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Sociedade por ações ou companhia (S/A ou Cia.) 1) Introdução: ● A sociedade por ações ou companhia destina-se a grandes empreendimentos, que exigem um capital social substancial nos primeiros passos do negócio. ● Previsão legal: Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Nos casos omissos são aplicáveis as normas previstas no Código Civil. ● Natureza empresária: a sociedade por ações é sempre empresária, regendo-se pelas leis, pelos usos e costumes do comércio independente. É uma sociedade institucional, porque tem como ato constitutivo um estatuto social, que deve ser registrado na Junta Comercial. 2) Responsabilidade dos acionistas pelas obrigações sociais: ● A responsabilidade dos acionistas é limitada ao preço de emissão das ações subscritas/adquiridas, ou seja, não há solidariedade entre eles. Sobrevindo a falência da companhia, fica suspenso o recebimento de valores relacionados ao capital social por parte dos acionistas. 3) Capital fechado vs. Capital aberto: ● Sociedade por ações de capital fechado: é de pessoas e não tem registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), porque seus valores mobiliários1 não são negociados no mercado de capitais, a venda é feita de modo particular entre poucas pessoas (tipo condomínio fechado). ● Sociedade por ações de capital aberto: esse tipo de sociedade, assim como toda emissão de valores mobiliários deve ser registrada na CVM, antes da negociação, podendo os valores mobiliários serem adquiridos por qualquer investidor, pessoa natural ou jurídica. ● Uma sociedade por ações ou companhia pode nascer fechada e, posteriormente, se converter em aberta ou vice-versa. 4) Constituição da companhia: Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares: I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro. 1 Valores mobiliários: instrumentos de captação de recursos para financiamento da atividade econômica (ex: ações, bônus de subscrição, debêntures, notas promissórias e partes beneficiárias). Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social. Art. 81. O depósito referido no número III do artigo 80 deverá ser feito pelo fundador, no prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento das quantias, em nome do subscritor e a favor da sociedade em organização, que só poderá levantá-lo após haver adquirido personalidade jurídica. Parágrafo único. Caso a companhia não se constitua dentro de 6 (seis) meses da data do depósito, o banco restituirá as quantias depositadas diretamente aos subscritores. 5) Mercado primário e secundário de valores imobiliários: ● Mercado primário é aquele em que os valores mobiliários de uma nova emissão da companhia são negociados diretamente entre a companhia e os subscritores (adquirente) da emissão, os recursos da negociação vão para a companhia emissora. Depois que os valores mobiliários já foram lançados no mercado primário, as negociações de compra e venda são feitas no mercado secundário, ocorrendo entre investidores. 6) Subscrição pública e particular de valores mobiliários: ● A constituição da sociedade por ações pode ser feita por subscrição pública ou particular. Art. 82. A constituição de companhia por subscrição pública depende do prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetuada com a intermediação de instituição financeira. Art. 88. A constituição da companhia por subscrição particular do capital pode fazer-se por deliberação dos subscritores em assembléia-geral ou por escritura pública, considerando-se fundadores todos os subscritores. ● Subscrição pública da companhia de capital fechado: é feita quando os fundadores de uma sociedade por ações de capital aberto ofertam seus valores mobiliários aos investidores ou ao público geral, pessoa natural ou jurídica. ● Subscrição particular da companhia de capital fechado: é feita apenas pelos fundadores. Estes se unem para contratar a sociedade empresária e adquirir todo o capital social, por meio de assembléia geral ou escritura pública. 7) Capital social: ● O valor do capital social é fixado pelos fundadores no estatuto social, expresso em moeda nacional (art. 5º). ● Sociedade de capital autorizado e bônus de subscrição: quando da contratação da sociedade, os fundadores podem adicionar uma cláusula no estatuto social autorizando o aumento do capital social para eventual necessidade futura. De modo que, no futuro, o aumento do limite autorizado poderá ser processado independentemente de reforma do estatuto social e de aprovação em assembleia de acionistas. Ocorrendo o aumento dentro do limite previamente fixado, serão emitidos bônus de subscrição (arts. 75 a 79), cujo preço de emissão é o mesmo para todos os bônus e podem ser emitidos com ou sem valor nominal. Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento do capital social independentemente de reforma estatutária. § 1º A autorização deverá especificar: a) o limite de aumento, em valor do capital ou em número de ações, e as espécies e classes das ações que poderão ser emitidas; b) o órgão competente para deliberar sobre as emissões, que poderá ser a assembléia-geral ou o conselho de administração; c) as condições a que estiverem sujeitas as emissões; d) os casos ou as condições em que os acionistas terão direito de preferência para subscrição, ou de inexistência desse direito (artigo 172). § 2º O limite de autorização, quando fixado em valor do capital social, será anualmente corrigido pela assembléia-geral ordinária, com base nos mesmos índices adotados na correção do capital social. § 3º O estatuto pode prever que a companhia, dentro do limite de capital autorizado, e de acordo com plano aprovado pela assembléia-geral, outorgue opção de compra de ações a seus administradores ou empregados, ou a pessoas naturais que prestem serviços à companhia ou a sociedade sob seu controle. ● Formas de integralização do capital social: os acionistas podem integralizar suas ações em dinheiro, bens móveis, imóveis, semoventes, suscetíveis de avaliação em dinheiro e úteis a atividade econômica da companhia ou mesmo em créditos a receber (arts. 5º, 7º e 10, parágrafo único). Quando o acionista integraliza ações em bens, eles deverão ser avaliados mediante laudo fundamentado elaborado por três peritos ou sociedade especializada, que deverá ser aprovado pela assembleia de acionistas (Art. 8º). ● Aumento e diminuição do capital social: ○ Aumento: Art. 166. O capital social pode ser aumentado: I - por deliberação da assembléia-geral ordinária, para correção da expressão monetária do seu valor (artigo 167); II - por deliberação da assembléia-geral ou do conselho de administração, observado o que a respeito dispuser o estatuto, nos casos de emissão de ações dentro do limite autorizado no estatuto (artigo 168); III - por conversão, em ações, de debêntures ou parte beneficiárias e pelo exercício de direitos conferidos por bônus de subscrição, ou de opção de compra de ações; IV - por deliberação da assembléia-geral extraordinária convocada para decidir sobre reforma do estatuto social, no caso de inexistir autorização de aumento, ou de estar a mesma esgotada. § 1º Dentro dos 30 (trinta) dias subseqüentes à efetivação do aumento, a companhia requererá ao registro do comércio a sua averbação, nos casos dos números I a III, ou o arquivamento da ata da assembléia de reforma do estatuto, no caso do número IV. § 2º O conselho fiscal, se em funcionamento, deverá, salvo nos casos do número III, ser obrigatoriamente ouvido antes da deliberação sobre o aumentode capital. ○ Redução: Art. 173. A assembléia-geral poderá deliberar a redução do capital social se houver perda, até o montante dos prejuízos acumulados, ou se julgá-lo excessivo. § 1º A proposta de redução do capital social, quando de iniciativa dos administradores, não poderá ser submetida à deliberação da assembléia-geral sem o parecer do conselho fiscal, se em funcionamento. § 2º A partir da deliberação de redução ficarão suspensos os direitos correspondentes às ações cujos certificados tenham sido emitidos, até que sejam apresentados à companhia para substituição. Art. 174. Ressalvado o disposto nos artigos 45 e 107, a redução do capital social com restituição aos acionistas de parte do valor das ações, ou pela diminuição do valor destas, quando não integralizadas, à importância das entradas, só se tornará efetiva 60 (sessenta) dias após a publicação da ata da assembléia-geral que a tiver deliberado. § 1º Durante o prazo previsto neste artigo, os credores quirografários por títulos anteriores à data da publicação da ata poderão, mediante notificação, de que se dará ciência ao registro do comércio da sede da companhia, opor-se à redução do capital; decairão desse direito os credores que o não exercerem dentro do prazo. § 2º Findo o prazo, a ata da assembléia-geral que houver deliberado à redução poderá ser arquivada se não tiver havido oposição ou, se tiver havido oposição de algum credor, desde que feita a prova do pagamento do seu crédito ou do depósito judicial da importância respectiva. § 3º Se houver em circulação debêntures emitidas pela companhia, a redução do capital, nos casos previstos neste artigo, não poderá ser efetivada sem prévia aprovação pela maioria dos debenturistas, reunidos em assembléia especial. ● Dividendos: valores que representam parte dos lucros líquidos da sociedade empresária distribuídos aos acionistas, em dinheiro, por ação possuída, relativos ao capital social. Modalidades de dividendos: ○ Fixos: são estabelecidos valores. ○ Cumulativos: tem a ver com o período de distribuição de dividendos (ex: se os dividendos pertinentes ao exercício social de 2021 não foram distribuídos, serão considerados cumulativos na medida em que sejam distribuídos no exercício social de 2022, somando-se os dividendos desses anos). Art. 17. § 3o Os dividendos, ainda que fixos ou cumulativos, não poderão ser distribuídos em prejuízo do capital social, salvo quando, em caso de liquidação da companhia, essa vantagem tiver sido expressamente assegurada. ○ Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício social ou em cada doze meses, a parcela do lucro líquido estabelecida no estatuto social. Se este for omisso, a importância deverá ser determinada de acordo com o disposto no art. 202. 8) Quórum de deliberação: ● Quórum simples: maioria simples das ações com direito a voto presentes na assembleia → princípio majoritário nas deliberações sociais. ● Quórum qualificado: maioria qualificada/absoluta das ações com direito a voto, ou seja, 50% + 1 da totalidade das ações com direito a voto, quando o objeto de deliberação for uma ou mais matérias previstas no art. 136. Art. 136. É necessária a aprovação de acionistas que representem metade, no mínimo, do total de votos conferidos pelas ações com direito a voto, se maior quórum não for exigido pelo estatuto da companhia cujas ações não estejam admitidas à negociação em bolsa ou no mercado de balcão, para deliberação sobre: I - criação de ações preferenciais ou aumento de classe de ações preferenciais existentes, sem guardar proporção com as demais classes de ações preferenciais, salvo se já previstos ou autorizados pelo estatuto; II - alteração nas preferências, vantagens e condições de resgate ou amortização de uma ou mais classes de ações preferenciais, ou criação de nova classe mais favorecida; III - redução do dividendo obrigatório; IV - fusão da companhia, ou sua incorporação em outra; V - participação em grupo de sociedades (art. 265); VI - mudança do objeto da companhia; VII - cessação do estado de liquidação da companhia; VIII - criação de partes beneficiárias; IX - cisão da companhia; X - dissolução da companhia. ○ Deliberações acerca dessas matérias concedem ao acionista o direito de recesso. Art. 137. A aprovação das matérias previstas nos incisos I a VI e IX do art. 136 dá ao acionista dissidente o direito de retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor das suas ações (art. 45), observadas as seguintes normas: 9) Ações: ● Acionista controlador (majoritário): acionista controlador é a pessoa/grupo de pessoas titular de ações que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores, bem como usa efetivamente seu poder para dirigir a atividade econômica e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia (art. 117). ● Certificado múltiplo de ações e indivisibilidade da ação perante a companhia: ○ Cada ação é representada por um Certificado. Todavia, pode ser emitido Certificado Múltiplo de Ações, ou seja, um certificado que representa todas as ações de um mesmo acionista (art. 25). ○ A ação é indivisível perante a companhia. Na situação em que ela seja de propriedade de mais de uma pessoa, os direitos serão exercidos perante a sociedade empresária por um só deles, o representante do condomínio (art. 28). ● Critérios de avaliação das ações: ○ Valor nominal: resultado da divisão do valor do capital social pelo número de ações que o compõem. ○ Valor patrimonial: resultado da divisão do valor do patrimônio líquido (ativo - passivo = patrimônio líquido) pelo número de ações. ○ Valor negocial: o valor da ação surge da negociação entre o vendedor e o comprador da ação. ○ Valor econômico/de mercado: quando a pessoa é dona de uma parte de uma sociedade empresária a qual cresce, por exemplo, 20%, então, pelo menos, matematicamente, a parte de suas ações também vale 20% mais. ● Ações quanto ao preço de emissão: ○ Ação com valor nominal: o preço de emissão da ação pela companhia no mercado e capitais tem como base a divisão do valor do capital social pelo número de ações que o compõem. Ele é fixado pelos fundadores no estatuto social quando do lançamento da ação no mercado de capitais e é o mesmo para todas as ações. Qualquer modificação do capital social ou bonificação exige emissão de novas ações, mediante recolhimento das antigas para atualização dos valores. → Deságio e ágio: não se pode emitir ação com valor nominal por preço inferior ao de emissão. Esta operação é denominada deságio (art. 13, § 1º). No entanto, ações com valor nominal podem ser negociadas por preço superior ao de emissão no mercado de capitais. Esta operação é denominada ágio (art. 13, § 2º). ○ Ação sem valor nominal: o preço de emissão da ação pela companhia no mercado de capitais tem como base o preço de mercado por ocasião do lançamento (art. 14). ● Ações quanto à forma de circulação: ○ Ação nominativa: a ação é fisicamente emitida e no Certificado consta o nome do acionista (art. 31). ○ Ação escritural: a sociedade por ações não emite certificados de ações. São abertas contas de depósito de ações em nome do titular, em um banco ou instituição financeira autorizada pela CVM. Se movimentam por meio de lançamentos feitos nas contas e nos livros de registro e transferência, que a instituição financeira depositária mantém para controle. ● Ação ao portador: o ordenamento jurídico não admite ação ao portador, cuja transferência de propriedade se opera de mão a mão, quem se apresenta de posse da mesma é o seu proprietário (art. 20). ● Ações quanto à natureza dos direitos ou vantagens que conferem: ○ Ação ordinária: confere aos acionistas direitos essenciais ou comuns (art. 16). ○ Ação preferencial: além de conferir aos acionistas direitos essenciais ou comuns, também confere preferências, vantagens ou direitos especiais. As vantagens podem ser acumuladas. Todavia, podem não ter direitoa voto em assembleia geral. A sociedade por ações pode emitir ações preferenciais sem direito a voto até 50% do total das ações emitidas (arts. 17 a 19). ○ Ação de fruição: decorre da amortização das ações ordinárias ou preferenciais. Consiste numa antecipação do valor de liquidação da sociedade empresária. Se, efetivamente, ocorrer a liquidação da companhia, dos titulares de ações de fruição serão descontados os valores que receberam a título de restituição de capital. A amortização ocorre sem redução do capital social, porque é feita com reservas livres ou lucros acumulados. Os acionistas titulares de ações de fruição conservam todos os direitos das ações que as originaram. ● Amortização e resgate de ações: ○ Amortização: significa que a companhia retira ações ordinárias ou preferenciais de circulação, substituindo-as por ações de fruição (art. 44, § 2º). ○ Resgate: significa que a companhia compra e retira ações definitivamente de circulação, porque deseja enxugar a sociedade empresária (art. 44, § 1º). O pagamento do resgate aos acionistas poderá ocorrer: → Sem diminuição do capital social: mediante lucros acumulados ou reservas livres. Neste caso, as ações remanescentes aumentam de valor, porque diminui o número de acionistas e o capital social permanece o mesmo. → Com redução do capital social: as ações remanescentes diminuem de valor, porque simultaneamente ocorre redução do número de acionistas e do valor do capital social 10)Acionista dissidente: ● É todo aquele que, mediante o pagamento de suas ações, aceita se retirar da sociedade, exercendo, assim, o direito de recesso (art. 45). ● Os motivos pelos quais um acionista pode reivindicar o seu direito de reembolso estão relacionados no art. 137. 11)Responsabilidade do acionista pela solvência de seu devedor, vícios redibitórios e evicção: ● Quando a ação é integralizada por meio de crédito, bens móveis ou imóveis, o acionista responde perante a sociedade pela solvência de seu devedor, pelos vícios redibitórios ou defeitos ocultos e pela evicção. 12)Acionista remisso: Art. 107. Verificada a mora do acionista, a companhia pode, à sua escolha: I - promover contra o acionista, e os que com ele forem solidariamente responsáveis (artigo 108), processo de execução para cobrar as importâncias devidas, servindo o boletim de subscrição e o aviso de chamada como título extrajudicial nos termos do Código de Processo Civil; ou II - mandar vender as ações em bolsa de valores, por conta e risco do acionista. § 1º Será havida como não escrita, relativamente à companhia, qualquer estipulação do estatuto ou do boletim de subscrição que exclua ou limite o exercício da opção prevista neste artigo, mas o subscritor de boa-fé terá ação, contra os responsáveis pela estipulação, para haver perdas e danos sofridos, sem prejuízo da responsabilidade penal que no caso couber. § 2º A venda será feita em leilão especial na bolsa de valores do lugar da sede social, ou, se não houver, na mais próxima, depois de publicado aviso, por 3 (três) vezes, com antecedência mínima de 3 (três) dias. Do produto da venda serão deduzidos as despesas com a operação e, se previstos no estatuto, os juros, correção monetária e multa, ficando o saldo à disposição do ex-acionista, na sede da sociedade. § 3º É facultado à companhia, mesmo após iniciada a cobrança judicial, mandar vender a ação em bolsa de valores; a companhia poderá também promover a cobrança judicial se as ações oferecidas em bolsa não encontrarem tomador, ou se o preço apurado não bastar para pagar os débitos do acionista. § 4º Se a companhia não conseguir, por qualquer dos meios previstos neste artigo, a integralização das ações, poderá declará-las caducas e fazer suas as entradas realizadas, integralizando-as com lucros ou reservas, exceto a legal; se não tiver lucros e reservas suficientes, terá o prazo de 1 (um) ano para colocar as ações caídas em comisso, findo o qual, não tendo sido encontrado comprador, a assembléia-geral deliberará sobre a redução do capital em importância correspondente. 13)Constituição de direitos reais e outros ônus: ● As ações nominativas ou escriturais podem ser dadas pelo acionista em penhor, usufruto, fideicomisso ou alienação fiduciária. Art. 39. O penhor ou caução de ações se constitui pela averbação do respectivo instrumento no livro de Registro de Ações Nominativas. § 1º O penhor da ação escritural se constitui pela averbação do respectivo instrumento nos livros da instituição financeira, a qual será anotada no extrato da conta de depósito fornecido ao acionista. § 2º Em qualquer caso, a companhia, ou a instituição financeira, tem o direito de exigir, para seu arquivo, um exemplar do instrumento de penhor. Art. 40. O usufruto, o fideicomisso, a alienação fiduciária em garantia e quaisquer cláusulas ou ônus que gravarem a ação deverão ser averbados: I - se nominativa, no livro de "Registro de Ações Nominativas"; II - se escritural, nos livros da instituição financeira, que os anotará no extrato da conta de depósito fornecida ao acionista. Parágrafo único. Mediante averbação nos termos deste artigo, a promessa de venda da ação e o direito de preferência à sua aquisição são oponíveis a terceiros. 14)Títulos de crédito ou valores imobiliários: ● São instrumentos de captação de recursos para financiamento da atividade econômica da sociedade por ações ou companhia, são eles: ○ Partes beneficiárias: art. 47. ○ Debêntures: art. 52 e ss. ○ Bônus de subscrição: art. 75 e ss. ○ Nota promissória comercial. 15)Funcionamento da sociedade: ● A lei brasileira adota a teoria organicista para disciplinar o funcionamento da sociedade por ações e regular as relações entre os acionistas e a sociedade. ● Órgão deliberativo: são as assembleias nas quais os acionistas manifestam a vontade da sociedade ou a vontade social, através do direito a voto. As assembleias gerais de acionistas dividem-se em: ○ Assembleia Geral Ordinária: arts. 132 a 134. ○ Assembleia Geral Extraordinária: arts. 135 a 137. ○ Assembleia Especial: nela se reúnem titulares de ações preferenciais, debêntures e partes beneficiárias, com o objetivo de tratar de assuntos de seus interesses. ○ Convocação de acionistas para assembleia geral: art. 124. ○ Quórum de instalação da assembleia geral: arts. 125 e 136. ● Órgão administrativo: ○ Diretoria: órgão executivo composto por, no mínimo, dois diretores, eleitos na AGO ou pelo Conselho de Administração. É através da diretoria que a pessoa jurídica se faz presente em todos os atos judiciais e extrajudiciais, ela administra a sociedade e executa as determinações das assembleias e do Conselho de Administração. ○ Conselho de Administração: dá orientação geral aos negócios da companhia ou ajuda a diretoria nas estratégias, diretrizes ou no planejamento das atividades da sociedade. É um órgão deliberativo colegiado composto por, no mínimo, três conselheiros, acionistas, eleitos na AGO. A sua existência é facultativa, sendo obrigatória somente para as sociedades por ações ou companhia de capital aberto. ● Órgão de fiscalização: tem como atribuição a fiscalização e o controle dos órgãos de administração (art. 161). 16)Administração: ● Deveres dos administradores da companhia: ○ Dever de diligência: art. 153. ○ Dever de lealdade: art. 155. ○ Dever de sigilo: art. 155, § 1º. ○ Dever de informar: art. 157. ○ Não-intervenção em que houver conflito de interesses: art. 156. ● Responsabilidade pessoal dos administradores e propositura da ação: a responsabilidade pessoal de natureza civil dos administradores é subjetiva. Art. 158. O administrador não é pessoalmente responsável pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão; responde, porém, civilmente, pelos prejuízos que causar, quando proceder: I - dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo; II - com violação da lei ou do estatuto. § 1º O administrador não é responsável por atos ilícitos de outros administradores, salvo se com eles for conivente,se negligenciar em descobri-los ou se, deles tendo conhecimento, deixar de agir para impedir a sua prática. Exime-se de responsabilidade o administrador dissidente que faça consignar sua divergência em ata de reunião do órgão de administração ou, não sendo possível, dela dê ciência imediata e por escrito ao órgão da administração, no conselho fiscal, se em funcionamento, ou à assembléia-geral. § 2º Os administradores são solidariamente responsáveis pelos prejuízos causados em virtude do não cumprimento dos deveres impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres não caibam a todos eles. § 3º Nas companhias abertas, a responsabilidade de que trata o § 2º ficará restrita, ressalvado o disposto no § 4º, aos administradores que, por disposição do estatuto, tenham atribuição específica de dar cumprimento àqueles deveres. § 4º O administrador que, tendo conhecimento do não cumprimento desses deveres por seu predecessor, ou pelo administrador competente nos termos do § 3º, deixar de comunicar o fato a assembléia-geral, tornar-se-á por ele solidariamente responsável. § 5º Responderá solidariamente com o administrador quem, com o fim de obter vantagem para si ou para outrem, concorrer para a prática de ato com violação da lei ou do estatuto. Art. 159. Compete à companhia, mediante prévia deliberação da assembléia-geral, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio. § 1º A deliberação poderá ser tomada em assembléia-geral ordinária e, se prevista na ordem do dia, ou for conseqüência direta de assunto nela incluído, em assembléia-geral extraordinária. § 2º O administrador ou administradores contra os quais deva ser proposta ação ficarão impedidos e deverão ser substituídos na mesma assembléia. § 3º Qualquer acionista poderá promover a ação, se não for proposta no prazo de 3 (três) meses da deliberação da assembléia-geral. § 4º Se a assembléia deliberar não promover a ação, poderá ela ser proposta por acionistas que representem 5% (cinco por cento), pelo menos, do capital social. § 5° Os resultados da ação promovida por acionista deferem-se à companhia, mas esta deverá indenizá-lo, até o limite daqueles resultados, de todas as despesas em que tiver incorrido, inclusive correção monetária e juros dos dispêndios realizados. § 6° O juiz poderá reconhecer a exclusão da responsabilidade do administrador, se convencido de que este agiu de boa-fé e visando ao interesse da companhia. § 7º A ação prevista neste artigo não exclui a que couber ao acionista ou terceiro diretamente prejudicado por ato de administrador. 17)Publicações obrigatórias: ● As convocações, avisos aos acionistas e balanços contábeis e financeiros serão publicados de forma resumida em jornal de grande circulação do local da sede da companhia e, simultaneamente, na íntegra, no endereço eletrônico do jornal na internet (art. 289). 18)Acordo de acionistas: Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações, preferência para adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle deverão ser observados pela companhia quando arquivados na sua sede. § 1º As obrigações ou ônus decorrentes desses acordos somente serão oponíveis a terceiros, depois de averbados nos livros de registro e nos certificados das ações, se emitidos. § 2° Esses acordos não poderão ser invocados para eximir o acionista de responsabilidade no exercício do direito de voto (artigo 115) ou do poder de controle (artigos 116 e 117). § 3º Nas condições previstas no acordo, os acionistas podem promover a execução específica das obrigações assumidas. § 4º As ações averbadas nos termos deste artigo não poderão ser negociadas em bolsa ou no mercado de balcão. § 5º No relatório anual, os órgãos da administração da companhia aberta informarão à assembléia-geral as disposições sobre política de reinvestimento de lucros e distribuição de dividendos, constantes de acordos de acionistas arquivados na companhia. § 6o O acordo de acionistas cujo prazo for fixado em função de termo ou condição resolutiva somente pode ser denunciado segundo suas estipulações. § 7o O mandato outorgado nos termos de acordo de acionistas para proferir, em assembléia-geral ou especial, voto contra ou a favor de determinada deliberação, poderá prever prazo superior ao constante do § 1o do art. 126 desta Lei. § 8o O presidente da assembléia ou do órgão colegiado de deliberação da companhia não computará o voto proferido com infração de acordo de acionistas devidamente arquivado. § 9o O não comparecimento à assembléia ou às reuniões dos órgãos de administração da companhia, bem como as abstenções de voto de qualquer parte de acordo de acionistas ou de membros do conselho de administração eleitos nos termos de acordo de acionistas, assegura à parte prejudicada o direito de votar com as ações pertencentes ao acionista ausente ou omisso e, no caso de membro do conselho de administração, pelo conselheiro eleito com os votos da parte prejudicada. § 10. Os acionistas vinculados a acordo de acionistas deverão indicar, no ato de arquivamento, representante para comunicar-se com a companhia, para prestar ou receber informações, quando solicitadas. § 11. A companhia poderá solicitar aos membros do acordo esclarecimento sobre suas cláusulas. 19)Demonstrações financeiras: ● Ao término do exercício social, a Diretoria fará elaborar, com base na escrituração da companhia, balanço patrimonial, demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, demonstração do resultado do exercício, demonstração dos fluxos de caixa etc. (art. 176). As demonstrações devem ser publicadas de acordo com o art. 133, § 3º e são submetidas à deliberação dos acionistas na AGO, conforme o art. 132, 1. 20)Dissolução: Art. 206. Dissolve-se a companhia: I - de pleno direito: a) pelo término do prazo de duração; b) nos casos previstos no estatuto; c) por deliberação da assembléia-geral (art. 136, X); d) pela existência de 1 (um) único acionista, verificada em assembléia-geral ordinária, se o mínimo de 2 (dois) não for reconstituído até à do ano seguinte, ressalvado o disposto no artigo 251; e) pela extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar. II - por decisão judicial: a) quando anulada a sua constituição, em ação proposta por qualquer acionista; b) quando provado que não pode preencher o seu fim, em ação proposta por acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social; c) em caso de falência, na forma prevista na respectiva lei; III - por decisão de autoridade administrativa competente, nos casos e na forma previstos em lei especial. ● Dissolução parcial: ○ Da sociedade de capital fechado: ocorre em razão de retirada voluntária, expulsão ou falecimento de acionista, mediante liquidação ou apuração do valor das ações para entrega a quem de direito, a sociedade continua sua atividade econômica com os acionistas remanescentes. Aplica-se o art. 1.032 do Código Civil. ○ Da sociedade de capital aberto: ocorre mediante dois pressupostos processuais: a ação deve ser proposta por acionista(s) que represente(m) 5% ou mais do capital social da companhia e demonstração de não preenchimento do fim social da companhia. 21)Sociedade coligada e controlada: Art. 243. § 1o São coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa. § 2º Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. 22)Grupo de sociedades: ● O grupo de sociedades não tem personalidade jurídica, cada sociedade conserva sua própria personalidade jurídica. Todavia, se encontram sujeitas a uma direção única. O grupo de sociedades visa à realização de empreendimentos comuns. Espécies de grupos: ○ Grupo de sociedades de direito: arts. 265 a 277. ○ Grupo de sociedades de fato:arts. 243 a 264. ○ Consórcio: arts. 278 e 279. 23)Subsidiária integral: ● É a sociedade por ações ou companhia, cuja totalidade das ações pertence à outra sociedade brasileira, por conseguinte, configura uma sociedade unipessoal (arts. 251 a 254). 24)Cartel e truste: ● Caracterizam crimes contra a ordem econômica, tributária e contra as relações de consumo. ● Cartel: formado por sociedades independentes, que industrializam ou fabricam produtos semelhantes e têm acordos para dominar o mercado e suprimir a livre concorrência desses produtos. ● Truste: sociedade ou grupos que, sob a mesma orientação, mas sem perder sua autonomia, se reúnem com o objetivo de dominar o mercado e suprimir a livre concorrência.
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