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D Penal - Aula 06

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Sumário 
TEORIA DO CRIME – Culpabilidade – Conceito – Elementos: Imputabilidade ................................................. 3 
1 - Culpabilidade ...................................................................................................................................... 3 
1.1 - Conceito ........................................................................................................................................ 3 
1.2 - Elementos integrantes da Culpabilidade ........................................................................................ 3 
1.3 - Imputabilidade .............................................................................................................................. 4 
1.4 - Potencial conhecimento da Ilicitude ................................................................................................ 6 
1.5 - Exigibilidade de conduta diversa .................................................................................................. 7 
TEORIA DO ERRO – Espécies de Erro – Erros Essenciais ................................................................................ 10 
1 - Introdução .......................................................................................................................................... 10 
2 - Erros Essenciais ................................................................................................................................... 11 
TEORIA DO ERRO – Espécies de Erro – Erros Acidentais ............................................................................... 15 
1 - Erros Acidentais .................................................................................................................................. 15 
Considerações Finais.................................................................................................................................... 18 
 
 
 
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TEORIA DO CRIME – CULPABILIDADE – CONCEITO – 
ELEMENTOS: IMPUTABILIDADE 
1 - Culpabilidade 
Amigos, passaremos agora para o estudo do último elemento integrante do conceito de crime, a famosa 
Culpabilidade, seus elementos integrantes, bem como de suas diversas causas de exclusão. 
A Culpabilidade já foi objeto de inúmeras questões na nossa prova de 2ª Fase, na maioria das vezes 
relacionadas às suas hipóteses de exclusão que, como sabemos, tem como consequência isentar o agente 
de pena e afastar o próprio crime, já que nosso ordenamento adota a concepção tripartida do delito, e a 
culpabilidade é considerada como terceiro elemento integrante do conceito analítico de crime. 
Não é a atoa que as excludentes de culpabilidade costumam ser cobradas tanto nas pecas quanto em 
questões concretas na nossa prova de 2ª Fase, então, bora partir pra o estudo deste importante tema!!! 
1.1 - Conceito 
Em palavras simples podemos definir a Culpabilidade como: reprovabilidade pessoal da conduta típica e 
ilícita praticada, sendo elemento integrante do conceito de crime, fundamento e pressuposto para a 
aplicação da pena. 
O finalismo, adotado pelo nosso Código Penal, trabalha com a teoria normativa pura da culpabilidade, pela 
qual a culpabilidade é formada por 3 elementos integrantes, de caráter normativo, que são cumulativos e 
necessários para que haja reprovação e crime. 
Fiquem atentos, pois é muito importante lembrar que o dolo, elemento psicológico que traduz a intenção 
do sujeito ao atuar, não faz parte da culpabilidade, sendo o elemento subjetivo do tipo penal, por isso, 
sempre que estivermos diante de uma causa de exclusão da culpabilidade, a conduta permanece sendo típica 
e dolosa, porem deixa de ser crime. 
 
1.2 - Elementos integrantes da Culpabilidade 
 
 
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1.3 - Imputabilidade 
Vamos começar com o primeiro elemento integrante do conceito de culpabilidade, a conhecida 
imputabilidade, que podemos definir como a plena capacidade de entender o mundo e a natureza dos fatos, 
e ainda de se autodeterminar de acordo com esse entendimento. 
 
Percebam que este conceito se divide em duas partes e, para que possamos considerar alguém como 
imputável, precisamos preencher duas condições: 
A) O sujeito entender os fatos e o mundo a sua volta 
B) O sujeito ser capaz de se autodeterminar, ou seja, tomar decisões livremente de acordo com o 
entendimento dos fatos que possui. 
 
 
 
 
 . Menoridade (art. 27, CP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 -1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Nosso ordenamento adotou o sistema biopsicológico ou misto para delimitação das 
hipóteses de inimputabilidade, que por isso podem se basear tanto em aspectos biológicos, 
patológicos, quanto em aspectos psicológicos do agente. 
1.3.1 - Causas da Imputabilidade 
Evidentemente, para nossa prova, o ponto mais importante no que tange a imputabilidade são exatamente 
suas causas de exclusão, ou seja, as hipóteses em que o sujeito será considerado inimputável e, por isso, 
terá sua culpabilidade afastada ficando isento de pena, não respondendo criminalmente, e isso poderá surgir 
como uma das teses defensivas na sua peça, levando-se em conta o momento da pratica do crime (Art. 4º 
CP), ou mesmo num caso concreto. 
 
Então, amigos, vamos passar logo pro estudo das famosas causas de inimputabilidade, previstas no nosso 
Código Penal: 
A) Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto (art. 26 do CP): este conceito inclui os 
loucos, retardados, débeis mentais, maníacos e psicóticos, que não possuem culpabilidade, não 
cometem crime e nem recebem pena. Porém, pela prática do fato típico e ilícito podem receber 
medidas de segurança (art. 96 do CP) em face de sua periculosidade. A semi-imputabilidade (art. 26, 
parágrafo único, do CP) ocorre quando o agente apenas não era inteiramente capaz de entender a 
natureza dos seus atos. Nesse caso, responderá normalmente pelo crime, porém com sua pena 
reduzida de 1/3 a 2/3. 
B) Menoridade (art. 27 do CP): É fundada na falta da plena capacidade de autodeterminação dos 
menores de 18 anos, sendo uma presunção absoluta de incapacidade fundada em aspectos orgânicos, 
biológicos, logo, os menores de idade não cometem crime nem recebem pena, embora, pela prática 
do fato típico e ilícito (ato infracional), possam receber medidas socioeducativas, como a internação 
em instituição de menores (Lei 8.069/90 – ECA). 
C) Embriaguez acidental completa (art. 28, II, do CP) 
Agora vamos tratar da última hipótese de inimputabilidade e, para isso, precisaremos dividir o 
conceito de embriaguez, como excludente de culpabilidade em três aspectos, são eles: 
 
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C.1) Embriaguez: é a perturbação da capacidade psíquica e do discernimento do agente, produto não 
só do álcool, mas de qualquer droga, lícita ou ilícita. 
C.2) Acidental: é aquela de origem involuntária, não escolhida, produto de caso fortuito (não saber 
da droga ou de seus efeitos) ou força maior (coação moral ou física), afastando assim a 
responsabilidade penal. 
C.3) Completa: é sinônimo de plena, total, que exclua toda a capacidade de discernimento do agente. 
 
Mas, atenção, pois a embriaguez voluntária, aquela escolhida pelo agente, seja ela dolosa ou culposa, não 
afasta a culpabilidade nem a responsabilidade penal, e isso se dá devido à famosa teoria da actio libera in 
causa. 
Amigos, essa importante teoria tem como característica transferir a análise dos fatos (conduta, dolo/culpa, 
imputabilidade) para o momento prévio, aquele em que o agente livremente ingere a droga (embriaguez 
voluntária), possibilitando assim que responda por aquilo que fizer posteriormente em estado de 
inimputabilidade, quando esta seja produto de uma embriaguez voluntária (Art. 28 II CP). 
1.4 - Potencial conhecimento da Ilicitude 
Galera, passaremos agora para o estudo do segundo elemento da culpabilidade, o famoso potencial 
conhecimento da ilicitude, sendo que, nesse primeiro momento, apenas vamosentender sua estrutura 
fundamental, já que, a causa de exclusão da culpabilidade vinculada a exclusão deste elemento, o conhecido 
erro de proibição, será estudado mais adiante nessa aula, quando analisarmos todos os erros presentes no 
nosso Código Penal. 
De acordo com este elemento, para que haja reprovação, culpabilidade e crime é preciso que o agente 
conheça, ou tenha ao menos a possibilidade de conhecer, o caráter ilícito, proibido, daquilo que faz. 
 
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Como dissemos, a falta de conhecimento da ilicitude dá origem ao conhecido erro de proibição, tema 
recorrente na nossa prova, e que poderá excluir a culpabilidade (erro inevitável), isentando o agente de 
pena, ou reduzir a culpabilidade (erro evitável), também reduzindo a pena (1/6 a 1/3) (ex.: eutanásia; alguns 
crimes ambientais (Lei 9.605/1998), etc.) 
 
Não se confunde a falta de conhecimento da ilicitude com o desconhecimento da lei, que é 
inescusável e não afasta a culpabilidade, podendo apenas gerar atenuação da pena (art. 
65, II, do CP), embora em certas hipóteses os conceitos possam se cumular, o que não 
1.5 - Exigibilidade de conduta diversa 
Por fim, para concluirmos o nosso estudo da culpabilidade e suas causas de exclusão, precisamos analisar o 
terceiro e último elemento de seu conceito, a exigibilidade de conduta diversa, ou seja, a exigibilidade de 
uma conduta conforme a norma. 
Para que haja reprovação, culpabilidade e crime é preciso que seja possível exigir do agente um 
comportamento diferente daquele realizado, exigir dele uma conduta diversa diante do caso concreto, ou 
seja, que seja possível, diante dos fatos concretos apresentados, exigir que o sujeito não tivesse realizado o 
fato típico e Ilícito. 
Sendo assim, há certas hipóteses, previstas no Código Penal, em que há inexigibilidade de conduta diversa 
que, portanto, irão gerar exclusão da culpabilidade, e serão chamadas de causas de exculpação, teses 
defensivas de exclusão do próprio crime por ausência de culpabilidade. 
 
São elas: 
 
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a) Coação moral irresistível (art. 22 do CP): Esta primeira excludente de culpabilidade nada mais é do 
que uma coação que incide na moral, na psique do agente, fazendo que ele atue sem liberdade de 
escolha, com sua vontade viciada. 
Sendo assim, nas hipóteses de coação moral irresistível afasta-se a culpabilidade, e o crime, de quem 
sofre a coação, respondendo pelo fato apenas o autor da referida coação. 
Ex.: pai é coagido a subtrair dinheiro do banco onde trabalha enquanto seus filhos estão sob grave 
ameaça de arma de fogo por meliante. Responde pelo furto apenas o autor da coação. 
 
Não se confunde a coação moral com a coação física irresistível, que é excludente da 
própria tipicidade de quem a sofre, pois nela o movimento é forçado fisicamente, não 
existindo sequer conduta voluntária por parte do coagido. 
Nesse caso, também responde pelo crime apenas o autor da coação. 
 
b) Obediência hierárquica (art. 22 do CP): A segunda excludente de culpabilidade, ligada à ausência de 
exigibilidade de conduta diversa, ocorre quando superior hierárquico, por vínculo de direito público, 
dá uma ordem não manifestamente ilegal ao seu subordinado e este, sem perceber a ilegalidade da 
ordem, a cumpre. 
Nesse caso, responde pelo crime somente o superior hierárquico, autor da ordem (Ex.: capitão da 
polícia militar dá ordem para soldado conduzir certa pessoa à delegacia, afirmando que há mandado 
de prisão expedido contra ela, quando na verdade não há nada contra essa pessoa. Responde pelo 
constrangimento ilegal – art. 146 do CP – e eventual abuso de autoridade, apenas o superior, que foi 
o autor da ordem). 
Porém, é importante lembrarmos que, caso a ordem seja claramente ilegal e o subordinado ainda 
assim vier a cumpri-la, ambos os agentes (superior e subordinado) responderão pelo crime. 
Por fim, não podemos esquecer que há, ainda, as chamadas causas supralegais de exclusão da 
culpabilidade, que, embora não possuam previsão na lei, também podem afastar a culpabilidade por 
inexigibilidade de conduta diversa. 
 
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Podemos citar como exemplos de excludentes supra legais da culpabilidade: a legítima defesa antecipada, o 
excesso exculpante em excludentes de ilicitude, o conflito de consciência, etc, porém estes temas 
dificilmente serão cobrados na nossa prova de 2ª Fase, já que não possuem embasamento legal e, via de 
regra, tem difícil aceitação pela maior parte da nossa jurisprudência. 
 
I) CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME 
CRIME 
 Fato típico Ilicitude Culpabilidade (reprovabilidade) 
ELEMENTO 
OBJETIVO 
Elemento subjetivo Excludentes (art. 23): 
– Estado de necessidade 
(art. 24) 
Legítima defesa art. 25) 
– Estrito cumprimento do 
dever legal 
– Exercício regular do 
direito 
– **Consentimento do 
ofendido (causa 
supralegal) 
– Elementos: 
– Imputabilidade 
– Potencial conhecimento 
da ilicitude 
– Exigibilidade de conduta 
diversa 
Geral 
(dolo) 
Especial 
(especial 
fim de 
agir) 
II) CULPABILIDADE 
CULPABILIDADE 
(REPROVABILIDADE) 
Imputabilidade 
(inimputabilidade) 
a) Doença mental (art. 26 do CP) 
b) Menoridade (art. 27 do CP) 
c) Embriaguez acidental completa (art. 28, II, 
do CP) – Teoria actio libera in causa 
(embriaguez voluntária) 
Potencial conhecimento da 
ilicitude 
Erro de proibição (art. 21 do CP) 
 
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Exigibilidade de conduta 
diversa (causas de 
inexigibilidade de conduta 
diversa) 
a) Coação moral irresistível (art. 22 do CP) 
b) Obediência hierárquica (art. 22 do CP) 
TEORIA DO ERRO – ESPÉCIES DE ERRO – ERROS 
ESSENCIAIS 
Galera, vamos agora entrar num dos temas mais interessantes, e ao mesmo tempo complexos, do Direito 
Penal, a famosa Teoria do Erro!!! 
Nós sabemos o quanto este tema é importante e muito cobrado na 2ª Fase do exame da OAB, bem como 
em todos os tipos de concurso público, e por isso, precisamos analisar com muito cuidado todas as espécies 
de erro previstas em nosso ordenamento, bem como suas consequências práticas, muito abordadas nas 
questões de prova. 
Diferentemente do que vocês estão acostumados, ao invés de espalhar a análise dos erros pela teoria do 
crime de forma desordenada, vamos reunir todas as 6 espécies de erros previstas no nosso Código Penal em 
um único capítulo e, por isso, chamamos este estudo sistêmico e organizado de “Teoria do Erro”, sendo que, 
isso irá simplificar muito o nosso estudo e o entendimento deste tema. 
Então, mãos à obra, e vamos começar a desmistificar esse tema tão interessante e que tantas vezes já foi 
cobrado como tese central nas nossas peças, de também já foi assunto de diversas questões discursivas e 
casos concretos na nossa prova de 2ª Fase!!! 
1 - Introdução 
No que tange às espécies de erro, nosso ordenamento adotou, a partir da teoria normativa pura da 
culpabilidade, que já estudamos anteriormente, a vertente chamada teoria limitada da culpabilidade. 
Através desta teoria (limitada) há três espécies de erros essenciais, assim chamados pois se relacionam com 
os elementos essenciais integrantes do conceito de crime, quais sejam: 
- Erro de tipo incriminador (art. 20 do CP) 
- Erro de tipo permissivo (art. 20, § 1º, do CP) 
- Erro de proibição (art. 21 do CP). 
 
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Importante lembrar que o erro de tipo e, eventualmente, até mesmo o erro de proibição, podem decorrer 
pela influência de um terceiro que leve o agente a errar, dando origem ao chamado erro determinado por 
terceiros (art. 20, § 2º, do CP). 
Nesses casos, de acordo com o Art. 20 § 2º, do CP, se tratando de erro inevitável, responderá pelo crime 
apenas o terceiro que determinou o erro. 
Além disso, também precisamos lembrar que há também os chamados erros acidentais, que são assim 
chamados por serem relacionados a falhas, acidentes, no momento de realização da conduta típica, são eles: 
- Erro sobre a pessoa (art. 20, § 3º, do CP) 
- Erro de execução ou aberratio ictus (art. 73 do CP) 
- Aberratio criminis (art. 74 do CP).Muito bem amigos, em suma, podemos definir e separar as diferentes espécies de erro da seguinte forma, 
simplificando muito a utilização desses erros como teses defensivas: 
2 - Erros Essenciais 
A) Erro de tipo incriminador (art. 20, caput, do CP) 
- Art. 20 CP - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas 
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
De forma bastante simples, podemos dizer que o erro de tipo incriminador é aquele que incide nos 
elementos objetivos que compõem o tipo penal, ou seja, quando o agente se equivoca a respeito da situação 
fática que está realizando ao cometer o crime. 
Logo, neste erro, ao cometer o crime age acreditando estar fazendo outra coisa (Ex.: Transporta um pacote 
com cocaína pensando se tratar de farinha de trigo). 
O erro de tipo incriminador irá sempre afastar o dolo, permitindo que o agente responda pela forma culposa 
se o erro for evitável, produto de falta de cuidado, ou, ainda, afastar o dolo e também a culpa se o erro for 
inevitável, tornando o fato atípico. 
 
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ERRO DE TIPO 
INCRIMINADOR 
(ART. 20, CAPUT, DO CP) 
Inevitável, invencível, escusável – dolo/culpa – Fato atípico 
Evitável, vencível, inescusável – dolo/culpa – responde pela forma culposa 
do crime (se houver) 
 
B) Erro de tipo permissivo (Art. 20, § 1º, do CP) 
No código penal o erro de tipo permissivo está previsto da seguinte forma: 
Descriminantes putativas 
Art. 20 § 1º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, 
supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena 
quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. 
O erro de tipo permissivo é aquele que incide sobre elementos integrantes de um tipo penal autorizador, 
por isso permissivo, ou seja, incide sobre elementos que compõem uma excludente de ilicitude (ex.: 
agressão na legítima defesa), gerando a chamada descriminante putativa. 
 
Fiquem atentos!!! 
Pois este erro é chamado por parte da doutrina nacional de erro suis generis. 
Como dica, podemos dizer que, de acordo com a Teoria Limitada da Culpabilidade, adotada em nosso 
ordenamento, o erro de tipo permissivo terá basicamente as mesmas consequências do erro de tipo comum 
(incriminador), quais sejam, sempre afastar a responsabilidade por dolo, podendo punir a forma culposa do 
crime se o erro for evitável, produto de falta de cuidado, ou afastar também a responsabilidade por culpa, 
se o erro for inevitável, excluindo assim o crime e isentando o agente de pena. 
Nas hipóteses de erro de tipo permissivo evitável, o agente responderá pela forma culposa do crime por 
meio da chamada culpa imprópria, já que nessa situação há dolo na conduta (o agente quer atingir o suposto 
agressor), mas esse dolo será afastado para punir “impropriamente” a forma culposa do crime. 
 
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Podemos resumir as consequências deste erro tão importante da seguinte forma: 
ERRO DE TIPO PERMISSIVO 
(ART. 20, § 1º, DO CP) 
– EXCLUDENTES DE ILICITUDE 
EX.: LEGÍTIMA DEFESA 
PUTATIVA 
(AGRESSÃO) 
Inevitável, invencível, escusável – dolo/culpa – Isenta de pena 
Evitável, vencível, inescusável – dolo/culpa – responde pelo crime 
culposo (se houver) 
Chama-se de Culpa imprópria (tem dolo). 
Obs.: pode gerar Tentativa de crime “culposo”. 
Amigos, precisamos ressaltar que a famosa culpa imprópria, produto do erro de tipo permissivo, é a única 
hipótese no nosso direito penal em que se admite falar em tentativa de crime “culposo”, sendo que, isso só 
seria perguntado pra vocês em uma questão discursiva muito específica dentro da nossa prova de 2ª fase, 
algo bastante improvável (mas não impossível!!) 
Isso ocorre, por exemplo, quando, acreditando estar agindo em legítima defesa (legítima defesa putativa), o 
agente, com dolo de matar o suposto agressor, erra o disparo e este sobrevive, havendo assim uma tentativa 
de homicídio doloso, mas afasta-se o dolo em razão do erro de tipo permissivo, punindo, assim, a tentativa 
de homicídio (doloso), mas na forma culposa. 
C) Erro de proibição (Art. 21 do CP) 
Erro sobre a ilicitude do fato 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se 
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço. 
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a 
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir 
essa consciência. 
Podemos perceber que o erro de proibição ocorre quando o agente não conhece o caráter ilícito, proibido, 
do seu comportamento, ou seja, erra a respeito da proibição daquilo que faz, atua sem o conhecimento da 
ilicitude de seus atos. 
Importante lembrar que, o erro de proibição é separado ainda pela doutrina em direto, quando o agente 
acredita de forma direta que sua conduta simplesmente não está proibida, ou indireto, quando, para pensar 
que seu comportamento não é proibido, o agente acredita erroneamente que existe uma norma permitindo 
 
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seu ato naquela situação (ex.: acredita que há uma norma que lhe autorize agir em eutanásia – erro de 
permissão). 
Mas fiquem tranquilos pois essa classificação não interfere em nada nas consequências do erro de proibição, 
e dificilmente irá influenciar no gabarito das peças ou das questões na nossa prova de 2ª Fase, em que o 
tema venha a ser cobrado. 
 
Vocês podem perceber que, como o potencial conhecimento da ilicitude é um elemento da culpabilidade, 
fundamental para o juízo de reprovação, as consequências do erro de proibição, que incide nesse elemento 
serão: 
- Afastar a culpabilidade e o crime, isentando de pena (erro inevitável); 
- Reduzir a pena de 1/6 a 1/3 (erro evitável). 
Podemos ver os seguintes exemplos para o erro de proibição que, inclusive, já foram objeto de questões na 
nossa prova: 
- O caso do holandês que usa drogas no Brasil por pensar que aqui essa conduta também não é 
proibida; a eutanásia em um familiar desenganado; filha pensa que pode ficar com as verbas previdenciárias 
da mãe após a morte desta; alguns crimes ambientais. 
 
Em suma, sobre o erro de proibição: 
ERRO DE PROIBIÇÃO 
ART. 21 
POTENCIAL CONHECIMENTO 
DA ILICITUDE (ELEMENTO DA 
CULPABILIDADE) 
Inevitável, invencível, escusável – exclui a culpabilidade e isenta de pena 
Evitável, vencível, inescusável – tem culpabilidade mas diminui a pena: – 
1/6 até – 1/3 
 
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TEORIA DO ERRO – ESPÉCIES DE ERRO – ERROS 
ACIDENTAIS 
1 - Erros Acidentais 
A) Erro sobre a pessoa (Art. 20, § 3º, do CP) 
Em nosso código penal, o erro sobre a pessoa vem previsto da seguinte forma: 
§ 3º O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se 
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra 
quem o agente queria praticar o crime. 
Amigos, podemos dizer que o erro sobre a pessoa trata-se de um erro quanto à identidade da vítima, um 
erro de valoração a respeito de quem é a vítima. 
 
Como dica para nossa prova podemos reconhecer este erro como o “erro do irmão gêmeo”, já que, nele, o 
agente se confunde quanto a “quem é quem” na hora que realiza a conduta. 
Por fim, como consequência, podemos afirmar que a lei manda ignorar todas as características da vítima 
lesionada, imputando-se ao agente o crime como se tivesse atingido efetivamente a vítima contra quem 
pensava estar agindo (agravantes, atenuantes, causas de aumento ou diminuição de pena etc.). 
Ex.: Mãe que, querendo matar seu filho em estado puerperal, mata filho de outrem. 
Embora ela realize um homicídio (matar alguém), responde por infanticídio (art. 123 do CP). 
B) Erro de execução (aberratio ictus – Art. 73 do CP) 
De acordo com o Código Penal: 
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés 
de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, respondecomo se tivesse 
praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. 
No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra 
do art. 70 deste Código. 
 
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Como podemos perceber trata-se de um erro fático, erro na realização/execução da conduta, em que o 
agente erra o alvo visado, atingindo vítima diversa da pretendida, por isso, como dica importante para nossa 
prova podemos reconhecer este erro, nos casos concretos, como o “erro da bala perdida”. 
Amigos, fica bem fácil gravar as consequências deste erro, pois são as mesmas do erro sobre a pessoa, ou 
seja, ignoram-se as características da vítima efetivamente atingida, imputando-se o crime como se o agente 
efetivamente tivesse atingido quem pretendia. 
 
Vamos comparar os dois tipos de erro acidentais que estudamos até agora, com um quadro bastante simples: 
ERRO SOBRE (quem é) A PESSOA ERRO DE EXECUÇÃO / ABERRATIO ICTUS 
Art. 20, § 3º, do CP 
– erro de valoração 
– identidade da vítima 
– erro do “irmão gêmeo” 
Art. 73 do CP 
– erro fático 
– erra o alvo 
– erro da “bala perdida” 
Em ambos responde como se tivesse acertado quem pretendia 
 
C) Aberratio criminis (aberratio delicti – Art. 74 do CP) 
De acordo com o Art. 74 do nosso Código Penal: 
Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, 
sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é 
previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra 
do art. 70 deste Código. 
Podemos perceber que se trata de um erro quanto ao crime praticado, quanto ao bem jurídico lesionado, 
por exemplo, o agente quer um dano ao patrimônio (Art. 163 do CP), erra o alvo e atinge pessoa, causando 
culposamente a morte (art. 121 do CP) ou a lesão corporal (art. 129 do CP). 
Esse erro terá como consequência afastar a tentativa de dano doloso praticada, imputando-se apenas a 
lesão corporal culposa ou o homicídio culposo produzido. 
Mas galera, atenção, pois se a situação for inversa, esse erro não terá aplicação, ou seja, se o agente visar 
pessoa, errar e acabar atingindo patrimônio, causando danos, não há como se aplicar o art. 74 do CP, isso 
por que não há previsão de modalidade culposa do crime de dano (art. 163 do CP) e, portanto, o agente 
responderá normalmente e somente pela tentativa do crime doloso praticado (lesão corporal ou homicídio). 
ABERRATIO CRIMINIS 
 
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 Erra Acerta 
 Coisa—————————-Pessoa 
Responde somente por lesão corporal 
Dano doloso 
Art.163 CP ou 
 homicídio (culposo) 
Tentativa de dano 
(afasta-se) 
 
No erro de execução (aberratio ictus) e no aberratio criminis, se o agente atingir o alvo 
visado e também outro, gerando dois resultados (unidade complexa de resultados), 
responderá pelos dois crimes e aplicam-se as regras do concurso formal perfeito 
normalmente (art. 70, 1ª parte, do CP). 
 
TEORIA DO ERRO - ESPÉCIES 
Grupo I 
Erros Essenciais 
Grupo II 
Erros Acidentais 
• A) Erro de tipo incriminador (art. 20, caput, 
CP) 
• A) Erro sobre a pessoa (art. 20, § 3º, CP) 
TEORIA DO ERRO – ESPÉCIES 
Grupo I 
Erros Essenciais 
Grupo II 
Erros Acidentais 
 
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Crime de dano 
(art. 163, CP) 
 
Responde por 
homicídio ou lesão 
corporal (culposos) 
 
 Art. 121/129, CP (culpa) 
 
 
Se produz os dois resultados: Concurso formal perfeito (art. 70, CP) 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Galera, essa aula é realmente incrível, não é??? 
• B) Erro de tipo permissivo (art. 20, § 1º, 
CP) 
• C) Erro de proibição (art. 21, CP) 
• B) Aberratio ictus ou erro de execução (art. 
73, CP) 
• C) Aberratio criminis (art. 74, CP) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sei que foi muita informação para uma única aula, mas com um pouco de calma, e relendo os principais 
tópicos que estudamos juntos aqui, com certeza vocês vão conseguir mandar muito bem na nossa prova de 
2ª Fase quando forem cobradas questões envolvendo a Culpabilidade e suas causas de exclusão, bem como 
as famosas questões sobre as espécies de erro no Direito Penal, e também quando esses temas aparecerem 
como teses defensivas dentro das nossas peças, algo que inclusive já aconteceu bastante. 
Os assuntos que estudamos juntos nesta aulas estão entre os mais cobrados nas provas da OAB, tanto na 1ª 
Fase quanto na nossa 2ª Fase Penal, bem como em provas de concurso em geral, por isso, buscamos tratar 
da matéria da forma mais simples e objetiva possível, para vocês guardarem as características e 
consequências das espécies de erro, bem como buscamos organizar, e reunir, todas as excludentes de 
culpabilidade presentes no nosso código penal, já que a lei trata delas de forma bastante desorganizada e, 
ainda por cima, separadas. 
Com isso, fechamos oficialmente o estudo das teses defensivas inerentes a Teoria do Crime (sentido 
estrito), coração da nossa matéria, e passaremos agora ao estudo do concurso de pessoas e do concurso de 
crimes, temas mais tranquilos no que tange a dogmática envolvida, mas também de grande importância para 
nossa prova, já que costumam aparecer junto com outros assuntos, como teses subsidiárias nas nossas 
peças, e também em muitas questões discursivas já cobradas nas nossas provas de 2ª Fase. 
Até já!!! 
	TEORIA DO CRIME – Culpabilidade – Conceito – Elementos: Imputabilidade
	1 - Culpabilidade
	1.1 - Conceito
	1.2 - Elementos integrantes da Culpabilidade
	1.3 - Imputabilidade
	1.3.1 - Causas da Imputabilidade
	1.4 - Potencial conhecimento da Ilicitude
	1.5 - Exigibilidade de conduta diversa
	TEORIA DO ERRO – Espécies de Erro – Erros Essenciais
	1 - Introdução
	2 - Erros Essenciais
	TEORIA DO ERRO – Espécies de Erro – Erros Acidentais
	1 - Erros Acidentais
	Considerações Finais

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