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atendimento ao paciente idoso com dificuldade respiratória

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INTRODUÇÃO: 
Inicialmente, é importante ressaltar que, segundo uma pesquisa de um sistema 
informações sobre mortalidade do SUS, o índice de morte de idosos por afecções respiratórias 
só aumentou nas últimas décadas, entre essas doenças podemos pode citar as bronquites, 
enfisema, asma, pneumonia, doença pulmonar obstrutiva crônica DPOC e outros problemas 
respiratórios não especificados. 
Além disso, os autores pontuam que o tabagismo é um fator determinante para o 
comprometimento do sistema respiratório, sobretudo naqueles idosos que possuem o hábito 
por longos anos. E também pontuam que a diminuição da resposta imune é determinante para 
aumento da suscetibilidade às infecções das vias respiratórias. 
PERIODONTOPATIAS E DOENÇAS RESPIRATÓRIAS: 
Uma relação que já foi bem estabelecida entre a odontologia e a medicina e a 
interrelação das periodontopatias e as doenças respiratórias, isso vai acontecer porque a doença 
periodontal atua como um foco de contaminação e proliferação de bactérias 
periodontopatogênicas e, sobretudo em pacientes imunodeprimidos, a disseminação pode ser 
facilitada. 
Outra característica presente na periodontite que afeta diretamente a saúde dos 
pacientes asmáticos é a produção de metaloproteinases um grupo de enzimas que são 
responsáveis pela degradação da matriz extracelular e das membranas basais. Entretanto, essa 
atuação não se limita ao ligamento periodontal, dessa forma pode intensificar também a 
degradação das proteínas estruturais do tecido pulmonar, causando a remodelação dos 
brônquios e pode vir a causar as crises asmáticas 
Outro fator importante é evidenciar a necessidade do cirurgião dentista dentro da 
equipe de tratamento hospitalar, sobretudo naqueles pacientes que se encontram sobre terapia 
intensiva em UTI, estes estão com as defesas comprometidas e a doença periodontal pode ser 
exacerbada e influenciar o curso das pneumonias, aquelas que são chamadas de nosocomiais. 
PADRÃO RESPIRATÓRIO DO IDOSO: 
Já em relação ao padrão respiratório do idoso as alterações relacionadas a senescência, 
ou seja, alterações fisiológicas normais, não determinam nenhuma intervenção clínica 
específica. Esse padrão só vai ser alterado naqueles idosos que apresentam a coexistência de 
fatores externos e de doenças como a asma, respiração bucal, doença pulmonar obstrutiva 
crônica, obesidade, medicamentos e tabagismo. 
PNEUMONIA NOSOCOMIAL: 
O tipo de pneumonia mais associado à odontologia em idosos é a pneumonia 
nosocomial, é o tipo de pneumonia associada à ventilação mecânica, é bastante frequente nas 
UTIS e como fatores etiológicos temos as bactérias colonizadoras e oportunistas da cavidade 
oral. Ou seja, esse paciente aspira essa secreção que fica na região da orofaringe. Segundo alguns 
dados estatísticos é a 2 infecção mais adquirida em âmbito hospitalar em idosos e é bastante 
grave, visto que a taxa de mortalidade gira em torno de 80%. 
ASMA BRÔNQUICA: 
Já em relação a asma brônquica é uma doença pulmonar obstrutiva que se caracteriza 
pelo aumento da reatividade da traqueia e dos brônquios a vários estímulos que vão reagir com 
o estreitamento das vias aéreas. 
Ela é caracterizada pela sibilância recorrente e associada à infecção das vias aéreas. Essa 
sibilância são ruídos ouvidos durante a auscultação no exame físico ou relatados pelo paciente 
durante sua respiração, geralmente chamados de chiados no peito, miado de gato e outros 
nomes popularmente. 
Essa imagem descreve bem o que acontece nas vias aéreas dos pacientes portadores de 
asma, em pacientes normais o lúmen das vias respiratórias fica amplo e desobstruído, em 
asmáticos essa reatividade aumentada e vai promover um estreitamento que já vai influenciar 
na capacidade respiratória do paciente, mas em casos de crise asmática em que o paciente é 
exposto à algum fator desencadeante essa reatividade se torna ainda maior e pode nos casos 
mais graves causar a obstrução total do lúmem dos brônquios e da traqueia. 
Os ataques ou crises asmáticas pode ser desencadeados por diversos fatores como: 
situações de estresse, sejam elas por distúrbios emocionais ou por uma consulta odontológica 
por exemplo, fatores inespecíficos como alterações no clima e na pressão, inalação de ar frio ou 
irritantes: como fumaça de cigarro, gasolina, tinta fresca, exposição à alérgenos específicos, 
ingestão de medicamentos com salicilatos ou sulfitos que são componentes em que o paciente 
asmáticos costuma ter reações. 
Por isso, durante a nossa prática odontológica precisamos usar de artifícios que busquem 
controlar a ansiedade e nervosismo do paciente, evitar estímulos dolorosos, odores irritantes, 
esforço físico. Durante o atendimento, é essencial que o CD tenha cuidados específicos com 
pacientes portadores da asma, visto que, produtos incluindo dentifrícios, selantes oclusais, 
poeira de esmalte dentário, metilmetacrilato e látex têm sido associados às crises agudas. 
Essas crises asmáticas podem variar desde de manifestações leves até quadros mais 
graves que precisem de uma intervenção à nível hospitalar, nas crises mais brandas ficam mais 
evidentes os sibilos, tosse, falta de ar e uma sensação de pressão no tórax. Já quando o quadro 
evolui sua gravidade podemos perceber uma diminuição dos sibilos, já que as vias aéreas 
encontram muito estreitas e pouquíssimo ar está passando, confusão e letargia pois há uma 
redução da oxigenação dos tecidos corporais, por isso também observamos cianose que a aquela 
coloração azulada da pele, unhas e lábios e nos casos mais graves pode evoluir para uma perda 
de consciência. No tratamento odontológico temos que ter em mente que a ansiedade é um 
fator determinante para a complicação do quadro clínico do paciente. 
Em casos de o paciente apresentar sinais e sintomas de uma crise asmática no 
consultório devemos suspender o atendimento e orientar o paciente a fazer o uso de sua 
medicação de alívio, ou seja, deve fazer uso de seu corticoesteróide ou broncodilatador sob a 
forma de aerossol de uso habitual e observar e acompanhar o paciente até que o mesmo se 
encontre estável. 
Já em casos de crises graves além do uso dos aerossóis, podemos administrar 1 ampola 
de hidrocortisona 100mg e 1 ampola de prometazina 50mg, por via intramuscular ou 
intravenosa. Caso o quadro ainda não estabilize podemos administrar por via intramuscular 0,5 
ml da solução de epinefrina 1:1.000 e repetir a dose a cada 5-10 min, caso seja necessário. 
Aguardar o serviço de emergência e informar aos socorristas as medicações utilizadas. Além 
disso, oxigenioterapia pode ajudar a manter o conforto respiratório do paciente. 
Ainda sobre o tratamento, esses medicamentos broncodilatadores de uso crônico 
podem causar alguns efeitos na cavidade bucal, como a retenção do fármaco na orofaringe pode 
alterar a função salivar e sua ação protetora, assim aumenta o risco de patologias como a cárie, 
erosão dentária, doença periodontal e candidíase oral. Indivíduos asmáticos apresentaram fluxo 
salivar diminuído e maior acidez do pH do biofilme bacteriano, fatores que podem contribuir 
para o desenvolvimento de lesões de cárie. 
O uso prolongado de medicamentos inalatórios e o déficit imunológico do paciente 
favorece o aparecimento dessas lesões, visto que, parte do medicamento fica retido na 
orofaringe tornando o ambiente propício para o desenvolvimento da infecção fúngica. Uma 
medida simples e eficaz é a realização do enxágue da boca após inalar o medicamento. 
ANESTÉSICOS LOCAIS E IDOSOS COM DOENÇAS RESPIRATÓRIAS: 
Em relação ao uso de anestésicos com vasoconstrictor adrenérgico em idosos asmáticos 
é importante entender que a epinefrina em si poderia ser benéfica para esses pacientes, pois 
age sobre os receptores beta 2 que estimulam um relaxamento da musculatura bronquiolar e 
consequentemente uma melhoria na respiração. Entretanto, pacientes que fazem uso crônico 
de corticoesteróides costumamter histórico de alergia a sulftitos, bisulfito e o metabisulfito de 
sódio, que são conservantes que além de estarem presentes em produtos alimentícios também 
são incorporados nos anestésicos locais com vasoconstrictor adrenérgico para evitar a oxidação 
e inativação deles. Então, nossa escolha deve ser a prilocaína 3% com felipressina. 
TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA: 
Já em relação a terapêutica medicamentosa, segundo estudos cerca de 10% dos 
asmáticos possuem alergia a aspirina e são mais suscetíveis a demonstrar sensibilidade cruzada 
com outros anti inflamatórios não esteroidais (AINES). A prescrição desses AINES pode ser 
totalmente contraindicada a depender da gravidade da doença e do seu nível de controle. 
A alternativa para esses pacientes seria a prescrição de corticoesteróides, mas por outro 
lado tais medicamentos podem trazem alguns efeitos indesejados como distúrbios de humor, 
anormalidade dos índices glicêmicos (aumenta o armazenamento e produção de açúcar pelo 
sangue) distúrbios de imunidade, descontrole da PA (interfere no equilíbrio hidroeletrolítico do 
corpo) entre outros... 
Sendo assim, para o regime de analgesia dos asmáticos podemos optar pelo paracetamol 
associado ou não com a codeína e se for necessária a sedação podemos fazê-la pela via inalatória 
com o óxido nitroso. 
 
OUTRAS DIFICULDADES RESPIRATÓRIAS 
 
Bronquite crônica: caracterizada pela presença de tosse e expectoração por mais de 3 meses 
consecutivos por Ano durante um período de 2 anos Além de sibilancia, falta de ar, dispneia 
aos esforços e infecções respiratórias frequentes 
 
Enfisema pulmonar: destruição das paredes alveolares, sem fibrose óbvia. O que gera um 
aumento anormal e permanente dos espaços alveolares distais ao bronquíolo terminal. Essa 
situacao produz uma diminuição da elasticidade pulmonar, favorecendo o colapso e a 
obstrução das vias aéreas periféricas 
 
Asma crônica: pacientes asmáticos com doença totalmente reversível, possam, ao longo do 
tempo, na ausência de tratamentos adequados, permanecer como asma crônica que se 
apresenta com alterações estruturais nas vias aéreas e no parênquima pulmonar, 
apresentando obstrução do fluxo aéreo parcialmente irreversível e indistinguível da DPOC 
caracterizado a como enfisema pulmonar 
 
Isoladamente ou Combinadas, constituem a DPOC ( Doença pulmonar obstrutiva crônica). A 
DPOC é uma condição que causa alterações nas vias aéreas causadas pela exposição a 
partículas nocivas. Em pacientes idosos quando associados a fatores como deficiência 
nutricional, presença de outras doenças crônicas e falta de exercícios físicos. Podem agravar o 
quadro. Pacientes que estão em asilos e internados tem maior chance de serem portadores 
dessa doença. 
 
 A associação da DPOC com a doença periodontal pode ocorrer devido à aspiração de bactérias 
patogênicas existentes na cavidade bucal, além de xerostomia e aumento da doença cárie pela 
diminuição do fluxo salivar. 
 
Para mais, pacientes respiradores bucais, com insuficiência cardíaca, rinite alérgica e tabagismo 
crônico também apresentam dificuldade respiratória e interfere no atendimento odontológico. 
 
Assim o manejo para estes pacientes (DPOC E OS ULTIMOS Listados) 
 
• Evitar cadeira na posição supina – não posicionar a cadeira entre 60°- 180° 
 
• Cautela no uso de anestésico local em forma de spray nebulizador (ex. Lidocaína 10% - 
Xylestin)-idosos são mais sensíveis a efeitos tóxicos do seu uso sistêmico, deve-se então 
reduzir as doses e Orientar ao idoso não engolir a saliva logo após a nebulização para evita 
anestesia da orofaringe 
 
• Cautela na anestesia bloqueio regional – troncular – (evita-se a anestesia bilateral) pois 
pode anestesiar a orofaringe dando sensação de sufocamento 
 
• Atenção a vazão de água da caneta de alta rotação – minimizar o engasgo, 
sufocamento, tosse ou exacerbação da crise asmática 
 
• Informar sobre o procedimento e faze-lo de forma lenta, cuidadosa, e gentil com 
pequenas paradas no processo para o paciente recuperar e descansar a respiração 
 
• Aspiração suficiente durante o procedimento 
 
Artigo: O artigo é uma revisão de literatura que traz as principais doenças respiratórias na 
geriatria. Suas etiologias e características bucais. Mediante a isso apresenta intervenções 
odontológicas que diminuem as afecções respiratórias nos idosos. Dentre eles estão: 
 
• Uma limpeza bucal adequada é parte primordial dos procedimentos de prevenção e 
tratamento das afecções respiratórias em idosos acamados, dentre as quais se destacam as 
pneumonias, de grande incidência Morbidade e mortalidade neste grupo de pacientes. 
 
• A eficiência de um protocolo de higienização depende do conhecimento sobre meios 
de limpeza bucal disponíveis e indicados para cada ano entre o corpo de enfermagem e os 
cuidadores dos pacientes sendo a participação de um cirurgião-dentista fundamental neste 
processo, sendo, indicada escovação dentária após cada refeição e, se esta não for possível, 
bochechos ou limpeza da cavidade bucal com gaze embebida em clorexidina com a observação 
de que em pacientes com xerostomia os bochechos não devem conter álcool na sua 
formulação 
 
• Nos portadores de próteses, recomendam-se diariamente bochechos ou aplicação 
tópica de antifúngico para controle da candidíase entre os acamados e com pneumonia. 
Devem-se remover as próteses durante a noite deixando-as imersas em um copo com solução 
de clorexidina que deve ser trocada diariamente. Semanalmente, podem-se utilizar soluções de 
limpeza própria para próteses pastilhas efervescentes) 
 
• A limpeza do dorso da língua deve ser executada com limpadores plásticos específicos 
ou com uma espátula envolvida numa gaze após as refeições, pois ajuda na recuperação da 
capacidade gustativa dos pacientes, gerando maior adesão a uma dieta balanceada e , em 
pacientes intubados, preconiza-se a remoção da crosta que se forma na cavidade bucal com 
uma haste de algodão ou gaze embebida em solução bactericida diariamente, bem como 
umedecer suas mucosas e lábios constantemente

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