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Campos de atuação e ênfases curriculares na Psicologia

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Campos de atuação e ênfases curriculares na Psicologia
Profª. Anelise Lusser Teixeira
Descrição
Principais campos de atuação e ênfases curriculares na Psicologia, seus modos tradicionais de atuação,
tendências e perspectivas de trabalho nas respectivas áreas.
Propósito
Conhecer os campos de atuação e as ênfases curriculares na Psicologia é fundamental para escolher o
campo de trabalho de maior afinidade e buscar o conhecimento e a preparação necessários para
desenvolver as competências pertinentes a esse campo.
Objetivos
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Módulo 1
Saúde e saúde mental
Identificar o campo de trabalho da Saúde e saúde mental e as especificidades do exercício nesta área.
Módulo 2
Psicologia e educação
Identificar o contexto de atuação na área da Psicologia e educação.
Módulo 3
Psicologia nas Organizações de Trabalho
Reconhecer os contextos de atuação da Psicologia nas Organizações de Trabalho.
Módulo 4
Psicologia Clínica e suas abordagens
Reconhecer as vertentes teóricas da Psicologia Clínica e suas abordagens.
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A Psicologia possui um dos mais amplos campos de trabalho entre as profissões. São 12
especialidades registradas no Conselho Federal de Psicologia, além de uma diversidade de
abordagens teóricas que podem ser utilizadas em cada uma das especialidades.
O curso de Psicologia possui uma formação generalista, ou seja, ele habilita o profissional a trabalhar
em várias áreas, mas os conhecimentos transmitidos sobre cada uma delas, na grade mínima, são
gerais. Segundo as Diretrizes Nacionais Curriculares, cada curso deve oferecer duas entre seis
ênfases curriculares catalogadas para aprofundar os estudos, ofertar estágios e focar suas
pesquisas e extensões.
Muitos estudantes, por desconhecerem a totalidade desse campo, acabam por restringir-se aos
perfis mais tradicionais de atuação. Neste texto, pretendemos apontar os principais campos de
trabalho da Psicologia no contemporâneo, indicando também as tendências e perspectivas de
atuação para futuros psicólogos.
O conteúdo será iniciado por Saúde e saúde mental, seguido por Psicologia na Educação, Psicologia
nas Organizações de Trabalho e Psicologia Clínica com suas abordagens.
Introdução
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1 - Saúde e saúde mental
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o campo de trabalho da Saúde e saúde
mental e as especi�cidades do exercício nesta área.
Saúde e saúde mental
Desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1990, o trabalho do psicólogo nesta área vem se
expandindo. A rede privada, como segue alguns dos modelos da saúde pública, também passou a contratar
cada vez mais profissionais.
A Saúde é dividida em níveis de complexidade baixa, alta e média, que são distribuídos em:
Nível primário
Constituído pelas UBS (Unidades Básicas de Saúde), Clínicas da Família e NASF (Núcleo Ampliado de Saúde
da Família).
Nível secundário
Constituído por emergências, hospitais gerais e CAPS (Centros de Atenção Psicossocial).
Nível terciário
Constituído por hospitais altamente especializados.
Nós, psicólogos, temos ampla participação na Saúde, atuando nos 3 níveis.
O trabalho do psicólogo na Saúde, mesmo clínico, pode ser muito diferente daquele realizado em consultório
particular, pois possui sempre três direções. O próprio paciente, seu entorno social (seja a família, a
comunidade ou a sociedade como um todo) e a equipe de saúde. É preciso lembrar que nesse âmbito
sempre se trabalha em equipe multiprofissional, exigindo do psicólogo um perfil criativo e colaborativo, que
saiba partilhar e construir saberes, contribuindo para um ambiente de trabalho agradável, com relações
interpessoais saudáveis.
Existe um consenso relativamente consolidado no entendimento de que a Psicologia da Saúde contempla
as três perspectivas de atenção à saúde: promoção, prevenção e reabilitação e pode ser aplicada tanto ao
SUS como à rede suplementar, que é formada pelo setor privado de planos de saúde.
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Saiba mais
O SUS é o maior empregador de psicólogos no Brasil. Uma pesquisa produzida pelo Conselho Federal de
Psicologia (CFP) aponta que 45% dos psicólogos, entre aqueles que exercem a profissão, têm na saúde sua
principal fonte de renda, sendo que 21% trabalham dentro de unidades do SUS (LHULLIER, 2013).
Neste tópico, exploraremos os principais campos de trabalho dos psicólogos na Saúde e saúde mental, as
tarefas realizadas na sua rotina e as competências e habilidades para exercê-las.
Rede básica de atenção à saúde
Clínicas da Família
Desde o “Pacto pela Saúde”, de 2006, a atenção básica sofreu uma reestruturação no país, criando a rede de
Clínicas da Família e NASFs.
A Clínica da Família é um equipamento de promoção e prevenção de saúde descentralizado, situado no
território, com atuação de base comunitária e que trabalha com agravos de baixa complexidade. O que isso
quer dizer? Vamos lá!
Assim como em nossa vida, no SUS podemos usar aquele velho ditado: “É melhor prevenir do que
remediar”.
O investimento em prevenção torna um sistema de saúde sustentável e eficiente, reduzindo o custo
nos setores em que o cuidado é mais caro e complexo, que são os níveis interventivos, secundário e
terciário.
Promoção e prevenção de saúde 
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Significa que é um espaço físico (um prédio ou casa) que está em um território de referência. Toda a
cidade é dividida em regiões de saúde, subdivididas em macro e microáreas. Cada Clínica da Família
está situada em uma dessas microáreas e é responsável por toda a população daquele território
físico (mesmo por aqueles que têm planos de saúde privados), chamada de população adstrita.
Além do atendimento a essa população, a clínica é responsável pela alimentação do DATASUS com
os dados epidemiológicos da região, para que se conheçam os problemas de cada lugar, mas
também para que grandes planos nacionais específicos de cada doença possam ser elaborados com
base na sua incidência.
A saúde coletiva é sempre pensada em termos comunitários, ou seja, é preciso conhecer cada um,
mas também é preciso conhecer todos. A principal ferramenta utilizada aqui são os agentes
comunitários, que são moradores do território que, após um processo seletivo, passam por uma
capacitação. A tarefa deles é bater de porta em porta, cadastrar cada morador e suas questões de
saúde e fazer o acompanhamento. Eles são a ponte entre a comunidade atendida e a Clínica da
Família. Além deles, a equipe é composta por, no mínimo, um médico, um enfermeiro, um auxiliar ou
técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde, podendo acrescentar, ainda, profissionais
de saúde bucal.
São questões de saúde manejáveis no nível ambulatorial, sem necessidade de intervenções
invasivas. Os pacientes que necessitam de cuidados mais específicos são inscritos no SISREG
(Sistema de Regulação) e encaminhados para ambulatórios de especialidades ou hospitais.
Agora que entendemos melhor o funcionamento das Clínicas da Família, podemos ver que essa rede é um
grande trunfo do SUS para tornar a saúde pública eficiente e sustentável. Estima-se que, em um sistema de
saúde eficaz, entre 80% e 85% dos pacientes podem ser atendidos na atenção primária, reduzindodrasticamente o número de doenças evitáveis e de tratamentos de alto custo, além de coletar dados
essenciais para o planejamento nacional.
Equipamento descentralizado de base territorial 
Base comunitária 
Agravos de baixa complexidade 
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Apesar de psicólogos não fazerem parte da equipe mínima, eles integram uma lista de profissionais que
podem ser contratados para compor a equipe, de acordo com a demanda e com a disponibilidade do gestor.
O crescimento dos agravos em saúde mental, como depressão e ansiedade, bem como sua influência na
saúde geral da comunidade, está aumentando a importância e, consequentemente, o número de
contratações desses profissionais, principalmente nas grandes cidades.
NASF ‒ Núcleo de Apoio à Saúde da Família
Como não existe previsão de psicólogos na equipe mínima das clínicas, normalmente eles trabalham no
NASF. O núcleo é composto por diversos profissionais especialistas, contratados de acordo com as
necessidades de cada região e que prestam consultoria em casos de maior complexidade para várias
Clínicas da Família de uma macroárea ou região de saúde. Veja mais a seguir:
O trabalho do psicólogo no NASF
O trabalho do psicólogo, nesse contexto, deve obedecer aos preceitos da saúde coletiva, ou seja, eles
não devem ocupar a totalidade do seu tempo em psicoterapias individuais, mas priorizar o apoio
matricial. Chamamos de apoio matricial ou matriciamento o atendimento realizado por meio de
equipes interdisciplinares que focam uma atenção integralizada da saúde gerando uma proposta de
intervenção pedagógico-terapêutica.
Foco na saúde coletiva e familiar
O atendimento deve produzir conhecimento que vise ampliar e qualificar o cuidado às pessoas com
transtornos mentais no território, prestando cuidado à família, às redes sociais e culturais do usuário e
valorizando a sua subjetividade. Para tanto, devem favorecer os atendimentos em grupo, as atividades
educativas como palestras, as visitas domiciliares e a atuação no PSE (Programa de Saúde na Escola).
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PSE ‒ Programa de Saúde na Escola
O Programa Saúde na Escola (PSE) é uma política intersetorial entre o Ministério da Saúde e o da Educação,
que começou a funcionar a partir de 2007. São ações da equipe da Clínica da Família de referência nas
escolas daquele território, que oferecem atividades voltadas para a saúde e educação das crianças,
adolescentes, jovens e adultos da comunidade escolar.
Atenção
Em contextos de população empobrecida e vulnerável, as escolas abrigam uma série de problemas
relacionados às condições socioeconômicas do território, como as más condições de habitação,
alimentação, segurança, transporte, saneamento e exposição a situações de violência, fatores que desafiam
o cotidiano escolar e sua gestão.
O psicólogo que trabalha na Clínica da Família ou no NASF participa ativamente das ações do PSE. As
ações da psicologia no PSE têm três componentes, são eles:

Avaliação clínica e psicossocial

Promoção e prevenção à saúde

Formação pro�ssional
Capacitando e orientando os professores quanto aos temas pertinentes a esse ambiente, as referidas ações
impactam em toda a população escolar. Há espaço, ainda, para rodas de conversa entre os diversos
segmentos da comunidade, como alunos, professores, trabalhadores e famílias. Podem ser ofertados
também encontros temáticos, nos quais são discutidos temas pertinentes à comunidade.
Além dessas atividades, a escola e as equipes de saúde produzem uma demanda constante de pedidos de
avaliação, diagnóstico e tratamento psicológico, pois as expressões de sofrimento e mal-estar costumam
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ser trazidas pelos pacientes como transtornos de saúde mental. É necessário ponderar, entretanto, que na
atenção básica devemos priorizar ações de caráter coletivo e preventivo e que casos específicos devem ser
encaminhados para a rede de atendimento em saúde mental.
Saúde mental
RAPS ‒ Rede de Atenção Psicossocial
Historicamente, no Brasil, aqueles que eram chamados de loucos eram internados em manicômios, onde
permaneciam durante décadas e, via de regra, de lá só saíam depois de mortos. Essa população era
constituída não somente pelas pessoas com transtornos mentais diagnosticados, mas também por aqueles
cujos comportamentos não se adequavam aos padrões morais da sociedade, como os homossexuais, as
prostitutas ou mulheres com comportamentos sexuais mais liberais.
A atual política nacional de saúde mental foi regulamentada somente em 2001, por meio da Lei nº
10.216/01. Essa lei inovadora institui um modelo de atenção à saúde mental ambulatorial e de base
comunitária, que aos poucos vai extinguindo os leitos em grandes equipamentos, como manicômios e
hospitais psiquiátricos.
Esse modelo tem como diretriz a integração social dos pacientes, assim como a ressignificação da loucura
no tecido social, trabalhando pela desestigmatização dos transtornos mentais na cultura. A partir dessa lei,
todos os pacientes passam a ter direito a um tratamento adequado às suas necessidades, com humanidade
e respeito, tendo como meta alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na
comunidade.
A RAPS (Rede de Atenção Psicossocial) foi instituída pelo Decreto nº 7.508/11, como uma rede intersetorial
de serviços e equipamentos que engloba uma grande gama de práticas que vão desde o atendimento em
UBS até programas de reintegração e residência a pacientes institucionalizados nos tempos sombrios
anteriores à reforma psiquiátrica. Suas ações podem ser divididas em quatro dimensões:
Atenção social básica
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Em todas essas dimensões, o trabalho do psicólogo se faz presente. Na impossibilidade de descrever toda a
extensão do trabalho dos psicólogos na RAPS, apresentaremos os equipamentos mais expressivos da sua
atuação: o CAPS e o Consultório de Rua.
CAPS ‒ Centros de Atenção Psicossocial
O CAPS é um equipamento que pertence ao nível secundário de atenção em saúde, voltado à média
complexidade. Segundo dados de 2017 (os últimos publicados), há 2.465 equipamentos do tipo CAPS
distribuídos nos 5.570 municípios brasileiros. Embora não seja obrigatória a contratação de psicólogos
nessa modalidade de atendimento, quase a totalidade das equipes opta pela contratação desses
profissionais.
Em uma crise, a compreensão do CAPS e do modelo psiquiátrico tradicional são distintas:
CAPS
O CAPS é voltado para a atenção à crise e à reabilitação dos portadores de transtornos psiquiátricos
em meio ambulatorial.
Atenção social estratégica
Reabilitação psicossocial
Atenção residencial de caráter transitório ou de�nitivo
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Modelo tradicional
No modelo psiquiátrico tradicional, a crise é entendida como uma situação grave que requer
isolamento e contenção física e química.
rise
A crise representa um dos momentos mais difíceis em saúde mental. Normalmente se associa à apresentação
de surtos psicóticos, com delírios, alucinações, quadros de agitação e / ou comportamentos que podem
colocar a vida do usuário e / ou terceiros em risco.
No CAPS, ao contrário, a crise é entendida como uma situação que demanda intervenção e produção de
cuidado, o que não necessariamente significa isolamento.
Os CAPS funcionam com sistema de portas abertas, sem exigência de encaminhamento de outros
equipamentos de saúde.Devem ter uma estrutura bastante flexível para que não se tornem espaços
burocratizados, repetitivos, por isso o espaço é permeado pela arte, com oficinas terapêuticas de música,
teatro, artesanato, reciclagem, pintura e escultura, tornando seus ambientes alegres, decorados pelas
produções artísticas dos usuários. Ainda estão previstas entre as atividades as visitas domiciliares,
atendimento aos familiares e articulações intersetoriais e, nos casos de CAPSIII, permanência noturna com
leitos de apoio. São previstos 3 modelos de CAPS em dois modos de funcionamento, diurno e contínuo:
Os 3 tipos de CAPS podem funcionar na modalidade diurno, em horário comercial, ou ser do tipo III, que
funciona continuamente durante as 24 horas do dia, possuindo leitos temporários para dar suporte pontual
a usuários em momentos de crise.
CAPS
Atende a todo o tipo de
agravo e a todas as
populações, podendo ser do
tipo I ou II, dependendo do
tamanho do município.
CAPSi
É um equipamento que
atende somente crianças e
adolescentes.
CAPSad
Voltado para o atendimento
de desordens decorrentes da
dependência ao álcool e
substâncias psicoativas.
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Roda de conversa terapêutica.
Embora se realizem, ainda que circunstancialmente, atendimentos clínicos individuais, a prerrogativa nesses
espaços é para o trabalho interdisciplinar em oficinas e demais atividades da rotina. Um exemplo são as
rodas de conversa terapêuticas, onde são discutidas as questões referentes à rotina e elaboradas as regras
de funcionamento do local, mas também são pautados os temas mais pertinentes aos usuários, como
apoio e compartilhamento das angústias causadas pelas alucinações ou preconceitos sociais, no caso de
pacientes psicóticos, ou sintomas decorrentes do processo de abstinência, no caso de pacientes do
CAPSad.
Consultório de Rua
O Consultório de Rua é uma estratégia da atenção básica em saúde voltada para a população em situação
de rua. É composto por equipes volantes, ou seja, ao invés de ficarem no espaço físico da Clínica da Família,
circulam pelo território atendendo à população em situação de rua. Embora faça parte da atenção primária,
as características dessa população, como os altos índices de agravos mentais decorrentes ou não do uso
de substâncias psicoativas, fazem com que a ação nesses espaços seja muito próxima da RAPS e dos
CAPS.
Atenção
Criado em 2011, o Consultório de Rua tem por objetivo ampliar o acesso da população em situação de rua
aos serviços de saúde, ofertando atenção integral aos que se encontram em condições de vulnerabilidade,
com os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados.
Em 2018, foram contabilizadas 161 equipes de Consultório de Rua no País. A exemplo do que acontece nos
CAPS, a contratação de psicólogos não é obrigatória, mas é a opção preferida pela maioria dos gestores.
Eles integram a equipe compondo o atendimento aos usuários com seu saber sobre as dinâmicas
psicológicas, realizando abordagens, participando da estruturação e pactuação dos projetos terapêuticos,
entre outras atividades. Atuam também junto à equipe, auxiliando na comunicação, aumentando a
grupalidade e ouvindo as frustrações, visando elaborá-las. Podem também atuar junto à comunidade, em
projetos que visem diminuir o preconceito e contribuam para a integração da população em situação de rua.
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Psicologia Hospitalar
Conforme já discutido, a Psicologia da Saúde contempla ações nos setores primário, secundário e terciário.
Já a Psicologia Hospitalar compreende as ações que se desenvolvem em equipamentos hospitalares gerais,
especializados ou psiquiátricos; isto é, nos serviços de média e alta complexidade, níveis secundários e
terciários de saúde.
É uma das áreas mais tradicionais de atuação dos psicólogos, embora atualmente ocupe, segundo pesquisa
recente, apenas 3% da mão de obra da profissão, segundo Lhullier (2013). Há registros bastante antigos de
psicólogos atuando em hospitais, mesmo antes de a Psicologia existir oficialmente. Segundo o Conselho
Federal de Psicologia:
A Psicologia Hospitalar corresponde ao campo de entendimento e tratamento
dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento quando este ocasiona
uma internação hospitalar.
(CFP, 2019, p. 14)
Nesse entendimento, evidencia-se a dimensão biopsicossocial das doenças. Essa visão abre espaço para
práticas mais concentradas no paciente e menos nos sintomas ou na doença, ou seja, para a Psicologia
Hospitalar, o objetivo de sua atuação é “tratar doentes, não doenças”.
Não é fácil cuidar das pessoas em processos de adoecimento, isso significa estar atento a todos os
aspectos psicológicos que formam a dinâmica psíquica de uma pessoa, independentemente se são ou não
relacionados à doença. É construir com o paciente espaços onde ele se sinta confortável.
É importante também levar em consideração a rede de relações que interage nesse
momento, como família, equipe e instituição de saúde, ajudando a contextualizar o
cuidado.
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Um dos principais eixos do trabalho do psicólogo no contexto hospitalar são as ações voltadas para a
equipe, principalmente aquelas que ampliam o espaço de escuta dos trabalhadores. Escutar significa, num
primeiro momento, acolher aquilo que é falado, sem direcionar ou cortar o relato, mesmo que o profissional
suponha que é irrelevante para o diagnóstico e tratamento.
Com a intervenção certa, esse espaço ajuda o paciente a entender e respeitar os motivos, o seu processo de
adoecimento e a estabelecer conexões entre seu adoecimento e sua vida, pois quanto mais a doença for
assimilada na vida das pessoas, maior a chance de sucesso dos tratamentos. Esse tipo de intervenção
propõe a construção compartilhada dos diagnósticos e condutas terapêuticas. Assim temos:

Paciente
Os usuários e seus famíliares.

Equipe
Direção, serviços de saúde e ação intersetorial.
Para que se torne possível transformar os instrumentos de trabalho, é preciso dar suporte aos profissionais.
Aqui, destaca-se a necessidade das reuniões de equipe e o estímulo à comunicação dentro da equipe e
entre as equipes, além de técnicas relacionais que permitam o compartilhamento da clínica.
Atuação do psicólogo na Saúde e na saúde mental
A especialista Anelise Lusser reflete, neste vídeo, sobre as possibilidades de ação do psicólogo no campo
da Saúde e da saúde mental, resumindo a sua participação na Rede Básica de Atenção à Saúde e na Rede
de Atenção Psicossocial.


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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O maior empregador de psicólogos no Brasil é:
Parabéns! A alternativa A está correta.
Segundo pesquisa realizada pelo CFP em 2013, o SUS contrata até 20% dos psicólogos ocupados e
10% dos psicólogos registrados. A educação, embora seja uma área promissora, possui um déficit de
profissionais. O SUAS, hoje, tem 25 mil psicólogos, mas ainda é um sistema novo deficitário. Os
hospitais privados contratam menos de 3% dos psicólogos e as empresas do mercado em torno de
12%.
A o Sistema Único de Saúde.
B a Educação.
C o Sistema Único de Assistência Social.
D os hospitais privados.
E as empresas do mercado.
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Questão 2
Analise as afirmações abaixo e avalie:
I. O atendimento CAPS está associado ao nível secundário de atenção em saúde, voltado a casos de
média complexidade.
II. É necessário encaminhamento da emergência, da Clínica da Família ou da UBS para ser atendido no
CAPS.
III. Embora quase todos os CAPS tenham psicólogos na equipe, a contratação desses profissionais não
é obrigatória na equipe mínima dessa modalidade de atendimento.
IV. O atendimento no CAPS é direcionado a crises e reabilitação daqueles com transtornos psiquiátricos
em meio ambulatorial.
Parabéns! A alternativa C está correta.
A afirmação II está errada. Os equipamentos tipo CAPS não necessitam de encaminhamento para
atendimento. As demais afirmações estão corretas porque o CAPS atende à média complexidade,
integrando o nível secundário, atendendo também a emergências e nas normativas existe equipe
mínima e uma lista de profissionais que podem ser contratados para cada CAPS, em que a Psicologia
está indicada como contratação possível, não obrigatória.
A I, II e IV estão corretas.
B I, II e III estão corretas.
C I, III e IV estão corretas.
D II, III e IV estão corretas.
E III e IV estão corretas.
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2 - Psicologia e educação
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o contexto de atuação na área da
Psicologia e educação.
Psicologia na Educação
A Educação é um dos campos mais antigos e tradicionais da Psicologia, estando presente no fazer dos
psicólogos mesmo antes do seu reconhecimento como ciência, no final do século XIX.
Historicamente, esse campo é marcado por uma vertente teórica behaviorista e pela presença da
psicopedagogia, que tem como foco as questões relativas aos problemas individuais de aprendizado. Mas
contamos com evidências que denotam como esse campo vem evoluindo, por exemplo:
Do individual ao coletivo
Nas últimas décadas, porém, no Brasil, tem ganhado força uma perspectiva mais crítica e comunitária,
que propõe uma visão que contemple os inúmeros problemas sociais que atravessam a educação no
nosso país.
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O trabalho do psicólogo escolar
Tanto a CBO (Classificação Brasileira de Ocupações – Ministério do Trabalho) como o item I, do art. 3
da Resolução CFP 013/2007 trazem a listagem de atribuições do psicólogo escolar, em que são
contemplados os dois perfis: o mais tradicional e o mais crítico.
Em 2019, finalmente tivemos a aprovação da Lei nº 13.935, após quase duas décadas em tramitação, que
estabelece a obrigatoriedade de psicólogos e assistentes sociais nas redes públicas básicas de Educação.
Um imenso campo de trabalho se abre, com um aumento exponencial de contratações em todos os
recantos do país, e isso reacende o debate sobre como deve ser a atuação dos psicólogos nesse meio.
Embora a lei não estabeleça uma proporcionalidade (quantos psicólogos devem ser contratados por número
de alunos ou de escolas), ela deixa claro, em seu art. 1, §1, a atuação desejada, destacando o trabalho em
equipe multiprofissional:
A melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem, com a
participação da comunidade escolar, atuando na mediação das relações
sociais e institucionais.
(BRASIL, 2019)
Em outras palavras, estamos delimitando aqui um perfil de profissional que não se detenha em
atendimentos voltados aos problemas de aprendizados individuais, mas que contemple em sua ação toda a
comunidade escolar: alunos, professores, trabalhadores, familiares e comunidade.
Embora a nova lei aponte para um perfil que estamos chamando aqui de mais crítico nas instituições
públicas, ainda temos todo o universo das instituições privadas, que também deve aumentar o número de
contratações, onde vigora mais firmemente o perfil tradicional. Por isso, este conteúdo pretende contemplar
os dois perfis, dando ênfase ao mais contemporâneo, por estar em evidência neste momento, em função da
nova legislação.

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Perspectiva histórica
Até o século XIX, a educação era um privilégio daqueles que por ela podiam pagar, conduzida quase que
exclusivamente por instituições religiosas, de maioria católicas e protestantes. A ideia do acesso de toda a
população à educação, como sinônimo de progresso e marco de civilidade, foi sendo construída na Europa e
nos Estados Unidos ao longo do século XIX e se estabeleceu no século XX.
No Brasil, só temos a garantia legal do acesso universal à educação a partir da
Constituição Federal de 1988 e da promulgação do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), em 1990.
O modelo de escola que se consolidou a partir do século XIX, seja ligada ao Estado ou às ordens religiosas,
é marcado pela disciplina, herança de um militarismo. Deve não somente transmitir saberes formais, como
matemática, línguas, filosofia, ensino religioso, mas gerir os pensamentos e atos por meio da ordem,
pontualidade, compostura, controle do espaço e do tempo e forte hierarquização tanto das relações como
dos saberes, formais e informais. A escola dos séculos XIX e XX é um espaço onde os alunos são treinados
a seguir padrões de conduta, obedecer às normas e a decorar e repetir o conteúdo passado pelos
professores, sem nenhum estímulo à crítica e à criatividade.
Observe a relação entre o modelo de educação vigente e a Psicologia:
Educação para o mercado de trabalho
As crianças e os jovens são convocados a ocupar uma posição na cadeia de agenciamentos que resultará
no seu lugar no mercado de trabalho no futuro. A concepção de infância e adolescência se produz na
mesma medida em que se constrói a concepção de adulto racional e autônomo, pois como precursor
deste, ela deve ser preparada, por meio do trabalho escolar, para assumir seu lugar de trabalhador e
cidadão. Para tal, institucionalizam-se os processos de tutela, proteção e socialização.
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Psicologia como auxílio ao modelo vigente
Nesse contexto, a Psicologia surge como uma possibilidade mais sutil de controle dos indivíduos, ou seja,
como um saber que atua sobre os corpos no sentido de torná-los controláveis e disciplinados, isto é, mais
dóceis e úteis. Em outras palavras, a Psicologia subsidia a produção de novos trabalhadores para
consolidação do mundo industrializado que se estabelecia desde então.
Nos anos de 1940, nos Estados Unidos, com repercussão no Brasil, nos anos de 1960 e 1970, surge a teoria
da carência ou deficiência cultural, instituindo programas que visavam suprir as deficiências das famílias
das camadas populares (consideradas, por alguns educadores e psicólogos, incapazes de estimular
adequadamente seus filhos), absorvendo precocemente a criança na escola com o intuito de atender as
supostas carências nutricionais, cognitivas, afetivas e culturais. Na década de 1980, no Brasil, vemos
consolidada a teoria do “fracasso escolar”.
Veja a seguir alguns desdobramentos:
Eleito como o principal problema da educação brasileira, o fracasso escolar desnudava, naquele
momento, a realidade discriminatória e desigual da sociedade brasileira, interrogando as políticas
públicas vigentes;
Várias foram as pesquisas e análises desenvolvidas com a contribuição de aportes da Psicologia
Educacional que assinalaram a responsabilidade das famílias, dos professores e da própria escola no
desempenho escolar dos alunos;
Essas análises acabaram por corroborar a psicologização do desempenho escolar, tornando-o
individualizado e naturalizado, colocando-o no lugar de uma verdade a ser descoberta com o apoio depressupostos científicos que segregam e silenciam outros saberes que escapam às leis universais e
transcendentes;
Ao avaliar, selecionar e hierarquizar certos comportamentos dissonantes, como distúrbios e dificuldades,
intensificam o tutelamento dos alunos na direção de processo de aprendizagem normal ou ideal.
Antes disso, na década de 1970, surge um movimento na Educação que segue a perspectiva das ideias de
Paulo Freire (1921-1997), sobretudo a partir dos livros Pedagogia do Oprimido (1968) e Pedagogia da
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Autonomia (1996). Atualmente, Paulo Freire, patrono da educação brasileira desde 2012, apesar de ser alvo
de polêmicas e controvérsias no Brasil contemporâneo, é o autor brasileiro mais reconhecido no meio
acadêmico internacional. Em uma pesquisa da London School of Economics (GREEN, 2016), o livro
Pedagogia do Oprimido foi reconhecido como a terceira obra mais citada em trabalhos na área das
humanidades em todo o mundo.
O educador é reconhecido pelo seu método de alfabetização de adultos, e tendo desenvolvido um
pensamento pedagógico assumidamente político, ele criticava a ideia de que ensinar é transmitir saber,
porque considerava que a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. A
educação, portanto, deveria ser uma prática que produz liberdade e consciência e deve estar
intrinsecamente relacionada à vida cotidiana dos estudantes. Com esse método, liderou um programa que
alfabetizou 300 pessoas em um mês.
Perspectiva tradicional
A perspectiva tradicional, mais antiga, é baseada em um modelo de escola marcado pela ordem e pela
norma, como descrevemos no item anterior. Compõe o suporte teórico a esse modelo a Psicologia do
desenvolvimento, subsidiando os educadores com os padrões ideais de normalidade de cada idade e o
Behaviorismo, com os dispositivos técnicos de modelagem de comportamento.
A principal vertente teórica que alimentou esse modelo de escola foi o Behaviorismo, sobretudo nas ideias
sobre reforço e punição. Aplicado à educação, significa que aqueles considerados bons alunos devem tirar
boas notas e progredir no percurso, enquanto os alunos com mau desempenho devem ser reprovados até
atingir a performance desejada.
O método avaliativo baseado em provas pontuais, em que o aluno precisa reproduzir os conteúdos
transmitidos pelos professores, também está fortemente associado a esse modelo, que defende a
construção de indicadores quantitativos de desempenho, ligados ao conteúdo formal.
Esse modelo de escola deseja a uniformidade dos alunos, seguindo os padrões por ela mesmo
estabelecidos como normais. Para tanto, investiu durante muitas décadas na separação dos alunos por
capacidades. O cenário atual exige práticas diferentes, mas alguns papéis ainda reforçam o modelo
tradicional. Desta forma, podemos observar situações contrastantes, como por exemplo:
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
Inclusão
Atualmente, com a abolição das “classes especiais” e a diretriz nacional de inclusão de alunos com
deficiências, não se produz mais a separação física entre os alunos.

Medicalização
No entanto, é possível verificar práticas que tendem à medicalização e patologização de
comportamentos indesejáveis.
A Psicologia, nesse meio, pode ser instrumento para favorecer o preconceito e discriminação, uma vez que
reforça a noção de que os problemas de aprendizado advêm de questões individuais e intrafamiliares, e não
como produções da relação da instituição escola com a comunidade.
Aqui, o conceito de infância é marcado pelo signo da incompletude, pelo que ela não possui, necessitando,
então, passar por um processo que desenvolva o que lhe falta. Esse processo é o de socialização realizado
pela escola, ou seja, a criança é entendida como associal e é somente por meio de um processo de
internalização de normas que poderá liberar-se de sua natureza egoísta e evoluir em seu processo de
desenvolvimento. Assim, as teorias clássicas das ciências sociais e humanas, que incluem a Psicologia,
entendem a subjetividade infantil como passiva, incapaz de promover os processos internos e externos que
garantam seu aprimoramento, que aqui significa a aproximação a um modelo de adulto.
Re�exão
Trata-se de desenvolver as habilidades da criança – atributos e funções fisiológicas tidos como essenciais
ao seu ser – intervindo sistemática e metodicamente, junto às suas diversas etapas evolutivas, de modo a
construir a pessoa madura e o cidadão, transformando-a em um ser social autônomo, moralmente livre e
empreendedor, apto à vida social e produtiva, bem como consciente de atuar em prol da sociedade,
buscando o seu progresso e suas realizações individuais.
A escola atua na preparação para a ocupação de espaços futuros, visando à adequação e ao
desenvolvimento das habilidades que garantem o bem-estar social, subordinando os pequenos à autoridade

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e à experiência dos adultos. Todo o processo baseia-se na noção de que, quanto mais velho o indivíduo for
se tornando, maior será sua experiência e seu conhecimento, sendo, portanto, mais completo e respeitado.
A crítica mais realizada a esse modelo é que, frequentemente, a singularidade de
cada criança é desprezada, bem como seu saber, sua criatividade, sua imaginação,
sua afetividade e sua forma de lidar com seus problemas.
Embora esse modelo seja cada vez mais difícil de encontrar em seu “estado puro”, exceto nas escolas
militares que estão em evidência ultimamente, suas ideias, ainda que de forma mais sutil e preliminar,
circulam em quase todos os ambientes escolares.
Perspectiva crítica
Os adeptos da teoria crítica baseiam suas ideias em duas direções:
Problemas sociais e o re�exo na educação
A primeira ideia é que muitos problemas sociais atravessam a educação brasileira, sobretudo a pública, que
atende a 90% da população, como falta de investimentos desde a infraestrutura física, didática e tecnológica
até formação e remuneração dos professores.
Avanço técnológico mudando o papel da escola
A segunda ideia é que o mundo mudou, está mais interativo e tem mais acesso à informação, cabendo à
escola não mais só transmitir e verificar conteúdos estáticos e desconectados da realidade cotidiana, mas
motivar, ensinar a pensar, criar e interagir em um mercado instável e desafiador.
Nesse âmbito, a Psicologia Social Comunitária e a Análise Institucional são as correntes teóricas que
oferecem mais ferramentas para a ação, conforme já sinaliza a Lei nº 13.935. Da Psicologia Social
Comunitária vêm as diretrizes para o trabalho com grupos que envolvem toda a população escolar, desde
professores e trabalhadores até alunos, familiares e comunidade do entorno. Esses grupos podem ser
direcionados por meio de tarefas, como limpeza e manutenção do espaço, palestras de temas de interesse,
como educação financeira, educação sexual e afetiva, rodas de conversa sobre problemas em comum,
dentre outras tantas possiblidadtes. A Análise Institucional, com seus dispositivos de escuta, se propõe a
entender e desconstruir as relações de poder herdadas do modelo tradicional. O importante aqui é criar um
clima de cogestão e corresponsabilidade de todos na tarefa de educar, o que significa, necessariamente,
uma abertura para o saber informal, vindo das comunidades e famílias.
O trabalho é sempre efetuado por projetos que visam a intervenções nos problemas e produção de
conhecimento partilhável. Isso pressupõe algumas etapas como:
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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02332/index.html# 25/58Desa�os da escola no contemporâneo
O conceito de vida escolar como progressão de etapas, em que cada patamar atingido dá acesso a um
conjunto de oportunidades, se vê ameaçado pela instabilidade do mercado de trabalho, alimentado pela
crise de empregabilidade e pela crescente dificuldade de construção de projetos futuros. A escola, que
promovia a ideia de emancipação juvenil por meio do seu percurso, tem seu papel colocado em xeque em
um tempo em que os jovens se veem obrigados a reciclar seus conhecimentos e aprendizados durante toda
vida, sem nenhuma garantia de sucesso no mercado de trabalho.
Identi�cação do problema
Tomada de decisões
Planejamento em etapas da intervenção
Avaliação
Monitoramento dos resultados
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As mudanças no mercado de trabalho, na cultura e no consumo, alimentadas pelas ideias de
empreendedorismo e meritocracia, mitigam as possibilidades de inserção no mundo adulto pela via do
emprego e das garantias da seguridade social a ele tradicionalmente associadas. A divulgação de modelos
de sucesso e enriquecimentos associados, seja a empreendedores digitais criativos, ou a celebridades das
mídias sociais, também enfraquecem a aposta na direção de um modelo de vida mediano, resultado da
educação formal.
A ideia de capacitação como um bem durável que, uma vez adquirido, instrumentalizaria o indivíduo para o
exercício de alguma tarefa por um longo tempo, perde espaço frente à inconstância e instabilidade do
mercado de trabalho em constante transformação. Tudo isso gera um clima de desesperança nocivo aos
indivíduos, mas também à sociedade como um todo. Aqui as possibilidades se abrem na ideia de
capacitação, não mais como a “capacidade de fazer algo”, mas como instrumentalização do pensamento,
uma espécie de “caixa de ferramentas”, baseada no desenvolvimento da capacidade de inovar e inventar
soluções inéditas para novos problemas, valorizando a criatividade e a habilidade de invenção,
competências mais afetivas do que formais, e que só podem ser desenvolvidas por meio de uma educação
transformadora.
Os desa�os da escola na contemporaneidade
A especialista Anelise Lusser reflete, neste vídeo, sobre os desafios das escolas na contemporaneidade, e
contrasta essa visão da educação com as suas perspectivas tradicional e histórica.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
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Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Segundo a Lei nº 13.935, de 2019, a atuação dos psicólogos e assistentes sociais nas escolas deve:
Parabéns! A alternativa B está correta.
Conforme a Lei nº 13.935, em seu art. 1, §1, “O(a) psicólogo(a) e o(a) assistente social integrarão
equipes multiprofissionais desta rede pública de educação básica para atender necessidades e
prioridades definidas pela política de educação”. As demais alternativas correspondem a atividades que
não estão de acordo com a nova lei, mas com a escola tradicional, por serem posturas consideradas
conservadoras.
Questão 2
O texto identifica dois principais modos de atuação no âmbito da educação, que intitulou de modelo
tradicional e modelo crítico. Sobre o modelo crítico, é correto afirmar que:
A
fazer laudos indicando os alunos incapacitados, para serem colocados em classes
especiais.
B
atuar em equipe multiprofissional, voltada para melhorar a qualidade do processo de
ensino-aprendizagem, com a participação da comunidade escolar.
C
encaminhar os alunos problemáticos para a rede de saúde mental, para serem tratados
e medicados por psiquiatras.
D
realizar psicoterapia individual em alunos que apresentam comportamento
desadaptado.
E prezar pela ordem, pontualidade, compostura e hierarquia das relações.
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I. É o modelo mais antigo, a rotina em suas escolas é marcada pela ordem e pela obediência às normas.
II. Acredita que, no mundo contemporâneo, mais interativo e com mais acesso à informação, cabe à
escola não mais só transmitir e verificar conteúdos estáticos e desconectados da realidade cotidiana,
mas motivar, ensinar a pensar, criar e interagir em um mercado instável e desafiador.
III. Tem seus suportes teóricos na Psicologia Social Comunitária e a Análise Institucional.
IV. Está de acordo com es exigências da Lei nº 13.935, que em seu art. 1, §1, indica que a atuação
desejada do psicólogo, deve ser contar com “a participação da comunidade escolar, atuando na
mediação das relações sociais e institucionais”.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A afirmação I está errada. O modelo crítico se desenvolve a partir da década de 1970, respeita a
subjetividade dos alunos e constrói as normas e regras coletivamente. As demais afirmações II, III e IV
explicitam o pensamento típico do modelo crítico, ou seja, que aposta no paradigma contemporâneo,
tem alianças com a Psicologia Social Comunitária e a Análise Institucional e está de acordo com a Lei
nº 13.935.
A I, II e IV estão corretas.
B I, II e III estão corretas.
C I, III e IV estão corretas.
D II, III e IV estão corretas.
E I e II estão corretas.
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3 - Psicologia nas Organizações de Trabalho
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os contextos de atuação da Psicologia
nas Organizações de Trabalho.
Psicologia nas Organizações de Trabalho
A Psicologia Organizacional e do Trabalho é uma das mais antigas áreas de atuação do psicólogo, embora
antes da institucionalização da Psicologia como ciência, no século XIX, ela se confunde com a
administração científica, de Taylor e Ford. Com o amplo desenvolvimento de testes psicológicos no início do
século XX, a Psicologia se consolida como um saber imprescindível dentro do mundo do trabalho, num
primeiro momento mais industrial e restrita aos processos de recrutamento e seleção. Hoje, ela ocupa as
mais variadas áreas e fazeres dentro de tipos de negócios, desde empresas comerciais e financeiras até
instituições, como hospitais, clubes, bancos e escolas.
Embora essa área seja, por vezes, pouco valorizada nas grades curriculares do curso e mesmo entre os
profissionais, a Psicologia nas Organizações de Trabalho é uma ferramenta imprescindível no bem-estar da
sociedade em geral, afinal de contas, todos nós somos trabalhadores. Tanto o excesso de trabalho como
sua escassez podem influenciar decisivamente o bem-estar de um indivíduo, grupo, comunidade ou
sociedade. Isso porque, no mundo onde vivemos, somos constantemente valorados pela nossa capacidade
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de trabalho e, consequentemente, de consumo. O trabalho, dentro do nosso regime social, é aquilo que nos
define, faz parte da nossa identidade, influencia nossa autoestima, subsidia nossa qualidade de vida e nos
dá satisfação.
aylor e Ford
Modos de organização da produção industrial utilizados durante a Segunda Revolução Industrial.
É crescente o número de procura por consultórios em razão de problemas relacionados ao trabalho, que vão
desde Síndrome de Burnout (explicaremos adiante essa condição), passando por crises pessoais por
colocações mais adequadas ao perfil de cada sujeito, até situações de pânico e ansiedade causadas por
medo de demissão.
Um bom ambiente de trabalho é decisivo na saúde mental de qualquer pessoa.
Tudo issoreforça a importância de um bom trabalho de psicologia dentro das instituições. Portanto, vamos
explorar um pouco desse universo, primeiramente entendendo as diferentes formas de abordagem, para
depois descrever as áreas mais consolidadas de atuação e apontar as ideias e conceitos surgidos mais
recentemente.
Psicologia do trabalho, organizacional e gestão de pessoas
As organizações de trabalho estão entre as mais complexas, sofisticadas e fascinantes invenções
humanas. Se olharmos em volta, todos os objetos que nos cercam, desde aviões até uma simples caneta,
passaram por uma ou várias organizações até se tornarem um objeto de consumo a nosso alcance. Pensar
uma psicologia dentro desses sistemas é, portanto, uma obra ampla e repleta de desdobramentos.
No reconhecido livro Psicologia Organizacional e do Trabalho, Zanelli, Borges-Andrade e Bastos (2004)
estabelecem uma interessante divisão entre as principais abordagens da Psicologia, veja a seguir:

Psicologia do Trabalho
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
Psicologia Organizacional

Gestão de Pessoas
Segundo os autores, a Psicologia do Trabalho tem como objetivo compreender e lidar com as questões que
se relacionam ao comportamento humano e ao trabalho dentro das organizações. Situada em uma área
mais crítica desse campo, ela debruça-se sobre questões como impactos sociais do desemprego, divisão e
organização do mercado do trabalho, estruturas de poder, estresse e saúde do trabalhador e seus reflexos
na qualidade de vida da população. Geralmente os profissionais ligados a essa corrente atuam em
pesquisas acadêmicas e governamentais, pois ela se debruça sobre o universo do trabalho e não sobre uma
organização específica, alimentando-se da Psicologia Social, da Ergonomia do Trabalho, da Análise
Institucional e da Sociologia.
Já a Psicologia Organizacional, desenvolve sua atividade dentro das organizações, sejam empresas
comerciais ou públicas, de todos os tipos, como hospitais, bancos, escolas, entre tantas outras. Além de
compreender o comportamento humano nessa esfera, tem como objetivo coordenar ações na direção da
missão de cada organização. Trabalha com o exame dos processos micro-organizacionais (como atitudes,
crenças, valores, percepções, emoções, liderança) e macro-organizacionais (estrutura, cultura e clima, poder,
conflitos).
A Gestão de Pessoas é um campo de práticas mais próximo da Administração de Empresas, mas que
muitas vezes se confunde com a Psicologia Organizacional, sobretudo no mercado contemporâneo. Tem
como objetivo definir como cada organização capta, integra, avalia, desenvolve e retém seus membros.
Divide-se nas áreas de Recrutamento e Seleção; Educação, Treinamento e Desenvolvimento; Planos de
Carreira e Cargos e Salários e Desenvolvimento de Lideranças, entre outros.
Áreas consolidadas de atuação da Psicologia
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Existem áreas em que o trabalho da Psicologia já é bastante consolidado, seja por antiguidade, seja pela
produção de um saber específico imprescindível para o funcionamento das organizações. Detalharemos a
seguir algumas delas.
Recrutamento e Seleção
Essa é a maior porta de entrada dos psicólogos no mundo organizacional. Em linhas gerais, a maioria dos
autores define esse processo como “encontrar o melhor candidato para cada cargo”, ou seja, a pessoa certa
para cada trabalho, produzindo ganhos para a pessoa e para a organização. A fim de que essa tarefa seja
bem-sucedida, é importante utilizar instrumentos válidos e confiáveis, pois uma contratação errada gera
retrabalho (demissão e nova contratação), podendo também ocasionar danos em equipamentos, acidentes,
diminuição da produtividade, perda de clientes, desmotivação dos demais membros da equipe, entre outras
consequências.
O processo de recrutamento e a seleção atuam da seguinte forma:
Recrutamento
O processo de recrutamento consiste em atrair o maior número de candidatos para a vaga, utilizando-
se dos meios mais adequados para cada público.
Ele pode ser interno, dentro da organização; ou externo, em placas, rádios, jornais, redes sociais e sites.
Para cada público há um meio mais adequado de comunicação.
Seleção
A seleção é um processo de filtragem mais pessoal e refinado, em que quanto mais alto o cargo, mais
complexo o processo.
Aplicando testes, provas e entrevistas, objetiva prever o comportamento do futuro empregado no cargo,
por meio do conhecimento do comportamento anterior em outros cargos, e seu nível de instrução e
dedicação.
O melhor indicador de um bom processo de recrutamento e seleção é o índice de retenção dos funcionários
nos cargos.
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Treinamento e Desenvolvimento
É uma das áreas mais desejadas pelos psicólogos no campo das organizações de trabalho. Considerando
que as pessoas são o maior patrimônio das empresas, o treinamento e desenvolvimento de seu capital
humano é um investimento indispensável em um mercado cada vez mais competitivo.
Atenção
Treinar não significa adestrar, relaciona-se com os mais elevados conceitos de compatibilizar o
comportamento humano aos ideais da organização, para que juntos gerem produtividade para a empresa e
satisfação pessoal ao funcionário.
Um bom processo de treinamento deve obedecer a algumas etapas:
Diagnóstico
Deve-se diagnosticar a situação na qual a intervenção se faz necessária, realizando um
levantamento das necessidades dos empregados e da organização.
Planejamento
Deve-se planejar a ação elaborando o programa de treinamento adequado para aquela
necessidade específica. Uma vez implementado o treinamento, é preciso medir sua eficácia,
para tanto, são construídos indicadores de avaliação que efetivamente indiquem o impacto do
treinamento na situação-problema diagnosticada inicialmente.
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Os processos de desenvolvimentos são um pouco mais complexos e traduzem o nível de investimento em
longo prazo da organização em seus colaboradores. As ações vão desde incentivos à educação formal
(pagamento parcial ou integral de cursos técnicos ou ensino superior), até programas de rotação em cargos,
participação em cursos e seminários externos, business games, centros de desenvolvimentos, entre outros.
A Psicologia nesse contexto tem o importante papel de planejar e indicar qual tipo de investimento produz
mais retorno à organização.
Saúde do Trabalhador
A Saúde do Trabalhador pode ser tanto uma área de conhecimento, como um setor dentro da empresa.
Como área de conhecimento, relaciona-se com a Psicologia do Trabalho. Como setor dentro da organização,
é um importante braço dos recursos humanos, onde se concentram programas de enfrentamento ao
estresse, incentivo à segurança e à prevenção de acidentes, combate ao alcoolismo e tabagismo e, mais
recentemente, programas de enfrentamento ao assédio moral e sexual no ambiente de trabalho e
programas de combate à violência doméstica.
A Síndrome de Burnout tem sido um dos temas mais discutidos entre os estudiosos dessa área. O nome
dessa síndrome origina-se de uma palavra da língua inglesa que é utilizada para indicar algo que parou de
funcionar por exaustão. Entenda os sintomas e algumas características desta síndrome:
Sintomas
Podem ser físicos (fadiga, dores, distúrbios do sono, dores de cabeça, perturbações gastrointestinais,
deficiências imunológicas, problemas cardiovasculares e disfunções sexuais); psíquicos (falta de atenção e
de concentração, alterações da memória, sentimento de solidão e de impotência, baixa autoestima,depressão); e comportamentais (negligência, irritabilidade, agressividade, incapacidade para relaxar,
aumento do consumo de substâncias lícitas e ilícitas, comportamento de alto risco e suicídio).
Características
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Esses sintomas devem ser entendidos como uma resposta ao estresse laboral que aparece quando falham
as estratégias funcionais de enfrentamento. Geralmente o Burnout acomete mais os profissionais que têm
uma relação direta com outras pessoas, como professores, médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes
sociais, policiais e bombeiros. Entretanto, sua alta incidência dentro de uma organização revela o quão
insalubre pode ser o ambiente dessa empresa, por isso, a constatação de sua presença é sempre alvo de
preocupação por parte dos profissionais de recursos humanos.
Atuação do psicólogo na Saúde do Trabalhador e
considerações sobre a Síndrome de Burnout
Neste vídeo, a especialista Anelise Lusser fala sobre o papel do psicólogo na Saúde do Trabalhador e
também define a Síndrome de Burnout e suas características.
Gestão e Responsabilidade Social
É uma área nova da gestão, que surge da preocupação com a relação da organização com a comunidade
em seu entorno ou com a sociedade como um todo. Desenvolve ações que produzem impacto positivo na
imagem da empresa, voltadas para o meio ambiente, educação, cultura, saúde, esporte, entre outras. Nos
últimos anos, as ações de diversidade também têm ganhado espaço, que podem ser na direção do público
LGBTQI+, ações de combate ao racismo estrutural (como programas especiais para aumentar a
representação da população negra em cargos de liderança), ou promoção de qualquer outra minoria
representativa para o público daquela organização. Envolve também a transparência em relação aos
processos da empresa com dano ambiental (produção de resíduos, gás carbônico etc.), processos seletivos
transparentes e lícitos (internos ou externos), observância às leis, ações de combate à corrupção, ações
comunitárias, programas de voluntariado etc.

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Como as ações nesse setor têm por objetivo o impacto positivo na imagem da
empresa, o trabalho acontece sempre interligado à comunicação, envolvendo
publicidade em meios de comunicação, principalmente as redes sociais.
Conceitos contemporâneos
O campo da Gestão de Empresas é uma das áreas que mais se renovam teoricamente, produzindo
conceitos, técnicas e teorias novas constantemente. Neste tópico, apresentaremos algumas dessas
inovações mais recentes.
É importante salientar que todos esses conceitos são transversais, ou seja, são trabalhados dentro de todas
as áreas das organizações, tanto as mais tradicionais, citadas acima, quanto outras mais novas não
contempladas neste texto. Vamos ver algumas delas:
Competência, no meio empresarial, é entendida como uma conjunção de conhecimentos (saberes
acumulados), habilidades (como utilizar esses conhecimentos, que podem ser motores ou
intelectuais) e atitudes (envolve os aspectos afetivos e sociais dos indivíduos).
A gestão de competências significa o processo contínuo de ter como referência estratégica a
direção de orientar esforços para capacitar e desenvolver a competências humanas dentro da
organização, ou seja, como desenvolver e otimizar as competências das pessoas que nela
trabalham, alinhando-as com a missão da organização, visando aumentar sua produtividade.
Segundo Chiavenato (2010), autor do livro Gestão de Pessoas, referência na área, os estudos de
comportamento organizacional têm por objetivo a compreensão do comportamento no contexto
organizacional.
Para tanto, lança seu entendimento sobre a relação das pessoas entre elas e dentro da organização,
utilizando-se de temas como motivação, relações interpessoais, crenças, valores, equipes,
aprendizado coletivo, reação a mudanças, estresse, ocorrência e resolução de conflitos. O
conhecimento produzido pelo estudo desses temas orienta as ações de captação e retenção de
pessoas, treinamento e desenvolvimento, política de promoções etc.
Gestão de competências 
Comportamento organizacional 
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A cultura organizacional diz respeito ao conjunto de valores e regras compartilhados pelos
colaboradores de uma empresa, seja em cargos de liderança ou em escalões mais básicos. É como
a identidade da empresa, seu DNA, refletindo como a organização se apresenta para o mercado.
Já o clima reflete o ambiente da empresa em dado momento, dependendo de muitos fatores, como
reestruturações, fusões, implementação de novos programas de gestão, mudanças na política de
pessoal, crises econômicas, entre outros.
Programas de transformação de cultura e clima organizacional são constantes em grandes e médias
empresas, iniciando-se com pesquisas para o diagnóstico da situação e desdobrando-se em ações
tanto de captação e retenção, como de treinamento e desenvolvimento e, para tanto, demandam
constantemente o trabalho de psicólogos.
Reflete a preocupação da organização com as divergências nas relações interpessoais que se
refletem na produtividade e que requerem a interferência de um mediador ou de uma liderança (não
raras vezes de ambos) para amenizar a situação, evitando atritos no ambiente de trabalho. Essa é
outra área fértil para o trabalho da Psicologia.
A gestão de lideranças diz respeito a como a organização desenvolve e aproveita seus talentos, para
que por meio da influência daqueles que se tornam líderes (seja por meio de programas de
desenvolvimento, seja por contratações estratégicas) todos os colaboradores trabalhem na direção
de objetivos coletivos ligados aos interesses empresariais.
Clima e cultura organizacional 
Gestão de conflitos 
Gestão de lideranças 
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
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É correto afirmar que são áreas clássicas do fazer do psicólogo nas Organizações de Trabalho:
I. Recrutamento e Seleção.
II. Treinamento e Desenvolvimento.
III. Saúde do Trabalhador. IV. Clínica Coorporativa.
Parabéns! A alternativa B está correta.
A afirmação IV está errada: o termo Clínica Corporativa para designar uma área de trabalho não existe.
Já as demais áreas citadas nas afirmações I, II e III são clássicas do trabalho do psicólogo nas
Organizações de Trabalho.
Questão 2
É um importante departamento do setor de Recursos Humanos, onde se concentram programas de
combate ao estresse, alcoolismo, tabagismo, pela segurança do trabalho e, mais recentemente,
estratégias contra o assédio moral e sexual, além de programas de combate à violência doméstica.
Esse enunciado refere-se à:
A I, II e IV estão corretas.
B I, II e III estão corretas.
C I, III e IV estão corretas.
D II, III e IV estão corretas.
E III e IV estão corretas.
A Avaliação de Desempenho
B Gestão de Cargos e Salários
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Parabéns! A alternativa C está correta.
O setor Saúde do Trabalhador tem como meta o bem-estar do indivíduo dentro e fora da empresa, com
atenção aos aspectos físico e mental, tentando evitar ambientes insalubres. Já as demais alternativas
trazem outros setores que se relacionam com outras funcionalidades das empresas.
4 - Psicologia Clínicae suas abordagens
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as vertentes teóricas da Psicologia
Clínica e suas abordagens.
C Saúde do Trabalhador
D Gestão e Responsabilidade Social
E Treinamento e Desenvolvimento
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Psicologia Clínica e suas abordagens
A Psicologia Clínica é a mais tradicional e valorizada área da Psicologia, com ampla representação das
disciplinas a ela ligadas nas grades curriculares. A própria identidade da profissão está muito relacionada à
clínica, ou seja, embora a Psicologia abranja um amplo e diverso campo de trabalho, quando se pensa em
ser psicólogo, se pensa em atendimentos psicoterapêuticos. Primeiramente, vamos conhecer a diferença
entre aconselhamento e psicoterapia, para depois indicar as principais vertentes teóricas que orientam essa
prática no país.
Aconselhamento psicológico
Frank Parsons, em 1909, propôs o termo aconselhamento psicológico para nomear o atendimento a jovens
em processo de escolha da carreira, com o objetivo de ajudar esse público perante o surgimento de novas
profissões e ocupações no contexto da Revolução Industrial.
Essa prática consistia em reunir conhecimento sobre as principais capacidades
(subjetivas e técnicas) dos jovens, assim como do universo profissional (profissões
em ascensão, habilidades para cada profissão etc.), para encaminhá-los para
ocupações adequadas ao seu perfil.
Com o tempo, esse campo se ampliou, passando a designar uma relação de ajuda direcionada a uma
pessoa em busca de alívio para suas tensões, esclarecimentos para suas dúvidas ou acompanhamento
decorrente de diversas problemáticas na educação, no âmbito profissional, ou mesmo emocional. Passou,
então, a não mais restringir-se ao fornecimento de informações, utilizando-se de testes psicológicos e de
orientação diretiva.
Em 1942, Carl Rogers produz uma nova ampliação, promovendo ainda mais a aproximação do
aconselhamento psicológico com a Psicologia Clínica, sobretudo na obra Counseling and Psychotherapy.
Para o autor, as semelhanças e diferenças entre esses campos não justificavam esse distanciamento, uma
vez que as duas práticas estão a serviço de pessoas em busca de ajuda para lidar com o sofrimento.
Atualmente, o aconselhamento psicológico ocorre mais no âmbito institucional, como escolas e
organizações, mas também é muito utilizado em hospitais, no sistema prisional e na rede de assistência
social.
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Carl Rogers.
É uma intervenção pontual e breve, indicada para os casos que envolvem um grau menor de sofrimento,
necessitam de maior diretividade, concentrando-se na resolução dos problemas apresentados pela pessoa.
Difere da psicoterapia, porque esta envolve um nível mais profundo de intervenção, que demanda processos
mais longos e geralmente é voltada para quadros mais graves de sofrimento.
Psicoterapia
Embora desde a antiguidade, com Hipócrates, existissem técnicas para “cuidar do espírito” que podem ser
nomeadas de psicoterapia, é no século XIX que essa prática começa a institucionalizar-se no meio médico e
acadêmico, utilizando-se da hipnose e sugestão como meio de intervenção.
Com as inovações introduzidas pela Psicanálise no início do século XX, surge a chamada “cura pela fala”,
sem a utilização da hipnose.
O que Freud cria, ainda sem conhecer as dimensões de sua utilização dentro e fora da Psicanálise, é um
campo em que a fala do paciente (ou cliente) é o centro da atenção, ao contrário da Psiquiatria, que se
utiliza da fala apenas para coletar sintomas e estabelecer um quadro diagnóstico que requer internação
(lembrando que aqui ainda estamos na era dos grandes manicômios) ou outras medidas terapêuticas que
eram prescritas na época, como banhos de água fria, sangrias, choques térmicos ou eletrochoques. Em
outras palavras, o que ele inaugura é a escuta terapêutica.
Sigmund Freud.
A partir daí outras abordagens, centradas nessa mesma relação de escuta e centralidade da fala, passam a
desenvolver novas direções teóricas para tratar do sofrimento das pessoas.
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Depois da Segunda Guerra Mundial, na Europa e nos Estados Unidos, importantes transformações se dão na
percepção e entendimento da construção da personalidade e nos conceitos de doença, fazendo emergir
novos e diferentes modos de tratamento. A partir da década de 1960, iniciando-se pela Itália, seguida de
França, Inglaterra e Estados Unidos e estendendo-se a várias partes do mundo, são feitas reformas
psiquiátricas que abolem os sistemas manicomiais de tratamento por internação e isolamento,
demandando formas ambulatoriais de tratamento do sofrimento.
Um novo e amplo campo de trabalho, antes praticamente todo restrito à Medicina, se abre para a Psicologia,
que já está bastante consolidada e institucionalizada academicamente como uma profissão de cuidado em
saúde mental.
Recomendação
A formação de novos psicoterapeutas ou psicanalistas varia entre 2 e 5 anos, dependendo da escola que a
propõe. É importante salientar que todo psicólogo formado e inscrito no Conselho Profissional tem
habilitação para realizar atendimentos, mas aconselha-se veementemente que aquele que quiser fazer
Psicoterapia ou Psicanálise realize uma formação complementar, uma vez que a formação em Psicologia é
generalista.
Os passos para a formação de psicólogos clínicos foram propostos por Freud e nomeados de “Tripé de
Formação”, mas hoje são modelo para formação em praticamente todas as escolas, independentemente da
corrente teórica a que se filie. São eles:
Fundamentação teórica
Estudo profundo das ciências humanas e biológicas, pois essa ação o levará ao estudo
continuado, que tanto contribuirá para o aperfeiçoamento técnico, como lhe permitirá cada
vez mais se sensibilizar diante dos problemas complexos do homem. Aqui, estão
contemplados também os estudos de casos clínicos.
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Principais abordagens teóricas da Psicologia Clínica
A Psicologia Clínica é uma área bastante peculiar, pois não possui uma uniformidade em seu campo de
conhecimento. Ao contrário, existem escolas (ou linhas, vertentes ou, ainda, correntes teóricas) que
possuem conceitos e termos particulares para definir processos decorrentes de entendimentos diferentes
do funcionamento psíquico, assim como de saúde e de doença.
Os termos utilizados pelos psicólogos indicam sua filiação a uma escola, assim,
quando você se diz um psicanalista ou terapeuta, que atende a um paciente ou
Psicoterapia pessoal
A personalidade do terapeuta será de muita influência no resultado pretendido com os
pacientes ou clientes. O enfrentamento de suas dificuldades e inseguranças, bem como a
elaboração de seu próprio narcisismo e onipotência, só podem ser trabalhados em um
processo terapêutico.
Prática supervisionada
Treinamento pessoal e específico, realizado por outro profissional mais experiente, que o
ajude a se sentir seguro e capaz de lidar com os problemas, sem conflitos e ansiedades tão
comuns aos iniciantes dessa prática. A supervisão é essencial no início da carreira, mas
também pode persistir por toda a prática. Consiste na contratação de um profissional mais
experiente, que escuta os relatos de atendimentos, visando apontar erros, indicar leituras e
permite aperfeiçoar as constantes reflexões sobre a fundamentação da Psicoterapia.
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cliente, que é um sujeitoou indivíduo, você já está indicando a sua filiação a uma
corrente de pensamento. Por isso, é necessário muito cuidado na escolha das
palavras, pois elas são chaves de entendimento que remetem a conceitos
diferentes.
Apresentaremos, a seguir, as principais linhas teóricas clínicas utilizadas no Brasil: a Psicanálise, a Gestalt-
terapia e a Terapia Cognitivo-Comportamental. Pela limitação deste espaço, sabemos que apenas
podemos apresentar as principais ideias que demarcam e diferenciam cada campo, sem a pretensão de
esgotá-lo. No decorrer do curso, vocês terão oportunidade de conhecê-las melhor, seja na grade curricular
ou por interesse pessoal.
Psicanálise
É uma tarefa muito difícil transmitir uma noção do que é a Psicanálise em poucas linhas, pois trata-se da
mais antiga, extensa e complexa teoria sobre o funcionamento psíquico. Extensa, pois, além dos 24 volumes
escritos por Freud, temos inúmeras obras escritas por seus críticos e dissidentes, ao longo de mais de 120
anos de sua existência. Complexa, pois uma única corrente é utilizada para explicar desde as formações
iniciais de vida psíquica do bebê, até as construções sociais mais contemporâneas.
Saiba mais
Todas as ideias da escola chamada Psicanálise são originadas na obra de um único homem, Sigmund
Freud. Nascido em 6 de maio de 1856 em uma pequena cidade situada atualmente no território da
República Checa, viveu a maior parte da sua vida em Viena e faleceu em 23 de setembro de 1939, em
Londres. De 1885 até sua morte, dedicou-se a construir a Teoria Psicanalítica.
Nos primeiros anos, debruçou-se sobre os estudos da histeria, sintomatologia de alta incidência na época,
utilizando-se do método hipnótico, aprendido com Jean-Martin Charcot, no Hospital de Salpêtrière em Paris,
em 1885. Esses estudos indicavam, já nessa época, os dois principais pilares da Psicanálise, quais sejam:

Etiologia sexual das neuroses

Descoberta do inconsciente
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Os pilares estão consolidados no livro A Interpretação dos Sonhos (Die Traumdeutung), em 1900,
considerada a obra inaugural da Psicanálise. Aos poucos vai abandonando a hipnose e aquilo que ele
denominou de método catártico, para estruturar a técnica da associação livre.
Nos Estudos sobre Histeria (1893-1895), Freud propõe que a formação dos sintomas histéricos se deve à
força exercida por desejos sexuais reprimidos pelo paciente, no intuito de obterem descarga (realização).
Tal hipótese, pressupõe que exista uma instância, que ele denominou de inconsciente (Ics), na qual esses
desejos pudessem permanecer velados.
Em A Interpretação dos Sonhos, ele expõe sua primeira noção de aparelho psíquico, conhecido como
“Primeira Tópica”. Nela, descreve o aparelho constituído por Inconsciente (Ics), Pré-consciente (Pcs) e
Consciente (Cs) e o modo como essas instâncias se relacionam determinando de forma única o
funcionamento de cada sujeito. Os sonhos, nesse contexto, seriam a prova da existência do inconsciente e
revelariam seu significado, por meio de um método de interpretação totalmente novo, em que a fala do
paciente se torna protagonista.
A fala do paciente deixa de ser um meio de obter informações sobre os sintomas de uma doença
preestabelecida, como na Psiquiatria tradicional, para se tornar o próprio objeto do tratamento e, portanto,
canal da cura. A “cura pela fala” (como foi batizado o método por uma das primeiras e talvez a mais famosa
paciente de Freud, Anna O.) consiste em entender e atribuir o valor de realidade ao que é dito pelo
analisando, ao contrário de tudo que era exercido nas práticas psiquiátricas da época. Aqui, não cabe
discutir se os sujeitos estão certos ou errados, mas entender e respeitar como formam a sua realidade. Esse
método inaugura um novo campo que estabelece balizas éticas tanto para a Psicanálise, como para a
Psicologia em geral até os dias de hoje.
Veja a seguir algumas publicações e ensaios posteriores importantes desenvolvidos por Freud:
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Nos anos posteriores, já com fama e notoriedade, Freud se dedica tanto à sistematização dos
conhecimentos já produzidos para transmitir aos novos psicanalistas, como à introdução de novas ideias,
entre elas, mecanismos de defesa, constituição das psicoses e o entendimento sobre fobias e neuroses
obsessivo-compulsivas, entre tantas outras. Surgem também os primeiros textos sobre a cultura e a
sociedade, como Moral Sexual Civilizatória e Totem e Tabu.
Nos anos de 1920, Freud faz uma nova grande virada em seus conceitos, introduzindo a ideia de Narcisismo
e de Pulsão de Morte, de onde decorre um novo entendimento do aparelho psíquico, que não exatamente
substitui a Primeira Tópica, mas a complexifica.
A chamada Segunda Tópica propõe uma concepção de aparelho psíquico formado pelo Id, Ego e Superego
(nas traduções mais contemporâneas, Id, eu e supereu), cada uma com funcionamentos distintos e porções
inconsciente e conscientes.
1901
Em 1901, Freud escreve Psicopatologia da Vida Cotidiana, em que enfrenta mais um
paradigma importante. Por meio da ideia de que sonhos, atos falhos e chistes, eventos
presentes na vida de todas as pessoas, são manifestações do inconsciente, ele dissolve a
distância entre o entendimento de vida normal e de neurose, tão cara à sociedade,
demostrando que o inconsciente exerce sua determinação sobre a vida não só dos
neuróticos, mas de todas as pessoas.
1905
Em 1905, em um de seus textos mais polêmicos, Três Ensaios sobre Sexualidade, ele
estabelece um dos principais e mais polêmicos pilares da teoria psicanalítica, a sexualidade
infantil. Duas ideias aqui merecem destaque: a de que a sexualidade não se reduz à
genitalidade, sendo libido, a energia que o sujeito dirige aos objetos de seus desejos. A outra
ideia diz respeito ao percurso por onde essa energia sexual se estrutura, estabelecendo os
estágios oral, sádico-anal e fálico como etapas do desenvolvimento psíquico normal, sendo
que, neste último, se dá o “Complexo de Édipo”, evento absolutamente central na formação da
personalidade.
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Nos anos seguintes, além de expandir a compreensão da Segunda Tópica, dedicando-se aos
desdobramentos e impactos teóricos dessas novas ideias, Freud escreve muitos textos sobre a cultura,
como Psicologia das Massas e Análise do Eu, O Futuro de uma Ilusão e o brilhante e importante ensaio O
Mal-estar na Civilização.
Com a iminência da Segunda Guerra Mundial e padecendo de um câncer de boca, Freud se muda para
Londres, onde morre em 1939, sem nunca cessar sua produção escrita. Nesse momento, duas correntes de
Psicanálise se formam: a escola inglesa, sob a liderança de Melanie Klein, e a Psicologia do Ego, que segue
as ideias de Anna Freud, filha mais nova de seu fundador. Nos anos de 1960, soma-se a estas escolas a
corrente Lacaniana, que se desdobra a partir da leitura de Jacques Lacan, denominada pelo próprio como
um retorno às ideias originais de Freud, numa crítica à estrutura de poder engendrada em torno da
transmissão da Psicanálise após a morte de seu fundador. Cabe também indicar a Psicologia Analítica,
escola formada pelos seguidores de Carl Gustav Jung, pupilo preferido de Freud nos primeiros anos, mas
que rompeu com este em 1914.
As diferenças entre o psicoterapeuta, psicanalista e
psiquiatra
Neste vídeo, a especialista Anelise Lusser expõe e caracteriza as diferenças entre psicólogo, psicoterapeuta,
psicanalista e psiquiatra. Vamos lá!

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Gestalt-terapia

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