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O Controle Externo e a relação com a ADM publica

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O Controle Externo e a relação 
com a Administração Pública
Brenda Rocha Nunes Soares
Introdução
Ao imaginar o Controle e sua relação com a administração pública, podemos exemplificar da seguinte forma: nós
todos pagamos tributos (impostos, contribuições, taxas) ao Estado, certo? Com a intenção de receber algo em
troca, seja uma escola, uma creche, um hospital, a melhoria no asfalto, enfim. Se pagamos queremos saber como
está sendo investido o dinheiro, não é verdade? É aí que entra o controle na administração. Ele é executado por
órgãos que irão fiscalizar a prestação de contas dos gestores públicos e verificar como estão sendo gastos os
recursos.
Veremos nesta aula os tipos de controle externo e sua importância para a transparência social.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• identificar os órgãos responsáveis pelo Controle Externo;
• compreender as funções dos respectivos órgãos responsáveis pelo Controle Externo.
Controle Externo e Administração Pública
Buscando um conceito mais formal de Controle Externo, encontramos que Guerra define controle como sendo
uma fiscalização, exame, inspeção sobre determinado objeto com a finalidade de verificar o cumprimento do que
já foi predeterminado ou verificar desvios a fim de corrigi-los, portanto, define-se controlar como “fiscalizar
emitindo um juízo de valor” (GUERRA LIMA, 2018, p. 4). apud
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Figura 1 - Controle
Fonte: szefei, Shutterstock, 2019.
Colocando o controle no âmbito da administração pública, temos que aquele é o principal meio democrático,
Lima afirma que “não existe democracia sem controle” (2018, p. 39). E Mileski (2006, Lima, 2018)apud
enriquece ao abordar que o controle é o centro do Estado democrático, pois obsta o abuso de poder por parte da
autoridade administrativa permitindo que priorize o interesse coletivo.
Os controles são classificados de várias formas. Entre elas, quanto ao posicionamento do órgão controlador.
Assim, ele pode ser:
· interno;
· externo.
Define-se controle interno aquele em que o órgão controlador integra a administração que é objeto de controle
(LIMA, 2018). E o controle externo é quando o órgão controlador não integra a administração que está sendo
controlada, é um órgão externo a organização, por isso seu nome.
Fernandes (2005, apud Lima, 2019, p. 10) conceitua o sistema de controle externo como “o conjunto de ações de
controle desenvolvidas por uma estrutura organizacional, com procedimentos, atividades e recursos próprios,
não integrados na estrutura controlada, visando fiscalização, verificação e correção dos atos”. 
Quanto ao controle externo, é necessário abordar resumidamente a teoria da separação dos três poderes, de
Montesquieu, que busca evitar o arbítrio e o desrespeito aos direitos fundamentais e, assim, garantir o estado
democrático de direito (SILVA, 2014). 
FIQUE ATENTO
O controle é dividido de várias formas, entre as quais, quanto ao posicionamento do órgão
controlador. Se o órgão controlador estiver no mesmo âmbito, ou seja, integrar o órgão que
está sendo controlado, será exercido o controle interno. Caso contrário, se o órgão controlador
não fizer parte do órgão que está sendo controlado, então será exercido o controle externo.
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Figura 2 - Sistema de freios e contrapesos da Constituição Federal
Fonte: CASTRO, 2018, p. 260.
O sistema de freios e contrapesos visa deter o abuso que quem está no poder tende a exercê-lo. Dessa forma, a
Constituição Federal (BRASIL, 1988), em seu artigo 2º, define que a organização política-administrativa da
República é dividida entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, todos independentes e harmônicos
entre si.
Há três hipóteses de controle externo: jurisdicional, político e técnico. O controle jurisdicional é o exercido pelos
Poderes Judiciários e “os instrumentos para seu exercício são: a ação popular, a ação civil pública, o mandato de
segurança, o mandato de injunção, o habeas corpus e o habeas data” (LIMA, 2018, p. 7). O controle político é de
competência do Poder Legislativo e é o eixo principal do regime democrático. E o controle técnico “é o exercido
pelos órgãos de controle externo, em auxílio aos órgãos legislativos, nas três instâncias de governo (Federal,
Estadual/Distrital e Municipal) e pelos órgãos de controle interno” (LIMA, 2018, p. 7).
SAIBA MAIS
Você sabia que a Constituição Federal (BRASIL, 1988) é o eixo do ordenamento jurídico
brasileiro? Sendo assim, é interessante ler os seguintes dispositivos: arts.: 2º, 5º - LXXIII, 49, 70
e 71. Esses instrumentos se referem respectivamente, à separação dos poderes da União, à
possibilidade de qualquer cidadão propor ação popular, a competência exclusiva do Congresso
Nacional, a competência de exercer o controle externo no âmbito federal e a competência do
Tribunal de Contas da União.
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Quadro 1 - Tipos de controles externos
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Em síntese, Pardini (1997 apud LIMA, 2018) define controle externo sobre a administração pública como sendo
todo controle exercido por um poder ou órgão sobre a administração de outros. Portanto, caracteriza-se como
controle externo o Poder Judiciário efetuar atos sobre os demais poderes. Assim como quando o Poder
Legislativo exerce seu controle sobre a administração, tanto direta quanto indireta, dos poderes Executivo e
Judiciário.
Pardini explica as características do controle externo como:
· é externo porque é exercido pelo Parlamento sobre a administração pública direta e indireta;
· é controle porque lhe compete examinar, da forma mais ampla possível, a correção e a regularidade
e a consonância dos atos de Administração com a lei e com os planos e programas;
· tem múltiplas incidências, pois são submetidos ao controle externo os aspectos contábil, financeiro,
orçamentário, operacional e patrimonial;
· efetua-se por dois órgãos distintos e autônomos: o Parlamento e o Tribunal de Contas (1997 apud 
.LIMA, 2019, p. 9)
De acordo com Lima (2019) as Cortes de contas, como são conhecidos os tribunais de contas, historicamente
FIQUE ATENTO
Para Castro, os tribunais de contas “são instituições importantes e fundamentais para a
sustentação da democracia agindo na defesa da boa e regular aplicação dos recursos públicos”
(2018, p. 263). Para isso, detêm de uma estrutura institucional bem definida.
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De acordo com Lima (2019) as Cortes de contas, como são conhecidos os tribunais de contas, historicamente
deram maior ênfase a aspectos relacionados à legalidade e que atualmente adotam técnicas de aferição de
desempenho.
Controle Externo como dispositivo de 
transparência pública
Em uma sociedade democrática em que aumentam as pressões populares por maior transparência e eficiência
no manuseio dos recursos públicos, crescem na mesma proporção, as cobranças do parlamento e as
responsabilidades das instituições e profissionais do controle externo. Uma vez que, essa cobrança popular por
transparência requer maior desenvolvimento de metodologias e procedimentos específicos de controle (LIMA,
2019).
Visando ampliar e caminhar na mesma direção dos controles democráticos que buscam por transparência, a
Constituição Federal, em seu art. 74 § 2º afirma que “qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é
parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da
União” (BRASIL, 1988). Destaca-se que esse dispositivo abrange todos os tribunais de contas.
Assim, percebe-se o cuidado que os legisladores possuíram ao permitir que exista o controle social agregado ao
controle externo e interno.
Dessa forma, outra forma de controle externo é o controle social que é exercido pela população, ao fiscalizarem a
atuação de seus representantes. E para realizar essa fiscalização necessita da disponibilidade das informações
públicas, estas que são recolhidas e fiscalizadas também pelos tribunais de contas para verificar a eficiência dos
gastos públicos.
De acordo com a figura , podemos observar que há três tiposControles incidentes sobrea administração pública
de controle: o externo, o interno e o social que é o exercido pela sociedade sobre a gestão pública.
Figura 3 - Controles incidentes sobre a administração pública
Fonte: LIMA, 2009, p. 8.
Em uma democracia é fundamental que haja um controle social efetivo, que é exercido desde a elaboração de
políticas públicas até a entrega de obras e serviços a comunidade. Um exemplo é o orçamento participativo, no
qual a população direciona uma parte das verbas públicas às prioridades da comunidade e acompanham sua
execução (LIMA, 2018).
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execução (LIMA, 2018).
Por fim, faz-se necessário explicar que o controle social não se esgota em si mesmo, “nem possui a função de
substituir o controle oficial regulado constitucionalmente” (MILESKI, 2006 LIMA, 2018, p. 23) (como oapud
controle exercido por órgãos e instituições públicas ditas no tópico anterior). Assim, o “controle social é
complementar ao controle oficial e precisa deste para ter eficácia (MILESKI, 2006 LIMA, 2018, p. 23).” apud
Fechamento
Vimos nesta aula os tipos de controle existente, quanto ao posicionamento do órgão controlador: há o controle
interno e o externo. Além disso, estudamos que há três hipóteses de controle externo: o exercido pelo poder
judiciário (jurisdicional), pelo poder legislativo (político) e pelos órgãos de controle externo (técnico).
Os órgãos técnicos de controle externo exercem auxílio ao poder legislativo, no âmbito Federal é o Tribunal de
Contas da União e, por simetria, o Tribunal de Contas do Estado (no estadual).
Por fim, atentamos para a importância que se faz, no Estado democrático de direito, ter um controle social. E,
para que esse controle seja eficaz, precisa do suporte dos órgãos de controle externo, que fornecem as
informações necessárias para sua realização.
Referências
BRASIL. 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em:Constituição da República Federativa do Brasil. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 1 out. 2019.
BRASIL. Lei de Responsabilidade Fiscal. Brasília, 2000.Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000.
Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm. Acesso em: 1 out. 2019.
BRASIL. . Lei de acesso à informação. Brasília, 2011. Disponível em:Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm. Acesso em: 1 out. 2019.
BRASIL. . Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília, 2010.Lei n. 12.305, de 02 de agosto de 2010
Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 1 out.
2019.
CASTRO, D. P. de. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2018.Auditoria, contabilidade e controle interno no setor público
LIMA, L. H. : teoria e jurisprudência para os tribunais de contas. 7. ed. rev. e atual. Rio deControle externo
EXEMPLO
Lima (2018), em seu livro “Controle Externo”, cita algumas formas de exercer o controle social,
como:
· conselhos de saúde, de alimentação escolar, do FUNDEB;
· ouvidorias implantadas nos órgãos e entidades públicas;
· orçamento participativo adotado em alguns estados e municípios, que permite entidades
representativas da sociedade decidir sobre a aplicação de parte do orçamento.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm
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LIMA, L. H. : teoria e jurisprudência para os tribunais de contas. 7. ed. rev. e atual. Rio deControle externo
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
LIMA, L. H. : teoria e jurisprudência para os tribunais de contas. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense;Controle externo
São Paulo: MÉTODO, 2019.
SILVA, M. M. da. Controle Externo das Contas Públicas: O Processo nos Tribunais de Contas do Brasil. São
Paulo: Atlas, 2014.
	Introdução
	Controle Externo e Administração Pública
	Controle
	Sistema de freios e contrapesos da Constituição Federal
	Tipos de controles externos
	Controle Externo como dispositivo de transparência pública
	Controles incidentes sobre a administração pública
	Fechamento
	Referências

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