se detegere e suas decorrências no processo penal, 2ª Edição. Saraiva: Editora Saraiva, 2012. 9788502171572. E-book. 6 NEAD – Núcleo de Educação a Distância ROTAS DE APRENDIZAGEM Técnicas de Entrevista e Interrogatório II | Aula 05 VARELLA, Marcelo Dias ; MONEBHURRUN, N. ; GONTIJO, Andre Pires . Proteção Internacionaldos Direitos Humanos. 1. ed. Rio de Janeiro: Processo, 2019. v. 1. 373p . [livro eletrônico]