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DESCRIÇÃO
Estudo do planejamento, da estrutura e dos processos do orçamento público.
PROPÓSITO
Compreender o conceito e a importância do orçamento público no cenário brasileiro de acordo com as
normas do Direito Financeiro e da legislação pertinente.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste texto, tenha em mãos a Constituição Federal de 1988 (CF/1988) para
acompanhar os dispositivos mencionados da referida norma.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir o orçamento público
MÓDULO 2
Identificar os instrumentos de planejamento
MÓDULO 3
Identificar o processo orçamentário
INTRODUÇÃO
Para compreendermos o orçamento público, precisamos ter o conhecimento de uma série de quesitos:
Atividade financeira estatal.
Tipo de orçamento utilizado.
Competência legislativa para elaborar e aprovar as leis orçamentárias.
Quais valores servem de base para a elaboração do orçamento.
Normas e legislação referentes ao orçamento.
No módulo 1, conheceremos como o Direito Financeiro regra a atividade financeira estatal, assim como
as funções, os princípios e as normas do orçamento público. No módulo 2, apresentaremos o Plano
Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA), além de
fazermos uma inter-relação entre tais instrumentos.
Por fim, no módulo 3, abordaremos o ciclo orçamentário. Iniciaremos tal abordagem pela elaboração da
lei; em seguida, passaremos pela apreciação, aprovação, sanção, publicação e execução dela; e, por
fim, falaremos sobre a avaliação e o controle do orçamento público.
MÓDULO 1
 Definir o orçamento público
LIGANDO OS PONTOS
O gasto dos governos, em todos os níveis administrativos, possibilita a compra e o fornecimento de bens
e serviços aos cidadãos. Além dessa função alocativa, o gasto público também visa distribuir a riqueza e
estabilizar a economia do território que os governos administram. A seguir, vamos analisar a evolução
histórica do gasto público a partir do início do século XX.
Imagem: Shutterstock.com
Os dados históricos evidenciam uma mudança clara no papel e no tamanho dos Estados ao longo do
século XX. Considerando os países mais industrializados, observamos que o gasto de suas
administrações era relativamente baixo antes da Primeira Guerra Mundial. No Reino Unido, por
exemplo, esse gasto girava em torno de 10% em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do país. No
período entreguerras, o gasto teve muita volatilidade devido aos custos requeridos nas duas grandes
guerras, chegando, em alguns casos, a ter um peso de 70% em relação à riqueza total nacional.
No período entre 1945 e 1980, houve o maior aumento do orçamento governamental entre os países
desenvolvidos. Esse aumento significativo se explica pelo aumento em gastos sociais, particularmente
em educação e saúde. Assim, no início de 1980, o gasto público no Reino Unido chegou a representar
55%; na Alemanha, 50%; e nos EUA, 35%.
Desde 1980 até agora, o gasto dos governos dos países mais ricos teve certa moderação. Contudo, o
gasto público nesses países mais desenvolvidos tende a ser superior em relação aos países de renda
média, e, normalmente, está mais focado na proteção social. Em termos gerais, a maioria dos países
aumentou seu gasto público ao longo do século XX.
Em contrapartida, dados recentes mostram que existe uma tendência dos estados para contar com o
setor privado na hora de cumprir muitas de suas funções tradicionais. Nesse sentido, as Parcerias
Público-Privadas (PPP) vêm sendo um mecanismo dos governos cada vez mais usado, com um
crescimento exponencial durante o século XXI.
APÓS A LEITURA DO CASE, É HORA DE APLICAR
SEUS CONHECIMENTOS! VAMOS LIGAR ESSES
PONTOS?
1. O CASE EXPOSTO EXPLICA A EVOLUÇÃO DO GASTO PÚBLICO ENTRE
PAÍSES DE NÍVEIS DE RENDA DIFERENTES. VIMOS QUE O PESO DO GASTO
DOS GOVERNOS NO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE A PRIMEIRA E A
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL FOI VOLÁTIL. EM SUA VISÃO, POR QUE ESSE
GASTO NÃO SE MANTEVE ESTÁVEL?
A) Houve mudanças nos governos e em suas políticas de gasto.
B) Diminuiu o orçamento militar nos anos de paz.
C) O peso das empresas privadas aumentou durante os conflitos militares.
D) O gasto público foi reduzido pelas crises do pós-guerra.
E) As perdas militares nos conflitos reduziram os custos militares.
2. VIMOS QUE O GASTO PÚBLICO, NOS PAÍSES MAIS DESENVOLVIDOS,
AUMENTOU CONSIDERAVELMENTE ATÉ O INÍCIO DOS ANOS 1980, PELAS
RUBRICAS ORÇAMENTÁRIAS DIRIGIDAS AO BEM-ESTAR SOCIAL.
CONSIDERANDO AS FUNÇÕES DO ORÇAMENTO PÚBLICO, PARA VOCÊ,
QUAL(IS) DELAS SE ENCAIXA(M) NESSAS RUBRICAS?
A) Distributiva
B) Distributiva e estabilizadora
C) Estabilizadora
D) Alocativa e distributiva
E) Alocativa
GABARITO
1. O case exposto explica a evolução do gasto público entre países de níveis de renda diferentes.
Vimos que o peso do gasto dos governos no período compreendido entre a Primeira e a Segunda
Guerra Mundial foi volátil. Em sua visão, por que esse gasto não se manteve estável?
A alternativa "B " está correta.
Efetivamente, o esforço orçamentário dos países diretamente envolvidos nas guerras foi enorme. O
gasto militar, de caráter público, implicou a maior parte da atividade econômica dos países durante os
anos em que as guerras aconteceram. Nos anos entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial (1918-
1939), o gasto militar não foi tão exigente, o que levou a uma redução considerável do gasto público.
2. Vimos que o gasto público, nos países mais desenvolvidos, aumentou consideravelmente até
o início dos anos 1980, pelas rubricas orçamentárias dirigidas ao bem-estar social. Considerando
as funções do orçamento público, para você, qual(is) delas se encaixa(m) nessas rubricas?
A alternativa "D " está correta.
O gasto social pode ser associado tanto à função alocativa quanto à função distributiva do orçamento
público. Por um lado, o Estado oferece bens e serviços, como educação em uma escola ou atenção
sanitária em um hospital, por exemplo. Por outro, esse tipo de gasto é particularmente utilizado por
cidadãos de baixa renda que não têm possibilidades de pagar serviços privados, de forma que também
teriam a função de distribuir a riqueza dos países.
3. O CASE APRESENTADO INDICA QUE, NOS ÚLTIMOS
ANOS, AUMENTARAM AS PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS
(PPP), COMO UMA MODALIDADE DOS GOVERNOS PARA
OFERECER BENS E SERVIÇOS QUE ANTES ERAM
FORNECIDOS DIRETAMENTE. VOCÊ ACREDITA QUE TAIS
PARCERIAS SÃO POSITIVAS, OU O MODELO TRADICIONAL
DEVERIA SER MANTIDO? JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA.
RESPOSTA
Espelho de resposta
Nas Parcerias Público-Privadas (PPP), não existe transferência de bens ou serviços de propriedade estatal
para uma companhia privada. Normalmente, é um contrato de longo prazo, no qual o Estado outorga o direito
de investimento e/ou exploração sobre um bem ou serviço por um tempo determinado, como, por exemplo,
para a construção de uma rodovia e a exploração por meio de pedágios.
Considerando esse esquema, as PPP podem ter vantagens significativas. O fato de existir uma competência
para os leilões pode resultar em orçamentos mais reduzidos que em caso de fornecimento direto de um ente
público. As PPP também contribuem para uma transferência de tecnologia entre os âmbitos públicos e
privados. Quanto aos aspectos negativos, tais parcerias implicam um gasto inicial muito alto. Além disso,
existe o risco de que a companhia privada que assume o serviço não cumpra os termos do contrato ou
ofereça um preço abusivo para os usuários.
ATIVIDADE FINANCEIRA ESTATAL (AFE)
De acordo com a doutrina, o Direito Financeiro é o ramo do Direito Público que tem por objeto o estudo
da AFE.
Ela consiste em:
Obter receitas.
Despender despesas.
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Criar crédito.
Gerir e planejar o orçamento público.
O Estado precisa obter receitas para aplicar esses recursos em despesas de custeio da atividade estatal
e realizar investimentos.
EXEMPLO
Obras de saneamento e de infraestrutura.
Quando esses recursos não são suficientes para fazer frente à totalidade das despesas, o Estadonecessita criar receitas. Nesse caso, a solução encontrada é contrair empréstimos.
EXEMPLO
Endividar-se por meio das operações de crédito.
Diante de tal realidade, resta a seguinte pergunta:
Como seria possível planejar e organizar todos esses recursos e dispêndios?
Resposta: a gestão desses recursos e a aplicação deles serão feitas por meio do orçamento público.
Conforme nosso ordenamento jurídico, ou seja, a Constituição Federal de 1988 (CF/1988), é tarefa do
Estado o bem comum da sociedade. Para isso, ele deve atender às necessidades públicas contidas em
seu texto.
EXEMPLO
Saúde, educação, segurança, transporte, habitação, previdência e justiça.
O estudo do Direito Financeiro é mais amplo que o do Tributário. Vimos que aquele compreende o
conjunto de normas que tratam da atividade financeira do Estado. Já este versa sobre o conjunto de
normas que tratam dos tributos, regulando os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria.
ORÇAMENTO
FUNÇÕES ECONÔMICAS OU CLÁSSICAS
A partir da crise capitalista ocorrida na década de 1930, surgiu a necessidade da intervenção do Estado
na economia. Dessa maneira, ele passou a controlar o orçamento público.
A lei orçamentária é o instrumento de planejamento que tem as receitas previstas e as despesas fixadas
para determinado exercício financeiro, sendo elaborada pelo Poder Executivo e aprovada pelo
Legislativo.
Com isso, o Estado interfere na economia por meio da referida lei. Ele tem funções econômicas e
fiscais, sendo o orçamento o principal instrumento de função da ação estatal na economia.
De acordo com a doutrina, o Estado exerce três funções econômicas em relação ao orçamento:
A) FUNÇÃO ALOCATIVA
Eis as principais características para o Estado intervir utilizando essa função:
Não há eficiência do setor privado (sistema de mercado);
O setor privado não consegue suprir as necessidades da população.
Por conta disso, o Estado oferece bens e serviços para a sociedade.
 EXEMPLO
Realizar investimentos na infraestrutura econômica e disponibilizar provisão de bens públicos e
meritórios.
BENS PÚBLICOS E MERITÓRIOS
São aqueles que devem ou podem ser produzidos pelo Estado, embora possam ser explorados
economicamente pelo setor privado para evitar que a população de baixa renda não tenha acesso
ao consumo deles por não poder pagar seu preço.
Altos investimentos desestimulam o setor privado pelo fato de a aplicação imediata de recursos só trazer
retorno no longo prazo, já que o retorno demora muito para se concretizar. Nesse caso, o Estado realiza
os investimentos na infraestrutura econômica.
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 EXEMPLO
Áreas de transporte, energia, comunicações e armazenamento.
Para alguns doutrinadores, há duas externalidades a serem observadas:
EXTERNALIDADES POSITIVAS
EXTERNALIDADES NEGATIVAS
EXTERNALIDADES POSITIVAS
Os benefícios sociais são gerados por meio do incentivo de subsídios ou isenções para, por exemplo,
investimentos na criação de malha ferroviária, tendo em vista que mais pessoas utilizarão o transporte
público.
EXTERNALIDADES NEGATIVAS
São prejuízos sociais, como, por exemplo, a poluição de rio, sendo função do Estado aumentar o tributo
da empresa, aplicar multas etc.
Em relação à provisão de bens púbicos e meritórios, existe uma demanda por certos bens cujas
características particulares inviabilizam o fornecimento deles pelo setor privado (sistema de mercado):
BENS PÚBLICOS
BENS MERITÓRIOS (OU SEMIPÚBLICOS)
BENS PÚBLICOS
São usufruídos pela população; não podem, assim, ser individualizados e recusados pelos
consumidores. A iluminação pública é um exemplo.
BENS MERITÓRIOS (OU SEMIPÚBLICOS)
Excluem parcela da população sem recursos para pagar por eles. Podem ser fornecidos tanto pelo
Estado quanto por um particular. A educação e a saúde, por exemplo, não são necessariamente
oferecidas pelo Estado. Elas podem ser pagas para o particular por meio do orçamento, como ocorre
com a subvenção social para uma organização não governamental (ONG).
B) FUNÇÃO DISTRIBUTIVA
Vejamos agora quais são as principais características da intervenção do Estado utilizando a função
distributiva:
Promover ajustamentos na distribuição de renda, corrigindo as falhas de mercado
(desigualdades sociais, monopólios empresariais etc.) inerentes ao sistema econômico capitalista
criador da separação entre as classes sociais.
Apropriar a renda e a riqueza de forma diferenciada na sociedade, ou seja, retirá-las de uma
parcela da população e transferi-las para outra com o objetivo de tornar a sociedade menos
desigual possível.
São exemplos da função distributiva:
UTILIZAÇÃO DO IMPOSTO PROGRESSIVO
Ela pode se dar por:
- Impostos diretos (o ônus recai sobre os contribuintes que arcam com o imposto conforme seu
patrimônio e sua renda).
- Financiamento dos programas de alimentação, transporte e moradia populares.
Por exemplo: Imposto de renda progressivo ou sobre grandes fortunas (embora previsto
constitucionalmente, esse imposto ainda não foi implementado no Brasil).
CONCESSÃO DE SUBSÍDIOS
Ela pode ser aplicada aos bens de consumo popular financiados por impostos incidentes sobre aqueles
consumidos.
Por exemplo: Subsídio agrícola para os produtos da cesta básica.
TRANSFERÊNCIAS DIRETAS
Existe a situação de distribuição direta à população.
Por exemplo: Programa Bolsa Família.
C) FUNÇÃO ESTABILIZADORA
Ela é considerada a mais moderna das três funções.
As principais características para o Estado intervir são:
Manter a estabilidade econômica por meio de instrumentos macroeconômicos.
Estabilizar o valor da moeda.
Assegurar o nível de emprego.
Estabilizar os preços.
Estabelecer uma política monetária e fiscal (mexer nas receitas e despesas).
Atuar sobre a demanda agregada (disposição de gastar dos consumidores, das famílias,
dos capitalistas ou de qualquer outro comprador).
Se a demanda for superior à capacidade de produção, os preços tenderão a subir, mas, se ela for
inferior, a tendência será que eles diminuam. Consequentemente, haverá desemprego.
Mecanismo de política de estabilização (o Estado atua sobre a demanda agregada,
aumentando ou reduzindo conforme as necessidades).
Podemos destacar sua atuação tanto nas receitas, por meio da alteração de alíquotas dos tributos,
tendo menos recursos no setor privado (IPI e IOF), quanto nas despesas, por meio da realização de
obras públicas, absorvendo parcela da população desempregada e contratando mão de obra.
Em relação à demanda agregada, os principais instrumentos são a política:
Fiscal (gastos e tributos);
Cambial;
Monetária;
De controle de preços e salários.
Outro exemplo é a redução ou aumento de juros, gastos ou investimentos públicos e impostos.
ORÇAMENTO AUTORIZATIVO
O tipo de orçamento utilizado depende do regime político vigente que conste no ordenamento jurídico de
um país de acordo com sua forma de governo.
Há três tipos de orçamento:
LEGISLATIVO
A competência para a elaboração, a votação e o controle do orçamento é do Poder Legislativo, ficando a
cargo do Executivo a competência para a execução do orçamento.
EXECUTIVO
A competência para a elaboração, a votação e a execução do orçamento é do Poder Executivo, ficando
a cargo do Legislativo a competência para o controle do orçamento.
ATENÇÃO: Alguns autores entendem que todas as competências desse tipo cabem ao Executivo.
MISTO
A competência para a elaboração e a execução do orçamento é do Poder Executivo, ficando a cargo do
Legislativo a competência para a votação e o controle do orçamento.
No Brasil, predomina o tipo de orçamento misto. As competências do Poder Executivo e do Poder
Legislativo estão previstas na CF/1988. Tendo em vista esse modelo, pode-se afirmar que o orçamento
público no nosso País é autorizativo.
O Poder Executivo elabora a lei orçamentária e recebe do Legislativo uma autorização para realizar os
gastos públicos. Com isso, o Executivo executa o orçamento de acordo com a lei, cumprindo, assim, o
princípio orçamentário da legalidade. SAIBA MAIS
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Duas emendas à Constituição introduziram uma nova situação em relação à execução do orçamento.
Ambas instituíram a obrigatoriedade de execução de pequena parcela dele por meio das chamadas
emendas parlamentares individuais ou coletivas. Com isso, o Legislativo incluiu na lei orçamentária
dispositivos de execução obrigatória por parte do Executivo. São as chamadas emendas parlamentares
impositivas. Apesar dessas emendas, o orçamento continua sendo autorizativo.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DAS LEIS
ORÇAMENTÁRIAS
De acordo com o artigo 165 da CF/1988:

Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I - o Plano Plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.
Na esfera federal, a competência para apreciar e aprovar os instrumentos de planejamento é do Poder
Legislativo. É o que dispõe a CF/1988 em três artigos:

Artigo 48 – Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do presidente da República, não exigida esta
para o especificado nos artigos 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União,
especialmente sobre: [...]
II - Plano Plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual [...].
Artigo 68, §1º – Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso
Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria
reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: [...]
III - Planos Plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos [...].
Artigo 166 – Os projetos de lei relativos ao Plano Plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento
anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional na forma do
regimento comum.
Dessa maneira, os instrumentos de planejamento são de iniciativa do Poder Executivo e aprovados pelo
Legislativo.
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
Nesse assunto, o Manual de contabilidade aplicado ao setor público (MCASP), de 2018, trata de forma
clara e objetiva dos principais princípios orçamentários:
 ATENÇÃO
Os princípios orçamentários visam estabelecer diretrizes norteadoras básicas a fim de conferir
racionalidade, eficiência e transparência para os processos de elaboração, execução e controle do
orçamento público. Válidos para os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todos os entes
federativos – União, estados, Distrito Federal e municípios –, [esses princípios] são estabelecidos e
disciplinados por normas constitucionais, infraconstitucionais e pela doutrina.
Observaremos agora as principais características dos princípios mencionados no MCASP:
Unidade ou totalidade
Estabelece que a lei orçamentária contenha todas as receitas e
despesas de um mesmo ente da Federação, incluindo todos os
poderes e órgãos numa só lei.
Universalidade
A lei orçamentária de cada ente federado tem de conter todas as
receitas e despesas dele.
Anualidade ou
periodicidade
O exercício financeiro coincide com o ano civil, ou seja, de 1º de
janeiro a 31 de dezembro de cada ano.
Exclusividade
A LOA não contém dispositivo estranho à previsão da receita e à
fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização
para a abertura de créditos suplementares e a contratação de
operações de crédito, ainda que por antecipação de receita.
Orçamento bruto
Todas as receitas e despesas devem constar na lei orçamentária
pelos seus totais, estando vedadas quaisquer deduções.
Legalidade
Não pode haver despesa pública sem autorização legislativa prévia.
A lei orçamentária e a que instituir créditos suplementares e
especiais, aprovadas pelo Poder Legislativo, são os instrumentos
legais que autorizam a aplicação dos recursos públicos.
Publicidade
O ato de divulgação do orçamento constitui condição de eficácia
(validade).
Transparência
Ela inclui três ações:
• Divulgar o orçamento público de forma ampla à sociedade.
• Publicar relatórios sobre a execução orçamentária e a gestão
fiscal.
• Disponibilizar para qualquer pessoa informações sobre a
arrecadação da receita e a execução da despesa.
Não vinculação da
receita de impostos
É proibido vincular a receita proveniente de impostos a órgão, fundo
ou despesa, salvo exceções estabelecidas pela própria CF/1988.
Outros princípios não
mencionados no
MCASP
Eles também são utilizados dentro do contexto do orçamento
público.
Listaremos alguns desses princípios a seguir:
• Programação;
• Clareza;
• Especificação ou discriminação;
• Equilíbrio;
• Exatidão;
• Unidade de caixa ou tesouraria.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
NORMAS SOBRE O ORÇAMENTO PÚBLICO
Apontaremos as principais normas que tratam do orçamento público:
Constituição Federal de 1988 (CF/1988).
Lei nº 4.320/1964 (institui normas de Direito Financeiro para os entes federados).
Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF (Lei Complementar nº 101/2000).
Manual de contabilidade aplicado ao setor público (MCASP).
Manual técnico do orçamento.
Decreto Federal nº 93.872/1986 (dispõe sobre a unificação dos recursos de caixa do Tesouro
Nacional).
Portaria Interministerial Secretaria de Orçamento Federal e Secretaria Tesouro Nacional nº
163/2001 (dispõe sobre normas gerais de consolidação das contas públicas para os entes
federados).
INTRODUÇÃO AO ORÇAMENTO PÚBLICO
Neste vídeo, o especialista Sergio Albuquerque Barata conceitua orçamento público e mostra suas
funções, competências, seus princípios e normas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (FGV – 2016) INDEPENDENTEMENTE DAS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS
DOS ENTES ESTATAIS, SUAS ATRIBUIÇÕES SÃO GERADORAS DE
CRESCENTES DESPESAS QUE EXIGEM CADA VEZ MAIS RECURSOS PARA SEU
FINANCIAMENTO. QUANDO UM ENTE ESTATAL PROPÕE NO ORÇAMENTO A
ESTRUTURAÇÃO DO ANEL VIÁRIO PARA O ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO EM
DETERMINADA REGIÃO, TRATA-SE DE UMA ATIVIDADE DO ÂMBITO DA
SEGUINTE FUNÇÃO DO ORÇAMENTO:
A) Alocativa
B) Distributiva
C) Estabilizadora
D) Fiscal
E) Investimento
2. (CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRT – 7ª REGIÃO –
2017 – ADAPTADA) NA TRAMITAÇÃO DA LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA), UM
DEPUTADO FEDERAL APRESENTOU UMA EMENDA PROPONDO A CRIAÇÃO DE
UMA AGÊNCIA DE FOMENTO NO CENTRO-OESTE. SEU OBJETIVO É
INCENTIVAR PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL DA
REGIÃO POR MEIO DA CONCESSÃO DE EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS.
EM DECORRÊNCIA DE SEU OBJETIVO, A EMENDA PROPOSTA PELO
PARLAMENTAR, NESSA SITUAÇÃO HIPOTÉTICA, VIOLA O PRINCÍPIO DA:
A) Discriminação
B) Universalidade
C) Unidade
D) Exclusividade
E) Unicidade
GABARITO
1. (FGV – 2016) Independentemente das competências específicas dos entes estatais, suas
atribuições são geradoras de crescentes despesas que exigem cada vez mais recursos para seu
financiamento. Quando um ente estatal propõe no orçamento a estruturação do anel viário para o
escoamento da produção em determinada região, trata-se de uma atividade do âmbito da
seguinte função do orçamento:
A alternativa "A " está correta.
Como um investimento em infraestrutura demanda um montante relevante, o particular não vai poder
realizar essa obra. Desse modo, o governo utiliza os recursos públicos para efetuar esse investimento,
viabilizando-os graças ao orçamento.
2. (Cespe – analista judiciário – administrativa – TRT – 7ª Região – 2017 – adaptada) Na
tramitação da Lei Orçamentária Anual (LOA), um deputado federal apresentou uma emenda
propondo a criação de uma agência de fomento no Centro-Oeste. Seu objetivo é incentivar
projetos de desenvolvimento econômico e social da região por meio da concessão de
empréstimos e financiamentos. Em decorrência de seu objetivo, a emenda proposta pelo
parlamentar, nessa situação hipotética, viola o princípio da:
A alternativa "D " está correta.
A criação de uma agência de fomento é entendida como um “dispositivo estranho” à previsão das
receitas e à fixação das despesas, não estando inserida nas hipóteses de exceção. De acordo com o
princípio da exclusividade, nãocabe um dispositivo estranho que não esteja no rol das ressalvas
previstas no texto constitucional.
MÓDULO 2
 Identificar os instrumentos de planejamento
LIGANDO OS PONTOS
Existem vários instrumentos de planejamento, em forma de lei, que orientam o gasto público do governo
federal, e cada um deles possui uma função específica. Além disso, esses instrumentos estão inter-
relacionados e se complementam entre si. Vamos conhecer alguns deles.
Imagem: Shutterstock.com
Vejamos a seguir algumas disposições reais contidas nos instrumentos de planejamento aprovados nos
últimos anos. O nome de cada lei não será citado, mas substituído pelos termos “instrumento y”,
“instrumento x” e “instrumento z”.
“A gestão do INSTRUMENTO Y observará os princípios de publicidade, eficiência, impessoalidade,
economicidade e efetividade, e compreenderá a implementação, o monitoramento, a avaliação e
sua revisão.”
“Este INSTRUMENTO X estima a receita da União para o exercício financeiro de 2020 no
montante de R$3.686.942.055.917,00 (três trilhões, seiscentos e oitenta e seis bilhões, novecentos
e quarenta e dois milhões, cinquenta e cinco mil, novecentos e dezessete reais) e fixa a despesa
em igual valor.”
“O Poder Executivo federal encaminhará ao Congresso Nacional [...] o INSTRUMENTO Z, que
conterá: I - resumo da política econômica do País, análise da conjuntura econômica e indicação do
cenário macroeconômico para 2020, e suas implicações sobre a proposta orçamentária de 2020.”
“A governança do INSTRUMENTO Y visa alcançar os objetivos e as metas estabelecidos,
sobretudo para a garantia de acesso às políticas públicas e de sua fruição pela sociedade [...].”
“São estabelecidas, em cumprimento ao disposto no § 2º do art. 165 da Constituição e na Lei
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal –, o
INSTRUMENTO Z da União para 2020, compreendendo: [...] III - as diretrizes para a elaboração e
a execução dos orçamentos da União.”
“O INSTRUMENTO X compreende, nos termos do art. 165, § 5º, da Constituição: I - o Orçamento
Fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da Administração Pública
Federal direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público [...].”
APÓS A LEITURA DO CASE, É HORA DE APLICAR
SEUS CONHECIMENTOS! VAMOS LIGAR ESSES
PONTOS?
1. ATENDENDO ÀS DISPOSIÇÕES ELENCADAS NO CASE, COM BASE EM SEUS
CONHECIMENTOS, A QUE INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO PERTENCEM AS
DISPOSIÇÕES DO INSTRUMENTO Z?
A) Lei Orçamentária Anual (LOA)
B) Constituição Federal
C) Plano Plurianual (PPA)
D) Crédito adicional
E) Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
2. CONSIDERANDO AS DISPOSIÇÕES REAIS APRESENTADAS, A QUE
FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO VOCÊ ACREDITA QUE PERTENCE O
INSTRUMENTO Y?
A) Plano Plurianual (PPA)
B) Planejamento estratégico federal
C) Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
D) Constituição Federal
E) Lei Orçamentária Anual (LOA)
GABARITO
1. Atendendo às disposições elencadas no case, com base em seus conhecimentos, a que
instrumento de planejamento pertencem as disposições do instrumento Z?
A alternativa "E " está correta.
Efetivamente, as disposições identificadas como “instrumento Z” estão contidas na Lei nº 13.898/2019,
que dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias do ano de 2020. Assim, como pode se extrair de suas
disposições elencadas, são diretrizes gerais para um ano específico, sem conter os detalhes
orçamentários da Lei Orçamentária Anual.
2. Considerando as disposições reais apresentadas, a que ferramenta de planejamento você
acredita que pertence o instrumento Y?
A alternativa "A " está correta.
As disposições do instrumento Y, com efeito, estão incluídas na Lei nº 13.971/2019, que estabelece o
Plano Plurianual 2020-2023. Uma das disposições enumera os princípios que devem estar presentes no
planejamento e na execução orçamentária. A outra faz referência a um dos objetivos gerais desse
instrumento, que é o acesso de todos os cidadãos às políticas públicas.
3. O GOVERNO FEDERAL DISPÕE DE TRÊS
INSTRUMENTOS PRINCIPAIS DE PLANEJAMENTO
ORÇAMENTÁRIO. TODOS REQUEREM UM PROCEDIMENTO
OU CICLO DE DESENVOLVIMENTO, BEM COMO FORMATOS
E CRITÉRIOS REGULAMENTADOS. VOCÊ ACREDITA QUE
ESSES INSTRUMENTOS SÃO ADEQUADOS, OU SERIA
RECOMENDÁVEL FLEXIBILIZAR O PROCESSO PARA QUE
SE TORNE MAIS ÁGIL? JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA.
RESPOSTA
Espelho de resposta
A preparação, a elaboração, a aprovação, a execução e a avaliação dos instrumentos de planejamento
orçamentário implicam um processo complexo, com negociações políticas, que nem sempre são simples nem
possíveis de implementar. Talvez poderiam se aplicar formas de agilizar o processo legislativo.
Contudo, essa burocracia legislativa e administrativa responde a um sistema de governo democrático,
fundamentado nos contrapesos dos diferentes poderes e no controle direto e indireto da atividade
governamental. Por esse motivo – e considerando a importância do orçamento como instrumento real da
política pública –, essa complexidade pode estar justificada.
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO
A CF/1988 introduziu no ordenamento jurídico um novo modelo de planejamento. Ele é composto por
três leis orçamentárias:
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PPA
LDO
LOA
Esses instrumentos de planejamento são leis independentes, mas atuam de forma conjunta, conforme
designa a própria Constituição.
 ATENÇÃO
Por isso, não existe uma hierarquia formal entre as leis orçamentárias. Cada uma, afinal, possui suas
competências diretamente previstas na CF/1988.
Do ponto de vista do nível de planejamento público, segundo a doutrina, as leis orçamentárias adotam
a seguinte forma:
PPA (planejamento estratégico)
LDO (planejamento tático)
LOA (planejamento operacional)
Parte da doutrina, porém, entende que o PPA também pode ter planejamento tático e que a LDO pode
ter um planejamento operacional.
O PPA estabelece diretrizes, objetivos e metas, e a LDO busca as prioridades no PPA e orienta a
elaboração da LOA. Ou seja, a LDO faz a integração entre o plano estratégico e o operacional.
Percebemos aqui a presença de uma hierarquia material de compatibilidade.
Descreveremos a seguir as três leis orçamentárias (citadas logo acima) que compõem o modelo de
planejamento:
PLANO PLURIANUAL (PPA)
De acordo com o artigo 165, §1º, da CF/1988:

A lei que instituir o Plano Plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as
metas da Administração Pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para
as relativas aos programas de duração continuada.
Esmiuçaremos agora cada ponto abordado na citação acima:
A forma regionalizada apresentada na CF/1988 refere-se a uma localização espacial, como o Vale do
São Francisco e a Bacia Amazônica, para se realizar um gasto. Ela também pode ser realizada por
regiões macroeconômicas.
Por exemplo: Regiões Sudeste, Nordeste, Norte, Sul e Centro-Oeste.
As diretrizes são as orientações e os macro-objetivos que indicam o caminho definido pelo governo
responsável pela elaboração do PPA.
Por exemplo: A melhoria das condições de saúde no município do Rio de Janeiro.
Já os objetivos são sempre mensuráveis por um indicador, expressando um resultado sobre o público-
alvo e descrevendo a finalidade de um programa com concisão e precisão.
Por exemplo: Diminuir a mortalidade infantil na localidade X.
As metas, por sua vez, são um conjunto de operações cujos produtos contribuem para os objetivos do
programa.
Por exemplo: Construir a rede de esgoto do bairro, executar uma campanha de vacinação em massa
em crianças de 0 a 5 anos e promover a construção de moradias dignas e a extinção de palafitas.
As despesas de capital, por fim, precisam ser entendidas em seu sentido macro: elas significam, na
verdade, despesas com investimentos.
Por exemplo: Obras de infraestrutura e em anéis viários, compra de equipamentos e construção de
escolas e hospitais.
A CF/1988 dispõe ainda sobre as “despesas de capitale outras delas decorrentes”. Já mencionamos o
significado das despesas de capital.
Mas o que significa o trecho “outras delas decorrentes”?
Elas são entendidas como despesas correntes (para o funcionamento e a manutenção da atividade
estatal, ou seja, despesas de custeio) decorrentes desses investimentos.
 EXEMPLO
Na construção de um hospital (que é uma despesa de capital – investimentos), é preciso contratar
pessoal (médicos, enfermeiras, assistentes administrativos etc.), além de pagar, entre outras coisas, a
energia elétrica, o telefone e o gás. Todos os itens citados são despesas correntes que decorreram da
construção desse hospital (despesas de capital – investimentos).
As despesas relativas aos programas de duração continuada são aquelas relacionadas a programas
que fornecem bens e serviços para a sociedade. Elas estão vinculadas a programas com duração ao
longo do tempo, tendo uma duração superior a dois exercícios.
Uma importante observação sobre o artigo 167, §1º, da CF/1988:
ARTIGO 167, §1º, DA CF/1988
Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia
inclusão no Plano Plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.
Trata-se de uma vedação expressamente prevista na CF/1988. Se o investimento não estiver previsto no
PPA, será necessária a criação de uma lei autorizando a inclusão desse investimento.
Como vimos anteriormente, a competência para a elaboração do PPA é do Poder Executivo, enquanto
sua aprovação cabe ao Legislativo. Com isso, as leis orçamentárias seguem um rito próprio.
Os prazos da União para o envio e a devolução desse instrumento, segundo o artigo 35, §2º, ADCT,
CF/1988, são os seguintes:
ARTIGO 35, §2º, ADCT, CF/1988
Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o artigo 165, §9º, I e II, serão obedecidas as
seguintes normas:
I - o projeto do Plano Plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato
presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro
exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa.
O PPA, portanto, tem vigência no início do segundo ano de um mandato governamental e se encerra no
final do primeiro ano do mandato seguinte. Por isso, ele é um instrumento de planejamento para o
período de quatro anos, sendo considerado de médio prazo.
Em relação aos outros entes federados (estados, DF e municípios), esse prazo deve estar contido nas
respectivas Constituições estaduais e leis orgânicas.
Observemos agora o artigo 165, §9º, da CF/1988:
ARTIGO 165, §9º, DA CF/1988
Cabe à lei complementar:
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do Plano
Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual.
O artigo 3º da LRF, que é uma lei complementar, trata do PPA. Porém, o referido dispositivo foi
integralmente vetado, não tendo assim nenhuma lei tratando da elaboração e organização desse
instrumento de planejamento.
LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO)
Conforme o artigo 165, §2º, da CF/1988:

A Lei de Diretrizes Orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da Administração Pública
federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração
da Lei Orçamentária Anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política
de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
A LDO trata das metas fiscais como prevê a LRF. Já as prioridades referem-se aos programas que o
governo entende como prioridade na sua execução.
Como o PPA é uma lei válida para quatro anos, a LDO busca ano a ano quais “investimentos” devem ser
realizados nesse período. Para isso, ela orienta a LOA a executá-los em cada ano.
A LDO faz a integração entre o planejamento de médio prazo (PPA) e o de curto prazo (LOA). Também
serão incluídos nela os “investimentos” para o seu período de vigência. Além disso, a LDO orientará a
elaboração da LOA durante todo prazo de vigência dessa lei, iniciando na 1ª etapa do ciclo orçamentário
até seu controle e avaliação (4ª etapa desse ciclo).
A LDO também dispõe sobre as alterações na legislação tributária. Ela não altera nem cria tributos.
Caso haja alguma alteração na legislação tributária, a LDO orienta quanto a internalização dos efeitos
das mesmas no orçamento. Algumas estatais são consideradas agências financeiras oficiais de fomento.
Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Caixa Econômica
Federal são bons exemplos disso.
A LDO estabelece como essas estatais irão aplicar seus recursos. A competência para elaboração dela
é do Poder Executivo, enquanto sua aprovação é responsabilidade do Legislativo.
Os prazos da União para o envio e a devolução desse instrumento são, segundo o artigo 35, §2º, ADCT,
CF/1988, os seguintes:

Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o artigo 165, §9º, I e II, serão obedecidas as
seguintes normas:
II - o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do
encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período
da sessão legislativa.
Nesse caso, a LDO poderá ter vigência no mesmo ano de sua elaboração, produzindo efeitos após
sanção e publicação, já orientando a elaboração da LOA na 1ª etapa do ciclo orçamentário.
A LDO então é um instrumento de planejamento válido para o período que se refere à LOA, sendo
considerado de curto prazo. Em relação aos outros entes federados (estados, DF e municípios), esse
prazo deverá estar contido nas respectivas Constituições estaduais e leis orgânicas.
Observemos o artigo 165, §9º, da CF/1988:
Cabe à lei complementar:
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do Plano
Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual.
O artigo 4º da LRF, que é uma lei complementar, trata da LDO:

A Lei de Diretrizes Orçamentárias atenderá o disposto no §2º do artigo 165 da Constituição e:
I - disporá também sobre:
a) equilíbrio entre receitas e despesas;
b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses previstas na alínea b do
inciso II deste artigo, no artigo 9º e no inciso II do §1º do artigo 31;
c. (VETADO)
d. (VETADO)
e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com
recursos dos orçamentos;
f) demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas.
LEI COMPLEMENTAR Nº 101, 2000
De acordo com a LRF, a LDO conterá dois Anexos:
Anexo de Metas Fiscais (AMF) e Anexo de Riscos Fiscais (ARF).
ANEXO DE METAS FISCAIS (AMF)
ANEXO DE RISCOS FISCAIS (ARF)
ANEXO DE METAS FISCAIS (AMF)
O AMF estabelecerá metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas,
resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para
os dois seguintes.
ANEXO DE RISCOS FISCAIS (ARF)
Já o ARF avaliará os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas,
informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem.
Além disso, a mensagem que encaminhar o projeto de LDO da União apresentará, em anexo específico,
os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para
seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação, para o exercício subsequente.
LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA)
A LOA compreende o Orçamento Fiscal (OF), Orçamento de Investimento (OI) e Orçamento da
Seguridade Social (OS).
Observe o artigo 165, §5º, da CF/1988:

A Lei Orçamentária Anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta,inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a
maioria do capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da
administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder
Público.
O Orçamento Fiscal (OF) contempla todas as despesas que não estão no Orçamento de Investimento
(OI) e no Orçamento da Seguridade Social (OS).
O OI contempla somente as despesas dos investimentos das empresas estatais independentes ou não
dependentes (EEI).
As EEI são empresas que não dependem de recursos do controlador para se manter. Isto é, elas
conseguem se manter sem receber recursos do ente controlador para pagar suas despesas.
 ATENÇÃO
As despesas consideradas de manutenção de suas atividades e outras que não sejam investimentos
NÃO fazem parte do OI. São encaminhadas em anexo específico junto com o Projeto de LOA e
aprovadas por decreto. Todas as despesas das empresas estatais dependentes (EED) entram no OF e
no OS.
De acordo com o artigo 194, da CF/1988, a seguridade social compreende um conjunto integrado de
ações, de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à
saúde, à previdência e à assistência social. Então, essas despesas estão dentro do OS. As demais
despesas com segurança, educação, transporte, habitação etc. estão contidas no OF.
A competência para elaboração da LOA é do Poder Executivo e a de aprovação é do Poder Legislativo.
Os prazos da União para envio e devolução desse instrumento, conforme artigo 35, §2º, do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), da CF/1988, são:
 SAIBA MAIS
Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o artigo 165, §9º, I e II, serão obedecidas as
seguintes normas:
III - o Projeto de Lei Orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento
do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa.
Então, a LOA é um instrumento de planejamento válido para o período a que se refere, um exercício
financeiro, sendo considerado de curto prazo. Em relação aos outros entes federados (estados, DF e
municípios), esse prazo deverá estar contido nas respectivas legislações estaduais e leis orgânicas.
Observe o artigo 165, §8º, da CF/1988:

A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa,
não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de
operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.
Esse dispositivo consagra o princípio orçamentário da exclusividade.
A LOA então:
É um instrumento de planejamento, de acordo com o artigo 165, da CF/1988.
Dispõe sobre a estimativa (previsão) da receita e fixação da despesa, cumprindo com o princípio
orçamentário do equilíbrio, pois as receitas e despesas são em igual valor.
É válida para um exercício financeiro, cumprindo com o princípio orçamentário da
anualidade.
Contém somente de matéria orçamentária, cumprindo com o princípio orçamentário da
exclusividade.
Conforme o princípio da anualidade, o exercício financeiro é o período de tempo ao qual se referem a
previsão das receitas e a fixação das despesas registradas na LOA.
O orçamento deve ter vigência limitada a um período anual. De acordo com o artigo 34 da Lei nº
4.320/1964, o exercício financeiro coincide com o ano civil. Portanto, inicia em 1º de janeiro e termina
em 31 de dezembro de cada ano.
Segue o artigo 165, §9º, da CF/1988:
Cabe à lei complementar:
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do Plano
Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual.
O artigo 5º da LRF, que é uma lei complementar, trata da LOA. Cabe destacar que essa lei contém a
reserva de contingência de acordo com o artigo 5º, III, b, da LRF:

Artigo 5º - O Projeto de Lei Orçamentária Anual, elaborado de forma compatível com o Plano Plurianual,
com a Lei de Diretrizes Orçamentárias e com as normas desta lei complementar: [...]
III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita
corrente líquida, serão estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias, destinada ao: [...]
b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos.
LEI COMPLEMENTAR Nº 101, 2000
Por conta disso, a reserva de contingência consignada na Lei Orçamentária Anual é destinada
exclusivamente ao atendimento de passivos contingentes e aos outros riscos e eventos fiscais
imprevistos com a capacidade de afetar as contas públicas.
CRÉDITOS ADICIONAIS
Os recursos para a execução dos programas de trabalho do governo são especificados por intermédio
dos créditos orçamentários aprovados pelo Poder Legislativo no orçamento anual.
O crédito orçamentário inicial ou ordinário é aquele aprovado na LOA (autorização legislativa). Já as
dotações orçamentárias (montantes fixados na LOA) estão consignadas aos créditos orçamentários,
constituindo o limite do recurso autorizado.
Durante a execução orçamentária (3ª etapa do ciclo orçamentário), pode haver a necessidade de
retificar ou ajustar o orçamento. A LOA, assim, pode ser alterada por conta dos créditos adicionais.
Créditos adicionais são autorizações de despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na
Lei Orçamentária. Como a iniciativa da LOA é de competência privativa do chefe do Executivo, a
abertura de crédito adicional também compete a ele.
Existem três espécies de créditos adicionais, conforme determina a Lei nº 4.320/1964. O MCASP
também trata desses créditos.
De acordo com o artigo 41 da Lei nº 4.320/1964, os créditos adicionais são classificados em:

I – suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária;
II – especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica;
III – extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção
intestina ou calamidade pública.
A CF/1988 atualizou as hipóteses de abertura dos créditos extraordinários, sendo eles admitidos para
atender a despesas imprevisíveis e urgentes. Por exemplo, as decorrentes de guerra, comoção interna
ou calamidade pública.
A CF/1988, em seu artigo 167, V, proíbe a abertura de crédito suplementar ou especial sem haver:
Prévia autorização legislativa.
Indicação dos recursos correspondentes.
Os créditos suplementares e especiais serão, segundo o artigo 42 da Lei nº 4.320/1964, autorizados
por lei e abertos por decreto executivo. No entanto, os extraordinários não são autorizados por lei.
Os créditos extraordinários serão abertos, na verdade, por um decreto do Poder Executivo. Em
seguida, será dado o imediato conhecimento dele ao Legislativo, impõe o artigo 44 da Lei nº 4.320/1964.
 DICA
Essa espécie de crédito adicional, no caso da União, pode ser aberta por medida provisória, informa o
artigo 167, §3º, da CF/1988.
O artigo 43 da Lei nº 4.320/1964 menciona que a abertura dos créditos suplementares e especiais
depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa e é precedida de uma exposição
justificativa.
A mencionada lei não trata da obrigatoriedade de existência de recursos disponíveis para abrir o crédito
extraordinário. Normalmente, após a retirada dos recursos de onde houver algum, será feita a abertura
do crédito usando a anulação parcial ou total de dotação de onde o recurso foi retirado.
De acordo com o artigo 43, §1º, da Lei nº 4.320/1964, são considerados recursos disponíveis para fins
de abertura de créditos suplementares e especiais:

I – o superavit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior;
II – os provenientes de excesso de arrecadação;
III –os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais,
autorizados em Lei;
IV – o produto de operações de crédito autorizadas, em forma que juridicamente possibilite ao Poder
Executivo realizá-las.
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO
Neste vídeo, o especialista Sergio Albuquerque Barata mostra como é realizado o planejamento do
orçamento público.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (FGV – 2019) A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988 ESTABELECEU TRÊS
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO. SOBRE ESSES
INSTRUMENTOS, É INCORRETO AFIRMAR QUE:
A) A Lei Orçamentária Anual é de iniciativa do chefe do Poder Executivo.
B) O Plano Plurianual deve estabelecer os programas de duração continuada.
C) A Lei de Diretrizes Orçamentárias é um instrumento de conexão entre o PPA e o orçamento anual.
D) O Plano Plurianual tem a vigência de quatro anos, iniciando-se no primeiro exercício do mandato do
chefe do Poder Executivo.
E) A Lei Orçamentária Anual conterá três peças orçamentárias: o orçamento fiscal, o de investimento
das estatais e o da seguridade social.
2. (FCC – 2017) DETERMINADO TRIBUNAL VERIFICOU, EM JUNHO DE 2017, A
NECESSIDADE DE REALIZAR REFORMAS, CUJA EXECUÇÃO DURARIA SEIS
MESES, NO COMPLEXO DE IMÓVEIS DELE. NO ENTANTO, APESAR DA
PREVISIBILIDADE QUANTO À NECESSIDADE DE TAIS REFORMAS, NÃO HAVIA
DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA EM CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS ESPECÍFICOS
PARA A SUA REALIZAÇÃO. ASSIM, DE ACORDO COM AS DETERMINAÇÕES DA
LEI Nº 4.320/1964, PARA A EXECUÇÃO DAS DESPESAS COM AS REFORMAS NO
TRIBUNAL, FOI NECESSÁRIA A ABERTURA DE CRÉDITOS ADICIONAIS...
A) Extraorçamentários
B) Complementares
C) Suplementares
D) Especiais
E) Extraordinários
GABARITO
1. (FGV – 2019) A Constituição da República de 1988 estabeleceu três instrumentos de
planejamento e orçamento. Sobre esses instrumentos, é incorreto afirmar que:
A alternativa "D " está correta.
O PPA é válido para quatro anos: considerado de médio prazo, ele inicia sua vigência no segundo
exercício financeiro do mandato presidencial e se encerra no final do primeiro ano do mandato seguinte.
2. (FCC – 2017) Determinado tribunal verificou, em junho de 2017, a necessidade de realizar
reformas, cuja execução duraria seis meses, no complexo de imóveis dele. No entanto, apesar da
previsibilidade quanto à necessidade de tais reformas, não havia dotação orçamentária em
créditos orçamentários específicos para a sua realização. Assim, de acordo com as
determinações da Lei nº 4.320/1964, para a execução das despesas com as reformas no tribunal,
foi necessária a abertura de créditos adicionais...
A alternativa "D " está correta.
Como não há dotação orçamentária para tal despesa, é necessário abrir um crédito adicional especial,
pois essa espécie é a utilizada para as despesas não previstas no orçamento.
MÓDULO 3
 Identificar o processo orçamentário
LIGANDO OS PONTOS
A seguir, vamos analisar um caso fictício que ilustra o debate sobre os limites do gasto orçamentário,
assim como o processo legislativo que está por trás desse tipo de decisão no planejamento dos
governos.
Imagem: Shutterstock.com
Na Fijilândia, um microestado constituído por mais de 30 ilhas e situado no Pacífico Norte, existem
certas limitações orçamentárias que devem ser cumpridas por seus governantes. Assim, por exemplo,
sua Constituição estabelece um teto de gasto anual que não pode ser excedido pela administração
central.
A presidenta do governo de Fijilândia, Josefa Mara, chegou recentemente ao poder, prometendo a
dinamização da economia do país. Em seu plano eleitoral, tinha previsto criar um programa de subsídios
dirigido a estimular a indústria local, denominado “Fiji Mais”. Depois de dois anos de estagnação, a nova
administração está decidida a usar o orçamento público como um instrumento que beneficie a situação
das empresas nacionais.
O problema do programa Fiji Mais é que implicaria grandes despesas e não somente superaria a receita
anual arrecadada, mas também excederia o teto orçamentário definido. Assim, a regulamentação que
deriva de uma emenda de sua Constituição estabelece que o gasto total do governo não pode superar o
orçamento do ano anterior, com uma pequena correção, considerando a inflação.
O orçamento anual em Fijilândia é elaborado pelo governo e deve ser autorizado pelo Congresso
Nacional. A presidenta Mara está tentando convencer os congressistas a fazer uma exceção à norma
devido à situação de crise. Ela defende que o programa Fiji Mais recuperará a economia e ajudará as
famílias de baixa renda. Segundo a mandatária, a regra do teto de gasto público prejudica somente os
mais pobres.
Entretanto, os congressistas da oposição são contrários a essa ideia e avisam que rejeitarão a proposta
de lei orçamentária. Os políticos opositores do programa postulam que o controle de gastos é a única
forma de atrair investimentos às ilhas e de controlar a inflação crescente no país.
APÓS A LEITURA DO CASE, É HORA DE APLICAR
SEUS CONHECIMENTOS! VAMOS LIGAR ESSES
PONTOS?
1. DIANTE DA PROBLEMÁTICA APRESENTADA NO CASE, SE VOCÊ ESTIVESSE
NO LUGAR DA PRESIDENTA DE FIJILÂNDIA, O QUE FARIA PARA APROVAR A
PROPOSTA DE LEI ORÇAMENTÁRIA E O PROGRAMA FIJI MAIS?
A) Diminuiria os gastos em rubricas relativas à previdência social.
B) Solicitaria um crédito a um órgão internacional.
C) Convenceria a opinião pública da conveniência do programa.
D) Negociaria com os parlamentares da oposição para aprovar a proposta.
E) Aprovaria uma modificação da Constituição.
2. O CONGRESSO NACIONAL FIJILANDÊS VIGIA PARA QUE A PRESIDENTA
MARA NÃO DEIXE DE CUMPRIR AS NORMATIVAS ESTABELECIDAS PARA O
USO DOS INSTRUMENTOS ORÇAMENTÁRIOS, DO MESMO MODO QUE VISA A
UM ORÇAMENTO ADEQUADO E SUA EXECUÇÃO CORRETA. VOCÊ SABE COMO
SE DENOMINA ESSE TIPO DE VIGILÂNCIA?
A) Controle interno orçamentário
B) Avaliação orçamentária
C) Controle político do tipo financeiro
D) Controle de contas da União
E) Autotutela
GABARITO
1. Diante da problemática apresentada no case, se você estivesse no lugar da presidenta de
Fijilândia, o que faria para aprovar a proposta de lei orçamentária e o programa Fiji Mais?
A alternativa "E " está correta.
Se consideramos que a limitação dos gastos está contida na Constituição do país, o governo não
poderia exceder esse limite, mesmo convencendo os membros do Congresso Nacional. Somente
conseguiria seu propósito se mudasse as regras da própria Constituição, cuja iniciativa, no Brasil, é
denominada Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
2. O Congresso Nacional fijilandês vigia para que a presidenta Mara não deixe de cumprir as
normativas estabelecidas para o uso dos instrumentos orçamentários, do mesmo modo que visa
a um orçamento adequado e sua execução correta. Você sabe como se denomina esse tipo de
vigilância?
A alternativa "C " está correta.
Efetivamente, órgãos como os do Poder Legislativo exercem a função política de controle sobre o gasto
público. Esse controle está presente ao longo de todo o ciclo orçamentário e é, em concreto, um controle
externo ao próprio governo.
3. O BRASIL POSSUI UMA NORMATIVA SIMILAR À
APRESENTADA NO CASO FICTÍCIO DE FIJILÂNDIA EM
RELAÇÃO AOS LIMITES DO GASTO DO GOVERNO
FEDERAL. A REGRA FOI INSTITUÍDA EM 2016 E COM UMA
DURAÇÃO DE 20 ANOS. VOCÊ CONSIDERA CONVENIENTE
QUE EXISTA UM TETO DE GASTO OU LIMITAÇÕES PARA O
ENDIVIDAMENTO DOS GOVERNOS? JUSTIFIQUE SUA
RESPOSTA.
RESPOSTA
Espelho de resposta
A limitação de gasto público tem sentido na medida em que é parte dos controles e arranjos institucionais que
possibilitam uma melhor governança. Se não houvesse controles, um governo irresponsável ou que
buscasse popularidade no curto prazo poderia se endividar até o ponto de levar a própria economia do país à
falência
Contudo, em circunstâncias excepcionais, e considerando que sejam orçamentariamente viáveis certos
gastos acima desses limites, poderia se discutir a conveniência de superar esse teto. Às vezes, certos
estímulos públicos podem dinamizar a economia,de forma que gastos extraordinários temporários tenham
um retorno posterior.
CICLO ORÇAMENTÁRIO DA LOA
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O ciclo orçamentário se trata de um processo contínuo, dinâmico e flexível. É possível agrupar as
atividades relacionadas a esse ciclo em quatro fases ou etapas:
Elaboração do Projeto de Lei Orçamentária.
Apreciação, estudo, aprovação (discussão), sanção e publicação da Lei Orçamentária.
Execução da Lei Orçamentária.
Avaliação e controle da execução orçamentária (acompanhamento).
Podemos concluir, portanto, que o ciclo orçamentário não se confunde com o exercício financeiro, pois
tal exercício corresponde a uma das fases do ciclo, ou seja, à execução do orçamento.
A fase de preparação da proposta orçamentária e sua elaboração legislativa, afinal, precedem o
exercício financeiro, enquanto a de avaliação e prestação de contas (controle interno e externo)
ultrapassam-no:
EXERCÍCIO FINANCEIRO (UM ANO)
CICLO ORÇAMENTÁRIO (MAIS DE UM ANO)
EXERCÍCIO FINANCEIRO (UM ANO)
Coincide com o ano civil (01/01 a 31/12). Trata-se do período no qual o orçamento é executado,
conforme dispõe o artigo 34 da Lei nº 4.320/1964.
CICLO ORÇAMENTÁRIO (MAIS DE UM ANO)
Começa com a elaboração do Projeto de Lei Orçamentária e termina somente após a avaliação e
prestação de contas (controle interno e externo). O exercício financeiro (ou execução orçamentária)
está dentro desse ciclo.
Tomando como base o ano de 2021, as 1ª e 2ª etapas seriam realizadas em 2020, enquanto a 3ª
ocorreria em 2021. Já a 4ª etapa, em regra, aconteceria a partir do ano seguinte (2022).
 ATENÇÃO
Neste caso, a etapa de controle e avaliação pode ocorrer em 2020, 2021 ou após 2022, tendo em vista
que existem três tipos de controle: prévio, concomitante ou posterior.
Analisaremos agora cada etapa do ciclo orçamentário. Para isso, utilizaremos como parâmetro o ente
federativo União:
ELABORAÇÃO DO PROJETO DE LEI
ORÇAMENTÁRIA (1ª ETAPA)
A primeira situação trata do cenário fiscal, pois é necessário analisar como será realizada a alocação
dos recursos.
O Poder Executivo vai:
Fixar a meta fiscal (metas de receita, despesa, resultado nominal, resultado primário etc.).
Projetar as receitas (efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do
crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante, sendo eles acompanhados do
demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos).
Projetar as despesas obrigatórias (despesas de pessoal, com funcionamento e manutenção,
custeio etc.).
Apurar as despesas discricionárias (com investimentos, programas assistenciais etc.).
Em seguida, os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública
e dos Tribunais de Contas encaminharão ao Poder Executivo suas respectivas propostas orçamentárias
para fins de consolidação do Projeto de Lei Orçamentária (PLOA). Depois, o Poder Executivo enviará
para o Congresso Nacional o PLOA consolidado, tendo em vista que a iniciativa é desse Poder.
 ATENÇÃO
Como vimos anteriormente, o Executivo encaminhará o PLOA até o dia 31 de agosto do referido
exercício financeiro. Caso não envie nesse prazo, ele incorrerá em crime de responsabilidade previsto
no artigo 85, VI, da CF/1988.
APRECIAÇÃO, ESTUDO, APROVAÇÃO (DISCUSSÃO),
SANÇÃO E PUBLICAÇÃO DA LOA (2ª ETAPA)
Segundo o artigo 166 da CF/1988, os projetos de lei relativos ao PPA, à LDO, à LOA e aos créditos
adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional na forma do regimento comum.
Essa apreciação é realizada conjuntamente no Plenário do Congresso Nacional. No entanto, a apuração
é feita de forma separada por maioria simples, isto é, a votação ocorre em cada Casa Legislativa
(Senado e Câmara dos Deputados).
O chefe do Executivo envia os projetos de lei para o Poder Legislativo. No Legislativo, esses projetos
são encaminhados para uma Comissão Mista Permanente formada por deputados e senadores, que
devem emitir um parecer sobre eles de acordo com o previsto no artigo 166, §1º, I, da CF/1988.
No âmbito federal, essa comissão é chamada de Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e
Fiscalização. Também conhecida como Comissão Mista de Orçamento (CMO), ela é composta por 40
membros (30 deputados e 10 senadores).
Os parlamentares podem propor modificações ao PLOA por meio das chamadas emendas
parlamentares. Entretanto, existe a necessidade de se observar algumas limitações previstas no texto
constitucional.
De acordo com artigo 166, §2º, as emendas devem ser apresentadas à CMO, que sobre elas emitirá
parecer, e apreciadas na forma regimental pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional.
Já o §3º do artigo 166 da CF/1988 trata dos requisitos para que os parlamentares possam propor
emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem (créditos adicionais).
As referidas emendas somente podem ser aprovadas caso:

I - sejam compatíveis com o Plano Plurianual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias;
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa,
excluídas as que incidam sobre:
a) dotações para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida;
c) transferências tributárias constitucionais para estados, municípios e Distrito Federal; ou
III - sejam relacionadas:
a) com a correção de erros ou omissões; ou
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.
Além disso, as emendas ao projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias não poderão ser aprovadas
quando forem incompatíveis com o Plano Plurianual, aponta o artigo 166, §4º, da CF/1988.
Houve duas alterações significativas na CF/1988 no que tange às emendas dos parlamentares:
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 86/2015 (EC 86/2015)
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 100/2019 (EC 100/2019)
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 86/2015 (EC 86/2015)
Acrescentou dispositivos que tornarão obrigatória a execução da programação orçamentária quando
cada parlamentar emendar o PLOA. São as chamadas emendas individuais dos parlamentares.
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 100/2019 (EC 100/2019)
Alterou alguns dispositivos da EC 86/2015 em relação às emendas dos parlamentares. O EC 100/2019
tornou obrigatória a execução da programação orçamentária das chamadas emendas de iniciativa de
bancada de parlamentares de estado ou do Distrito Federal. Isso significa que, quando houver emenda
proposta por bancadas de parlamentares (coletivas), elas também serão de execução obrigatória.
Por fim, após a devolução do PLOA aprovado pelo Poder Legislativo, devolvido até o dia 22/12, o chefe
do Poder Executivo sanciona, promulga e publica a LOA, tornando-a válida.
EXECUÇÃO DA LOA (3ª ETAPA)
É o período em que ocorre a chamada execução orçamentária. Com isso, arrecadam-se as receitas
previstas e realizam-se (gastam-se) as despesas fixadas (créditos orçamentários).
Essas receitas são desdobradas em metas bimestrais de arrecadação. Seu acompanhamento é
efetuado, segundo o artigo 165, §3º, da CF/1988, por meio do relatório resumido da execução
orçamentária.
Os artigos 8º e 9º da LRF também tratam da execução orçamentária
A liberação dos recursos para os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público, da
Defensoria Pública e do Tribunal de Contas deve ser realizada até o dia 20 de cada mês por meio dos
duodécimos (parcelas mensais), conforme estipula o artigo 168 da CF/1988.
Tendo em vista a EC 86/2015 e a EC 100/2019, as emendas individuais e coletivas dos parlamentares
passaram a ser de execução obrigatória. Por isso, elas precisam ser realizadas durante o exercício
financeiro da respectiva LOA.
AVALIAÇÃO E CONTROLE DA EXECUÇÃO
ORÇAMENTÁRIA (4ª ETAPA)
A avaliação é realizada mediante a utilização dos seguintes critérios:
Efetividade (resultados pretendidos e cumprimento dos objetivos).
Eficácia (resultados esperados ou alcançados e cumprimento de metas).
Eficiência (resultados com recursos disponíveis e relação custo-benefício).
Já o controle, conforme dispõe o artigo 70da CF/1988, é efetivado por meio dos sistemas de controle
externo e interno:
A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da
administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo,
e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Falaremos a seguir sobre esses dois tipos de controle:
Controle interno
Representa o controle realizado pela própria Administração sobre seus atos, objetivando, com isso,
verificar sua adequação. É o chamado controle administrativo que o próprio Poder exerce sobre si
mesmo (autotutela).

Controle externo
Trata-se do controle realizado por agentes estranhos ao órgão controlado, sendo, portanto, aquele
exercido por um Poder sobre o outro. Ele configura, portanto, um controle político.
Refere-se, afinal, a um controle exercido externamente à estrutura do Poder controlador. Além disso,
busca a preservação e o equilíbrio das instituições políticas democráticas do país.
Trataremos aqui do controle externo do tipo financeiro, isto é, do chamado controle financeiro ou
controle político-financeiro, o qual, nos termos da seção IX, capítulo I, do título IV da CF/1988 (artigos 70
a 75), deve ser exercido pelo Congresso Nacional (Poder Legislativo) com o auxílio do Tribunal de
Contas da União (TCU).
Exemplos desse auxílio do TCU
- Apreciação das contas do Poder Executivo pelo Tribunal de Contas mediante parecer prévio.
- Auditoria realizada pelo Tribunal de Contas sobre a efetivação de determinada despesa dos poderes e
órgãos públicos.
- Fiscalização realizada pelo Tribunal de Contas referente à legalidade dos atos de admissão de pessoal
na Administração Pública.
No caso das contas do chefe do Poder Executivo, o Congresso Nacional julga anualmente as que são
prestadas pelo presidente da República com o auxílio de um parecer prévio emitido pelo TCU.
O controle está extremamente ligado à auditoria, isto é, controle, fiscalização e auditoria podem ser
consideradas expressões sinônimas. Isso significa verificar, examinar e vistoriar.
É atribuição do presidente da República prestar anualmente ao Congresso Nacional, até 60 dias após a
abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior. Caso ele não as preste no
prazo estabelecido na CF/1988 (artigo 84, XXIV), compete à Câmara dos Deputados proceder a tomada
de contas (artigo 51, II, da CF/1988).
O Congresso Nacional recebe a prestação de contas do presidente da República e a encaminha de
imediato ao TCU. Esse tribunal tem a incumbência de apreciar as contas prestadas anualmente pelo
presidente mediante um parecer prévio cuja elaboração tem um prazo de 60 dias (a contar de seu
recebimento), completa o artigo 71, I, da CF/1988.
O TCU elabora o seu parecer prévio e encaminha ao Congresso Nacional. No Congresso, cabe à CMO
emitir outro parecer (sob a forma de projeto de decreto legislativo) sobre as contas do presidente da
República (artigo 166, §1º, I, da CF/1988).
O julgamento das contas do chefe do Executivo pelo Congresso Nacional se concretiza graças a
um decreto legislativo.
De acordo com o artigo 70, parágrafo único, da CF/1988:
“Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em
nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.”
Por força do artigo 71, II, da CF/1988, compete ao TCU o julgamento das:

[...] contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder
público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte prejuízo ao erário público.
CICLO ORÇAMENTÁRIO AMPLIADO
Para Sanches (1993), o ciclo orçamentário (também chamado de ciclo orçamentário ampliado) possui
oito fases/etapas:
Formulação do planejamento plurianual pelo Executivo.
Apreciação e adequação do plano pelo Legislativo.
Proposição de metas e prioridades para a Administração e da política de alocação de
recursos pelo Executivo.
Apreciação e adequação da LDO pelo Legislativo.
Elaboração da proposta de orçamento pelo Executivo.
Apreciação, adequação e autorização legislativa.
Execução dos orçamentos aprovados.
Avaliação da execução e julgamento das contas.
Segundo Sanches (1993), tais fases são insuscetíveis de aglutinação, já que cada uma possui ritmo
próprio, finalidade distinta e periodicidade definida.
 ATENÇÃO
As fases 1 e 2 são referentes ao PPA. Já as 3 e 4 dizem respeito à LDO. Por fim, as fases 5 a 8 tratam
da LOA. Essas últimas são as mesmas do ciclo orçamentário inicialmente considerado pela maioria da
doutrina.
PROCESSO ORÇAMENTÁRIO
Neste vídeo, o especialista Sergio Albuquerque Barata fala sobre como funciona o processo de
elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) e suas especificidades.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (FGV – 2017) O CHEFE DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO ALFA
ENCAMINHOU O PROJETO DE LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL À ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA SOB FORTE CRÍTICA DA OPINIÃO PÚBLICA, QUE NÃO
CONCORDAVA COM A DRÁSTICA DIMINUIÇÃO DAS DOTAÇÕES DESTINADAS A
CERTOS PROGRAMAS SOCIAIS. SENSÍVEL A ESSA REALIDADE, UM GRUPO DE
PARLAMENTARES APRESENTOU EMENDA AO PROJETO, AMPLIANDO
CONSIDERAVELMENTE AS REFERIDAS DOTAÇÕES.
NA MESMA OCASIÃO, OS PARLAMENTARES INFORMARAM QUE OS RECURSOS
NECESSÁRIOS DECORRERIAM DE:
I. ANULAÇÃO DE PEQUENA PARTE DAS DOTAÇÕES PARA PESSOAL;
II. ANULAÇÃO DE PARTE DAS DOTAÇÕES DESTINADAS AO PAGAMENTO DOS
JUROS INCIDENTES SOBRE A DÍVIDA PÚBLICA;
III. OUTROS PROGRAMAS SOCIAIS.
À LUZ DA NARRATIVA ACIMA, A RESPEITO DAS DOTAÇÕES A SEREM
ANULADAS EM DECORRÊNCIA DA EMENDA PARLAMENTAR, É CORRETO
AFIRMAR QUE, CONSOANTE À SISTEMÁTICA CONSTITUCIONAL, A ANULAÇÃO
SERIA POSSÍVEL EM RELAÇÃO A AQUELA(S) REFERIDA(S) EM:
A) I, II e III
B) II e III
C) I e III
D) I e II
E) III
2. (FCC – 2013) ACERCA DAS CONTAS PRESTADAS ANUALMENTE PELO
PRESIDENTE DA REPÚBLICA, SUA APRECIAÇÃO É DE COMPETÊNCIA DE:
A) Controladoria Geral da União, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em 90 dias a contar
de seu recebimento.
B) Senado Federal, mediante parecer prévio elaborado pelo Tribunal de Contas da União.
C) Câmara dos Deputados até o encerramento da sessão legislativa.
D) Congresso Nacional, mediante parecer prévio elaborado pelo Tribunal de Contas da União.
E) Tribunal de Contas da União, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em 60 dias a contar
de seu recebimento.
GABARITO
1. (FGV – 2017) O chefe do Poder Executivo do estado Alfa encaminhou o projeto de Lei
Orçamentária Anual à Assembleia Legislativa sob forte crítica da opinião pública, que não
concordava com a drástica diminuição das dotações destinadas a certos programas sociais.
Sensível a essa realidade, um grupo de parlamentares apresentou emenda ao projeto, ampliando
consideravelmente as referidas dotações.
Na mesma ocasião, os parlamentares informaram que os recursos necessários decorreriam de:
I. Anulação de pequena parte das dotações para pessoal;
II. Anulação de parte das dotações destinadas ao pagamento dos juros incidentes sobre a dívida
pública;
III. Outros programas sociais.
À luz da narrativa acima, a respeito das dotações a serem anuladas em decorrência da emenda
parlamentar, é correto afirmar que, consoante à sistemática constitucional, a anulação seria
possível em relação a aquela(s) referida(s) em:
A alternativa "E " está correta.
De acordo com o texto constitucional, não cabe aos parlamentares propor alteração de anulação de
dotações para pessoal nem a anulação de parte delas para o pagamento de juros da dívida pública. A
única hipótese que a CF/1988 permite, nessa questão, é a anulação de recursos dos programassociais.
2. (FCC – 2013) Acerca das contas prestadas anualmente pelo presidente da República, sua
apreciação é de competência de:
A alternativa "E " está correta.
De acordo com o texto constitucional, o presidente da República envia suas contas para o Congresso
Nacional, que as encaminha de imediato para o TCU. O TCU as analisará e emitirá um parecer prévio,
que deverá ser elaborado em 60 dias a contar de seu recebimento. Em seguida, o TCU devolverá as
contas para que o Congresso Nacional proceda o julgamento delas.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste conteúdo, aprendemos como funciona o planejamento público, identificando a atividade financeira
do Estado e quem possui a competência para elaborar e aprovar as leis orçamentárias. Também
identificamos os valores que norteiam a elaboração dessas leis.
Conhecemos ainda quais são os instrumentos de planejamento governamental e sua interação, inclusive
o processo de alteração do orçamento propriamente dito. Além disso, vimos o funcionamento do ciclo de
elaboração, aprovação, execução e controle do orçamento público denominado processo orçamentário.
Você agora já possui um panorama geral do planejamento e do orçamento público. Com isso, pode
atuar com ou nas diversas áreas da gestão pública – ou, até mesmo como cidadão, compreender a
importância de tal assunto.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988.
BRASIL. Lei complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Brasília, 2000.
BRASIL. Manual de contabilidade aplicada ao setor público (MCASP). 8. ed. Publicado em: 18 dez.
2018. Consultado na internet em: 13 abr. 2021.
PALUDO, A. V. Orçamento público, AFO e LRF. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2020.
PACELLI, G. Administração financeira e orçamentária. 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2020.
PASCOAL, V. Direito financeiro e controle externo. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2019.
SANCHES, O. M. O ciclo orçamentário: uma reavaliação à luz da Constituição de 1988. Revista de
administração pública. v. 27. n. 4. Rio de Janeiro: FGV, out./dez. 1993. p. 54-76.
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Estes manuais abrangem detalhadamente as receitas e as despesas orçamentárias. Por isso, os
indicamos como leitura complementar:
BRASIL. Manual de contabilidade aplicada ao setor público (MCASP). 8. ed. Parte I. Publicado
em: 18 dez. 2018. Consultado na internet em: 13 abr. 2021.
BRASIL. Manual técnico do orçamento – MTO 2021. 3. ed. Consultado na internet em: 13 abr.
2021.
CONTEUDISTA
Sergio Albuquerque Barata

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