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Tema 01 Módulo 01

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Movimentos da Psicologia no Século XX
Zeitgeist: O espírito de uma época. As necessidades de uma época. O clima intelectual e cultural de uma época.
“Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é um ponto.
Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura.
A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam.
Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação.” – Boff 1999
Sem a pretensão de analisar a complexidade revelada nessas poucas linhas do texto de Leonardo Boff, uma palavra atende ao nosso propósito inicial: Perspectiva. Em perspectiva, estudamos Psicologia, em perspectiva, usamos do conhecimento da Psicologia. Fundamentalmente, em perspectiva, buscamos compreender a complexidade dos fenômenos humanos, as pessoas e, também, os eventos históricos da Psicologia.
· Não conseguimos estudar Psicologia desconsiderando o Zeitgeist. Uma ciência não se desenvolve no vácuo, ela usa a tecnologia disponível de sua época e tenta dar respostas às perguntas que são feitas. Essas perguntas (as indagações dos filósofos e dos cientistas) consideram o acúmulo de conhecimento até aquele ponto da história.
A tecnologia está mais avançada no século XXI. Podemos dizer que, atualmente, os filósofos e os cientistas podem fazer perguntas mais complexas, pois detêm mais conhecimentos do que os filósofos e cientistas de meados do século XIX, quando surgiu a Psicologia Científica. Uma frase atribuída a Sir Isaac Newton (1643-1727), cientista do século XVII e cavaleiro da Coroa Real Inglesa, traduz bem essa ideia:
· Se enxerguei um pouco mais longe, foi por estar em pé sobre ombros de gigantes.
Não é recomendado julgar e/ou refutar um dado histórico se você estiver pensando com a cabeça do século XXI, a partir de suas ideias preconcebidas e do que você acha certo ou errado, ou seja, do seu sistema de crenças, de sua perspectiva, eventualmente, nutrida pelo senso comum, pelo conhecimento popular que não tenha sido testado e analisado pelo método da Filosofia ou da ciência.
Segundo Schultz (2019), é necessário um distanciamento: ou seja, afastar-se momentaneamente do seu sistema de crenças e também do seu conhecimento do século XXI. Compreenda a perspectiva e o Zeitgeist do momento histórico que estiver estudando.
Em ciência, não achamos, não deduzimos, sem antes observar, experimentar, demonstrar evidências. Em ciência, não existe o óbvio. Tudo precisa ser investigado e evidenciado.
Em ciência, algumas vezes, para acertar é necessário errar. É a partir dos erros que alguns pesquisadores ficam inquietos, buscam evidências válidas e fidedignas para refutar o erro e alcançar evidências de maior qualidade. Os erros são tão relevantes quanto os acertos.
Exemplo Prático: O que você diria se disséssemos que sua inteligência e suas características de personalidade podem ser medidas pelo tamanho de sua cabeça e do formato do seu crânio? Isso faria sentido?
Pode parecer estranho, mas os primeiros indivíduos a tentar entender como funcionava a mente humana partiram do método de dissecação de corpos e do exame do cérebro, buscando compreender sua estrutura e a relação entre suas partes e as funções que desempenhava. Vamos conhecer um pouco mais sobre os caminhos dos estudiosos da mente.
Nos dias atuais, afirmamos que a Frenologia é uma pseudociência, mas, em 1796, o alemão Franz Joseph Gall (1758-1828) exerceu influência na Psicologia e na psiquiatria com essa teoria. Com a Frenologia, Gall acreditava ser possível estudar as aptidões mentais analisando o tamanho e o formato do crânio. Por muitos anos, o tamanho e o formato do crânio de Gall e de outros estudiosos da Frenologia foram considerados, por eles mesmos, o padrão de excelência e um exemplo do melhor da espécie humana.
Atualmente, essa ideia é um absurdo. No entanto, não podemos achar que esse conhecimento seja inútil, pois, em ciência, não chegamos a conclusões simplesmente por pensarmos que algo é obviamente verdadeiro ou falso. Precisamos buscar evidências. Isso quer dizer que só foi possível descartar essa teoria, porque esta foi posta à prova. Entretanto, as ideias de Gall de que algumas características são específicas de certas áreas do cérebro se sustentaram em momentos posteriores. Em ciência, aproveitamos o que é útil, como uma evidência consistente, e descartamos o resto, mas sem esquecer esse resto, pois, assim, evitamos cometer os mesmos erros no futuro (ao menos isso é o desejável).
Entendemos como pseudociência algo que se diz ciência, mas que não é. Até nos dias atuais, precisamos ficar atentos e ser críticos. Podemos encontrar informações que se dizem embasadas no método científico, mas são pseudociências. Devemos ter cuidado e não acreditar em tudo, só porque dizem que é ciência.
Não existe raça superior, o melhor tratamento para o doente mental não é ser descartado em um hospício e a orientação sexual de uma pessoa só importa a ela mesma. A Psicologia Científica é autônoma e não se confunde com dogma religioso.  Portanto, as discussões polêmicas que as civilizações se propuseram a debater, como a questão da raça, foram submetidas a contestações científicas e amplos estudos e evidências científicas demonstraram sua ineficácia de partida. Por exemplo: a Eugenia como uma hipótese não se sustenta para os seres humanos, pois apresenta sérios conflitos éticos. A homossexualidade não é uma doença para ser tratada. Na escola, não devemos separar as crianças por dificuldades de aprendizado e/ou outras condições como surdez, autismo etc. Entre outras discussões delicadas, só com reflexões e críticas amparadas pela ciência prosseguimos absorvendo as transformações pelas demandas sociais e atuando de forma a promover bem-estar e qualidade de vida. 
A história da Psicologia como ciência demonstra como essa área tem sido importante:
· Para escolas, os pedagogos, professores e ensinantes compreenderem o desenvolvimento humano e determinarem melhores estratégias de aprendizagem, considerando a maturação biológica, o funcionamento do cérebro e o perfil cognitivo do aprendente.
· Para organizações e instituições desenvolverem melhores práticas na gestão de pessoas.
· Para o estabelecimento de tratamentos mais humanizados na saúde mental, bem como de práticas para promoção de saúde, negócios e neuromarketig.
· Para psicoterapia para avaliação psicológica , entre outras possibilidades de atuação do psicólogo e psicóloga.
Influências da Filosofia: 
A história da Psicologia está imersa na história do desenvolvimento do pensamento humano, na história da Filosofia: é assim que a Psicologia se organiza. 
Até certo ponto, a história da tradição filosófica é a história da Psicologia. Isso inclui o período da Grécia Antiga com os mitos gregos, a exigência racional com Tales de Mileto, Pitágoras, Heráclito e Parmênides, Sócrates, os Sofistas, Platão, Aristóteles. 
A Filosofia aborda o objeto que deseja conhecer por intermédio da razão, da argumentação (indutiva e dedutiva), da lógica, da retórica. Esses métodos são necessários para questionar o que é o conhecimento, os tipos de conhecimento, o que é verdadeiro nesse conhecimento. A Filosofia também se ocupa das falácias do conhecimento, ou seja, dos erros da argumentação filosófica, mas que convencem e enganam. Uma falácia do conhecimento sempre vem disfarçada de boas intenções e, eventualmente, confirma ideias do senso comum, confirma os desejos e as opiniões de algumas pessoas, e por isso convence os mais ingênuos. 
O papel da Filosofia, de apontar as falácias do conhecimento, é fundamental para nossa civilização, para os psicólogos, para os educadores (ensinantes), paraos gestores, para o cidadão. As falácias do conhecimento estão em nosso passado, mas também no presente. O pensamento filosófico é uma vacina poderosa contra o obscurantismo e contra tais falácias, pois desenvolve o pensamento crítico.
Influência de Movimentos e Estudos:
Mecanicismo, a doutrina filosófica do século XVII, pela qual todos os fenômenos se explicam pela causalidade; pela discussão dos Racionalistas (tese) e dos Empiristas (antítese) e pela síntese do filósofo Immanuel Kant, no século XVIII.
René Descartes (1596-1650). A publicação relevante para nossa discussão é de 1637: Discurso sobre o método para bem conduzir a razão na busca da verdade dentro da ciência.
A Origem das Espécies (1872), livro publicado por Charles R. Darwin (1809-1882), abordou o desenvolvimento filogenético das espécies, incluindo a espécie humana. Isso aproxima os seres humanos de outras espécies que habitam o planeta em uma corrida por adaptabilidade e sobrevivência. Nossa espécie Homo sapiens (homem sábio), com as características morfológicas atuais, tem 350 mil anos; as características comportamentais modernas, cerca de 50 mil anos. Essas evidências são importantes para a delimitação da Psicologia como ciência e para o movimento do Funcionalismo com o estudo do papel adaptativo da consciência, em vez do seu conteúdo.
Influência da Psicofísica: 
A Psicofísica demarca uma mudança de abordagem. Eventualmente, você pode ler que a Psicologia, em sua fundação, rompe com a Filosofia, mas essa afirmação está equivocada.
Toda ciência precisa de uma base filosófica consistente para operar: a isso chamamos de bases epistemológicas.
Epistemologia: Filosofia da ciência ou, dependendo do momento histórico, teoria do conhecimento.
A inovação dos psicofísicos é empregar o método experimental para estudar uma Psicologia Sensorial, uma Fisiologia experimental, não romper com o pensamento filosófico, buscando evidências empíricas por meio do método experimental e de resultados reprodutíveis. É fundamental conseguir dados constantes, não apenas as especulações, induções e deduções filosóficas.
A teoria da evolução das espécies, os avanços da Fisiologia experimental com os psicofísicos, correlacionando nosso aparato sensorial à mente humana, a rigor, aos estados conscientes dessas sensações, além do Zeitgeist do século XIX, impulsionaram a criação do primeiro laboratório de Psicologia, em 1879, na Alemanha.
Origens e Cientistas:
Wilhelm M. Wundt (1832-1920): Ficou registrado na história como o responsável pelo marco fundante da Psicologia Científica. Foi esse pesquisador que, em 1879, delimitou em seu laboratório, fundado na Universidade de Leipzig, na Alemanha, o Psychologische Institut (Instituto Psicológico).
Ernst Weber (1795-1878): Desenvolveu estudos para discriminar a distância tátil perceptível entre dois pontos (limiar de dois pontos), ou seja, a relação de uma estimulação física (sensação) e uma percepção (mental).
Gustav Theodor Fechner (1801-1887): Fechner disputa com Wundt o título de pioneiro da Psicologia Experimental e da própria Psicologia, embora suas primeiras contribuições para as ciências tenham se desenvolvido nos campos da matemática e da física. Posteriormente, devido a uma crise pessoal e influenciado pelo filósofo alemão Friedrich Schelling (1775-1854), passou a interessar-se por questões psicológicas e religiosas.
Hermann von Helmholtz (1821-1894): Foi pioneiro em medir a velocidade do impulso nervoso, de uma estimulação sensorial tátil até a resposta, ou seja, o movimento motor resultante. Para a Psicologia, isso foi importante na ideia de que o pensamento e o movimento se seguem um ao outro, e o intervalo entre um pensamento e um movimento resultante poderia ser medido.
Hermann Ebbinghaus (1850-1909): estudou a aprendizagem e memória (funções superiores).
Franz Brentano (1838-1917): fez uma distinção entre o conteúdo mental e a atividade mental. 
· Muitos cientistas somaram esforços para delimitar esse campo de estudo no século XIX e essa nova Psicologia resultou em duas escolas: o Estruturalismo e o Funcionalismo.
Verificando o Aprendizado
1. Estudamos eventos históricos que estão no alicerce da Psicologia como uma ciência e uma profissão. Quais cuidados devemos ter, para estudar determinado conteúdo da nossa história, para torná-lo útil e significativo no tempo presente:
R: Usar o método filosófico para evitar as falácias do conhecimento e o método científico para coletar evidências.
· Ao ler sobre esses eventos e essas ideias, é natural interpretá-los a partir de determinado ponto de vista e, eventualmente, compará-los ao tempo presente e ao meu sistema de crenças que vai julgar o certo e o errado, tipicamente, pelas ideias do senso comum. Mas, em ciência, usamos o método filosófico para delimitar as bases epistemológicas e o método científico para colher as evidências.
2. A Psicologia Científica é do século XIX e rompe com a Filosofia para delimitar-se como uma ciência. Evento que é um marco de 1879 com Wundt fundando o primeiro laboratório de Psicologia Experimental. Analise essa afirmação e responda:
R: Afirmativa errada. A Psicologia Científica amplia a abordagem dos fenômenos psicológicos pelo método experimental, mas não rompe com a Filosofia.
· Toda ciência, para operar, necessita dos argumentos filosóficos para delimitar o seu campo de estudo e os seus métodos. Chamamos isso de bases epistemológicas.

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