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DISCIPLINA: PODER DE POLÍCIA, CONTRATOS, CONTROLE E RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AGENTES PÚBLICOS PROVIMENTO e VACÂNCIA 1 - CONCEITOS Provimento é o ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo público. Noutro eito, Vacância é o fato administrativo-funcional que indica que determinado cargo público não está mais provido, ou seja, não possui mais um titular. São os estatutos funcionais que definem os casos de provimento e vacância no serviço público. 2 – PROVIMENTO Existem dois tipos de provimento: a) provimento originário - é aquele em que o preenchimento do cargo dá início a uma relação estatutária nova, porque o titular não era (ou nunca foi) servidor daquele ente público , ou ainda, porque pertencia a quadro funcional regido por um estatuto diferente daquele que agora rege sua relação funcional O caso mais comum ocorre do cidadão oriundo da iniciativa privada, que nunca foi servidor público, mas prestou concurso público e foi aprovado dentro do número de vagas anunciadas no edital. Este cidadão será nomeado para o cargo público, constituindo esta nomeação um caso de provimento originário. Outra situação seria: o servidor público, que ocupa cargo efetivo de engenheiro de um município, forma-se advogado e é nomeado, após aprovação em novo concurso, para o cargo de Defensor Público, sujeito a estatuto diverso. b) provimento derivado - neste caso, o cargo é preenchido por alguém que já tenha vínculo anterior com outro cargo público, sujeito ao mesmo estatuto. Como exemplo, o servidor é titular do cargo de Procurador do Município I e, por promoção, passa a ocupar o cargo de Procurador do Município II. Vamos tratar do tema utilizando o estatuto do servidor público federal (lei 8.112/90) como referência. O Art. 8º do citado estatuto estabelece as formas de provimento de cargo público: 2.1 - nomeação A nomeação é, em regra, forma de provimento originário. A nomeação pode acontecer tanto para cargo efetivo, quanto para cargo em comissão. O servidor efetivo é nomeado após aprovação em um concurso público de provas ou provas e títulos. A ocupação (provimento) do cargo se dá com a posse. A nomeação para cargo em comissão não exige aprovação no concurso, mas há necessidade de observar as limitações impostas pela súmula vinculante nº 13 do STF. 2.2 - promoção Os estatutos funcionais podem prever formas diferentes de promoção. Na promoção como forma de provimento, o servidor promovido muda de cargo dentro de uma carreira. O servidor sai de seu cargo e ingressa em outro situado em classe mais elevada, devendo a lei estabelecer os critérios para tanto. Para o Professor Paulo Modesto (http://www.direitodoestado.com.br), carreira é a “...forma de organização de cargos públicos, pois denota o conjunto de cargos de mesma natureza, com o mesmo conjunto de atribuições, que demandam idêntica preparação e formação, estruturado de modo a prever graus ascendentes de responsabilidade e remuneração.” Vale salientar, por importante, que o conceito de carreira exige um núcleo homogêneo de atribuições e habilitações comuns para não ser deturpado. Assim, dentro de uma carreira as atribuições básicas do cargo não se alteram com a promoção. Exemplificando, o Procurador do Município promovido dentro de uma carreira continuará exercendo as mesmas atribuições de Procurador. A administração pública deve ter interesse por esta evolução do seu servidor, e deve zelar para que ela aconteça caso ele, a seu turno, demonstre o mesmo interesse em se aperfeiçoar profissionalmente, efetuar cursos de aprimoramento, atualizar-se, enfim, demonstrar que realiza seu trabalho com dedicação. Deve constituir um meio à disposição da administração pública para premiar o bom servidor. 2.3 - readaptação A readaptação encontra-se definida, em termos normativos, no art. 24 da Lei n.º 8.112/90 : Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica. Até 2019 a readaptação não tinha previsão constitucional, mesmo constituindo uma forma de provimento de cargo. A Emenda Constitucional (EC) nº 103/2019, também conhecida como Reforma da Previdência - em vigor desde novembro de 2019 - incluiu o § 13 no art. 37 da Constituição, que passou a prever expressamente o seguinte: “O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readaptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de origem. ” Portanto, da análise da literalidade da nova norma pode-se concluir que: 1) Somente o servidor público ocupante de cargo efetivo pode ser readaptado (não se aplica a cargo em comissão ou empregado público, por exemplo); 2) As atribuições e responsabilidades do novo cargo devem ser compatíveis com a limitação sofrida; 3) A readaptação subsiste apenas enquanto permanecer a limitação; 4) É necessário haver compatibilidade de habilitação e nível de escolaridade entre o cargo de origem e aquele para o qual foi readaptado; 5) Deve ser mantida a remuneração do cargo de origem. Na realidade, a readaptação visa evitar que, em virtude de eventual limitação para o cargo que habitualmente exercia, o servidor seja aposentado mesmo podendo desempenhar outras atividades. A aposentação deste servidor é muito mais onerosa para o Estado. 2.4 - reversão A reversão, nos termos do Art. 25 da lei 8.112/90, é o retorno à atividade de servidor aposentado, em duas situações: I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou II - no interesse da administração, desde que: a) tenha solicitado a reversão; b) a aposentadoria tenha sido voluntária; c) estável quando na atividade; d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação; e) haja cargo vago. § 1° A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante de sua transformação. A reversão do inciso I do art. 25 acima citado, é a denominada reversão de ofício, que ocorre quando a própria administração pública exige a volta do servidor aposentado por invalidez. Nesse caso, a junta médica especializada constata que os motivos que levaram àquela aposentadoria forçada não existem mais. É o caso de servidor que, com o tempo, consegue recuperar-se de algum evento incapacitante, e então deve voltar ao trabalho. A reversão do inciso II do art. 25 acima citado depende da vontade do servidor, obedecidas as condições contidas nas alíneas e § 1º. 2.5 - aproveitamento O aproveitamento – citado no art. 41, § 3º, da CF - significa o retorno do servidor a determinado cargo, tendo em vista que o cargo que ocupava foi extinto ou declarado desnecessário. Enquanto não aproveitado em outro cargo, o servidor permanece em situação transitória denominada de disponibilidade remunerada. O art. 30 do Estatuto do Servidor Público Federal, além de considerar obrigatório o aproveitamento, impõe seja ele efetivado em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o que anteriormente ocupava. 2.6 - reintegração Nos termos do Art. 28 da lei 8.112/90, a reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens. Exemplificando: o servidor demitido através de um processo administrativo disciplinar em que não lhe foi garantido o contraditório e ampla defesa (ou seja, com vício de legalidade) pode ingressar na justiçacom uma ação anulatória. Julgada procedente a ação judicial, o agente público será reintegrado no seu cargo de origem. 2.7 – recondução A recondução é também a volta do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado. Nos termos do art. 29, I, da Lei no 8.112/1990 (Estatuto Federal), o servidor estável retorna ao cargo que ocupava anteriormente no caso de “inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo”. Exemplificando, isso acontece respeitadas as seguintes condições (em conjunto): a) o servidor “X” ocupa cargo efetivo “A” e adquiriu estabilidade; b) o servidor “X” foi aprovado em concurso público e nomeado para outro cargo (cargo “B”) inacumulável; c) o servidor “X” licenciou-se, sem remuneração, do cargo de origem (cargo “A”); d) o servidor “X” restou inabilitado no estágio probatório do cargo que passou a ocupar (cargo “B”). Ainda tomando como base o exemplo anterior, temos outra situação de recondução: se o ocupante original do cargo “B” (servidor “Y”) foi reintegrado no serviço público, terá direito a ocupar o seu cargo original. Desta forma o servidor “X” será reconduzido ao cargo de origem, aproveitado em outro cargo, ou ainda, posto em disponibilidade (art. 28, §2º da lei 8.112/90). 3 – VACÂNCIA A lei 8.112/1990 estabelece no seu art. 33 a vacância do cargo público decorrerá de: I - exoneração; II - demissão; III - promoção; (...) VI - readaptação; VII - aposentadoria; VIII - posse em outro cargo inacumulável; IX - falecimento. 3.1 - Demissão e Exoneração Das situações de vacância acima citadas, talvez provoque maior confusão o emprego dos institutos da demissão e exoneração. Pois bem, ambos representam atos administrativos que provocam a extinção do vínculo estatutário do servidor público, ocasionando a vacância de cargo. 3.1.1 – A demissão A demissão tem caráter punitivo, ou seja, representa uma penalidade aplicada ao servidor em razão de infração funcional grave, precedida do devido processo legal. Outra situação de demissão, prevista no art. 41, § 1o, III, da CF, e que deve ser regulamentada por lei complementar, ocorre após o servidor sofrer avaliação funcional e demonstrar insuficiência de desempenho, comprovada em processo administrativo com ampla defesa. 3.1.2 - Exoneração A exoneração, ao contrário, é utilizada na dispensa do servidor por interesse do próprio agente ou da Administração Pública, sem representar punição. A exoneração pode ser: a) a pedido do servidor; ou b) ex officio. Quanto “a pedido” é o servidor que manifesta seu interesse em sair do serviço público, desocupando o cargo de que é titular. Na exoneração ex officio há iniciativa da Administração em dispensar o servidor, com previsão em cinco situações: 1) quando o servidor, ocupante de cargo efetivo, não satisfizer as condições do estágio probatório (garantido o contraditório e observada a necessidade de motivação do ato); 2) quando o servidor, tendo tomado posse, não entra em exercício no prazo legal (garantido o contraditório e observada a necessidade de motivação do ato); 3) a juízo da autoridade competente, no caso de cargo em comissão, sem necessidade de motivar o ato. 4) exoneração de servidor estável quando tiverem sido insuficientes as providências administrativas com vistas a adequar as despesas de pessoal aos limites fixados na Lei Complementar no 101, de 4.5.2000, que regulamentou o art. 169 da CF. 5) a exoneração daqueles que, exercendo funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias, não cumpram os requisitos específicos para o exercício daquelas funções (§ 6º ao art. 198 da CF, introduzido pela Emenda Constitucional no 51/2006). Importante notar que neste caso não existe transgressão como suporte fático da perda do cargo.
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