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1 FISIOLOGIA GERAL 1 Sumário 1 Introdução .................................................................................................. 4 1.1 A célula e seu funcionamento ............................................................. 4 1.2 O transporte através da membrana celular ......................................... 4 2 Fisiologia dos músculos e dos nervos ....................................................... 6 2.1 Potenciais de membrana e potenciais de ação ...................................... 6 2.2 Contração do musculo estriado e contração do musculo liso ........... 12 3 Fisiologia do coração ............................................................................... 16 4 Fisiologia da circulação e artérias ............................................................ 17 5 Fisiologia do sangue ................................................................................ 19 5.1 Hemácias e Leucócitos ..................................................................... 19 6 Fisiologia respiratória ............................................................................... 20 7 Neurofisiologia ......................................................................................... 21 7.1 Classificação ..................................................................................... 22 7.2 O que é Neurofisiologia? ................................................................... 22 7.3 Resumo ............................................................................................. 25 8 Fisiologia da dor....................................................................................... 26 9 Fisiologia do Exercício ............................................................................. 29 9.1 Sistema Anaeróbio Alático ................................................................ 29 9.2 Sistema Aeróbico Lático .................................................................... 29 9.3 Sistema Aeróbio ................................................................................ 30 10 Reflexos da medula espinhal ................................................................ 32 10.1 Estrutura ........................................................................................ 32 10.2 Substância Branca e Substância Cinzenta .................................... 32 11 Sistema nervoso autônomo .................................................................. 33 11.1 Anatomia do sistema nervoso autônomo ....................................... 33 11.2 Funcionamento do sistema nervoso autônomo ............................. 34 11.3 Sistema nervoso autônomo ........................................................... 35 11.4 Causas ........................................................................................... 39 11.5 Sintomas ........................................................................................ 40 2 11.6 Diagnóstico .................................................................................... 40 11.7 Tratamento ..................................................................................... 42 12 Sistema Aeróbio (Oxidação) ................................................................. 43 Referências ................................................................................................... 45 3 NOSSA HISTÓRIA A NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a INSTITUIÇÃO, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A INSTITUIÇÃO tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 1 Introdução Fisiologia (do grego physis = natureza, função ou funcionamento; e logos =estudo) A fisiologia geral estuda a célula e as suas funções. Compreensão da fisiologia dos músculos, como age o sistema nervoso e como os hormônios afetam nosso organismo. Além de ampliar o conhecimento nessa disciplina, discutiremos os princípios básicos da fisiologia de músculos e nervos, coração, circulação, rins, sangue, respiratória, reprodução e neurofisiologia. A fisiologia: Estuda as funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres vivos. Estuda o funcionamento do organismo como um todo A fisiologia é dividida em: Fisiologia animal Fisiologia vegetal Fisiologia humana 1.1 A célula e seu funcionamento Não há vida sem as células, esses pequenos compartimentos limitados por uma membrana e preenchidos por uma substância aquosa repleta de compostos químicos (o citoplasma), que desempenham em miniatura todas as funções vitais. A célula move-se, cresce, reage a estímulos, defende-se e se reproduz. Para manter rotina tão variada, a célula eucariota utiliza-se de um conjunto bem organizado de estruturas que lembram um pequeno complexo industrial. Cada estrutura, ou organela, tem funções definidas. 1.2 O transporte através da membrana celular 5 Muitas das substâncias (gases, íons, açúcares etc.) dissolvidas em nosso compartimento intracelular ou extracelular podem atravessar a membrana celular e passar de um compartimento a outro. Existem várias formas por meio das quais as diversas substâncias podem atravessar a membrana celular. As principais e mais bem conhecidas são: difusão simples, difusão facilitada e transporte ativo. Na difusão simples, a substância passa de um meio a outro ( do intracelular para o extracelular ou do extracelular para o intracelular) simplesmente em razão ao movimento aleatório e contínuo da substância nos líquidos corporais, por uma energia cinética da própria matéria. Em tal meio de transporte, não ocorre gasto de ATP (adenosina trifosfato) intracelular nem ajuda de carreadores. Podemos citar um exemplo de difusão simples: gases como oxigênio ou dióxido de carbono atravessam a membrana celular com grande facilidade, simplesmente dissolvendo -se na matriz lipídica dessa membrana (oxigênio e dióxido de carbono são lipossolúveis). Na difusão facilitada, a substância utiliza-se também de seus movimentos aleatórios e contínuos nos líquidos corporais e passa também de um lado a outro da membrana celular. Porém, por ser insolúvel na matriz lipídica (não lipossolúvel) e de tamanho molecular grande demais para passar através dos diminutos "poros" que se encontram na membrana celular, a substância apenas se dissolve e passa através da membrana celular ligada a uma proteína carreadora específica para tal substância, encontrada na membrana celular. Em tal transporte, também não há gasto de ATP intracelular. Podemos citar um exemplo de difusão facilitada: A glicose é um importante monossacarídeo que atravessa a membrana celular de fora para dentro da célula (do meio de maior concentração para o meio de menor concentraçãode glicose) liga da a uma proteína carreadora específica para glicose. 6 No transporte ativo, a substância é levada de um meio a outro através da membrana celular por uma proteína carreadora que é capaz, inclusive, de transportar essa substância contra um gradiente de concentração, de pressão ou elétrico (a substância pode, por exemplo, ser transportada de um meio de baixa concentração para um meio de alta concentração da mesma). Para tanto, o carreador liga-se quimicamente à substância a ser transportada por intermédio da utilização de enzima específica, que catalisaria tal reação. Além disso, há um consumo de ATP intracelular para transportar a substância contra u m gradiente de concentração. Podemos citar um exemplo de transporte ativo: Bomba de Sódio e Potássio que transporta constantemente, nas células excitáveis, através da membrana, íon sódio de dentro para fora e íon potássio de fora p ara dentro da célula. Ambos os íons são transportados contra um gradiente de concentração, isto é, de um meio menos concentrado para um mais concentrado do mesmo íon 2 Fisiologia dos músculos e dos nervos 2.1 Potenciais de membrana e potenciais de ação A eletricidade é um processo natural em nosso organismo e está envolvida na função específica de certas células especiais no cérebro e nos músculos estriados e lisos. 7 Cada padrão de luz, som, calor, dor, cada piscar de olhos, estalar de dedos, cada pensamento traduz-se em uma sequência de pulsos elétricos. As células nervosas possuem propriedades similares às outras células em muitos aspectos: elas alimentam-se, respiram, passam por processos de difusão e osmose em suas membranas etc., mas diferem em um aspecto importante: elas processam informação. A habilidade das células nervosas processarem informação depende de propriedades especiais da membrana do neurônio, a qual controla o fluxo de substâncias ao lado interno da célula (íons sódio, cálcio, potássio etc.). Os neurônios não existem isoladamente: eles também se conectam uns aos outros, formando as chamadas cadeias neuronais, as quais transmitem informações a outros neurônios ou músculos. Por essas cadeias, caminham os impulsos nervosos. Dois tipos de fenômenos estão envolvidos no processamento do impulso nervoso: elétrico e químico. Os eventos elétricos propagam um sinal dentro de um neurônio, e o químico transmite o sinal de um neurônio a outro ou a uma célula muscular. O "engate" ou junção entre um neurônio e outro, é denominado sinapse. Um impulso nervoso é a transmissão de uma alteração elétrica ao longo da membrana do neurônio a partir do ponto em que ele foi estimulado. A direção normal do impulso no organismo é do corpo celular para o axônio. Esse impulso nervoso, ou potencial de ação, é uma alteração brusca e rápida da diferença de potencial transmembrana. Normalmente, a membrana do neurônio é polarizada em repouso, sendo que o potencial é negativo ( -70 mV). O potencial de ação consiste de uma redução rápida da negatividade da membrana até 0 mV e inversão desse potencial até valores de cerca de +30 mV, seguido de um retorno também rápido até valores um pouco mais negativos que o potencial de repouso de -70mV. O mais importante exemplo de transporte ativo presente na membrana da s células excitáveis é a Bomba de Sódio e Potássio. Tal bomba transporta, ativa e constantemente, íons sódio de dentro para fora da célula e, ao mesmo tempo, íons potássio em sentido contrário, isto é, de fora para dentro das células. Mas os íons (sódio e potássio) não são transportados com a mesma velocidade: A Bomba de Sódio e Potássio transporta mais rapidamente íons Sódio (de dentro para fora) do 8 que íons Potássio (de fora para dentro). Para cada cerca de três íons sódio transportados (para fora), dois íons potássios são transportados em sentido inverso (para dentro). Isso acaba criando uma diferença de cargas positivas entre o exterior e o interior da célula, pois ambos os íons transportados pela bomba (sódio e potássio) são cátions (com uma valência positiva), e a Bomba de Sódio e Potássio transporta, portanto, mais carga positiva de dentro para fora do que de fora para dentro da célula. Cria-se assim um gradiente elétrico na membrana celular: No seu lado externo , acaba formando-se um excesso de cargas positivas , enquanto que no seu lado interno ocorre o contrário, isto é, uma falta de cargas positivas faz com que o líquido intracelular fique com mais cargas negativas do que positivas. O gradiente elétrico então formado é conhecido como Potencial de Membrana Celular. Na maioria das células nervosas, tal potencial equivale a algo em torno de 90 mv. Quando a membrana de uma célula excitável realmente se excita, ocorrem sucessões de eventos fisiológicos através da membrana. Tais fenômenos, em conjunto, produzem aquilo que chamamos de Potencial de Ação. Geralmente a excitação ocorre no momento em que a membrana recebe um de terminado estímulo. Alguns estímulos , como: calor, frio, solução salina hipertônica ou hipotônica, ácidos, bases, corrente elétrica, pressão etc. Algumas células desencadeiam o Potencial de Ação sem a necessidade de receberem estímulos em razão a uma alta excitabilidade que as mesmas apresentam. Tais células são denominadas auto excitáveis, e os potenciais por elas gerados são denominados de potenciais espontâneos. Um típico potencial de ação em uma típica célula excitável dura apenas alguns poucos milésimos de segundo e pode ser dividido nas seguintes fases: despolarização e repolarização. A despolarização é a primeira fase do potencial de ação. Durante essa fase , ocorre um significativo aumento na permeabilidade aos íons sódio na membrana celular. Isso propicia um grande fluxo de íons sódio de fora para dentro da célula através de sua membrana por um processo de difusão simples. 9 Como resultado do fenômeno citado acima, o líquido intracelular passa a apresentar uma grande quantidade de íons de carga positiva (cátions) e a membrana celular passa a apresentar agora um potencial inverso daquele encontrado na s condições de repouso da célula: Mais cargas positivas no interior da célula e mais cargas negativas no seu exterior. O potencial de membrana nesse período passa a ser, portanto, positivo (algo em torno de +45 mv). A repolarização é a segunda fase do potencial de ação e ocorre logo em seguida à despolarização. Durante este curtíssimo período, a permeabilidade na membrana celular aos íons sódio retorna a o normal e, simultaneamente, ocorre agora um significativo aumento na permeabilidade aos íons potássio. Isso provoca um grande fluxo de íons potássio de dentro para fora da célula (em consequência ao excesso de cargas positivas encontradas nesse período no interior da célula e à maior concentração de potássio dentro do que fora da célula). Enquanto isso , os íons sódio (cátions) que estavam em grande quantidade no interior d a célula vão sendo transportados ativamente para o exterior da mesma, p ela bomba de sódio -potássio. Tudo isso faz com que o potencial na membrana celular volte a ser negativo (mais cargas negativas no interior da célula e mais cargas positivas no exterior da mesma). O potencial de membrana, nesse período, passa a ser algo em torno de -95 mV.(ligeiramente mais negativo do que o potencial, membrana em estado de repouso da célula). O repouso é a terceira e a última fase desse processo. É o retorno às condições normais de repouso encontradas na membrana celular antes da mesma ser excitada e despolarizada. Nessa fase, a permeabilidade aos íons potássio retorna ao normal e a célula rapidamente retorna às suas condições normais. O potencial de membrana celular retorna ao seu valor de repouso (cerca de -90 mV.). Todo o processo descrito acimadura, aproximadamente, dois a três milésimos de segundo na grande maioria das células excitáveis encontradas em nosso corpo. Mas algumas células excitáveis apresentam um potencial bem mais longo do que o 10 descrito acima. As células musculares cardíacas, por exemplo, apresentam potenciais d e ação que chegam a durar 0,15 a 0,3 segundos (e não alguns milésimo s de segundo, como nas outras células). Tais potenciais, mais longos, apresentam um período durante o qual a membrana celular permanece despolarizada por um grande período. Esses potenciais são denominados Potenciais em Platô. A velocidade de propagação do potencial de ação pode ser variada ao se variar o tempo de duração de alguma das duas fases da propagação. Contudo, a fase ativa costuma ser constante nas células, durando em torno de 4 ms. Desse modo, a célula varia a duração da fase passiva, havendo dois modos básicos: Aumento ou diminuição do calibre do axônio ou célula; Maior ou menor isolamento da membrana (ao variar a espessura da mielina, se houver). O aumento do calibre do axônio ou célula provoca um aumento da velocidade de propagação do potencial de ação, pois há diminuição da resistência longitudinal, provocada por uma maior área de secção transversal. Em alguns axônios do polvo Atlântico, a velocidade de propagação do potencial de ação alcança velocidades superiores a 100 m/s, em consequência do calibre e levado e da mielina espessa. Outro fator fundamental para desencadear um potencial de ação é o tipo de bainha de mielina. A bainha de mielina é uma membrana lipídica modificada e espessada. Ela pode ser sintetizada por duas células: oligodendrócitos, no sistema nervoso central, e células de Schwann, no sistema nervoso periférico. A espessura da bainha de mielina é de acordo com o número de voltas que a membrana das células de Schwann ou dos oligodendrócitos dão em torno do axônio. Em axônios de calibre pequeno não há mielina envolvendo, já em axônios de calibre grande, a mielina é mais espessada do que os outros menores que a possuem. A bainha de mielina fornece um aumento do isolamento celular (aumento da resistência de membrana) em virtude de não haver canais de vazamento de membrana em que há mielina. Desse modo, a fase passiva perde menos íons, o que 11 aumenta a chance do potencial de ação ter sucesso. Além de não haver canais de vazamento de membrana, não há também praticamente nenhum tipo de canal de membrana quando há bainha de mielina (ex.: bombas de sódio e potássio), o que provoca para a célula uma menor necessidade de síntese proteica, ou seja, menos gasto energético. A bainha de mielina permite uma maior velocidade da fase passiva da propagação do potencial de ação (diminui a capacitância de membrana e aumenta a resistência de membrana). Além disso, diminui o número de fases ativas da propagação do potencial de ação, tornando a propagação mais veloz ainda. As fases ativas da propagação ocorrem em máculas da bainha de mielina, os nódulos da Ranvier. Neles, diferentemente da zona cercada por bainha de mielina, há abundância de canais de íon sódio voltagem- dependentes (densidade até quatro ordens de magnitude a mais que nas membranas amielínicas), o que permite a ocorrência do potencial de ação, que corresponde à fase ativa da propagação do potencial de ação. A distância entre os nódulos de Ranvier deve ser muito bem calculada pelas células, de modo que o potencial passivo chegue com íons suficientes para provocar o potencial de ação. A consequência da bainha de mielina queimar etapas na propagação, ao diminuir o número de potenciais ativos, está nos movimentos saltatórios, que possuem esse nome em razão de haver a impressão de que os potenciais de ação saltam de nódulo em nódulo. 12 De acordo com a figura acima, os cátions à esquerda, dentro da célula, são conseguidos a partir de um potencial de ação. Passivamente, eles se difundem para outro nódulo de Ranvier, onde gerarão um novo potencial de ação. 2.2 Contração do musculo estriado e contração do musculo liso Para que um músculo esquelético ou visceral ponha-se em ação, isto é, contraia-se, deve ser excitado. Experimentalmente o músculo responde a diversos tipos de excitação: Excitações mecânicas, como são as determinadas por uma pancada, uma picada, um esmagamento etc.; Excitações térmicas, como o aumento de temperatura; Excitações elétricas: esse tipo de excitação é o ideal porque o experimentador pode fazer variar a intensidade e o grau de excitabilidade do próprio músculo. No ser vivo, a excitação chega ao músculo por meio dos nervos motores. O músculo excitado responde ao estímulo contraindo-se. A contratibilidade é a característica essencial do músculo. O músculo excitado deforma-se, encolhe-se, aumenta de espessura, mas o seu volume total não muda. Diversas são as contrações nos músculos estriados e nos músculos lisos. Os primeiros se contraem mais rapidamente 13 do que os segundos. Uma vez contraído, o músculo se afrouxa, voltando à sua forma primitiva. O músculo é, portanto, dotado de elasticidade. Isso se pode constatar distendendo um músculo pelas suas extremidades: observa-se que o músculo retorna ao seu primitivo comprimento uma vez cessado atração, com a condição de que esta não tenha sido muito forte ou muito violenta. A elasticidade do músculo é indispensável. O músculo deve, na verdade, voltar à sua forma primitiva para poder contrair-se de no vo. Além disso, nos músculos considerados antagônicos, isto é, que desempenham funções opostas, têm lugar, contemporaneamente, dois fenômenos contrários: quando um deles se contrai, o outro se afrouxa. Assim, quando dobramos o antebraço sobre o braço, temos a contração do bíceps e, ao mesmo tempo, o afrouxamento do tríceps, o músculo antagônico. Contraindo-se, os músculos esqueléticos agem sobre os ossos, que constituem verdadeiras "alavancas". Quando levantamos um peso com a mão, dobrando o cotovelo, o antebraço constitui a alavanca, a articulação do cotovelo é o ponto de apoio, a força desenvolvida pelos bíceps constitui a força motora e o peso a resistência. Os músculos realizam sempre um "trabalho". Em física, define-se o "trabalho" como o produto de uma força pelo deslocamento do ponto de aplicação dessa força. Mas os músculos realizam um trabalho mesmo sem deslocamento das alavancas ósseas. Para manter na respectiva posição a cabeça, o tronco e os membros, é necessária uma harmônica contração de diversos grupos musculares. A manutenção da posição ereta é , sob esse ponto de vista, qualquer coisa de maravilhoso, porque a base da figura constituída pelo corpo humano é muito pequena e o centro de gravidade está situado muito no alto. O corpo tende a cair ora para diante e ora para trás, tanto para a direita quanto para a esquerda; a pesar da nossa aparente imobilidade, somos constrangidos para evitar a queda, a contrair, de momento a momento e no tempo oportuno, diversos grupos musculares. Que tudo impõe trabalho muscular fica demonstrado pelo fato que basta perder, mesmo por um único instante, a consciência, para cair no chão. O trabalho necessário para manter o equilíbrio chama-se "trabalho 14 estático" e é comparado ao trabalho fornecido pelo músculo para manter um peso a uma determinada altura. Para entendermos as características particulares da contração cardíaca, é relevante recordarmos os mecanismos responsáveis pela capacidade contrátil do músculo estriado. No sarcômero, unidade contrátil do músculo, encontram-se filamento s grossos e finos intercalados. O filamento grosso é composto por aproximadamente duzentas moléculas de miosina. Esta é uma proteína formada por duas cadeias polipeptídicas pesadas e quatro leves; as cadeias pesadas possuem uma estruturaglobular em suas extremidades denominada cabeça da miosina, e as duas cadeias pesadas formam uma dupla hélice, deixando as cabeças livres na extremidade. As quatro cadeias leves localizam-se na cabeça da miosina, duas em cada cabeça. Os corpos das moléculas de miosina formam a cauda do filamento grosso e dela saem proeminências da porção helicoidal da molécula, mantendo a cabeça longe do corpo: é o braço da molécula. O conjunto formado chama-se ponte cruzada. Ponte Cruzada O filamento fino é composto por três proteínas: a actina, a troponina e a tropomiosina. A actina é a molécula central, que polimeralizada forma uma dupla hélice, contendo os sítios de ligação com a miosina. A tropomiosina é uma molécula presa à actina de 15 forma espiralada sobre a dupla hélice. A tropomiosina impede a ligação actina/miosina, bloqueando o sítio de ligação. A troponina fica presa à molécula de tropomiosina e possui três subunidades: uma com afinidade à actina, outra a tropomiosina, e uma última ao Ca2+ ; a troponina regula o bloqueio do sítio de ligação feito pela tropomiosina. Os filamentos de actina e miosina têm uma grande afinidade e ligam -se facilmente sem a presença do complexo troponina/tropomiosina. Nota-se que esse complexo impede a ligação na ausência de Ca2+ . O mecanismo de liberação do sítio de ligação a ctina/miosina começa com a chegada do potencial de ação à membrana do músculo, promovendo a entrada maciça de íons Ca2+. Esses íons ligam-se à troponina C, causando uma mudança conformacional da mesma que se reflete na molécula de tropomiosina, que libera, então, os sítios da actina que estavam bloqueados. A interação actina/miosina dá-se imediatamente desde que haja ATP e magnésio (ambos o s presentes em condições normais). A contração ocorre à medida que os filamentos finos deslizam sobre os grossos, encurtando o sarcômero: A cabeça da miosina possui um sítio em que se liga uma molécula de ATP a ser hidrolisada em ADP e P i, que permanecem fixos à cabeça, ocupando o sítio. Esse estado permite que a cabeça estenda-se em direção ao filamento fino; Assim que o Ca2+ se liga à troponina C e o complexo troponina -tropomiosina Libera o sítio de ligação actina/miosina, a ligação entre os filamentos ocorre; Segue-se então o chamado movimento de tensão, que ocorre como decorrência da energia acumulada na mudança conformacional da cabeça da miosina em direção ao filamento de actina e da nova alteração conformacional da cabeça que se curva em direção do braço da miosina; 16 Esse movimento provoca o deslizamento do filamento fino sobre o filamento grosso e permite a liberação do ADP e do Pi armazenados na cabeça d a miosina; O sítio é, então, ocupado por uma nova molécula de ATP e a cabeça solta-se do filamento de actina; lembremo-nos que a cabeça só se ligou à actina em razão à hidrólise do ATP e à mudança conformacional. Com a entrada de um ATP, a molécula retorna à sua conformação original e promove a quebra do ATP em ADP e Pi para recomeçar o ciclo. No músculo estriado/esquelético, a força da contração é determinada não só pela quantidade de Ca2+ disponível, como também pela quantidade de fibras motoras ativadas. Cada fibra muscular é inervada por um neurônio, porém um mesmo neurônio inerva mais do que uma fibra. Esse conjunto (neurônio + fibras por ele inervadas) é denominado unidade motora. A relação fibras/neurônio varia em cada tipo de músculo. Em músculos cujos movimentos devem ser precisos, a relação chega a ser de duas a três fibras por neurônio. Já em músculos cuja precisão não é tão necessária, a relação é de centenas de fibras inervada por cada neurônio. A força da contração cardíaca não se deve à quantidade de fibras ativadas. Primeiramente porque o coração não recebe inervação motora do sistema nervoso central, pois possui um sistema especializado de excitabilidade e condutibilidade: a fibra cardíaca é formada por muitas células individuais separadas entre si por discos intercalares que possuem uma resistência elétrica muito baixa em relação à membrana sarcoplasmática normal. A baixa resistência elétrica permite que o músculo cardíaco comporte-se como um sincício em que as células são interligadas, o que implica na chamada lei d o tudo ou nada . Essa lei determina que uma vez que tenha chegado à membrana de uma miocélula um potencial de ação que se propaga por todas as demais, e logo todas irão se contrair quase que ao mesmo tempo e com mesma intensidade. O coração contrai de uma só vez ou simplesmente não contrai. 3 Fisiologia do coração O coração é o órgão vital do corpo, o fundamental do sistema cardiovascular. É a bomba que mantém o organismo vivo, ele faz o transporte de sangue pelo corpo 17 através das veias e artérias, também é responsável pelo transporte de oxigênio e nutrientes às células. O coração sofreu grandes variações através dos tempos. Seu tamanho é a mesma proporção do punho com a mão fechada, variando a partir do sexo, idade, físico e hábitos de vida, são maiores nos homens do que nas mulheres. Ele está localizado na cavidade torácica na parte interna dos pulmões, no local chamado mediastino. Com quatro válvulas que asseguram a fluidez do sangue em um único sentido, durante o movimento de contração do músculo, duas válvulas se abrem para que o sangue seja empurrado para o pulmão ou corpo, enquanto as outras duas se fecham impedindo a passagem do sangue pela direção errada. Apresenta também quatro câmaras que funcionam em pares, os ventrículos esquerdo e direito (cavidade inferior) e os átrios direito e esquerdo (cavidade superior). O sangue rico em gás carbônico é levado através da veia cava superior e a veia cava inferior ligadas ao átrio direito. O responsável pela grande circulação é o lado esquerdo, é a partir dele que o sangue é distribuído a todo o corpo. O lado direito é responsável pela chamada pequena circulação, que é a corrente sanguínea entre o coração e o pulmão. No pulmão existirá a troca do sangue venoso (com grande quantidade de gás carbônico) para o sangue arterial (com grande quantidade de oxigênio). O sangue arterial infiltra-se no átrio esquerdo pelas veias pulmonares e passa pela válvula mitral infiltrando-se no ventrículo esquerdo. A pressão sanguínea presente no ventrículo esquerdo direciona o sangue para a válvula aórtica, para a artéria aorta – a maior artéria do corpo humano – e fará que o sangue arterial chegue a todos os vasos e tecidos do corpo. 4 Fisiologia da circulação e artérias Os vasos sanguíneos são responsáveis pelo transporte do sangue, os quais contêm gases, nutrientes e resíduos. Na circulação sanguínea, o coração lança o sangue a 18 pressões elevadas por meio das artérias e ele é transportado até chegar ao nível de capilares, onde ocorrem as trocas de substâncias. O leito capilar vai ser drenado por elementos venosos que fazem com que o sangue retorne ao coração. Os vasos sanguíneos são constituídos por três camadas de tecidos: túnica íntima, túnica média e túnica adventícia. Estas camadas são mais definidas nas artérias e são ausentes nos capilares, onde se distingue apenas um endotélio. A túnica íntima é constituída de células endoteliais pavimentosas simples que revestem a luz do vaso e um tecido conjuntivo subendotelial. A túnica média é composta por células musculares lisas de disposição circular e de tecido conjuntivo fibroelástico. A túnica média é mais proeminente nas artérias e pouco distinta nas veias. A túnica adventícia é a camada mais externa, sendo constituída de tecido conjuntivo e pode conter músculo liso. É a camada mais desenvolvida nas veias. 4.1 Funções Especiais das Artérias As artérias são os vasos que, partindo dos ventrículos cardíacos, levam o sangue do coraçãoa todas as partes do nosso corpo, dividindo-se em vasos mais finos, os capilares. A camada interna das artérias possui o nome de endotélio ou túnica interna. As paredes das artérias, ao contrário das veias, têm alguma resistência, fazendo com que, mesmo quando não contêm sangue, mantêm a forma tubular. O calibre (tamanho) das artérias pode ser maior ou menor, e a sua constituição também varia. No entanto, as artérias grossas e internas possuem fibras elásticas, como a aorta, que é a artéria mais grossa de todo o corpo. As artérias finas e superficiais têm uma quantidade menor de fibras elásticas, tendo assim maior quantidade de fibras de tipo muscular. Em consequência à elasticidade das artérias e ao bombeamento propulsor 19 efetuado pelo coração que o sangue circula continuamente. Em razão a esse fator, consegue-se determinar o número exato de pulsações por unidade de tempo. 5 Fisiologia do sangue Todas as células do nosso organismo têm necessidade para manter-se em vida e desempenhar as suas funções de receber oxigênio e materiais nutritivos. A tarefa de transportar a elas esses elementos cabe ao sangue, o qual, por sua vez, recebe das células as substâncias de rejeição. Para realizar esse refornecimento, o sangue tem necessidade de "circular" continuamente: o canal dentro dos quais o sangue circula são os vasos sanguíneos, enquanto o coração é a bomba que dá ao sangue o seu impulso para circulação. Coração e vasos constituem, no seu conjunto, o aparelho circulatório. O sangue humano é constituído por um líquido amarelado, o plasma, e por células e pedaços de células, genericamente denominados elementos figurados. 5.1 Hemácias e Leucócitos Os glóbulos vermelhos são células também conhecidas como eritrócitos, hemácias ou células vermelhas que estão presentes no sangue em número de cerca de 5 milhões por milímetro cúbico em condições normais. São constituídas basicamente por globulina e hemoglobina, composta de 4 moléculas proteicas e 1 grupamento heme, que contém o ferro, e a sua função é transportar o oxigênio (principalmente) e o gás carbônico (em menor quantidade) aos tecidos. A cor vermelha deve-se à alta concentração da molécula de transporte de oxigênio dentro das células, a hemoglobina. Há cerca de 5 milhões de eritrócitos em um milímetro cúbico de sangue humano; eles são produzidos numa velocidade de 2 milhões por segundo por um tecido especial que se localiza na medula óssea, o tecido hematopoiético, e as células velhas são destruídas e removidas pelo baço. As baixas tensões de oxigênio nas grandes altitudes estimulam maior produção de hemácias para que o transporte de oxigênio seja facilitado. Quando colocadas em solução hipotônica (menos concentrada), as hemácias sofrem 20 hemólise, ou seja, rompem-se. Em meio hipertônico (mais concentrado), perdem água e murcham, ocorrendo plasmólise. Quando os eritrócitos rompem-se, liberam a hemoglobina, que é convertida em bilirrubina e eliminada pela vesícula biliar ao sistema gastrintestinal. Os leucócitos, também conhecidos por glóbulos brancos, são células sanguíneas com a função de defender o organismo de agressões externas por meio da fagocitose. Os leucócitos são divididos nos seguintes tipos: neutrófilos, basófilos, eosinófilos, que são granulócitos (divididos em lóbulos), apresentam grânulos em seu citoplasma, com núcleo arredondado e formados pelas células-mãe da medula óssea; linfócitos e monócitos, que são agranulócitos (não são divididos em lóbulos), não apresentam grânulos no seu citoplasma. Os neutrófilos e monócitos são responsáveis pela fagocitose, ou seja, envolvimento e digestão de corpos invasores, que penetram no nosso corpo como espinhos, cacos de vidro e bactérias. Os basófilos e os eosinófilos combatem processos alérgicos. 6 Fisiologia respiratória Através do oxigênio, as células conseguem metabolizar a energia para manter o funcionamento dos órgãos. Pode se dizer que o oxigênio é o elemento mais importante da vida, considerando que é possível viver dias sem alimento e apenas minutos sem oxigênio. A fisiologia do sistema respiratório envolve uma série de órgãos que precisam funcionar para o ser humano continuar vivendo. O sistema respiratório é composto por: nariz, cavidade nasal, faringe, laringe, traqueia, brônquios, alvéolos e pulmões, os movimentos dos pulmões para entrada e saída de ar são feitos por dois músculos: o diafragma e os músculos intercostais. A inspiração é o movimento de passagem do ar da atmosfera para o pulmão, através da contração do diafragma e dos músculos intercostais. A expiração é quando o ar de dentro do corpo é expelido, ocorre através do relaxamento do diafragma e dos músculos intercostais. Esse processo é conhecido como ventilação pulmonar. 21 A hematose é o processo de oxigenação do sangue. O primeiro passo para esse processo químico acontecer é quando o sangue vem para o pulmão cheio de gás carbônico e quando sai está cheio de oxigênio. O oxigênio entra nas hemácias do sangue. Já dentro das hemácias, combina-se com a hemoglobina. A hemoglobina misturada com o oxigênio se transportará por todo o corpo, atingindo todas as células, produzindo a respiração celular. Essa respiração gera gás carbônico que é transportado pelo sangue de volta ao pulmão, iniciando um novo processo de hematose. Estes dois processos são conhecidos como: difusão de oxigênio e dióxido de carbono, e transporte de oxigênio e dióxido de carbono. O controle da respiração é ditado pelo centro respiratório no bulbo raquidiano. Se o ph está abaixo (alto nível de CO2), o movimento respiratório é acentuado, com a maior ventilação elimina uma maior quantidade de CO2. Se o ph estiver alto (baixo nível de CO2), a respiração diminui o ritmo, estabilizando o nível de ph sanguíneo. Esta etapa é a regulação da ventilação. A respiração é fundamental para o funcionamento do corpo humano, eliminando toxinas, regulando funções orgânicas, modificando resíduos e etc. 7 Neurofisiologia É um ramo da neurociência que se preocupa com a fisiologia do sistema nervoso. A neurofisiologia é amplamente definida como o estudo da função do sistema nervoso. Neste campo, os cientistas investigam os sistemas nervoso central e periférico ao nível de órgãos inteiros, redes celulares, células isoladas ou até mesmo compartimentos subcelulares. Uma característica unificadora dessa ampla disciplina é o interesse pelos mecanismos que levam à geração e propagação de impulsos elétricos dentro e entre os neurônios. Este assunto é importante não só para a nossa compreensão dos fascinantes processos que impulsionam o pensamento humano, mas também para a nossa capacidade de diagnosticar e tratar distúrbios relacionados ao mau funcionamento do sistema nervoso. 22 Gravado pela primeira vez em 1865-70. A neurofisiologia ou o teste eletrodiagnóstico referem-se a investigações especializadas utilizadas no diagnóstico e prognóstico de distúrbios do sistema nervoso periférico. Existem duas técnicas principais: 1. Estudos de Condução de Nervos 2. Eletromiografia Objetivos da realização de neurofisiologia Para localizar uma lesão nervosa Caracterizar a natureza de uma lesão nervosa Quantificar o grau ou extensão de uma lesão nervosa Para prognosticar o resultado provável de uma lesão nervosa 7.1 Classificação Vários sistemas de classificação foram desenvolvidos para avaliar a gravidade de uma lesão nervosa. As funções de uma classificação são: Para facilitar a comunicação entre os profissionais de saúde. Para facilitar a documentação. Para facilitar a pesquisa. Para guiar o prognóstico Pode parecer um pouco complicado, mas o importante conceito a ser entendido é que uma lesão nervosa pode ser leve ou grave e também pode haver uma misturade gravidade em uma única lesão. 7.2 O que é Neurofisiologia? A neurofisiologia é uma especialidade médica que se concentra na relação entre o cérebro e o sistema nervoso periférico. 23 Como o próprio nome indica, a neurofisiologia é, em muitos aspectos, uma fusão da neurologia, que é o estudo do cérebro humano e de suas funções, e a fisiologia, que é o estudo da soma das partes do corpo e como elas se inter-relacionam. Os neurofisiologistas examinam as muitas maneiras pelas quais as atividades do cérebro impactam as atividades do sistema nervoso. Grande parte do trabalho do campo é investigativo, com médicos buscando entender as origens e os melhores tratamentos para uma variedade de distúrbios neurológicos. Existem duas partes no sistema nervoso humano: o sistema nervoso central, que é o cérebro e a medula espinhal, e o sistema nervoso periférico, que é a rede de nervos que se estende por todo o corpo. Os nervos são responsáveis pela sensibilidade, mas também pela saúde e controle muscular. Neurofisiologia examina a relação entre os dois sistemas em causar doenças degenerativas como esclerose múltipla e doença de Parkinson, bem como distúrbios neurológicos, como epilepsia. A neurofisiologia concentra-se no estudo do cérebro 24 Os neurofisiologistas analisam as maneiras pelas quais as atividades do cérebro afetam o sistema nervoso Todas as partes do corpo são controladas no cérebro, mas o cérebro, como parte do sistema nervoso, desempenha um papel único no controle dos nervos. A neurofisiologia tenta conectar o papel do cérebro como controlador do sistema nervoso com seu papel como membro do sistema nervoso para entender melhor como os problemas do sistema nervoso acontecem e por quê. Os médicos da área usam ferramentas e testes como o eletroencefalograma e a eletromiografia para estudar as maneiras pelas quais os nervos afetados se comunicam com o cérebro. 25 Eles usam esses dados para avaliar o funcionamento geral do sistema nervoso como um todo e identificar as raízes de falhas e problemas. Os neurofisiologistas geralmente não tratam as condições diretamente. A maioria dos neurofisiologistas são neurofisiologistas clínicos, o que significa que eles trabalham principalmente com diagnósticos. Seu papel é exploratório e investigativo. Eles trabalham ao lado de neurologistas, neurobiologistas e médicos gerais para identificar e gerenciar as condições neurológicas de um paciente. Neurofisiologistas clínicos trabalham como especialistas e geralmente só levam os pacientes em encaminhamento de outros profissionais. Na maioria das vezes, eles transmitem suas descobertas aos praticantes, que administram os tratamentos necessários. Os neurofisiologistas podem rever os pacientes para avaliações de como os tratamentos estão funcionando, mas eles raramente agem como cuidadores primários. O sucesso na prática da neurofisiologia requer um conhecimento abrangente não apenas da ciência cognitiva do cérebro e do sistema nervoso, mas também de muitas outras disciplinas médicas relacionadas. As pesquisas que os neurofisiologistas realizam cruzam muitas especialidades e exigem uma compreensão de como todos os elementos do corpo se unem e interagem. A neurofisiologia é geralmente considerada uma especialidade médica de elite e exclusiva. 7.3 Resumo Neurociência é o estudo científico do sistema nervoso e está preocupado com a estrutura, desenvolvimento, função, química, farmacologia e patologia do sistema nervoso. Ferramentas e tecnologias modernas (por exemplo, biologia molecular, 26 eletrofisiologia, métodos computacionais, etc.) levaram ao avanço da pesquisa sobre o sistema nervoso. Como resultado, a neurociência é agora composta de vários ramos. A neurofisiologia é um desses ramos. 8 Fisiologia da dor A dor nociceptiva ocorre como o resultado da ativação de nociceptores em tecidos cutâneos e profundos. Os receptores sensoriais, preferencialmente sensíveis a estímulos nocivos ou potencialmente nocivos, encontram-se na pele, músculos, tecidos conjuntivos e vísceras torácicas e abdominais. Essas unidades têm aparência morfológica bem definida à microscopia óptica e eletrônica e, fisiologicamente, caracterizam-se pelos seus padrões de reações a estímulos cutâneos, mecânicos, térmicos e químicos. Uma vez ativados, os nociceptores conduzem impulsos via fibras aferentes mielínicas finas A-delta, ou pelas fibras não-mielínicas C. Estudos fisiológicos têm demonstrado que os nociceptores não são ativos espontaneamente, mas podem ser sensibilizados, particularmente após o dano térmico da pele. A sensibilização manifesta-se como uma diminuição do limiar de ativação após o dano, intensidade aumentada da reação a um dano prejudicial ou pelo aparecimento de atividade espontânea. A sensibilização de nociceptores pode ocorrer dentro de minutos após um dano térmico e podem durar horas. Tem-se especulado que isso possa ser a relação fisiológica da hiperpatia, que ocorre depois de um dano térmico na pele, e, também, um mecanismo de dor persistente no homem. A sensibilização dos nociceptores pode ser decorrente de substâncias químicas, tais como o íon potássio, bradicinina e prostaglandinas liberadas como resultado de dano tecidual. A ativação de nociceptores viscerais decorre da irritação das superfícies mucosa e serosa, torção ou tração do mesentério, distensão ou contração de uma víscera oca e resultado do impacto direto, tais como ocorre nos traumatismos. Estímulos similares são necessários para provocar dor na bexiga, ureter ou uretra. Os nociceptores 27 gastrointestinais reagem mais intensamente à dilatação excessiva ou à contração do intestino e/ou torção do mesentério. Nociceptores polimodais suprem o canal anal, que é sensível à dor em toda a sua extensão e tem inervação que se assemelha mais às estruturas cutâneas do que viscerais. A dor visceral é profunda, dolorosa, mal localizada e, frequentemente, relacionada a um ponto cutâneo, que pode ser sensível. Assim, afecções pancreáticas e endometriais podem provocar dor referida nas costas; hepatoma ou metástases no fígado podem gerar dor no ombro direito; neoplasias de próstata desencadeiam dor no abdome e coxa. O mecanismo da dor referida não é totalmente compreendido, mas pode ser relacionado, à convergência de impulso sensorial cutâneo e visceral em células do trato espinotalâmico na medula espinhal. A dor é relacionada à pele porque áreas encefálicas interpretam “mal” o impulso, ou porque algumas fibras aferentes inervam estruturas somáticas e viscerais. A dor nociceptiva, tal como ocorre na infiltração tumoral ou no processo inflamatório, promove a liberação associada de mediadores químicos algiogênicos ou pele, osso e vísceras, que ativam e sensibilizam os nociceptores. Esse fato gera atividade espontânea e sensibiliza fibras nociceptivas, resultando em dor. Os impulsos são conduzidos ao sistema nervoso central (SNC) por meio das fibras A-delta ou fibras C. Essas fibras penetram na medula, lateralmente na raiz dorsal, e fazem sinapse nas lâminas superficiais e profundas do corno posterior, onde ativam sistemas nociceptivos ascendentes, tais como o trato espinotalâmico, espinocervical e espinorreticular, podendo gerar a percepção consciente de dor. A integridade das vias nociceptivas no sistema nervoso periférico (SNP) e sistema nervoso central (SNC), bem como dos centros de processamento e de modulação da dor no SNC, é necessária para que o fenômeno nociceptivo se processe normalmente. Quando há lesão das fibras nervosas, surgem, imediatamente, potenciais de grande amplitude nos aferentes primários durante alguns segundos. Os cotos proximais dos axônios secionados são, a seguir, selados e a bainha de mielina adjacente,bem como os axônios degeneram na extensão de alguns milímetros. Após algum tempo, grupos 28 de axônios emergem dos bulbos terminais e, sob condições adequadas, alcançam as terminações nervosas nos tecidos. As fibras nervosas em crescimento geram potenciais de ação espontaneamente e são sensíveis a estímulos mecânicos e à ação da adrenalina. Após certo tempo, ocorre restauração da função normal dos receptores nociceptivos. Quando o crescimento do nervo é bloqueado, ocorre formação dos neuromas. Quando a lesão é parcial e a regeneração é bloqueada, a diferentes intervalos, surgem microneuromas. Foram registrados potenciais espontâneos oriundos dos neuromas nas fibras A-delta e C que alcançam o corno posterior da medula espinhal (CPME). A atividade ectópica surge alguns dias após a lesão, aumenta a primeira semana e decai progressivamente a seguir. Os potenciais ectópicos dos neuromas são mais abundantes quando há isquemia tecidual, elevação da concentração do potássio extracelular e acúmulo de peptídeos. A atividade ectópica dos neuromas das fibras mielinizadas reduz-se com o calor e eleva-se com o frio. Nas neuropatias periféricas, há regeneração e degeneração disseminadas ao longo das fibras, do que resulta a ocorrência frequente de dor espontânea. A atividade elétrica dos gânglios sensitivos aumenta em situações em que ocorre lesão do nervo periférico e constitui fonte adicional significante de potenciais anormais, que se somam àqueles produzidos pelos neuromas. O acúmulo de potássio e de outros íons na região do neuroma pode gerar despolarização nas fibras nervosas vizinhas. Correntes efáticas parecem ocorrer nos neuromas de amputação e nas fibras nervosas em degeneração. Potenciais ectópicos podem, também, surgir quando os potenciais de ação dos aferentes primários prolongam-se além do período refratário absoluto, gerando re-excitação da membrana neuronal. A lesão dos nervos periféricos gera modificações anatômicas nos núcleos das células ganglionares dos nervos sensitivos e nas projeções centrais das raízes nervosas. 29 9 Fisiologia do Exercício A fisiologia é a disciplina biomédica que estuda o funcionamento do organismo humano e por isso é essencial seu conhecimento na prática de exercício físico. A fisiologia do exercício físico permite analisar qual o impacto que a atividade terá no corpo do indivíduo, identificando formas de atender a todas as necessidades metabólicas para que o objetivo do atleta seja alcançado. Assim, o estudo da fisiologia permite que o profissional de educação física encontre o treinamento ideal para cada pessoa. 9.1 Sistema Anaeróbio Alático O sistema anaeróbio alático, também conhecido como sistema fosfagênio ou sistema ATP-CP, representa uma fonte imediata de energia para o músculo ativo. Atividades que exigem altos índices de energia durante breve período de tempo dependem basicamente da geração de ATP a partir das reações enzimáticas do sistema. O ATP necessário à contração do músculo está disponível tão rapidamente, porque esse processo de geração de energia requer poucas reações químicas, não requer oxigênio e o ATP e o PC estão armazenados e disponíveis no músculo. Esse é o processo menos complicado de gerar ATP. A fosfocreatina (PC) tem uma cadeia de fosfato de alta energia, como a do ATP, que também é chamada fosfagênio (daí o nome "sistema fosfagênio"). O PC decompõe- se na presença da enzima creatina fosfoquinase e a energia liberada é utilizada para formar o ATP, a partir do ADP. 9.2 Sistema Aeróbico Lático Esse sistema metabólico gera o ATP para necessidades energéticas intermediárias; ou seja, as que duram de 45 -90 segundos, tendo como exemplo atividades tipo: corridas de 400-800 m, provas de natação de 100-200 m, também proporcionando energia para piques de alta intensidade no futebol, róquei no gelo, basquetebol, voleibol, tênis, badmington e outros esportes. O denominador comum dessas 30 atividades é a sustentação de esforço de alta intensidade e não ultrapassam os dois minutos. A glicólise anaeróbica, assim como o sistema ATP-CP, não requer oxigênio e envolve a quebra incompleta do carboidrato em ácido lático. O corpo transforma os carboidratos em açúcares simples, a "glicose", usada imediatamente ou depositada no fígado e no músculo, como glicogênio. A glicose anaeróbia refere-se à quebra do glicogênio na ausência do oxigênio. Esse processo é mais complicado quimicamente do que o sistema ATP-CP e requer uma série mais longa de reações químicas. O sistema ácido lático talvez seja bem mais lento do que o sistema fosfagênio, porém produz quantidades mais altas de ATP (3 contra 1 do sistema fosfagênio), com a formação do ácido lático, produto desse sistema, a produção pode nem chegar a 3. Quando o ácido lático chega ao músculo e ao sangue, provoca a fadiga ou, até, uma falência muscular. O sistema de ácido lático, ou glicose anaeróbia, não requer oxigênio; gera como subproduto o ácido lático, que causa fadiga muscular; usa somente carboidratos e libera aproximadamente duas vezes mais ATP do que o sistema fosfagênico. O sistema ácido lático também proporciona uma fonte rápida de energia, a glicose. Ele é a primeira fonte para sustentar exercícios de alta intensidade. O principal fator limitante na capacidade do sistema não é a depleção de energia, mas o acúmulo de lactato no sangue. A maior capacidade de resistência ao ácido lático de um indivíduo é determinada pela habilidade de tolerar esse ácido. A principal fonte de energia desse sistema é o carboidrato. 9.3 Sistema Aeróbio Esse sistema fornece uma quantidade substancial de ATP, utiliza o oxigênio para gerar o ATP e é ativado para produzir energia, durante períodos mais longos do exercício. Fornece energia para exercícios de intensidade baixa para moderada. Atividades como dormir, descansar, sentar, andar e outros. Quando a atividade vai tornando-se o um pouco mais intensa, a produção de ATP fica por parte do sistema 31 ácido lático e ATP-CP. Atividades mais intensas como caminhada, ciclismo, fazer compras e trabalho em escritório também são supridas em parte pelo sistema aeróbico, até que a intensidade atinja o nível moderado-alto (acima de 75%-85% da Frequência Cardíaca Máxima), depois é recrutado para suprir energia suplementar. Os melhores exemplos de exercícios que recrutam o sistema aeróbio são: aulas de aeróbica e hidroginástica de 40-60 min., corridas mais longas do que 5.000 m., natação (mais que 1.500 m.), ciclismo (mais que 10 km.), caminhada e triathlon. Qualquer atividade sustentada continuamente em um mínimo de 5 min pode ser considerada aeróbia. O ATP liberado da quebra da glicose e/ou dos ácidos graxos, em presença de O², custa centenas de reações químicas complexas, que envolvem centenas de enzimas. A quebra ocorre num compartimento especializado da célula muscular, a mitocôndria. As mitocôndrias são consideradas as "usinas energéticas" da célula e são capazes de fornecer grandes quantidades de ATP para alimentar as contrações musculares. O sistema aeróbio possui três fases. A quebra do glicogênio na presença do O², ou glicólise anaeróbia, discutida acima, e a glicólise aeróbia é que o O² evita o acúmulo de ácido lático. O glicogênio e os ácidos graxos são duas principais fontes de combustível utilizadas no sistema metabólico aeróbio. Ocasionalmente a proteína pode ser também usada como fonte de combustível metabólico, mas ocorre quando o corpo está fisiologicamente desgastado por excessos, por dietas ou por níveis extremamente baixos de gordura e glicogênio. Em suma, o O² ou sistema metabólico aeróbio requer grande quantidade de O² para converter o glicogênio em 39 moléculas de ATP e os ácidos graxos, em 130 moléculas de ATP. O ácido graxo ou glicogênio são quebrados e preparadospara o ciclo de Krebs e o transporte de elétrons e, como resultados do processo têm CO², H²O e energia. O CO² evapora, a água é eliminada por meio da evaporação e da radiação; e a energia é usada na segunda parte da reação ligada, para sintetizar o ATP. 32 10 Reflexos da medula espinhal Nossa medula espinhal tem a forma de um cordão com aproximadamente 40 cm de comprimento. Ocupa o canal vertebral desde a região do atlas - primeira vértebra - até o nível da segunda vértebra lombar. A medula funciona como centro nervoso de atos involuntários e, também, como veículo condutor de impulsos nervosos. Da medula partem 31 pares de nervos raquidianos que se ramificam. Por meio dessa rede de nervos, a medula conecta-se com as várias partes do corpo, recebendo mensagens e vários pontos, enviando-as para o cérebro e recebendo mensagens do cérebro, o qual transmite para as várias partes do corpo. A medula possui dois sistemas de neurônios: o sistema descendente controla funções motoras dos músculos, regula funções como pressão e temperatura e transporta sinais originados no cérebro até seu destino; o sistema ascendente transporta sinais sensoriais das extremidades do corpo até a medula e de lá para o cérebro. 10.1 Estrutura Os corpos celulares dos neurônios concentram-se no cerne da medula – na massa cinzenta. Os axônios ascendentes e descendentes, na área adjacente – a massa branca. As duas regiões também abrigam células da Glia. Dessa forma, na medula espinhal a massa cinzenta localiza-se internamente e a massa branca, externamente (o contrário do que se observa no encéfalo). 10.2 Substância Branca e Substância Cinzenta Durante uma fratura ou deslocamento da coluna, as vértebras que normalmente protegem a medula podem matar ou danificar as células. Teoricamente, se o dano for confinado à massa cinzenta, os distúrbios musculares e sensoriais poderão estar apenas nos tecidos que recebem e mandam sinais aos neurônios “residentes” no nível da fratura. Por exemplo, se a massa cinzenta do segmento da medula onde os nervos rotulados C8 for lesada, o paciente só sofrerá paralisia das mãos, sem perder a capacidade de andar ou o controle sobre as funções intestinais e urinárias. Nesse 33 caso, os axônios levando sinais para “cima e para baixo” por meio da área branca adjacente continuariam trabalhando. Em comparação, se a área branca for lesada, o trânsito dos sinais será interrompido até o ponto da fratura. Infelizmente, a lesão original é só o começo. Os danos mecânicos promovem rompimento de pequenos vasos sanguíneos, impedindo a entrega de oxigênio e nutrientes para as células não afetadas diretamente, que acabam morrendo; as células lesadas extravasam componentes citoplasmáticos e tóxicos, que afetam células vizinhas, antes intactas; células do sistema imunológico iniciam um quadro inflamatório no local da lesão; células da Glia proliferam criando grumos e uma espécie de cicatriz, que impedem os axônios lesados de crescerem e reconectarem. O vírus da poliomielite causa lesões na raiz ventral dos nervos espinhais, o que leva à paralisia e atrofia dos músculos. 11 Sistema nervoso autônomo Este sistema regula certos processos do corpo, como pressão arterial e a frequência respiratória. Funciona automaticamente (de forma autônoma), sem esforço consciente da pessoa.As doenças do sistema nervoso autônomo podem afetar cada parte do corpo ou processo. As doenças autônomas podem ser reversíveis ou progressivas. 11.1 Anatomia do sistema nervoso autônomo O sistema nervoso autônomo é a parte do sistema nervoso que alimenta os órgãos internos, incluindo os vasos sanguíneos, estômago, intestino, fígado, rins, bexiga, órgãos genitais, pulmões, pupilas, coração e as glândulas digestivas, salivares e sudoríparas. O sistema nervoso autônomo é composto por dois sistemas: Simpático Parassimpático 34 Depois que o sistema nervoso autônomo recebe informações sobre o corpo e o ambiente externo, ele responde estimulando os processos corporais, geralmente pela divisão simpática, ou inibindo-os, pela divisão parassimpática. O caminho de um nervo autônomo envolve duas células nervosas. Uma está localizada no tronco cerebral ou na medula espinhal. É conectada por fibras nervosas à outra célula, localizada em um grupo de células nervosas (chamada gânglios autônomos). As fibras nervosas desses gânglios se conectam com os órgãos internos. A maioria dos gânglios para a divisão simpática está localizada bem do lado de fora da medula espinhal, dos dois lados. Os gânglios para a divisão parassimpático estão localizados próximos ou nos órgãos a que estão conectados. 11.2 Funcionamento do sistema nervoso autônomo O sistema nervoso autônomo controla os processos internos do corpo tais como os seguintes: Pressão arterial Frequências cardíaca e respiratória Temperatura corporal Digestão Metabolismo (afetando assim o peso corporal) O equilíbrio de água e eletrólitos (tais como sódio e cálcio) A produção de líquidos corporais (saliva, suor e lágrimas) Urinação Defecação Resposta sexual Muitos órgãos são controlados basicamente pela divisão simpática ou parassimpática. Às vezes, as duas divisões têm efeitos opostos no mesmo órgão. Por exemplo, a divisão simpática aumenta a pressão arterial e a parassimpática a reduz. No geral, as duas divisões funcionam juntas para garantir que o corpo responda de modo apropriado a diferentes situações. 35 11.3 Sistema nervoso autônomo 36 Geralmente, o sistema simpático executa o seguinte: Prepara o organismo para situações de estresse ou de emergência: lutar ou fugir. 37 Para isso, o sistema simpático aumenta a frequência cardíaca e a força das contrações do coração e aumenta (dilata) as vias respiratórias para facilitar a respiração. Faz o corpo liberar a energia armazenada. Aumenta também a força muscular. Esta divisão também faz a palma da mão suar, as pupilas dilatarem e o cabelo ficar em pé. Reduz os processos do corpo que são menos importantes em emergências, como digestão e urina. Inervação simpática O sistema parassimpático executa o seguinte: Controla os processos do corpo durante situações comuns. 38 Geralmente, o sistema parassimpático conserva e restaura. Reduz a frequência cardíaca e diminui a pressão arterial. Estimula o processamento dos alimentos pelo trato digestivo e elimina as excreções. A energia do alimento processado é usada para restaurar e criar tecidos. Inervação parassimpática Os sistemas simpático e parassimpático estão envolvidos na atividade sexual, já que fazem parte do sistema nervoso que controla as ações voluntárias e transmite a sensação da pele (sistema nervoso somático). São usados dois mensageiros químicos (neurotransmissores) para se comunicar no sistema nervoso autônomo: 39 Acetilcolina Norepinefrina As fibras nervosas que separam a acetilcolina são chamadas colinérgicas. As fibras que separam a norepinefrina são chamadas adrenérgicas. Em geral, a acetilcolina tem efeitos parassimpáticos (inibidores) e a norepinefrina, simpáticos (estimulantes). Entretanto, a acetilcolina tem alguns efeitos simpáticos. Por exemplo, às vezes, estimula o suor ou deixa o cabelo em pé. 11.4 Causas As doenças autônomas podem resultar de distúrbios que danificam os nervos autônomos ou partes do cérebro que ajudam a controlar os processos corporais, ou elas podem ocorrer espontaneamente, sem uma causa evidente. As causas comum de doenças autônomas são Diabetes (a causa mais comum) Doenças dos nervos periféricos Envelhecimento Doença de Parkinson Outras causas menos comuns incluemas seguintes: Neuropatias autônomas Atrofia multissistêmica Insuficiência autônoma pura Doenças da medula espinhal Certos medicamentos Distúrbios da junção neuromuscular (onde os nervos se conectam com os músculos), como botulismo e síndrome de Lambert-Eaton Determinadas infecções virais Lesões nos nervos do pescoço, incluindo as que resultam de cirurgia 40 11.5 Sintomas Nos homens, a dificuldade em iniciar e manter uma ereção (disfunção erétil) pode ser um sintoma inicial de uma doença autônoma. As doenças autônomas geralmente causam tontura ou sensação de desmaio iminente devido a uma redução excessiva na pressão arterial quando a pessoa se levanta (hipotensão ortostática). As pessoas podem suar menos ou nada e, por isso, ficar intolerantes ao calor. Os olhos e a boca podem ficar secos. Depois de se alimentar, uma pessoa com uma doença autônoma pode sentir-se prematuramente cheia ou até vomita, pois o estômago esvazia muito lentamente (chamado gastroparesia). Algumas pessoas não conseguem segurar a urina (incontinência urinária), geralmente, porque a bexiga é hiperativa. Outras pessoas têm dificuldade em esvaziar a bexiga (retenção urinária), pois a bexiga é hipoativa. Pode ocorrer a constipação, ou a perda dos movimentos da bexiga. As pupilas podem não dilatar e estreitar (constrição) conforme a alteração da luz. 11.6 Diagnóstico Avaliação de um médico Testes para determinar como a pressão arterial muda durante certas manobras Eletrocardiograma Teste de suor Os médicos podem verificar os sinais de doenças autônomas durante o exame físico. Por exemplo, eles medem a pressão arterial e a frequência cardíaca enquanto uma pessoa está deitada ou sentada e depois que ela se levanta para verificar de que forma a pressão arterial muda quando se troca de posição. 41 A pressão arterial também é medida continuamente enquanto a pessoa faz uma manobra de Valsalva (tentar exalar com força sem deixar o ar sair pelo nariz ou pela boca - semelhante a fazer força durante um movimento intestinal). Um eletrocardiograma é realizado para determinar se a frequência cardíaca se altera como faz normalmente durante a respiração profunda e a manobra de Valsalva. Pode ser realizado um teste de inclinação ortostática para verificar como a pressão arterial e a frequência cardíaca se alteram quando a posição muda. Neste exame, a pressão arterial é medida antes e depois de a pessoa, que está deitada em uma plataforma em uma mesa giratória, ser inclinada a uma posição reta. O teste de inclinação ortostática e a manobra de Valsalva, realizados em conjunto, podem ajudar os médicos a determinar se uma queda de pressão arterial resulta de doença do sistema nervoso autônomo. Os médicos examinam as pupilas quanto a respostas anormais ou falta de resposta às alterações da luz. Um teste de suor também é realizado. Para um teste de suor, as glândulas sudoríparas são estimuladas por eletrodos repletos de acetilcolina e colocados nas pernas e no antebraço. Depois, o volume de suor é medido para determinar se a produção está normal. É possível sentir uma leve queimação durante o exame. No exame de suor termorregulador, é aplicado um contraste à pele e a pessoa é colocada em um compartimento aquecido e fechado para estimular a sudorese. O suor faz o contraste mudar de cor. Em seguida, os médicos avaliam o padrão da perda de suor, o que pode ajudá-los a determinar a causa da doença do sistema nervoso autônomo. Outros exames podem ser realizados para verificar quais distúrbios podem causar a doença autônoma. 42 11.7 Tratamento Tratamento da causa, caso identificada Alívio de sintomas São tratados os problemas que podem contribuir para a doença. Se não houver nenhum problema ou se não for passível de tratamento, o foco é aliviar os sintomas. Medidas simples e às vezes medicamentos podem ajudar a aliviar alguns sintomas das doenças autônomas: Hipotensão ortostática: pede-se à pessoa para elevar a cabeceira da cama em uns 10 cm e para ficar de pé lentamente. Usar modeladores ou vestuário de apoio, como uma cinta abdominal ou meias de compressão, pode ajudar. Consumir mais sal e água ajuda a manter o volume do sangue na corrente e, assim, a pressão arterial. Às vezes, são usados medicamentos. A fludrocortisona ajuda a manter o volume do sangue e, assim, a pressão arterial. A midodrina ajuda a manter a pressão arterial, estreitando as artérias (constrição). Esses medicamentos são administrados por via oral. Redução ou ausência de suor: se o suor for reduzido ou estiver ausente, é aconselhável evitar ambientes quentes. Retenção urinária: se ocorrer a retenção urinária porque a bexiga não se contrai normalmente, é possível ensinar as pessoas a inserirem um cateter (tubo fino de borracha) pela uretra e na bexiga. O cateter permite que a urina retida na bexiga seja drenada, causando um alívio. As pessoas inserem o cateter várias vezes por dia e removem-no quando a bexiga estiver vazia. O betanecol pode ser usado para aumentar o tono da bexiga, ajudando assim a esvaziá-la. Constipação intestinal: recomenda-se seguir uma dieta com alto teor de fibras e uso de laxantes emolientes. Se a constipação persistir, pode ser necessário o uso de enemas. Disfunção erétil: geralmente, o tratamento consiste na administração de medicamentos via oral, como sildenafila, tadalafila ou vardenafila. Os 43 dispositivos de constrição (faixas e anéis colocados na base do pênis) e/ou dispositivos a vácuo são usados algumas vezes. 12 Sistema Aeróbio (Oxidação) Estudos apontam que esforços contínuos que duram entre 1 e 2 min, do ponto de vista energético, são supridos, de forma equivalente, pelos sistemas anaeróbio (fosfagênios e glicólise) e aeróbio, significando que a produção de aproximadamente metade do ATP (adenosinatrifosfato) ocorre fora da mitocôndria e a outra parte no seu interior. Já em exercícios que duram mais que 2 minutos, a produção de ATP é assegurada maioritariamente pela mitocôndria, sendo esses esforços conhecidos como oxidativos ou aeróbios. A produção de energia aeróbia na célula muscular deriva da oxidação (formação de ATP na mitocôndria na presença de oxigênio) da glicose (HC) e dos lipídeos (AG) na mitocôndria, sendo pouco significativa a contribuição energética da oxidação das proteínas (aminoácidos). Sendo assim, as atividades físicas que ultrapassam 2 minutos dependem absolutamente da presença e utilização do oxigênio no músculo ativo. Já a oxidação permite a continuação do catabolismo da glicose a partir do piruvato, bem como dos AG e dos aminoácidos, diferente da glicólise, que utiliza exclusivamente glicose. Dos grupos de compostos energéticos adquiridos pela alimentação (carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos), somente os carboidratos podem ser utilizados para a produção rápida de energia sem recorrer à utilização de oxigênio (glicólise), o que ocorre durante as atividades de máxima intensidade com duração de 30 segundos a 1 minuto. Com relação às atividades diárias, grande parte é suprida pelo metabolismo aeróbio, sendo a maior parte do gasto energético muscular proveniente da oxidação 44 mitocondrial dos ácidos graxos livres (AGL). Embora a produção energética seja assegurada em 40% pelos carboidratos e em 60% pelos lipídeos em repouso, em repouso o cérebro é o maior consumidor de carboidratos do organismo, consumindo aproximadamente 5g de glicose por hora. Nesta ocasião os AGL asseguram quase totalmente as necessidades energéticas musculares. Assim, as exigências para atividades rotineiras como dormir ou estar sentado em frente a um computador, dependem da produção de ATP na mitocôndria na presença de oxigênio e não do metabolismoanaeróbio pelo catabolismo mitocondrial lipídico. 45 ·. Referências ANTHONY, C.P.; Thibodeau, G.A. Textbook of Anatomy a nd Physiology.C.V . Mosb yCo. St. Louis,1979. ASSUMPÇÃO, C. R.S úmula de Anátomo-Fisiologia. Coração, sangue e pulmões. Introdução à Circulação Extracorpórea. 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