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✓ São bens de titularidade do Estado, necessários ao desempenho de funções públicas, submetidos a um regime jurídico de direito público; ✓ Art. 98, CC. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. o Quem são as pessoas jurídicas de direito público interno? Art. 41, CC. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005) V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. o A definição do art. 98 limita-se a tratar dos bens pertencentes as pessoas jurídicas de direito público. Todavia, não relaciona os bens das pessoas jurídicas de direito privado (empresas públicas e sociedades de economia mista), afetos à prestação de serviços públicos. ✓ É possível ampliar a definição (Hely Lopes Meireles) de bens públicos, como aqueles pertencentes às pessoas jurídicas de direito público, integrantes da Administração direta e indireta, e aqueles que, embora não pertencentes a essas pessoas, estejam afetados à prestação de serviços públicos, o que acabaria por abranger, também, os bens diretamente relacionados aos serviços públicos executados por concessionários e permissionários. É o caso do particular exercendo o serviço público por delegação. Temos como exemplo, as companhias de energia elétrica e as de abastecimento de água; ✓ Em geral, os bens públicos podem ser alienados, desde que observados determinados procedimentos. ✓ Art. 100, CC. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. ✓ Art. 101, CC. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. ✓ BENS DE ALIENABILIDADE CONDICIONADA COM CONDIÇÃO GERAL: a CF prevê, como regra geral, a licitação para a alienação de bens públicos inclusive os pertencentes às autarquias e fundações. o REQUISITOS: ▪ Imóveis: interesse público justificado, avaliação precedente, licitação na modalidade pregão e autorização legislativa; ▪ Móveis: interesse público injustificado, avaliação precedente e licitação na modalidade leilão; o Art. 76, Lei 14.133/2021. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas: I - tratando-se de bens imóveis, inclusive os pertencentes às autarquias e às fundações, exigirá autorização legislativa e dependerá de licitação na modalidade leilão, dispensada a realização de licitação nos casos de: a) dação em pagamento; b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas “f”, “g” e “h” deste inciso; c) permuta por outros imóveis que atendam aos requisitos relacionados às finalidades precípuas da Administração, desde que a diferença apurada não ultrapasse a metade do valor do imóvel que será ofertado pela União, segundo avaliação prévia, e ocorra a torna de valores, sempre que for o caso; d) investidura; e) venda a outro órgão ou entidade da Administração Pública de qualquer esfera de governo; f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação e permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente usados em programas de habitação ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgão ou entidade da Administração Pública; g) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação e permissão de uso de bens imóveis comerciais de âmbito local, com área de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) e destinados a programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgão ou entidade da Administração Pública; h) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) onde incidam ocupações até o limite de que trata o § 1º do art. 6º da Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais; i) legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei nº 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública competentes; j) legitimação fundiária e legitimação de posse de que trata a Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017; II - tratando-se de bens móveis, dependerá de licitação na modalidade leilão, dispensada a realização de licitação nos casos de: a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de oportunidade e conveniência socioeconômica em relação à escolha de outra forma de alienação; b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública; c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica; d) venda de títulos, observada a legislação pertinente; e) venda de bens produzidos ou comercializados por entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades; f) venda de materiais e equipamentos sem utilização previsível por quem deles dispõe para outros órgãos ou entidades da Administração Pública. § 1º A alienação de bens imóveis da Administração Pública cuja aquisição tenha sido derivada de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento dispensará autorização legislativa e exigirá apenas avaliação prévia e licitação na modalidade leilão. § 2º Os imóveis doados com base na alínea “b” do inciso I do caput deste artigo, cessadas as razões que justificaram sua doação, serão revertidos ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada sua alienação pelo beneficiário. § 3º A Administração poderá conceder título de propriedade ou de direito real de uso de imóvel, admitida a dispensa de licitação, quando o uso destinar-se a: I - outro órgão ou entidade da Administração Pública, qualquer que seja a localização do imóvel; II - pessoa natural que, nos termos de lei, regulamento ou ato normativo do órgão competente, haja implementado os requisitos mínimos de cultura, de ocupação mansa e pacífica e de exploração direta sobre área rural, observado o limite de que trata o § 1º do art. 6º da Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009. § 4º A aplicação do disposto no inciso II do § 3º deste artigo será dispensada de autorização legislativa e submeter-se-á aos seguintes condicionamentos: I - aplicação exclusiva às áreas em que a detenção por particular seja comprovadamente anterior a 1º de dezembro de 2004; II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do regime legal e administrativo de destinação e de regularização fundiária de terras públicas; III - vedação de concessão para exploração não contemplada na lei agrária, nas leis de destinação de terras públicas ou nas normas legais ou administrativas de zoneamento ecológico-econômico; IV - previsão de extinção automática da concessão, dispensada notificação, em caso de declaração de utilidade pública, de necessidade pública ou de interesse social; V - aplicação exclusiva a imóvel situado em zona rural e não sujeito a vedação, impedimento ou inconveniente à exploração mediante atividade agropecuária; VI - limitação a áreas de que trata o § 1º do art. 6º da Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009, vedada a dispensa de licitação para áreas superiores; VII - acúmulo com o quantitativo de área decorrente do caso previsto na alínea “i” do inciso I do caput deste artigo até o limite previsto no inciso VI deste parágrafo. § 5º Entende-se por investidura, para os fins desta Lei, a: I - alienação, ao proprietário de imóvel lindeiro, de árearemanescente ou resultante de obra pública que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço que não seja inferior ao da avaliação nem superior a 50% (cinquenta por cento) do valor máximo permitido para dispensa de licitação de bens e serviços previsto nesta Lei; II - alienação, ao legítimo possuidor direto ou, na falta dele, ao poder público, de imóvel para fins residenciais construído em núcleo urbano anexo a usina hidrelétrica, desde que considerado dispensável na fase de operação da usina e que não integre a categoria de bens reversíveis ao final da concessão. § 6º A doação com encargo será licitada e de seu instrumento constarão, obrigatoriamente, os encargos, o prazo de seu cumprimento e a cláusula de reversão, sob pena de nulidade do ato, dispensada a licitação em caso de interesse público devidamente justificado. § 7º Na hipótese do § 6º deste artigo, caso o donatário necessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláusula de reversão e as demais obrigações serão garantidas por hipoteca em segundo grau em favor do doador. ✓ BENS DE USO COMUM E ESPECIAL AFETADOS SÃO INALIENÁVEIS; o Não é possível desafetar: ▪ TERRAS TRADICIONALMENTE OCUPADAS PELOS ÍNDIOS (art. 231, §4º, CF). Art. 231, CF. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. § 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis. ▪ TERRAS DEVOLUTAS OU ARRECADAS PELOS ESTADOS PARA PROTEÇÃO DE ECOSSISTEMAS NATURAIS (art. 225, §5º, CF). Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. ✓ Bens públicos não podem ser penhorados; ✓ FUNDAMENTO: Impossibilidade de utilizar práticas do cumprimento das obrigações de natureza privada aos bens públicos; ✓ CONSEQUÊNCIAS: o OBEDIÊNCIA AO REGIME DE PRECATÓRIOS (art. 100, da CF). Art. 100, CF. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). (Vide Emenda Constitucional nº 62, de 2009) (Vide ADI 4425) o EXECUÇÃO COM REGRAS DIFERENCIADAS (art. 534, e ss. E art. 910 do CPC); ✓ Os bens públicos são imprescritíveis (não estão sujeitos a usucapião); ✓ FUNDAMENTO: art. 183, §3º e art. 191, §único, CF; art. 102, CC e Súmula 340 do STF; ✓ CONSEQUÊNCIAS: o Independentemente do tempo de ocupação de seus bens, buscar a reintegração de sua posse; o As benfeitorias não são indenizáveis sem prévia notificação do Poder Público; ✓ Os bens públicos não podem ser onerados; ✓ FUNDAMENTO: decorre da impenhorabilidade e da inalienabilidade; ✓ CONSEQUÊNCIAS: o Eles não podem ser gravados com direitos reais sobre coisa alheia (penhor, hipoteca, anticrese); o Cláusulas que oneram são nulas de pleno direito; ✓ A propriedade advém de atos declaratórios (inter vivos ou causa mortis). Ex.: desapropriação e testamento que beneficiem a administração pública; ✓ Negócio jurídico praticado entre pessoas da Adm. Pública e particular. Ex.: compra e venda, doação, permuta e dação em pagamento. ✓ A propriedade advém de fenômenos da natureza. Ex.: formação de ilha, aluvião, avulsão, plantação, dentre outras. ✓ A propriedade advém de disposições legais ou destas associadas a atos de vontade. Podem ser causas jurídicas gerais ou específicas: o GERAIS: podem ser relacionadas tanto ao poder público como a particulares. Ex.: usucapião, arrematação, adjudicação e o resgate na enfiteuse; o ESPECÍFICAS: podem ser relacionadas apenas ao poder público. Ex.: abandono, herança renunciada e jacente, perdimento de bens, dentre outros. ✓ Uso comum e especial; ✓ Significa a atribuição fática ou jurídica de finalidade pública, geral ou especial, ao bem público. Ex: hospital em atividade, estrada com rodagem; ✓ Fato ou pronunciamento do Estado que incorpora uma coisa à dominialidade da pessoa jurídica ou, por outras palavras, o ato ou o fato pelo qual um bem passa da categoria de bem do domínio privado do Estado para a categoria de bem do domínio público; ✓ Dominical; ✓ É a retirada, fática ou jurídica, da destinação pública anteriormente atribuída ao bem público. Ex. prédio da Prefeitura sem utilização; ✓ Fato ou a manifestação de vontade do poder público mediante a qual o bem do domínio público é subtraído à dominialidade pública para ser incorporado ao domínio privado, do Estado ou do administrado; ✓ Os bens públicos apresentam diversos critérios de classificação, dentre os quais se destaca aquele previsto pelo art. 99 do CC: o Art. 99. São BENS PÚBLICOS: I - os de USO COMUM DO POVO, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de USO ESPECIAL, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os DOMINICAIS, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. ✓ Aqueles que, por determinação legal ou por sua própria natureza, podem ser utilizados por todos em igualdade de condições, sem necessidade de consentimento individualizado por parte da Administração; ✓ São de FRUIÇÃO AMPLA e ISONÔMICA: podem ser usados e fruídos, geralmente de forma gratuita, por toda a coletividade, de forma proporcional e em igualdade de condições; ✓ ENTE PÚBLICO TITULAR do bem do uso comum dispõe de COMPETÊNCIA PARA DISCIPLINAR SUA DESTINAÇÃO; ✓ O ENTE ESTATAL TITULAR do bem de uso comum é INVESTIDO DE UM PODER-DEVER de assegurar a compatibilização entre FRUIÇÃO INDIVIDUAL E A PRESERVAÇÃO DA SUA INTEGRIDADE por meio da polícia administrativa – estabelecimento de restrições e condicionamentos à fruição individual do bem. ✓ São INDISPONÍVEIS; ✓ São INALIENÁVEIS, enquanto conservarem esta qualificação; ✓ São IMPENHORÁVEIS (não podem ser utilizados para satisfação de dívidas constantes de precatórios judiciais), enquanto conservarem esta qualificação. ✓ São NÃO ONEROSOS (não podem ser oferecidos como garantia para a satisfação de um crédito), enquanto conservarem esta qualificação. ✓ Estão fora do comércio jurídico de direito privado; ✓ Enquanto mantiverem essa afetação, não podem ser objeto de qualquer relação jurídica regida pelo direito privado, como compra e venda, doação, permuta, hipoteca, penhor, comodato, locação, posse ad usucapionem etc; ✓ Inalienabilidade, no entanto, não é absoluta, a não ser com relação àqueles bens que, por sua própria natureza, são insuscetíveis de valoração patrimonial, como os mares, praias, rios navegáveis; os que sejam inalienáveis em decorrência de destinação legal e sejam suscetíveis de valoração patrimonial podem perder o caráter de inalienabilidade, desde que percam a destinação pública, o que ocorre pela desafetação; ✓ lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos marginaise praias fluviais; ✓ plataforma continental; ✓ praias marítimas; ✓ ilhas sob o domínio da União; ✓ mar territorial; ✓ cavidades naturais subterrâneas; ✓ bens que atualmente pertencem à União e aos que a ela vierem ser atribuídos que sejam de uso comum (exemplos: rodovias); ✓ terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. ✓ águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito (exceto as decorrentes de obras da União); ✓ áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros; ✓ as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; ✓ bens que atualmente pertencem aos Estados ou ao DF ou que a eles vierem ser atribuídos que sejam de uso comum (exemplo: rodovias). ✓ áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Estados ou terceiros; ✓ bens que atualmente pertencem aos Municípios e ao DF ou que a eles vierem ser atribuídos que sejam de uso comum (exemplos: ruas, avenidas e praças). ✓ Sim. Embora a Constituição expressamente se refira ao meio ambiente como bem de uso comum do povo (art. 225, CF), alguns recursos ambientais não são, na prática, de uso e fruição do povo. A necessidade de proteger recursos ambientais ameaçados tem propiciado, em muitos casos, a restrição absoluta à sua fruição; ✓ Exemplo: reserva biológica, sítio arqueológico e pré-histórico. ✓ Sim. Bens móveis também podem ser bens de uso comum do povo; ✓ Sim. Essa contraprestação normalmente é exigida para custear a polícia estatal sobre os bens de uso comum, consubstanciada em atividades de regulação, fiscalização e aplicação de medidas coercitivas visando a conservação da coisa pública e proteção do usuário; ✓ Exemplo: cobrança de estacionamento rotativo – zona azul – em áreas públicas; e cobrança de ingresso em parque público; ✓ Não. Porém, se submeterem-se à desafetação, que consiste no ato estatal unilateral, cuja formalização de autorização legislativa, por meio do qual o Estado altera o regime jurídico aplicável ao bem, poderá ser alienado; ✓ São todas as coisas, móveis ou imóveis, corpóreas ou incorpóreas, utilizadas pela Administração Pública para realização de suas atividades e consecução de seus fins; ✓ Afetados ao serviço da Administração; ✓ Aplicados ao desempenho das atividades estatais; ✓ Abrangem bens imóveis (repartições estatais) e bens móveis necessários ao desempenho da atividade administrativa estatal; ✓ Podem ser de titularidade de pessoa pública ou privada. ✓ São INDISPONÍVEIS; ✓ São INALIENÁVEIS, enquanto conservarem esta qualificação; ✓ São IMPENHORÁVEIS (não podem ser utilizados para satisfação de dívidas constantes de precatórios judiciais), enquanto conservarem esta qualificação. ✓ São NÃO ONEROSOS (não podem ser oferecidos como garantia para a satisfação de um crédito), enquanto conservarem esta qualificação. ✓ Faixa de fronteira, considerada fundamental para defesa do território nacional (art. 20, par. 2); ✓ Terras devolutas necessárias a certos fins públicos (ex: necessárias a defesa de fronteiras - art. 20, II); ✓ Terrenos de marinha (art. 20, VII); ✓ Terrenos acrescidos (formados naturalmente ou artificialmente); ✓ Potenciais de energia hidráulica (art. 20, VIII); ✓ Terras devolutas necessárias à proteção de ecossistemas naturais. ✓ Bens móveis e imóveis de domínio dos Estados e do Distrito Federal afetados a funções públicas. ✓ Bens móveis e imóveis de domínio dos Municípios e do Distrito Federal afetados a funções públicas. ✓ Sim, mas somente quando submeterem-se à desafetação. ✓ Sim. A reivindicação da restituição de posse é admitida quando a Administração tiver promovido desapropriação de fato (desapropriação sem ato administrativo formal e sem observância dos procedimentos estabelecidos no Decreto-Lei nº 3.365); ✓ A desapropriação de fato não encontra guarida na CF/88; ✓ Identificação excludente: bens de titularidade estatal que não se enquadram nas categorias de uso comum do povo e de uso especial; ✓ Tratam-se de bens móveis e imóveis que se encontram na titularidade estatal, mas que não se constituem em efetivo instrumento de satisfação de necessidades coletivas; ✓ Embora possam ser ociosos (ex: terras e imóveis sem destinação específica), também podem ser utilizados pelo Estado com o objetivo de obter renda. ✓ Podem ser alienados, observados os requisitos legais (art. 101, CC); ✓ Impossibilidade de usucapião (art. 183, §3º e art. 191, par. único, ambos da CF/88); o Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião; o Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. ✓ No silêncio da lei, ao direito privado. Pontes de Miranda (1954, v. 2:136): “na falta de regras jurídicas sobre os bens dominicais, incidem as de direito privado, ao passo que, na falta de regras jurídicas sobre bens públicos stricto sensu (os de uso comum e os de uso especial), são de atender-se os princípios gerais de direito público; ✓ Demonstração de interesse público; ✓ Avaliação patrimonial prévia; ✓ Licitação prévia, exceto nos casos de dação em pagamento, doação, permuta, investidura e venda a outro órgão ou entidade da administração pública, bem como alienação no âmbito de programas habitacionais e de regularização fundiária; ✓ Podem ser alienados, observados os requisitos legais; ✓ Depende de autorização legislativa prévia. ✓ Terrenos de Marinha; ✓ Recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; ✓ Recursos minerais; ✓ Jazidas e demais recursos minerais; ✓ Ilhas não afetadas. ✓ Bens que não são de uso comum do povo e de uso especial pertencentes ao domínio dos Estados e do DF; ✓ Terras devolutas de titularidade dos Estados e do DF em cujo território se localizem. ✓ Bens que não são de uso comum do povo e de uso especial pertencentes ao domínio dos Municípios e do DF; ✓ Terras devolutas de titularidade dos Municípios e do DF em cujo território se localizem. ✓ Sim. Um imóvel baldio de propriedade estatal pode ser transformado em praça ou nele haver a edificação de uma repartição pública; ✓ Este fenômeno é denominado de afetação do bem. ✓ Entendimento majoritário: admite-se a possibilidade da “afetação de fato” (afetação consolidada por circunstâncias fáticas, sem ato formal precedente, para bens afetados anteriormente à vigência da Constituição de 1988). Utilização dos bens públicos pode se dar pela Administração pública ou por particulares, podendo ser comum ou especial (esse uso não se confunde com a classificação). ✓ Usuário não é identificado e não há consentimento estatal específico. A utilização de um prédio público, por exemplo, pode ser comum ou especial. Pode haver, também, edição de regras de uso. O uso comum é relacionado ao uso para os fins normais a que o bem se destina, e deve ser gratuito; ✓ O que se exerce, em igualdade de condições, por todos os membros da coletividade; ✓ É, em geral, gratuito, mas pode, excepcionalmente, ser remunerado; no direito brasileiro, o artigo 103 do Código Civil expressamente permite que o uso de bens públicos seja gratuito ou remunerado, conformefor estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem; ✓ Está sujeito ao poder de polícia do Estado, que compreende a regulamentação do uso, a fiscalização e a aplicação de medidas coercitivas, tudo com o duplo objetivo de conservação da coisa pública (coibindo e punindo qualquer espécie de ação danosa por parte dos administrados) e de proteção do usuário (garantindo-lhe a fruição do bem público de acordo com a sua destinação); no exercício desse encargo, que constitui verdadeiro poder-dever do Estado, a Administração não precisa necessariamente recorrer ao Poder Judiciário, pois dispõe de meios próprios de defesa do domínio público, que lhe permitem atuar diretamente; é o privilégio da Administração que José Cretella Júnior chama de autotutela administrativa; ✓ O uso comum admite duas modalidades: o uso comum ordinário e o uso comum extraordinário: o Ordinário: é aberto a todos indistintamente, sem exigência de instrumento administrativo de outorga e sem retribuição de natureza pecuniária; o Extraordinário: está sujeito a maiores restrições impostas pelo poder de polícia do Estado, ou porque limitado a determinada categoria de usuários, ou porque sujeito a remuneração, ou porque dependente de outorga administrativa; ✓ Usuário é identificado, havendo necessidade de consentimento estatal específico (ou quando ocorre a obrigação de pagamento pelo uso – “uso remunerado” ou “oneroso”). A utilização de uma estrada, por exemplo, pode ser comum (trânsito livre) ou especial (pedágio). O uso especial é relacionado, normalmente, à utilização para fins diversos àqueles normais do bem, podendo ser gratuito ou oneroso. ✓ Forma de uso especial em que apenas determinadas pessoas utilizam-se de determinados bens públicos, por ato ou contrato administrativo. Ex: autorização e permissão de uso. ✓ Administração Pública confere, mediante título jurídico individual, a pessoa ou grupo de pessoas determinadas, para que o exerçam, com exclusividade, sobre parcela de bem público; ✓ Duas características essenciais: o a exclusividade na utilização da parcela dominial, para a finalidade consentida; o a exigência de um título jurídico individual, pelo qual a Administração outorga o uso e estabelece as condições em que será exercido; ✓ Títulos jurídicos individuais podem ser públicos ou privados. o Públicos: obrigatórios para o uso privativo de bens de uso comum e de uso especial, são a autorização, a permissão e a concessão de uso; o Privados: somente possíveis, em determinadas hipóteses previstas em lei, para os bens dominicais, abrangem a locação, o arrendamento, o comodato, a enfiteuse, a concessão de direito real de uso; ✓ AUTORIZAÇÃO DE USO: ato unilateral, discricionário e precário. Via de regra, foco no interesse do particular que a requer, sem necessidade de indenização. Independe de autorização legislativa ou licitação. Ex: instalação de circo, praça de alimentação em evento; o A utilização não é conferida com vistas à utilidade pública, mas no interesse privado do utente; o A autorização reveste-se de maior precariedade do que a permissão e a concessão; o É outorgada, em geral, em caráter transitório; o Confere menores poderes e garantias ao usuário; o Dispensa licitação e autorização legislativa; o Não cria para o usuário um dever de utilização, mas simples faculdade; ✓ PERMISSÃO DE USO: ato unilateral, discricionário e precário, prazo determinado ou indeterminado. Via de regra, foco no interesse público. Independe de autorização legislativa. Quando possível, deve ser por licitação. Revogação motivada. ex.: banca de jornal e via pública; o Enquanto a autorização confere a faculdade de uso privativo no interesse privado do beneficiário, a permissão implica a utilização privativa para fins de interesse coletivo; o Precariedade: é mais acentuada na autorização, justamente pelas finalidades de interesse individual; no caso da permissão, que é dada por razões de predominante interesse público, é menor o contraste entre o interesse do permissionário e o do usuário do bem público; o a autorização, sendo dada no interesse do usuário, cria para este uma faculdade de uso, ao passo que a permissão, sendo conferida no interesse predominantemente público, obriga o usuário, sob pena de caducidade do uso consentido ✓ CONCESSÃO DE USO: contrato administrativo com prazo determinado. Gera direito a indenização. Depende de autorização legislativa e licitação. Pode ser remunerada ou gratuita. Ex.: área em prédio público para exploração de estacionamento; o Contrato administrativo pelo qual a Administração Pública faculta ao particular a utilização privativa de bem público, para que a exerça conforme a sua destinação; o Elemento fundamental na concessão de uso é o relativo à finalidade. Ficou expresso no seu conceito que o uso tem que ser feito de acordo com a destinação do bem; o Quando a concessão implica utilização de bem de uso comum do povo, a outorga só é possível para fins de interesse público; o Não há uma lei geral nacional que tipifique a concessão de uso. Uma vez que a União tem competência para editar normas gerais sobre contratos administrativos (art. 22, XXVII, CF), entende-se que uma lei nacional com regras comuns seria possível. No entanto, a inexistência de lei geral sobre o instituto da concessão de uso não significa que não existam leis nacionais/federais que a prevejam; o A Lei 8.666/1993, no art. 2º, exige licitação prévia para as concessões contratadas pela Administração Pública com terceiros. Uma vez que a lei coloca a concessão de forma genérica, sem precisar se são apenas as concessões de serviço público ou as concessões de bens públicos, é possível interpretar de forma ampla tal dispositivo. Logo, aplica-se a obrigatoriedade de licitação para todas as espécies de concessão contratadas pela Administração Pública; o A celebração de contrato de concessão de uso depende de prévia licitação, dispensada ou inexigível nas situações previstas em lei, é o que entende a maioria dos autores (vide Meirelles, Gasparini, Di Pietro, Marçal, Oliveira, Carvalho Filho, Marques Neto); o Di Pietro fundamenta que, uma vez que a Lei 8.666/1993 não define a modalidade de licitação, a União deverá seguir as regras definidas em lei federal e os Municípios terão liberdade de escolher a modalidade, podendo aplicar por analogia o art. 23, II; o Carvalho Filho aponta que incidirá hipótese de inexigibilidade quando “não comportar regime normal de competição entre eventuais interessados”. Marques Neto exemplifica a utilização de parcela do mar territorial para implantação de parques de geração de energia eólica; neste caso não faz sentido licitar, pois é possível acolher todos os interessados em explorar esta atividade. ✓ Contrato que confere ao particular direito real de uso para utilização relacionada à interesse social. ✓ A concessão é admitida somente aos bens imóveis, públicos (contrato administrativo) ou privados (contrato de direito privado). Não havendo, portanto, possibilidade da outorga alcançar bens móveis; ✓ Disciplinado pelo Decreto-Lei 271/1967, o qual dispõe, entre outros temas, “sobre concessão de uso e espaço aéreo”. Suas normas tratam das seguintes características: o Destinada para bens públicos ou particulares (art. 7º); o Remunerada ou gratuita (art. 7º); o Pactuada por tempo certo ou indeterminado (art. 7º); o Se aplica para as seguintes finalidades específicas: “regularização fundiária de interesse social, urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das comunidades tradicionais e seus meios de subsistência ou outras modalidades de interesse social em áreas urbanas”. A Lei 11.481/2007 ampliou esses objetivos sociais1 (art. 7º); o Contratada por instrumento público ou particular, ou por simples termo administrativo (art. 7º, § 1º); o Inscrita ecancelada em livro especial do registro imobiliário (art. 7º, § 1º); o Desde a inscrição da CDRU, o concessionário fruirá do bem para os fins estabelecidos no contrato e responderá por todos os encargos civis, administrativos e tributários que venham a incidir sobre o imóvel e suas rendas (art. 7º, § 2º); o Resolve-se antes do prazo final se o concessionário der ao imóvel uma destinação diversa da estabelecida no contrato, perdendo, neste caso, as benfeitorias (art. 7º, § 3º); o Transfere-se por ato inter vivos ou por sucessão legítima ou testamentária, exceto se o contrato dispor de forma diferente (art. 7º, § 4º); ✓ Outro diploma normativo importante é a lei 8.666/1993. Nela, foram incluídas hipóteses de dispensa de licitação quando: o A CDRU for utilizada em programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública (art. 17º, f); o A CDRU se destinar a imóveis de uso comercial de âmbito local, com área de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) e inseridos nos mesmos programas da alínea f (art. 17º, h); o A CDRU ocorrer de terras públicas rurais da União, na Amazônia Legal, onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização fundiária (art. 17º, i); o Quando o uso se destinar a outro órgão ou entidade da Administração Pública (art. 17º, § 2º, I); o Quando se destinar a pessoa natural que aja implementado os requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e exploração direta sobre área rural limitada a quinze módulos fiscais, desde que não exceda a 1.500ha (mil e quinhentos hectares) (art 17º, § 2º, II); o Foi, ainda, previsto na Lei 8.666/1993, no art. 23, § 3º, que, na CDRU, a concorrência é a modalidade de licitação oportuna, qualquer que seja o valor de seu objeto. E, ainda, para a CDRU caberá o emprego do tipo de licitação maior lance ou oferta (art. 45º, § 1º, IV). ✓ Ainda para fins de programas/projetos de habitação de interesse social, o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), prevê, e seu art. 48, que: “Art. 48. Nos casos de programas e projetos habitacionais de interesse social, desenvolvidos por órgãos ou entidades da Administração Pública com atuação específica nessa área, os contratos de concessão de direito real de uso de imóveis públicos:” o I – terão, para todos os fins de direito, caráter de escritura pública, não se aplicando o disposto no inciso II do art. 134 do Código Civil; o II – constituirão título de aceitação obrigatória em garantia de contratos de financiamentos habitacionais. ✓ Figura equivalente ao usucapião especial (Especial Urbano - artigo 183 CF e 1.239 CC), porém, relacionada aos imóveis públicos; ✓ Considerada como um regime especial, por sua gratuidade (ou vedação de cobrança pelo uso), perpetuidade (não havendo possibilidade de se estipular termo final), vinculação (já a legislação confere um direito ao ocupante), unilateralidade (pois, em geral, não haverá contrato, mas sim termo) e concessão direta, sem licitação. ✓ Poucos são os instrumentos de outorga de uso de bens previstos na Constituição. Um deles é exatamente a concessão de uso especial para fins de moradia (CUEM). Em contraste com muitos institutos que surgiram apenas com a edição da legislação infraconstitucional e de modo esparso, a concessão em exame aparece de modo expresso no texto da Constituição Federal, no art. 183: “aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-se para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”; ✓ Como os imóveis públicos são imprescritíveis por norma constitucional (não se sujeitando a usucapião), a única medida que permite compatibilizar a permanência dos moradores com o domínio público do bem é a outorga de uso. E mais: para que se dê um mínimo de previsibilidade aos ocupantes, não seria adequado o emprego de outorgas precárias como a autorização ou a permissão de uso, daí porque o legislador bem apontou a figura da concessão de uso; ✓ Em 04 de setembro de 2001, ainda no ano em que se editara o Estatuto da Cidade, a Presidência da República aprovou a Medida Provisória n. 2.220. Nela, introduziu a concessão de uso especial de imóvel público situada em área urbana para fins de moradia em nove artigos que permaneceram intactos até a edição da MP n. 759 de 2016, convertida então na Lei n. 13.465, de 2017; ✓ Trata-se de um REGIME ESPECIAL, que fica evidente quando se recorda que as CONCESSÕES DE USO PRIVATIVO empregadas no direito público COSTUMAM SER ONEROSAS, ou seja, o concessionário paga um valor pelo uso privativo do bem público calculado, por exemplo, com base no seu potencial de exploração, em seu tamanho, localização e na duração do contrato, vedando-se concessões sem termo final. Além disso, a concessão de uso tradicional CONFIGURA UM CONTRATO, cuja celebração depende da iniciativa do ente público proprietário e do usuário. Sem essa CONJUNÇÃO DE VONTADES, não há concessão. E sempre que desejar conceder um bem, DEVERÁ A PRINCÍPIO REALIZAR UM PROCEDIMENTO LICITATÓRIO PARA GARANTIR IGUAL POSSIBILIDADE DE COMPETIÇÃO AOS INTERESSADOS no seu uso privativo; o Nos termos da MP n. 2.220, para que surja o direito subjetivo dos possuidores do imóvel público à concessão, inúmeros requisitos legais de natureza temporal, subjetiva, material e formal necessitam ser observados: ▪ Os requisitos temporais são de duas ordens. De um lado, há que se comprovar a posse por um período mínimo de cinco anos. Para tanto, não vale a posse interrompida, embora se permita a sucessão na posse pelo herdeiro legítimo que já residia no imóvel por ocasião da abertura da sucessão. De outro lado, é necessário que o prazo quinquenal tenha se exaurido até uma data limite – que, na redação revogada da MP, recaia no dia 30 de junho de 2011. Esse prazo foi prorrogado pela Lei nº 13.465/2017; ▪ O requisito subjetivo é relativamente simples. O possuidor não poderá ser proprietário, nem concessionário de qualquer outro imóvel rural ou urbano. Essa norma encontra suas bases na própria Constituição (art. 183, caput, parte final) e se aplica igualmente às transferências de concessão por ato inter vivos ou causa mortis; ▪ Os requisitos materiais consistem: (i) na utilização do imóvel público para moradia própria ou da família – segundo Carvalho Filho (2013 p. 482), o legislador teria exigido a presença do elemento subjetivo, a convicção do possuidor de que seria ele o dominus (animus possedendi); (ii) no limite de tamanho máximo para a concessão individual e mínimo e máximo, para a coletiva; (iii) na ausência de oposição à posse pelo Poder Público e (iv) na indivisibilidade do imóvel, apenas para a modalidade de concessão coletiva; ▪ Os requisitos formais abrangem: (i) a solicitação escrita, pelo possuidor, da concessão de uso especial na via administrativa e, apenas subsidiariamente, perante o Judiciário; (ii) a comprovação dos requisitos anteriores e (iii) se o imóvel for de propriedade da União ou de Estado da federação, a demonstração, “por certidão”, de que o Município atesta sua natureza urbana e sua destinação para moradia pelo ocupante ou sua família. A certidão, mencionada pela MP, necessita ser compreendida de modo relativo, sem prejuízo ao uso de outros meios equivalentes de prova (nesse sentido, também CARVALHO FILHO, 2013, p. 498); o A polêmica Lei n. 13.465, resultante da conversão da Medida Provisória n. 759/2016, surgiu com o objetivo de rever a política de regularização fundiária rural e urbana no Brasil. Sob esse escopo, além de alterar boa parte da legislação urbanística, ela sistematizou os institutos jurídicos empregados para fins de reurbanização, tornando mais claras as soluçõespara os problemas constantes de ocupação para fins de moradia: ▪ Prazo de aquisição do direito – antes de 2017, a CUEM havia ficado restrita aos ocupantes que tivessem comprovado a posse quinquenal sobre o imóvel público urbano até 30 de junho de 2001. com a lei, o prazo foi bastante alargado e passou para dia 22 de dezembro de 2016. Com isso, foram beneficiados ocupantes que não tinham logrado atingir os cinco anos de posse até 2001, bem como aqueles que iniciaram as ocupações após a MP n. 2.220 e conseguiram os requisitos até o final de 2016; ▪ Característica do imóvel: antes de 2017, a legislação se referia à ocupação de imóvel público situado em área urbana. A partir de então, fala-se da ocupação para moradia de área com características e finalidade urbanas. Com isso, o legislador aparentemente buscou deixar de lado a questão mais rígida do perímetro urbano, de modo a permitir a CUEM em áreas que não estejam dentro dele, mas demonstram características urbanas, sobretudo em termos de serviços e de infraestruturas; ✓ Para Hely Lopes Meirelles, a “Cessão de uso é a transferência gratuita da posse de um bem público de uma entidade ou órgão para outro, a fim de que o Cessionário o utilize nas condições estabelecidas no respectivo termo, por tempo certo ou indeterminado. É ato de colaboração entre repartições públicas, em que aquela que tem bens desnecessários aos seus serviços cede o uso a outra que deles está precisando.”; ✓ No mesmo sentido, José dos Santos Carvalho Filho refere que a “Cessão de uso é aquela em que o Poder Público consente o uso gratuito de bem público por órgãos da mesma pessoa ou de pessoa diversa, incumbida de desenvolver atividade que, de algum modo, traduza interesse para a coletividade. A grande diferença entre a cessão de uso e as formas até agora vistas consiste em que o consentimento para a utilização do bem se fundamenta no benefício coletivo decorrente da atividade desempenhada pelo cessionário. (…) A formalização da cessão de uso se efetiva por instrumento firmado entre os representantes das pessoas cedente e cessionária, normalmente denominado de “termo de cessão” ou “termo de cessão de uso”. O prazo pode ser determinado, e o cedente pode a qualquer momento reaver a posse do bem cedido. Por outro lado, entendemos que esse tipo de uso só excepcionalmente depende de lei autorizadora, porque o consentimento se situa normalmente dentro do poder de gestão dos órgãos administrativos. Logicamente, é vedado qualquer desvio de finalidade, bem como a extensão de dependências cedidas com prejuízo para o regular funcionamento da pessoa cedente; ✓ Matheus Carvalho em sucinta prescrição corrobora a afirmativa no sentido de que cessão de uso é o instituto “normalmente feito entre órgãos ou entidades públicas, tem a finalidade de permitir a utilização de determinado bem público por outro ente estatal, para utilização no interesse da coletividade”. ✓ Parecer Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo: BENS PÚBLICOS. PODER DE POLÍCIA. Autotutela administrativa. Autoexecutoriedade de atos administrativos necessários à manutenção ou retomada da posse, a qualquer tempo, de bens públicos de uso comum ou especial. Bens Públicos jungidos aos ditames do Direito Público. Inaplicabilidade da restrição temporal estabelecida no §1º, do artigo 1210 do Código Civil. Utilização de força policial. Precedentes: Parecer PA nº 29/2008 e GPG/Cons nº 37/2014. (...) vê-se, pois, que o exercício da autotutela, pela Administração Pública, na defesa da posse de bens públicos, não é algo novidadeiro. Ao contrário, está sedimentada no Direito Administrativo brasileiro, encontrando esteio, ainda, no direito comparado. (...) Dirigindo-me à conclusão deste parecer posso afirmar, sem dúvidas, e com esteio na melhor doutrina, jurisprudência e precedentes pareceres da Procuradoria-Geral do Estado, que à Administração Pública é facultado manter ou retomar a posse de seus bens em caso, respectivamente, de turbação ou esbulho, independentemente de ordem judicial. Se até mesmo ao particular é excepcionalmente garantida, em caso de turbação ou esbulho, o exercício da autotutela, certamente a Administração Pública também poderá exercê-la. (Parecer AJG nº 193/2016, aprovado pelo PGE em 10.05.2016; ✓ ADPF 412/DF. AG.REG. NA ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 412 DISTRITO FEDERAL RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES AGTE.(S) :PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE - PSOL ADV.(A/S) :ARI MARCELO SOLON E OUTRO(A/S) AGDO.(A/S) :PROCURADOR GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO EMENTA: CONSTITUCIONAL. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. AUSÊNCIA DE EFICÁCIA VINCULATIVA DE PARECER DA PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO. INEXISTÊNCIA DE EFEITOS CONCRETOS. OBJETO NÃO SUSCETÍVEL DE CONTROLE VIA ADPF. 1. O parecer jurídico de caráter meramente opinativo, editado por órgão da Advocacia Pública no exercício de seu mister constitucional de consultoria e assessoramento jurídico aos Entes públicos (art. 132 da CF), não se qualifica como ato do poder público suscetível de impugnação via arguição de descumprimento de preceito fundamental, uma vez que não produz, por si só, nenhum efeito concreto que atente contra preceito fundamental da Constituição Federal. 2. Agravo regimental conhecido e desprovido. O Código de Processo Civil de 2015 reservou, para as ações possessórias, todo o Capítulo III do Título III (“Dos Procedimentos Especiais”), organizando em três seções, a saber, “Disposições Gerais” (arts. 554 a 559), “Da Manutenção e da Reintegração de Posse” (arts. 560 a 566) e “Do Interdito Proibitório” (arts. 567 a 568). Assim, fundamentalmente, temos três demandas possessórias mais frequentes: ✓ AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE: em caso de esbulho (privação ou perda da posse); o APELAÇÃO CÍVEL. POSSE DE BENS IMÓVEIS. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. BEM PÚBLICO MUNICIPAL. 1. Concessão a servidor militar, pela municipalidade, de direito provisório de uso de imóvel integrante de loteamento de propriedade do ente público. Falecimento do policial militar e ocupação pela parte requerida, a partir de suposto acerto verbal com a viúva do brigadiano. 2. Situação de mera detenção, da qual, como decorrência (inexistindo posse pelos atuais ocupantes do imóvel), inexistirá também o pretenso direito à indenização por acessões e benfeitorias, estando ou não caracterizado o estado anímico da boa-fé. Precedentes. 3. Remoção dos invasores que não está condicionada à sua prévia realocação pelo Município. APELAÇÃO DESPROVIDA. (TJRS. 70074477233, 2017); o APELAÇÃO CÍVEL. POSSE (BENS IMÓVEIS). AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. POSSE JURÍDICA SUFICIENTEMENTE DEMONSTRADA. ÁREA PÚBLICA, PERTENCENTE A MUNICÍPIO. ESBULHO CARACTERIZADO. Inarredável o direito possessório da Fundação Pública sobre a área ocupada, ante a natureza pública do bem, a qual lhe confere a chamada posse jurídica, que dispensa maiores indagações sobre sua existência e anterioridade. Esbulho também caracterizado, até porque o particular somente poder exercer, legitimamente, posse exclusiva sobre bem público mediante autorização, concessão ou permissão da Administração Pública, hipóteses não verificadas no caso. PRESCRIÇÃO AQUISITIVA. BEM DE NATUREZA PÚBLICA. BEM INSUSCETÍVEL DE PRESCRIÇÃO AQUISITIVA. INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS OU ACESSÕES. INDEFERIMENTO. INCOMPATIBILIDADE DO PEDIDO COM A NATUREZA PÚBLICA DO BEM. PRECEDENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ART. 183, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E DIREITO À MORADIA. A promoção da justa distribuição da propriedade e o condicionamento de seu uso ao bem estar social são funções do Estado, ante o poder geral a ele conferido pela Carta Política em vigor. É defeso ao particular, porém, qualquer que seja o motivo ou o pretexto apresentado (inclusive o de não possuir outro local para fixar sua moradia), invadir propriedadealheia, com o intuito de fazer cumprir sua função social. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (TJRS. 70083257428, 2019); ✓ AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE: em caso de turbação (embaraço ou perturbação da posse); o APELAÇÃO CÍVEL. POSSE (BENS IMÓVEIS). APRECIAÇÃO CONJUNTA. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE E MANUTENÇÃO DE POSSE. INDENIZAÇÃO E RETENÇÃO POR BENFEITORIAS. BEM PÚBLICO. DETENÇÃO. Em razão da natureza pública do bem, resta inviável indenização pelas benfeitorias realizadas no imóvel. Súmula n. 619 do Superior Tribunal de Justiça. No caso, embora a boa-fé na ocupação, na condição de mero detentor com exercício de posse por permissão de uso em bem público, não há cogitar no direito à indenização ou retenção por benfeitorias. Sentença mantida. À UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. (TJRS. 70083583286, 2020); ✓ INTERDITO PROIBITÓRIO: em caso de ameaça à posse. o APELAÇÃO CÍVEL. POSSE (BENS IMÓVEIS). AÇÃO DE INTERDITO POSSESSÓRIO. EXTINÇÃO DA AÇÃO. AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL. REQUISITOS DA AÇÃO AUSENTES. AMEAÇA CONCRETA À POSSE OU TEMOR DE AGRESSÃO NÃO DEMONSTRADOS. O interdito proibitório constitui-se no remédio processual que o possuidor utiliza quando houver ameaça à sua posse, ou temor de uma agressão, os quais têm que ser concretos. Não havendo ameaça injusta à posse, pautada a pretensão apenas na suposição de que terreno do Município venha a ser ocupado, em razão do histórico de invasões irregulares verificado em áreas públicas, conclui-se pela ausência dos requisitos autorizadores do interdito possessório. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME. (TJRS. 70077339778, 2018).
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