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Apelação - Ordinário

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SITUAÇÃO HIPOTÉTICA 
No dia 01 de janeiro de 2021, Arthur, com 18 anos de idade, em uma casa de 
entretenimento noturno com outros amigos, conheceu Helen, linda jovem, por quem se 
apaixonou. Após conversarem e trocarem beijos, resolveram ir para um local mais reservado. 
Nesse local trocaram carícias, e Helen, de forma voluntária, praticou sexo oral e vaginal com 
Arthur. Depois da noite juntos, ambos foram para suas casas, tendo antes trocado telefones e 
contatos nas redes sociais. No dia seguinte, Arthur, ao acessar o perfil de Helen no instagram, 
descobre que, apesar da aparência adulta, esta possui apenas 13 (treze) anos de idade, tendo 
Arthur ficado preocupado com essa informação. O seu receio foi corroborado com a chegada 
da notícia, em sua residência, da denúncia movida por parte do Ministério Público, pois o pai 
de Helen, ao descobrir o ocorrido, procurou a autoridade policial, narrando o fato. Por Helen 
ser inimputável e contar, à época dos fatos, com 13 (treze) anos, tendo sido apresentado 
documento hábil para comprovar a idade da moça, o órgão titular da ação penal denunciou 
Arthur pela prática de dois crimes de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217- A, na forma 
do artigo 70, ambos do Código Penal. O Parquet requereu o início de cumprimento de pena no 
regime fechado, com base no artigo 2º, §1º, da lei 8.072/90, e o reconhecimento da agravante 
da embriaguez preordenada, prevista no artigo 61, II, alínea “l”, do CP. O processo teve início 
e regular prosseguimento na 4ª Vara Criminal da cidade de Vila Velha, no Estado do Espírito 
Santo. Arthur respondeu ao processo em liberdade. O processo tramitou regularmente. 
Na audiência de instrução e julgamento, a vítima afirmou que aquela foi a sua 
primeira noite, mas que tinha o hábito de fugir de casa com as amigas para frequentar boates 
de adultos. Logo após, verificou o magistrado que as testemunhas de acusação não 
compareceram e, diante disso, por economia processual, determinou a oitiva das testemunhas 
de defesa presentes, apesar de o advogado de Arthur se insurgir contra esse fato. Na ocasião, as 
testemunhas de defesa, amigos de Arthur, disseram que o comportamento e a vestimenta de 
Helen eram incompatíveis com uma menina de 13 (treze) anos e que qualquer pessoa acreditaria 
ser uma pessoa maior de 14 (quatorze) anos, e que Arthur não estava embriagado quando 
conheceu Helen. Foi designada nova audiência, ocasião em que foram ouvidas as testemunhas 
de acusação, as quais afirmaram que não viram os fatos e que não sabiam das fugas de Helen 
para sair com as amigas. O réu, em seu interrogatório, disse que se interessou por Helen, por 
ser muito bela, ter um excelente bate-papo e estar bem-vestida. Afirmou que não perguntou a 
sua idade, pois isso não se faz num primeiro encontro, bem como acreditou que no local 
somente pudessem frequentar pessoas maiores de 18 (dezoito) anos. Corroborou que praticaram 
 
o sexo oral e vaginal na mesma oportunidade, de forma espontânea e voluntária por ambos. 
Foram juntadas aos autos a prova pericial que atestou que a menor não era virgem, mas não 
pôde afirmar que aquele ato sexual foi o primeiro da vítima, pois a perícia foi realizada meses 
após o ato sexual e a Folha de Antecedentes Criminais (FAC) do acusado, que indicava a 
existência de duas condenações por crimes praticados antes deste fato, embora nenhuma delas 
com trânsito em julgado. 
Em alegações finais, o Ministério Público requereu a condenação de Arthur 
nos termos da denúncia, enquanto a defesa buscou as teses pertinentes ao caso. No dia 21 de 
janeiro de 2022 foi proferida sentença pelo juízo competente, condenando Arthur à pena 
privativa de liberdade de 15 anos de reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado. Na 
sentença consta que a pena base de cada um dos crimes deve ser aumentada em seis meses pelo 
fato de Arthur possuir maus antecedentes, já que ostenta em sua FAC duas condenações pela 
prática de crimes, e mais 06 meses pelo fato de o acusado ter desrespeitado a liberdade sexual 
da mulher, um dos valores mais significativos da sociedade, restando a sanção penal da primeira 
fase em 09 anos de reclusão, para cada um dos delitos. Na segunda fase, não foram reconhecidas 
atenuantes, tendo sido reconhecida a agravante da embriaguez preordenada, aumentando em 
um ano a pena base. Ao analisar o concurso de crimes, o magistrado considerou a pena de um 
dos delitos, já que eram iguais, e aumentou de 1/2 (metade), na forma do Art. 70 do CP, 
justificando o acréscimo no fato de ambos os crimes praticados serem extremamente graves. 
Por fim, o regime inicial para o cumprimento da pena foi o fechado, justificando que este seria 
o regime inicial obrigatório, nos termos do Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90. Apesar da 
condenação, como Arthur respondeu ao processo em liberdade, o juiz concedeu a ele o direito 
de aguardar o trânsito em julgado da mesma forma. 
Intimado da decisão, o Ministério Público apenas tomou ciência de seu teor, 
não apresentando qualquer medida. Já a defesa técnica de Arthur foi intimada de seu teor em 
25 de janeiro de 2022, terça-feira, sendo quarta-feira dia útil em todo o país. Considerando 
apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Arthur, redija a peça jurídica 
cabível, diferente de habeas corpus e embargos de declaração, apresentando todas as teses 
jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição, 
considerando que, em todos os locais do país, de segunda a sexta-feira são dias úteis. 
 
 
 
 
QUESTÃO SUBJETIVA OBRIGATÓRIA 
Ao longo da comemoração do aniversário de uma amiga em comum, Jéssica 
acabou discutindo com sua colega Caroline e lhe deu uma sonora bofetada na região da face, o 
que acarretou numa lesão corporal de natureza leve. 
Diante disso, Caroline, então, procurou a delegacia de polícia mais próxima 
e registrou o acontecimento, momento em que, expressamente, demonstrou seu desejo pela 
responsabilização criminal de Jéssica. 
Após a conclusão do inquérito policial, os autos foram remetidos ao juízo 
competente e o Ministério Público apresentou proposta de transação penal à Jéssica, que não a 
aceitou. 
Após o oferecimento de denúncia pelo Parquet, Caroline se diz arrependida 
e manifesta ao seu advogado interesse em se retratar da representação oferecida, destacando 
que ainda não foi recebida a inicial acusatória. 
Diante da situação apresentada, responda de forma fundamentada. 
 
a) Qual o tipo de ação penal do crime, em tese, praticado por Jéssica e qual 
o juízo competente para julgamento desta ação penal? Justifique. 
 
b) É possível a retratação da representação de Caroline? Justifique. 
 
OBS.: o(a) aluno(a) deve indicar qual item está respondendo (A ou B) e 
fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

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